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FI001 - Terceira lista

Marina Vasques Moreira RA: 71824

Questão 01 (Exercı́cio 21, cap. 01 do Sakurai):

Queremos encontrar o produto h(∆x)2 ih(∆p)2 i para uma partı́cula unidimensional confinada entre duas
paredes rı́gidas:

0 se 0 < x < a
V (x) =
∞ c.c.

Na primeira lista de exercı́cios, encontramos as autofunções para uma partı́cula unidimensional em um


potencial do mesmo tipo do acima. As autofunções para o potencial dado acima são:
r
2  nπx 
ψn (x) = sin , com n = 1, 2, 3... (1)
a a
Por definição, temos:

h(∆x)2 i = hx2 i − hxi2 (2)

h(∆p)2 i = hp2 i − hpi2 (3)

Para uma partı́cula no estado Ψ, hxi é dado por:


Z ∞
hxi = x|Ψ(x, t)|2 dx (4)
−∞

Como a hamiltoniana não depende explicitamente do tempo, podemos escrever Ψ(x, t) como:

iEn t
Ψn (x, t) = ψn (x)e− ~ (5)

onde En são os autovalores do operador hamiltoniano. Substituindo (5) em (4), obtemos:


Z ∞ Z ∞ Z a
iEn t 2  nπx 
hxi = x|ψn (x)e− ~ |2 dx = x |ψn2 (x) dx = x sin2 dx (6)
−∞ −∞ a 0 a
Integrando a equação acima, obtemos:
 x=a
a2 cos( 2πnx ax sin( 2πnx x2

2 a ) a ) a
hxi = − − + = (7)
a 8π 2 n2 4πn 4 x=0 2

De maneira similar, encontramos hx2 i fazendo:


Z ∞ Z a
2  nπx 
2
hx i = 2
x |ψn | (x) dx = 2
x2 sin2 dx (8)
−∞ a 0 a
 x=a
a x cos( 2πnx a(2π 2 n2 x2 − a2 sin( 2πnx
 2
x3
 
2 2 a ) a ) 2 1 1
hx i = − − + =a − (9)
a 4π 2 n2 8π 3 n3 6 x=0 3 2n2 π 2

1
Portanto,

a2
 
6
h(∆x)2 i = hx2 i − hxi2 = 1− (10)
12 n2 π 2
Podemos encontar hpi, o valor esperado do momento, “ensanduichando”o operador p̂ entre ψn e ψn∗ :
Z   Z a  nπx   ~ ∂ 
h ∂ 2  nπx 
hpi = ψn∗ (x) ψn (x) dx = sin sin dx
i ∂x a 0 a i ∂x a
Z a
2nπ~  nπx   nπx 
hpi = sin cos dx = 0 (11)
ia2 0 a a
Analogamente, para hp2 i, temos:
Z  2 Z a  nπx   ~ ∂ 2
h ∂ 2  nπx 
hp2 i = ψn∗ (x) ψn (x) dx = sin sin dx
i ∂x a 0 a i ∂x a
a
2n2 π 2 ~2
Z  nπx 
hp2 i = sin2 dx (12)
a3 0 a
Resolvendo a integral acima, obtemos:
 x=a
n 2 π 2 ~2 n 2 π 2 ~2
 
x a 2nπx
hp2 i =

− sin = (13)
a3 2 4πn a
x=0 a2
Então:

n 2 π 2 ~2
h(∆p)2 i = hp2 i − hpi2 = (14)
a2
E o produto das incertezas fica:

n 2 π 2 ~2
 
6
h(∆x)2 ih(∆p)2 i = 1− (15)
12 n2 π 2

2
Questão 02 (Exercı́cio 23, cap. 01 do Sakurai):

Os operadores A e B podem ser representados na base dos kets |1i, |2i e |3i como:
   
a 0 0 b 0 0
.  . 
A= 0 −a 0  B= 0 0 −ib , com a, b ∈ R.
 

0 0 −a 0 ib 0

(a) Para verificar se B possui um espectro degenerado, resolvemos a equação caracterı́stica para encontrar
seus autovalores:


b−λ 0 0

0 −λ −ib = (b − λ)(λ2 − b2 ) = 0 (16)


0 ib −λ

Encontramos os autovalores λ = b (com multiplicidade 2) e λ = −b, e portanto B possui espectro


degenerado.

(b) Para mostrar que A e B comutam, basta mostrar que AB = BA. Temos:

     
a 0 0 b 0 0 ab 0 0
AB =  0 −a 0 · 0 0 −ib  =  0 0 iab  (17)
     

0 0 −a 0 ib 0 0 −iab 0
     
b 0 0 a 0 0 ab 0 0
BA =  0 0 −ib  ·  0 −a 0 = 0 0 iab  (18)
     

0 ib 0 0 0 −a 0 −iab 0

Como AB = BA, A e B comutam.

(c) Queremos encontrar um novo conjunto de autokets |a0 , b0 i que sejam simultaneamente autokets de
A e B, ou seja, tal que:
A|a0 , b0 i = a0 |a0 , b0 i

B|a0 , b0 i = b0 |a0 , b0 i

Inicialmente, encontramos os autovetores normalizados de B, resolvendo B|b0 i = λ|b0 i, para λ = ±b


(encontrado no primeiro item desta questão).

     
b 0 0 x x
 0 0 −ib  ·  y  = ±b ·  y 
     

0 ib 0 z z

Efetuando a multiplicação acima , encontramos os autovetores:

     
1 0 0
(1) 1   (2) 1 
| + bi = 0  | − bi = √  i  , | + bi = √  −i 
  
2 2
0 1 1

3
Agora, observe que:

   
a 1
A| + bi =  0  = a ·  0  (19)
   

0 0

(1) (1) (2)


Portanto, A| + bi = a| + bi . De maneira similar, concluı́mos que A| − bi = −a| − bi, e A| + bi =
(2)
−a| + bi :

       
a 0 0 0 0 0
A| − bi =  0 −a 0  ·  i  =  −ai  = −a ·  i  = −a| − bi (20)
       

0 0 −a 1 −a 1
       
a 0 0 0 0 0
(2) (2)
A| + bi = 0 −a 0  ·  −i  =  +ai  = −a ·  −i  = −a| + bi (21)
       

0 0 −a 1 −a 1

Aplicando o operador B a cada um destes autovetores, encontramos que:

   
b 1
(1) (1)
B| + bi =  0  = b ·  0  b| + bi (22)
   

0 0
       
b 0 0 0 0 0
B| − bi =  0 b −ib  ·  i  =  −ib  = −b ·  i  = −b| − bi (23)
       

0 ib 0 1 −b 1
       
b 0 0 0 0 0
(2) (2)
B| + bi = 0 b −ib  ·  −i  =  −ib  = b ·  −i  = b| + bi (24)
       

0 ib 0 1 b 1

Portanto, uma base de autokets comum à A e B é dada por:

1 1
|a, bi = |1i, | − a, −bi = √ (i|2i + |3i), | − a, bi = √ (−i|2i + |3i)
2 2

Como podemos ver acima, especificar os autovalores de fato caracteriza cada autoket.

4
Questão 03 (Exercı́cio 26, cap. 01 do Sakurai):

Queremos construir um operador unitário que nos dê a transformação entre a base diagonal de Sz e a
base diagonal de Sx , ou seja:

|Sx ; ±i = U |Sz ; ±i = U |±i (25)

Para abreviar a notação, vamos chamar |Sz ; ±i apenas de |±i. No exercı́cio 09 (segunda lista), provamos
que:
   
β β
|S · n̂; +i = cos |+i + sin eiα |−i (26)
2 2
Utilizamos a equação acima com α = 0 e β = π/2 para escrever:

1
|Sx ; ±i = √ = (|+i ± |−i) (27)
2
Assim, calulamos os elementos de matriz de U como:

1
h+|U |+i = h+|Sx ; +i = √
2
1
h+|U |−i = h+|Sx ; −i = √
2
1
h−|U |+i = h−|Sx ; +i = √
2
1
h−|U |−i = h−|Sx ; −i = − √
2
De maneira que U pode ser escrito em forma matricial como:

!
1 1 1
U=√ (28)
2 1 −1
X
Queremos mostrar que este resultado é consistente com U = |b(r) iha(r) |:
r
1 1
U = |+ihSx ; +| + |−ihSx ; −| = √ (|+ih+| + |+ih−|) + √ (|−ih+| + |−ih−|)
2 2
Ou, em forma matricial:
!
1 1 1
U=√ , (29)
2 1 −1
que é exatamente o resultado que obtivemos anteriormente.

5
Questão 04 (Exercı́cio 33, cap. 01 do Sakurai):

(a) (i) Queremos provar

∂ 0
hp0 |x|αi = i~ hp |αi
∂p0

Escrevemos o primeiro termo inserindo a identidade:

Z
0
hp |x|αi = dp00 hp0 |x|p00 ihp00 |αi

Calculamos hp0 |x|p00 i:

Z Z
hp0 |x|p00 i = dx0 hp0 |x|x0 ihx0 |p00 i = dx0 x0 hp0 |x0 ihx0 |p00 i

−ix0 (p0 − p00 )


Z 
1
= dx0 x0 exp
2π~ ~
−ix0 (p0 − p00 )
Z  
∂ 1
= i~ 0 dx0 exp
∂p 2π~ ~


= i~ δ(p0 − p00 ) (30)
∂p0

Portanto:

Z Z
∂ ∂
hp0 |x|αi = dp00 hp0 |x|p00 ihp00 |αi = dp00 i~ 0
δ(p0 − p00 )hp00 |αi = i~ 0 hp0 |αi  (31)
∂p ∂p

(ii) Z

hβ|x|αi = dp0 φ∗β (p0 )i~ φα (p0 )
∂p0

Para provar a igualdade acima, escrevemos o primeiro termo inserindo a identidade:

Z
hβ|x|αi = dp0 hβ|p0 ihp0 |x|αi (32)

Utilizando o que provamos em (i) podemos reescrever a expressão acima como:

Z Z Z
∂ 0 ∂
hβ|x|αi = dp0 hβ|p0 ihp0 |x|αi = dp0 hβ|p0 ii~ hp |αi = dp0 φ∗β (p0 )i~ φα (p0 )  (33)
∂p0 ∂p0
 
ixΞ
(b) Para entender o significado fı́sico de exp , onde x é o operador de posição e Ξ é um número
~
0 0
com   de momento, aplicamos este operador em um ket |p i, obtendo um novo ket |p , Ξi =
dimensão
ixΞ
exp |p0 i. Em seguida, aplicamos o operador de momento p̂ ao ket |p0 , Ξi.
~

A ação do operador de momento é dada por:

p̂|p0 i = p0 |p0 i (34)

6

Lembrando que o operador momento é definido como p̂ = −i~ , para o ket |p0 , Ξi temos:
∂x
     
ixΞ Ξ ixΞ ixΞ
p̂|p0 , Ξi = exp p̂|p0 i + ~ · exp |p0 i = (p0 + Ξ) exp |p0 i (35)
~ ~ ~ ~
 
ixΞ
Da expressão acima, |p0 , Ξi é autoket de p̂ com autovalor (p0 + Ξ), e o operador exp nos dá
~
a translação no espaço de momentos.

Questão 05

(a) (i) Dados dois operadores A e B que comutam com [A, B], queremos provar que [A, B n ] = nB n−1 [A, B].
Utilizaremos indução matemática. Iniciamos a prova por indução verificando que a relação é válida
para n = 1.
Para n = 1, obtemos [A, B] = [A, B] (verdadeiro sempre!). Vamos mostrar agora que se a relação
vale para n = k, também vale para n = k + 1, e com isso a prova por indução estará completa. Para
n = k, temos:

[A, B k ] = kB k−1 [A, B] (36)

Para n = k + 1:

[A, B k+1 ] = [A, B · B k ] = B k [A, B] + [A, B k ]B = B k [A, B] + kB k−1 [A, B]B

Na equação acima, utilizamos a propriedade da comutação [A, BC] = B[A, C] + [A, B]C. Como B
comuta com [A, B], podemos escrever [A, B]B = B[A, B], e a expressã acima fica:

[A, B k+1 ] = [B k [A, B] + kB k−1 B[A, B] = [B k [A, B] + kB k [A, B] = (k + 1)B k [A, B] 

(ii) A demonstração de que [An , B] = nAn−1 [A, B] segue diretamente da demonstração acima:

(i)
[An , B] = −[B, An ] = −n · An−1 [B, A] = nAn−1 [A, B]  (37)

A A2 A3
(b) Definido o operador eA = 1 + + + ..., queremos mostrar a identidade:
1! 2! 3!

1 1
eA B e−A = B + [A, B] + [A, [A, B]] + [A, [A, [A, B]]] + ...
2! 3!

A A2 A3 A A2 A3
Temos eA = 1 + + + ..., e−A = 1 − + − ....
1! 2! 3! 1! 2! 3!

Substituindo em eA B e−A :

A A2 A3 A A2 A3
   
eA B e−A = 1+ + + ... B 1 − + − ... (38)
1! 2! 3! 1! 2! 3!

A A2 A3 BA BA2 BA3
  
= 1+ + + ... B− + − ... (39)
1! 2! 3! 1! 2! 3!

7
Vamos efetuar a multiplicação para os primeiros termos do primeiro parêntese para observar qual é
a forma de eA B e−A

BA BA2 BA3
   
AB ABA
eA B e−A = B− + − ... + − + ... +
1! 2! 3! 1! 1!1!

ABA2 ABA3
  2
A2 BA A2 BA2
 
A B
+ − + ... + − + + ... + ... (40)
1!2! 1!3! 2! 2!1! 2!2!

Reagrupando os termos com o mesmo denominador:

AB − BA BA2 + ABA2 − A2 BA
eA B e−A == B + + + ...
1! 2!

1
= B + [A, B] + [A, [A, B]] + ... (41)
2!

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