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Administração financeira orçamentária – A.F.O.

Sistema de planejamento e orçamento brasileiro

Sistema de planejamento e orçamento brasileiro

1. Introdução
Por ser a atividade orçamentária uma atividade extremamente sensível e
importante, pois trata de recursos públicos e da satisfação de necessidades públicas,
o ordenamento jurídico brasileiro tem em seu bojo todo um conjunto de normas que
regulamentam essa atividade, além de normas que materializam o próprio
planejamento e execução orçamentária, além de organizações responsáveis pela
elaboração, execução, controle e avaliação do Orçamento Público.
2. Normas que regulamentam a atividade orçamentária
Sendo a atividade orçamentária extremamente sensível, já que interfere
diretamente no funcionamento da máquina estatal e no dispêndio de recursos
públicos, ou seja, de toda população, a regulamentação deve ser legítima,
abrangente e complexa o suficiente para garantir eficiência, eficácia e efetividade,
além de lisura, controle e transparência.
No Brasil existe então um arcabouço complexo de mandamentos que versam
sobre essa atividade tão importante.

2.1. Competência para legislar sobre direito financeiro e orçamento


A atividade orçamentária do Estado está inserida no campo de atuação do
Direito Financeiro.
Segundo Art. 24, inc. I e II da Constituição, compete à União, aos Estados e
ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito financeiro e orçamento.
Constituição Federal
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;
II - orçamento;
Art. 24...
(...)
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades.

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§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais


suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

2.2. Normas regulamentadoras em espécie


2.2.1 Constituição Federal
O Título VI inteiro à tributação e ao orçamento e dentro desse título o capítulo
II às Finanças Públicas que em sua primeira seção (Art. 163 e 164) estabelece
normas gerais sobre o assunto existem dispositivos que disciplinam matéria
orçamentária, mesmo assim a Carta Magna.
A seção II (Art. 165 a 169) foi dedicada aos orçamentos estabelecendo os
principais instrumentos orçamentários, além de diversos regramentos que
estudaremos ao longo desta obra.
Além dos principais mandamentos citados, em todo texto constitucional pode-
se encontrar dispositivos relevantes à matéria orçamentária, o que torna necessária,
por parte do aluno, uma pesquisa sobre tais dispositivos.
2.2.2 Lei 4.320 de 1964
A lei 4.320 de 17 de março de 1964 estatuiu normas gerais de Direito
Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
Importante estar atento ao fato de que essa lei é formalmente ordinária, ou
seja, foi elaborada com os ritos e procedimento destinados à aprovação de uma lei
ordinária. Porém, a atual Constituição reservou a matéria tratada por ela para lei
complementar, dando a ela status de lei complementar, ou seja, é uma lei
formalmente ordinária e materialmente complementar, o que significa dizer que seu
texto somente pode ser alterado ou revogado por outra lei complementar.
2.2.3 Lei 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal
Estabelece regras de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na
gestão fiscal. Em particular, a LRF vem atender à prescrição do artigo 163 da
Constituição:
Art. 163 - Lei complementar disporá sobre:
Finanças públicas;
Dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;
Concessão de garantias pelas entidades públicas;
Emissão e resgate de títulos da dívida pública;
Fiscalização financeira da administração pública direta e
indireta; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de
2003)

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Operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Compatibilização das funções das instituições oficiais de
crédito da União, resguardadas as características e condições
operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
Regulamentou ainda os seguintes dispositivos da Carta Magna:
Art. 169 - Determina o estabelecimento de limites para as
despesas com pessoal ativo e inativo da União a partir de Lei
Complementar. Neste sentido, a LRF revoga a Lei Complementar
n º 96, de 31 de maio de 1999, a chamada Lei Camata II;
Art. 165 § 9º, inciso II - De acordo com este dispositivo,
cabe à Lei Complementar estabelecer normas de gestão financeira
e patrimonial da administração direta e indireta, bem como
condições para a instituição e funcionamento de Fundos;
(...)
Art. 250 - de acordo com este artigo, com o objetivo de
assegurar recursos para o pagamento dos benefícios concedidos
pelo regime geral de previdência social, em adição aos recursos
de sua arrecadação, a União poderá constituir fundo integrado por
bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei que
disporá sobre a natureza e administração desse fundo.
2.2.4 Decreto 200/67
O Decreto 200 de 1967 dispõe sobre a organização da Administração Federal,
estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências.
2.2.5 A Lei 10.180/01
Essa Lei disciplinou os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de
Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do
Poder Executivo Federal.
O Art. 2º dessa lei estabelece que o Sistema de Planejamento e de Orçamento
Federal tem por finalidade:
1. Formular o planejamento estratégico nacional;
2. Formular planos nacionais, setoriais e regionais de desenvolvimento
econômico e social;
3. Formular o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos
anuais;
4. Gerenciar o processo de planejamento e orçamento federal;
5. Promover a articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
visando a compatibilização de normas e tarefas afins aos diversos
Sistemas, nos planos federal, estadual, distrital e municipal.

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O Sistema de Planejamento e Orçamento Federal compreende as atividades de


elaboração, acompanhamento e avaliação de planos, programas e orçamentos, e de
realização de estudos e pesquisas socioeconômicas.
Integram o Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal:
I. o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, como órgão central;
II. órgãos setoriais;
III. órgãos específicos.
Integrarão então todos aqueles responsáveis por atividades orçamentárias no
âmbito da União.
2.2.6 Lei que deveria ter sido aprovada
Segundo a Constituição Federal (§ 9º, Art. 166), cabe à lei complementar:
I. Dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e
a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da
lei orçamentária anual;
II. Estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração
direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento
de fundos.
III. Dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos
que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos,
cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter
obrigatório, para a realização do disposto no § 11 do art. 166. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
2.2.7 Outros
Em razão da complexidade dessa matéria, existem vários os normativos que
regulam a atividade orçamentária, são resoluções do Senado Federal, Decretos,
Decretos-Lei, Portarias e Instruções Normativas dos órgãos competentes e
relacionados à atividade financeira do Estado como a Secretaria do Tesouro Nacional
- STN (Ministério da Fazenda), Secretaria De Orçamento Federal (Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão).

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