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Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0010524-70.2018.5.18.0011


em 02/03/2020 16:35:20 - bafdcf8 e assinado eletronicamente por:
- AURELIO FERNANDES PEIXOTO

Consulte este documento em:


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usando o código:20030216341453800000037214200
AO JUÍZO DA 11ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA- GOIÁS.

PROCESSO Nº. 0010524-70.2018.5.18.0011

ILLUMINATA UTI LTDA, já qualificada no processo,


vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE, face a incompetência deste juízo,
em processar Execuções em face das Executadas, tendo em vista a novação
da dívida, com a expedição de certidão de crédito à Reclamante:

DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

Conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial, o


instituto da Exceção de Pré-Executividade, pode ser arguido à qualquer
tempo, por simples petição, independente de segurança do Juízo, desde que
desnecessária qualquer dilação probatória, ou seja, por prova documental
inequívoca, comprovando a inviabilidade da Execução.
QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA

DA SUSPENSÃO DA MORA – RECUPERAÇÃO JUDICIAL – EXPEDIÇÃO


DA CERTIDÃO DE CRÉDITO AO EXEQUENTE (TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL) – EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO TRABALHISTA

A presente exceção de pré executividade, ora


manejada, tem como a exclusão do redirecionamento da execução para a
2ª Reclamada, haja vista que, com o pedido de Recuperação Judicial da 1ª
Reclamada, é suspensa a mora, não havendo que se falar no
redirecionamento da presente execução à 3ª Reclamada.

Com o pedido de Recuperação Judicial há suspensão de


todas as execuções trabalhistas. Já com a aprovação do plano de
recuperação judicial e a posterior homologação (concessão) pelo juízo
competente, diferentemente da primeira fase, opera novação dos créditos e
a decisão homologatória constitui, ela própria, novo título executivo judicial,
nos termos do que dispõe o art. 59, caput e § 1º, da Lei n. 11.101/2005.

Confira-se a redação dos preceitos legais:

Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz


concederá a recuperação judicial do devedor cujo plano
não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art.
55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia-
geral de credores na forma do art. 45 desta Lei.

[...] Art. 59. O plano de recuperação judicial implica


novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o
devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo
das garantias, observado o disposto no § 1º do art. 50
desta Lei.

§ 1º A decisão judicial que conceder a recuperação


judicial constituirá título executivo judicial, nos termos
do art. 584, inciso III, do caput da Lei n 5.869, de 11
de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Nesse particular, com a concessão da recuperação


judicial, as execuções individuais ajuizadas contra a própria devedora
devem ser suspensas.

Confira-se:

[...] a lei fixa um prazo para a suspensão das execuções


individuais operada pelo despacho de processamento
da recuperação judicial: 180 dias. Se, durante esse
prazo, alcança-se um plano de recuperação judicial,
abrem-se duas alternativas: o crédito em execução
individual teve suas condições de exigibilidade
alteradas ou mantidas.

[...] A decisão concessiva da recuperação judicial é


título executivo judicial. Desse modo, se no plano de
recuperação é, por exemplo, previsto que o credor
Carlos será pago em 6 meses da concessão do
benefício, vencido esse prazo, caberá àquele credor
mover a cobrança executiva contra o empresário em
recuperação. Instruirá a execução com o plano de
recuperação, por ser este título executivo judicial apto
a promovê-la.

[...] No prazo de 2 anos seguintes à concessão da


recuperação judicial, se o devedor não cumpre alguma
das obrigações previstas no plano aprovado, o credor
só pode requerer a convolação desse processo em
falência. Após esse prazo, porém, abre-se ao credor a
possibilidade de pleitear a execução específica das
obrigações contempladas no plano.
Considera-se que, antes de 2 anos, não terão as
medidas do plano surtido seus amplos efeitos, de modo a poder sujeitar-se
o devedor ao cumprimento específico da obrigação. O credor não resta
desatendido em seus direitos porque poderá pedir a falência do devedor,
com o objetivo de ver instaurada a execução concursal (COELHO, Fábio
Ulhoa. Comentários à Lei de Falência e de recuperação de empresas. 8 ed.
São Paulo: Saraiva, 2011, p. 87, 59 e 254).

Além disso, o deferimento da recuperação judicial


suspende a execução. Portanto, não há que se falar em constituição de mora
e redirecionamento da execução à Excipiente, tendo em vista que, primeiro,
o Juízo Trabalhista só é competente para processar créditos trabalhistas de
devedora em recuperação judicial até a liquidação do crédito e, segundo, o
deferimento da recuperação judicial suspende a execução pelo prazo
concedido pelo juízo da recuperação judicial ou até a aprovação do plano de
recuperação.

DA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA PROCESSAR


A EXECUÇÃO – RECENTE ACÓRDÃO DO TRT18 DECLARANDO A
INCOMPETÊNCIA DA JT PARA PROCESSAR EXECUÇÃO EM FACE DE
EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL E DIRECIONAMENTO DA
EXECUÇÃO EM FACE DOS SÓCIOS OU EMPRESAS CONSIDERADAS
DO MESMO GRUPO ECONÔMICO

Em proêmio, deve ser destacado que a 1ª


Reclamada/executada requereu Recuperação Judicial, conforme
estabelecido pela Lei 11.101/2005, processo em tramite junto ao juízo da
23ª Vara Cível da Goiânia – GO, processo número
5056327.31.2019.8.09.0051 em que houve decisão publicada em
30/08/2019 deferindo a prorrogação do prazo de 180 dias.

Inicialmente, resta asseverar que, os créditos


eventualmente aqui conquistados encontram-se sujeitos a Recuperação
Judicial proposta pela reclamada, pois no caso, o pedido de recuperação
judicial impede o seu pronto pagamento, sob pena de se privilegiar credor
individual em face da coletividade, malferindo o estabelecido na referida
norma e, inclusive, incorrendo em prática de ilícito penal, conforme o art.
172 da legislação de regência.

Nos termos do artigo 6º da Lei nº 11.101/05, a


competência da Justiça do Trabalho se restringe às fases de conhecimento
e liquidação do título executivo, sendo incompetente para dar seguimento
aos atos de execução do crédito exequendo, inclusive no que diz respeito
ao direcionamento dos atos expropriatórios a outros estabelecimentos
mercantis supostamente pertencentes ao mesmo grupo econômico.

É que, nos termos do art. 6º, §§ 1º e 2º, da Lei nº


11.101/2005, o prosseguimento da ação, nesta Justiça Especializada, deve
ocorrer, apenas, até a apuração do respectivo crédito, após o que deverá
haver inscrição no quadro-geral de credores, pelo valor determinado em
sentença.

Isso significa que, depois de a quantia devida tornar-se


líquida, exaure-se a competência da Justiça do Trabalho, para promover
qualquer ato expropriatório em desfavor do devedor, inclusive das demais
empresas constantes no polo.

Eis os termos do art. 6º da Lei nº 11.101/2005, que


regula a recuperação judicial, extrajudicial e a falência do empresário e da
sociedade empresária:

Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do


processamento da recuperação judicial suspende o
curso da prescrição e de todas as ações e execuções
em face do devedor, inclusive aquelas dos credores
particulares do sócio solidário.

§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se


processando a ação que demandar quantia ilíquida.
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador
judicial, habilitação, exclusão ou modificação de
créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações
de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que
se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante
a justiça especializada até a apuração do respectivo
crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores
pelo valor determinado em sentença.

§ 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§


1º e 2º deste artigo poderá determinar a reserva da
importância que estimar devida na recuperação judicial
ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito,
será o crédito incluído na classe própria.

§ 4º Na recuperação judicial, a suspensão de que trata


o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o
prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias
contado do deferimento do processamento da
recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do
prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar
suas ações e execuções, independentemente de
pronunciamento judicial.

§ 5º Aplica-se o disposto no § 2º deste artigo à


recuperação judicial durante o período de suspensão de
que trata o § 4º deste artigo, mas, após o fim da
suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser
normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja
inscrito no quadro-geral de credores."

Importante ressaltar que, mesmo esgotado o prazo de


180 dias (contado do deferimento da recuperação), ainda assim, não se
autoriza a execução na Justiça do Trabalho, sendo necessário habilitação do
crédito do exequente na lista de credores da Justiça Comum, a bem de um
tratamento uniforme para todos os credores das empresas recuperandas e
com o escopo de se evitar a inviabilização do processo de recuperação.

A competência, exclusiva, da Justiça laboral, limita-se


à solução de questões atinentes à relação do trabalho (art. 114 da CF) e,
após a apuração do montante devido, deverá ser processada a
correspondente habilitação no Juízo da recuperação judicial (art. 6º, §§ 1º
e 2º, da Lei nº 11.101/2005).

Vejamos recente acórdão que julgou recurso ordinário


interposto pelo HOSPITAL RENAISSANCE, mesma parte neste processo,
declarando a incompetência da Justiça do Trabalho para processar execução
em face de empresa em recuperação judicial, inclusive incompetente
também para redirecionar a execução aos sócios e às empresas
declaradas do mesmo grupo econômico:

PROCESSO DE EXECUÇÃO. RECUPERAÇÃO


JUDICIAL. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO
EM FACE DOS SÓCIOS. IMPOSSIBILIDADE.
Deferido o processamento da recuperação judicial da
reclamada, cabe à Justiça do Trabalho processar as
ações trabalhistas, ficando limitada a atuação à
liquidação de sentença, devendo a execução prosseguir
perante o Juízo Universal, mediante a habilitação do
crédito, cabendo ao Juízo da Recuperação Judicial,
inclusive, examinar eventual direcionamento da
execução em face dos sócios. (TRT18 - AP-0010560-
09.2018.5.18.0013, RELATOR: DESEMBARGADOR
PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO, AGRAVANTE:
RH3 EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA,
MAXWELL FIDÉLIS DE OLIVEIRA, AGRAVANTE :
RAFAEL HADDAD, AGRAVANTE : CENTRO BRASILEIRO
DE MEDICINA AVANÇADA LIMITADA, AGRAVANTE :
HOSPITAL RENAISSANCE LTDA, ORIGEM : 13ª VARA
DO TRABALHO DE GOIÂNIA, DATA: 30/10/2019) –
grifo meu.

ACÓRDÃO ANEXO.

Portanto, a esta Especializada é vedado proceder com


atos executórios contra empresas em recuperação judicial e
consequentemente contra pessoas físicas ou jurídicas supostamente
integrantes do quadro societário e/ou conglomerado econômico da empresa
recuperanda.

Com a apuração do crédito, esgota-se a competência


da Justiça do Trabalho para qualquer ato de execução, o que inclui,
evidentemente, pretensões da espécie. Esse é o entendimento atual da E.
Terceira Turma do Tribunal Regional da 6ª Região:

RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA


EXECUTADA. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO
CONTRA EMPRESAS SUPOSTAMENTE
INTEGRANTES DE GRUPO ECONÔMICO.
IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do artigo 6º da Lei
nº 11.101/05, a competência da Justiça do Trabalho
restringe-se às fases de conhecimento e liquidação do
título executivo, sendo incompetente para dar
seguimento aos atos de execução do crédito
exequendo, que deve ser habilitado perante o Juízo da
recuperação judicial. Inteligência do entendimento
irradiado pelo STF, no RE nº 583955, no sentido de que
a execução trabalhista contra empresa em recuperação
judicial deverá prosseguir perante o Juízo em que foi
aprovada a respectiva recuperação. Como
consequência, resta inviabilizado o prosseguimento da
execução contra empresas supostamente integrantes
de grupo econômico, enquanto em trâmite o processo
de recuperação judicial. Agravo de petição a que se
nega provimento. (Processo: AP - 0010128-
34.2012.5.06.0142. Redator: Eduardo Pugliesi. Data de
julgamento: 05/07/2018. Primeira Turma. Data da
assinatura: 06/07/2018).

Assim, conforme os termos da Lei nº 11.101/2005 e do


Provimento nº 01/2012 da CGJT, bem como e, principalmente, o
posicionamento externado pelos Tribunais Superiores (STF, STJ e TST),
após o deferimento da recuperação judicial e a definição dos créditos, o
processamento dos atos executórios deve ocorrer, exclusivamente, perante
o Juízo da Recuperação Judicial.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, de modo a viabilizar a consecução


do plano e a manutenção da atividade empresarial da 1ª Reclamada,
requer:

a) a exclusão de determinação de qualquer ato


expropriatório contra as Reclamadas;
b) seja feita a exclusão de qualquer restrição e
desbloqueio de valores indevidamente bloqueado nas contas bancárias das
Reclamadas, com a consequente expedição de Alvará de Levantamento às
Reclamadas;
c) suspensão da execução com arquivamento
provisório do processo até pagamento do juízo da Recuperação Judicial.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Goiânia, 02 de março de 2020.

AURÉLIO FERNANDES PEIXOTO


OAB/GO 36.77

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