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Hemobrás recebe aporte de R$ 393 milhões para conclusão da fábrica de Imunoglobulina

Empresa instalada em Pernambuco vai garantir a nacionalização de seis dos hemoderivados de maior
consumo no mundo

Nesta semana, o Governo Federal anunciou a destinação de R$ 393 milhões para a Empresa Brasileira de
Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás). Os recursos serão direcionados para a operacionalização da
produção nacional de Imunoglobulina, o hemoderivado mais estratégico para o Ministério da Saúde. A
Imunoglobulina é uma substância presente no plasma do sangue, usada para repor anticorpos e combater
inflamações, que representa o principal tratamento do Programa Nacional de Imunodeficiências Primárias.
É importante destacar que, atualmente, o País enfrenta desafios na aquisição desse insumo, o que deve
mudar a partir do funcionamento da fábrica, que deverá suprir a demanda a partir da produção nacional.

Esta verba é parte dos recursos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que até 2026,
deve investir R$ 900 milhões para conclusão da maior fábrica de medicamentos hemoderivados da
América Latina, cuja infraestrutura estará pronta em 2024. O montante também será destinado para a
aquisição de equipamentos para desenvolvimento e incorporação de processos e produtos hemoderivados
e biotecnológicos e para a especialização de mais de 250 serviços de hemoterapia. A medida integra a
Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, lançada pelo
Governo Federal neste ano, cujo objetivo é desenvolver a autossuficiência brasileira na produção de itens
prioritários para o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da nacionalização de hemoderivados, soros,
vacinas, medicamentos e outros produtos de saúde.

Hoje, cerca de 30% dos hemoderivados que o SUS oferta são resultado do fracionamento de plasma doado
no Brasil e, para abastecimento do restante, o País depende de outros países, com custo estimado em R$
1,5 bilhão/ano. Mas, a partir da conclusão da planta, esse número vai subir para 80%.

A expectativa é que, após aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o empreendimento
passe a operar e, com isso, seis hemoderivados de maior consumo no mundo terão a produção
nacionalizada, entre eles a Albumina e Imunoglobulina.

Instalada em Pernambuco, a Indústria de Hemoderivados e Biotecnologia da Hemobrás contará com


capacidade anual para processamento de até 500 mil litros de plasma. Com investimento total de
aproximadamente R$1,4 bilhão, o empreendimento terá 17 prédios, distribuídos em 48 mil metros
quadrados de área construída, em um terreno de 25 hectares.

Fábrica de recombinantes (fator VIII) estará pronta para os testes de qualidade até março deste ano
Além desta fábrica de hemoderivados, em 2024, também está prevista a implantação de uma unidade
fabril de biotecnologia para produção de fator VIII recombinante, medicamento produzido por engenharia
genética, destinado ao tratamento da hemofilia A e outras doenças relacionadas à coagulação sanguínea,
cuja tecnologia poderá ser replicada em outros produtos. A partir da entrega, a unidade também deve
passar por um período de testes para a qualificação de equipamentos e certificação regulatória pela Anvisa

Atualmente, o medicamento, conhecido como Hemo-8r, está disponível de maneira gratuita pelo SUS, com
fornecimento da Hemobrás, por meio de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), cuja
capacidade de produção é suficiente para abastecimento total da demanda brasileira. As instalações
estarão prontas em 2024 e as operações entrarão em funcionamento em 2025.

Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde


Neste ano, o presidente Luís Inácio Lula da Silva assinou decreto que institui a Estratégia Nacional para o
Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Com isso, o governo visa suprir o SUS e
frear o crescimento do déficit comercial da Saúde, de 80% em 10 anos, que hoje chega a US$ 20 bilhões.
Nessa ação, há recursos previstos para unidades de produção e pesquisa da Empresa Brasileira e
Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ambas do governo
federal. Também estão previstos programas para desenvolvimento nacional de vacinas, soros, além de
modernização e inovação na assistência prestada por entidades filantrópicas.

Até 2026, serão R$ 9 bilhões previstos pelo Novo PAC. Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) deve participar com R$ 6 bilhões e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com
outros R$ 4 bilhões. O Governo Federal prevê ainda aporte de cerca de R$ 23 bilhões da iniciativa privada.
O lançamento da estratégia é resultado do trabalho do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial
da Saúde (Geceis), recriado em abril de 2023.

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