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FUNDAMENTOS
DE ELETRÓNICA
i
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
6 eV 1 eV
M4.1.1 Díodos 1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
criando uma ligação covalente. Um átomo partilhando os seus eletrões com 4 átomos adjacentes
cria 4 ligações covalentes e completa a sua camada de valência, criando uma estrutura estável,
onde é necessário um nível de energia elevado para quebrar estas ligações. A figura 1.2 mostra a
distribuição eletrónica e arranjo covalente dos átomos de silício.
Semicondutor tipo N
Do ponto de vista elétrico, um semicondutor puro é praticamente neutro e por isso isolador.
Dopando o silício com uma substância com 5 eletrões de valência, como por exemplo o arsénio
(As), a estrutura do silício terá átomos que ficarão com eletrões em excesso. Com eletrões livres a
condutividade através do silício aumenta. A figura 1.3 mostra a estrutura atómica do silício,
dopado com uma impureza dadora.
eletrão livre
2 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Semicondutor tipo P
Dopando um cristal de silício com uma substância com 3 eletrões de valência, a estrutura do silício
terá átomos que ficarão com eletrões a menos, criando-se desta forma lacunas (ausência de
eletrões). A figura 1.4 mostra a estrutura atómica do silício, dopado com uma impureza recetora.
movimento eletrões
movimento de lacunas
M4.1.1 Díodos 3
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Tipo P
Com a aplicação de uma f.e.m. a um semicondutor tipo P a lacuna de um átomo será preenchida
por um eletrão de valência de um átomo adjacente, gerando um ião negativo preso à estrutura
cristalina e assim sucessivamente. Não existem eletrões livres, mas um movimento aparente de
lacunas, criando assim uma corrente predominante de cargas positivas, designados portadores
maioritários. Com o aumento da temperatura são gerados alguns pares eletrão-lacuna, que
originam uma corrente de fuga em sentido inverso, produzida pelos portadores minoritários, os
eletrões.
Díodos de Junção
Um semicondutor feito de um único tipo de material não tem utilidade prática. Juntando no
processo construtivo um semicondutor tipo P com um semicondutor tipo N, verifica-se na fase de
junção que alguns eletrões livres do material N migram ou difundem-se para o material P e que
deste material migram algumas lacunas para o material N.
lacunas eletrões
Fig. 1.7 – Constituição de uma junção PN
Alguns dos eletrões livres recombinam-se com lacunas na região próxima à junção, produzindo
uma região de cargas positivas do lado N e negativas do lado P da junção.
4 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Esta região (campo eletrostático criado pelo movimento das cargas) denomina-se zona de depleção
ou barreira de potencial e representa-se por VB. Para o germânio VB = 0,3V e para o silício VB =
0,7V. Não é possível medir diretamente o valor de VB porque essa tensão existe apenas na região
próxima à junção e todo o componente é eletricamente neutro. A figura 8 ilustra uma junção PN e
a sua barreira de potencial, devida ao campo eletrostático criado pelos iões e a figura 1.9 ilustra,
de uma forma resumida, a formação da barreira de potencial após a junção de um material
semicondutor tipo P com um material semicondutor tipo N.
M4.1.1 Díodos 5
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Díodo de junção PN
O díodo de junção PN é o dispositivo semicondutor mais simples, sendo constituído por uma
junção PN que permite a condução de corrente num sentido, mas não permite a circulação de
corrente no sentido inverso. Quando o díodo está à condução diz-se que está polarizado
diretamente, oferecendo uma pequena resistência à condução. Quando o díodo está ao corte, o
díodo está polarizado inversamente, oferece uma grande resistência à condução. O díodo é
identificado pelos símbolos, ilustrados na figura 1.12:
6 Díodos M4.1.1
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Axial
SMD
Díodos ligados
internamente 4 díodos ligados
Dois díodos (ponte retificadora)
separados
M4.1.1 Díodos 7
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Ânodo Cátodo
Zona de
Avalanche
8 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
tensão de rutura inversa (tensão de Zener - VZ), em que pequenas variações de tensão são
acompanhadas por grandes variações de corrente.
M4.1.1 Díodos 9
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A figura 1.18 mostra, marcados sobre a curva característica do díodo, alguns dos seus valores
característicos. Os valores mais usados são a tensão de condução VB ou VF; tensão de rutura BV;
tensão de rutura inversa BVR; tensão max. inversa repetitiva - VRRM (aplicação de pulsos); corrente
direta máxima IFmáx; corrente de fuga (leakage); temperatura da junção e dissipação de potência.
Estes valores são fornecidos pelo fabricante e constam nas fichas de dados técnicos do componente
(data sheet). A figura 1.19 mostra um extrato de uma ficha técnica, contendo alguns dos
parâmetros atrás referidos.
10 Díodos M4.1.1
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Díodo real
O díodo de junção polarizado diretamente só entra à condução quando a tensão aplicada ultrapassa
o valor da barreira de potencial e, a partir deste valor, comporta-se como uma resistência de baixo
valor. Quando polarizado inversamente (valor de tensão menor que o valor da barreira de
potencial) comporta-se como uma resistência de elevado valor. Na polarização direta, a curva
característica do díodo não é linear, pelo que a resistência interna do díodo não é constante, mas
antes dinâmica:
∆𝑣𝐷
𝑅𝐷 =
∆𝑖𝐷
VDO RD
𝑉𝐷
𝑅𝐷 =
𝑖𝐷
M4.1.1 Díodos 11
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12 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
M4.1.1 Díodos 13
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Associação de díodos
Quando os valores de tensão ou corrente do circuito ultrapassam os valores limites suportados por
um díodo, ligam-se díodos em série ou em paralelo para se obterem maiores valores de tensão ou
de corrente e assim poderem ser usados no circuito. Para melhor o desempenho do circuito, usam-
se configurações com resistências, que agem como proteção dos díodos, e/ou condensadores.
A figura 1.28 mostra uma ligação de díodos em série que permite uma maior tensão inversa, tensão
esta que se fosse aplicado apenas a um díodo poderia destruí-lo.
14 Díodos M4.1.1
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Sinal de entrada
do circuito:
M4.1.1 Díodos 15
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V D1 D2
V0
VL1 VL2
Entrada A
A B Saída
0V 0V 0V
Entrada B Saída
0V 5V 5V
5V 0V 5V
5V 5V 5V
16 Díodos M4.1.1
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Se uma ou as duas entradas estiverem com um nível baixo, o díodo (ou os dois díodos) está à
condução e a tensão à saída é 0V. Se as entradas A e B estiverem com o nível alto, os 2 díodos
estão ao corte e a tensão de alimentação +5V está disponível na saída.
Polarização direta
Sinal de entrada
Sinal na carga
Polarização inversa
M4.1.1 Díodos 17
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para a carga através do díodo 1 (que está à condução) e retorna (através da massa) ao ponto central
do transformador.
18 Díodos M4.1.1
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polarizados diretamente e os díodos D2 e D4 estão ao corte – circuito aberto (C). Usando o sentido
convencional, a corrente flui para a carga RL através de D1 e retorna à fonte através de D3. Na
alternância negativa os díodos D2 e D4 estão polarizados diretamente e os díodos D1 e D3 estão ao
corte – circuito aberto (D). A corrente flui para a carga RL através de D4 e retorna à fonte através
de D2. A polaridade na carga mantém-se igual (B).
Retificação trifásica
Uma característica que a retificação anterior apresenta é o facto de a onda pulsante vir a zero
sempre que há mudança de alternância, pelo que para corrigir esta desvantagem esses dispositivos
necessitam de sistemas de filtragem.
A retificação trifásica é assegurada por uma ponte retificadora constituída por seis díodos,
dispostos em 3 braços e ligados dois em série por braço. Cada fase da alimentação liga entre os
dois díodos de cada braço e as suas extremidades ligam à carga: os díodos D1, D2 e D3 estão ligados
ao terminal positivo da carga e os díodos D4, D5 e D6 estão ligados ao terminal negativo da carga
A figura 1.39 ilustra este tipo de montagem, bem como a forma de onda obtida na carga em função
das formas de onda da entrada.
D1 D2 D3 +
tempo
D4 D5 D6 Tensão na carga
-
M4.1.1 Díodos 19
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Na fase ascendente da onda o condensador carrega-se até atingir o valor de pico da onda e quando
esta começa a declinar para zero, o condensador vai descarregar a sua energia sobre a carga
impedindo que o valor da tensão nesta varie muito.
D
C 2
1
D C
1
2
20 Díodos M4.1.1
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Na alternância positiva o díodo D1 está à condução e o díodo D2 está ao corte. A corrente flui da
fonte através do díodo D1 e o condensador C1 é carregado. Na alternância negativa o díodo D1 está
ao corte e o díodo D2 está à condução e é carregado o condensador C2.
C
2
Outros Díodos
Díodo de Zener
Num díodo normal polarizado inversamente, a sua corrente inversa é na ordem dos poucos
microamperes (A) e se a tensão inversa aumentar para além da tensão de rutura, a corrente
aumenta pelo efeito de avalanche, destruindo a barreira por sobreaquecimento. O díodo de Zener
é construído para funcionar nesta zona, aproveitando dois efeitos: Zener e Avalanche.
Define-se efeito de Zener: “Ao aplicar ao díodo uma tensão inversa de determinado valor (VZ) é
rompida a estrutura atómica do díodo e vencida a zona neutra, originando assim a corrente
elétrica inversa, isto é, o campo elétrico é suficientemente forte para gerar pares eletrão-lacuna
na zona de depleção”. Este efeito verifica-se geralmente para tensões inversas menores do que 5
V.
O efeito de avalanche é originado pelo campo elétrico que aumenta a energia cinética dos
portadores minoritários, levando-os a quebrar as ligações covalentes. Para tensões inversas
M4.1.1 Díodos 21
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
maiores do que 7V, a condução do díodo é explicada exclusivamente por este efeito. Quando se
aumenta o valor da tensão inversa, aumenta-se também a velocidade das cargas elétricas (eletrões)
e a velocidade atingida é suficiente para libertar eletrões dos átomos semicondutores, através do
choque. Estes novos eletrões libertados e acelerados libertam outros, originando uma reação em
cadeia, à qual se dá o nome de efeito de avalanche.
Para tensões inversas, entre 5V e 7V, a condução do díodo é explicada cumulativamente pelos dois
efeitos (efeito de Zener e efeito de avalanche).
No díodo de Zener os materiais tipo N e tipo P são fortemente dopados, com um processo de
fabricação criteriosamente controlado para obtenção do valor exato de tensão de rutura. Esta tensão
designa-se tensão de Zener VZ, à qual corresponderá uma corrente de Zener IZ. O díodo de Zener
é representado pelos símbolos mostrados na figura 1.44. No aspeto físico, o díodo Zener
assemelha-se a um díodo de junção de baixa potência, tendo como característica apresentar
gravado no corpo o valor da tensão de Zener.
22 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Existe regulação e estabilização da tensão aos terminais do díodo Zener quando a corrente que o
percorre (IZ) se mantém dentro dos valores de corrente Zener e que estão definidos como máximo
e mínimo. Nesta zona um aumento na corrente produz um ligeiro aumento na tensão, significando
que o díodo Zener tem uma pequena resistência, também é denominada impedância de Zener (ZZ).
A variação do nível de dopagem dos díodos de silício permite obter díodos Zener com diferentes
tensões de Zener, desde 2,4 a 200V. Para além dos parâmetros VZ, IZmax, IZmin é também importante
conhecer o valor de potência que o díodo consegue dissipar PZ. Desde que esta potência não seja
ultrapassada, o díodo Zener pode trabalhar dentro da zona de rutura sem ser destruído. Os díodos
Zener apresentam potências que variam de ¼ W a 50W.
Tensão entre
15 a 17 V
R
15V 1k
10V Ω
Para o cálculo da tensão na resistência, aplica-se a lei das malhas: VE = VR + VZ, → 15 = VR +10
→ VR = 5V. Para o cálculo da corrente aplica-se a lei dos nós: IR = IL + IZ (catálogo), com a corrente
na carga: IL = VZ/RL = 10/1000 → IL = 10 mA. Então o valor da corrente na resistência é a soma
das correntes no díodo de Zener e na carga: 10 + 25 → IR = 35 mA. Sabendo a tensão e a corrente
M4.1.1 Díodos 23
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
na resistência limitadora pode-se calcular o seu valor: R = VR/IR = 5/0,035 → R = 142,9Ω ≈ 140Ω
(uma vez que não existem no mercado todos os valores, procura-se o mais próximo por defeito.
A potência dissipada na resistência é dada por: P = R.IR2 = VR2/R = 25/140 = 0,178W e a potência
dissipada no Zener e dada por: P =VZ.IR = 10 x 35 mA = 350 mW. Pode-se usar como resistência
limitadora uma resistência de 1/2 W, uma vez que a potência máxima a dissipar será de 350 mW,
ou seja, quando o circuito estiver em vazio.
Varístor
O varistor (VDR - Voltage Dependent Resistor) é um componente cuja resistência varia
inversamente com o valor da tensão aplicada e é geralmente utilizado como elemento de proteção
contra transitórios de tensão, tanto em corrente alternada como em corrente contínua. Os picos de
ruído são condições indesejáveis, que podem perturbar o funcionamento de um dispositivo ou
24 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
danifica-lo, pelo que o uso do varistor, colocado montante e em paralelo com a carga a proteger,
impede que picos de curta duração a atinjam (circuito a jusante do varistor), desviando
sobretensões para a terra. A figura 1.50 mostra o aspeto físico de alguns tipos de varistor, bem
como o seu símbolo.
Díodo varicap
O díodo varicap (varactor) é um díodo cuja abreviatura deriva da terminologia em inglês “Voltage
variable capacitor”. O díodo varicap é um díodo de capacidade variável, cuja capacidade é
controlada por uma tensão. Num díodo inversamente polarizado aumenta a largura da barreira de
potencial, havendo um alargamento da zona isolante.
M4.1.1 Díodos 25
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
26 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Tirístores
São componentes semicondutores que operam em histerese: só regressam à sua condição inicial
quando o sinal responsável pela mudança de estado é removido. O tirístor entra e permanece em
funcionamento (passa a “On”) quando recebe um pulso e desliga (passa a “Off”) quando é
desligado. Os tirístores dividem-se nos seguintes componentes: SCR - Silicon Controlled Rectifier,
DIAC, TRIAC, díodo Shockley e opto tirístores.
Díodo de Shockley
O díodo Shockley é um dispositivo de 4 camadas e dois terminais que tem dois estados estáveis:
bloqueio (alta impedância) e condução (baixa impedância). Também é conhecido por díodo PNPN.
Sem tensão aplicada não há corrente a circular no díodo, mas o díodo entra à condução quando
tem aplicada aos seus terminais a tensão adequada. A figura 1.57 mostra o símbolo elétrico e
constituição do díodo Shockley.
M4.1.1 Díodos 27
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Diminuindo a corrente abaixo do valor de manutenção Ih, a impedância do díodo aumenta: diminui
a corrente e aumenta a tensão em seus terminais, cruzando a zona II, até ao equilíbrio na zona I
(A).
28 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
e o ânodo apenas flui uma pequena corrente de fuga (inversa). A característica tensão-corrente na
zona inversa é semelhante à do díodo de junção normal.
Polarização Polarização
inversa direta
Disparo do tirístor
O tirístor é diferente do díodo porque mesmo polarizado diretamente não fica à condução, pelo
que, para o colocar à condução é necessário aplicar um pulso de tensão positivo entre a porta e o
cátodo, como se ilustra na figura 1.62.
M4.1.1 Díodos 29
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
A figura 1.63 mostra o gráfico com a curva característica típica do tirístor. Para tensões inversas,
o tirístor comporta-se como um díodo de junção, havendo uma corrente de fuga (µA) até atingir a
tensão de Zener ou tensão VBR. Para tensões diretas, o tirístor mantém-se ao corte e com uma
pequena corrente de fuga até que se atinge a tensão VBO, correspondendo ao ponto que o tirístor
começa a conduzir.
30 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
DIAC e TRIAC
DIAC é o acrónimo do componente eletrónico “Diode for Alternating Current”. Em DC comporta-
se como um díodo de Shockley mas em AC tem um comportamento diferente: Conduz nos dois
sentidos após ter sido atingida a tensão de disparo e deixa de conduzir quando a tensão cai abaixo
de um determinado valor, denominada tensão de corte. Este comportamento é idêntico para as
alternâncias positivas e alternâncias negativas e é utilizado normalmente para disparar tirístores e
TRIAC. Como o dispositivo conduz nos dois sentidos, os terminais são marcados A1 e A2 ou MT1
e MT2. A figura 1.66 ilustra a estrutura semicondutora do DIAC, bem como o seu símbolo.
M4.1.1 Díodos 31
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
32 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
ou
Princípio de funcionamento
M4.1.1 Díodos 33
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Para polarizar o LED deve-se estabelecer uma corrente, devendo-se inserir em série uma
resistência limitadora. A figura 1.72 mostra um exemplo de implementação de uma resistência
limitadora, para se polarizar um LED com uma tensão de 2V e uma corrente de 10 mA a partir de
uma fonte com uma tensão de alimentação de 6V.
34 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Tipos de LED
Os LED apresentam-se com diversas medidas e formas. As medidas típicas existentes no mercado
são 3, 5, 8 e 10mm de diâmetro, podendo ter forma cilíndrica, retangular, triangular, etc. Os LED
são monocromáticos, mas existem variantes, nomeadamente LED bicolores e tricolores.
LED de 7 segmentos
O LED de sete segmentos é um display com os segmentos agrupados em forma de oito, permitindo
mostrar caracteres numéricos e alguns caracteres do alfabeto. Cada segmento do display é um LED
que quando polarizado emite luz e a combinação de segmentos polarizados forma o caracter
alfanumérico pretendido. Se o display possuir ponto decimal, existe um oitavo LED.
A figura 1.74 ilustra os dois tipos de display de sete segmentos, o display de cátodo comum e o
display de ânodo comum.
M4.1.1 Díodos 35
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
LED de 16 segmentos
O LED de 16 segmentos tem um funcionamento similar ao LED de 7 segmentos, só que neste caso
o dispositivo possui 16 LED ao invés de 7. Pode ser de cátodo comum ligado à massa, ou de ânodo
comum ligado a uma tensão positiva. Este tipo de LED, relativamente ao de 7 segmentos, tem a
vantagem de permitir mostrar todos os caracteres alfanuméricos. Para mostrar um caracter
alimentam-se os respetivos segmentos. Por exemplo, para mostrar a letra “Y” devem estar
alimentados os segmentos “K”, “N” e “S”. A figura 1.75 mostra a imagem de um LED de cátodo
comum, bem como o seu diagrama.
36 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Díodo Schottky
O díodo Schottky é formado por uma junção de metal (platina, molibdénio, tungsténio, etc.) e um
semicondutor N (levemente dopado) e na polarização direta apresenta uma queda de tensão baixa
(aproximadamente 0,2 a 0,4V). A principal característica deste díodo é a sua velocidade de
comutação ser muito elevada, sendo por isso usado na gama de alguns MHz a GHz. A figura 1.76
mostra o símbolo e a sua constituição básica.
Foto díodo
O foto díodo é um díodo sensível à luz, funciona inversamente polarizado e é construído
normalmente de silício. Na ausência de luz, o foto díodo não conduz corrente elétrica,
comportando-se como um díodo normal, apresentando uma barreira de depleção elevada. A luz ao
passar através do invólucro (lente transparente) vai quebrar várias ligações covalentes da junção
PN, aumentando a corrente de fuga e, quanto mais intensa for a luz, maior o número de portadores
minoritários e maior a corrente inversa que percorre o díodo.
A figura 1.77 mostra uma imagem típica e o símbolo do foto díodo, bem como a sua curva
característica típica.
Outros díodos
Díodo LASER: produz uma luz coerente (laser). Usados nos leitores óticos de CD ou DVD.
M4.1.1 Díodos 37
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Díodo PIN: díodo constituído por uma junção PN, mas intercalada na junção existe uma zona de
semicondutor intrínseco (sem dopagem), aumentando a área de depleção. Usado em comutação
RF.
Díodo de contacto: formado por um semicondutor N ligado a um fio metálico fino. Este tem um
princípio de funcionamento idêntico ao díodo de junção PN. Apresenta baixa capacidade por isso
é bom para circuitos RF.
Díodo de túnel: junção PN fortemente dopada. Funciona na área de resistência negativa.
Polarizado diretamente e sob tensões baixas, diminui a tensão e aumenta a corrente (efeito de
túnel). Fora dessa região funciona como um díodo comum. A figura 1.78 mostra o símbolo elétrico.
38 Díodos M4.1.1
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
M4.1.1 Díodos 39
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
4.1.2. Transístores
O transístor foi criado pelos laboratórios Bell em 1948 e é o dispositivo eletrónico mais importante
na atualidade. Revolucionou a eletrónica a partir da década de 60 do século passado, sendo usado
como amplificador, interruptor, etc., existindo em praticamente todos os equipamentos eletrónicos.
O termo transístor resulta da aglutinação dos termos ingleses “TRANsfer” e “reSISTOR”
(resistência de transferência), pelo que transístor significa o dispositivo que pode “modificar”
(transferir) uma baixa resistência interna para uma alta resistência. Os tipos mais comuns de
transístores são o Transístor Bipolar de Junção, o FET e o MOSFET.
Identificação de transístores
Tal como nos díodos, a identificação dos transístores também não está padronizada. O sistema
americano classifica os modelos de transístores usando o prefixo “2N”, seguido de um número de
série, por exemplo 2N2002. O sistema europeu utiliza um código de duas letras seguido de um
número. A primeira letra pode ser “A” para transístores de germânio e “B” para transístores de
silício. A segunda letra indica a função do transístor, por exemplo a letra “C” indica que é um
transístor de audiofrequência, “F” indica que é para radiofrequência, “S” que é para comutação,
etc. Por exemplo o transístor BC108 é um transístor de silício, usado em audiofrequência. O
sistema japonês utiliza o prefixo 2S, seguido de uma letra e depois um número. Exemplos: O
transístor 2SA1187 é um transístor PNP para HF (SA) e o transístor 2SC733 é um transístor NPN
para HF (SC). Os transístores apresentam-se em vários tipos de cápsulas, conforme se ilustram
alguns exemplos na figura 1.79.
+ = + =
M4.1.2 Transístores 41
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
mostra as áreas do transístor NPN e PNP, bem como o respetivo símbolo. Em termos de junções,
o transístor NPN é equivalente a dois díodos em série ligados pelo ânodo e o transístor PNP a dois
díodos em série ligados pelo cátodo. Em termos de funcionamento essas equivalências não
existem.
B
Fig. 1.82 – TBJ
No transístor Bipolar de Junção – TBJ, o emissor é a região com maior nível de dopagem. Daqui
partem os portadores de carga, definindo o sentido da corrente. O símbolo do transístor possui uma
seta no seu terminal que indica o sentido: no transístor NPN os portadores maioritários são eletrões
e no transístor PNP os portadores maioritários são as lacunas. A base é a região mais estreita e
com nível médio de dopagem. A base apresenta uma zona muito fina e é a responsável pelo
funcionamento do transístor. O coletor é região de maior área e a menos dopada. O coletor tem a
maior área, pois é nessa região onde há maior dissipação de energia por efeito Joule, energia essa
originada pela corrente no coletor. Assim, o coletor recebe os portadores de corrente (eletrões ou
lacunas) da região emissora. O transístor tem duas junções: junção Base-Emissor, BE e junção
Base-Coletor, BC.
Funcionamento do transístor
Zona ativa
Nesta zona, a junção base-emissor BE é polarizada diretamente (resistência direta pequena). A
junção base-coletor BC é polarizada inversamente (resistência inversa elevada).
42 Transístores M4.1.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
A tensão da fonte da junção BC é maior que a tensão da fonte da junção BE. A junção BE fica
polarizada diretamente quando se aplica uma tensão maior do que 0,7V (transístor de silício),
permitindo o fluxo de eletrões do emissor para a base. Os eletrões vindos do terminal negativo da
fonte (IE) entram e atravessam o emissor, cruzam a junção e recombinam-se com as lacunas da
base. Por cada recombinação, um eletrão deixa a base produzindo a corrente IB.
A base muito é estreita e menos dopada do que o emissor, pelo que muitos dos eletrões que entram
na base são atraídos/acelerados pela polarização inversa da junção BC (não têm tempo para se
recombinar com as lacunas).
Saturação
Nesta zona de funcionamento, a junção base-emissor e a junção base-coletor estão polarizadas
diretamente.
Corte
Nesta zona de funcionamento, a junção base-emissor e a junção base-coletor estão polarizadas
inversamente. Com as duas junções polarizadas inversamente, os “díodos” (junções) estão ao corte
e não conduzem. Nesta situação diz-se que o transístor está ao corte e corresponde a um interruptor
aberto entre o emissor e o coletor e se estiver a controlar uma carga não há passagem de corrente,
pelo que nesta zona de funcionamento a carga não está a ser alimentada.
M4.1.2 Transístores 43
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
…origina uma
grande corrente
O transístor não conduz Uma pequena
entre o emissor e o
(está ao corte) corrente entre a base
coletor
IB = 0 e o emissor…
44 Transístores M4.1.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
M4.1.2 Transístores 45
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
V (V)
CE
Fig. 1.91 – Curva característica do transístor
46 Transístores M4.1.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
M4.1.2 Transístores 47
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
48 Transístores M4.1.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Substituição de transístores
A substituição de um transístor danificado deve ser feita respeitando determinadas regras. Num
circuito não se pode substituir um transístor de silício por um de germânio ou vice-versa e também
não se pode substituir um transístor NPN por um PNP ou vice-versa. Como os transístores são
fabricados para executarem uma função específica, deve-se utilizar tabelas de equivalência para
encontrar o dispositivo adequado. A figura 1.97 ilustra alguns exemplos de equivalências, bem
como alguns tipos de encapsulamento.
Dissipadores de calor
Os dispositivos semicondutores que controlam potências elevadas geram muito calor nas suas
junções, pelo que esse calor deve ser convenientemente transferido para o exterior para evitar que
o dispositivo entre em sobreaquecimento, uma vez que o calor excessivo danificas as suas junções.
Para aumentar a eficácia da transferência de calor utilizam-se dissipadores metálicos, com diversas
formas, tendo em vista aumentar a superfície de dissipação.
M4.1.2 Transístores 49
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Transístor FET
O transístor bipolar é um dispositivo controlado por corrente, isto é, a corrente do coletor depende
da corrente de base. O transístor JFET (Junction Field Effect Transistor) é um transístor de efeito
de campo, onde a corrente de saída é controlada pela tensão (a aplicação de um campo elétrico).
É um dispositivo unipolar com um tipo de portador responsável pela corrente: eletrões ou lacunas.
50 Transístores M4.1.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
condicionado pela variação da tensão entre a porta e a fonte VGS, pelo que sem esta tensão, o canal
N comporta-se como uma simples resistência.
A figura 1.101 mostra um FET canal N e com o circuito porta fonte polarizado inversamente e
com aplicação de tensão entre a fonte e o dreno.
A figura 1.103 mostra a curva característica de um JFET de canal N. A corrente de dreno para VGS
igual a zero designa-se corrente de curto-circuito dreno fonte IDSS e corresponde à corrente máxima
que o JFET conduz. Para cada valor de VGS obtém-se uma curva característica de dreno até se
atingir a tensão de corte (IDS = 0). Tal como o transístor bipolar de junção, o JFET apresenta zonas
de funcionamento distintas. As zonas de corte e saturação correspondem respetivamente às zonas
em que o FET não conduz ou conduz, tendo atingido o valor máximo de corrente. Quando o FET
se encontra na zona fonte de corrente, o valor da corrente vai depender da tensão V GS. Na zona
1
Disponível em http://pt.slideshare.net/MarioTimotius/semicondutores-transistores-jfets-30861088
M4.1.2 Transístores 51
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
ohmica o FET funciona como uma resistência variável e depende de VGS que varia abaixo da
tensão de pinch off.
Resistência fixa
Resistência variável
Fonte de
corrente
Circuito aberto
52 Transístores M4.1.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Foto transístor
O foto transístor é um componente com um tipo de construção muito similar ao do transístor
bipolar comum, possuindo uma janela que permite a entrada de luz. É utilizado da mesma forma
que um foto díodo, mas devido à capacidade de amplificação do transístor, existe na saída um
aumento substancial de corrente, pelo que, quanto maior for a intensidade da luz, maior será a
corrente no coletor. O foto transístor tem três terminais, base, emissor e um coletor. A base é usada
M4.1.2 Transístores 53
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Opto isolador
O opto isolador também é conhecido por acoplador ótico e é um dispositivo eletrónico que utiliza
um LED e um foto transístor. O sinal de entrada é ligado ao LED que emite luz e essa luz vai gerar
uma corrente de coletor no transístor que depende do sinal de entrada. Este dispositivo é utilizado
em circuitos que se pretenda a separação elétrica do sinal de saída do sinal de entrada: A figura
1.114 mostra o esquema de um opto isolador.
54 Transístores M4.1.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Tipos de CI
Os CI podem ser construídos segundo vários processos. Os monolíticos são construídos sobre uma
bolacha muita fina de material semicondutor, como se ilustra na figura 1.116.
Circuitos monolíticos
Ligações
Chip
Terminais
CI de película fina
Construído pela deposição de uma camada com uma espessura de 0,0001cm, contendo elementos
passivos, sobre a superfície dum substrato isolante (cerâmica, vidro ou silício). No processo
construtivo do CI sobrepõe-se uma máscara sobre a bolacha de material isolante e coloca-se esta
num dispositivo contendo o material a depor sob a forma de vapor. Quando o processo termina,
retira-se a máscara e a bolacha fica com a deposição da película fina nas áreas não protegidas.
CI de película espessa.
Usa técnicas de impressão em filme com uma espessura de 0,001cm sobre um substrato de
cerâmica para criar os circuitos desejados. As telas são feitas de malha de aço inoxidável fino e as
tintas são pastas com propriedades condutivas, resistivas ou dielétricas. Após a impressão, os
circuitos são cozidos em forno para fundir os filmes ao substrato. Os componentes passivos de
filme espesso (resistências e condensadores) são fabricados da mesma maneira que os dos circuitos
de filme fino;
Circuitos híbridos
Os circuitos híbridos combinam dois ou mais tipos de circuito integrado, como por exemplo
combinação de circuitos de película com circuitos monolíticos, bem como componentes discretos.,
como por exemplo, resistências, condensadores, transístores, díodos e bobinas.
Tipos de encapsulamento
A figura 1.120 mostra o encapsulamento “dual em line”. Os CI com este encapsulamento são
construídos em plástico ou cerâmica, que apresenta uma melhor proteção contra o meio ambiente
e maior gama de temperatura de operação. No encapsulamento “dual in line” os terminais de
ligação estão dispostos lado a lado e alinhados.
Família ECL
Os CI desta família apresentam uma velocidade de resposta de saída face aos sinais de entrada,
tipicamente na casa de 1 ns e integra transístores bipolares. Estes CI são usados em instrumentos
eletrónicos, memórias, sistemas digitais de comunicações, etc. As tensões típicas de
funcionamento são: -5,2V de tensão de alimentação e tensões de entrada/saída: UH = -0,9V; UL =
-1,75V.
Família TTL
Os circuitos integrados da família TTL são muito utilizados, apresentam uma velocidade de
resposta de saída face aos sinais de entrada relativamente elevada (10 ns) e são construídos com
transístores bipolares. Apresentam um comportamento assimétrico das entradas e saídas e têm um
consumo de potência superior aos integrados da família ECL. As tensões típicas aceitáveis no TTL
são: + 5V de tensão de alimentação, tensões de entrada são UL = 0 a 0,8V (nível baixo) e UH = 2 a
5,5V (nível alto). Os valores das tensões de saída são UL = 0 a 0,4V (nível baixo) e UH = 2,4 a 5,5V
(nível alto). Verifica-se assim que existe uma gama de tensões não desejadas que correspondem a
valores não definidos, pelo que deverão ser evitadas. A figura 1.123 mostra um gráfico com os
valores típicos da família TTL.
Tensão
na porta
Valor lógico
Família CMOS
Os circuitos integrados desta família utilizam transístores CMOS e têm a vantagem de ter menor
dimensão, consumo de potência é mais reduzido, têm uma impedância de entrada muito elevada e
são de fabrico mais fácil. Apresentam a desvantagem de serem dispositivos mais lentos. As tensões
típicas de funcionamento são: de + 3 a +15V de tensão de alimentação. Os valores das tensões de
entrada e de saída são UH = 5 a 10V (nível alto) e UL menor do que 1/3 da tensão de alimentação
(nível baixo). Os valores das tensões de entrada devem ser maiores do que 2/3 do valor da tensão
de alimentação. A figura 1.124 mostra um gráfico com os valores típicos da família CMOS.
T. Alimentação
Tensão
na porta
Valor lógico
Operadores lógicos
As portas lógicas manipulam números binários e executam operações binárias. A álgebra de Boole
é um sistema matemático que serve para descrever e desenhar circuitos binários digitais. As
operações lógicas básicas são: NOT, AND e OR. A função destes operadores pode ser descrita por
uma equação booleana ou por uma tabela de verdade. A equação booleana descreve a função dos
operadores pela apresentação das entradas e das operações que executam, sendo escrita na forma
“B = A”. Uma tabela de verdade descreve a função do operador, listando todas as entradas
possíveis e as respetivas saídas.
Porta NOT
Em português porta “Não”, sendo designada também por inversor, negação ou complemento.
O circuito que implementa esta função designa-se inversor, isto é, a saída apresenta um valor
inverso em relação à entrada. A figura 1.127 mostra o símbolo, a expressão booleana, a tabela de
verdade e o circuito elétrico que implementa esta porta.
Porta AND
A função AND apresenta a saída a “1” quando todas as entradas da função estão em “1” e a saída
é sempre “0” se uma (ou ambas) das entradas da função for “0”. A figura 1.129 mostra o símbolo,
a expressão booleana, a tabela de verdade e o circuito elétrico que implementa esta porta.
Porta OR
A função OR (inclusive) apresenta a saída a “1” quando uma (ou ambas) as entradas da função
está em “1” e a saída é “0” se todas as entradas da função forem “0”. A figura 1.130 mostra o
símbolo, a expressão booleana, a tabela de verdade e o circuito elétrico que implementa esta porta.
Porta NAND
A porta NAND é uma porta derivada de duas portas NOT e AND. É uma porta AND com a saída
negada. A saída é “0” quando todas as entradas estão em “1” e a saída é “1” nas restantes situações.
A figura 1.131 mostra o símbolo, a expressão booleana, a tabela de verdade e o circuito equivalente
desta porta.
Porta NOR
Porta NOR é construída com uma porta NOT e uma porta OR. É uma porta OR com a saída negada.
A saída é “1” quando todas as entradas estão em “0” e a saída é “0” nas restantes situações. A
figura 1.132 mostra o símbolo, a expressão booleana, a tabela de verdade e o circuito equivalente
desta porta.
Porta XOR
Porta XOR (Exclusive OR) é a porta em que a saída só é “1” quando somente uma das entradas
está em “1”. Para a saída ser “1” as entradas têm de ser complementares, porque se as 2 entradas
forem iguais a saída é “0”. A figura 1.133 mostra o símbolo, a expressão booleana, e a tabela de
verdade desta porta.
Porta XNOR
Porta XNOR (XOR negada) tem a saída em “1” quando as entradas são iguais ( A = B), estando
ambas em “1” ou “0” e a saída é “0” quando as entradas são complementares. A figura 1.134
mostra o símbolo, a expressão booleana, e a tabela de verdade desta porta.
Amplificadores Operacionais
Os circuitos integrados lineares são aqueles em que a corrente e a tensão podem assumir qualquer
valor dentro de uma determinada faixa contínua de valores. O amplificador operacional (AmpOp
ou do inglês OpAmp – Operational Amplifier) é um tipo de circuito integrado linear. O termo
“AmpOp” foi inicialmente usado para designar uma cadeia de amplificadores DC usados na
realização de operações matemáticas. Atualmente são usados como amplificadores, comparadores
de sinal, osciladores, filtros, etc., sendo um componente de grande utilização por ser dispositivo
versátil e económico. O amplificador operacional é um circuito eletrónico linear, projetado para
apresentar características próximas do amplificador ideal.
• Ganho de Tensão infinito (G = ) para que uma pequena variação na entrada corresponda
a uma saída máxima (o ganho do AmpOp 741 é cerca de 200.000).
• Resistência de entrada infinita (Ri = ) para não carregar a fonte, não consome corrente na
entrada (a Ri do AmpOp 741 é à volta de 2M).
• Resistência de saída nula (Ro = 0) para se poder ligar o amplificador a qualquer carga sem
afetar a tensão de saída e evitar perda de sinal (a Ro do AmpOp 741 é à volta de 75).
• Largura de banda infinita (BW = ) para que sinais desde DC até uma frequência infinita
sejam amplificados da mesma maneira (a BW do AmpOp 741 vai de DC a 1MHz e com o
aumento da frequência para além do valor máximo, o ganho vai-se reduzindo).
Funcionamento do AmpOp
Se a tensão aplicada à entrada não inversora (+) é positiva em relação à outra entrada, a saída é
positiva e se a tensão aplicada à entrada não inversora (+) é negativa em relação à outra entrada, a
saída é negativa. A entrada não inversora está em fase com a saída. Se a tensão aplicada à entrada
inversora (-) é positiva em relação a outra entrada, a tensão de saída é negativa e se a tensão
aplicada à entrada inversora (-) é negativo em relação à outra entrada, a tensão de saída é positiva.
A entrada inversora está em desfasada 180º com a saída. Um AmpOp é um amplificador diferencial
que amplifica a diferença entre as duas tensões de entrada.
negativa para aumentar a largura de banda do circuito. A relação entre ganho do amplificador e a
sua largura de banda é dada pela expressão: G × BW = ponto ganho unitário.
Amplificador comparador
Removendo a realimentação negativa de um amplificador operacional inversor este passará a
funcionar como um circuito aberto com o valor de ganho no máximo. Se a tensão de entrada VIN
for mais positiva do que a tensão de referência (por exemplo 0V), a tensão de saída será Vs-, isto
é, o amplificador satura na tensão de alimentação. Se a tensão de entrada VIN for mais negativa do
que a tensão de referência (0V), a tensão de saída será Vs+.
Vi
Vo
e baixo” em função da diferença dos sinais de entrada. Aplica-se uma tensão de referência na
entrada não inversora e o sinal de entrada na entrada inversora. O amplificador vai comutar entre
Vs+ (quando o sinal é menor do que a tensão de referência) e Vs- (quando o sinal é maior do que
a tensão de referência).
Amplificador somador
O amplificador configurado como amplificador inversor pode ser usado para adicionar diversas
tensões (vários sinais na entrada inversora. A figura 1.146 mostra uma montagem amplificador
somador para três entradas, sendo estas tensões Vin 1, Vin 2 e Vin 3 aplicadas através de
resistências das suas resistências de entrada R1, R2 e R3 respetivamente.
A corrente que circula na resistência de realimentação é a soma das correntes: I f = I1 + I2 + I3.
Traduzindo as correntes em função dos valores das tensões e das resistências têm-se If = - Vo/Rf;
I1 = V1/R1; I2 = V2/R2 e I3 = V3/R3. Substituindo estes valores na equação das correntes:
- Vo/Rf = [(V1/R1)+ (V2/R2) + (V3/R3)]
Generalizando: Vo = - Rf . [(V1/R1)+ (V2/R2) + (V3/R3) + … + (Vn/Rn) ];
Se R1 = R2 = R3 = Rin = Rf → Vo = - (V1 + V2 + V3). A tensão de saída é a soma das tensões de
entrada, mas de polaridade oposta.
Amplificador subtrator
O amplificador subtrator permite obter uma tensão na saída igual à diferença dos sinais de entrada,
mas multiplicada por um ganho:
Os ganhos das duas entradas têm de ser iguais, caso contrário a saída vai ser a diferença das tensões
e a diferença dos ganhos do amplificador inversor e não inversor. A expressão anterior já não é
aplicável, uma vez que é um caso particular quando a relação R2, R1 é idêntica à reação R4, R3.
Seguidor de tensão
O seguidor de tensão é um amplificador de ganho unitário e sem inversão de polarização. O sinal
de saída possui a mesma amplitude, polaridade e fase do sinal de entrada: Vo = Vi.
O seguidor de tensão é usado como um isolador de andares e como acoplamento de impedâncias,
permitindo, por exemplo, adaptar a impedância de saída de um gerador de sinal com um
amplificador de baixa impedância. Se aumentar a tensão de entrada VI, a tensão de saída VO
também aumentará na mesma proporção e vice-versa. Nesta configuração o amplificador atua
como um tampão à medida que a saída segue a entrada.
Amplificador diferenciador
O diferenciador executa a operação matemática diferenciação. O condensador é colocado na
entrada inversora e a resistência disponibiliza a realimentação negativa. O circuito só se comporta
como diferenciador para frequências abaixo da frequência de corte;
Amplificador integrador
Um condensador na malha de realimentação negativa cria um integrador, que efetua o cálculo
matemático da integração. Para frequências menores que a frequência de corte comporta-se como
um amplificador inversor.
Filtros
Os AmpOp são usados para construir filtros. Escolhendo os valores apropriados de R e de C,
obtém-se filtros passa alto, passa baixo, passa banda, etc. A figura 1.151 mostra um exemplo do
emprego de um amplificador operacional para construir um filtro passa banda.
Anexo 1:
Esquema de um amplificador operacional 741
M4.2 PCI 73
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Material da PCI
O material de base ou laminado é um material isolante sobre o qual está aplicado o material
condutor (uma ou nas duas faces) e que também serve de montagem para os componentes que
constituem o circuito. de camadas de papel impregnada de resina fenólica ou por tela de fibra de
vidro impregnado com resina epóxi (pre-preg), de modo a formar uma folha rígida, que pode ser
facilmente perfurada e cortada. A espessura do material de base depende dos requisitos de
resistência e rigidez da placa acabada, dependendo do peso dos componentes a acomodar e do
tamanho da área dos condutores impressos. Espessuras típicas das placas: 1 / 1,5 / 2 / 2,5 / 3mm.
O material condutor mais utilizado é a folha de cobre com uma pureza de 99,5%.
No fabrico de uma placa de circuito típica, o material de base e da folha de cobre são cortados em
folhas. Estas folhas de cobre são colocadas em camadas alternadas com placas separadoras de aço
inoxidável, para garantir robustez ao conjunto. A operação de prensagem a quente derrete a resina
do material base de modo a fixar as folhas de cobre e a polimerização da resina prossegue até a
folha de cobre ficar firmemente ligada a ela. Após o arrefecimento, as placas individuais revestidas
a cobre são aparadas ao tamanho necessário e inspecionadas quanto a defeitos.
74 PCI M4.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Há 3 tipos de placas de circuito impresso: camada simples, dupla face e multicamada. Existem 3
tecnologias usadas para ligar componentes às PCI: através do orifício (through hole), através do
orifício banhado (plated through hole) e montagem à superfície (surface mount).
Tecnologia de montagem à superfície
Na tecnologia de montagem à superfície, do inglês SMT (Surface Mount Technology), os
componentes SMD são colocados no mesmo lado das pistas condutoras e os terminais desses
componentes são soldados diretamente nas pistas, assegurando a condutividade elétrica e suporte
mecânico dos componentes. A tecnologia SMD permite dispor mais componentes na mesma área
de PCI, uma vez que permite componentes de ambos os lados da PCI.
Processo de Gravação
A figura 2.6 exemplifica o processo de gravação para criar uma PCI. A folha de cobre deve ser
limpa, quimicamente e mecanicamente (1) e de seguida é revestida com uma solução de
fotossensível, conhecido como uma "resistência", que têm a propriedade de se tornar solúvel
quando exposta à luz forte (2).
É colocado um positivo fotográfico do desenho do circuito sobre a placa sensibilizada, sendo
posteriormente exposta à luz (normalmente ultravioleta). Depois da exposição, a placa é lavada
para deixar as áreas desprotegidas de cobre em torno do padrão de circuito, a placa é seca ao ar
livre e limpa com óleo e água (3). A placa é colocada num banho que contém uma solução de
gravação, (percloreto de ferro, persulfato de amónio, etc.) que consome todo o cobre não protegido.
O tempo de ataque químico dependente de fatores, tais como a temperatura, a concentração e valor
do pH da solução usada. Quando o processo de ataque químico terminar, a placa é lavada em água
para remover todos os vestígios da solução e depois seca e limpa. O circuito em cobre fica impresso
na placa (4). A lavagem impede que o ácido continue a atacar partes indesejadas. Em processos
industriais em grande escala usa-se o processo de serigrafia: preparação, por meio de fotografia,
de um stencil de gelatina que é aplicada a uma tela de seda;
(1) Folha cobre (2) Sol. fotossensível (3) Sol. fotossensível (4)
M4.2 PCI 75
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Processo de Adição
O cobre é depositado apenas nas áreas em que são necessários condutores. A base é revestida com
um adesivo adequado, e a placa é furada nos lugares onde os componentes irão ser instalados (1).
A placa é sensibilizada com uma solução fotossensível (2), é colocado por cima um negativo do
modelo do circuito, de modo que as áreas expostas aos UV definam a rede de ligações (3).
A placa é colocada numa solução de cobre eletrolítico que irá depositar o cobre nas zonas tratadas
(4). Quando a espessura da deposição do cobre é alcançada, retira-se a placa da solução (4). As
áreas expostas são quimicamente ativadas e a placa é colocada numa solução de cobre eletrolítico
que irá depositar o cobre nas zonas tratadas – não protegidas. Quando a espessura da deposição do
cobre é alcançada, retira-se a placa da solução (4);
Este processo apresenta as seguintes vantagens: não há ataque químico, eliminação dos
desperdícios de cobre, a espessura do cobre depositado pode ser mais reduzida e faz-se de forma
mais uniforme, a largura, espaçamento das pistas e diâmetro do furo mais reduzido, aumentando
a área para implementar pistas.
(1) Mtl Base (2) Sol. Fotossensível (3) (4)
76 PCI M4.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
M4.2 PCI 77
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
A placa de circuito impresso é lavada e limpa, ficando a base isolante, as pistas de cobre e os
pontos de soldadura. A lavagem deve ser eficaz para garantir uma boa solda. A placa deve ser
perfurada para implementar os componentes e permitir a soldadura dos mesmos.
78 PCI M4.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
M4.2 PCI 79
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Métodos de soldadura
Existem dois métodos de soldadura: manual e em massa. A soldadura manual é usada para juntas
de soldadura separadas, por exemplo, na produção de lotes limitados, ou quando um componente
ou um fio é substituído. Este método envolve o uso de ferros de mão aquecidos eletricamente, ou
de estações de soldadura, com temperatura controlada. A soldadura em massa é usada para
produção em escala. Todas as juntas da placa, com os componentes previamente montados são
soldadas simultaneamente, colocando a placa em contacto com uma superfície de solda fundida,
que está num tanque.
80 PCI M4.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Soldadura em massa
Imersão plana ou estática: uma parte da placa entra em contacto com a solda primeiro e só
depois a outra extremidade é assente devagar para permitir a libertação de vapores resultantes da
soldadura. A retirada da placa do banho de solda também é feita em ângulo, para remover excesso
de solda. Esta técnica pode ser automatizada e instalada em linhas de linha de produção, por
transportar as placas ao longo da superfície da solda.
Soldadura manual
Atualmente quase todos os componentes eletrónicos estão montados em PCI, pelo que a
manutenção dessas placas implica o conhecimento de algumas técnicas de soldar. A solda efetua
um bom contacto elétrico e assegura a rigidez mecânica do componente à PCI. Ao soldar um
componente pode-se danificar a PCI e/ou o componente por excesso de calor ou a soldadura ficar
fria por falta de calor. Soldaduras frias afetam a resistividade do circuito.
M4.2 PCI 81
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
possível para não danificar nenhum componente, mas alguns componentes necessitam de
dissipador de calor quando são soldados para evitar que sejam queimados pela soldadura.
82 PCI M4.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Revestimento da placa
Após a manufatura das pistas são aplicadas películas protetoras orgânicas às superfícies da PCI
para as proteger da oxidação e da contaminação química. As películas a aplicar, vão depender se
a proteção é temporária ou se é permanente (após aplicação da soldadura) para proteção, não só
das pistas mas de toda a placa. A proteção temporária do revestimento é geralmente feita à base
M4.2 PCI 83
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
de resina que não requer a remoção antes de soldar. Os revestimentos protetores permanentes são
geralmente feitos de epóxi ou de poliuretano.
Teste às PCI
Após construção de uma PCI e antes de instalar os componentes, deve-se efetuar testes de
continuidade para detetar curto-circuitos ou circuitos abertos nas pistas. Em produção industrial
(produção de PCI em grande escala) estes testes são efetuados por estações automáticas de teste.
Após instalação de componentes, deve-se efetuar o teste funcional da PCI, nomeadamente, a
análise das soldaduras (verificação de soldaduras frias) e a medição dos valores expectáveis dos
sinais nos diversos pontos.
Manuseamento de PCI
A eletricidade estática produz-se pela fricção de dois corpos. Quando um corpo carregado é posto
em contacto com a terra ou um corpo neutro, pode-se produzir uma descarga de eletricidade
estática. Muitos LRU – Line Replaceable Unit existentes a bordo das aeronaves contêm placas de
circuito impresso com componentes que são suscetíveis de sofrer danos causados por descargas
eletrostáticas.
Estes componentes são referidos como dispositivos sensíveis às descargas eletrostáticas (ESD).
Para notificar quem manuseia estes equipamentos são colocados autocolantes de ESD nos LRU,
indicando que necessitam de tratamento especial, de modo a não serem danificados por descargas
eletrostáticas acidentais. Este assunto será analisado com maior detalhe no Módulo 5 (M5.12 –
Dispositivos ESD).
84 PCI M4.2
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
4.3 Servomecanismos
Síncrono é o nome dado a um conjunto de dispositivos rotativos e eletromecânicos, projetados
para fornecer uma medida física de posição de um eixo como resultado de uma entrada elétrica,
ou fornecer uma saída elétrica em função da posição do seu eixo. Os síncronos são muito usados
nos sistemas remotos de indicação, abertura e fecho de válvulas, sinalização em servo sistemas,
etc. Um síncrono assemelha-se a um pequeno motor elétrico (tamanho e aparência), mas opera
como um transformador variável.
Os Sistemas de transmissão de dados síncronos (Synchronous data transmission) indicam a
posição de um componente ou de uma superfície de controlo que não podem ser observados
diretamente e dividem-se em duas categorias: sistemas DC, designados “Desync (ou Selsyn)
Systems” e sistemas AC designados “Synchro Systems”. São compostos por dois componentes
principais: um transmissor e um recetor e estão interligados por fios que estabelecem a ligação do
sinal. A palavra síncrono indica algo “que acontece ao mesmo tempo”, ou seja, quando o
transmissor é movido, o elemento que recebe, normalmente um indicador, seguirá que o
movimento instantaneamente. O seu funcionamento baseia-se no princípio da indução
eletromagnética.
Síncronos DC
Sistemas Desyn/Selsyn
Existem vários tipos de sistema, nomeadamente o sistema básico, que é geralmente operado por
um movimento de rotação, mas pode-se encontrar também versões lineares. A conversão do
movimento linear em movimento rotativo é obtida por uma haste de impulso e roda de
engrenagem. O sistema Micro Desyn amplia pequenos movimentos fornecidos por aparelhos de
medição de pressão e são operados por movimento linear. O sistema Slab Desyn é usado quando
se necessita maior precisão, pois corrige erros de sinalização inerentes ao sistema básico. Na maior
parte dos casos os erros do sistema básico são considerados insignificantes.
M4.3 Servomecanismos 85
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
3 2
86 Servomecanismos M4.3
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
qualquer efeito. Quando a alimentação é removida, o pequeno ímã permanente atrai o rotor de imã
permanente, movendo o ponteiro para um valor fora de escala.
Falhas típicas
Na tabela abaixo apresentam-se alguns exemplos de falhas que podem ocorrer nos síncronos DC,
bem como as causas que as originaram.
Sintoma Causa
Ponteiro desviado 120º ou 240º e com rotação Três linhas de transmissão trocadas
correta
Síncronos AC
Magnesyn
O magnesyn tem uma constituição e operação similar ao selsyn, mas operando em AC: tem um
transmissor e um recetor. Em vez de resistência no transmissor (divisor de tensão em DC) usa o
princípio da indução elétrica. Os rotores do transmissor e do recetor usam imanes permanentes. A
posição do íman permanente no transmissor induz a f.e.m. no enrolamento, originando tensões nos
condutores que criam um campo resultante no recetor: íman alinha com o novo campo.
Síncronos AC
Um síncrono AC assemelha-se a um pequeno motor elétrico, mas opera como um transformador
elétrico. É formado basicamente por um estator com 3 enrolamentos secundários ligados em estrela
e um rotor com o enrolamento primário que gira dentro do estator. Um síncrono AC pode ser de
dois tipos: síncrono de binário, que fornece uma saída mecânica ou síncrono de controlo que
fornece uma saída elétrica.
A figura 3.5 ilustra o aspeto físico de um síncrono AC.
M4.3 Servomecanismos 87
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
88 Servomecanismos M4.3
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
A figura 3.6 mostra 3 tipos de símbolos usados para representar síncronos. O da esquerda é o
símbolo mais simples e mais utilizado. As letras no interior identificam o tipo e a função do
síncrono. O símbolo do meio é usado em esquemas de explicação da operação do síncrono. Neste
caso indica que o rotor está na posição 0º. O símbolo da direita é um símbolo com funções idênticas
ao anterior, mas mais simples e mais utilizado do que o símbolo do meio.
Os síncronos em esquemas de aeronaves utilizam tipicamente a convenção para o estator: S1 →
X, S2 → Z, S3 → Y e para o rotor: R1 → H, R2 → C. Quando há ligações à terra, no estator liga-
se o Z e no rotor liga-se o C.
(A) (B)
Identificação de síncronos
M4.3 Servomecanismos 89
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
90 Servomecanismos M4.3
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
acoplamento é máximo quando os enrolamentos do rotor e do estator são paralelos e é nulo quando
os enrolamentos são perpendiculares.
M4.3 Servomecanismos 91
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
A impedância dos enrolamentos deve ser muito pequena e prisões no ponteiro do recetor, podem
originar grandes diferenças de potencial entre TX e TR, que originam grandes correntes, podendo
queimar um, ou os dois síncronos;
R1 trocada com R2 O recetor indica erro de 180º, mas roda na mesma direção
do transmissor
R1 trocada com R2 e S1 trocada O recetor indica um erro de 60º e roda na direção oposta do
com S2 ou S2 trocada com S3 transmissor
R1 trocada com R2 e S1 trocada O recetor indica um erro de 180º e roda na direção oposta do
com S3 transmissor
92 Servomecanismos M4.3
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Zero elétrico
O ajuste “Zero Elétrico” é um meio padrão de alinhar síncronos para todos terem a mesma posição
no mesmo instante e estabelece um ponto de referência comum a todos os síncronos antes de serem
instalados. Zero Elétrico: posição do rotor em relação ao seu estator, quando a tensão entre S1 e
S3 é zero e a tensão no S2 em relação a S1 ou S3 está em fase com o de R1 – rotor paralelo a S2
com R1 na parte superior. V1 marca 0V e V2 uma tensão inferior à alimentação. Se R2 estiver na
parte superior, V1 marca 0V, mas V2 marca uma tensão superior à alimentação.
M4.3 Servomecanismos 93
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Diferencial subtrativo
Se o rotor do TX rodar 75º e o rotor do TDX rodar 30º, as tensões irão forçar a circulação de
corrente nos seus enrolamentos que originam campos magnéticos. Os campos magnéticos
resultantes no rotor do recetor, farão com que este gire até à posição de 45º. Quando TX e o TDX
ficam estacionários, as tensões vão ser diferentes e há circulação de corrente, criando um binário
no TR, obrigando o rotor a girar até a corrente parar. O movimento em TR corresponde à diferença
dos 2 movimentos e o valor da saída é dado por TR = TX – TDX.
Diferencial aditivo
O TDX produz a soma das 2 saídas quando as ligações não estão padronizadas (não existem
cruzamentos no TX e TDX). As ligações S1 e S3 entre TX e TDX estão trocadas e as ligações de
R1 e R3 do TDX com TR estão trocadas. O valor da saída é dado por TR = TX + TDX.
TR = TX - TDX
TR = TX + TDX
94 Servomecanismos M4.3
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M4.3 Servomecanismos 95
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
96 Servomecanismos M4.3
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
O ponto nulo é quando o CX e o CT estão desfasados 90º e o sinal de erro é zero nesse ponto. O
sinal de erro é máximo quando o CX está desalinhado com o CT, em 0º e 180º.
M4.3 Servomecanismos 97
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
Servomecanismos
Muitos sistemas elétricos e eletrónicos necessitam operar remotamente cargas mecânicas que estão
afastadas da fonte de controlo. A operação suave e contínua destas cargas é feita com síncronos,
os quais não têm potência para as acionar, usando-se servomecanismos, que usam um pequeno
sinal de controlo para movimentar grandes cargas para uma posição desejada e com grande
precisão, como por exemplo as superfícies de manobra de um avião. Um sistema de controlo
consiste num grupo de componentes interligados que executam uma função específica, apresenta
um ganho elevado entre o sinal de entrada e o sinal de saída. Um sistema de controlo tem por
objetivo manter automaticamente uma quantidade física num valor desejado, equilibra as
influências externas que agem sobre o sistema que está a ser controlado.
98 Servomecanismos M4.3
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
M4.3 Servomecanismos 99
Módulo 4 – Fundamentos de Eletrónica
carga na direção que reduz o sinal de erro a zero - a saída é a mesma que a entrada, não há sinal
de erro.
O sistema utiliza a realimentação posicional (PFB) para o eixo de saída seguir o eixo de entrada
de forma precisa. Se a posição angular do veio de saída corresponder exatamente com a posição
angular do veio de entrada as tensões dos potenciómetros de entrada e de feedback são iguais. No
amplificador somador, o sinal de realimentação é subtraído do sinal de entrada. Na ausência de
sinal de erro, o motor está estacionário e o sistema está em repouso. Se o eixo de entrada rodar um
ângulo que produza uma tensão maior, o erro vai ser maior do que zero. O motor roda na direção
determinada pela polaridade da tensão de erro e reposiciona a carga. O potenciómetro é movido,
aumentando a tensão feedback. Quando as tensões são iguais, o erro é zero, o motor para.
Exemplo de funcionamento
Entradas no servomecanismo
(A) PASSO. Usado tipicamente como sinal de teste para analisar comportamento do servo:
desligar a alimentação, mover o eixo de entrada e voltar a ligar a energia.
(B) RAMPA. Criada quando o veio de entrada é subitamente rodado a uma velocidade angular
constante (rad/s).
(C) ACELARAÇÃO. Criado quando o veio de entrada é rodado com uma aceleração constante
(rad/s2).
As entradas B e C ocorrem durante o funcionamento normal de um servomecanismo.
Amortecimento
O amortecimento num servomecanismo pode ser obtido através da aplicação de uma tensão em
oposição ao sinal, ou usando uma restrição mecânica à saída do servo. O amortecimento executa
a função "anti-hunting", isto é, reduzir a amplitude e duração das oscilações e o grau de
amortecimento é determinado pelo uso e objetivo do sistema.
O amortecimento pode ser caracterizado em três tipos: no subamortecimento (underdamped)
verificam-se ultrapassagens do valor de erro e oscilações transitórias na saída do servomecanismo.
No sobre-amortecimento (overdamped) não há ultrapassagens do valor de erro, mas é introduzido
um intervalo de tempo no sistema e no amortecimento crítico (critically damped) o sistema
responde ao erro na forma mais rápida sem ultrapassar o valor de erro e sem apresentar oscilações.
A figura 3.38 ilustra os diversos tipos de amortecimento: subamortecimento (a), amortecimento
necessário (b), amortecimento crítico (c) e sobreamortecimento (d). O amortecimento crítico é um
modelo teórico que está entre o subamortecimento e o sobreamortecimento.
Este método tem a vantagem de o valor da tensão de retorno (ou seja o valor do amortecimento)
poder ser controlado com o uso de um simples potenciómetro.
A figura 3.40 mostra um diagrama simplificado de um exemplo de aplicação de um servo sistema:
o sistema de piloto automático dos aviões.
Transdutores analógicos
Convertem um sinal analógico num sinal elétrico proporcional: O valor elétrico medido
corresponde ao valor da grandeza física.
Um sistema servo de malha fechada usa potenciómetros equilibrados como sensores de posição:
de um enrolamento é mais elevada do que a do outro, a saída vai ser diferente de zero. A fase da
tensão de saída corresponde à fase da tensão do enrolamento que tem maior acoplamento
magnético. A fase da tensão é determinada pela direção do movimento do núcleo e a amplitude
pela distância que ele se move.
mesma amplitude, mas estão em oposição de fase, pelo que a saída do RVDT (entre os dois
enrolamentos L1 e L2) é zero.
Transdutores capacitivos
A figura 3.54 mostra exemplos de sensores capacitivos, utilizando diversas geometrias. Este tipo
de sensores apresentam uma capacidade, cujo valor depende do deslocamento relativo entre as
placas.
Sensor piezoelétrico
Quando se exerce uma força num cristal piezoelétrico, este deforma-se ligeiramente induzindo
uma fem que pode ser medida. A aplicação de tensão a um cristal piezoelétrico provoca a sua
deformação. Os cristais piezoelétricos são muito comuns em dispositivos de controlo de
movimento e são usados em conjunção com sistemas laser, permitem a deteção de pequenos
movimentos não detetáveis pelo olho humano.
Resolver
É um dispositivo eletromecânico usado para executar cálculos matemáticos eletricamente. Resolve
um sinal de entrada nos seus componentes sen e cos: a saída é uma função trigonométrica da
entrada. Executa operações de adição e subtração de vetores e converte coordenadas polares em
coordenadas cartesianas e vice-versa. As coordenadas polares definem uma posição através de um
vetor (amplitude ρ e ângulo α) e as coordenadas cartesianas definem uma posição através da
distância desse ponto aos eixo do x e do y. O resolver é basicamente um transformador rotativo
em que o coeficiente de acoplamento entre os enrolamentos no rotor e no estator varia em função
do ângulo do eixo.
Fisicamente é semelhante aos síncronos: tem dois enrolamentos em quadratura no estator e dois
enrolamentos em quadratura no rotor (4 enrolamentos no total). Quando o enrolamento do rotor é
excitado com uma tensão AC (sinal de referência) induz uma tensão nos enrolamentos do estator
e cujas amplitudes variam de acordo com o sen e o cos da posição do eixo. A ligação elétrica dos
enrolamentos do rotor é feita através de anéis deslizantes e escovas ou por acoplamento indutivo.
sen
cos
Fig. 3.55 - Resolver
O estator é uma estrutura laminada cilíndrica de fendas onde estão enroladas as duas bobinas. O
rotor é composto por um eixo, circuito ferromagnético laminado, duas bobinas em quadratura e
quatro anéis coletores. O acoplamento magnético entre o primário e o secundário é variável. O
resolver recebe entradas elétricas ou mecânicas e as saídas são proporcionais ao produto da entrada
pelo sen ou cos do angulo que o rotor girou.
Bibliografia
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