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GESTÃO E REDE DE CUIDADO: REFLEXÕES E

POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO (DE) FRENTE A PANDEMIA.

APRESENTAÇÃO: de qual lugar estou falando?

 Residente em Saúde da Família e Vigilância em Saúde na Gestão do SUS.


Psicólogo convocado a pensar a saúde pública e seu dispositivo de gestão.
“O lugar do Sanitarista e do Psicólogo”.

GESTÃO: o que é? Qual a função? Em contexto de COVID-19, qual a


importância?

 Fala sobre o funcionamento da gestão, da gerência e da organização


das redes de cuidado.
 Dispositivo característico de um sistema universal e que se
fundamenta na saúde coletiva.
Questão da proteção social, do compromisso com a saúde como direito
justamente por ser uma das apostas de nossa organização social. E por
uma intima relação entre saúde e proteção social, saúde e garantia de
dignidade, é que o processo de gestão da saúde se baseia na saúde
coletiva. Para além da ampliação do conceito de saúde.

Emerson Merhy: Modelo de enfrentamento baseado em um sistema


nacional de saúde: que consiga desenvolver tecnologias de cuidado que
vão desde os territórios da vida e dos territórios do trabalho até os lugares
onde o cuidado exige uma incorporação de tecnologias duras.

Todo brasileiro é um cidadão, e como cidadão tem o direito a saúde.


A Saúde é um dever do estado. Esse dever deve se organizar através
de politicas intersetoriais, formando uma rede de proteção as vidas e
por serviços específicos organizados num sistema, o sistema único de
saúde.

 A VELOCIDADE DA GESTÃO e o maquinário em operação


 Interconexão da rede. Da gestão à assistência.
A PRODUÇÃO DE CUIDADO, que é a finalidade primeira do SUS, se
dá, antes disso, nos territórios de vida e de trabalho. As populações e
comunidades já desenvolvem modos de cuidar e viver a muito tempo. Os
profissionais de saúde, bem como toda a saúde pública deve considerar
este saber e esse modo de cuidar para, a partir dele, colaborar com a
produção de vida. Só assim se é possível produzir não só recuperação de
saúde, mas produção de mais vida onde já há vida.

Ou seja, a gestão não pode partir de uma abstração ou de uma


normatização administrativa, porque ela deve se relacionar com a
realidade concreta e anterior. Ela precisa pensar a gestão sensível como
sendo fundamentada na potencia da experiencia de cuidar e de se
organizar das populações e comunidades.

RISCO DE UMA VERTICALIZAÇÃO da gestão por conta da


necessidade de controle e de agilidade. Não podemos perder de vista que,
mesmo na necessária presença de uma gestão central e forte, o efeito
dessa gestão precisa considerar as pessoas nos seus territórios de vida.

SENSIBILIDADE PARA UMA GESTÃO EFETIVA

 O desarranjo produzido na gestão, nos profissionais e na população;


 Conexão entre gestão e vida: comunicação em saúde, vinculação de
informações, o manejo dos efeitos no território e o acompanhamento para
produção, a partir dos dados, de ações efetivas

Nas recomendações gerais sobre Saúde Mental e Atenção Psicossocial na


Pandemia, da Fio Cruz, observamos o destaque para os sentimentos de
desconfiança da gestão e coordenação dos protocolos de biossegurança.
Existe um cenário de instabilidade, insegurança, rápidas mudanças e de
estresse dos dispositivos de saúde pública.
Gestão sensível e que vise uma atuação protetiva, considerando as
vulnerabilidade e fragilidades objetivas e subjetivas de uma população no
contexto de pandemia.

Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia, da Fio Cruz, para


gestores
ANTES: preparação
Tensão da população, negação ou exacerbação, ansiedade, tensão e
insegurança.
Informação, formação, identificação e mapeamentos, proteção preventiva,
organização de rede de suporte para profissionais e pacientes.
DURANTE: garantia da assistência
Medo, solidão, letargia ou agitação, mudanças no padrão de vida, crises
emocionais, aumento da violência doméstica, dificuldade de elaboração do
luto e estigmatização das pessoas.
Avaliação e detecção precoce, orientação e segurança, oferta de serviços para
continuidade e acolhimento, apoio aos profissionais e casos possíveis.
DEPOIS:
Transtornos pós-pandemia, dificuldade de retomada da rotina e
reenquadramento dos projetos de vida, comportamento agressivo e de
protesto.
Comunicação social, atenção prolongada para acompanhar os efeitos,
fortalecimentos de projetos sociais, participação comunitária.

HÁ LUGAR DO PSICÓLOGO NA GESTÃO?

ENCONTRO ENTRE O PROFISSIONAL DE SAÚDE MENTAL E


OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

 FUNÇÃO DE EXTERIORIDADE E MEDIAÇÃO


O psicólogo/psicanalista na instituição precisa acolher o desafio do trabalho em
equipe sem transformar o campo no lugar de pratica de sua especialidade, mas
o lugar possível de uma prática sustentada em sua ética que coloca o sujeito, o
ato e sua fala como eixo central.
O coletivo não é harmônico, é marcado por diferentes discursos,
principalmente no contexto em que a “funcionalidade padrão” é acossada pelo
encontro com a pandemia. É um grudo furado.

Um vazio de saber se abri, um furo na unidade. Se abre a possibilidade de


pensar que algo ali não é sabido, não é de todo visto e conhecido. Uma lógica
não toda. É preciso sustentar não o lugar de um suposto saber, mas o lugar de
um vazio que faz circular a palavra e as possibilidades. Os efeitos da pandemia
abrem as brechas para o que não é dito.

 RECONHECIMENTO DOS EFEITOS NOS PROFISSIONAIS


Os efeitos dentro de uma equipe ou serviço não são generalizáveis e
devem ser vistos a partir da singularidade de cada experiência.

Medo de:
• Adoecer e morrer;
• Perder as pessoas que amamos;
• Perder os meios de subsistência ou não poder trabalhar durante o
isolamento e ser demitido;
• Ser excluído socialmente por estar associado à doença;
• Ser separado de entes queridos e de cuidadores devido ao regime
de quarentena;
• Não receber um suporte financeiro;
• Transmitir o vírus a outras pessoas.

É esperado também a sensação recorrente de:


• Impotência perante os acontecimentos;
• Irritabilidade;
• Angústia;
• Tristeza.

 Desafios aos métodos de intervenção em psicologia


 Estratégias de fortalecimento para o enfretamento

PRIMEIROS CONTATOS EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA:

Escuta qualificada e ética que vise fortalecer recursos pessoais de


enfretamento a estresse. Foca também em recursos e habilidades que os
profissionais já possuem. Orientações objetivas e incentivo a tomada de
decisão para resolução de problemas.
Suporte organizacional percebido produz valorização e satisfação

GERAL
 Reconhecimento dos medos e receios
 Uso de estratégias funcionais
 Exercícios para estresse e ansiedade
 Atenção e cuidado com as necessidades básicas
 Compartilhar medos
 Readequar planos
 Informação
 Exposição a mídia

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