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Resumo
Palavras-chave
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Trabalho apresentado para o DT 08 – Estudos Interdisciplinares do XVIII Congresso de Ciências da Comunicação
na Região Sul realizado de 15 de junho a 17 de junho de 2017.
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Estudante do 1° semestre no Mestrado Acadêmico em Educação na Faculdade de Educação pela Universidade
Federal de Pelotas, UFPel, e-mail: andresilva537@gmail.com.
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Orientador do trabalho. Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Professor
no Programa de Pós Graduação em Educação pela Universidade Federal de Pelotas, UFPel, e-mail:
earriada@hotmail.com.
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Máquina inventada na Alemanha, no ano de 1886, por Ottmar Mergenthaler, composta essencialmente por um
teclado, serviram para impulsionar a Livraria do Globo na produção de livros, revistas e afins.
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É um gênero literário capaz de capacitar o sujeito a argumentação filosófica sobre um texto literário a fim de
investigar, através de uma criticidade, a história do texto literário, como também, o autor, a narrativa como também, o
contexto da obra.
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máquina de compor elétrica, acabou por incentivar a criação do seu grande primeiro
empreendimento, o Almanaque do Globo (1917), tendo como principais organizadores
João Pinto da Silva e Mansueto Bernardi.
A grande demanda de produção editorial fez com que o Almanaque se tornasse
um bem cultural para a região, diversificando o seu conteúdo não só ao povo da elite em
meio ao processo industrial e político que absorvia um certo tipo de cultura na região,
mas também, a popularização cada vez mais voltada a cultura e reestruturação da
sociabilidade entre os indivíduos, alimentando a construção não só didática, como
também, de uma sociedade cada vez mais pensante sobre o elo entre o urbano e o
industrial, o erudito e o popular.
Segundo Torresini (1999) a convivência entre os principais escritores literários
emergiu, na década de 20, através da relação entre os veículos de comunicação,
principalmente o impresso, e a propagação da cena literária em Porto Alegre. Com isso,
houve o crescimento de outros Almanaques, casas de edição, por exemplo, muito por
conta do potencial gerado através do veículo do jornal impresso. O mercado impresso
como incentivador da propagação do Almanaque do Globo se intensifica a partir do ano
de 1926, quando o jornal Correio do Povo passa a realizar anúncios nos seus jornais.
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desenvolver, dentro da Revista do Globo6, um projeto ainda mais audacioso que iria
promover a literatura em uma revista que era, no seu início, uma revista praticamente
destinada ao entretenimento.
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A Revista do Globo foi um periódico que buscava o entretenimento do público, porém, após 1931, o conteúdo da
revista iria se intensificar no âmbito literário, através dos anseios de José Bertaso. A Revista circulou de 5 de janeiro
de 1929 até 17 de fevereiro de 1967, contando 941 fascículos e dois números especiais: um sobre a Revolução de 30
e outro sobra a grande enchente de 1941, totalizando 943 fascículos.
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mercadológicas através dos incansáveis Mansueto Bernardi e João Pinto da Silva, mais
um empreendimento que iria almejar, com um alcance referente ao mais diversificado
público, o ensino e uma nova roupagem para a divulgação dos trabalhos editoriais da
Livraria do Globo no Rio Grande do Sul.
No Rio Grande do Sul, por mais que houvesse e estivesse acontecendo, ao seu
tempo histórico, inúmeras edições de outros almanaques e fazendo com que ainda
existisse a distribuição através dos editoriais que aqui no estado transitavam para o
povo, os olhares atentos de Laudelino Barcellos e da organização de Bernardi e Silva,
tornaram o empreendimento da Livraria do Globo ainda maior dentro do estado por
meio da criação do Almanaque do Globo (1917). Se buscava por uma democratização
da cultura, ainda que a passos curtos, porém, o objetivo principal do Almanaque do
Globo seria o de ocupar a vida do cidadão com um vasto aprendizado literário, indo
além das características que denominavam os Almanaques do século XIX e XX como
simplesmente livros de bolso.
Os Almanaques, assim como por exemplo o Almanaque Garnier (1914), seriam
fonte de fortalecimento de “condições sociais, culturais e técnicas – traduzidas por
políticas voltadas à escolarização e instalações de livrarias e tipografias” (DUTRA,
2005, p.478) se tornando cada vez mais um plano principal para, não só os seus leitores
obterem compreensão reflexiva sobre o mundo, como também, a política e os assuntos
em geral iriam se tornar ainda mais importantes devido ao processo progressivo de
industrialização que o Brasil passava, principalmente, no início do século XX.
Atendo-se rapidamente ao processo de industrialização do Rio grande do Sul,
sabe-se que o estado foi um grande centro de exportação com relação ao campo da
pecuária, couros e charque fazendo com que, entre os anos 30 e 45 do século XX, fosse
desenvolvido seu modo próprio de acumular riquezas. A atividade da pecuária
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Centro de Documentação(Cedoc) do Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (CEIHE) da
Universidade Federal de Pelotas, UFPel.
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Com a mudança na parte gráfica da Livraria do Globo, acabaria por vir, também,
uma mudança na direção que, consequentemente, modificaria ou, iria modernizar ainda
mais a estrutura textual que compunha os Almanaques do Globo. Coordenada pelo
incentivador e criador da Livraria do Globo, Laudelino Barcellos, o mesmo passa,
poucos anos antes da sua morte, a direção da Livraria do Globo para José Bertaso. Com
a morte de Barcellos (1917), a razão social L.P Barcellos & C., nome que constava nas
capas do Almanaque do Globo, por exemplo, passa a se chamar Bertaso, Barcellos &
C., em um processo transitório entre os anos de 1918 e 1919, como demonstrada na
imagem abaixo:
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aquilo, muito menos pluralidade, mas sim, continua por construir modelos repetitivos
formados em cima de projetos prontos, pré estabelecidos e que tão somente são alvos de
apropriação e subversão, como o público, por exemplo.
Com isso, os Almanaques, não essencialmente o do Globo, mas os principais
Almanaques que surgiram entre o século XVIII e início do XX, procuraram caminhar
contra a corrente da alienação e do aprisionamento cultural frente ao uso frenético dos
meios de comunicação que a época propiciava para a divulgação de conteúdo para a
sociedade. Isso tudo foi discutido tendo em vista o crescimento, a partir do século XIX,
entre os anos de 1880 e 1900, do cinema e do rádio.
Portanto, se começa a compreender, ou, tentar discutir, que tipo de sujeito então
se constrói ao mesmo tempo que o mesmo é corrompido pela indústria, principalmente
quando se percebe uma educação que procura seu espaço de democratização, porém, ao
mesmo tempo que a própria cultura popular decai, fazendo com que cada vez mais
consiga-se provar o quão importante e, possivelmente, esclarecedor, são as discussões
sobre o ser-para-o-mundo (HEIDEGGER, 2012), por mais que a nossa liberdade esteja
condicionada a liberdade do outro (CAMUS, 2017), está cada vez mais interligada ao
pensamento do ser-para-si (SARTRE, 1978) ou seja, por mais que a indústria cultural
busque seu crescimento no campo do mercado interativo, do entretenimento, da
publicidade, tem-se no próprio sujeito a busca pela desconectividade para com os meios
que o corrompem e, neste caso, a imediata busca pelo conhecimento e pelo saber se
demonstra cada vez mais possível, e acessível, ao encontro que se tem entre o sujeito e a
busca ainda pelo erudito, e pelo popular, através dos Almanaques.
A ideia, portanto, tendo em vista a divulgação para o estudo do Almanaque do
Globo, seria a de corromper com a normatização estabelecida em meio ao processo da
indústria cultural no país, destinando a sua produção para todo e qualquer tipo de
público, como as mulheres, as crianças, jovens e adultos, consolidando não só a
literatura para este público, mas, a partir desse processo de transformação na cultura
popular e erudita, que se pudesse também operar frente ao processo construtivo da
razão, e não da alienação.
Considerações Finais
Por mais que não tenha sido possível, até o presente momento, a obtenção de
todas as edições do Almanaque do Globo (1917 – 1933), as 6 primeiras edições (1917 -
1922) obtidas através do CEDOC / CEHIE da Universidade Federal de Pelotas serviram
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Por mais que o processo da globalização tenha sido intensificado em meados da década de 1980, pode-se
compreender a globalização também como um meio que serviu como base histórica durante o crescimento da
discussão sobre a indústria cultural, tendo em vista o acréscimo midiático na sociedade e dos meios de propagar essa
mídia.
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mercado pelo estado, como também pelo país, a fim de destinar o erudito ao seu
público, revitalizando o popular, tornando-o aquilo que é necessário para a construção
de uma sociedade que busca um bem estável através da educação e da literatura,
essencialmente regional, evidenciando que a cultura local pode tornar os cidadãos ainda
mais conhecedores dos seus bens e sujeitos cada vez mais instigados a almejar uma
democracia educacional e literária visando o bem comum a todos.
Referências Bibliográficas
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1917.
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