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Contextos Clínicos, 6(1):50-57, janeiro-junho 2013

© 2013 by Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2013.61.06

Os benefícios das emoções positivas

The benefits of positive emotions

Rafaela Luiza Silva Silvestre


Secretaria de Estado da Criança do Distrito Federal
Av. L2 Sul, Quadra 614/615, Lote 104, 70200-740, CREAS, Brasília, DF, Brasil.
rafaelasilvestree@gmail.com

Luc Vandenberghe
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
1ª Avenida, 1069, Q. 88, Setor Leste Universitário, 74605-020, Goiânia, GO, Brasil.
luc.m.vandenberghe@gmail.com

Resumo. As emoções positivas constituem um campo importante da vivên-


cia do dia a dia. Existe uma tradição de pesquisa experimental acerca dos
seus efeitos pouco explorada pelos clínicos. Recentemente, emergiram algu-
mas referências a essa tradição para sustentar a posição mais central acor-
dada às emoções positivas em novos modelos da psicoterapia. No presente
artigo, voltamos para a fonte e revisamos a referida tradição para esclarecer
quais são os benefícios das emoções positivas nela evidenciadas. Os traba-
lhos revisados mostram que as emoções positivas contribuem de diversas
formas para a regulação de emoções; ajudam a desfazer o impacto tóxico do
estresse sobre processos fisiológicos; ampliam o leque de ação e pensamen-
to, e a abertura às experiências; melhoram estratégias de coping; e favorecem
a qualidade de relacionamentos. Em longo prazo, esses processos contri-
buem para a construção de recursos pessoais e sociais fortes, favorecendo a
saúde e a resiliência.

Palavras-chave: emoção positiva, pesquisa sobre emoções, psicologia positiva.

Abstract. Positive emotions constitute an important aspect of daily life expe-


rience. The existing tradition of experimental research about its effects has
attracted little attention. However, this research tradition has been referred
to more recently in order to sustain the central role new models of psycho-
therapy have accorded to positive emotion. The present article turns to this
source to review the referred tradition in order to clarify what the benefits of
positive emotion are which are documented in it. The studies under review
show that positive emotions contribute in several ways to emotion regu-
lation; help to undo the toxic effects of stress on physiological processes;
broaden action and thought repertoires; deepen openness to experience;
sustain coping strategies and enhance the quality of relationships. In the
long run these changes contribute to the building of strong personal and
social resources, thus promoting health and resilience.

Key words: positive emotion, emotion research, positive psychology.


Rafaela Luiza Silva Silvestre, Luc Vandenberghe

Tradicionalmente, a psicologia clínica se in- uma sensação de ‘nós’ (o terapeuta e o clien-


teressou mais pelas emoções negativas do que te como uma equipe unida com objetivos e
pelas positivas. No contexto de trabalho com tarefas compartilhados) pode ser promovida
pessoas que enfrentam, às vezes, um sofrimen- pelas emoções positivas que o terapeuta sente
to profundo, esse viés faz sentido. Porém, tra- no seu trabalho com o cliente. Por outro lado,
balhos recentes têm chamado a atenção para terapeutas relatam que as vivências positivas
o papel das emoções positivas no processo contribuem para o desenvolvimento de novos
psicoterapêutico (Fizpatrick e Stalikas, 2008; recursos pessoais e profissionais, incluindo a
Dick-Niederhauser, 2009; Hayes et al., 2011; expansão do repertório de técnicas terapêuti-
Vandenberghe e Silvestre, 2013). É interessante cas, melhor regulação das emoções e um me-
observar que todos se referem a uma base de lhor sentimento de conexão com o cliente.
dados de pesquisa experimental, em parte já O objetivo do presente trabalho é de revisar
antiga. Trata-se de uma tradição de trabalhos as pesquisas originais sobre emoções positivas
experimentais acerca dos benefícios das emo- para esclarecer os dados empíricos que estão
ções positivas que foi iniciada por Alice Isen e sendo usados para justificar o papel central
continuada sob a liderança intelectual de Bar- das emoções positivas nos novos modelos de
bara Frederickson, que até recentemente con- psicoterapia.
tinuou despercebida ou desconsiderada pelos
autores clínicos. Modelos da emoção
Os dados provenientes desses experimen-
tos são usados como evidência empírica para Os experimentos se encaixam numa cor-
sustentar que emoções positivas desempe- rente conhecida como psicologia positiva,
nham um papel central no processo terapêuti- dedicada ao estudo empírico do florescer hu-
co. Hayes et al. (2011) apontam, a partir dessa mano (Seligman, 2004), mas em parte a antece-
literatura, que o relacionamento terapêutico dem. Hoje, a pesquisa sobre emoções positivas
pode ser curativo por promover emoções po- incorpora uma área específica desta psicologia
sitivas no cliente, as quais, por sua vez, favore- positiva. Porém, o estudo experimental das
cem o desenvolvimento de recursos pessoais emoções antecede à psicologia positiva. De
que ajudarão o cliente a superar seus proble- acordo com Gross (2008), o modelo típico nes-
mas. Fizpatrick e Stalikas (2008) e Dick-Nie- sa área pressupõe que uma emoção é evocada
derhauser (2009) discutem dinâmicas comuns por uma situação que exige atenção, tem um
em diferentes tratamentos psicológicos, que significado particular para a pessoa e desenca-
lembram a espiral positiva descrita acima. deia um conjunto de respostas que se encon-
Ambos os artigos argumentam, a partir da tram programadas em redes neurais ou arma-
tradição de pesquisa referida, que o psicotera- zenadas em esquemas mentais. Sendo assim,
peuta precisa promover experiências nos seus a emoção é vista como um programa engati-
clientes que provocam emoções positivas. As lhado por um evento em que informações pas-
vivências positivas dos clientes na terapia pro- sam por um processamento automático. Dois
movem novos comportamentos e a construção exemplos deste modelo típico são: o modelo
de novos recursos pessoais, que, por sua vez, neurofisiológico de Lang e o modelo cogniti-
conduzem a novas vivências positivas, e assim vo de Leventhal. Ambos foram usados ampla-
por diante. As mudanças comportamentais mente durante as últimas décadas do século
podem dar origem à construção de novas re- XX e são representativos de uma tendência ge-
des de apoio e a habilidades sociais, que con- ral na literatura empírica sobre emoções.
tinuam à disposição da pessoa muito tempo Os experimentos de Lang (1978) mostra-
depois de ter cessado a emoção positiva que ram que as emoções são compostas de três
promoveu a mudança. dimensões: (i) respostas fisiológicas, neuro-
Vandenberghe e Silvestre (2013) discu- hormonais, musculares e outras; (ii) sentidos
tem como emoções positivas do terapeuta sustentados pela língua; e (iii) tendências de
podem influenciar no processo terapêutico. ação. Esses três são interligados em redes neu-
Podem promover mais atenção e criativida- rais que organizam as informações que cons-
de na atuação do terapeuta e contribuir para tituem cada emoção. Por exemplo, na pessoa
o desenvolvimento de habilidades clínicas, que sofreu um assalto no escuro, a percep-
além de contribuir para o conteúdo da sessão. ção de escuridão pode levar a um aumento
A compreensão do cliente na sua complexi- de tensão muscular, a uma sensação subjeti-
dade, como também o desenvolvimento de va de perigo e a uma preparação para fugir.

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Os benefícios das emoções positivas

A experiência traumática fornece conexões en- emocional seja alterada; e (v) modulação da
tre a ativação neural do evento preceptivo em resposta: o indivíduo reage de maneira dife-
questão e as outras partes da rede. rente a uma emoção, resultando em uma vi-
Entre cada dupla de elementos fisiológicos, vência diferente.
linguísticos ou motores da rede existe uma As estratégias de regulação descritas por
probabilidade de que um será ativado quando Gross deixam a emoção como algo interativo e
o outro o é. Uma correlação alta (digamos o moldável. A revisão abaixo mostra que as pes-
valor 1 numa escala de 0 a 1) entre um desses quisas sobre o efeito das emoções positivas se
elementos e outro denota que quando um dos encaixam nessa nova visão ao explorar como
dois é ativado, ele aciona o outro. Há também estas interagem com comportamentos sociais,
pesos negativos: conexões em que a ativação atenção e cognição, e como influenciam as
de um elemento inibe o outro. Em nosso exem- emoções negativas.
plo, a percepção da escuridão pode inibir sen-
sações de aconchego ou a tendência de pegar Emoção e ação
no sono, que, anteriormente ao trauma, esta-
vam ligadas ao escuro. Os pesos das conexões Há um consenso entre os pesquisadores
entre os elementos da resposta emocional po- deste assunto (Gross, 2008; Lang, 1978; Le-
dem ser modificados quando a pessoa passa venthal, 1982) de que cada emoção inclui uma
por uma vivência suficientemente intensa que tendência à ação. Exemplos: fugir da situação
permite a integração de novas informações à está relacionado a medo, e atacar, à ira. Ansie-
rede neural (Lang, 1978). dade envolve esquiva, e tristeza, recolhimento.
No modelo de Leventhal (1982), um esque- Sendo assim, essas tendências são adaptativas.
ma emocional é uma estrutura da memória As emoções negativas restringem o leque de
que organiza e guia o processamento de novas disposições e ideias, favorecendo especifica-
informações e a recuperação das informações mente as ações que se encaixam no contexto da
já armazenadas durante vivências anteriores. emoção: fugir, atacar, esquivar-se ou recolher-
Contém três diferentes níveis de processa- se. Num dado momento, essa restrição pode
mento de informação. São eles: (i) imagens e ser benéfica, mas pode se tornar demasiada-
sequências que fizeram parte de vivências de mente presente na vida da pessoa. Além dis-
uma emoção; (ii) comportamentos expressivos so, emoções negativas têm efeitos chamados
e padrões de resposta autônomos que carac- de tóxicos. Envolvem processos hormonais e
terizam essa emoção; e (iii) regras conceituais cardiovasculares ou outras respostas corpo-
e proposições sobre como se deve reagir nas rais que sustentam o comportamento especí-
situações que evocam essa emoção. A vivência fico ligado à emoção. Quando certa emoção se
de uma emoção é entendida como o efeito da torna frequente ou intensa demais na vida de
ativação de tal esquema por informação subje- uma pessoa, essas cadeias de respostas fisio-
tivamente relevante em função das necessida- lógicas podem prejudicar a saúde. Trabalhos
des, dos objetivos e das suposições da pessoa. que mostram a influência de emoções negati-
Gross (2008) critica o modelo típico (tan- vas frequentes e intensas no desenvolvimento
to na sua versão neurofisiológica, quanto na de quadros de dor crônica, doenças cardíacas
cognitiva) por apresentar a emoção como um e outras patologias foram resumidos por Mel-
processo retilíneo e mecânico. Ele afirma que a zak (1997) e Gross (2008).
vivência emocional é muito mais flexível e su- Frederickson (1998) tentou identificar as
jeita à intencionalidade. Envolve sistemas de tendências de ação de cada emoção positiva.
resposta coordenados e maleáveis. A pessoa A autora apontou que o interesse promove
que está sentindo a emoção não é passiva. Ela exploração e envolvimento. O contentamento
direciona e maneja a emoção através de cinco inclui uma tendência para integrar vivências.
famílias de regulação emocional: (i) seleção da O amor amplia os repertórios de curtir e inte-
situação: a pessoa procura entrar em situações ragir. A alegria inclui a tendência de participar
(e evitar outras) que forneçam certa emoção; em atividades físicas, sociais ou intelectuais.
(ii) modificação da situação: o indivíduo muda Percebemos que as tendências de ação ligadas
a situação que evoca a emoção; (iii) distribui- a cada emoção positiva são amplas e difusas,
ção estratégica da atenção: consiste em mudar enquanto as ligadas às emoções negativas são
o foco para alterar o impacto emocional da si- específicas. A falta de especificidade dos efei-
tuação; (iv) mudança cognitiva: elaborar o sig- tos pode ofuscar as funções adaptativas que
nificado da situação de modo que a vivência as emoções positivas possuem. Nossa revisão

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da literatura inicia-se neste ponto: com o pro- gou pequenos presentes de porta em porta.
grama experimental que pretende identificar Em seguida, depois de intervalos diferentes,
as tendências de ação promovidas pelas emo- cada sujeito tinha a oportunidade de ajudar
ções positivas, que começou com o trabalho de alguém que batia à sua porta. As pessoas que
Isen, antes de a disciplina da psicologia positi- tinham recebido o pacote ajudaram mais do
va nascer formalmente. que as que não o receberam. O efeito diminuiu
gradualmente no decorrer do tempo e, 20 mi-
Efeitos passageiros nutos após a recepção do pacote, o grupo ex-
de emoções positivas perimental agiu do mesmo modo do grupo de
controle.
Num dos seus trabalhos clássicos, Isen Uma sequência de experimentos posterio-
(1970) relata três experimentos que investiga- res mostrou que a vivência de emoções posi-
ram o efeito das emoções numa situação social. tivas leva a um desempenho cognitivo mais
Em cada experimento, os participantes execu- flexível (Isen e Daubman, 1984), mais criativo
taram uma série de tarefas, e, ao final, foram (Isen et al., 1987), com mais integração e inclu-
divididos em três grupos. Os dois grupos ex- são de novas informações (Isen e Daubman,
perimentais foram informados de que tinham 1984; Isen et al., 1991). Emoções positivas tam-
tido sucesso ou haviam fracassado. Participan- bém promovem a abertura para novas infor-
tes do grupo de controle fizeram as mesmas ta- mações que não são congruentes com as ideias
refas, mas não receberam nenhum comentário que a pessoa já tinha e para o feedback negativo
sobre seus desempenhos. No primeiro expe- sobre o próprio desempenho (Estrada et al.,
rimento, entrou um segundo experimentador 1997). Alguns desses resultados foram obtidos
que solicitou uma contribuição para a carida- no estudo do processo diagnóstico médico,
de. Nos outros experimentos, os participantes um processo de decisão com consequências
foram confrontados com situações em que uma importantes.
pessoa parecia precisar de ajuda. Os partici- Estudantes de medicina, num estado afeti-
pantes do grupo que foi comunicado que teve vo positivo induzido por sucesso numa tare-
sucesso contribuíram com mais dinheiro para a fa anterior, chegaram a decisões diagnósticas
caridade e foram mais prestativos para um es- mais aprofundadas do que colegas que não
tranho. Os participantes do grupo de fracasso tinham sido informados sobre o sucesso na ta-
e do grupo de controle se recordaram menos refa anterior. Eles também iam além da tarefa,
do que aconteceu na presença da pessoa apa- considerando outros problemas diagnósticos
rentemente necessitada do que os que tiveram do caso apresentado, mostrando, no processo,
sucesso. Isso sugere que a emoção positiva afe- mais pensamento complexo e menos evidên-
ta não só a tendência para ajudar outra pessoa, cia de confusão (Isen et al., 1991). Num estudo
mas também um desempenho cognitivo como similar, médicos internistas em quem foi indu-
prestar atenção ao ambiente. Isen (1970) chama zido afeto positivo geraram a hipótese correta
este fenômeno de warmglow. significativamente mais rápido do que outros
Em outro artigo, Isen e Levin (1972) rela- e mostraram mais raciocínio flexível no pro-
tam dois experimentos sobre a tendência para cesso, com menos distorção de evidência con-
ajudar. Uma sensação de bem-estar foi evoca- trária à sua hipótese e mais capacidade de con-
da numa situação de recebimento de biscoitos siderar para alternativas (Estrada et al., 1997).
distribuídos numa biblioteca e numa situação Fora de settings experimentais, as emoções
de ter encontrado uma ficha telefônica no re- positivas ajudam a lidar melhor com situações
torno de fichas de um telefone público. Os difíceis. Durante fases estressantes da vida, é
participantes do grupo de controle que não re- comum as pessoas procurarem apreciar os as-
ceberam biscoito nem a ficha ajudaram menos pectos positivos do dia a dia, ou se sentirem po-
um estudante que pediu ajuda (no estudo I) e sitivamente desafiadas pelo problema pelo qual
tomaram menos a iniciativa de ajudar espon- estão passando. Muitas vezes, elas reavaliam ou
taneamente uma pessoa que tinha deixado cair reenquadram uma situação negativa em uma
papéis. Esses resultados forneceram suporte perspectiva positiva. Em outros casos, criam
adicional para a noção de que a sensação de uma situação positiva ou encaram um evento
bem-estar torna a pessoa mais prestativa. comum como positivo para compensar as emo-
Um experimento posterior indicou que ções negativas de um evento estressante (Folk-
o decurso de tempo do warmglow é limitado man e Moskowitz, 2000). Observa-se que essas
(Isen et al., 1976). Um experimentador entre- estratégias deixam a pessoa mais resiliente; em

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Os benefícios das emoções positivas

outras palavras, capaz de superar o impacto mais possibilidades, o que aumenta a tendên-
das adversidades. Nos seguintes parágrafos, cia de construção abstrata (por exemplo, fo-
resumiremos algumas pesquisas de laboratório cando o aspecto “por que” de um ato, em vez
em que se tentou identificar como essas estraté- do aspecto mais concreto “como”). Também
gias do cotidiano podem ser entendidas. ajuda a investir a pôr em prática objetivos que
Frederickson e Levenson (1998) investi- a pessoa construiu numa forma abstrata (La-
garam este uso de emoções positivas experi- broo e Patrick, 2009).
mentalmente. Participantes dos experimentos Tugade e Frederickson (2004) detectaram
assistiram a imagens que induziram ao medo, que pessoas psicologicamente resilientes no
o que foi corroborado pelo relato deles e pela dia a dia, quando participam de tarefas estres-
constatação de uma ativação cardiovascular santes no laboratório, usam emoções positivas,
intensa. Depois, foram dispostos aleatoria- para regular as negativas. E essa estratégia se
mente em quatro grupos para assistir a um de mostra muitas vezes eficaz. Essas pessoas se
quatro filmes que evocavam: contentamento, recuperam mais rapidamente dos efeitos fisio-
diversão, tristeza e um era neutro. Compa- lógicos do estresse do que as pessoas menos
rando os grupos, pôde-se notar que os que resilientes. Pessoas resilientes usam essa estra-
viram os filmes positivos apresentaram uma tégia espontaneamente no seu cotidiano. Mui-
retomada significativamente mais rápida dos tas vezes, reavaliam positivamente situações
níveis prévios de atividade cardiovascular. No de estresse. Fazem essa reavaliação esponta-
segundo estudo, os participantes foram expos- neamente. Mas a estratégia pode também ser
tos a um filme eliciador de tristeza. A maio- aprendida por pessoas menos resilientes, que,
ria deles sorriu espontaneamente, pelo menos desta forma, também conseguem acelerar a re-
uma vez, enquanto assistia a esse filme. Quem cuperação do equilíbrio fisiológico depois da
sorriu apresentou recuperação mais rápida vivência estressante.
dos níveis prévios de ativação fisiológica. Es-
ses resultados apontam que emoções positivas A consolidação dos efeitos
combatem efeitos tóxicos de emoções negati- em longo prazo
vas ao restaurar o equilíbrio do organismo.
Frederickson et al. (2000) verificaram que De acordo com pesquisas de Frederickson
esse efeito é resultado da positividade e não (2001), as emoções positivas promovem o en-
da eliminação do estressor. Primeiro, obtive- gajamento em atividades com outras pessoas,
ram, por indução de ansiedade, uma resposta a exploração de novos assuntos e aprofun-
cardiovascular de estresse. Em seguida, uma dam relações interpessoais. Assim, a pessoa
parte dos participantes assistiu a filmes que acumula novas aprendizagens e constrói re-
suscitaram emoções brandas de contentamen- des sociais. Estes recursos ajudarão a superar
to, divertimento, ou tristeza; e outra parte, a momentos difíceis e a crescer no futuro. Desse
um filme emocionalmente neutro. Outros modo, as emoções positivas contribuem para
participantes receberam, depois da indução a construção da resiliência. Em um estudo
da resposta de estresse, instruções para rela- longitudinal, conteúdos de contentamento,
xar e esvaziar a mente de todos os pensamen- felicidade, interesse, amor e esperança foram
tos, sentimentos e memórias. A indução das identificados em antigas autobiografias escri-
emoções positivas brandas acelerou o retorno tas por 180 freiras quando tinham em torno
para o estado fisiológico de repouso, enquan- de 22 anos. As freiras que manifestaram mais
to o relaxamento e os filmes neutro ou triste emoções positivas viveram, em média, 10 anos
não tiveram esse efeito. Posteriormente, os a mais do que as outras (Danner et al., 2001).
participantes que viram os filmes que evoca- Frederickson (2003) explica o ganho em expec-
ram emoções positivas mostraram capacidade tativa de vida, como resultado das emoções
de atenção significativamente ampliada num positivas, as quais podem reduzir os danos fi-
teste de processamento de informação visual. siológicos causados pela experiência de estres-
Esse efeito foi confirmado numa replicação se e pelas emoções negativas.
por Frederickson e Branigan (2005). Num estudo com estudantes universitários
Emoções positivas ajudam a pessoa a dar que dividiam um apartamento numa repúbli-
um passo atrás e a considerar os problemas em ca com colegas que não conheciam antes, Wau-
diferentes perspectivas (Frederickson e Brani- gh e Frederickson (2006) monitoraram a frequ-
gan, 2005). Elas podem, com mais facilidade, ência de emoções durante a primeira semana
ver o contexto maior. Assim podem visualizar da convivência. Um mês depois, os estudantes

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que tinham apresentado uma razão maior de Num estudo utilizando questionários para
emoções positivas versus emoções negativas medir afetos positivos, coping, confiança inter-
mostraram níveis crescentes de inclusão do pessoal e apoio social, os resultados mostra-
outro na sua percepção de si e da complexi- ram que afetos positivos aumentam as respos-
dade da compreensão que tiveram do colega tas de coping e de confiança interpessoal. Tanto
de apartamento. Descreveram a si mesmos em o coping quanto a confiança interpessoal au-
termos de nós e descreveram os traços do cole- mentam o afeto positivo. Afeto positivo e per-
ga de forma não estereotipada e com atenção cepção de suporte social não influenciam um
para circunstâncias contextuais. ao outro. Já o afeto negativo diminui a satisfa-
Num outro estudo, as emoções positivas ção com suporte social. Confiança interpessoal
dos participantes foram monitoradas diaria- e satisfação com o suporte social diminuem o
mente e relacionadas com medidas de resiliên- afeto negativo (Burns et al., 2008).
cia e satisfação com a vida, antes e depois de Existem outros dados que podem cor-
um mês. Os resultados mostram que vivências roborar a natureza recíproca da influência.
positivas aumentam o grau de resiliência. Es- Consideramos dois exemplos: um estudo de
sas, por sua vez, funcionam como mediadoras Srivastava et al. (2006), e outro de Frederick-
de mudanças na satisfação com a vida (Cohn son e Joiner (2002). O primeiro é um estudo
et al., 2009). Para verificar se a indução inten- longitudinal em que otimistas perceberam
cional de emoções positivas tem efeitos simila- maior apoio social dos seus cônjuges do que
res, Frederickson et al. (2008) orientaram pes- pessimistas. Tanto os otimistas quanto seus
soas durante nove semanas na prática diária parceiros acharam que o outro, no relaciona-
de uma técnica de meditação voltada para o mento, se conduziu mais positivamente numa
sentimento de compaixão. Comparado com o situação de conflito e, em retrospectiva, ava-
grupo de controle que não meditava, os me- liaram os conflitos como mais bem resolvidos.
ditantes mostraram mais vivências diárias de O estudo de Frederickson e Joiner (2002) mos-
emoções positivas. Esse aumento em frequên- trou que afetos positivos aumentam formas
cia levou a um crescimento em recursos pes- mais criativas de coping e vice-versa. Formas
soais consolidados, incluindo maior grau de de coping pouco criativo não aumentam afetos
mindfulness e percepção de apoio social. Esses, positivos.
por sua vez, eram preditivos de maior satisfa-
ção com a vida. Discussão
Cohn e Fredrickson (2010) verificaram que
após um treino de meditação focada em com- As pesquisas revisadas não traçam um novo
paixão, os participantes manifestaram ganhos modelo que poderia substituir os modelos exis-
em resiliência psicológica, suporte social, habi- tentes das emoções. Porém, apoiam a visão que
lidades, entre outros. Mantinham estes recur- conceitua as emoções como processos dinâmi-
sos pessoais adquiridos em longo prazo, inclu- cos e maleáveis. Os cinco níveis de regulação
sive nos que não continuaram meditando. Um emocional de Gross (2008) podem ser identifi-
terço dos participantes continuou a praticar e cados na pesquisa sobre emoções positivas. E
estes relataram mais emoções positivas do que a psicologia clínica deve levar em conta esse
aqueles que haviam parado. achado. Os terapeutas podem ajudar clientes
A consolidação das mudanças em longo a aprenderem a regular suas emoções. E isso
prazo é considerada o efeito de um movimen- pode ser uma contribuição importante tanto
to em espiral. Frederickson (2001) cogita que para o tratamento de transtornos de humor
as emoções positivas ajudam indivíduos a quanto para outros problemas psicológicos.
entrar em espirais positivos, envolvendo rela- Nos experimentos de Frederickson e Isen,
ções causais recíprocas entre as emoções posi- usam-se situações específicas para evocar
tivas de um lado e a ampliação de repertórios emoções positivas. Essa estratégia se encaixa
do outro. A melhora dos recursos da atenção e nos primeiros dois níveis da regulação emo-
da cognição facilita o coping. Esse leva a mais cional: a seleção e a modificação da situação.
vivências positivas no futuro. Como resumido O terceiro nível, a distribuição estratégica da
acima, o elo ‘emoções positivas melhoram os atenção, é estudado nos trabalhos que envol-
recursos pessoais e sociais’ conta com apoio vem meditação e mindfulness. O quarto nível,
empírico. Porém, o outro elo ‘melhores recur- o de coping cognitivo, aparece no uso de emo-
sos promovem emoções positivas’ também ções positivas para lidar com situações estres-
foi investigado. santes. Por fim, a modulação da resposta faz

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Os benefícios das emoções positivas

parte da espiral positiva descrita por Frederi- abrangente do modelo de emoções positivas
ckson. Nesse nível, a pessoa age de formas no- na clínica, é preciso atentar para as limitações.
vas e criativas e, assim, obtém resultados que É necessário ainda estudar e considerar mais
mudam sua vivência emocional. os efeitos negativos das emoções positivas.
Os trabalhos revisados desvelam múltiplos Em certos contextos podem prejudicar o pro-
papéis da emoção positiva. Propomos dividir cesso terapêutico, encaminhar recados proble-
esses papéis em quatro categorias: (i) são ins- máticos no relacionamento terapeuta-cliente
trumentais na regulação emocional nos cinco e dificultar o trabalho na sessão (Vandenber-
níveis do modelo de Gross; (ii) ajudam a pes- ghe e Silvestre, 2013). As pesquisas empíricas
soa recuperar-se do estresse, porque desfazem às quais as aplicações do modelo de emoções
os efeitos tóxicos das emoções negativas; (iii) positivas se referem concentram-se muito nos
ampliam temporariamente o pensamento e as benefícios de emoção positiva. Para um uso
tendências de ação e, desta forma, (iv) facili- ponderado deste modelo na clínica, é necessá-
tam a construção de recursos psicológicos ao rio aprofundar mais a pesquisa sobre as des-
longo da vida. vantagens das emoções positivas.
A primeira categoria pode ser relevante na
promoção da saúde mental. O manejo de emo- Referências
ções negativas pode ter um papel importante
na prevenção de recaída depois de uma de- BURNS, A.B.; BROWN, J.S.; SACHS-ERICSSON,
pressão (Segal et al., 2002). A segunda catego- N.; PLANT, E.A.; CURTIS, J.T.; FREDRICKSON,
ria pode ter maior relevância na promoção da B.L.; JOINER, T.E. 2008. �����������������������
Upward spirals of posi-
saúde física. Por desfazerem os efeitos nocivos tive emotion and coping: Replication, exten-
sion, and initial exploration of neurochemical
do estresse, as emoções positivas contribuem,
substrates. Personality and Individual Differences,
em longo prazo, para  a saúde. Uma pesqui- 44:360-370.
sa aplicada pode verificar se a promoção de http://dx.doi.org/10.1016/j.paid.2007.08.015
experiências positivas pode ter um papel em COHN, M.A.; FREDERICKSON, B.L.; BROWN, S.L.;
programas que pretendem favorecer a resili- MIKELS, J.A.; CONWAY, A.M. 2009. Happiness
ência em grupos de risco a recidivas cardio- unpacked: Positive emotions increase life satis-
vasculares ou a outros problemas de saúde. faction by building resilience. Emotion, 9:361-368.
Enquanto Isen identificou que vivências po- http://dx.doi.org/10.1037/a0015952
COHN, M.A.; FREDERICKSON, B.L. 2010. In search
sitivas aumentam temporariamente a atenção of durable positive psychology interventions:
e a tendência para ajudar outros, Frederickson Predictors and consequences of long-term posi-
explorou a ponte entre os efeitos que resumi- tive behavior change. The Journal of Positive Psy-
mos na terceira categoria e os que cabem na chology, 5:355-366.
quarta. Os efeitos, em si efêmeros, das emoções http://dx.doi.org/10.1080/17439760.2010.508883
positivas direcionam a novas experiências en- DANNER, D.D.; SNOWDON, D.A.; FRIESEN, W.V.
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sonality and Social Psychology, 80:804-813.
e aprendizagens. Estas facilitam a construção http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.80.5.804
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