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MATÉRIA BRASIL 61 - 5716

Título: Recursos do FPM pode ser melhor dividido entre as cidades,


dizem especialistas

Subtítulo: A lei que trata sobre o assunto é de 1966 e estipula divisão baseada
em faixas populacionais de época em que a realidade do país era outra

Resumo: Em 2019, para as cidades brasileiras com até 20 mil habitantes, o


FPM significou 39,3% de sua receita corrente, percentual que diminui
gradualmente de importância à medida que cresce o porte populacional dos
municípios, conforme pode ser observado no gráfico ao lado.

Tags: Recursos, Economia, FPM, gestor público, municípios, estados

Reportagem: Janary Damacena

Edição de texto:

WEB

Os municípios brasileiros receberam mais de três bilhões de reais na última


parcela do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Essa é uma das
principais transferências constitucionais de recursos da União para os gestores
municipais. Isso porque, no sistema tributário e fiscal brasileiro, estados e
municípios possuem parcelas da arrecadação do Governo Central. Segundo o
artigo 159 da Constituição Federal, 24,5% da receita líquida do Imposto de
Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pertencem aos
municípios e 21,5%, aos estados. Esses valores são repassados aos entes
federativos por meio dos seus respectivos fundos de participação.

Para se ter uma ideia de como esses recursos são importantes, em 2019, para
as cidades brasileiras com até 20 mil habitantes, o FPM significou 39,3% de
sua receita corrente, percentual que diminui gradualmente de importância à
medida que cresce o porte populacional dos municípios, conforme pode ser
observado no gráfico ao lado. Desta forma, podemos entender que quanto
maior o município, menor é o peso do FPM em seu orçamento.

Essa distribuição revela que um País do tamanho do Brasil possui entraves


para facilitar a descentralização de recursos da União até eles chegarem à
outra ponta: as cidades. Quem explica melhor é o presidente da Associação
Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf), Vitor Puppi, que
também é secretário municipal de Finanças de Curitiba (PR).

“Mesmo que a distribuição seja maior para municípios com menor arrecadação
própria do que para os grandes, e quando falo isso me refiro ao número de
pessoas, é um recurso importante para todas as cidades brasileiras. Além
disso, o FPM pode servir de base para a distribuição de outros recursos no
País. E nisso há uma certa crítica por parte de algumas cidades sob a alegação
de que essa forma de distribuição pode fazer o dinheiro não chegar em
localidades onde é mais necessário”, salientou Puppi.

De acordo com dados da Federação Nacional dos Prefeitos (FNP), enquanto o


fundo representa 17,1% da receita corrente na média nas cidades, naquelas
com mais de 500 mil habitantes, ele atinge apenas 5,4%. Isso porque em 1966,
a Lei nº 5.172 estipulou uma tabela com coeficientes de participação na divisão
do montante definidos por faixas populacionais, de tal modo que os intervalos
entre estas crescem proporcionalmente mais que os coeficientes de cada uma.

Por conta dessa forma de distribuição, muitas cidades passam a não receber
recursos de maneira equilibrada, pois os cálculos para essa distribuição se
baseiam em dados antigos demais, quando a realidade brasileira era outra.

Depois da eleição dos novos presidentes na Câmara dos Deputados e no


Senado Federal, passou a se falar mais a respeito de pautas que não estavam
em processo avançado de discussão, sendo uma delas a questão da Reforma
Tributária. De acordo com Kleber Castro, que é consultor econômico da FNP,
quando se fala em Reforma Tributária no Brasil, uma mudança na distribuição
desses recursos do FPM poderia ser facilmente colocada dentro de um projeto
deste tipo.

“Quando a gente fala de tributação dentro do um país federalista como o


nosso, a gente não pode falar só de arrecadação direta. A gente precisa falar
de arrecadação direta e de como se redistribuir esses recursos. Então é o
tributo em um primeiro momento, mas é preciso falar sobre como a gente
transfere esses tributos entre União, Estados e Municípios, e como transfere
esses tributos horizontalmente entre os Estados e, depois, entre os Municípios.
Não dá para se falar em reforma tributária sem falar em transferências
intergovernamentais”, explicou o consultor.

RÁDIO 

LOC.: Os municípios brasileiros receberam mais de três bilhões de reais na


última parcela do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Essa é uma
das principais transferências constitucionais de recursos da União para os
gestores municipais. Isso porque, no sistema tributário e fiscal brasileiro,
estados e municípios possuem parcelas da arrecadação do Governo Central.

Para se ter uma ideia de como esses recursos são importantes, em 2019, para
as cidades brasileiras com até 20 mil habitantes, o FPM significou 39,3% de
sua receita corrente, percentual que diminui gradualmente de importância à
medida que cresce o porte populacional dos municípios, conforme pode ser
observado no gráfico ao lado. Desta forma, podemos entender que quanto
maior o município, menor é o peso do FPM em seu orçamento.

Essa distribuição revela que um País do tamanho do Brasil possui entraves


para facilitar a descentralização de recursos da União até eles chegarem à
outra ponta: as cidades. Quem explica melhor é o presidente da Associação
Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf), Vitor Puppi, que
também é secretário municipal de Finanças de Curitiba (PR).

TEC./SONORA: presidente da Associação Brasileira das Secretarias de


Finanças das Capitais (Abrasf), Vitor Puppi.

“Mesmo que a distribuição seja maior para municípios com menor arrecadação
própria do que para os grandes, e quando falo isso me refiro ao número de
pessoas, é um recurso importante para todas as cidades brasileiras. Além
disso, o FPM pode servir de base para a distribuição de outros recursos no
País. E nisso há uma certa crítica por parte de algumas cidades sob a
alegação de que essa forma de distribuição pode fazer o dinheiro não chegar
em localidades onde é mais necessário.”

LOC.: Depois da eleição dos novos presidentes na Câmara dos Deputados e


no Senado Federal, passou a se falar mais a respeito de pautas que não
estavam em processo avançado de discussão, sendo uma delas a questão da
Reforma Tributária. De acordo com Kleber Castro, que é consultor econômico
da FNP, quando se fala em Reforma Tributária no Brasil, uma mudança na
distribuição desses recursos do FPM poderia ser facilmente colocada dentro de
um projeto deste tipo.

TEC./SONORA: Kleber Castro, que é consultor econômico da FNP.

“Quando a gente fala de tributação dentro do um país federalista como o


nosso, a gente não pode falar só de arrecadação direta. A gente precisa falar
de arrecadação direta e de como se redistribuir esses recursos. Então é o
tributo em um primeiro momento, mas é preciso falar sobre como a gente
transfere esses tributos entre União, Estados e Municípios, e como transfere
esses tributos horizontalmente entre os Estados e, depois, entre os Municípios.
Não dá para se falar em reforma tributária sem falar em transferências
intergovernamentais.”

LOC.: De acordo com dados da Federação Nacional dos Prefeitos (FNP),


enquanto o fundo representa 17,1% da receita corrente na média nas cidades,
naquelas com mais de 500 mil habitantes, ele atinge apenas 5,4%. Isso porque
em 1966, a Lei nº 5.172 estipulou uma tabela com coeficientes de participação
na divisão do montante definidos por faixas populacionais, de tal modo que os
intervalos entre estas crescem proporcionalmente mais que os coeficientes de
cada uma.

Por conta dessa forma de distribuição, muitas cidades passam a não receber
recursos de maneira equilibrada, pois os cálculos para essa distribuição se
baseiam em dados antigos demais, quando a realidade brasileira era outra.

Reportagem, Janary Damacena. 

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