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A filosofia da ciência implica uma reflexão sobre a ciência.

A ciência representa um avanço no desconhecido e visa responder aos mistérios da Natureza.


Os cientistas exploram o desconhecido através de hipóteses científicas; estas são suposições
acerca de como as coisas são, explicações ainda não validadas. Estas são validadas pelo
método científico.

Acredita-se erradamente que existe um único método científico. No entanto, não se pode
aplicar o mesmo método a ciências com características diferentes, pois o objeto de estudo é
diferente.

A observação, o primeiro passo do método experimental, não pode ser considerada objetiva e
imparcial, pois logo à partida o observador contém uma série de fatores que afetam a sua
objetividade na observação.

Problema epistemológico: Problema da Demarcação - verificar se o conhecimento é científico


ou não – O que permite distinguir uma teoria científica de uma teoria não científica?

Ou seja, Qual é o critério de Demarcação?

A resposta a esta pergunta varia de acordo com o método científico utilizado.

Método Indutivista (Indutivismo)


 Francis Bacon
 Perspetiva epistemológica que salienta a importância da indução
 O conhecimento científico baseia-se na indução e experimentação
 Procedimentos metódicos: Observação; Formulação de Hipóteses; Experimentação;
Formulação de uma Lei.
 O critério de demarcação é o da verificabilidade (verificação empírica) cujo objetivo é
verificar verdades;

Etapas do método indutivista:

1. Observação dos factos;


2. É encontrada uma relação entre os factos;
3. Depois, formulam-se hipóteses e generaliza-se para construir uma teoria científica;
4. A validação da teoria é feita pela verificação com a realidade através de testes
empíricos;
5. Se for confirmada, a teoria é validada em conhecimento científico;

Problema da indução: a validação empírica da hipótese obriga à realização de um número de


experiências infinito.

Critério de Demarcação: verificação empírica (ou seja, é, segundo o indutivismo, o que permite
distinguir o que é conhecimento científico do que não é).

Método Hipotético-Dedutivo (Galileu Galilei)


 Defendeu a observação empírica mas aliada à dedução matemática;
 Procedimentos metódicos: formulação de uma hipótese ou teoria geral; dedução de
uma afirmação; afirmação testada por observação ou experimentação
(verificacionismo); se o resultado for negativo, abandona-se a tese.
 Continua a ter um critério de demarcação verificacionista.

Método Hipotético-Dedutivo de Karl Popper


 Levanta o problema da demarcação que tem como objetivo distinguir hipóteses
científicas de não científicas;
 Põe em causa o verificacionismo e o indutivismo;
 Defende o método hipotético-dedutivo mas estabelece como critério de
demarcação a falsificação;
 Procedimentos metódicos: Formulação das hipóteses ou conjeturas a partir de um
problema; Dedução das consequências; Experimentação: testar a hipótese pela
sua falsificação;
 A ciência não começa pela observação, mas pela formação de uma teoria ou
conjetura (não é possível comprovar que uma teoria é verdadeira, logo só
podemos comprovar a sua falsidade, por isso são chamadas conjeturas);
 As hipóteses são consideradas científicas quando é possível realizar testes que as
refutem;
 A experiência serve, então, para mostrar a falsidade de uma teoria e não para
verificar a sua verdade;
 A melhor hipótese é a que resiste mais à falsificação (hipótese corroborada);
 Se a teoria for falsificada (tiver sido provado que esta está errada), esta é rejeitada
e é necessário procurar outra teoria para explicar o desconhecido e que resista
mais à falsificação;
 O critério da demarcação é o da teoria ser falsificável, ou seja, a falsificabilidade de
uma teoria, pois só uma teoria que possa ser sujeita a testes de falsificação é
considerada científica;

Etapas do método falsificacionista/ das conjeturas e refutações:


1. Parte de um problema (P1-Problema 1);
2. Formulação de uma conjetura (hipótese, tentativa de teoria) – TT ou TE
(Tentativa de Teoria ou Tentativa de Explicação);
3. Realização de experiências/testes que ponham à prova a teoria, de modo a
provar a sua falsidade;
4. São encontrados erros na conjetura (EE – Eliminação do Erro);
5. A conjetura é refutada;
6. Formulação de uma conjetura mais forte (P2 – Problema 2).

Caso a teoria resista à sua falsificação, torna-se uma teoria corroborada.


Questão da corroboração: Uma teoria corroborada não é uma teoria verdadeira, mas apenas
uma teoria que ainda não foi falsificada até ao momento; é uma teoria provisoriamente aceite
pelos cientistas até serem encontrados erros que comprovem a sua falsidade.

Questão do erro como motor da ciência: Quando uma teoria é falsificada, surge uma nova
teoria fortalecida; o erro encontrado na primeira teoria significa um aumento de
conhecimento por causa da consciência do erro, pelo que o erro significa evolução em ciência.

 É cético relativamente ao poder preditivo da indução porque é impossível verificar a


universalidade de qualquer teoria científica; logo, a única coisa passível de ser feita é a
refutação da teoria;
 Argumento de Karl Popper contra o indutivismo: para verificar definitivamente a
verdade de uma teoria segundo o critério verificacionista, o número de experiências
efetuado para tal fim seria infinito, enquanto, para mostrar que uma teoria é falsa,
basta um só teste que prove a sua falsidade;
 A verdade e a corroboração não são a mesma coisa, já que a corroboração tem um
indicador temporal provisório;
 Não podemos atingir verdades irrefutáveis; a teoria corroborada é sempre algo
provisório; não podemos atingir verdades definitivas/absolutas.
 Erro como motor da ciência: sempre que sujeitamos uma teoria a testes e
descobrimos que essa teoria tem erros e a eliminamos, somos capazes de criar outra
teoria mais forte e que resista a esses erros e aproximamo-nos mais da verdade, de
erro em erro;
 Popper insere-se na perspetiva comulativa, ou seja, diz-nos que de erro em erro
(acumulação dos erros) é que a ciência progride.
 A ciência caracteriza-se pela procura crítica da verdade e não pela posse da verdade.

Críticas a Popper: a metodologia de Popper não poderia ser seguida pelos cientistas; em
ciência é racional aceitar hipóteses mais prováveis.

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