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Carl Phillip Gottlieb von Clausewitz 

(Burg, 1 de junho de 1780 — Breslau, 16 de
novembro de 1831) foi um militar do Reino da Prússia que ocupou o posto de general e é
considerado um grande estrategista militar e teórico da guerra por sua obra Da
Guerra (Vom Kriege).

Índice

 1Biografia
 2Vida, carreira militar e obra
 3Ver também
 4Referências
 5Bibliografia
 6Ligações externas

Biografia
Foi diretor da Escola Militar de Berlim nos últimos treze anos de sua vida, período em que
escreveu Vom Kriege, obra publicada postumamente. Ficou conhecida a frase em que
Clausewitz associa guerra e política: "A guerra é a continuação da política por outros
meios". Especificamente, considerava fundamental que a guerra estivesse sempre
submetida à política. Isso porque nenhuma guerra pode ser vencida sem a compreensão
precisa dos objetivos e da disponibilidade de meios ou sem o cálculo racional das
capacidades e das oportunidades ou, ainda, sem o estabelecimento dos limites éticos ao
uso da força - sempre submetida aos objetivos políticos estabelecidos.
É considerado um grande mestre da arte da guerra. Suas lições de tática e estratégia vão,
entretanto, além dos exercícios militares propriamente ditos, para se constituírem,
inclusive, numa profunda reflexão filosófica acerca da guerra e da paz. Tal reflexão contém
observações éticas que são válidas para a formação militar em todo tempo, mesmo na
ocorrência do que, nos nossos dias, veio a se chamar "guerra interna". Para Clausewitz, a
destruição física do inimigo deixa de ser ética, quando ele pode ser desarmado em vez de
morto.
Convencido da superioridade da defesa e das capacidades defensivas frente ao ataque e
às capacidades ofensivas, a argumentação de Clausewitz comumente é sintetizada na
noção de que o melhor ataque é uma ótima defesa. Mais precisamente, ele demonstra a
superioridade da defesa, enquanto elemento de dissuasão e enquanto tática de combate,
pois ela permitiria desde o desgaste do invasor em uma guerra de atrito até a possibilidade
de escolha do momento correto para contra-atacar as forças adversárias.

Vida, carreira militar e obra


Carl von Clausewitz nasceu em 1780 na cidade de Burg, cerca de 100 quilômetros
de Berlim. Seu pai era tenente da reserva que trabalhava no escritório local de taxação,
seu avô paterno era professor de teologia, que por sua vez, era filho de pastores luteranos;
o avô materno era agricultor.[1] Após a morte de Frederico, o Grande, e uma reforma na
estrutura das forças armadas da Prússia, o exército passou a aceitar pessoas de origem
humilde (não-nobres), e Clausewitz e outros dois de seus irmãos foram aceitos
como cadetes. Posteriormente receberiam títulos de nobreza por influência do trabalho
na burocracia do Estado prussiano.
A primeira experiência militar de Clausewitz foi aos doze anos, na campanha que expulsou
os franceses da Renânia, no inverno e primavera de 1793. Depois da recaptura
de Mogúncia: seu regimento marchou para os montes Vosges, onde travou
principalmente, uma guerra de destacamentos, incursões e emboscadas. Quando o
exército foi desmobilizado em 1795, Clausewitz retornou à Prússia com algum
conhecimento sobre escaramuças e táticas de pequenas unidades, ao contrário da
maioria dos oficiais de infantaria, cuja principal, e talvez única, missão em combate era a
de manter o correto alinhamento da frente de batalha e a rapidez das salvas de tiros de
seus homens.[2]
Clausewitz serviu em uma pequena guarnição até 1801, período em que pode
estudar história e literatura, preparando-se para conseguir ingressar na recém-criada
escola militar de Berlim, quando tinha 21 anos. Clausewitz foi influenciado pelo idealismo
germânico, tendo aprofundado seus estudos em Filosofia, estudando dialética e assistindo
a aulas de lógica e ética do professor Johann G. Kiesewetter, um difusor das concepções
de Immanuel Kant. Formado com destaque em 1804, foi a seguir designado para servir
como ajudante do príncipe Augusto da Prússia. Em 1805, escreveu seu primeiro artigo,
refutando as teorias sobre a guerra de Heinrich D. von Bülow. Clausewitz colocava em
xeque as noções de batalha e estratégia utilizadas por Bülow, mas também redefinia a
relevância política do uso ou ameaça de uso da força.
Derrotado na Batalha de Auerstedt contra as forças muito superiores de Napoleão
Bonaparte, em 1806, foi levado para a França juntamente com o príncipe Augusto,
retornando no outono de 1807. Clausewitz culpava as táticas obsoletas do exército e a
falta de envolvimento do governo e da sociedade no conflito, como as principais causas da
derrota. O diretor da escola militar de Berlim, Gerhard von Scharnhorst lideraria um
processo de reformas que visava não apenas à uma profunda revolução nas estruturas
militares, mas também da sociedade e economia do país; acabaria por quebrar o quase
monopólio que a nobreza mantinha nos postos de oficiais enquanto humanizava o
tratamento e instrução dadas aos praças. Os setores mais conservadores do exército
resistiram às reformas por quase 5 anos, quando Clausewitz ganhou fama (entre os
conservadores) de ser um "radical potencialmente perigoso".[3]
Clausewitz tornou-se assistente pessoal de Scharnhorst e ajudou a organizar medidas de
rearmamento e inovações sociais sensíveis, como a ampliação da meritocracia e a
obrigatoriedade de exames competitivos para seleção e promoção dos oficiais. Clausewitz
tornava-se professor de estratégia e guerra irregular na nova Escola de Guerra. Em 1810
tornava-se tutor do príncipe regente e nos anos seguintes atuou na comissão encarregada
de preparar os novos regulamentos operacionais e táticos do exército. Segundo Paret [4]) A
variedade das tarefas que realizou nesses anos deu a Clausewitz a oportunidade de
conhecer os problemas intelectuais, técnicos, organizacionais e políticos da reconstrução
de um exército quase a partir do zero.
Vom Kriege; frontispício da edição de 1832

Demitiu-se do cargo que ocupava em protesto no ano de 1811, quando Napoleão


Bonaparte forçava a Prússia a disponibilizar seu território para poder invadir a Rússia. Em
1812, serviu como coronel russo, ocupando cargos no Estado-Maior deste país e
participando da derrota das forças de Napoleão. Em 1813, retornou à Prússia Oriental,
onde organizou a formação de uma milícia popular provincial de 20 mil homens. Ainda com
uniforme russo, atuou como chefe do Estado-maior de uma pequena força internacional
para expulsar os franceses da costa do mar Báltico. Readmitido no exército prussiano,
chefiou o estado-maior do 3º corpo, durante os 100 dias, quando, na Batalha de Wavre,
suas tropas impediram que o corpo de Grouchy reforçasse Napoleão em Waterloo.[5]
Foi contra uma nova guerra de vingança contra a França em 1814, pois argumentava que
este país não deveria ser enfraquecido além de um certo limite pois era necessário para
manter o equilíbrio de poder na Europa. Em 1816, retomou seus estudos intensivos
em história e estratégia. Em 1818, com 38 anos, tornou-se major-general e assumiu a
diretoria da Escola de Guerra de Berlim.
Em 1819, começou a escrever a obra Vom Kriege (em português, "Da Guerra"),
completando os primeiros 6 livros de 8, bem como o rascunho dos livros 7 e 8. Em 1827,
iniciou uma revisão da obra, que considerava que ainda não explicitava com suficiente
clareza duas constantes que identificara pela primeira vez no início de seus vinte anos e
que eram elementos-chave na sua teoria: a natureza política da guerra e os dois tipos
básicos que a guerra assume. [6]
Em 1830, teve que abandonar a revisão de Vom Kriege', em meio à possibilidade de uma
nova guerra europeia e a mobilização do exército, quando foi nomeado Chefe do Estado-
Maior.
Morreu em 1831, aos 51 anos, de cólera.

Ver também
 Estratégia
 Estratégia militar
 Sun Tzu

Referências
1. ↑ PARET, 2003: p. 260
2. ↑ PARET, 2003: p. 261
3. ↑ PARET, 2003, p. 265
4. ↑ PARET,2003, p. 266
5. ↑ PARET, 2003, p. 268-270
6. ↑ PARET, 2003, p. 270-271

Bibliografia
 FERRIS, J. & HANDEL, Michael I. (1995). Clausewitz, Intelligence, Uncertainty and the
Art of Command. Intelligence and National Security, v. 10, n. 1 (January 1995).
 MANSILLA, Armando B. (2003). La actualidad del pensamiento de Carl Von
Clausewitz. Revista de Estudios Sociales, nº 16, octubre. p. 23-28. CESO, Centro de
Estudios Socioculturales e
Internacionales.http://publicacionesfaciso.uniandes.edu.co/paginas/res/rev16.pdf
 MUHM, Gerhard : German Tactics in the Italian
Campaign , http://www.larchivio.org/xoom/gerhardmuhm2.htm
 MUHN, Gerhard (1993). La tattica tedesca nella campagna d'Italia, in Linea gotica
avamposto dei Balcani, a cura di Amedeo Montemaggi - Edizioni Civitas, Roma 1993.
 Júlio Dolce Os conceitos de Clausewitz aplicados aos Estudos Estratégicos do mundo
contemporâneo. Revista da ESG, Ano XIII, nº
36, http://www.esg.br/publicacoes/artigos/a042.html
 PARET, Peter (2003). Clausewitz. p. 257-283. In: PARET, Peter (org.) Construtores da
Estratégia Moderna: de Maquiavel à Era Nuclear. Rio de Janeiro: Bibliex. [cap. 7].
 PROENCA JUNIOR, Domício & DUARTE, Érico Esteves (2007). Os estudos
estratégicos como base reflexiva da defesa nacional. Revista Brasileira de Política
Internacional, vol. 50, nº 1, p. 29-46. http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v50n1/a02v50n1.pdf
 RODRIGUES, Thiago. Guerra e política nas Relações Internacionais. São Paulo: Educ,
2010.
 Paul Roques, Le général de Clausewitz. Sa vie et sa théorie de la guerre, Paris,
Editions Astrée, 2013. ISBN 979-10-91815-01-7 http://www.editions-
astree.fr/BC/Bon_de_commande_Roques.pdf

Ligações externas

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 Literatura de e sobre Carl von Clausewitz no catálogo da Biblioteca Nacional


da Alemanha
 (em inglês) The Clausewitz Homepage. Textos sobre a vida, obra e ideias de
Clausewitz.
 (em francês) Derbent, Thierry. Clausewitz et la guerre populaire. Bruxelas:
Aden, 2004

  Portal da Alemanha
 

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