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Teorias de "Poder" Na Relação Entre Indivíduos E/ou Instituições No Processo de Organização Social: Um Diálogo Entre Foucault, Balandier e Bourdieu
Teorias de "Poder" Na Relação Entre Indivíduos E/ou Instituições No Processo de Organização Social: Um Diálogo Entre Foucault, Balandier e Bourdieu
ALVES
Teorias de “poder” na relação entre indivíduos e/ou
instituições no processo de organização social: um
diálogo entre Foucault, Balandier e Bourdieu.
-d.o.i.: 10.13115/2236-1499.2010v1n3p134
Adjair Alves 1
Resumo
1
Filósofo e Antropólogo – Mestre e Doutorando do PPGA/UFPE. Professor de
Filosofia e Antropologia da Universidade de Pernambuco – FACETEG
(Faculdade de Ciências, Educação e Tecnologia de Garanhuns).
Revista Diálogos N.° 3 – 2.° Semestre de 2010 134
Teorias do “Poder”... ALVES
Introdução
2
Id. p.64.
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estruturas sociais. Estas constituem uma espécie de “matriz de
percepções e apreciações”, habitus, cuja função é orientar as
ações dos sujeitos nas situações a serem vivenciadas. O hábitus é
formado por um sistema de disposições gerais que precisariam
ser adaptadas pelo sujeito a cada conjuntura específica de ação.
Esta dimensão flexível do hábitus, realçado por Bourdieu, impede
que este venha ter uma espécie de recaída no objetivismo, ou no
determinismo objetivista. Sendo assim, fruto da incorporação da
estrutura e posição, sociais de origem, no interior do próprio
sujeito, esta estrutura, uma vez incorporada e posta em ação,
tornando-se estruturadora das novas ações e representações dos
sujeitos, em situações que diferem, em alguma medida, das
situações nas quais o hábitus foi formado.
O conceito de hábitus desempenha o papel de elo
articulador entre três dimensões fundamentais de análise: a
estruturas das posições objetivas, a subjetividade dos indivíduos e
as situações concretas de ação. E ainda, a posição que cada
sujeito ocupa na estrutura das relações objetivas propicia um
conjunto de vivências típicas que se consolidaria na forma de
hábitus adequada a sua posição social. o sujeito agirá na
sociedade em função deste hábitus, como um membro típico de
um grupo social ocupando a posição que lhe compete na estrutura
social, colaborando para reproduzir as propriedades do seu grupo
social de origem e as estruturas na qual foi formado.
É deste modo que a estrutura de poder e a dominação
econômica e, sobretudo, simbólica é reproduzida sem que o
indivíduo tenha consciência. As marcas de sua posição social, os
símbolos que a distinguem e que a situam nas hierarquias das
posições sociais, as estratégias de ação e de reprodução que lhes
são típicas, as crenças, os gostos, as preferências que a
caracterizam, em resumo, as propriedades correspondentes a uma
posição social específica são incorporadas pelos sujeitos
tornando-se parte da sua própria natureza.
3
DURKHEIM, E. L’évolution pédagogique en France. Apud. BOURDIEU.
Pierre. Op. Cit. p. 66.
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comunicação, e não uma ilusão idealista “totalidades auto-
suficientes e autogeradas, passiveis de uma análise pura e
puramente interna.” (BOURDIEU, 1999:13). Para Bourdieu, as
produções simbólicas caracterizam-se por sua relação com os
“interesses de classes ou das frações de classe que elas
exprimem”, mas também, aos “interesses específicos daqueles
que as produzem e à lógica específica do campo de produção.”
(Idem).
Bourdieu, portanto, situa-se entre as perspectivas
conspiratórias, que concebem as produções simbólicas como
artefatos intencionalmente criados com vistas à dominação
ideológica, e as perspectivas idealistas, que negam ou
desconhecem o papel das construções simbólicas na manutenção
e legitimação das estruturas de dominação. A perspectiva
bourdieusiana sinaliza para a compreensão de que as produções
simbólicas participam da reprodução das estruturas de dominação
social, porém, fazem-no de uma forma indireta e à primeira vista,
irreconhecível.
Os sistemas simbólicos, segundo Bourdieu, podem
ser “produzidos e, ao mesmo tempo, apropriados pelo conjunto
do grupo ou, ao contrário, produzido por um corpo de
especialistas e, mais precisamente, por um campo de produção e
circulação relativamente autônomo”. (id. p.12.)
A noção de campo, diz respeito aos espaços de
posições sociais nos quais são produzidos, consumidos e
classificados, determinados bens sociais. (BOURDIEU, 1983:
89). Na medida em que a divisão social do trabalho vai se
complexificando, certos domínios de atividade se tornam
relativamente autônomos. No interior desses setores ou campos
da realidade social, os indivíduos envolvidos passam, então, a
lutar pelo controle da produção e, sobretudo, pelo direito de
legitimamente classificarem e hierarquizarem os bens produzidos.
Cada campo de produção simbólica, segundo
Bourdieu, constitui palco de disputa, entre dominantes e
pretendentes, relativas aos critérios de classificação e
Conclusão.
Referências Bibliográficas.