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educacionais
2 domínio afetivo
BENJAMIN S. BLOOM
DAVID R. KRATHWOHL
BERTRAM B. MASIA
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TAXIONOMIA DE
OBJETIVOS EDUCACIONAIS
1972
UNIVE.RSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL TAXIONOMIA DE
Praf.
Praf.
Dr.
MANOEL
IVO WOLFF,
MARQUES
Reitor
LEITE,
OBJETIVOS EDUCACIONAIS
Superintendente Admini~itrat lvo
Prot. WALTER OTTO CYBIS,
Superintendente Acadômico Compêndio Segundo: Domínio AFetivo
EDITORA DA UNIVERSIDADE
Conselho Editoriol
BERTRAN B. MASIA
Universidade de Chicago
FICHA CATALOGRÁFICA
Bloom, Benjamin S
B655t Taxionomia de objetivos educacionais; domínio afe-
tivo I por I Benjamin S. Bloorn, David R. Krathwohl, Traduçõo
Bertran B. Masia. Trad. de Jurema Alcides Cunha. JUREMA ALCIDES CUNHA
Porto Alegre, Editora Globo e Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, 1972. Psicóloga e Professora de Psicologia
da SEC, à disposição da UFRGS, lotada
XVIII, 204 p. 21,5 em. na Faculdade de Medicina
Tí tulo original norte-americano: "T axonomy of
educational objectives",
Este é o segundo 'COmpêndio da obra.
1. Educação - Objetivos.!. Krathwohl, David R
colab. 11. Masia, Bertran B colab. IH. Cunha, Jurema
Alcides trad. IV. Título. ec-edlções urgs
(Colaboração da
IO:ditoraGlobo) o
CDD 370.11
CDU 37.012.75:582
ím. UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO SUL
PORTO ALEGRE/1M~
.E.d.lfolaor" G IO b O
to Alegre
~
~
\
AGRADECIMENTOS
\ As pessoas relacionadas abaixo contri-
• Falecido
Ralph Goldner J ohn B. Morris
Universidade de Nova Iorque Universidade de Mississípi
Para uma consulta fácil, o Apêndice A contém uma versão con- mentários minuciosos sobre o manuscrito, e ao Dr, Milton Rokeach,
densada de O Domínio Afetivo. Uma vez que o Domínio Cognititvo da Universidade do Estado de Michigan, por comentários especial-
é referido freqüenternente no texto, uma versão condensada do mes- mente proveitosos sobre o Capítulo 4.
mo é incluída no Apêndice B. Além disto, os autores receberam comentários escritos e suges-
Os leitores que buscam uma rápida visão geral de O Domínio tões úteis do Dr. Roscoe A. Boyer, da Universidade de Mississípi;
Afetivo deveriam ler, pelo menos, os Capítulos 1, 3, 5 e o Apêndice A. de Miss Dorothy Frayer, da Universidade de Miami; do Dr. Edward
Um problema que ocorreu com freqüência nas revisões do ma- J. Furst, da Universidade do Estado de Ohio; de Mr. Louis Hofrnann,
nuscrito preliminar pode valer a pena ser mencionado aqui, embora da Universidade do Estado de Michigan; do Dr. John U. Kidd, da Uni-
seja também descrito no Capítulo 3. As categorias da estrutura do versidade de Pittsburgh; do Dr. Harry Levin, da Universidade Cor-
domínio afetivo são desenvolvidas para tratar mais de valores fun- neII; do Dr. M. Ray Lorce, da Universidade do Alabama; do Dr.
damentalmente positivos do que de aversões, medos e desagrados. Robert MacGregor, da Universidade do Texas; do Dr. Enoch L
Isto porque esta é a maneira pela qual os objetivos educacionais Sawin, da Faculdade Estadual de São Francisco e do Dr. Godfrey
Stevens, da Universidade de Pittsburgh.
geralmente são expostos, e a Taxionomia é uma estrutura para clas-
sificar esses objetivos. Mas os procedimentos de avaliação podem
East Lansing, Michigan D.R.K.
medir tanto os aspectos positivos como os negativos. Acredita-se
Chicago, Illinois B.S.B.
que, com muito pouca interpretação (por exemplo, como está de-
monstrado na p. 29), a estrutura pode ser utilizada para aqueles B.B.M.
tipos "negativos" de objetivos que alguém pode esperar encontrar
no currículo escolar.
Os autores são muito agradecidos pelo conselho e assistência
que receberam de muitas fontes. Como está indicado com mais de-
talhe no Capítulo 1, os esforços para desenvolver a estrutura afetiva
se iniciaram enquanto O Dominio Cognitivo estava sendo concluído.
Foram discutidas diferentes estruturas possíveis para o domínio em
vários encontros da Associação de Examinadores de Universidade.
As pessoas que participaram dessas reuniões e, desta maneira, con-
tribuíram para o desenvolvimento da estrutura estão relacionadas
numa página prévia. Entretanto, os registros de comparecimento
não estão completos. Desculpamo-nos por quaisquer omissões. A úl-
tima das reuniões deste grupo ocorreu em 1957.
Especial reconhecimento é devido à Comissão para o Desenvol-
vimento da Personalidade na Juventude, do Conselho de Pesquisa
em Ciências Sociais, por ajuda financeira para despesas de viagem,
crítica e serviços de escritório, e ao Dr. C. Roberr Pace, da U.C.L.A.,
membro da Comissão, e ao Dr. Ralph W. Tyler, Diretor do Centro
de Estudo Avançado das Ciências Comportamentais, presidente da
Comissão, que encorajaram os autores. Somos agradecidos à Univer-
sidade de Chicago e à Universidade do Estado de Michigan pela
oportunidade de pesquisa e facilidades que proporcionaram.
Desejamos especialmente agradecer ao Dr. Warren Findley, da
Universidade de Georgia, ao Dr. Willard Spalding, do Conselho de
Coordenação para Educação Superior da Califórnia, e ao Dr. Asahel
Woodruff, da Universidade de Ütah, pelas cuidadosas leituras e co-
íNDICE
I PARTE
INTRODUÇÃO E EXPLICAÇÃO
I I PARTE
4.2 Organização de um Sistema de Valores 159
4.2 Organização de um Sistema de Valores - Obje-
tivos Educacionais Ilustrativos 160
4.2 Testagem da Organização de um Sistema de INTRODUÇÃO
I
Valores 160
E
4.2 Organização de um Sistema de Valores - Exem-
plos Selecionados da Literatura de Testes 162 EXPLICAÇÃO
5.0 Caracterização por um Valor ou Complexo de Valores 165
5.1 Direção Generalizada 166
5.1 Direção Generalizada - Objetivos Educacionais
Ilustrativos 167
5.1 Testagem da Direção Generalizada 168
5.1 Direção Generalizada - Exemplos Selecionados
da Literatura de Testes 169
5 .2 Caracterização 170
5.2 Caracterização - Objetivos Educacionais Ilus-
trativos 171
5.2 Testagem da Caracterização 171
S.2 Caracterização - Exemplos Selecionados da Li-
teratura de Testes 174
Apêndice A
Versão Conclensada do Domínio Aíetivo da Taxionornia
de Objetivos Educacionais 177
Apêndice B
Versão Condensada do Domínio Cognitivo da Taxionomia
de Objetivos Educacionais 189
Bibliografia 201
CAPíTULO 1
cimento e organização de resultados de pesquisa educacional. Que ti- variam desde a simples evocação de material até maneiras altamente
pos de experiências educacionais produzem que tipos de desenvolvi- originais e criadoras de combinar e sintetizar novas idéias e mate-
mento educacional? Que tipos de desenvolvimento educacional serão riais. Descobrimos que a maior proporção de objetivos educacionais
conservados e quais tipos não? Qual é a relação entre inteligência e recaía neste domínio.
os vários tipos de progresso educacional? Qual é o valor transferen- 2. Afetivos: Objetivos que enfatizam uma tonalidade de sen-
cial de diferentes tipos de resultados educacionais? Estas são algu- timento, uma emoção ou um grau de aceitação ou de rejeição. Os
mas das questões que devemos nos esforçar por compreender através objetivos afetivos variam desde a atenção simples até fenômenos
da pesquisa educacional. Através da Taxionomia, pretendemos rela- selecionados, até .qualidades de caráter e de consciência complexas,
cionar os resultados encontrados em uma situação educacional aos mas internamente consistentes. Descobrimos grande número de tais
resultados descobertos noutra. Por este processo, poderíamos ser objetivos na literatura, expressos como interesses, atitudes, aprecia-
capazes de reunir os resultados da pesquisa educacional, de maneira ções, valores e disposições ou tendências emocionais.
que possamos fazer generalizações mais amplas. 3. Psicomotores: Objetivos que enfatizam alguma habilidade
Finalmente, estamos procurando algo, além de um simples es- muscular ou motora, alguma manipulação de material e objetos ou
quema de classificação. Prefiguramos a possibilidade de que podería- algum ato que requer coordenação neuromuscular. Na literatura,
mos selecionar princípios de classificação de resultados educacionais descobrimos poucos de tais objetivos. Quando encontrados, eram Ire-
que revelariam uma ordem real entre esses resultados. Se tal ordem qüentemente relacionados à caligrafia e fala e à educação física, arte
fosse confirmada pelos vários tipos de observações e averiguações mecânica e cursos técnicos.
de pesquisa, a ordem e os princípios de distribuição seriam de valor O leitor indubitavelmente reconhecerá que tal divisão rríplice é
no desenvolvimento de uma teoria de aprendizagem, que seria per- tão antiga quanto a filosofia grega e que os filósofos e psicólogos
tinente aos tipos complexos tanto quanto aos tipos simples de apren- têm usado repetidamente organizações tríplices similares: cognição,
dizagem humana. Pelo menos, a descoberta de alguns dos princípios volição e sentimento; pensamento, vontade e ação, etc. A pesquisa
de ordenação dos resultados da aprendizagem humana deveria de- moderna sobre personalidade e aprendizagem levanta questões sérias
finir os tipos de averiguações que uma teoria útil de aprendizagem a respeito do valor dessas distinções simples.
deve ser capaz de explicar. Basicamente, a questão colocada pela moderna pesquisa em ciên-
cia comportamental é se o ser humano alguma vez pensa sem sentir,
age sem pensar, etc. Parece muito claro que cada pessoa sempre
Os Três Domínios da Taxionomia responde como um "organismo total" ou como um "ser inteiro". A
despeito disto, a pesquisa sobre aptidões e interesse (Adkins e Kuder,
Em seguimento à nossa reunião inicial, foi realizada uma série 1940) revela correlações muito pequenas entre os mesmos. Similar-
de encontros por um grupo de examinadores do college e da univer- mente, muito da pesquisa sobre relações entre aproveitamento cogni-
sidade. Nessas reuniões, cuja natureza era de sessões de trabalho, du- tivo e atitudes e valores demonstra que são estatisticamente indepen-
rando de dois a quatro dias, começamos a criar uma divisão trfplice dentes. Isto é ilustrado por Mayhew (1958), que registra pequena
de objetivos educacionais: cognitivos, afetivos e psicornotores. Acha- relação entre mudança de atitude e crescimento de conhecimento
mos que a maioria dos objetivos indicados pelos professores em nossas num curso de college. Isto não quer dizer que não existam indiví-
próprias instituições, bem como aqueles encontrados na literatura, duos com fortes aptidões e interesses ou que indivíduos com elevado
poderiam ser colocados, de certo modo, em um dos três domínios ou aproveitamento e "desejáveis" atitudes não existam. O que significa
classificações. é que a relação entre esses domínios é por demais baixa para pre-
1. Cognitivos: Objetivos que enfatizarn a recordação ou a re- dizer, efetivamente, um tipo de resposta a partir da outra.
produção de alguma coisa que presumivelmente foi aprendida, tanto Entretanto, muito mais concernente ao nosso problema - que
quanto os que envolvam a resolução de alguma tarefa intelectual é o de classificação de objetivos educacionais - é o fato de que os
para a qual o indivíduo tem de determinar o problema essencial e, professores e pessoas que trabalham com currículo, que enunciam
então, reordenar dito material, ou combiná-lo com idéias, métodos objetivos, fazem distinções entre solução de problema e atitudes,
ou 'procedimentos previamente aprendidos. Os objetivos cognitivos entre .p~l1samento· e sentimento; entre. ação epenS3rnCl1to ou senti-
~
6 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 7
mento. Estas distinções, 'por conseguinte, se refletem em nossas ten- concentrava-se mais diretamente nos objetivos enfatizados por nossos
tativas para categorizar objetivos. professores e no trabalho de exame feito por nossas equipes examina-
Além disto, a avaliação dos resultados da aprendizagem tem doras.
envolvido técnicas muito diferentes para apreciar pensamento, sen- No domínio cognitivo, descobrimos que muitos dos objetivos
timento e ação; desta maneira, nossas distinções têm probabilidade tinham sido desenvolvidos com considerável precisão, como resultado
de ser úteis para a avaliação da aprendizagem escolar. de muita interação entre professores e avaliadores. Desta maneira,
Finalmente, a reconciliação entre a classificação de objetivos e um objetivo tal como "o desenvolvimento de habilidade na interpre-
as teorias de personalidade e de aprendizagem faz com que se espere tação de dados" tinha sido definido com minúcias por professores
antes chegar a maneiras de lidar com as crianças individualmente e e avaliadores, e uma coleção bastante grande de técnicas, para apre-
com a interação entre professores e estudantes do que a forçar um ciar a medida em que os estudantes desenvolveram esta habilidade,
conjunto de procedimentos de classificação a concordarem com pon- tinha sido planejada pelos examinadores. Além disto, fomos capazes
tos de vista específicos sobre o funcionamento dos organismos hu- de encontrar mais de mil questões de teste e problemas, que foram
manos. desenvolvidos para testar vários aspectos desta única habilidade.
Deveríamos notar que qualquer esquema de classificação repre- A equação "objetivo = comportamentos = técnica de avalia-
senta uma tentativa de abstrair e ordenar fenômenos e, como tal, ção = problemas de teste" foi tão explicitamente preparada para
provavelmente causa alguma violência em relação aos fenômenos, este objetivo que os que desenvolvem um esquema de classificação ti-
assim como são comum ente percebidos nos ambientes naturais. O veramde aceitar a realidade e a significação de tal resultado de
valor dessas tentativas de abstrair e classificar está em seu grande aprendizagem. Isto é, um objetivo chegou a significar um conjunto
poder para organizar e controlar os fenômenos. Acreditamos que o específico de comportamentos, e a relação entre comportamento e
valor do presente sistema de classificação tem probabilidade de estar objetivo foi reconhecida por muitos que trabalham na área. Além
na maior precisão com que os objetivos são capazes de ser enuncia- disso, um conjunto específico de técnicas de avaliação chegou a ser
dos, na comunicabilidade aumentada dos objetivos e na extensão com aceito como a maneira apropriada de avaliar esses comportamentos,
que os dados de avaliação se tornarão disponíveis para apreciar ° e mesmo um conjunto definido e urna variedade de problemas de
progresso dos estudantes em relação aos objetivos. teste chegaram a ser aceitos como válidos indicadores do objetivo
Em nosso trabalho, ficou evidente que, embora se pudesse colo- específico e de seus comportamentos. A tarefa para o esuuema de
car um objetivo muito prontamente em um dos três principais do- classificação foi onde colocar tal objetivo e não como descobrir e dar
mínios ou classes, nenhum objetivo de uma classe estava completa- significação a este objetivo,
mente destituído de alguns componentes das outras duas classes. O grupo também achou, como um resultado de mais de vinte
Evidentemente, os domínios representam ênfases e talvez mesmo anos de trabalho em avaliação, que algumas distinções principais
tendências na exposição de objetivos. Vacilamos em adotar esta di- entre objetivos cognitivos já tinham surgido. Desta maneira, em seu
visão trÍplice, exceto em seus fundamentos práticos, para os objetivos trabalho, os professores e avaliadores tinham feito uma divisão ní-
serem formulados (e pretendidos) de tal modo que recaiam mais fa- tida entre a recordação de informações e a solução do problema em
cilmente em uma das três divisões, Que o indivíduo tinha de atacar um problema novo para ele. Dis-
tinções, ainda que menos claras, haviam brotado entre informação,
solução de problema e descobertas e sínteses criadoras ou originais.
Desenvolvimento e Uso da Taxionomia Começando, então, com uma extensa lista de objetivos cogniti-
no Domínio Cognitivo vos. definições comportamentais e materiais de avaliação, o grupo
explorou várias maneiras de ordená-Ios. Depois de muito esforço e
Uma vez que a maioria dos objetivos, no college e no nível se- pensamento, ficou claro que os objetivos (e comportamentos e ma-
cundário, recaem no domínio cognitivo, o grupo examinador deu a teriais' de avaliação correspondentes) diferiam em complexidade. Um
este a máxima prioridade. Também achamos que a maioria de nos- objetivo como "conhecimento de fatos esnecíficos" poderia ser isolado
sos exames com propósitos de classificação e de avaliação dava ênfase e definido num nível de complexidade. Mas, em outro nível de com-
aos objetivos neste domínio. Desta maneira, o domínio cognjtivo plexidade, este objetivo se tornou uma parte de outro objetivo, as-
h..,
I
il
...
8 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 9
sim como "a capacidade de aplicar princípios". Num ponto, o "co- ponto de vista de que o princípio de complexidade, que tinha se
nhecimento de fatos específicos" era um fim em si mesmo, enquanto tornado nossa base de distribuição, fosse o reflexo da ordem de difi-
num ponto ulterior se tornou uma parte, uma ferramenta ou meio culdade da aprendizagem de diferentes objetivos. Desta maneira,
para um objetivo mais amplo e mais complexo. um objetivo de conhecimento era presumivelmente mais fácil (e
Depois de alguma experimentação com diferentes distribuições, mais rápido) de alcançar do que um tipo mais complexo de objetivo
foi desenvolvido o princípio de complexidade como a base principal de análise ou síntese. Talvez, também, um objetivo de análise, uma
de ordenação para o domínio cognitivo. Uma subcornissão foi, então, vez aprendido, seria retido por mais tempo do que um objetivo de
encarregada de precisar as definições das diferentes classes do domí- conhecimento ou de compreensão. Foi parcialmente por temeridade
nio cognitivo e de encontrar objetivos ilustrativos e exemplos de e parcialmente por esperança e otimismo que intitulamos nosso tra-
avaliação que pudessem ser usados para dar definições mais claras balho como Taxionomia de Objetivos Educacionais: O Domimio
e mais operacionais a cada objetivo. Cognitivo.
A subcornissâo retornou com uma série de definições, uma série Fomos criticados pelo uso da palavra "taxionomia". Alguns crí-
de objetivos educacionais e uma série de problemas de teste, que ticos argumentaram que não tínhamos uma verdadeira taxionornia,
solicitou ao grupo maior fossem testados, equiparando os objetivos mas somente uma maneira útil de descrever e de definir classes de
e os problemas com as definições. O resultado desta tentativa de objetivos educacionais. Críticos menos severos sugeriram que muitos
relacionar os três revelou em que ponto as definições estavam ina- de nossos leitores não entenderiam o que taxionomia significava e
dequadas, tanto quanto algumas das condições requeridas para a que a palavra 'produziria mais confusão do que era desejável. Em
classificação de objetivos e de material de teste. A revisão das defi- todo caso, conservamos o termo "taxionomia".
nições e os repetidos esforços para classificação, por pequenos grupos Uma verdadeira taxionomia é uma série de classificações, que
de trabalho, nos permitiram chegar eventualmente a um ponto em são ordenadas e dispostas com base em um princípio único ou com
que acreditamos que os procedimentos de classificação e as defini- base num conjunto consistente de princípios. Tal taxionomia verda-
ções de classes e subclasses fossem comunicáveis. Isto é, a comuni- deira pode ser testada, determinando-se se está em concordância com
cabilidade foi determinada pela medida em que um grupo competente a evidência experimental e se a maneira pela qual as classificações
de trabalho poderia, após experiência relativamente pequena com são ordenadas cOlTesponde a uma ordem real entre os fenômenos
os' procedimentos de classificação, concordar a, respeito da colocação pertinentes. A taxionomia também deve ser coerente com pontos de
aproximada de objetivos, relatos de comportamento e materiais de vista teóricos corretos, acessíveis no campo. No ponto em que é
teste. incoerente, deveria ser desenvolvido um modo de demonstrar· ou de
Outra comprovação da adequação dos procedimentos de classi- determinar que alternativa é a mais adequada. Finalmente, uma
ficação foi determinar se eram compreensivos. Poderíamos tomar verdadeira taxionomia deveria ser de valia para assinalar os fenô-
novas listas de objetivos que acreditávamos ser cognitivos em sua menos que ainda devem ser descobertos.
natureza e encontrar lugares na classificação para cada objetivo? Ainda não está evidente se o esquema de classificação apresen-
Descobrimos que raramente encontramos um objetivo que não pu- tado no Compêndio Segundo: O Domínio Afetivo é uma verdadeira
desse ser colocado em uma das classes principais, dentro do domínio taxionomia. Existe alguma evidência de que os objetivos mais com-
cognitivo, ainda que nem sempre estivéssemos certos de encontrar plexos são mais difíceis de anrender do que os menos complexos
uma subclasse apropriada onde pô-lo. Foi realizado trabalho ulterior (Bloom, 1954b; Chausow, 1955; Dressel e Mayhew, 1954). Há indi-
nas subclasses até acharmos que tínhamos um esquema adequado cações de que as questões de teste, que pretendem avaliar os obje-
- ainda que longe de perfeito - para colocar cada novo objetivo. tivos, que recaem nas partes mais elevadas (e mais complexas) do
Tornou-se claro que finalmente tínhamos um método compre- domínio cognitivo são mais difíceis do que as questões de teste pre-
ensivo de definição e classificação de objetivos educacionais cogniti- tendidas para avaliar os objetivos menos complexos.
vos. Todavia. estávamos buscando mais do que um conjunto de O estudo de Dressel e Mayhew (1954) sugere que o crescimento
ca teporias e definições. Tfnharnos esperança de que a ordem e a significativo. em alguns dos objetivos mais complexos, ocorre so-
distribuição <1:Is classes c das suhclasscs expressassem urna relação mente quando há experiências de aprendizagem em muitas partes de
fundamental
\''"'_'',.' "
entre os p()s~,;ív('.i~ crcit,()s da çducaç;iq, Tínhamos o
'.'" 1
um currículo dedicado a esses objetivos. Isto é, o ambiente deapren-
10 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 11
dizagem deve dar maior ênfase aos objetivos mais complexos, se trabalho foram devotadas aesta tarefa. Ainda que tenha sido feito
deve ter lugar um crescimento significativo nesses objetivos. algum progresso, não nos sentimos bastante seguros em nossos re-
Algo da 'Pesquisa sobre conferência vs. discussão sugere que OS sultados para publicar os informes apresentados nessas reuniões. Vá-
objetivos de conhecimento podem ser aprendidos igualmente bem rias dificuldades assediaram este trabalho. Primeiro, houve uma falta
sob cada tipo de situação de aprendizagem (McKeachie, 1962). Por de clareza nas enunciaçôes de objetivos afetivos que encontramos na
outro lado, os tipos de solução de problema representados nas classes literatura. Segundo, foi difícil descobrir um princípio ordenador tão
mais elevadas da T axionomia requerem oportunidades para praticar simples e difundido como o de complexidade, que funcionou tão
o comportamento e são, aparentemente, aprendidos' com mais facili- satisfatoriamente no domínio cognitivo. Terceiro, poucos dos exami-
dade quando a solução de problema é enfatizada em discussão, labo- nadores, no nível do college, estavam convencidos de que o desen-
ratórioe em outras situações de aprendizagem, nas quais os indiví- volvimento do domínio aferivo faria muita diferença em seu trabalho
duos tentam atacar problemas e são ajudados para perceber maneiras ou que, quando completo, encontrariam grande utilidade para o mes-
pelas quais sua solução de problema pode ser melhorada. mo. Não havia dúvida de que o domínio afetivo representava um
O Compêndio Primeiro: O Domínio Cognitirvo tem sido usado problema de classificação mais difícil do que o domínio cognitivo.
por professores, estudantes e os que trabalham em exame num pe- Entretanto, o nosso fracasso em completar o Compêndio do do-
ríodo de mais de seis anos. Alguns acharam as técnicas ilustrativas mínio afetivo e nosso pessimismo a respeito da possibilidade de com-
de exame de valia como modelos e como exemplos de alguns dos pletá-lo satisfatoriamente eram mais do que compensados pelas mui-
melhores progressos na elaboração de exames. Outros acharam os tas cartas que recebemos de professores, especialistas em mensuraçâo
objetivos ilustrarivos e as classes de objetivos sugestivos de uma ex- e avaliação e de pessoas que trabalham em pesquisa educacional,
tensão de efeitos que previamente não utilizaram em seus próprios perguntando quando o segundo Compêndio seria publicado. Era evi-
cursos e programas educacionais. A Taxionomia tem sido de valia na dente que tínhamos deixado cair um sapato e que os inquilinos no
classificação de material de teste, para permuta entre pessoas que quarto abaixo estavam esperando que caísse o segundo. Talvez esta
trabalham em testes e como uma base para revisão e crítica de testes seja uma ilustração do princípio de fechamento, no sentido de que
padronizados (Dressel e Nelson, 1956; Buros, 1959; Morris, 1961). uma tentativa foi feita para ordenar os resultados educacionais em
Sem dúvida, a ênfase renovada em objetivos mais comnlexos é atri- três domínios - cognitivo, afetivo e psicomotor - e de que os
buível, em alguma medida, à existência e ao uso da Taxionomia. propositores do esquema devem se responsabilizar pelo completa-
Tenhamos ou não uma verdadeira taxionornia, é claro que o mento do esquema ou então por uma confissão de que seja impra-
Compêndio Primeiro: O Domínio Cognitivo provou ser útil de algu- ticável.
mas das maneiras originalmente imazin adas pelos examinadores res- Dois de nós, que estivéramos ocupados no trabalho original com
ponsáveis por seu desenvolvimento. Deve-se esperar que nova pes- a classificação de alvos educacionais, sentimos alguma responsabili-
quisa surja para determinar mais claramente se o grupo desenvolveu dade especial com relação à conclusão do segundo Compêndio. Com
um esquema de classificação ou uma ordem taxionômica. Ambos são o consentimento da maioria dos outros membros da comissão original
úteis, mas a última, na verdade, teria maior alcance em conseqüên- de examinadores do college e da universidade, assumimos a tarefa de
cias, tanto para o trabalho prático como teórico, na educação. completar este Compêndio. Fomos auxiliados por uma série de crí-
ticos (vide p. xdo Prefácio), que fizeram sugestões após lerem
o Início do Trabalho sobre o Domínio Afetivo o primeiro esboço da obra. Depois de examinar ° primeiro rascunho
dos capítulos da I Parte e das descrições de categorias da II Parte,
A utilidade do Compêndio Primeiro e lima variedade de pressões Bertram B. Masia foi persuadido a escrever as seções sobre testagem
nos conservaram cônscios da necessidade de com plet ar um segundo dos objetivos afetivos na II Parte do Compêndio. Uma vez que
Compêndio sobre o domínio afetivo. O grupo de examinadores res- não houve reuniões da organização de examinadores desde 1957, eles
ponsáveis pelo desenvolvimento do domínio afetivo também sentiu não julgaram o manuscrito como um grupo, e a responsabilidade do
grande interesse e ~lguma responsabilidade de preparar o segundo esquema de classificação deve permanecer conosco. Nós o apresenta-
volume. A uma subcomissão foi delegada responsabilidads de traba- mos com alguma apreensão e numa expectativa total de crítica
lhar nos vários aspectos do domínio. Pelo menos, seis reuniões de severa de muitos pontos.
12 Taxiol1omia de Objetivos Educacionais
I
14 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 15
I
11I
atividades regulares de escolas e professores. Indubitavelmente, qua- tensão de tipos de objetivos cognitivos, e os professores e examina- 1'\,
se todo professor está alerta para indícios de interesses e atitudes dores hesitam pouco ao atribuir a um estudante uma nota A ou F, "
desejáveis e do desenvolvimento do caráter. Todavia, a maior parte com base em sua realização nesses exames de aproveitamento cogni-
disto é a observação de características inusitadas ou desenvolvimen- tivo, Ao contrário, os professores e examinadores não consideram
tos dramáticos quando se impõem à atenção do professor. O que apropriado classificar os estudantes relativamente a seus interesses,
li'
está faltando é um esforço sistemático para colher dados de cresci- atitudes ou desenvolvimento de caráter. Efetivamente, um estudante
mento em objetivos afetivos, o que, de qualquer maneira, é paralelo que está num extremo nesses objetivos afetivos pode ser disciplinado
aos esforços muito grandes e muito sistemáticos para avaliar a con- pelas autoridades escolares, enquanto um estudante, no outro extre-
mo, pode ser considerado tão favoravelmente pelos professores que li!
secução cognitiva.
recebe sejam quais forem as recompensas e honras que estejam dis-
poníveis para o propósito (e. g., a atenção do professor, direito a
Erosão de Objetivos Afetivos posições de prestígio na classe, etc.).
Uma parte considerável da hesitação no uso de medidas afetivas
Estudamos a história de vários cursos importantes no nível ge- para propósitos de classificação provém da inadequação das técnicas
ral de educação no college. De forma característica, descobrimos que de apreciação e da facilidade com que um estudante pode explorar
na exposição original de objetivos havia freqüentemente tanta ênfase a sua capacidade em detectar as respostas que serão premiadas e as
em objetivos afetivos como em objetivos cognitivos. Algumas vezes, respostas que serão sujeitas à penalidade. Em contraste, pressupõe- III
nos anos iniciais do curso, era feita uma pequena tentativa para se que um estudante que responde de uma maneira desejável, numa
I
obter evidências da medida em que os estudantes estavam se desen- medida cognitiva, na verdade possui a competência da qual essa é II
volvendo nos comportamentos afetivos, uma amostra. Por exemplo, se desejamos determinar se um curso de
Entretanto, como acompanhamos alguns desses cursos por um humanidades resultou em "um interesse em buscar e apreciar uma
ampla variedade de experiências musicais", podemos tentar avaliar 11II
,
período de dez a vinte anos, descobrimos antes um término rápido
dos objetivos afetivos nas exposições a respeito do curso e um de- a variedade de experiências musicais das quais o estudante participou
saparecimento quase completo de esforços de avaliação do cresci. por sua própria vontade, previamente, durante ou subseqüentemente
mento do estudante neste domínio. ao curso de humanidades. Hesitamos em dar crédito à evidência
Ficou evidente para nós que existe um tipo característico de aparente de que um estudante desenvolveu tal interesse, porque
erosão em que a intenção original de um curso ou de um programa ternos dificuldade em determinar a diferença entre uma resposta
educacional se torna debilitada em relação ao que pode ser avaliado natural ou honesta e uma que é dada unicamente para agradar o
explicitamente para propósitos de graduação e que pode ser facil- professor e podemos mesmo ter alguma dúvida a respeito da exatidão
mente ensinado através de métodos verbais (conferências, discussões, com que o estudante recorda tais experiências, Por outro lado, se
materiais de leitura, etc.). Há uma mudança real na intenção, que o nosso objetivo é "o desenvolvimento da capacidade de se tornar
sobrevém com o tempo. Pode ser verdade que é mais fácil ensinar sensível e de perceber aspectos diferentes da obra musical", podemos
e avaliar objetivos cognitivos, Porém, nós realmente duvidamos que apresentar-lhe uma série de seleções musicais que têm probabilidade
esta seja a influência determinanrs exclusiva e acreditamos que certo de serem desconhecidas para ele. Então, através de interrogatório
número de forças seja responsável pela erosão das intenções. cuidadoso, determinar que elementos percebeu e quais não percebeu.
Não hesitaríamos em atribuir-lhe uma nota, em relação ao segundo
objetivo, mas teríamos considerável hesitação em reprová-lo ou dar-
Classificação Escolar e Objetivos Afetivos lhe uma nota alta, na base de nossos dados sobre o primeiro objetivo.
Todavia, ainda que esta dificuldade com medidas afetivas apresente
uma série de problemas técnicos, eles poderiam provavelmente ser
o fracasso em avaliar o aproveitamento dos alunos em objetivos
solucionados com considerável esforço.
afetivos é a explicação para uma grande parte da erosão. O apro-
Uma razão muito mais séria para a hesitação no uso de medidas
veitamento cognitivo é considerado como um "jogo limpo" para pro-
afetivas para propósitos de classificação provém de valores filosóficos
pósitosde classificação. Os exames podem incluir uma grande ex-
16 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 17
e culturais algo mais profundos. Aproveitamento, competência, pro- ou uma habilidade muito específica é aprendido rapidamente e de-
dutividade, etc. são considerados como fatos públicos. Recompensas monstra resultados imediatos nos exameacognitivos. Mesmo capaci-
são conferidas por alto aproveitamento, listas honoríficas podem ser dades mais complexas podem ser aprendidas num curso de um se-
publicadas pelo Decano e listas de vencedores de Erudição de Exce- mestre ou de um ano, e as evidências da aprendizagem podem ser
lência Nacional podem ser impressas em jornais. Pelo contrário, as vistas no exame feito no fim do curso. Comparativamente, pressu-
crenças, atitudes, valores e características da personalidade de al- põe-seque interesses, atitudes e características de personalidade se
guém têm mais probabilidade de ser considerados como assuntos desenvolvam relativamente devagar e que sejam manifestos por téc-
particulares, exceto nos exemplos mais extremos já mencionados. As nicas de avaliação somente durante longos períodos de tempo, talvez
minhas atitudes em relação a Deus, lar e família são assuntos pes- mesmo em anos. Se estas pressuposições são corretas, somente pode
soais, e esta intimidade é geralmente respeitada. Minhas atitudes ser revelado por muito mais dados, do que os que agora são viáveis.
políticas são particulares; posso revelá-Ias, se desejo, mas ninguém É ainda possível que exatamente o oposto possa ser verdade,
pode me forçar a fazê-lo. De fato, meu comportamento eleitoral é isto é, que os comportamentos afetivos sofram muito mais trans-
usualmente protegido pela compreensão pública. O lar de cada ho- formações súbitas, do que os comportamentos cognitivos. O que é
mem é o seu castelo, e seus interesses, valores, crenças e personali- mesmo mais provável é que certos objetivos, no domíniocognitivo
dade não podem ser sondados, a menos que ele voluntariamente dê e afetivo, possam ser aprendidos ou desenvolvidos rapidamente, ao
permissão para serem revelados. Esta condição pública-privada de passo que outros objetivos, em ambos os domínios, possam ser desen-
comportamentos cognitivos vs. comportamentos afetivos está profun- volvidos somente através de um longo período de tempo. Está im-
damente enraizada na religião judaica-cristã e é um valor altamente plícita na Taxionomia a pressuposição de que os objetivos, que re-
acalentado nas tradições democráticas do mundo ocidental. caem nas primeiras categorias (e. g., Conhecimento, Aquisição) têm
Estreitamente ligada a este aspecto privado do comportamento probabilidade de serem aprendidos mais rapidamente e mais facilmen-
afetivo, está a distinção feita Ireqüentemente entre educação e dou- te, do que os objetivos que recaem nas últimas e "mais elevadas"
trinação numa sociedade democrática. A educação dá acesso para pos- categorias (e. g., Síntese, Tendências generalizadas). De qualquer
sibilidades de livre escolha e decisão individual. A educação ajuda maneira, uma classificação útil de objetivos e comportamentos afe-
o indivíduo a explorar muitos aspectos do mundo e mesmo de seus tivos e cognitivos ajudaria a apresentar estas pressuposições a res-
próprios sentimentos e emoção, mas escolha e decisão são assuntos peito de mudança (tanto quanto as condições exigidas para a mu-
do indivíduo. Por outro lado, a doutrinação é considerada como capaz dança) em diferentes tipos de objetivos, sejam eles cognitivos ou
de reduzir as possibilidades de livre escolha e de decisão. Éconsi- afetivos.
deradacomo uma tentativa para persuadir e compelir o indivíduo
a aceitar um ponto de vista ou crença específica, a agir de uma
maneira particular e a manifestar um valor e uma maneira de vida Ensino da Aprendizagem Afetiva em Relação à
específicos. Gradualmente, educação chegou a significar, quase ex- Aprendizagem Cognitiva
clusivamente, um exame de questões cognitivas, Doutrinação chegou
a significar o ensino de comportamento afetivo, tanto quantocogni- Antes de encerrar esta discussão das causas da erosão de obje-
tivo, Talvez um reinício de toda a questão nos ajudasse a perceber tivos afetivos, deveríamos salientar a distinção entre objetivos, como
mais claramente as fronteiras entre educação e doutrinação, e a sim- metas, em relação aos quais se deve trabalhar diretamente, e obje-
ples dicotomia expressa acima entre comportamentucognitivo e afe- tivos, que se pressupõe serem subprodutos de outros objetivos (Sawin
tivo não seria percebida mais como tão real quanto a separação mais e Lorce, 1959). Por um longo tempo, se pressupôs que, se um estu-
fácil das duas sugestões. dante aprendia os objetivos de informação de um curso, desenvolve-
ria os objetivos de solução de problema, naquele curso, como conse-
qüência direta desta aprendizagem de informações. Desta maneira,
A Vagarosa Consecução dos Objetivos Afetivos a responsabilidade do professor se reduzia a proporcionar experiências
de aprendizagem, para desenvolver as informações, nos estudantes,
Outra causa de erosão nos objetivos afetivos está relacionada e o exame era destinado a apreciar o progresso dos estudantes em
com a imediaçâo dos resultados. Um item particular de informação relação aos objetivos de informação. Como resultado da pesquisa e
I 18 Taxionomia de Objetivos Educacionais
CAPíTULO 3
ou valores de OUtra pessoa ou sociedade" (p. 272). Um antigo axioma afirma que "o crescimento ocorre de dentro
para fora". O termo "internalizaçâo" se refere a este crescimento in-
A definição de English e English de internalização como "in- terior, que tem lugar à medida que há "aceitação, pelo indivíduo,
corporação. .. em ( alguém)" ou "adoção como seus" sintetiza o das atitudes, códigos, princípios ou sanções, que se tornam uma par-
aspecto principal da internalização. Todavia, tal como é considerado te de si mesmo, na formação de julgamentos de valor, ou na deter-
na T axionomia, pode ocorrer em graus variáveis, dependendo da minação de sua conduta" (Good, 1959, definição de "internalização",
extensão em que existe uma adoção dos valores de outros. Desta p. 296). Este crescimento ocorre de diferentes maneiras. Uma des-
maneira, na T axionomia, a internalização é encarada como um pro- sas maneiras é o impacto emocional aumentado da experiência. Nos
cesso através do qual primeiro existe uma adoção incompleta e ten- níveis mais baixos do continuum da internalizaçâo existe 'pouca
tativa de apenas manifestações abertas do comportamento desejado emoção no comportamento. Neste extremo, o indivíduo, sobretudo,
e, mais tarde, uma adoção completa. está apenas percebendo o fenômeno. Nos níveis médios, a resposta
emocional é uma parte reconhecida e crítica do comportamento, à
English e English observam que o termo é um parente próximo
medida que o indivíduo responde ativamente. Tanto quanto o com-
do termo "socialização" que, embora seja "muitas vezes usado COmo
portamento se torna completamente internalizado e de rotina, esta
sinônimo, ... (significa propriamente) ... conformidade, no compor-
emoção decresce e não é uma parte regular da maioria das respostas.
tamento exterior, sem necessariamente a aceitação de valores". Eles
Outro aspecto do crescimento é a extensão em que o controle
definem socialização como "o processo pelo qual uma pessoa ... ad-
externo, pelo ambiente, se submete ao controle interior, à medida
I quire sensibilidade a estímulos sociais ... e aprende a conviver e a que alguém escala o contenuaom; Desta maneira, no extremo mais
se comportar de forma semelhante a outros, em seu grupo Ou cultu-
I
baixo do continuum, o controle interior serve apenas para dirigir a
ra" (p. 508). Eles também observam que é Uma parte importante atenção. Em níveis mais altos, o controle interior produz respostas
na aquisição da personalidade.
apropriadas, mas somente por ordem de uma autoridade externa. Em
O conceito de socialização de English e English ajuda a definir níveis ainda mais elevados, o controle interior produz a resposta
\ uma parte do conteúdo do domínio afetivo - aquela que é inter- apropriada, mesmo na ausência de uma autoridade externa. Na ver-
J
nalizada -, tanto quanto a primeira parte do próprio processo. Mas, dade,em níveis ainda mais altos, estas respostas são produzidas
mesmo como descrição do conteúdo do domínio afetivo, esta defi- consistentemente, a despeito de obstáculos e barreiras 3.
nição deve ser interpretada de um modo geral, uma vez que "a sen-
2 A internalização de comportamentos socialmente desaprovados, tanto quanto
sibilidade aos estímulos sociais" deve incluir tanto a arte, quanto dos socialmente aprovados, é possível e realmente ocorre. Mas a menos que tal
o comportamento dos outros. comportamento seja usado como uma meta ou objetivo educacional, não há uma
tentativa para incluí-lo nesta estrutura. Desta maneira, em geral o medo, a re-
Esta definição sugere que a cultura é percebida como força de gressão e as várias formas dedesajustamento social, ainda que de interesse para
controle, nas ações do indivíduo. É verdade que a internalização dos muitos teóricos em psicologia, se acham fora do alcance dos objetivos educacionais
valores predominantes da cultura descreve a grandeza dos objetivos e, portanto, não são incluídos pela Taxionomia. Todavia, em algumas raras oca-
contemporâneos. Mas é igualmente verdade que nossas escolas, em siões, algumas emoções "negativas", tais como desagrado ou indignação (e.g.,
quando a igualdade racial não é observada) ou medo (e.g., de dano corporal,
seus papéis no desenvolvimento do individualismo e como agentes quando regras de segurança são violadas), podem aparecer como um objetivo edu-
de mudança, em nossa cultura, não estão unicamente preocupadas cacional. Podem ser reenunciadas em sua forma mais usual, para salientar o lado
com conformidade. Internalização, tal como é definida na Taxiono- positivo (e.g., compromisso na observação da igualdade racial, conformidade com
regras de segurança). Por tal reenunciação, a estrutura atual poderia Ser usada,
mia, de forma igual, provê o necessário tanto para o desenvolvi- seja para objetivos orientados positivamente, Ou para aqueles orientados "negati-
mento da conformidade quanto da não conformidade, à medida que vamente".
cada papel impregna o comportamento individual. O termo "inter- 3 Como pode ser observado, por referência ao Apêndice A, ou Parte II, os
nalização", referindo-se ao processo através do qual valores, atitudes, títulos das categorias subentendem esta mudança na direção de controle. Um nível
mais baixo é intitulado Resposta, indicando desta maneira que o indivíduo está
etc., em geral são adquiridos, é, desta maneira, mais amplo do que reagindo a um controle exterior. O próximo nível é intitulado Valorização, para
mostrar que o controle está se tornando interno.
(
30 Taxionomia de Objetivos Educacionais
I,
I te, tem um aspecto de simples-a-complexo,. tanto quanto um de T.Oi outra pessoa ou grupo. Adota o comportamento induzido, não por-
concreto-a-abstrato. Existe a transição do controle externo-a-externo. que acredita em seu conteúdo, mas porque espera obter recompen-
Há um componente emocional que aumenta até um ponto no conti- sas específicas ou aprovação e evitar punições específicas ou desa-
nuum. Finalmente, há aspectos de consciente-a-inconsciente e os aS- provação, sujeitando-se ....
pectos cognitivos da organização de componentes das atitudes. (Os Identificação pode-se dizer que ocorre quando um indivíduo
últimos são considerados, em maior detalhe, no próximo capítulo.) aceita a influência, porque quer estabelecer ou manter uma relação
Qualquer continuum pode ser mais fácil e mais precisamente satisfatória com outra pessoa ou grupo (e.g., o professor ou outra
definido, se é unidimensional. Mas 'parece improvável que possamos autoridade escolar). . .. O indivíduo verdadeiramente acredita nas
explicar os fenômenos afetivoscom um continuum unidimensional respostas, que adota através da identificação. . .. A satisfação de-
nestas circunstâncias de nosso conhecimento. Temos achado o termo rivada da identificação é devida ao ato de conformidade, como tal.
"inteligência" um conceito extremamente útil, mesmo que possa ser Internalização pode-se dizer que ocorre, quando um indivíduo
argumentado que é multidimensional. Espera-se que internalização aceita a influência, porque o conteúdo do comportamento induzido
se revelará COmo sendo uma base analogamente útil, para esta es- - as idéias e açôes das quais é composto - é intrinsecamente gra-
trutura, mesmo que também seja provavelmente multidimensional. tificante. Adota o comportamento induzido, porque é congruente
Posteriores indícios, para a significação de internalização, podem com seu sistema de valores. . .. O comportamento adotado desta
ser encontrados em seus usos prévios. Por exemplo, Pitts (1961) usa maneira tende a ser integrado com os valores existentes do indivíduo.
o termo, aparentemente para substituir o termo "identificação", onde Assim, a satisfação, derivada da internalizaçáo, é devida ao conteúdo
o último se refere ao fato de uma pessoa assumir os valores e as do novo comportamento 4.
atitudes de outra. Desta maneira, em sua descrição do conceito de A T axionomia, como uma categorizaçâo das metas do professor,
Freud, da diferenciação do superego, ele observa que a criança in- está menos interessada no processo particular de ensino, pelo qual
ternaliza a figurado pai, para formar o superego, como uma maneira um tipo de comportamento é alcançado, do que Kelman. Mas real-
de resolver as pressões e exigências da família. Nota que "as coleti- mente reconhece os diferentes produtos cornportamentais que Kel-
vidades importantes, tais como a igreja, o estado e o exército podem man descreve. A Taxionomia utiliza o termo "internalização", para
substituir as figuras parentais, que o adolescente, em crescimento, incluir todos os três termos de Kelman, reconhecendo-os como está-
acha carentes em onipotência ou onisciência" (p. 687). Podíamos dios diferentes no processo de internalização. Desta maneira, a "con-
acrescentar a escola a esta lista, como uma daquelas coletividades, descendência" de Kelman corresponde a um nível muito precoce, no
que substituem a figura parental e, desta maneira, modificam o pa- continuum de internalização, no qual o aluno cede às expectações,
drão internalizado de valores. A escola favorece a diferenciação do sem compromisso com elas. A "identificação" de Kelman está mais
superego, proporcionando modelos adicionais para substituir a figura adiante, ao longo do processo de internaliz açáo e assim é considera-
parental e, como o faz qualquer instituição, utilizando outros meios, da, nos estádios médios do continuum. Nessas posições, o indivíduo
além de exemplo, para prover do necessário para o desenvolvimento responde com o comportamento desejado, obtendo alguma satisfação
de atitude e valor. Assim, o termo "internalizaçâo", tal como é usado desta resposta e aceitando os valores implícitos no comportamento
por Pitts, na descrição do desenvolvimento do superego, descreve _ ou, como Kelman diz, "verdadeiramente acreditando" neles. O
uma maneira de julgar a internalização, que é consistente com o uso que Kelman faz do termo "internalização" se refere ao produto
modo como o termo é usado na Taxionomia. final do processo educacional e de internalização: uma pessoa aceitou
Kelman (1958) usou o termo na descrição de uma teoria de certos valores, atitudes, interesses, etc., em seu sistema, e é por eles
mudança de atitude. Distinguiu três processos diferentes (condes- orientada, a despeito da vigilância ou proeminência de um agente de
cendência, identificação e internalização), pelos quais um indivíduo influência, seja ele o professor, o diretor ou outros. A pessoa age
aceita influência ou se sujeita. Estes três processos são definidos, assim. porque fazê-lo é em si satisfatório para ela. Como seria espe-
como se segue:
Condescendência pode-se dizer que ocorre quando um indivíduo
.4 KELMAN, 1958, p. 53.
33
32 Taxionomia de Objetivos Educacionais Dominio Afetivo
1'1 ag,l'lláticas, é possível que trabalho ulterior possa sugerir que ou-
rado, este tipo de comportamento é descrito como o extremo mais
IIOH pontos de interrupção sejam mais satisfatórios. As divisões entre
elevado do continuum. Ali, a pessoa é descrita como respondendo
.IS categorias principais se comprovaram bastante úteis na análise
com cometimento: aceitando um valor dentro de seu sistema, orga-
.lI' objetivos. ~entimo-nos mais seguros das divisões principais do
nizando esse sistema e desenvolvendo um complexo de valores, que
qlll~ das subcategorias, algumas das quais parecendo mais fáceis de
orienta o seu comportamento.
,klillear do que outras.
Desta maneira, a Taxionomia utiliza o termo "internalização"
Os passos, no processo, e sua descrição são apresentados em de-
de forma mais ampla do que Kelman, se referindo a um processo,
I .rlhc na II Parte e resumidos no Apêndice A. São considerados aqui,
que inclui certo número de estádios de internalização, aonde ele
para tornar o leitor familiarizado com eles e para demonstrar o pa-
alude a um sistema internalizado, como um produto final.
r.rlclo entre a descrição da internalização, que foi desenvolvida, e os
Talvez a melhor compreensão de como o termo é usado, na passos e níveis, em que foi arbitrariamente dividido.
Taxionomia, seja _obtida, recorrendo à própria estrutura.
Começamos com o indivíduo estando cônscio dos estímulos, o
que inicia o comportamento afetivo e forma o contexto em que o
A Internalização como Aparece na Estrutura da Taxionomia comportamento afetivo ocorre. Desta maneira, a categoria mais baixa
{. 1.0 Acolhimento. Está subdividida em três categorias. No nível
o processo de internalização pode ser descrito, resumindo o con- 1.1, de Percepção, o indivíduo meramente tem a sua atenção atraída
para os estímulos (e.g., ele desenvolve alguma consciência do uso
tinuum, em níveis sucessivos, como aparecem na Taxionomia do
Domínio Afetivo. O processo inicia, quando a atenção do estudante do sombreado, para representar profundidade e iluminação num qua-
é captada por algum fenômeno, característica ou valor. À medida dro 5). A segunda subcategoria, 1. 2, Disposição para receber, des-
que presta atenção ao fenômeno.caracterfstica ou valor, ele o dife- creve o estado em que ele diferencia os estímulos de outros e está
rencia de outros, presentes no campo perceptual. Com a diferencia- disposto a dar-lhes atenção (e. g., desenvolve uma tolerância para os
ção, vem uma procura do fenômeno, à medida que lhe agrega signi- usos bizarros do sombreado na arte moderna). Em 1. 3, A tenção con-
ficação emocional e vem a valorizá-lo, Conforme o processo se des- trolada ou seletiva, o estudante procura os estímulos (e. g., está
dobra, ele relaciona este fenômeno a outros fenômenos, que também alerta para casos em que o sombreado foi usado tanto para criar
têm valor. Esta resposta é suficientemente freqüente, de forma que um sentido de profundidade tridimensional, como para indicar a ilu-
vem a reagir regularmente, quase automaticamente, a ele e a outras minação do quadro; ou procura palavras pitorescas na leitura).
coisas como ele. Finalmente, os valores são inter-relacionados numa No próximo nível, 2.0, Resposta, o indivíduo é percebido como
estrutura ou visão do mundo, que ele leva como uma "direção" para respondendo regularmente aos estímulos afetivos. No nível mais
novos problemas. baixo de resposta, 2.1, Aquiescência na resposta, está meramente
Mesmo a partir desta descrição abstrata, pode ser percebido que condescendendo com as expectativas (e.g., por solicitação do profes-
o processo de internalização representa uma modificação contínua sor, pendura reproduções de pinturas famosas, em seu quarto; obe-
do comportamento, desde o indivíduo estar cônscio de um fenômeno, dece às leis do tráfego). No próximo nível mais alto, 2.2, Disposição
até uma perspectiva difundida da vida, que influencia todas as suas para responder, responde cada vez mais a uma coerção interior (e. g.,
ações. voluntariamente procura exemplos de boa arte, em que o sombreado,
a perspectiva, o colorido e o desenho tenham sido bem utilizados,
Embora esta descrição do processo parecesse razoavelmente sa-
ou tem interesse em problemas sociais mais amplos do que os da
tisfatória, se tivesse de ser proporcionada uma estrutura hierárquica
comunidade local). Em 2.3, Satisfação na resposta, responde tarn-
e uma descrição mais adequada do processo, ficou claro que o con-
tinuum precisava ser dividido em passos ou estádios. Tanto quanto
possível, quando isto foi feito, os lugares exatos de interrupção, en- 5 Este mesmo objetivo é sucessivamente modificado, para transferi-Io através
tre os passos, foram localizados onde parecia haver algum tipo de de muitos níveis do continU1?m. Os leitores, que desejam uma descrição mais com-
transição, tais como o acréscimo de um novo componente ou um pleta dos argumentos subjacentes à classificação deste objetivo, em qualquer nível,
novo tipo de atividade. Uma vez que os limites das categorias são deveriam recorrer às pp, 64-68, do Capítulo 5, onde o mesmo exemplo é usado e
o seu desenvolvimento, através da hierarquia, é explicado minuciosamente.
completamente arbitrários e podem ser defendidos somente em bases
:~4 Taxionomia de Objetivos Educacionais
Domínio Afetivo 35
bém emocionalmente (e.g., trabalha com barro, especialmentecon-
Ieccionando cerâmica para prazer pessoal). Até este ponto, ele dife- I .O Acolhimento (atenção) 3.0 Valorização
3.1 Aceitação de um valor
renciou os estímulos afetivos; começou a procurá-los e a eles incor- 1.1 Percepção 3.2 Preferência por um valor
porar significação emocional e valor. 1.2 Disposição para receber 3.3 Cometimento (convicção)
A medida que o processo se desdobra, os próximos níveis de 1.3 Atenção controlada ou seletiva 4. O Organização
4.1 Conceitualização de um valor
3.0, Valorização, descrevem crescente internalização, ao passo que
4.2 Organização de um sistema de
o -comportamento da pessoa é suficientemente consistente, para que 2.0 Resposta valores
aceite um valor: 3.1, Aceitação de 'um valor (e.g., desejo contínuo 2.1 Aquiescência na resposta
5. O Caracterização por um valor ou
de desenvolver a habilidade de escrever efetivamente e de dominar complexo de valores
2.2 Disposição para responder 5.1 Direção generalizada
esta habilidade mais solidamente), 3.2, Preferência por um valor
2.3 Satisfação na resposta 5.2 Caracterização
(e.g., procura exemplos de ,boa arte, para apreciá-los num nível, em
que se comporta a fim de favorecer ativamente esta impressão) e
3.3, Cometimento (t. g., fé no poder da razão e no método de expe-
rimentação ). Relação da Estrutura do Domínio Afetivo
À medida que o aprende internaliza sucessivamente valores, en- com os Termos Afetivos Comuns
contra situações, para as quais é pertinente mais de um valor. Isto
exige a organização de valores num sistema, 4.0, Organização. E,
desde que um pré-requisito para a inter-relação de valores é sua Como foi observado no início deste capítulo, a análise daqueles
conceitualização, numa forma que permita organização, este nível é termos comumerite usados, como interesse, atitude, apreciação e va-
dividido em dois: 4.1, Conceitualização de U1n valor (e.g., deseja lor, demonstrou ter cada um deles uma extensão ampla de significa-
avaliar obras de arte que são apreciadas, ou descobrir e concretizar ções. Quando examinamos a extensão de significações, para cada
as pressuposições básicas que estão subjacentes a códigos de ética) termo, e comparamos esta extensão à estrutura da Taxionomia, des-
e 4.2, Organização de um sistema de valores (e. g., aceitação do lu- cobrimos que geralmente cada termo ajustava-se a significações,
gar da arte como de valor dominante, na vida da pessoa ou consi- além de uma seção do co-ntinuuan. de internalização. A Fig. 1 ilustra
dera maduramente orientaçôes e práticas sociais alternativas, em este fato.
comparação com padrões de bem-estar público).
Desta maneira, foram encontrados objetivos, em que a interpre-
Finalmente, os processos de internalização e de organização tação do termo "interesse" se distribuía desde o estar o estudante
atingem um ponto, em que o indivíduo responde de forma muito cônscio de que existe um fenômeno até o comportamento de procurar
consistente a situações carregadas de valor, com um conjunto inter- avidamente um fenômeno. Isto é demonstrado, na Fig. 1, pela linha,
relacionado de valores, uma estrutura, uma visão do mundo. A ca- assinalada com "Interesse", que se estende da categoria 1.1 da Ta-
tegoria da T axionom-ia que descreve eSte comportamento é 5. O, «ionomia, Percepção, até 3.2, Preferência por um valor. Aparente-
Caracterização por um valor ou por um cornplexo de valores, e inclui mente, o termo "interesse" descreve tipicamente o comportamento,
5.1, Direção generalizada (e.g., percebe todos os problemas em ter- que seria classificado nos níveis mais baixos da T axionomia. Rara-
mos de seus aspectos estéticos, ou prontidão para revisar julgamen- mente seria interpretado como descrevendo um comportamento, que
I
tos e modificar o comportamento, à luz da evidência) e 5.2, Ca- descrevêssemos como Cometimento ou mais alto que este.
racterização (e.g., desenvolve uma filosofia de vida consistente).
Privados de Suas definições, os títulos das categorias e sub- A interpretação do termo "apreciação", como aparece nos obje-
categorias se apresentam em seqüência da seguinte maneira (vide tivos, mostra que pode se referir a comportamento tão simples como
I
também Apêndice A): o de estar a pessoa disposta a prestar atenção a certos aspectos de
um fenômeno, a sentir uma resposta para algum estímulo, ou a de-
monstrar uma preferência por certo comportamento ou estímulos.
Desta maneira, a apreciação não seria interpretada tipicamenteco-
I mo incluindo os comportamentos dos níveis mais baixos da Taxio-
nomia, nem dos mais altos, A linha, na Fig, 1, mostra o segmento
Domínio Afetivo 37
36 Taxionomia de Objetivos Educacionais
do contirvuum, que parece incluir o tamanho de sua extensão de
significações 6.
;:: PERCEPÇÃO De modo análogo, quando examinamos a extensão de interpre-
O tações, dada aos termos "atitude" e "valor", em objetivos educacio-
I-
Z
UJ
nais, descobrimos que se distribuíam desde situações, em que era
;:;: "! PARA esperado que o estudante demonstrasse um comportamento parti-
~ ~
DISPOSiÇÃO
RECEBER
:x:
.J cular, especialmente com certa quantidade de emoção (entusiasmo,
O
o ardor, ou mesmo desgosto, se apropriada), em relação a situações,
«
M ATENÇÃO CONTROLADA em que poderia perder tempo, para expor o valor, ou comunicá-lo a
,.; OU SELETIVA
4 outros. Desta maneira, as linhas para estes termos, na Fig. 1, se es-
.~. tendem de 2.2, Disposição para responder, até 4.1, Conceitualização
de um oalor.
~ AQUIESC~NCIA
UJ O termo "ajustamento" pareceu assumir uma extensão de signi-
oj NA RESPOSTA CIl
CIl ficações, desde a simples demonstração de comportamento apropria-
<I:
I-
~-
UJ
I-
do na interação social, até a inter-relaçâo de um aspecto de si mesmo
o
m
O "! DISPOSiÇÃO PARA O ~ a outro - a perspectiva de vida da pessoa. Desta maneira, a linha,
oj Q. '<1:
m
'" RESPONDER
<> que indica a sua extensão de significações, se estende desde 2.2,
UJ <I:
a:
o Disposição para responder, até 5.2, Caracterização. Tem a extensão
UJ
a:
Q.
potencial mais ampla de significações do que qualquer dos termos',
"? SATISFAÇÃO NA
O< RESPOSTA <I: estendendo-se quase de lado a lado de toda a extensão das categorias
taxionômicas.
Vários pontos a respeito desta figura são dignos de nota. Todos
~ ACEITAÇÃO DE os termos se superpôem em significação na extensão média do cot~-
M UM VALOR m
rI: ur tinuum da T axionomia. Nenhuma especificidade pode ser obtida,
O O o
«t
o-
<I:
~-
>
:>
I-
I-
recolocando um termo ao longo do outro e as possibilidades de con-
o N O< PREFERtNCIA POR <I: fusão são grandes.
M c: M UM VALOR Um corolário desta observação é que nenhum termo (e.g., ati-
O
-'
<I:
O
I-
tude) descreve de forma única o seu segmento todo do continuu1n.
> Z
Qualquer termo é sobreposto por, pelo menos, um outro termo, nu-
UJ
;:;:
::i COMETIMENTO
<I: ma porção importante daquela parte do continuum, que descreve.
I-
m Somente os termos "interesse" e "ajustamento", nos' extremos
:>
~ mais baixo e mais alto, respectivamente, não são sobrepostos por
O outro termo, em uma porção do continuum que incluem. Nos objc-
'<1: '"": CONCEITUALIZAÇÃO
o- .,. DE UM VALOR tivos, que analisamos, "interesse" parece ser usado mais freqüente-
<I:
o N mente para descrever comportamento em relação à extensão média
"" z
<I: do continuum, do que quando poderia ser utilizado com significação
0 "! ORGANIZAÇÃO DE UM
c:
'r SISTEMA DE VALORES única, no extremo mais baixo. Por outro lado, "ajustamento" mais
O
00
.«x 6 Apreciação é às vezes interpretada como significando que o estudante p,,<I~
oUJm
<I:-'UJ
'"": DIREÇAo descrever aquele aspecto de um fenômeno (e.z., uma dança) que aprecia. N~,tr
NQ.c: '0 GENERALIZADA
-::>:0 sentido, a linha deveria se estender até 4.1, Conceitualização de um valor. Con-
~ 0:0-'
UJu<l:
-, tudo, raramente um objetivo de apreciação implica num cometimento em relação
~;:!l> a um valor, Esta anomalia é discutida, mais adiante, na descrição da catcgoriu
«:>UJ
a:a:O
~ CAflACnnlZAçAo 4.0. na II Parte.
~~
cada ocasião, sem uma consistência total, quanto ao grau de mora- O tipo final, descrito por Peck e Havighurst, é o altruísta-racio-
lidade em situações diversas ... Num certo sentido, poder-se-ia dizer nal, percebido como o nível mais elevado de maturidade moral. O
que tal pessoa tem uma consciência crua ... " (1%0, pp, 5-6). Não superego de tal pessoa "é enrrernesclado e integrado com princípios,
é inteiramente claro até que ponto da Taxionomia este tipo de ca- derivados da avaliação racional da experiência.. .. Ele ativamente é
ráter nos leva. Uma vez que a criança agora apresenta voluntaria- por seus princípios, não como um conformista passivo, nem como um
mente conformidade, existe aparentemente uma "disposição para res- 'reformador' intolerante ... Reage com a emoção apropriada à oca-
ponder", caracterizada pela idéia de viver de acordo com regras. A sião. Isto não significa que não seja emocional, porquanto é entu-
segunda categoria do nível 2.0, Resposta, 2.2, Disposição para res- siástico na promoção do que é bom e estimulado para impedir o que
ponder, parece se ajustar muito bem à descrição do tipo. O próximo é mau" (1960, pp. 100-101). Comparando este resumo da descrição
nível, 2.3, Satisfação na resposta, subentende, em sua definição! que do tipo com as categorias da Taeionomia, fica claro que tais indiví-
o comportamento seja acompanhado por uma resposta emocional, duos alcançaram o nível 2.3, Satisfação na resposta, e também atin-
possivelmente de prazer ou satisfação. Ainda que este nível pudesse giram o terceiro nível, 3. O, Valorização, no qual o "que aprende
ser subentendido na descrição dos tipos conformistas, desde que seja manifesta( o) comportamento, com consistência suficiente, em situa-
claro que a resposta é moderada, esta não é a união prazeirosa de ções apropriadas, de maneira a vir a ser percebido como aceitando
valor positivo, que geralmente é o alvo que o professor imagina, um valor" (II Parte, p. 139). Nos níveis mais altos de Valorização,
para esta categoria. ele se comporta de maneira a favorecer ativamente esta impressão,
O quarto tipo é denominado de consciencioso-irracional; é per- uma descrição bastante consistente com o tipo altruísta-racional.
cebido, por Peck e Havighurst como estando aproximadamente no O próximo nível superior da Taxionomia, 4.0, Organização, é
mesmo nível de maturidade psicossocial que o tipo conformista, e é projetado para incluir objetivos, que descrevem a formação de um
um rumo alternativo, através deste estádio de comportamento. O sistema de valores. Abrange os estádios em que o valor é conceitua-
tipo consciencioso-irracional também vive por regras absolutas, mas lizado e em que é integrado num sistema. A comparação da descri-
foi compelido a internalizá-Ias mais completamente que o conformis- ção do estádio altruísta-racional com a T axionomia, indica congru-
ta. "Se ele aceita um ato, que vê como honesto, o leva a cabo, haja ência adicional, porque neste estádio o indivíduo "é 'racional' porque
ou não aprovação das pessoas que o cercam. Ele apela para um I avalia cada ação e seus efeitos realisticamente, à luz de princípios
''I morais inrernalizados, derivados da experiência social" (Peck e Ha-
princípio abstrato de honestidade... O componente irracional é vi-
sível na costumeira rigidez do indivíduo, na aplicação de um prin- vighurst, 1960, p. 8).
cípio preconcebido... Este é o rígido superego 'cego' em ação" A T axionomia reconhece a natureza mutável e <::'ontinuamente
(1960, p. 7). Os aspectos grandemente negativos deste tipo nos ad- em maturação do caráter atribuído ao altruísta-racional. Descreve
vertem que este é um estádio que pode não se ajustar bem nos ní- 4.2, Organização de um sistema de valores, como "um tipo de equi-
veis da T axionomia. Não encontramos freqüentem ente este nível líbrio dinâmico que, em parte, é dependente daquelas porções do
especificado nos objetivos do professor. Talvez esta seja uma omissão ambiente, que 'se destacam no tempo, em qualquer ocasião'" (p. 159).
irrealística, desde que existe neste tipo um elemento de disposição O nível mais alto da Taxionomia é 5.0, Caracterização por um
para "enfrentar e ser levado em conta", em face da pressão social, valor ou complexo de valores e inclui as categorias 5.1, Direção ge-
que admiramos, quando encontrada num indivíduo que é, sob outros neralizada e 5.2, Caracterização. As pessoas, neste nível, são univer-
respeitos, internamente consistente. Ainda que a consistência interna salmente controladas por uma filosofia de vida organizada e integra-
esteja faltando neste estádio, podemos concebê-lo como um passo para da. Desta maneira, os aspectos principais desta categoria são abran-
cima, em relação ao próximo nível de maturidade. Desta maneira, os gidos pela descrição do altruísta-racional. Mas existe um elemento
estádios de internalizaçâo, descritos previamente, para o conformista, de diferença entre a categoria máxima da Taxionomia e a dos está-
seriam aplicáveis aqui, e podemos nos achar impelidos um pouco dios de Peck e Havighurst. A Taxionomi(J é projetada para ser neu-
mais para o alto, na Taxionomia. Os objetivos, que descrevem este tra com respeito a filosofias e sistemas de valores educacionais. O
comportamento, seriam classificados como 3.3, Cometimento, uma altruísta-racional de Peck-Havighurst, entretanto, como o nome
vez que o estudante estaria se comportando de tal maneira, a de- sugere, é "altruísta, porque ele está fundamentalmente interessado
monstrar que ele aceita Um valor específico. no bem-estar dos outros, tanto quanto lW seu próprio" (1960, p. 8),
42 Taxionomia de Objetivos Educacionaís
Domínio Afetivo 43
CAPíTULO 4
A RELAÇÃO DO DOMíNIO AFETIVO
COM O DOMíNIO COGNITIVO
o tempo, a inter-relaçâo desses componentes. Desta maneira, observe Assim, J ames, um precursor da psicologia moderna, admite uniu
como William J ames, escrevendo em 1890 e usando O termo "subje- unidade fundamental do comportamento afetivo e cognitivo, lIlas
tivo", em lugar de "afetivo", inicialmente reconhece a unidade dos progride para uma análise fragmentária, demonstrando como 1II11
T.O,II está envolvido no outro. Que este tipo de raciocínio permaucc.-, {.
dois domínios, mas então analiticamente progride, para explicar co- ~,
mo o comportamento cognitivo está envolvido no comportamento indicado por Rokeach, um psicólogo contemporâneo, que talllJ,{'1I1
afetivo: percebendo a unidade, mostra como um domínio está envolvido 1111
outro. Isto é o que também nós fizemos, ao desenvolver a 'l'aXiIJI/II-
A diferença não está. então... entre certos fatos subjetivos, chamados de mia. Nosso problema foi (reconhecendo a arbitrariedade de nossa
imagens e sensações, e outros chamados de atos relativos à inteligência .... A dife- conceitualizaçâo ) obter uma perspectiva de nossa tarefa, esscuria I
rença está realmente entre dois aspectos, em que todos os fatos mentais, sem exce-
ção, podem ser tomados; seu aspecto estrutural, como subjetivos, e seu aspecto para a formulação de uma estrutura útil.
funcional, como cognições. No primeiro aspecto, tanto o mais e'evado, quanto o
mais baixo, é um sentimento. '" No último aspecto, tanto o fato mental mais
baixo, quanto o mais elevado, pode captar um pouco de verdade como seu conteúdo. A Arbitrariedade dos Esquemas de Classificação
. .. Do ponto de vista cognitivo, todos os fatos mentais são intelecções. Do ponto
de vista subjetivo, todos são sentimentos. ' .. Todo esquema de classificação é uma abstração, que arbitraria-
E então nós percebemos que a oposição corrente entre Sentimento e Conhe-
cimento é realmente uma questão falsa. Se todo sentimento é no mesmo tempo um mente faz divisões entre fenômenos, unicamente para a conveniência
pouco de, conhecimento, não devemos mais falar de estados mentais se diferen- de quem a usa, mais particularmente,para enfatizar alguma ca-
ciando por terem mais, ou menos, da qualidade cognitiva ; eles Somente Se dife- racterística dos fenômenos de importância para quem o usa. Algumas
renciam em' conhecer mais ou menos, em ter muita realidade ou pouca realidade, destas divisões parecem "naturais", uma vez que correspondem a di-
como seu objeto. O sentimento de um esquema amplo de relações é um sentimento
que conhece muito; o sentimento de uma qualidade simples é um sentimento que
ferenças, que são prontamente percebidas, nos fenômenos categori-
conhece pouco", zados. Em outros casos, as diferenças podem ser muito mais difíceis
de perceber e desta maneira parecem mais arbitrárias. Pode-se en-
De forma análoga, Rokeach salienta que, analisando o comporta- contrar tanto classificações "naturais", quanto completamente arhi-
mento.icognitivo, está ao mesmo tempo trabalhando com estados trá rias, dentro da mesma estrutura, dependendo da natureza do k-
afetivos, porquanto todo comportamento cognitivo tem seu equiva- nômeno a ser classificado e do que é importante, para a pessoa que
lente afetivo: está utilizando a estrutura. Para o bioquímico, a dicotomia entre
ciências físicas e biológicas é extremamente arbitrária, e nada hr.
. .. a análise, em termos de crenças e sistemas de crenças, não nos restringe
necessariamente somente ao estudo do comportamento cognitivo. Pressupomos que
de "natural" a respeito, ainda que esta divisão possa ser altamente
cada estado afetivo também tem a sua representação como . um estado cognitivo, útil e "natural" para os administradores de uma grande universidade.
na forma de alguma crença ou de alguma relação estrutural entre crenças, dentro A arbitrariedade da estrutura da Taxionomia é logo aparente,
de um sistema. A respeito do prazer da múr ica, por exemplo, todos nós construímos, entre outras coisas 3, em sua divisão do domínio dos alvos educacio-
através de experiência passada, um conjunto de 'crenças ou expectativas a respeito
do que constitui uma música "boa" e uma música "má". É em termos de tais
nais, em três domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor. Estes pare-
!
expectativas, que são mais implícitas do que explícitas, que nO,5 deleitamos com :'1 cem ser divisões "naturais", uma vez que professores e educadores
uma composição específica. Desta maneira, uma pessoa, a quem é apresentada têm dividido, mais ou menos tradicionalmente, os seus objetivos
uma icomposição específica de música clássica ou de jazz, pode comprazer-se com nessas categorias, seja explícita ou implicitamente. Espera-se que as
e'a, mesmo que lhe seja totalmente desconhecida, porque é congruente com um
conjunto de crenças, já existente, construido através do tempo. Dependendo da ex-
divisões, dentro de cada um dos domínios, também parecerão "na-
tensão, com que está preparada para acolher novos sistemas, pode ou não ter turais", uma vez que o leitor esteja familiarizado com elas. Experi-
prazer com Schõnberg ou outra música, percebida como incompatível com suas mentamos fazer interrupções entre as categorias nos lugares que pa-
próprias Crenças sobre o que constitui uma boa música. ... Em todos os casos, 'I receram ser "naturais", sem tentar forçar uma correspondência entre
o' prazer ou seu oposto é o equivalente afetivo de uma organização de crença e f
pode ser considerado como estando numa relação isomórfica com ela. Desta ma. ~
t
neira, nossa abordagem cognitiva diz tanto respeito a afeição quanto acogniçã02,. f Poderfamos, por exemplo, citar como arbitrária a insistência de que os alvoN
educacionais são mais significativamente enunciados, mais como comportamento.
1 JA~1ES, 1890, pp. 478-79. do estudante, do que como atividades do professor. Mas este aspecto é 11ll~(\O~
2 ROKEACH, 1960, p. 399. pertinente ao tópico do capítulo.
j
48 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 49
os domínios. Se isto permite uma análise mais útil e significativa, Ê possível que um objetivo afetivo diferente acompanhe cada
fica para o que usa julgar. No Capítulo 2, já mostramos a necessi- objetivo cognitivo, num curso+, Fosse esta uma situação comum, a
dade de uma estrutura de classificação e indicamos como se espera presente forma da Taxionomia seria volumosa, porque requereria
que a Taxionomia possa útil e significativamente preencher esta umacategorização dupla de cada objetivo. Emb'ora o presente estado
necessidade. O uso crescente da parte já publicada da Taxionom;{jCl da arte de desenvolvimento de currículo sugira que a última concer-
nos encoraja a acreditar que este tipo de análise se comprovou como nência seja de modo algum imediata, esta não é uma possibilidade
útil e significativa e que esta segunda parte pode se comprovar tam- a ser descartada.
bém como sendo de valor. A relação dos objetivos cognitivos com os afetivos, como é con-
Com 'pleno reconhecimento da arbitrariedade da divisão entre cebida pelos professores, é refletida nas relações das taxionornias dos
comportamento cognitivo e afetivo da T'axionomia, podemos achá-Ia dois domínios. Voltaremos em seguida a este assunto.
proveitosa para examinar 'a maneira pela qual as enunciações de
objetivos dos professores separam o comportamento cognitivo do Relações entre os Categorias Taxionômicas
afetivo e, então, corno o domínio cognitivo é relacionado ao afetivo, dos Dois Domínios
em termos das categorias específicas, usadas nesta análise taxionô-
mica. Quando se procura relações entre as subcategorias dos dois do-
mínios, descobre-se que elas claramente se superpõem. Esta super-
posição está implícita nas seguintes descrições de passos aproxima-
o Componente Afetivo dos Objetivos Cognitivos damente paralelos, nos dois continua. Os termos, colocados em itá-
lico, são usados como títulos das divisões, na Taxionomia dos domí-
A variedade usual de objetivos se concentra na especificação do nios cognitivo e afetivo. Seus números de categoria são dados entre
comportamento em apenas um domínio, de uma vez. Sem .dúvida parênteses. (Os Apêndices A e B podem ser proveitosos, para o lei-
isto resulta das abordagens analíticas costumeiras, para o desenvol- tor, para proporcionar sumários xlos dois continua.)
vimento de currículos. Somente ocasionalmente encontramos uma 1. O c01~t-inuUl1t afetivo começa mera-
1. O continuum cognitivo começa com
enunciação como: "O estudante deveria analisar um bom debate, com a evocação e o reconhecimento, mente com a A quiescência (1.0)
prazer". Tal enunciaçâo sugere não só o comportamento cognitivo, pelo estudante, do Conhecimento do estudante aos estímulos e, pas-
sivamente, Ihes dá atenção. Pro-
mas também o aspecto afetivo que o acompanha. A despeito da (1.0) ,
2. prolonga-se através de sua Com- longa-se através de sua atenção
falta de formulação explícita, todavia, quase todos os 'objetivos cogni- mais ativa aos estímulos,
preens5Jo (2.0) do conhecimento,
tivos têm um componente afetivo, se o procuramos. A maioria 3. de sua habilidade na Aplicação 2. de sua Resposta (2. O), a pedido,
dos instrutores espera que seus alunos desenvolvam um interesse (3. O) do conhecimento, que com- aos estímulos, com disposição para
responder aos mesmos e tendo sa-
contínuo, na matéria ensinada. Mas deixam estes alvos sem especi- preende,
4. de sua habilidade na Análise (4.0) tisfação nesta resposta,
ficação. Isto significa que muitos dos objetivos, que são classificados 3. de sua Valorização (3.0) do fenô-
de situações, que envolvem este
no domínio cognitivo, têm um componente afetivo implícito, mas conhecimento, sua hahilidade na meno ou atividade, de maneira que
não especificado, que poderia Ser simultaneamente classificado no Síntese (5. O) deste conhecimento, voluntariamente responda ou pro-
domínio afetivo. Onde tal objetivo de atitude ou de interesse se em novas organizações, cure maneiras de responder,
5. de sua habilidade na Avaliação 4. de sua Conceitualização (4.1) de
refere, corno a maioria, ao conteúdo do curso como um todo, ou pelo cada valor, a que é sensível,
(6.0), naquela área de conheci-
menos a um segmento relativamente grande do mesmo, pode ser mais mento, para julgar o valor do ma- 5. de sua Organização (4.2) desses
conveniente especificá-Io como um objetivo separado. Muitos de tais teriale dos métodos, para certos valores em sistemas e, finalmente,
objetivos afetivos - por exemplo, o objetivo de interesse - se tor- da organização do .cornplexo de va-
propósitos.
lores num todo único, numa Ca-
nam os componentes afetivos de todos ou da maioria dos objetivos racterização (5.0) do indivíduo.
cognitivos, no curso, O domínio afetivo é útil, na ênfase do fato que
componentes afetivos existem, e na análise de sua natureza. Talvez 4 Todavia, isto não implica que toda a extensão de 1.1 a 5.2, dos compor-
a sua própria existência, encorajará maior desenvolvimento de com- tamentos afetivos, se aplicasse a cada objetivo >cognitivo. Este assunto será inves-
ponentes afetivos dos objetivos cognitivos. tigado ulteriormente, na próxima seção deste capítulo.
50 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 51
r Os lugares mais aparentes, nos quais o domínio afetivo se encon- hierarquia do domínio afetivo, é a razão - uma razão importante
tra com o domínio cognitivo, nesta descrição, são nos passos 1, 4 e 5. _ para ser incluído como degrau de base, no domínio afetivo. Além
A colocação paralela dos dois domínios, como fizemos para facilitar disso, a ênfase em "acolhimento" é diferente da de "conhecimento",
o exame da relação, sugere uma correspondência muito mais estreita, acentuando, como é próprio para uma categoria afetiva, os aspectos
de nível para nível, do que verdadeiramente existe, entretanto. Exa- volitivos do ato de conhecimento.
minemos esta correspondência, tomando os passos 1, 4 e 5, e 2 e 3, JI Passos 4 e 5. Um segundo ponto de estreito contato aparente,
nessa ordem. entre os domínios afetivo e cognitivo, é a correspondência, nos níveis
Passo 1. O primeiro ponto de estreito paralelismo, entre os do- superiores dos dois continua, nos passos 4: e 5. Aqui, o comporta-
mínios, está no passo 1,em que o "acolhimento" a um fenômeno, ou mento descrito pelo domínio afetivo, é pelo menos em parte cogni-
prestar atenção a ele, até certo ponto, corresponde a ter "conheci- tivo, na medida em que o estudante conceitualiza um valor, ao qual
mento" do fenômeno. Mas a ênfase em 1.0, Acolhimento, é diferente esteve respondendo, e este valor é, por sua vez, integrado e organi-
da em 1.0, Conhecimento, no sentido de que estamos menos preo- zado num sistema de valores, que chega eventualmente a caracte-
cupados em recordação e recuperação, à apresentação. Todavia, exis- rizar o indivíduo. Tais objetivos pareceriam requerer, pelo menos,
te uma relação, sem dúvida, porque prestar atenção a um fenômeno a capacidade para 2.0, Compreender, porquanto o estudante deve
é pré-requisito para conhecer a respeito. Além disso, somente na traduzir o seu cornportarnento num conjunto de termos verbais, que
medida em que alguém está disposto a prestar atenção a um fenô- descrevem o valor envolvido. Em alguns casos, isto poderia exigir do
meno, aprenderá a respeito do mesmo. estudante a 4.0, Análise do elemento de valor comum de uma série
À primeira vista, se poderia pressupor que "acolhimento" sem- de atividades ou situações em que esteve envolvido, e 5.0, Sintetizar
pre se referiria a estar cônscio de certa informação e, assim, seu pa- a qualidade do que tem em comum em um valor, que inclui todos
ralelo, no domínio cognitivo seria sempre a categoria Conhecimento eles. A capacidade para organizar e inrer-relacionar valores em sis-
(e.g., a simples percepção da maneira como a perspectiva é repre- temas deve certamente requerer a capacidade para 4.0, Análise, como
sentada, numa pintura). Este não é necessariamente o caso, embora é descrita no domínio afetivo, e o desenvolvimento de novos com-
seja freqüentemente verdadeiro. Desta maneira, Acolhimento inclui plexos de valores, que também, muito provavelmente, envolve a
o objetivo "Escutar música com alguma discriminação em relação capacidade para 5.0, Sintetizar. Além disso, a capacidade para com-
à sua atmosfera e significação, e com algum reconhecimento das parar valores entre si, que está subentendida pelas categorias afeti-
contribuições de vários elementos e instrumentos, para o efeito total". vas mais elevadas, implica na capacidade para 6.0, Avaliação, COmo
Isto certamente envolve 2.0, Compreensão, a segunda categoria do é definida n'o domínio cognitivo. Por exemplo: "Julga problemas e
cont~nuum afetivo e provavelmente 3.0, Aplicação, e 4.0, Análise, o questões mais em termos de situações, resultados, propósitos e con-
terceiro e quarto níveis do mesmo. Todavia, examinando cuidadosa- seqüências, do que em termos de preceitos dogmáticos fixados ou
mente os objetivos nos níveis mais baixos do domínio afetivo, este de racionalização emocional" (II Parte, p. 188).
está aproximadamente num nível tão alto, no continuum cognitivo, É possível, entretanto, que no comportamento cotidiano, muito
quanto se acha implícito pelos concornitanres cognitivos desses obje- desta comparação de valores esteja mais num nível intuitivo semi-
tivos afetivos. consciente, do que no nível consciente, objetivo, racional, implícito
Porém, qualquer que seja o comportamento, especificado no ní- por 6.0, Avaliação, no domíniccognitivo. Tal comportamento semi-
vel mais baixo no domínio afctivo, há quase certeza de que se po- consciente é descrito, no domínio afetivo, pela categoria 5.1, Direção
deria interpretar () objetivo, de maneira que,exceto pelo fato de generalizada, em que o comportamento está tão internalizado, que
que é uma pedra de construção para objetivos afetivos mais com- é manifestado quase automaticamente, sem consideração consciente.
plexos, o objetivo poderia ser rccnunciado de forma a ser classificado Superficialmente, isto faz com que o domínio afetivo pareça se es-
no domínio cognitivo, Alguns de nossos críticos apresentaram argu- tender mais adiante do que 'o cognitivo, no sentido de que descreve
mentos, no sentido de que deveríamos ter começado o domínio afe- um comportamento tão profundamente internalizado, que é automá-
tivo com 2.0, k.es-posta, por causa da pesada naturezacognitiva desta tico. Tal comportamento não aparece no continuum cognitivo,
categoria de base. Mas o fato deste comportamento ser um primeiro Mas se poderia argumentar que algum comportamento de ava-
passo necessário para a construção de objetivos mais elevados, na liação cognitiva também deveria ser tão satisfatoriamente aprendi-
52 Taxionomia de Objetivos Educacionais
alctivos, em todos os níveis da Toeionomia. Em geral, tanto no sua vez, implica em comportamentos cognitivos, tais como a capa-
domínio cognitivo, quanto no afetivo, a regularidade do comporta- cidade para analisar situações, a fim de determinar como as idéias
mento é medida, não em termos do nível de comportamento da e ideais se aplicam a uma dada situação.
T'axionomia, mas na medida em que tal regularidade afeta o escore Pode ser observado que do princípio ao fim desta análise dos
do teste. Dado um teste, que inclui uma variedade de situações, cinco passos, há alguma tendência para o equivalente cognitivo de
em que 'o comportamento observado deveria ser exibido, se apren- um objetivo de baixo nível provir de níveis mais baixos do conti-
dido ou internalizado, a regularidade com que é manifestado, ao nUU1n afetivo, e para os objetivos no nível superior do continuU1n
longo dessas situações, é refletida no escore da pessoa. No nível t afetivo terem equivalentes cognitivos de alto nível.
máximo do domínio afetivo, nos sucedeu ter especificado um nível A partir da análise acima, parece que em todos os níveis do
de comportamento, que é tão bem aprendido, tão profundamente domínio afetivo, 'os objetivos afetivos têm um componente cognitivo
j
internalizado, que é automático. I e que se pode encontrar componentes afetivos para os objetivos
Neste sentido, no nível 5.1, Direção Generalizada, descrevemos cognitivos. Mas para que esta relação não pareça mais óbvia do que
um tipo de comportamento, que pode ser alcançado somente com realmente é, deveria ser 'observado que os exemplos de objetivos, na
completa regularidade, e o nível de execução, requerido na atribui- discussão precedente, foram escolhidos de maneira a tornar clara a
ção do escore, está implícito na descrição do comportamento. (Esta relação. Poderíamos ter escolhido objetivos do domínio afetivo, para
é a única categoria, na Toxionomia, que assim especifica a execução 'os quais o componente cognitivo é muito mais obscuro, como por
registrada, para a consecução daquele nível.) Foi incluída, porque fo- exemplo, "Prazer no culto religioso" ou "Responde emocionalmente
ram encontrados objetivos afetivos,que descreviam esta regularidade a uma obra de arte". Embora pudéssemos reconhecer um compo-
de comportamento. Certos objetivos afetivos têm tornado explícita nente cognitivo em tais objetivos, deveríamos claramente estar me-
uma completa regularidade e "autornaticidade" da resposta, que pode nos certos de assegurar concordância entre os educadores a respeito
também estar implícita em muitos objetivos cognitivos. Desta ma- do comportamento cognitivo mais apropriado, para acompanhar o
neira, uma discrepância, em que o domínio afetivo parece se esten- comportamento afetivo. Ainda que indubitavelmente haja algum
der além do domínio cognitivo pode ser solucionada, com cuidadoso componente cognitivo em cada 'objetivo afetivo, sua natureza é per-
exame. A superposiçáo dos dois domínios, neste nível, parece ser cebida muito mais facilmente em alguns casos do que noutros.
real.
Passos 2 e 3. Na porção média do continancm. afetivo, o indi- Outras Relações entre os Domínios
víduo começa a responder aos estímulos, primeiro por solicitação Cognitivo e Afetivo
(2.1, Aquiescência na resposta), então cada vez mais por sua pró-
pria vontade, até o ponto em que está ativamente buscando situa- Algumas das mais interessantes relações entre os domínios cog-
ções, às quais possa responder (3.3, C01neti1nento). Não é que não nitivo e afetivo (e algumas das indicações mais claras das inter-
haja relação com o domínio cognitivo, mas a natureza da relação é relações entre os dois domínios) são aquelas em que a consecução
portantes para o ensino e a testagem na situação escolar. nadas com o conteúdo da estrutura cognitiva associada. Aqui, no-
vamente, vemos o. componente afetivo transformado numa função
dos componentes cognitivos, que são mais facilmente manejados, des-
Objetivos Cognitivos como Meio para Metas Afetivas ta maneira permitindo a manipulação do afetivo, pelo cognitivo.
Festinger (1957) e Heider (1958), entre outros, propuseram as
o fato de que a nossa pesquisa e teorias de aprendizagem enfo- chamadas "teorias de compensação", que proporcionam outra abor-
quem em grande parte o comportamento. cognitivo é uma indicação dagem para o estudo das modificações afetivas,como um resultado
de que achamos que sabemos melhor como manejar o domínio cog- do comportamento cognitivo. Festinger, em sua teoria da dissonân-
nitivo, O movimento do domínio cognitivo para o domínio afetivo, cia cognitiva, descreveu o efeito motivacional de estados desarmo-
desta maneira, tende a ser a orientação preferida. Atitudes, e mesmo niosos ou dissonantes, na ccgnição. Definiu cogniçâo tão amplamen-
sentimentos, por exemplo, tendem a ser definidos em termos cogni- te, de forma a incluir estados coloridos afetivamente, tais como opi-
tivos, J ames, na citação, incluída no começo deste capítulo, definiu niões e crenças, tanto quanto estados cognitivos de conhecimento.
sentimento. como um tipo. de conhecimento. Asch (1952) afirmou Desta maneira, a sua teoria resolve facilmente a distinção afetiva-
que uma "atitude contém uma ordenação de dados mais ou menos cognitiva e não pode ser vista como uma teoria, que maneje apenas
coerente. .. uma organização. de experiência e de dados com refe- o comportamento cognitivo (no seu sentido usual). Mas Festinger
rência a um objeto" (p. 580). Rhine (1958) fez um levantamento descreveu os efeitos de modificações no conhecimento sobre o com-
das definições de atitudes, de psicólogos importantes, e concluiu que portamento afetivo, e isto representa um tipo de abordagem para o
o elemento comum era a essência do que geralmente significa um comportamento afetivo através da cogniçâo.
conceito. Portanto, definiu uma atitude como um conceito com um
O observador cuidadoso, na sala de aula, pode perceber que o
componente avaliativo e prosseguiu explicando a formação de ati-
professor sagaz, tanto quanto o teórico psicológico utiliza o compor-
tude, nos termos cognitivos, habitualmente reservados para a for-
tamento cognitivo e a consecução de alvos cognitivos, para atingir
mação de conceito. Como salientou, esta abordagem poderia tornar
alvos afetivos. Em muit'oscasos, age assim, mais intuitivamente do
as atitudes mais acessíveis à investigação. de laboratório, uma indi-
que conscienciosamente. De fato, uma grande parte do que chama-
cação do por que esta abordagem do domínio afetivo é preferida.
mos de "ensino satisfatório" é a capacidade do professor de alcançar
Rokeach, como foi observado antes, percebeu uma congruência
objetivos afetivos, através do desafio a crenças fixadas dos estu-
básica entre os sistemas cognitivo e afetivo. Ele afirmou mais adian-
dantes e levando-os a discutirem questões.
te: "... ainda que nossa abordagem de sistemas de crenças, inclu-
indo estéticos, seja puramente cognitiva... se é correta a pressupo- Em alguns casos, os professores utilizam o comportamento cogni-
sição de que cada emoção tem seu equivalente cognitivo, então de- tivo, nâo apenas como um meio para o comportamento afetivo, mas
veríamos ser capazes de nos estender através das complexidades da como um tipo de pré-requisito, Os objetivos de apreciação são Ire-
vida emocional do homem pelo estudo de seus processos cognitivos ... qüentemente abordados cognitivamente, fazendo o estudante analisar
Se sabemos algo a respeito da maneira como uma pessoa se relaciona uma obra de arte, de maneira que chegará a compreender 'o modo
com o mundo de idéias, também podemos ser capazes de dizer de pelo qual certos efeitos são produzidos - as nuanças de sombreado
que maneira se relaciona com o mundo das pessoas e com a autori- para produzir profundidade, a cor para produzir tonalidade emocio-
dade" (Rokeach, 1960, p. 8). nal, etc. Tal análise num nível cognitivo, quando conhecida a fundo,
De forma análoga, Rosenberg (1956) examinou atitudes em ter- pode ser percebida como a aprendizagem, necessária para a "verda-
mos da estrutura cognitiva. Observando as relações entrecompo- ~ deira" apreciação de uma obra de arte.
nentes cognitivos e afetivos, ele revelou que uma tendência para Em outros casos, os professores utilizam o comportamento
responder a um objeto, com um afeto positivo ou negativo, é "acom- cognitivo e metas cognitivas, como um meio para multiplicar os fins
panhada de uma estrutura cognitiva, constituída de crenças a res- afetivos. Isto acontece especialmente em áreas, em que surge um
peito das potencialidades daquele objeto para a obtenção ou bloqueio problema de doutrinação. O comportamento cognitivo pode ser usa-
da realização dos estados valorizados" (p. 367). Mais tarde, argu- do, para ensinar pontos de vista e para construir atitudes e valores.
mentou que tanto a direção do afeto - seja positiva Ou negativa Na verdade, impudentemente nos campos estéticos, onde queremos
56 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 57
que nossos estudantes aprendam a reconhecer a "excelência" da poe- gadora em objetivos de conhecimento, às expensas do desenvolvi-
sia, pintura, arquitetura, escultura, música e assim por diante. Mas, mento de habilidades e capacidades na utilização desse conhecimen-
na maioria das áreas do currículo, temos um horror de doutrinar o to. Da mesma forma, o desenvolvimento do Compêndio Segundo;
aluno sobre qualquer valor, exceto nossos valores essenciais, mais O Dfomínio Afetivo deveria auxiliar a realçar a ênfase presente sobre
fundamentais (não podemos sempre concordar sobre a natureza des- objetivos cognitivos à custa dos afetivos.
ses valores essenciais e os casos de assembléia sobre religião, nas
escolas, são um exemplo). Na maioria de situações, em que é evita-
da a doutrinação, procuramos fazer com que o estudante torne a sua Objetivos Afetivos como Meio para Metas Cognitivas
própria posição, a respeito da questão. Desta maneira, uma discussão
pode resultar no desenvolvimento de uma variedade de posições e Pela discussão prévia, parece claro que a abordagem cognrnva,
atitudes "corretas" em relação à área de interesse, mais do que para objetivos afetivos, é freqüentem ente uma rota percorrida. E o
num tipo único de resultado cornportamental, como quando foi al- contrário? Um dos principais tipos de objetivos do domínio afetivo,
cançado um objetivo cognitivo. Isto também ocorre, Onde existem que são procurados corno meios para os fins cognitivos, é Ü' desen-
conflitos de valores, dentro de nossa própria cultura. Por exemplo, volvimento do interesse ou motivação. Na medida em que é enca-
os problemas de honestidade vs. desonestidade, vs, "mentiras inofen- rado pelo pólo cognitivo, o estudante pode ser tratado como uma
sivas", ou de competição vs. cooperação, usualmente resultam nu- máquina analítica, como um "computador" que resolve problemas.
ma variedade de soluções aceitáveis, cada uma em função da situa- Pelo contrário, considerado pelo pólo afetivo, tomamos maior conhe-
ção, na qual tal conflito surge. cimento da motivação, impulsos e emoções, que são os fatores que
Existem alguns casos, em que a rota cognitiva, para a realização levam à consecução do comportamento cognitivo.
afetiva, resultou na aprendizagem exatamente do contrário do que De forma óbvia, a motivação é crítica para a aprendizagem e,
era pretendido. Desta maneira, o exemplo abominável do estudo cui- desta maneira, é um dos modos principais, pelos quais o domínio
dadoso e detalhado dos "bons" clássicos ingleses, que tinha intenção afetivo é usado corno meio para o cognitivo. O grande número de
de nos impregnar com um amor pela prosa imortal, em muitos casos, objetivos de interesse indica a importância deste aspecto da situação
em vez disso, nos indispôs com a mesma. A ênfase na proficiência de aprendizagem. A influência da tonalidade hedônica sobre a me-
muito elevada num domínio, em alguns casos, é obtida às expensas mória e a aprendizagem também é importante: as crianças têm mais
do outro. pro'babilidade de aprender e recordar material, em relação ao qual
De forma análoga, como foi observado no Capítulo 2, a ênfase têm um sentimento positivo". Observem, por exemplo, a preponde-
num domínio pode tender a expulsar o outro. Novos cursos muitas rância das meninas que não gostam de matemática e, assim, não
vezes começam com uma análise cuidadosa, tanto de objetivos cogni- podem aprendê-Ia, da mesma forma que os meninos, que não gostam
tivos, como afetivos. Mas nos sentimos mais à vontade, ensinando da escola em geral e vão muito mal. Ainda que estes "gostos" pos-
em razão de objetivos cognitivos do que de afetivos, Nosso esforço sam ser produzidos pelas expectativas de papel, são as preferências
para o domínio da matéria de ensino e a sempre crescente quanti- internalizadas que produzem o efeito.
dade de conhecimento disponível nos proporcionam cada vez mais Onde estão envolvidos objetivos educacionais, quase sempre te-
matéria para incluir. Além disso, a nossa preferência pelo acesso à mos interesse no afeto positivo, mais no mostrar o caminho, do que
realização afetiva, através da consecução de objetivos cognitivos, no impelir o aluno para a aprendizagem. Mas existem algumas si-
tende a focalizar a atenção sobre essas metas cognitivas como fins em tuações escolares, em que o efeito negativo é usado, para impedir
si mesmos, sem determinarmos se, de fato, servem como meio para que ocorram certos comportamentos e para facilitar a aprendizagem
um fim afetivo. Com o tempo, a ênfase na maioria dos cursos tende cognitiva. Tal é o uso de afeto negativo (medo de punição, por
a se concentrar, mais e mais, em objetivos cognitivos, à custa dos exemplo), de preferência a alcançar objetivos afetivos como meio
afetivos, Esta erosão pode ser inevitável, mas poderia ser diminuída para fins cognitivos. Em alguns casos, pode ser exercida a pressão
ou interrompida, se estivéssemos cônscios de sua ação. Um dos im-
portantes usos do Compêndio Primeiro: O Domínio Cognitivo foi
5 Vide também a discussão sobre efeito; ela preferência, na percepção, em
o de proporcionar uma base para demonstrar a atual ênfase esma- 1 ,0, A colhimento (pp. 97-98).
I 58 Taxionomia de Objetivos Educacionais
social para modificar uma posição ou ponto de vista de um estu-
dante. Reconhecemos que a escola ocasionalmente terá metas afetivas
deste tipo, quando proporcionamos a categoria 2.1, Aquiescência em
responder, mas notamos que esta era uma categoria raramente usada.
Domínio Afetivo
pende ao que Bruner (1960) indica como uma meta importante,
em nossos novos currículos. Sugere que devemos aumentar "o inte-
resse inerente dos materiais ensinados, dando ao aluno um sentido
de descoberta, traduzindo o que dizemos em formas de pensamento,
apropriadas à criança, e assim por diante. O que isto significa é
59
fato que deveria ficar claro é que os dois domínios são estreitamente
entrelaçados. Cada comportamento afetivo tem um equivalente de
comportamento cognitivo de algum tipo e vice-versa. Um objetivo
num domínio tem um equivalente no domínio oposto, ainda que fre-
qüentemente não tomemos conhecimento disso. Existe uma certa T. CAPíTULO 5
correlação entre os níveis da T axionomia, de um objetivo afetivo e
seu equivalente cognitivo. Cada domínio é algumas vezes usado co- A CLASSIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS E MEDIDAS
mo um meio para o outro, ainda que a rota mais comum seja do EDUCACIONAIS NO DOMÍNIO AFETIVO
cognitivo para o afetivo. Existem exposições teóricas que nos per-
mitem expressar uma em termos da outra e vice-versa.
Este capítulo tem a intenção de ajudar o leitor a fazer uso
Nossa divisão entre os domínios afetivo e cognitivo existe para prático da T'aoeionomia, classificando os objetivos educacionais e as
propósitos analíticos e é completamente arbitrária. Esperançosamen- medidas destes objetivos. Seguindo-se a uma breve discussão de al-
te, a análise dos dois domínios terá valor heurístico, de maneira guns dos problemas de classificação,exemplos de classificação e amos-
que possamos compreender melhor a natureza de cada um, tanto
tras para o leitor classificar por si mesmo, demonstram como a
quanto a relação de um com o outro.
T ax~onomia pode ser utilizada. É fornecida ao leitor a chave dos
autores, para as amostras, de maneira que possa comprovar o seu
domínio do sistema.
Cada categoria do continuum afetivo é definida de três manei-
ras na II Parte deste Compêndio. Primeiro, há uma descrição verbal
do comportamento, na categoria. Esta é provavelmente a definição
mais completa. Tentamos fazer a descrição tão exata quanto possível.
Um segundo tipo de definição é fornecido por uma lista de
objetivos educacionais, que segue cada descrição de categoria. Estes
objetivos foram selecionados de materiais publicados e não publica-
1\
dos, relativos a cursos atuais ou a exposições de programas curricu- lil
,:
lares. Na maioria dos casos, entretanto, foram modificados para
expressar melhor o comportamento pretendido. Os objetivos foram
selecionados, para representar uma extensão de campos de matérias
escolares.
A terceira definição é proporcionada pelas ilustrações das me-
didas para cada categoria. Estas questões foram tiradas de testes
já existentes, muitos dos quais, originalmente desenvolvidos durante
o Estudo de Oito Anos da Associação de Educação Progressiva. No-
vamente, foi feito um esforço para abranger uma extensão de campos
de matérias de ensino, mas de nenhum modo são totalmente inclu-
sivas. A preponderância de medidas é do tipo objetivo. Isto não
reflete uma tendenciosidade contra recursos projetivos ou de respos-
ta livre (ainda que haja muitos dados na literatura que apoiariam
tal tendência), mas esses pareceram ser os exemplos de avaliação
mais claros.
A fim de ajudar o leitor a obter uma visão geral da Taxionomia
e auxiliar no seu uso, uma versão condensada dos dois domínios é
apresentada nos Apêndices.
64 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo H !'i
sariamente mesmo a verbalizar este fenômeno, mas simplesmente 01
A Classificação dos Objetivos
estar cônscio do mesmo. Este objetivo seria classificado como 1.1,
Percepção.
Decididamente, o maior problema que o classificador em poten-
cial encontrará, ao lidar com objetivos do domínio afetivo, é a in- Desenvolve uma tolerância -para os usos bizarros do sombreada
determinação dos termos usados nesses objetivos e na extensão de na arte moderna;
significações, que podem ser pressupostas mesmo para os termos mais Este está num nível ligeiramente mais alto do que o objetivo
comum ente usados. Nas seções prévias (vide especialmente os Ca- precedente, uma vez que pressupomos que o estudante esteja cônscio
pítulos 2 e 3), tratamos minuciosamente deste problema. Há pouca do sombreado, mas que possa ser desagradado por alguns de seus
razão para repeti-lo aqui, exceto para mencionar que o classificador usos bizarros e pela disposição de ânimo que introduz. O objetivo
pode muitas vezes ter de reescrever o objetivo, para indicar a in- indica simplesmente que se espera que estará disposto a prestar
terpretaçâo específica, que está dando aos termos, ao classificá-lo, alguma atenção ao sombreado, em tais quadros, e a não rejeitar o
Embora isto possa parecer violência contra a intenção original, esta quadro, pela maneira com o sombreado é utilizado. Classificaríamos,
objeção deixa de ser válida, quando é percebido que à medida que assim, este objetivo como 1.2, Disposição para responder.
permanecem inalterados, estes objetivos proporcionam pouca orien-
tação para a seleção de práticas de instrução ou para a sua avaliação. Está alerta para casos em que o sombreado foi usado, para cri,(f."
Até que o objetivo seja claramente especificado, serve apenas para um sentido de profundidade tridimensional, ao mesmo tempo qUI:
indicar direções gerais amplas. O uso da Taxtionomia, como meio de indica alguma coisa a respeito da iluminação num quadro.
esclarecer a signiticaçào específica pretendida, pode contribuir gran- Aqui, novamente, pressupomos não só que o estudante prestará
demente para a utilidade dos objetivos, tornando-os mais operacio- atenção ao uso do sombreado, mas que está disposto a atentar para
nais. E também uma maneira de assegurar que a significação pre- este, quando confrontado com exemplos. Estará contando com exem-
tendida, pelo que faz o currículo, é a significação compreendida pelos plos de princípios estéticos, que foram discutidos como um primeiro
construtores de teste, professores e outros. passo, na apreciação artística. Observem que ele ainda não está pro-
Embora o tornar o objetivo mais específico seja o problema curando ativamente tais exemplos, mas está alerta para quando apa-
principal, que enfrenta o que usa a T'acaonomia, existem outros, al- recerem - neste caso, alerta para o uso específico do sombreado
guns dosquais ilustrados nos exemplos seguintes. O primeiro exem- com efeito duplo (dimensionalidade e iluminação). Este objetivo
plo é limitado a um único campo, para pôr em relevo a maneira seria classificado como 1.3, Atenção controlada ou seletiva.
pela qual os objetivos se relacionam com pontos definidos, no con- Talvez este seja o lugar para observar que tudo, referido acima,
tinuwm afetivo, Objetivos, escolhidos no campo da arte, foram dis- seria encontrado mais caracteristicamente como um objetivo, enun-
tribuídos numa ordem hierárquica, com base na classificação descrita. ciado como "aprecia o uso do sombreado num quadro". Em alguns
Ainda que, na prática, raramente se encontrasse tal redação para- casos, seria ulteriormente qualificado, pela frase: "para representar
lela entre os níveis, esta foi criada intencionalmente nesses objeti- profundidade e nuança", mas mais freqüentemente mesmo esta frase
vos, para ilustrar as modificações de nível para nível. Em todos seria omitida. Especificando três níveis, como é feito aqui, se come-
casos, é entendido que o objetivo é descrever o comportamento do çou a delinear os comportamentos envolvidos, de maneira que pro-
estudante a ser alcançado. porcionem orientação mais precisa para o professor da sala de aula.
Este pode, então, saber como estruturar as atividades da sala de
Desenvolve alguma consciência do uso do sombreado para re- aula, de maneira que estes comportamentos sejam evocados e possa
presentM profundidade e iluminação num quadro. reconhecê-los e recompensá-Ias, à medida que apareçam.
Neste nível, estamos simplesmente solicitando ao estudante pa- Voluntariamente procura exemplos de boa arte, em que o S()1/I.-
raestarcônscio do fato de que o sombreado está presente, num breado, a perspectiva, o colorido e o desenho tenham sido bem 1(,(.i-
quadro, e que é usado para aumentar o sentido tridimensional do lizados.
mesmo, ao mesmo tempo que muitas vezes indica a direção e o bri- Este objetivo pressupõe ainda maior internalizaçâo, de parte do
lho da iluminação. O estudante não é solicitado a avaliar, ou neces- estudante, do que constitui a "boa arte", tal como o conceito foi
66 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 67
ensinado na sala de aula. Além disso, pressupõe que o indivíduo te- ganizá-los. Isto seria classificado como 4.2, Organizaçã,p de um sts-
nha aceito esses critérios como seus e voluntariamente os utilize. tema de valores.
Portanto, classificaríamos este como 2.2, Dis-posição para responder.
Cons1,dera todos os problemas fundamentalmente em termos de
Tem prazer em encontrar exemplos de boa arte, em que som-
breado, perspectiva, cor e desenho tenham sido be-m. utilÚZados. seus aspectos estéticos.
A palavra "prazer" imediatamente sugere que o traço saliente O indivíduo chegou a ser tão comprometido com a arte, que os
deste objetivo é o componente emocional, que acompanha a resposta. aspectos estéticos dos problemas são dominantes; é uma maneira
A categoria 2.3, Satisfação na resposta, é usada para estes objetivos. rotineira de ver as coisas, uma direção. Isto seria classificado como
O leitor pode, aqui, se surpreender com a ordem deste e dos 5.1, Direção Generalizada. É improvável que tal objetivo seja en-
objetivos precedentes. O prazer precede o empreendimento voluntá- contrado em quaisquer currículos, exceto naqueles destinados a cur-
rio de alguma ação, ou é concomitante] Ele é encaminhado a um sos especiais de arte, mas ilustra a qualidade universal, que é espe-
tratamento mais completo (II Parte, pp. 129-130) do problema de rada, quando os objetivos são classificados neste nível.
localizar o ponto, no contonuum. afetivo, em que o componente emo- Estes exemplos podem servir para ilustrar a maneira pela qual
cional da resposta deveria ser colocado. Aqui, é suficiente dizer que os objetivos de uma área se modificam à medida que são levados
nenhuma posição, no continnoum, será inteiramente satisfatória, para a níveis cada vez mais altos, no continuum afetivo, Em alguns casos,
todos os objetivos. A emoção, como um acompanhamento da res- as redações dos objetivos eram precisas apenas o suficiente para tor-
posta, aparece em primeiro lugar, em pontos diferentes; a sua .loca- nar claras as diferenças sutis, que ocorrem à medida que se sobe
lização em 2.3 parece ser um tipo de média razoável de tais loca- gradualmente no continuum. Desta maneira, classificando um obje-
lizações. tivo, emprestamos uma precisão à sua enunciaçâo, que é difícil de
obter mesmo com uma redação cuidadosa.
O estudante procura exem-plos de boa arte para com eles se Nem todos os exemplos, que são proporcionados na II Parte,
com-prazer, foram reescritos, para apresentarem a precisão e clareza máximas.
A diferença entre "voluntariamente conta com" e "procura" po- Queríamos dar ao leitor uma idéia de quais objetivos, comum ente
de ser por demais sutil, para ilustrar claramente o progresso sobre redigidos, poderiam ser incluídos na categoria. Ele encontrará exem-
o nível anterior. O que é pretendido é que, neste nível, o indivíduo plos de objetivos, que são redigidos um tanto grosseiramente; de fa-
tenha identificado claramente a "boa arte", como de valor e se to, em que as mesmas palavras são usadas em diferentes categorias.
reconheceria isto pela busca ativa de exemplos de tal arte. Este pro- Os objetivos enunciados deste modo, poderiam ser classificados na
curar ativamente, dirigir-se para e querer é uma característica de categoria específica, se fossem interpretados da maneira limitada, em
3.2, Preferência por um valor. que a categoria é definida. Como exemplos disto, foi observado que
o objetivo modelo, classificado no nível 1.3, e muitos daqueles clas-
Deseja avaliar obras de arte que são apreciadas. sificados em 1.1 e 1.2, teriam sido expressos caracteristicamente co-
O processo de avaliação de uma obra de arte envolve a deter- mo objetivos de apreciação. Alguns dos outros, tais como os clas-
minação de traços desejáveis e indesejáveis da mesma; isto significa sificados no segundo, terceiro e quarto nível, poderiam ter sido ex-
a conceitualizaçâo desses traços, de maneira que o indivíduo esteja pressos como atitudes ou valores, em sua forma típica.
deles cônscio. Desta maneira, este objetivo seria categorizado sob O leitor pode achar útil fazer um levantamento da extensão das
4.1, Conceitualização de um valor. significações, que é possível inferir dos objetivos. Um exemplo é
dado no Capítulo 2, p. 20, em que um objetivo de "interesse" é
Aceitação do lugar da arte na vida da pessoa, como o de um examinado sob este ponto de vista.
valor dominante. Talvez teremos ilustrações suficientes, se classificarmos um ob-
Não, somente o indivíduo está comprometido com a arte, como jetivo que tenha necessidade de esclarecimento. O seguinte objetivo
um valor, mas em comparação com muitas outras possibilidades, ele aparece nos objetivos de curso, em "Pensamento e Linguagem Ame-
lhe concedeu uma posição prioritária, Isto significa que começou a ricanos", um curso de educação geral na Michigan State University:
distribuir os seus valores numa hierarquia, a inter-relacioná-los e or- Uma aceitação ativa da responsabilidade pela honestidade: inie-
~
11
68 'I'axionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 69
'I,
lectual, na conwnicaçõo efetiva. A fim de classificar este objetivo, 3. Observa as regras do tráfego, quando a pé, em bicicleta ou outro meio cl~
ter-se-ia de determinar o que é entendido por "uma aceitação ativa transporte, nos cruzamentos e alhures.
da responsabilidade". Este está claramente além do nível 1.0, Aco- 4. Considera os problemas em termos objetivos, realísticos e tolerantes.
lhimento, e abaixo do nível 4.0, Organização. O problema, então,
5. Assume um papel ativo nas atividades literárias em curso.
fica sendo o de determinar onde recai, na segunda e terceira catego-
rias. A segunda categoria, Res-ppsta, é indicativa de um nível baixo 6. Descoberta e 'cristalização de pressuposições básicas, que estão subjaccntes
de cometimento. É mais apropriada para objetivos do nível de in- a códigos de ética e que são a base da fé.
teresse e apreciação. "Uma aceitação ativa" subentende que o indi- 7. Desenvolve uma consciência.
víduo está procurando ativamente a responsabilidade, a está demons-
8. Desenvolve uma tolerância para uma variedade de tipos de música,
trando concretamente. Portanto, localizaríamos este objetivo no ter-
ceiro nível, Valorização. A categoria média, 3.2, Preferência por um 9. Lealdade a vários grupos, dos quais é membro.
valor, é descrita como o comportamento de procurar ativamente, 10. Disposição para ser de utilidade para o grupo do qual é membro.
querer ou dirigir-se para. Esta pareceria ser a classificação apro-
priada. 11. Presta atenção ao ritmo na poesia ou prova, lidas em voz alta.
Se estes exemplos são suficientes para dar ao leitor uma idéia 12. Tem prazer com uma variedade 'constantemente crescente de boas peças
do que é subentendido na classificação, talvez vá desejar experimen- teatrais e de outros programas de rádio, televisão e gravações.
tar sua própria habilidade, na próxima seção,e de forma indepen-
dente tentar classificar alguns objetivos. A Classificação dos Itens de Teste
A tarefa essencial, na especificação de um item de teste, para
Teste a Si Mesmo na Classificação Destes Objetivos uma categoria da T axionomia Afetiva, é determinar qual o grau
máximo de internalização, que pode ser pressuposto da situação de
Os objetivos seguintes foram selecionados dos objetivos de resposta. A classificação do item está fundamentalmente em função
amostra, incluídos na II Parte. Esses grupos de objetivos da amos- da maneira pela qual é enunciada. Ainda que o nível afetivo verda-
tra servem como um segundo tipo de definição da subcategoria, tan- deiro do respondente possa estar, de fato, mais alto do que o nível
to quanto para ilustrar concr-etamente o tipo de comportamento, que do item, não podemos inferir isto, quando um estudante escolhe a
está subentendido pela definição abstrata. Na p. 74, será encontrada resposta alternativa, que é ajustada à categoria taxionôrnica par-
uma chave para a classificação de cada um destes objetivos e um ticular do item.
número de página, que indica onde o objetivo aparece no texto. O Como com os itens de teste cognitivo, o processo de classifica-
leitor pode tirar proveito, procurando as referências das páginas a cão dos itens afetivos seria facilitado, se o classificador tivesse in-
respeito destes objetivos, particularmente onde um estava mal clas- formações sobre o objetivo educacional e sobre as situações de apren-
sificado ou existe alguma dúvida sobre a classificação. Pode ser dizagem, que serviram como base para a construção do item de
muito útil considerar o objetivo específico, em comparação com teste.
outros objetivos, classificados na mesma categoria. A definição ex- Consideremos certo número de itens do Teste 3.32, do Estudo
tensiva da categoria, proporcionada na II Parte, também pode ser de Oito Anos, o Questionário sobre Leitura Voluntária. Este é um
de valor. I
questionário de 100 itens, no qual o respondente é solicitado a ler
O leitor provavelmente desejará consultar a versão abreviada cada questão e, então, escolher uma de três respostas alternativas:
da Toaionomia que aparece no Apêndice A, enquanto tenta enqua- Sim, Não ou Em dúvida. Falando de um modo geral, a extensão
drar estes objetivos nas categorias. das questões, neste instrumento, é representada nas três primeiras
categorias da T'axionomia Afetiva.
1. Um sentido de responsabilidade em prestar atenção e participar de dis-
cussão pública. J'!ocê desejaria ter mais tempo para devotar à leitura?
2. Começa a formar julgamentos em relação aos principais rumos, aos quais Este é claramente um item do nível 1.0, Acolhimento. Certa--
a sociedade americana deveria ser levada. mente, nâo está no nível 2.0, Resposta, porque o item se ocupa mais
]
70 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 71
com intenções do que com ações. Uma resposta positiva ("Sim") Uma resposta "Não" a este item claramente indica uma rcjeiçâo
indicaria que o respondente desejaria ter mais tempo para dedicar à menor quantidade do ato. Portanto, deveríamos considerar tal
à leitura. Sua resposta afirmativa, de nenhuma maneira, transmite resposta como estando num nível taxionômico mais baixo do que
a noção de que ele realmente devote crescentes quantidades de tem- 2.3, Satisfação na resposta.
po a esta atividade.
:Se fôssemos classificar este item entre as subcategorias da cate- Depois que você lê um livro, habitualmente está interessado em
goria 1.0, Acolhimento, o referiríamos a 1.2, Disposição para receber. descobrir o que os críticos disseram a respeito?
Uma resposta "Sim", para o item, sugere algo mais do que 1.1, Per- Um deseio de ficar sabendo a respeito de comentários críticos
cepção, e algo menos que 1. 3, A tenção controlada ou seletiva, pelo sobre livros lidos sugere uma atitude em relação à leitura, que é mais
menos em termos da maneira pela qual o item está expresso. Sugere refinada do que a de apenas obter satisfação com a mesma. Niti-
uma intenção positiva algo indefinida, uma disposição ou uma aceS- damente, o ato de ler é, aqui, mais do que um fim em si mesmo; é
sibilidade para considerar a dedicação de mais tempo à leitura. De- um degrau para outras atividades. Uma resposta "Sim" para este
terminar se o estudante Irá ou não devotar mais tempo à leitura, ou item, está claramente na categoria 3.0, Valorizacão. Mas. desde que
se de fato já tem dedicado, é a tarefa de outro item, como: a atividade descrita neste item, relativamente falando. é menos re-
Existe um período específico de tempo, após a escola, que você finada que, dig-amos, escrever uma crítica do livro. classificaríamos
dedique à leitura? uma resposta "Sim", como 3.1, Ace#ação de um valor.
Você regularmente lê, à noite, antes de dormir?
É até certo ponto inusitado, para você, comparar dois ou mais
Você usa uma considerável parte de seus fins-de-semana para
livros e chegar a uma decisão a respeito dos méritos relativos de
ler? !I
cada um?
Desta maneira, este item é classificado corno 1.2, Disposição
Aaui, a leitura voluntária se tornou tão importante, para o
para receber.
respondente, que o leva ao emprego de processos cognitivos mais
Você alguma vez perde tempo lendo aqui e ali, numa biblioteca altos. tais como comparação e avaliação. Uma resposta "Não", a
ou livraria? este item. que indica que é usual, para o respondente, comparar e
O que significa quando um estudante relata que de vez em avaliar livros lidos, pertence a um nível taxionômico afetivo leve-
quando lê aqui e ali, numa biblioteca ou livraria? Que inferências mente mais alto do que o comportamento de leitura-de-críticas, do
podemos seguramente fazer a respeito deste comportamento? O pró- exemplo prévio. Desta maneira, classificaríamos este item como 3.2,
prio ato de ler aqui e ali sugere um nível afetivo mais alto do que Preferência por um valor.
1.0, Acolhimento. Quando entre livros, ler aqui e ali geralmente
acontece somente depois que livros e leitura foram investidos de Existe algum autor, de quem você goste tanto, que desejaria ler
propriedades afetivas positivas, pela pessoa que faz isto. Desta ma- qualquer livro novo, que ele pudesse publicar?
neira, este item está pelo menos no nível 2.0, Resposta. Enunciado Este item seria classificado como 3.3, Cometimento. A decisão
desta forma, não pode ser classificado na categoria 3.0, Valorização, de um estudante de ler tudo, escrito por um autor específico, é evi-
porque não transmite a noção de que ler aqui e ali seja uma ativi- dência de um profundo cometimento, não só em relação ao autor,
dade que o respondente procure regularmente, e com grande inten- mas à leitura.
sidade. Pode ser um freqüentador habitual de bibliotecas e livrarias,
mas não podemos inferir este fato a partir da resposta "Sim", para Qualquer dos livros qu.e você leu, o levou a querer fazer alguma
o item, como está enunciado acima. coisa a respeito de problemas tais, como crime, pobreza 01t desem-
Dentro das subcategorias de 2.0, Resposta, uma resposta "Sim" prego?
deveria ser classificada como 2.3, Satisfação na resposta. O ato de Quando os livros têm sucesso em provocar impulsos para recor-
ler aqui e ali certamente sugere uma disposição. Raramente, uma rer à ação, estamos testemunhando não só o poder da palavra es-
pessoa é forçada a isso. Não somente é feito de boa vontade, mas é crita, para estimular emoções fortes, mas também uma pessoa, que
acompanhado de um estado emocional positivo, que produz satisfação. se tornou tão envolvida, em sua leitura, que forças emocionais im-
j
72 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 7:l
penosas são liberadas. Portanto, podemos também classificar uma Teste a Si Mesmo na Classificação de Itens
resposta "Sim" a este item como representando 3.3, Cometimento.
O nível mais alto da Taxionomia Afettiva, representado no Cada um dos seguintes dez itens de teste a ser classificado [.,
Questionário de Leitura Voluntária, é 3.3, Cometimento. Para pro- apresentado na II Parte, como ilustrativo dos comportamentos ca-
porcionar ao leitor um sentido dos itens sobre leitura, no nível 4.0, racterísticos de um nível particular da Taxiorv,omia Afetiva. Classi-
Organização, da Tax~onomia Afetiva, voltemo-nos para o Inventário fique-os em função da escolha de um estudante, de uma alternativa
H-B2, Satisfações Encontradas na Leitura de Ficção, do Estudo Co- de resposta, com um asterisco. A chave de classificação desses itens
operativo em Educação Geral. A I Parte deste instrumento consiste está na p. 74.
em 150 afirmações, a cada uma das quais o respondente pode dar
uma de três respostas: (1 ) que a afirmação se aplica à sua leitura 1. f: até certo ponto inusitado, para você, ler livros, revistas ou jornais, com
de ficção; (2) que a afirmação não se aplica à sua leitura de ficção; o propósito específico de saber mais a respeito de autores e suas obras?
(a) Sim
(3) que está incerto sobre se a afirmação se aplica à sua leitura de
* (b) Não
ficção. (c) Incerto
2. Você assiste reuniões públicas para protestar contra alguma coisa que
Encontrar atitudes expressas em relação à vida, que eu posso considera injusta?
adotar em mt':nha própria filosofia de vida. " (a) Ocasionalmente ou freqüentemente
(b) Nunca
Em relação ao estudante que registra que esta afirmação real-
mente se aplica à sua leitura de ficção, podemos inferir que está 3. f: usualmente difícil para você ler mais do que uma hora sem ficar
tentando conceitualizar idéias poderosas, que encontrou em sua lei-
tura. Desde que não começou a incorporá-Ias em seu sistema geral
1 enfadado?
(a) Sim
" (b) Não
de valores, este é classificado como 4.1, Conceitualização de um valor. (c) Incerto
8. Uma vez que você tenha começado um livro, usualmente termina a lei-
tura dentro do período de alguns dias?
•• (a) Sim
(b) Não
9. Verdi compôs Aida, Rigoletto, La Traolata e Carmen.
(a) Verdadeiro
• (b) Falso CAPíTULO 6
to. Em sua opinião, um homem que trabalha em negócios toda a semana
passa melhor o domingo (classifique .por ordem de atratividade) : UMA NOVA CONSIDERAÇÃO
" (a) tentando educar-se, pela leitura de livros sérios. DO CURRíCULO, DA AVALIAÇÃO E DA PESQUISA
" (b) tentando ganhar no golfe ou nas carreiras.
" (c) indo a um concerto de orquestra.
" (d) ouvindo um sermão realmente bom. À medida que examinamos detidamente os usos, para os quais
o primeiro volume da Taxionomia (O Domínio Cognitivo) foi escri-
Chave para a Classificação dos Objetivos do Domínio Afetivo to, parece-nos que a sua contribuição tem sido principalmente o
desenvolvimento crescente de definições operacionais de objetivos
1. 3.1 (p. 141) 7. 5.2 (p, 171) educacionais. A T axionomia tem sido utilizada por professores, cons-
2. 4.2 (p. 160) 8. 1.2 (p, 107)
3. 2.1 (p. 118) 9. 3.3 (p. 149) trutores de currículos e pessoas que trabalham em pesquisa educa-
4. 5.1 (p. 167) 10. 2.2 (p, 124) cional, como um dispositivo para atacar o problema de especificar
5. 3.2 (p. 145) 11. 1.3 (p. 112) minuciosamente os resultados esperados do processo de aprendiza-
6. 4.1 (p. 157) 12. 2.3 (p, 131) gem. Quando os objetivos educacionais são enunciados de forma ope-
racional e detalhada, é possível fazer instrumentos apropriados de
A experiência com um exercício similar, na área cognitiva, nos avaliação e determinar, com alguma precisão, que experiências de
levou a concluir que a classificação na subcategoria apropriada é aprendizagem têm probabilidade de serem de valor, na promoção do
um processo muito menos objetivo, do que a classificação na cate- desenvolvimento do objetivo, e quais têm probabilidade de serem de
goria principal. Talvez devêssemos ficar satisfeitos se pudéssemos pouco ou nenhum valor-.
obter esta concordância. É esta especificidade aumentada, que esperamos será promovida
pela parte do Domínio Afetivo, da Toxionomia. Os objetivos edu-
Chave para a Classificação dos Itens de Teste do Domínio Afetivo cacionais, neste domínio, tendem a ser enunciações de virtudes de-
(Os números de página indicam onde, na II Parte, o item apa- sejáveis, mas indefinidas. Desde que os objetivos afetivos permane-
rece no contexto, COm outros do mesmo nível da Taxionomia.) çam neste limbo vazio e irreal, pouco há que tenha probabilidade
de ser feito na escola, seja na avaliação, ou na produção de experi-
1. 2.2 (p. 128) 6. 2.1 (p, 123) ências apropriadas de aprendizagem. Se os objetivos afetivos podem
2. 3.3 CP. 151) 7. 1.3 (p, 114)
3. 1.2 (p, 109) 8. 2.3 (p, 136)
4. 4.1 (p, 158) 9. 1.1 (p. 105) 1 O advento da instrução programada nos fez mais cônscios do fato de que
5. 3.1 CP. 144) 10. 4.2 (p. 164) os objetivos podem ser desenvolvidos em diferentes níveis de abstração. Objetivos,
que são bastante específicos para a construção de currículo, não são bastante
específicos para a programação. Mas as especificações detalhadas de cornportamen-
to, necessárias para a programação, são tão específicas e, portanto, tão numerosas,
que impedem que "se veja a floresta, devido às árvores". Ainda que provavel-
mente excelentes para planos de instrução diária, são por demais pormenorizados
para a construção do currículo. Necessitamos de objetivos em vários níveis, à
medida que traduzimos os objetivos muito amplos e gerais da educação, em espe-
cííicos, que proporcionam orientação para o desenvolvimento das experiências de
aprendizagem, passo a passo. A 'I'axionomia trata de objetivos no nível de cons-
trução de currículo.
INTRODUÇÃO
.11
[,
!}I! 'I'axionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo Of,
gamento combinado de um pequeno grupo de pessoas que concorda- diretamente resultados afetivos específicos da aprendizagem escolar,
riam a respeito de sua melhor localização. É possível que as pessoas nem sequer o nível geral de desenvolvimento do processo de soci;!
q lIC a usarão futuramente, vão perceber mudanças apropriadas na lização.
localização de algumas delas ou talvez abandonarão algumas, por não
serem suficientemente precisas para a categorização, O leitor é enco- Felizmente para a escrita deste Compêndio, certo número de ('slll'-
rajado a estabelecer contato COm os autores, se tem sugestões para dos da eficiência do currículo produziram - como parte de suas bscs
modificações nas categorias ou nas classificações alternativas de ilus- de avaliação - uma grande variedade de testes, destinados espcci fi-
T.O.
trações específicas. As razões para estas modificações devem ser camente a medir os resultados afetivos da instrução em matérias
8
li -
274. Em The Inferno, de Dante (B) A - o herói é acompanhado pelo 1.2 Disposição para Receber - Objetivos Educacionais Ilustrativos
demônio.
275. Em Don Quixote, de Cervantes (D) B - o herói é acompanhado por Desenvolve uma tolerância por uma variedade de tipos de música.
um poeta. Aceita diferenças de raça e cultura, entre pessoas conhecidas.
Aceita, como associados e colegas, em empreendimentos diários, outros seres
276. Em Faust, de Goethe (A) C - o herói é acompanhado por humanos, com desconsideração da raça, religião ou origem nacional.
seu pai. Presta (cuidadosa) atenção quando outros falam, na conversação direta, no
D - o herói é acompanhado por telefone, em platéias.
um criado. Ouve os outros, com respeito.
E - o herói é acompanhado por Apreciação (tolerância) de padrões culturais, manifestada por indivíduos de
uma mulher ambiciosa. outros grupos - religiosos, sociais, políticos,econômicos, nacionais, etc.
Apreciação (reconhecimento) de membros da família como pessoas com ne-
cessidades e interesses próprios.
Aumento da sensibilidade à necessidade humana e a problemas sociais prementes.
1.2 Disposição para Receber
2. O RESPOSTA
.J
118 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 119
Esta é a categoria, que muitos professores acharão que melhor aparece nos objetivos escolares. Os objetivos expressam alvos ideais'
descreve seus objetivos de "interesse". A maioria usa cornumente o de aprendizagem. Obediência e submissão são dificilmente alvos
termo, para indicar o desejo de que uma criança se torne suficiente- ideais. De fato, ao contrário de outros níveis de comportamento,
mente envolvida ou compromissada com um assunto, fenômeno ou que podem ser considerados como passos para o comportamento auto-
atividade, que o procurará novamente e terá satisfação em trabalhar motivado e autodirigido, o comportamento incutido no que aprende,
ou se entregar ao mesmo, Mas, desde que o termo "interesse" tem neste nível, pode jamais se tornar mais internalizado e mais auto-
uma variedade de significações, espera-se que o professor ache que dirigido. Freqüentemente, a conseqüência é o bloqueio de progresso
classificar um objetivo, aqui ou noutro nível do esquema, empresta- ulterior, acima no continuuon, exceto sob influência externa experi-
lhe uma precisão, que agora está faltando no uso corrente da palavra. mentada. Resposta, de uma maneira condescendente, pode ter as
Existe alguma dúvida sobre se a terceira subcategoria está lo- mesmas manifestações que comportamento internalizado, mas os as-
calizada do modo mais apropriado, para ser uma parte integral da pectos internos do comportamento são completamente diferentes.
hierarquia. Deveria estar onde está agora? Ou deveria estar entre É raro, portanto, que se encontrem objetivos que descrevam
a primeira e a segunda categoria de 2.0, Resposta? A fim de esta- este nível de comportamento. As áreas principais, em que encontra-
belecer a mais definida hierarquia, 2.3, Satisfação na resposta foi mos objetivos neste nível,são aquelas da saúde e segurança, onde o
colocada depois de 2.2, Disposição em responder, em razão de que, na perigo de dano pode chegar ao estudante como resultado da igno-
maioria dos casos, uma resposta não tem probabilidade de produzir rância, ou de não submissão a regras, que prevalecem sobre a dese-
satisfação, a menos que tenha já sido estabelecida uma disposição. jabilidade de que internalize este comportamento num nível mais
Este problema é ulteriormente discutido na descrição da categoria alto, desde o princípio.
2.3.
I
vosl
Neste nível estamos preocupados com o que poderia ser con- Disposição para se obrigar a participar com os outros.
siderado como o primeiro nível de resposta ativa, depois que o que Disposição para ceder aos preceitos de saúde.
aprende deu a sua atenção. Poderíamos usar a palavra "obediência" Completa sua tarefa de casa.
ou "submissão", para descrever o comportamento. Como indicam Observa regras de tráfego, a pé, numa bicicleta ou em outro meio de trans-
ambos os termos, há uma passividade, na medida em que diz res- porte, em cruzamentos e em outro lugar.
peito à iniciação do comportamento, e o estímulo, que traz à cena Visita museus, quando se lhe diz para Iazê-Io.
este comportamento, não é sutil. Submissão é talvez um termo me- Lê a literatura determinada.
lhor do que obediência, uma vez que há mais do elemento de reação Obedece as normas do playgmund.
a uma sugestão e menos da implicação de resistência ou de capitu-
lação a contragosto.
1 Os objetivos educacionais, classificados no nível 2,.1, são de dois tipos: (11J)
2.1 Aquiescência na resposta, o estudante dá a resposta, mas
Objetivos não enunciados, mas implícitos. Uma vez que a ·cooperação ou aquies-
não aceitou completamente a necessidade xle assim fazê-lo, Aqui, cência da criança é necessária para a atividade contínua de instrução, há um grupo
fossem as condições de tal ordem, que outras alternativas de resposta total de objetivos não-especificados, 2.1, trazendo à cena comportamentos nor-
fossem abertas, e não existissem pressões para conformidade com o malmenteesperados.
aquisição. de uma entrada
Os exemplos são: execução
para o. concerto estudantil,
de tarefa caseira designada,
quando. dito para fazê-Ia,
padrão ou norma social, esposada pelo professor, há a implicação de.
etc, (b) Objetivos ma1~ifestamente enunciados, Estes têm probabilidade de des-
que o estudante poderia escolher satisfatoriamente uma resposta al- crever comportamento que menos claramente recai no. padrão normal de'aquies-
ternativa. cência para ,a idade. Por exemplo: Observação dos regulamentos, concernentes 'a
bicicletas, tais como a inspeção anual pela polícia. Objetivos do primeiro tipo
Serão encontrados poucos objetivos que especifiquem este nível
têm probabilidade de serem supostos como. parte de progresso na escola. Objetivos
de comportamento. Ainda que a consecução de comportamento sub- do segundo tipo são. mais prováveis de constituirem como uma parte consciente'
misso ou obediente seja, na escola, um resultado freqüente, raramente e integral do esforço de instrução. .
.ii.
120 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 121
2.1 Testagem. da Aquiescência na Resposta» j rnemos, por exemplo, a observação de regras de trânsito, no caminho
para a escola. A grande maioria dos estudantes as obedece, durante
Os comportamentos, ajustados a este nível, são aquiescência e as horas da escola. Ainda não podemos dizer que todos que as obe-
submissão. Ainda que haja poucos objetivos que especificam este decem, assim fazem voluntariamente. Para determinar quem está
nível de comportamento, há muitos casos da manifestação de tais meramente se submetendo a tais regras, o examinador pode idear
comportamentos. Se deve funcionar efetivamente, o esforço de ins- um questionário para pais, que interroga a respeito do comporta-
truçãoexige muito comportamento submisso. Se o estudante quer mento de seu filho, no trânsito, em certo número de situações, fora
ou não, lhe é requerido que exiba uma variedade de comportamentos da escola. Ou o examinador pode fazer observações sistemáticas de
- para completar tarefas de casa, observar regras de tráfego, visitar estudantes indo para a escola, digamos, num sábado de manhã, quan-
° dentista anualmente e assim por diante. Na verdade, o professor do estão se reunindo para uma visita especial ao museu. Os que
impõem as regras escolares de tráfego, os guardas e polícias dos
se esforça para reduzir a um mínimo absoluto a incidência de com-
portamento aquiescente, cruzamentos, não estão em serviço. As crianças sabem disto e aquelas
Assegurar dados a respeito de se o estudante deu ou não a res- que desobedecem as regras de trânsito, nesse sábado, podem ser re-
posta desejada é a tarefa principal, neste nível. A questão básica, feridas como as que meramente se submetem às regras nos dias de
para a testagern, é, então: O estudante está verdadeiramente res- escola.
pondendo? Isto é, ele está observando as regras de trânsito, em seu A manifestação de certos tipos de comportamento em classe
caminho para a escola? Lê um livro durante seu período de leitura? pode ser tomada, pelo examinador, como evidência de aquiescência.
Consulta o dentista, periodicamente, para um exame? Estas respos- A participação, com pouco interesse ou entusiasmo, por exemplo,
tas podem ser registradas pela observação direta, ou perguntando numa discussão de classe, ou no que o estudante está fazendo só,
diretamente ao estudante. pode algumas vezes ser evidência de comportamento aquiescente.
Podemos dizer, em relação àqueles estudantes que estejam dan- Tal evidência deve ser interpretada com cuidado, desde que poderia
do uma resposta específica, que no mínimo estão aquiescendo. É haver muitas causas de falta de entusiasmo. Todavia, o devaneio,
muito possível que alguns estejam respondendo num nível mais alto ou fazer coisa diferente do que é requerido no momento, indica falta
da Taxionomia Afetiva. de aquiescência.
Se o professor desejasse descobrir se a resposta era auto-iniciada, Evidência mais direta de comportamento aquiescente pode ser
ou dada essencialmente por instância de outra pessoa - seja ela assegurada pela observação de quais estudantes, numa dada situa-
o professor, um dos pais, irmão, amigo Ou modelo adulto - podem ção, respondem somente quando continuamente lembrados de Iazê-Io.
ser colhidos dados pertinentes, solicitando ao estudante para expor Quanto mais freqüenternente deve ser dito a um estudante, para
a razão, para a sua resposta, seja à maneira de uma resposta livre, fazer alguma coisa, mais aquiescente é a sua resposta, se é que existe.
ou fazendo-o escolher uma de várias alternativas de resposta, que Os produtos concretos do esforço de aprendizagem do aluno
mais se aproxima da explicação da fonte da motivação para respon- podem ser examinados numa variedade de maneiras, em relação à
der. O examinador deveria usar esta abordagem direta somente resposta aquiescente, Dados típicos do comportamento 2.1, em ta-
quando está certo de que o respondente não tentará negar a resposta refas escritas, apresentações orais, críticas de livros, trabalhos de
aquiescente, porque acha que este tipo de resposta, se conhecido pelo conclusão, folhetos de exame, são a aplicação do mínimo de esforço,
professor, produzirá desaprovação e punição social. a fim de conseguir algo escassamente aceitável, seguindo literalmente
Existem vários outros métodos para determinar se uma resposta requisitos e com uma apresentação indiferente e sem entusiasmo.
observada ou registrada é auto-iniciada ou de outra maneira. To- O comportamento aquiescente pode ser demonstrado quando um
relatório desleixadamente executado chama atenção, em comparação
com uma série de relat6rios completados em 'ordem, previamente.
2 Aquiescência é uma característica incorporada nas situações de teste. em
todos os níveis do domínioafetivo. Mas, no nível 2.1, devemos ser cuidadosos, Isto deve ser tomado como significando, ou que houve uma regressão
em todos os momentos, para distinguir entre aquiescência a respeito de compor- do afeto - isto é, o estudante perdeu seu vívido interesse pelo as-
tamento relacionado com objetivo educacional, e aquiescência, no sentido de que sunto - ou que não gosta do tópico que está sendo estudado.
o próprio fato do estudante estar disposto a fazer o teste seja uma tentativa para
agradar ou para evitar desprazer, Listas ou inventários de verificação de atividades, do tipo men-
I
122 Taxionomia de Objetivos Educacionais 123
Domínio Afetivo
cionado nos níveis 1. 2 e 1.3, podem ser utilizadas corno testes, neste Coluna Coluna Coluna
nível. Enquanto nos níveis de Acolhimento, podem ser usadas ati- 1 2 3
vidades, das quais o estudante está simplesmente cônscio, nos níveis
~i
de Resposta as atividades têm de ser limitadas àquelas que o estu- 12. Consulta anualmente um dentista.
f 15. Usa galochasdurante o tempo
dante verdadeiramente experienciou. A Aquiescência em responder
é indicada quando o estudante escolhe alternativas de resposta, como
"Não gosto de fazê-I o", "Fazer isto me enfada", "Eu somente faço,
i 52.
úmido, frio.
Vai para a cama aproximadamente
à mesma hora, cada noite.
quando tenho de fazer", "Somente faço, quando um amigo o sugere". 11
Ê difícil mascarar a intenção de uma lista ou inventário de Explicação do escore: As respostas, anotadas na Coluna 2, são ajustadas como
verificação. Aqui, novamente, o examinador está interessado em obter respostas 2.1.
respostas válidas. Para evitar este problema, ele pode planejar testes
de tipo projetivo, Ilustr. Objetivo: Disposição para ceder a práticas corretas de saúde.
2.1-C
Ilustr. Um exemplo de tal instrumento, digamos, na apreciação da
2.1-A leitura, é construir uma série de situações, envolvendo livros, Teste: Adaptado de H ealth. Activities; Inventory 1.1 (Vide ilustração 2 .1-E).
bibliotecas, livrarias e assim por diante. Cada situação é um
quadro de dois estudantes, um dos quais envolvido em alguma ati- Instruções: Responda cada questão, relacionada abaixo, marcando com um X, seja
vidade, que está associada com leitura, tal como ler à noite, no a coluna SIM ou NÃO.
quarto, estar parado na parte externa de uma livraria, ou retirar
livros de uma biblioteca. O segundo estudante é desenhado como 69. Você chama um médico· somente quando está bastante doente para ir para
dizendo algo ao primeiro. A tarefa, para o respondente, é a de dar, cama? (S)
70. Você se esquiva ou evita tanto quanto possível ir ao dentista? (S)
tão rapidamente quanto possível, o que o segundo estudante, no
quadro, está dizendo para o primeiro. Evidência de resposta aqui-
escente é obtida, se as suas respostas contêm afirmações como: "Não
Ilustr. Obj~tivo: Crescente desejo e gosto em relação ao que é bom na lite-
perca o seu tempo lendo hoje à noite, se você está pronto com seu 2 .1-D 3 ratura.
tema de casa", "Eu nunca tomo de empréstimo um livro, que não é
determinado por um professor". "Eu compro apenas os livros que Teste: Adaptado de Questionnaire on Voluntary Reading; Test 3.32 (Chicago:
Evaluation in the Eight-Year Study, Progressive Education Association,
são exigidos".
1940) .
2.1 Aquiescência na Resposta - Exemplos Selecionados da Lite- Instruções: O propósito deste questionário é descobrir o que você realmente pensa
ratura de Testes a respeito da leitura que faz,em seu tempo de lazer.... Considere cada questão
cuidadosamente e a responda tão honesta e tão francam;tinte, quanto lhe seja pos-
sível. Não há respostas "certas", nessa qualidade. Não ·seespera que seus pensa-
Ilustr. Objetivo: Disposição paracooer a preceitos de saúde. mentos ou sentimentos, ou atividades em relação a livros devessem ser semelhantes
2.1-B aos de qualquer outra pessoa. Há três maneiras de registrar a Folha de Respostas:
I
alI'"
124 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 125
30. Você lê ensaios, além das exigências escolares? (N) Lê voluntariamente revistas e jornais, destinados a crianças pequenas.
53. Você, comumente, lê menos livros durante o período de férias de verão do I Busca voluntariamente novas informações a respeito de seu ambiente físico
que durante período semelhante de tempo, no ano letivo? (S) sobre o tempo, o céu, a terra, as coisas vivas e as máquinas, inclusive meios
55. Você já fez leitura adicional, ou consultou outras pessoas, numa tentativa mecânicos de transporte e comunicação.
de saber mais a respeito da época, acontecimentos ou lugares apresentados Entrega-se, por conta própria, a uma variedade de passatempos construtivos,
num livro que leu? (N) e a atividades recreativas.
67. Você lê livros principalmente porque seus pais ou professores insistem que Demonstra um interesse em participar ativamente de projetos de pesquisa.
o faça? (S) Pratica as regras de boa saúde, particularmente com referência a descanso,
alimentação e higiene.
Pratica as regras de segurança - na escola, no playgf'01J/I1,d, na rua e no lar.
Pratica as regras de conservação - protegendo a vida vegetal e animal ne-
2.2 Disposição para Responder cessárias e evitando a perda de materiais essenciais, etc.
Responde com interesse consistente, ativo e profundo a estímulos intelectuais.
A chave para este nível está no termo "disposição" ,com a sua im- Realiza experimentos simples, relacionados com a ciência biológica e física
plicação de capacidade de atividade voluntária. Esta não é tanto (para satisfazer sua curiosidade sobre questões científicas).
Assume responsabilidade total por seus deveres como um membro da família.
uma resposta a sugestões de fora, como é uma resposta voluntária, Coopera em empreendimentos condignos intentados por grupos dos quais ~
de escolha. English e English (1958, p. 122) sugerem que o termo membro.
"cooperação", que melhor se ajusta a esta categoria, é um eufemismo Conserva-se quieto, quando a ocasião ou a situação exige silêncio.
para obediência. Enquanto isto é claramente verdade, em alguns Contribui para a discussão de grupo, apresentandoques.tões que estimulam o
pensamento, ou fornecendo informações ou idéias. pertinentes.
usos escolares, em geral, quando o termo "cooperação" é utilizado, Disposição para ser útil para o grupo, do qual é membro.
em objetivos escolares, há a implicação de que o que aprende está Voluntariamente lê Ia respeito da vida e obra de grandes artistas e compositores.
suficientemente compromissado para exibir o comportamento, não. Interesse na leitura, como fonte de informação sobre o comportamento humano.
por um temor de punição, mas "por si mesmo", ou voluntariamente. Coopera na produção de um jornal ou revista do alojamento ou da escola.
Faz perguntas pertinentes, na discussão, quando o tópico lhe interessa.
Pode ajudar observar que o elemento de resistência, ou de capitu- Assume responsabilidade em ajudar a fazer as discussões terem sucesso.
lação a contragosto, que está possivelmente presente no nível prece- Interessa-se por problemas sociais, mais amplos do que os da comunidade local.
dente, é aqui substituído por consentimento ou procedimento con- Tem um interesse científico, manifestado através da leitura, de fazer coleções,
forme a própria escolha. levar a efeito experimentos ou sair em excursões.
Familiarizar-se com questões atuais, em assuntos internacionais, políticos, so-
Esta é uma categoria importante para a educação e que pode ciaise econômicos, através de leitura e discussão voluntárias.
encontrar um grande número de objetivos, que a ela se ajustam. O Considera a conveniência dos outros ao usar o telefone.
comportamento especificado não indica quanta disposição para se Participa ativa e profundamente na discussão de grupo, com crescente "cons-
comportar desta maneira é alcançada, quer referindo as razões, re- ciência de audiência".
forçando positivamente o comportamento, de maneira que a gratifi- Lê muito, de forma a estender e a enriquecer a expenencia.
Aceitação da responsabilidade por sua saúde e pela proteção da saúde dos
cação em si se torna uma razão para agir assim, ou de outras manei- outros.
ras. Muitos dos objetivos categorizados neste nível são socialmente Tem interesse contínuo na leitura de livros e periódicos que se relacionam
desejáveis, os quais à custa de serem manifestados trazem aprova- com problemas e experiências atuais, pessoais e sociais.
Sentido de responsabilidade pela participação em atividades comunitárias de-
ção social para o que aprende e, assim, são "auto-reforçadores". Nes-
sejáveis.
te sentido, a tarefa do professor é muitas vezes reduzida, assim, a Aceitação de responsabilidades principais para realizar decisões primordiais de
estabelecer o ambiente, a fim de que o comportamento seja externado vida.
numa situação social, Este é provavelmente o meio preponderante Aceitação da desejabilidade de exploração e escolha tentativa precedendo de-
de atingir muitos dos objetivos sociais aqui classificados. cisões "finais" primordiais (e. g., ocupação, matéria preferencial no college, etc.).
2.2 Disposição para Responder - Objetivos Educacionais Ilustra- 2.2 Testv.gem. da DiiSp,osiçãopara Responder
tivos
A chave para a testagem, neste nível da T axionomia Afet'iv(t, é
Procura voluntariamente livros de informação que tratem de passatempos ou
de outros tópicos, em que esteja interessado. o planejamento de situações, em que a disposição ou consentimento
128 'raxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 129
Teste: Adaptado de Self-Inventory of Personal-Social Relationshipe (Chicago: Ilustr. Objetivo: Ocupa-se numa variedade de atividades de leitura, nas horas
Cooperative Study in General Education, .American Council on Education, vagas.
1941).
2.2-C
Instruções: 1. Para cada atividade, relacionada abaixo, assinale as suas respostas, lnstruções: Há três maneiras de marcar a Folha de Respostas:
como é indicado a seguir, nas colunas das letras A e D, à esquerda da página:
S significa que a sua resposta à questão é Sim.
Faça um círculo em torno de A, se o item representa uma atividade da qual
I significa que a Sua resposta à questão é Incerta.
participa ou algo que você faz, seja ocasional ou freqüentem ente. N significa que a sua resposta à questão é Não.
Faça um círculo em torno de D, se o item representa algo que você faz rara-
mente ou nunca. 11. Você lê as seções de críticas de livros, de revistas e jornais, muito regular-
mente? (S)
2. Depois de responder todos os itens, retroceda e releia todos em que você
13. Freqüentemente você discute com amigos a respeito de questões como: quais
fez um círculo lIJ11 torno de A. Para cada um desses itens, assinale uma segunda
são os livros atuais mais populares, o que faz com que um livro seja um
resposta, nas colunas das letras W e U, no lado direito da página, de acordo com
bestseller, e coisas semelhantes? (S)
o seguinte: 14. E um tanto incomum, para você, ler livros, revistas ou jornais, com o propó-
Faça um círculo em torno de W, se você está interessado no item e se faz de sito específico de saber mais a respeito de autores e de suas obras? (N)
bom grado. 36. :f: muito incomum, para você, procurar, por iniciativa própria, informações so-
Faça um círculo em torno de U, se você executa a atividade com indiferença, íbre a vida de um autor, depois de ler um de seus livras? (N)
ou porque alguém acha que você deveria fazê-lo,
Comentário sobre esta ilustração: Cada um dos itens acima é suficientemente po-
4. A D Assistência a chás de estudantes de faculdade. W U (A,W) deroso para bastar por si, como evidência de Disposição para responder. Quanto
l3.A D Organização de um assunto social para um grande mais respostas um estudante dá na direção ajustada, maior é a probabilidade de
grupo de estudantes. W U (A,W) que esteja funcionando num nível mais alto da Taxionomia. Em outras palavras,
21. A D Convidar amigos do college, para visitar minha casa. W U (A,W) estas respostas, quando tomadas coletivamente, indicam uma pessoa, que não mais
37. A D Ser um líder no trabalho dirigente estudantil W U (A,W) está simplesmente disposta a responder. O estudante, que lê críticas de livros
_ e. g., como membro do conselho de alunos, regularmente, discute tendências literárias e acontecimentos literários com amigos,
presidente de comissão, administrador de clube ou que investiga a vida de autores de livros que lê, é uma pessoa que está fazendo
candida to à administração, etc. mais do que responder com boa vontade. Estas atividades são uma evidência de
profundo cometimento com coisas literárias.
I
~, 8. A D Ajudar a aprontar as refeições, no lar. W U (A,W) Como na categoria antecedente, esta é uma em que encontramos'
f 83. A D Fazer a limpeza
pnto~
depois das refeições; secar ou lavar
W U (A,W) um grande número de objetivos. A própria especificação de que sa-
D Ajudar alguém na minha família a se aprontar tisfação acompanha a resposta,caracteriza um reforço ou recom-
108. A
para sair para uma festa. "IV U (A,W) pensa, 'que tende a aumentar a freqüência e a força da resposta. O
professor, que deseja formar um comportamento, que uma vez obti-
Para rapaus: do, terá qualidades auto-reforçadoras, achará útil esta categoria 5.
33. A D Fazer trabalhos ocasionais, aqui e ali, na casa, tais A localização desta categoria, na hierarquia, foi assunto de gran-
como arrumar tomadas de luz, ceifar o gramado, etc. W U (A,W)
58. A D Ajudar a mudar ou a tornar a pôr em ordem os 5 Em alguns casos, o objetivo educacional, implícita ou explicitamente, é
móveis. W U (A,W) fazer surgir respostas emocionais negativas, tais como repulsa, choque, aversão, não
63. A D Ajudar a mãe a levar os mantimentos do armazém em causa própria, mas para algum fim positivo. Isto é particularmente verdadeiro
para casa. W U (A,W) na instrução de estudos sociais, em que a aprendizagem é muitas vezes facilitada,
130 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 131
de dificuldade. Precisamente onde ocorre, no processo de internali- seja que o componente emocional apareça gradualmente atraV{'H d,1
zaçáo, a inserção de uma resposta emocional, frêrnito de emoção ou série de categorias de internalização, e que seja mais particuln 1'1)1I'111
vibração no comportamento, foi difícil de determinar. Quanto a isto, pertinente a certos comportamentos e/ou ao comportamento ('111('(')'
há uma certa incerteza, em relação a se o nível de internalizaçáo, em tas áreas, assunto, situações do que a outros. Desta maneira, a I('11,
que ocorre, pode não depender do comportamento específico. Nós tativa para especificar uma dada posição, na hierarquia, como (/11//1'111,
mesmos pusemos em dúvida se deveria ser uma categoria. Se nossa em que o componente emocional é acrescentado, pode ser fadada ao
estrutura tem de ser hierárquica, então cada categoria deveria incluir fracasso.
o comportamento do nível imediatamente abaixo dela. Satisfação e A categoria é arbitrariamente colocada neste ponto na hicrnr
emocionalidade da resposta são certamente uma parte das subcate- quia, onde parece ocorrer mais freqüentemente, e onde é mencionada
gorias superiores da categoria acima desta, que é denominada de 3.0, Ou parece ser um componente importante dos objetivos, neste nív«
Valorizaçâp. Estas subcategorias de valorização abrangem compor- do continuum. A inclusão da categoria, neste ponto, serve ao pro·
tamentos tais como buscar, procurar e querer, que envolvem mani- pósito pragmático de nos lembrar da presença do componente cmn
pulação ativa, para atingir um alvo impregnado afetivamente. Con- cional e de seu valor na formação de comportamentos afetivos. M ali
tudo, o nível mais baixo de valorização - o de Aceitação de um não deveria ser considerada como aparecendo e ocorrendo, neste POII-
valor, não precisa necessariamente ser acompanhado de emoção. Ter to único do continuum e, desta maneira, destruindo a hierarquia
uma opinião pode significar que alguém tem uma crença, que é man- que estamos tentando construir.
tida, semcometÍmento ou desejo emocional - que é aberta à re-
avaliação, desde que a evidência não é confirmada, para ser convin- 2.3 Satisfação na Resposta - Objetivos Educacionais Ilustriuiiv»
cente.
Todavia, é igualmente claro que a inserção de um componente Encontra prazer em ler, por recreação.
emocional numa resposta, muitas vezes ocorre nos estádios precoces Gosta de ler livros sobre uma variedade de temas.
Obtém satisfação cantando com outras pessoas.
de resposta, quando não há consistência suficiente ou estabilidade Escuta com prazer boa música.
da resposta, para distinguir o respondente como mantendo uma opi- Responde emocionalmente a um trabalho de arte ou composição musical.
nião ou um valor. Quanto a isto, a Disposição para responder pode Utiliza vários meios artísticos, para recreação ou liberação emocional.
estar acompanhada de um nível baixo de emocionalidade, possivel- Aprecia uma variedade crescente de tipos de materiais de leitura, para recrraçãu,
Tem constantemente prazer numa crescente variedade de bons programas ,Ir;l"
mente de entusiasmo. Talvez a resposta real para esta dificuldade máticos e de outros, no rádio, televisão e gravações.
Encontra prazer em escutar vários tipos de música vocal e instrumental.
Descobre muitas áreas novas para leitura, como uma agradável atividade para
pelo menos no lado afetivo, tirando proveito de emoções negativas. Os objetivos horas de folga - romance, humor, amizade, relações familiares, história e biov,l·a·
educacionais são enunciados, positivamente, mas as emoções evoca das têm valência
fia, etc.
negativa. Por exemplo, o desenvolvimento de uma apreciação de ideais democráti- Lê em voz alta, especialmente poesia, para seu próprio prazer.
cos (entre outras coisas, por certo), suscitando aversão pelas, orientações raciais
Tem prazer na conversação com diferentes tipos de pessoas.
dos nazistas. Ou fazendo surgir choque, quando em visita a áreas urbanas de fave- Tem prazer em se reunir com outros, para cantar canções notáveis, antiv,a~
las, para favorecer uma apreciação da desigualdade econômica. Em relação com
e novas.
isto, a pessoa se impressiona com o poder educativo em potencial de acontecimen- Gosta de escutar boa música, diretamente, em gravações, e no rádio e televisão.
tos altamente dramáticos e pessoalmente perturba dores, como a convulsão Social Faz jogos numéricos reais por mera diversão.
em Little Rock, em face da admissão de algumas crianças negras em escolas só~ Desenvolve um interesse intenso por seu ambiente físico em árvores, flon'K,
t
para-brancos, as greves brancas da década de 1930, em Detroir, o sacrifício atômico pássaros, insetos, estrelas, rochas, processos físicos e semelhantes.
em Hiroshima, os julgamentos para expurgo em Moscou e os campos de concentra- Satisfação pessoal em pôr em execução práticas judiciosas de saúde.
ção dos nazistas.
Gosto pela literatura, intelectual e esteticamente, como um meio de enriqur
I
f
Um assunto completamente
dizagem negativas.
estudante
distinto, na verdade, é o das experiências de apren-
Estas experiências produzem afetos, que servem para que o
repila o objeto ou fenômeno. Aqui pensamos, em particular, nas experiên-
cimento pessoal e de compreensão
Prazer pela participação
endimentos de grupo,
social.
em tipos variados de relações humanas eem cmprr-
cias cognitivas nos graus primários em leitura, ciência, aritmética, que tendem a
~
3.0 VALORIZAÇÃO
Esta é a única categoria que tem um título que é de uso comum
na expressão de objetivos pelos professores. Ademais, está empregado
em seu sentido usual: que uma coisa, um fenômeno ou comporta-
mento tem valor. Este conceito abstrato de valor é, em parte, um
resultado da própria valorização ou avaliação do indivíduo, mas
muito mais um produto social,que foi vagarosamente internalizado
ou aceito e veio a ser usado pelo estudante, como seu próprio critério
de valor.
O comportamento categorizado neste nível é suficientemente
consistente e estável para ter assumido as características de um a
crença ou de uma atitude. O que aprende manifesta seu comporta-
mento,com consistência suficiente, em situações apropriadas, que
vem a ser percebido como adotando um valor. No nível mais baixo
de Valorização, está, pelo menos, disposto a permitir-se ser assim
percebido e, nos níveis mais altos, pode se comportar de maneira
a favorecer ativamente esta impressão.
A categoria dá mais especificidade ao termo "valor", do que
está presente em seu uso comum, no sentido de que define três níveis
de Valorização, cada um representando um estádio de intemalizaçâo
mais profunda. No nível mais baixo de Valorização, o estudante
tem o que poderíamos tipicamente chamar de uma crença: ele sim-
plesmente aceita um valor e, desta maneira, denominamos este nível
de Aceitação de um valor. No nível mais alto, o termo "cometi-
mento" ou "convicção" é mais apropriado do que crença, com sua
conotaçãode "crença sem sombra de dúvida".
Pelo número de ilustrações dadas, é claro que existem muitos
objetivos neste nível, mas a insinuação de valores, que é aqui deno-
tada, é precisamente ao mesmo tempo, obviamente uma questão de
alguma discussão. As conseqüências desejáveis de um processo de
socialização,que capacita o indivíduo a viver com os ideais de nossa
sociedade, certamente serão classificadas aqui. O professor tentará,
de muitas maneiras evidentes, formulá-Ias para o estudante e pro-
porcionar reforço para que aqueles alunos as manifestem. Porém,
desde que os valores de nossa sociedade não são completamente COII-
sistentes, internamente (e.g., competição vs. cooperação), a tarefa
do professar é notavelmente complicada. Neste nível, todavia, não
estamos preocupados COm as relações entre valores, porém mais com
a internalizaçâo de um conjunto de valores especificados, ideais.
140 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 141
N a extensão em que existem estas inconsistências, ou que os mentoadequado" (English e English, 1958, p. 64), descreve muito
valores ensinados divergem da norma que o que aprende adotou bem o que pode ser considera'docomo o tipo dominante de compor-
(seja do grupo de equivalentes, pais ou comunidade), o professor tamento classificado. Como será observado, nas subseqüentes sub-
terá grande dificuldade em alcançar seus alvos, neste nível profun- divisões desta categoria, as crenças têm graus variáveis de certeza.
damente internalizado. Isto é especialmente verdade naqueles casos No nível mais baixo de Valorização, estamos interessados nos níveis
em que o estudante está fortemente cornpromissado com valores mais baixos de certeza; isto é, há mais de uma prontidão para re-
divergentes da norma cultural e em que eles são reforçados fora da avaliar a posição da pessoa do que nos níveis mais altos. É uma
situação escolar. posição que é algo tentativa; a crença ainda não está firmemente
Vistos sob outro ponto de vista, os objetivos classificados aqui estabelecida.
são a matéria-prima â partir da qual a consciência do indivíduo é Como foi mencionado, na discussão preliminar de Valorização,
desenvolvida num controle ativo do comportamento. uma das características distintivas deste comportamento é a consis-
Esta categoria será achada apropriada para muitos objetivos, tência de resposta à classe de objetos, fenômenos, etc., com os quais
que usam o termo "atitude" (tanto quanto, na verdade, "valor"). a crença ou atitude é identificada. Isto é verdadeiro mesmo neste
Freqüentemente, quando usamos o termo "atitude", subentendemos nível mais baixo de Valorização, porquanto está implícito que o
que o indivíduo está valorizando, seja positiva ou negativamente, valor está internalizado, bastante profundamente, para ser uma
algum comportamento, fenômeno ou objeto. Mas o termo "atitude" força consistentemente controla dor a sobre o comportamento.
também é usado para denotar disposições completamente gerais em Ademais da consistência da resposta, o comportamento, classi-
relação a fenômenos, tanto quanto uma orientação para com eles. ficado neste nível de F alorização, mostra continuidade suficiente,
Novamente, espera-se que a classificação do comportamento, dentro com respeito a objetos apropriados, fenômenos, etc., que a pessoa
das subcategorias, emprestará uma especificidade de significação de é percebida pelos outros, como tendo a crença ou o valor. No nível,
que o termo "atitude" carece. queestamos descrevendo aqui, ela é tão suficientemente consistente
Um elemento importante de comportamento, caracterizado por que outros podem identificar o valor, como tem suficiente cometi-
Valorização, é que é motivado, não pelo desejo de se submeter ou mento de maneira que está disposta a ser assim identificada.
obedecer, mas pelo cometimento do indivíduo ao valor subjacente,
"t
que guia o comportamento, No processo de socialização, o que apren- 3.1 Aceitação de um Valor - Objetivos Educacionais Ilustrativos
de pode externamente apresentar conformidade com certo número
~Ii
~.
de regras socialmente desejáveis de comportamento,
cialmente aceitou como próprias -
mente. O assunto de determinação
internalizou-as
as quais só par-
apenas parcial-
da congruência entre seu estado
Desejo contínuo de desenvolver a atividade de falar e de escrever com efi-
ciência.
Deseja atingir ótima saúde.
Cresce no sentido de afinidade com seres humanos de todas as nações.
interno e o comportamento manifesto, é um problema de mensura- Sente-se como um membro de grupos, que intentam resolver um problema
\t ção. Como foi observado na categoria 2.1, Aquiescência na resposta, comum, seja local, nacional ou internacional.
ttM exceto por um objetivo ocasional, que exija comportamento condes- Reconhecimento do desejo de relações democráticas do esposo e da esposa, e
cendente, tal comportamento não é uma parte de objetivos educa- dos pais e filhos.
Um sentido de responsabilidade em ouvir e participar de discussão pública.
cionais. Desta maneira, a divergência entre cometimento interno e
Aceitação do Iugar do culto, na vida do homem.
comportamento externo é um problema para ser manejado pelo ava- Reconhecimento do companheirisrno como um elemento essencial no sucesso
liador e pelo professor. do casamento.
Desejo e preferência aumentadas para o que é bom em Literatura.
querer um objeto, porque ele tem valor e é considerado importante, nitárias proveitosas é outro. Afirmar que as regulamentações esco-
por SI mesmo. lares relativas à condução de bicicleta, durante as horas escolares,
Tomemos a leitura, por exemplo. Há certamente satisfação em são importantes e essenciais é um terceiro. Estas são expressões de
ler, em 3.1. Mas é mais do que uma emoção viva em relação a sentimentos. Indicam que o afeto que foi ligado a um objeto ou
uma estória estimulante. O estudante agora percebe a leitura como fenômeno se tornou internalizado. O teste clássico, direto e estru-
uma atividade importante e mostra certo comportamento, que é turado, de atitudes e crenças, é o recurso mais comum para a tes-
indicativodisto. Ele lê aqui e ali em livrarias, lê comentários de tagem neste nível. Tal teste consiste numa série de afirmações,
livros, ou planeja um programa de leitura de verão, ao redor de um carregadas de valor. O estudante considera cada afirmação e indica
tema específico, ou lê esboços biográficos de autores de obras que a extensão em que está de acordo com ela. Neste nível da Taxiono-
leu ou, depois de terminar um livro, lê o que 05 críticos disseram T.o.1I m~a Afetiva, estamos fundamentalmente interessados mais se ele
a respeito. Cada um destes comportamentos indica um sentimento aceita, do que se rejeita o valor.
positivo em relação à leitura e uma crença de que a leitura tenha 1!
Quando a escala de atitudes possui um alto grau de consistência
valor intrínseco, além de apenas satisfação. Um estudante que ma- interna, escores positivos relativamente baixos podem ser tomados
nifesta qualquer um desses comportamentos está no nível 3.1. Mas como indicando uma manutenção tentativa do valor.
a manifestação de certo número deles é evidência de um nível mais
alto de Valorização.
3.1 Aceitação de uan. Valor - Exemplos Selecionados da Litera-
Outro tipo de indicação do comportamento 3.1, é percebido
tura de Testes
quando a leitura assume uma qualidade mais profunda e mais rica.
O estudante, agora, se identifica com os personagens que admira.
Ou procura amigos, que também leram o livro, para discutir as Ilustr. Objetivo: Apreciação do lugar da leitura na vida de alguém.
idéias que o estimularam. 3.1-A
A Aceitação de um valor também é deduzi da, quando novos
interesses surgem da leitura. Por exemplo, o estudante fica fasci- Teste: Extraído de Questionnaire on Voluntary Reading; Test 3.32 (Chicago:
nado com os problemas de renovação e planejamento urbano e pro- Evaluation in the Eight-Year Study, Progressiva Education Association,
1940) .
cura as obras daqueles 'que mantêm uma variedade de pontos de
vista sobre o assunto. A leitura, neste caso, é o trampolim para
Instruções: O propósito deste questionário é descobrir o que, você realmente pensa
novos tipos de atividade-dirigida-a-alvos. a respeito da leitura que faz, em suas horas de folga. Considere cada questão
Portanto, dados sobre a Aceitação de um valor podem ser cole- cuidadosamente e a responda tão honestamente e tão francamente, quanto lhe seja
tados, perguntando ao estudante sobre questões tais como: possível. Como tal, não há respostas "certas". Não se espera que seus próprios
pensamentos ou sentimentos, ou atividades, relacionados aos livros, devam ser se-
melhantes aos de qualquer outra pessoa. Existem três maneiras de assinalar a
Depois que você lê um livro, habitualmente descobre alguma coisa sobre o Folha de Respostas:
autor, e suas razões para escrevê-do]
Quando você vai ao teatro, lê as notas biográficas do programa, sobre os atores? S significa que a sua resposta à questão é Sim.
Depois de você ter visto um filme estimulante, geralmente discute suas idéias I significa que a sua resposta à questão é Incerta.
com os amigos? N significa que a sua resposta à questão é Nõo,
Como resultado de leitura, você se tornou interessado em problemas tais corno
crime, desemprego e discriminação social? 8. Você já tentou se tornar, sob alguns aspectos, semelhante a um personagem,
a respeito do qual leu e admirou? (S)
Todos esses comportamentos constituem evidência de "dividen- 33. Existem alguns personagens em livros, que você acha que conhece quase tão
bem quanto seus próprios amigos? (S)
dos extras", resultantes de resposta superior a prazer e satisfação. 61. Depois de ler um livro, você está usualmente interessado em descobrir o que
A manutenção de crenças específicas e de atitudes também é os críticos disseram a respeito? (S)
evidência de aceitação de valor. Acreditar que visitar um dentista
cada seis meses é essencial à manutenção da saúde dentária é um Ilustr. Objetivo: Deseja obter ótima saúde.
exemplo. Achar que se deveria dedicar tempo a atividades comu- 3.1-B
144 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 145
Pest»: Health. Auiucdes; Inventory 1.4 (Chicago: Cooperative Study in General Cursos de Ação:
Education, American Council on Education, 1941).
16. Os estudantes que não podem gastar para freqüentar o callege deveriam receber
Instruções: As seguintes afirmações, no teste, representam opiniões a respeito de alguma ajuda financeira, de maneira que não tivessem de trabalhar tanto. (A)
várias fases de saúde. Uma vez que não há respostas certas ou erradas às 'afirma- 18. Praticamente nada pode ser feito para ajudar os estudantes que não têm capa-
ções, você deve expressar seu próprio ponto de vista sobre elas. Indique o que cidade suficiente para manter seu trabalho escolar, ao mesmo tempo que estão
você realmente acha, a respeito de cada afirmação, imediatamente após lê-Ia. 1I ganhando a sua vida. (D)
Não se detenha muito tempo em qualquer delas. Assinale a Folha de Respostas, 19. Aos estudantes que não podem gastar com uma educação de collegedeveria
da seguinte maneira: ser fornecido dinheiro adequado para freqüentar o college, sem ter absoluta-
mente de trabalhar. (A)
Se você concorda com toda a afirmação, assinale o espaço sob o C. 20. As pessoas que ganham a sua vida não deveriam ser obrigadas a fazer tanto
Se você está incerto de como se sente a respeito de toda a afirmação, assinale trabalho escolar, quanto os outros estudantes. (D)
o espaço abaixo de I.
Se você discorda de toda a afirmação, assinale o espaço abaixo de D. Explicação do escore: Por si, cada resposta ajustada não é mais alta do que Acei-
taçõo de urn. valor. Entretanto, se há uma consistência, nas respostas de começo ao
5. A pessoa deveria ajustar a sua dieta até que seu peso esteja conforme (den- fim de uma série de itens deste tipo, teria de ser deduzido um Cometimento com
tro dos limites de 3 a 4 libras) com o número, dado das tabelas de altura- um valor (3.3).
idade-peso. (C)
38. A omissão de um exame físico periódico é uma característica de má cida- 3.2 Preferência por um Valor
dania. (C)
50. A exigência de um exame físico, anterior ao casamento, não é parte do modo
natural, .pelo qual a união deveria ocorrer. (D) A estipulação para esta subdivisão surgiu de um sentimento de
57. Deveria ser aprovada legislação, que recorra a penalidade séria, para fabri- que havia objetivos que expressavam um nível de internalizaçâo,
cantes de drogas que deixam de alertar sobre os perigos, envolvidos pelo uso entre a mera aceitação de um valor, e cometimento ou convicção,
leigo de seus produtos. (C) na conotação usual de profundo ienvolvirnento numa área.
Comportamento, neste nível, subentende não apenas a aceitação
Ilustr. Objetivo: Aprecia o papel de fatores econômicos na vida da pessoa. de um valor até o ponto de estar disposto a ser identificado com o
3.1-C mesmo, mas o indivíduo está suficientemente cornpromissado com
o valor, para buscá-lo, procurá-lo, querê-lo.
Teste: Extraído da Scale of Beliejs on Economia l ssues, III (Chicago: Evalua-
tion in the Eight-Year Study, Progressive Education Association, mimeo-
grafado, sem da ta). 3.2 Preferência por um Valor - Objetivos Educacionais Ilustra-
tivos
Problema N:" 4: Um estudante de college, muito capaz, fracassou em perfazer
um grau de aprovação, em alguns de seus cursos. Disseque foi porque foi for-
Assume responsabilidade de "puxar" conversa com membros calados de um
çado a trabalhar tanto para pagar suas despesas. De acordo com as regras do
grupo.
college, deveria se retirar da escola. Trabalhar em empregos, fora da escola, não
Interesse em permitir que outras pessoas alcancem a satisfação de necessidades
tem sido considerada razão adequada para deixar de fazer um trabalho escolar
satisfatório. Todavia, muitas pessoas temem que estudantes capazes, sem recur- básicas comuns.
Inicia ação de grupo para a melhoria de preceitos de saúde.
sos financeiros, estejam sendo privados da oportunidade da educação do college,
Deliberadamente examina uma variedade de pontos de vista de questões con-
Acreditam que a sociedade deveria suprir a oportunidade para pessoas com capa-
trovertidas, a fim de formar opiniões a respeito das mesmas.
cidade para freqüentar o college. Entretanto, tal plano significaria que ou o
Influencia agências governamentais e de serviço, organizações comerciais e meios
college ou o governo teriam de fornecer dinheiro para muitos dos estudantes.
de comunicação de massa, expressando opiniões, em cartas a elas.
Muitos colleges simplesmente não podem comportar tal despesa. Por outro lado,
Escreve cartas para a imprensa sobre questões a respeito das quais é fortemente
se o governo fornecesse ajuda, isto colocaria um pesado encargo no público. O
sensível.
que deveria ser feito a respeito desta situação?
Assume um papel ativo nas atividades literárias correntes.
Participa ativamente nas providências para a exposição de trabalhos artísticos
Instruções: Decida o que você pensa a respeito dos cursos de ação e ,assinale contemporâneos.
nos espaços apropriados: A, se você aprova o curso de ação; D, se você desaprova; Preferência por escolha apropriada, disposição e uso de objetos comuns do am-
I se você está incerto. biente, de forma artística.
146 'I'axionomia de Objetivos' Educacionais ,. Domínio Afetivo 147
3.2 Test agcm; da Preferência por uan. Valor restaurante da escola, durante uma refeição regular de meio-dia. Ao
estudante é permitido escolher livremente a sua refeição, de uma
Preferência ppr um valor denota um nível intermediário de en- ampla série de alimentos. Para limitar o número de escolhas que
volvimento entre a Aceitação de um. valor e um completo Cometi- pode fazer, é dito ao estudante que o custo da refeição, que sele-
mento a ele. O investimento de tempo e energia do estudante, no ciona, não pode exceder a uma certa quantia. Quando ele atinge o
objeto ou fenômeno, é maior neste nível do que no precedente, mas fim da fila, em que se servia, o nutricionista anota as suas escolhas,
menor 'do que no nível 3.3, Cometimento.
numa lista de verificação. O padrão das escolhas é, então, analisado
Vamos ver como °
investimento crescente de tempo e energia pelo examinador, para determinar o grau de equilíbrio nutricional.
pode ser inferido do comportamento de leitura. Em 3.1, Aceitação
de um valor, um estudante indica que sua leitura de livros produziu Ilustr, Para testar o objetivo 3.2, em arte, "Procura exemplos de
um interesse em problemas sociais, tais como crime e pobreza. Em 3.2-B boa arte", a situação de avaliação pode ser estabelecida num
resumo, como resultado de leitura geral, muito voluntária e satisfá- museu de arte que a classe visita. Um formulário de registro
tória, ele aceita esses assuntos como importantes, ou de valor. Este serni-estruturado é planejado pelo professor e é dada uma cópia a
é o primeiro passo na direção da leitura especializada. No nível 3.2, cada estudante. Com ela, o estudante conserva um registro do que
Preferência por um valor, um maior investimento de tempo e energia faz, anotando também quanto tempo gasta em cada atividade. A
é refletido em sua preferência expressa pela leitura de livros sobre análise de seu formulário, completado, indica a extensão em que seu
estes problemas, entre outros tipos de assunto de leitura. No nível tempo e esforço foram dispendidos, na procura e observação de
3.3, Cometimento, descobrimos que este estudante esboçou um pla- exemplos de boa arte. Onde não é prático visitar um museu de arte,
no para um extensivo programa de leitura sobre estes problemas um método de exame alternativo seria apresentar ao estudante um
SOCIaIS. grande número de reproduções artísticas, que variam, quanto a
Em 3.2, Preferência por um valor, há um envolvimento do qualidade, desde obras-primas até trabalhos populares, senão mun-
estudante com o objeto ou fenômeno. Este envolvimento ou toma danos. A tarefa do estudante seria de distribuir as reproduções em
a forma de ação manifesta (tal como escrever cartas à imprensa, grupos, em que cada um representa um grau diverso de preferência.
trabalhar para a melhoria de regulamentos de saúde e ajudar no A evidência de Preferência por um valor pode ser inferi da para
planejamento de uma feira de arte escolar) ou assume a forma de aqueles estudantes cujos agrupamentos de "forte" preferência consis-
um inquérito de gabinete, que é caracterizado por uma grande quan- tem de obras de arte que são universalmente consideradas como
tidade de reflexão e de especulação a respeito do objeto ou fenômeno. "boas".
Desta maneira, a testagern de Preferência por t.m valor essen-
cialmente requer a obtenção de evidência concreta de: (1) interesses Ilustr, O trabalho escrito de estudantes, tal como ensaios, pareceres
especializados ou de valores específicos, dentro de uma dada área 3.2-C sobre livros e trabalhos de conclusão, pode ser utilizado, para
do currículo e (2) uma preferência por estes interesses ou valores, testar a Preferência por urm. valor. Por exemplo, ao dar pa-
sobre outros, na medida em que refletidos em modos particulares recer sobre um livro que leu, o estudante, sem ser interrogado a
de comportamento ou em ponto de vista específico. respeito, considera aquelas de suas características que fazem dele
uma boa literatura. Tal consideração é evidência de um nível de
O método situacional é o mais apropriado para avaliação, neste
Preferência, exernplificado por 3.2. O estudante não restringiu seu
nível 3.2, Preferência por um valor. A fórmula geral, para tal enfo-
parecer a apenas uma explicação de por que teve prazer lendo o li-
que para testagem, é projetar uma situação, na qual uma ampla
vro. Por sua conta, considerou-o num nível mais profundo e, desse
variedade de escolhas é acessível ao estudante. O critério usado, para
modo, mostrou o valor que aceitava.
determinar se o estudante tem uma Preferência por um valor é a
consistência de escolha.
3. 2 Preferência por urn. Valor - Exemplos Selecionados da Lite-
ratura de Testes
Ilustr. Tomemos, por exemplo, o objetivo "Preferência por uma
3.2-A dieta nutricionalmente equilibrada". Para testar este obje- Ilustr. Objetivo: Disposição para fazer julgamento a respeito de livros 'lidos.
tivo, a situação de avaliação poderia ser estabelecida, no 3.2;.D
148 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 149
Toste: Extraído de Questionnair« 011, Voluntal'y Reading; Test 3,32 (Chicago: Instruções: (As instruções gerais dadas na ilustração 2.3-B.)
Evaluation in the Eight-Year Study, Progressive Education Association,
1940) . Leia cada afirmação cuidadosamente. Então:
(A) Se você acha que realmente obtém satisfação de sua leitura geral de fic-
Instruções: (As direções gerais dadas acima, na ilustração 3.l-A.) ção, escureça o espaço de resposta A.
.-..--..~ •.•.•••••••• - ~ •• '.' ••••... _•• "f
(I) Se você está incerto em relação à sua atitude geral, ou se a afirmação
Existem três maneiras de assinalar a Folha de Respostas: parece obscura ou sem sentido, escureça o espaço de resposta I.
S significa que a sua resposta à questão é Sim•. (D) Se você acha que não obtém esta satisfação, escureça o espaço de res-
I significa que a sua resposta à questão é Incerta. posta D.
N significa que a sua resposta à questão é N &o.
23. Obtenção de insights, que me capacitem a compreender por que as pessoas
62. Voei: já tentou explicar como, em sua opinião, um livro poderia ter sido me- agem como o fazem. (A)
lhorado] (S) 74. Aprender como as pessoas chegam a adotar atitudes e crenças que para mim
63. 1!: bastante incomum, para você comparar dois ou mais livros e chegar a uma parecem estranhas ou tolas. (A)
conclusão a respeito dos méritos relativos de cada um? (N) 78. Obtenção de insights dos encantos e dos problemas do 'amor e matrimônio. (A)
89. 1!: muito incomum, para você, comparar sua opinião sobre um livro com a de 112. Saber como algumas de minhas próprias peculiaridades podem se apresentar
alguém mais? (N) para outras pessoas. (A)
.J
150 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 151
3.3 Testagem. de Cometimento tem que ver com o agrupamento de estudantes de uma forma ran-
dômica, ou de acordo com a capacidade, mais do que de acordo com
As seguintes características são centrais à nossa noção de Co- fatores tais como classe social ou raça. Para testar se os estudantes
mctimento. A coleta de dados sobre elas deve, portanto, representar estão cornpromissados com esta idéia, o examinador deveria empre-
o impulso principal de um programa de testagem deste nível da gar a técnica do sociodrama, para estimular uma situação real, tal
T'axionomia Afetiva.
como a de uma mãe rica protestando junto à direção da escola con-
1. A valorização de um objeto ou fenômeno persiste através tra a indicação de seu filho para uma classe que contenha uma
de um período de tempo. Cometimento nunca é um entusiasmo ou preponderância de crianças oriundas de lares da classe operária. Ao
paixão, momentânea ou ocasional, que está presente aqui hoje, e se estudante é determinado o papel do diretor e é a maneira como ele
vai amanhã ou na semana próxima, para ser substituída por outra lida com a mãe e sua queixa, que serve Como dados básicos, para
paixão temporária. Quando testar o Cometimento, o examinador de- determinar se está presente um- cometimento com esta idéia. A evi-
ve reunir dados sobre: (a) há quanto tempo o valor tem sido man- dência de Cometimento seria inferida de uma manifestação de forte
tido e (b) qual a probabilidade de que continue a ser mantido. sentimento e emoção, conjugada corn argumentos convincentes em
2. A manutenção de um valor através de um extenso período defesa da posição oficial da escola.
de tempo não é em si evidência suficiente de um cometimento. Deve
4. O estudante desenvolve fortes sentimentos a respeito do
haver também um considerável investimento de energia no objeto ou
objeto ou fenômeno e nunca está hesitante em manifestá-los aos
fenômeno que é valorizado. É como se o objeto tivesse capturado o
outros. Se ele está "preso" ao problema da pena capital, quando
estudante e ele, ao mesmo tempo, tivesse capturado o objeto. O
um caso, como o de Caryl Chessman ou de Paul Crump, vem à luz
estudante está tão absorvido por ele, que fala a respeito em muitas
da publicidade nacional, comunicará livremente seus pontos de vista
oportunidades, e o relaciona com uma multidão de outros assuntos.
aos outros e fará qualquer esforço para convencê-Ios da justeza de
A testagem deste aspecto de Cometimento requer que se colha a
sua posição. Na verdade, seu próprio cometimento é revelado, quan-
evidência de impulso e de perseverança, ou evidência de que a busca
do está intelectualmente bem versado sobre as muitas Iacetas do
de um objeto altamente valorizado satisfaz uma necessidade pro-
funda. problema e quando pode, tanto competente, como voluntariamente,
defender seu ponto de vista, em face de um ataque ao mesmo.
3 . Deveria haver ações em defesa do valor, crença ou senti-
mento - ações que, por sua própria natureza, subentendam um Uma variedade de técnicas, de tipo, tanto disfarçado, como di-
cometimento. Por exemplo, como conseqüência do objetivo de estu- reto, são acessíveis para a mensuração de atitudes, crenças e valores,
dos sociais, "Identificação com um problema social atual", um estu- e podem ser utilizadas como modelos, para medir valores, conside-
dante oferece-se voluntariamente para trabalhar com um grupo de rados como sendo resultados de objetivos educacionais. Escores altos,
delinqüentes juvenis, num centro comunitário vizinho, e dedica todos nesses instrumentos, podem, quando muito, servir como evidência
os sábados, durante o ano letivo, a este trabalho, enquanto outro de Preferência por um valor. Geralmente não proporcionam dados
estudante se torna interessado na pena capital e lê extensamente so- sobre Cometimento, uma vez que não consideram assuntos essen-
bre o assunto, freqüenta palestras e reuniões públicas, e fala com ciais da quantidade de tempo e energia, investida pelo estudante,
oficiais públicos e criminologistas. É este tipo de ações que o ava- na defesa do valor que aceita. Estes assuntos são mais convenien-
liador procura, ao testar Cometimento, temente avaliados por meio de minuciosos questionários e inventários.
Há' casos em que o estudante está compromissado com um
ponto de vista, mas nunca teve a oportunidade de agir no interesse 3.3 Opmetimento - Exemplos Selecionados da Literatura de Testes
deste. O examinador deve, então, construir uma situação de teste,
que não somente traga à tona a crença, mas proporcione informação
sobre a disposição do estudante para agir. Ilustr. Objetivo: Envolvimcnto ativo em problemas sociais ou políticos atuais.
3 . .1-B
Ilustr, Consideremos, por exemplo, o objetivo "Devoção àquelas
3 ..1-A idéias que são o fundamento da democracia". Uma dessas Teste: Adaptado de lnt.erest Inde»; T'cst 8.2a (Chicago: Evaluation in the Eight-
idéias, na medida em que se aplica diretamente à escola, Year Study, Progressivo Educa tion Association. 1939).
152 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 15a
Instruções: Para cada uma das seguintes atividades assinale: 101. Liberdade de se expressar deveria ser negada a todos os grupos r il\<1ivíclIlH~
que estão trabalhando contra as formas democráticas de governo. (I J) 1
A se você realiza a atividade ocasional ou freqüentemerrte. 125. Não deveria ser permitido que os negros preenchessem posições que euvulvrm
N se você nunca realiza a atividade. liderança de pessoas brancas. (D)
189. As massas têm muito pouca inteligência para votar, de forma judiciosa, "0,
13. Freqüentar reuniões públicas para protestar contra alguma coisa que você bre questões sociais importantes. (D)
considera como injusta. (A)
63. Escreve sobre questões, problemas ou acontecimentos políticos ou sociais, tais llustr, Objetivo: Devoção à melhoria das relações entre estudantes de ;1111"1"1'
como projetos de lei votados pelo Congresso, revoluções, etc. (A) dentes raciais e religiosos diversos.
3.3-E
188. Estudar a história dos problemas políticos e sociais atuais, para descobrir o
Teste: Extraído de Belieis About School Liie; Test 4.6 (Chicago: Evaluation IIi
que os causa e o que foi feito a respeito de tais problemas, no passado, (A)
the Eight-Year Study, Progressive Education Association, 1940),
Ilustr. Objetivo: Devoção à leitura como um caminho para o autoo<aperfeiçoa- Instruções: As afirmações no livre to de teste representam opiniões a respeito c1r
mento. várias fases da vida escolar. Desde que não existem respostas certas ou errada" ~N
3.3-C afirmações, você deve expressar seu ponto de vista a respeito das mesmas. I ndiqur
o que você realmente acha de cada afirmação, imediatamente depois de lê-Ia. Nau
Teste: Extraído de Questionnaire on Voluntary Reading; Test 3.32 (Chicago: se detenha muito em qualquer delas. Assinale a Folha de Respostas da scguiut»
Evaluation in the Eight-Year Study, Progressive Education Association,
maneira:
1940).
C se você concorda com toda a afirmação.
Instruções: (As direções gerais dadas acima, na ilustração 3 .1-A.) I se você está incerto de como se sente a respeito de toda a afirtnaçiio.
D se você discorda de toda a afirmação.
S significa que a sua resposta à questão é Sim.
I significa que a sua resposta à questão é Incerta. 15. f: melhor os alunos negros e brancos comerem em mesas diferentes, na sala li"
Nsignifica que a sua resposta à questão é N õo. lanche. (D)
26. Alunos de raças diferentes (branca, negra, japonesa, etc.) não deveriam dan-
25. Acha que a leitura de livros é de pouca ajuda para compreender a SI mesmo
çar uns com os outros, nas danças escolares. (D)
e seus problemas mais claramente? (N)
54. Um aluno negro capacitado teria precisamente tanto sucesso como presidente
do conselho estudantil, como um aluno branco capaz. (C)
47. Qualquer dos livros que leu influenciou notavelmente a sua escolha de uma 60. Alunos judeus e não judeus não deveriam ter encontros marcados. (D)
profissão na vida? (S)
72. f: muito incomum, para você, beneficiar-se da sua leitura de livros com uma
melhor compreensão de alguns dos problemas que as pessoas enfrentam na vida
cotidiana? (N)
inteiramente harmoniosa. Mais provavelmente, a relação é melhor de valores no sistema. Este padrão indica as inter-relações entre OH
descrita como um tipo de equilíbrio dinâmico que, em parte, é de- valores; isto é, aqueles que são dominantes ou centrais, na vicia do
pendente daquelas partes do ambiente que chamam a atenção sob estudante, e aqueles que ocupam uma posição mais periférica, 110
qualquer ponto de vista, no momento. seu sistema.
A colocação de conceitos numa ordem, ou no local correto, num O último requisito pode tomar, como seu modelo geral, o grall<k
contexto de conceitos, não é o único tipo de comportamento que é número de inventários e escalas que tentam medir aspectos de ]wr,
classificado aqui apropriadamente. Em muitos casos, a organização sonalidade. Entre os instrumentos mais conhecidos deste tipo l'S! ao
de valores pode resultar em sua síntese num valor novo, ou num o Minnesota Multiphasic Personality lnventory, o Sixteen PerJOl1l1-
complexo de valores de uma ordem superior. Por exemplo, o objetivo lity Factor Questionnaire, de CATTELL, a Personai Preference SCh,'"
"trabalho e divertimento deveriam estar equilibrados" é uma distin- dule, de EDWARDS, e o Study of Values, de ALLPORT, VERNON ('
ção que não é significativa, quando modificamos o objetivo para LINDZEY.
registrar que "o indivíduo deveria 'escolher trabalho que seja sufici- Estes testes são "orientados para traços", no sentido de que'
entemente agradável para ele, de maneira a lhe permitir as mesmas medem um conjunto de traços de personalidade, ou um conjunto d('
gratificações que a recreação". Neste caso, trabalho e divertimento necessidades, ou de valores, cada conjunto tendo. a sua origem seja
são combinados num único comportamento e não se obtém mais a em teoria de personalidade ou em estudos experimentais preceden-
distinção original. tes, que empregam teorias analíticas multivariadas para produzir
tal conjunto. O fato importante a observar aqui é que um conjunto
de traços é usualmente representado como um sistema mais ou mr-
4.2 Orgasuzação de um Sistema de Valores - Objetivos Educacio- nos autocontaminado,
nais Ilustrativos
Confronta orientações. e práticas sociais alternativas, mais em comparação com Ilustr. Geralmente, Um grupo de itens de teste é reunido numa
os padrões do bem-estar público do que com grupos de interesse especializado e 4.2-A escala, para medir cada traço num conjunto e, então, í'
estreito. atribuído um escore para cada traço. A interpretação é ba-
Tenta determinar como a concepção de uma sociedade democrática pode ser seada no padrão dos escores de um indivíduo. Mais do que consi-
relacionada à conservação de recursos humanos e materiais.
Forma julgamentos a respeito de como o respeito pela dignidade humana pode derar cada escore como uma entidade separada, o conjunto de tra-
ser relacionado com os rumos nos quais a sociedade americana se movimentará na ços é visto como um sistema de traços inter-relacionados, e o iJ1(Ji.-
próxima década. víduo é caracterizado pelo padrão de relações de escore, obtido para
Aceitação realística de um ajustamento emocional às limitações inerentes às suas ele 2. Cada padrão pode ser descrito como tendo uma ordenação única
próprias aptidões, capacidades, interesses e condições físicas.
Julga pessoas de várias raças, culturas, origens nacionais e ocupações em termos de suas partes. Se Os traços, no conjunto, estão verdadeiramcnn-
de seus comportamentos como indivíduos. medindo partes de um sistema, mais do que todos medindo o mesmo
Desenvolve técnicas para controlar a agressão, em padrões culturalmente acei- fenômeno geral, como muitas vezes é o caso, então podemos deter-
táveis. minar quais dos traços são dominantes e universais e quais são se-
Desenvolve um plano para regularizar Seu descanso, de acordo com as exigên- cundários ou periféricos.
cias de Suas atividades.
Começa a formar julgamentos em relação às principais direções para as quais Ao usar este tipo de instrumento como modelo para a testagcm
n sociedade americana deveria avançar. de Organização de um, sistema de valores, o ponto de partida do
examinador é o nível de valorização do objetivo educacional a sl'r
avaliado. Pode medir a força deste valor num contexto de valores
4.2 T estagem. da Organização de um Sistema de Valores que não está em harmonia com ele, ou pode rnedi-lo comparando
com valores' que se sabe terem sido internalizados e conceitualizados
A testagem de um sistema de valores envolve, essencialmente: previamente.
(1) a identificação das partes componentes do sistema de valores do
estudante (isto é, os valores, crenças e sentimentos que ele "absor- 2 Não está dentro do alcance desta discussão considerar o assunto vital da
vau" em seu sistema de valores) e (2) a identificação do padrão validade dos perfis obtidos.
J
162 Taxionomia de Objetivos 'EducaCionais Domínio Afetivo 163
Ilustr, Há outras maneiras de colher dados sobre a universalidade Consideremos o primeiro problema, para ver como os valores são obtidos. São
4.2-B de um valor específico. Tomemos, por exemplo, o objetivo apresentadas descrições minuciosas de oito lugares diferentes. Aqui estão as descri-
ções do lugar N.o1 e do lugar N.o 8, representando os pontos extremos na série
"Rejeita estereótipos de pessoas de várias raças, culturas,
de lugares:
origens nacionais e ocupações". Aqui, queremos projetar situações
que permitam ao estudante ou rejeitar estereótipos a ele apresenta- Lugar N. ° 1: E~te lugar oferece mais oportunidades incomuns, tanto em sua espe-
cialidade de trabalho, como para rendimentosadicionais de outras maneiras e opor-
dos, ou dar suas opiniões, sua percepção de grupos específicos. Um tunidades rápidas e boas de fazer dt~,hei1'o. Algumas pessoas até fizeram fortuna
exemplo de uma situação que testa a abordagem anterior é apre- aqui. Há muito pouca vida de sociedade e escassa oportunidade política, porque
sentar ao estudante uma série de quadros,cada um dos quais mos- uma poderosa facção é bem fortifica da e não permite interferência. Existe um bom
trando um membro de um grupo social ou ocupacional, num papel sistema escolar e as pessoas da cidade, de um modo geral, são progressistas e bem
sucedidas. A maioria das pessoas estão aqui reconhecidamente por oportunidades
estereotipado ou fazendo uma afirmação estereotipada. A tarefa,
de negócio, e muitas planejam se transferir para outro lugar, quando tiverem o su-
para o estudante, é indicar, em cada quadro, o que acha agradável, ficiente para se aposentar. Não esmorecer na competição requer atenção vigorosa
desagradável, se é que acha alguma coisa. Dados para 4.2 são de- ao trabalho e pouco permite trabalho teórico de gabinete, ou tardes na praia ou
duzidos se existe uma consistência na rejeição das generalizações no golfe, etc.
Lugar N." 8: Este lugar foi pioneiro num programa de segurança social e econô-
falsas de estereótipos. mica para seus cidadãos. Estabeleceu um método seguro, prático, de garantia de
emprego ou de segurança de ren-dimento para todas as pessoas que, por quaisquer
Ilustr. Pode ser preferível, às vezes, organizar uma situação de razões, necessitem tal assistência, Sob outros aspectos, o lugar não é diferente da
4.2-C avaliação que produza espontaneamente esses valores este- maioria dos outros. Você pode fazer jus a uma vida confortável aqui, mas muitas
vezes interrompida por deveres de fora. A vida social e incentivos à recreação e
reotipados. A técnica do sociodrarna poderia ser muito útil
descamo são escassos.
na avaliação de objetivos educacionais. O estudante, por exemplo,
é instruído a desempenhar o papel de diretor de pessoal de uma fá- O estudante atravessa quatro passos, na consideração de cada
brica entrevistando um candidato negro, para um cargo de chefe de problema: "(1) Um levantamento preliminar do problema e o re-
seção de um grupo de maquinistas brancos que têm acentuados gistro de uma seleção tentativa das duas melhores e das duas piores
sentimentos antinegros. O papel do candidato é desempenhado de soluções para o mesmo. (2) Expressão de comentários favoráveis e
preferência por um estudante colega, de acordo com regras semdú- desfavoráveis para cada curso de ação disponível no problema. (3)
vida precisas. A avaliação do papel do diretor de pessoal está de Uma análise comparativa de pares das possíveis escolhas de ação no II
acordo com o grau em que o estudante manifestou comportamento problema. (4) Uma escolha final dos dois melhores e dos dois piores
estereotipado, em relação ao candidato. cursos de ação".
As técnicas para o escore e a análise das respostas são detalha-
4.2 Organização de U1n Sistema de Valores - Exemplos Selecio- das. Uma vez que não é inusitado ter de desenvolver procedimentos
nados da Literatura de Testes complexos de escore, neste nível da T axionomia Afetiva, o sumário
desses procedimentos de WoodruH, nas pp. 154-55 de sua tese de-
Ilustr. Objetiuo: Começa a formar julgamentos a respeito do tipo de vida que veria dar ao leitor um sentido do que pode estar incluído neste
deseja levar.
4.2-D nível:
Teste: ASAHEL D. WOODRUFF, A Study af Choices. In ASAHEL DAVIS WOODRUFF, o padrão de valor, demonstrado em cada problema, é combinado com aqueles
A Study af the Directiue Factors in Individual Behavior (tese de Ph. D., que são manifestados nos outros dois problemas, e um padrão composto é represen-
U niversity of Chicago, junho 1941). tado na folha de escore. Os comentários, registra dos no folheto de respostas, são
resumidos, e a freqüência de menções positivas e negativas de cada valor é mos-
Descrição do Teste: Este teste fornece um perfil que consiste nos doze valores seguin- trada lado a lado do padrão de valor.
tes: Dinheiro, Sociedade, Política, Serviço Social, Vida do Lar, Conforto, Religião, Os cinco escores de testes seguintes são desenvolvidos a partir da análise da
Segurança, Atração Pessoal, Excitamento, Amigos, Atividade Intelectual. relação das reações da pessoa, em cada problema, para as suas reações aos outros
Os escores são obtidos, em cada um desses doze valores, apresentando ao es-. problemas, e quanto à inter-relação de suas reações nas quatro partes de cada
tudante ,três problemas básicos, os quais, lhe é dito, "ele provavelmente deve enfren- ' problema. .
tal' num futuro muito próximo". Os três problemas são: (1) seleção de um lugar 1. O escore rho demonstra a quantidade de consistência na posição hierárquica
(cidade) para viver; (2) seleção de um grupo social, para se; incorporar e (3) que cada valor ocupa. em suas duas evidências no teste total. O escore é obtido
seleção de uma profissão. por meio da fórmula de 'correhção de postos ele Spearrnan, utilizando, como os dois
164 Taxionomia de Objetivos Educacionais
conjuntos de variáveis, as listas ordenadas de valores tanto quanto a sua primeira
c segunda evidência no teste total. Acredrta-ss que eSte escore demonstre, com al-
gumas restrições, o grau de constância da ordem serial de valores, para um indi-
víduo, em todos os três problemas.
2. O escore A demonstra a extensão na qual o indivíduo foi capaz de fazer
escolhas, no levantamento inicial de cada problema, que não foram modificadas em
qualquer análise subseqüente do mesmo problema. Acredita-se que este escore de- 5.0 CARACTERIZAÇÃO POR UM VALOR OU COM·
monstre alguma coisa semelhante a insight do problema, e de seu significado para PLEXO DE VALORES
os valores da pessoa.
3. O escore B demonstra a capacidade relativa de um indivíduo para reconh ••• - Neste nível de internalizaçâo, os valores já têm um lugarna
cer casos, em que a sua análise de um problema tende a alterar suas escolhas prin-
cipais iniciais, no problema. Acredita-se que este escore demonstre a consciência, hierarquia de valores do indivíduo, são organizados em algum tipo
que o indivíduo tem, das implicações de ações e escolhas minuciosas para os valores, de sistema internamente consistente, têm controlado o comporta-
e sua capacidade para relacionar tais escolhas a suas decisões principais, e vice-versa. mento do indivíduo por um tempo suficiente, a que ele se adaptou
4. O escore C demonstra a extensão relativa em que os indivíduos contradizem para comportar-se desta maneira; e uma evocação do comportarnen-
suas decisões iniciais, por suas escolhas detalhadas, em análises subseqüentes dos
problemas, e deixam de reconhecer tais contradições, ou pelo menos deixam de mos- to não mais suscita emoção ou afeto, excetoquando o indivíduo é
trar tal reconhecimento, fazendo as escolhas finais concordarem com as preferências, ameaçado ou desafiado.
nas análises detalhadas. Acredita-se que este escore seja um índice do fracasso na Aqui, o indivíduo é descrito em termos de (a) seus caracterís-
compreensão dos efeitos de a tos detalhados, sobre os alvos principais.
ticos singulares de personalidade - isto é, os encadeamentos básicos
5. O escore D demonstra a quantidade de escolha inconsistente, nas compara-
ções de pares de cada problema, e se acre di ta que seja um índice de incerteza ou
ou direções de orientações, que explicam grande extensão de com-
confusão, em relação ao valor relativo de dois ou mais valores quaisquer. portamento díspar -e (b) sua filosofia de vida ou seu modo de
ver o mundo - os princípios e ideais, o credo pessoal, que propor-
Ilustr, Objetivo: Começa a desenvolver valores dominantes. cionam uma integração e uma consistência para os vários aspectos
4.2-E de sua vida.
Desta maneira, o indivíduo age consistentemente, de acordo
Teste: G. W. ALLPoRT, P. E. VERNON E GARDNER LINDZEY, Study of Values, Ter- com os valores que internalizou neste nível, e o nosso interesse é o
ceira edição (Boston, Houghton Mifflin Company, 1960). de indicar duas coisas: (a) a generalização deste controle a tanto
Instruções: Cada uma das seguintes situações ou questões é seguida de quatro do comportamento do indivíduo, que ele é descrito e caracterizado
atitudes ou respostas possíveis. Distribua essas respostas pela ordem de sua prefe- como uma pessoa, por essas tendências controladoras universais e
rência pessoal, escrevendo, na cercadura apropriada à direita, um escore de 4, 3, (b) a integraçâo dessas crenças, idéias e atitudes numa filosofia
2 ou 1. A afirmação que você prefira mais, dê 4, à afirmação, que é a segunda total ou perspectiva ,do mundo. Estes dois aspectos constituem as
mais atrativa, 3, e assim por diante.
subcategorias.
2. Em sua opinião, um homem que trabalha em negócios toda a semana, pode Raramente, se é que alguma vez, os conceitos de objetivos edu-
passar melhor o domingo.
cacionais são colocados neste nível da T axionomia Afetiva. Realis-
a. tentando educar-se, pela leitura de livros sérios.
b. tentando ganhar no golfe ou em corridas. ticamente, a educação formal geralmente não pode atingir este nível,
c. indo a um concerto de orquestra. pelo menos em nossa sociedade. Em todas as sociedades abertas e
d. ouvindo um sermão realmente bom. pluralísticas, tais como a nossa, a maturidade e a integraçâo pessoal,
15. Observando o quadro de Leonardo da Vinci "A Última Ceia", você tenderia requeridas neste nível, não são alcançadas, pelo menos até alguns
a considerá-Io anos depois que o indivíduo completou a sua educação formal. Tem-
a. como expressando as mais elevadas aspirações e emoções. po e experiência devem interatuarcom aprendizagens afetivas e
li. como um dos quadros mais inestimáveis e insubstituÍveis já pintados. cognitivas, antes que o indivíduo possa responder às questões cru-
c. em relação à versatilidade de Leonardo e seu lugar na história.
d. a quinta-essência da harmonia e do desenho. ciais: "Quem eu sou?" e "Para que existo?".
N a sociedade mais tradicional, uma filosofia de vida, um modo
Comentário: O perfil obtido para este teste é o dado básico para a avaliação de de conduta é explicitado, para seus membros, num estádio inicial
4.2. Este perfil consiste em seis valores fundamentais, baseados diretamente na
tipologia de Eduard Spranger, Estes seis tipos de valores são; (1) Teórico; (2) em suas vidas. Uma função principal da educação, em tal sociedade,
Econômico; (3) Estético; (4) Social; (5) Político; (6) Religioso, é atingir a internalização desta filosofia.
166 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 167
Isto não é para sugerir que a educação, numa sociedade aberta, uma orientação básica, que capacita o indivíduo a reduzir e ordenar
não faça a tentativa de desenvolver valores pessoais e sociais. Na o complexo mundo ao seu redor, e nele agir, de forma consistente
verdade, o faz. Porém, mais do que nas sociedades tradicionais, e eficiente. Esta orientação básica relaciona uma série total de ati-
permite ao indivíduo uma grande quantidade de liberdade nisto, tudes, valores e crenças. Para quem está de fora, é o encadeamento
para alcançar uma Weltanschauung1• que torna o indivíduo previsível e compreensível.
Neste, o nível mais alto da T'axionomia Afetiva, a relação entre Esta é uma categoria importante de objetivos. Estas direções
processos cognitivos e afetivos se torna muito pronunciada. Pode- generalizadas são deterrninantes importantes da maneira pela qual
mos dizer que o homem que alcançou uma filosofia de vida - um um indivíduo aborda um problema, determinando o que verá como
homem que sabe quem ele é - chegou a esta verdade através de importante no mesmo, delimitando as coisas que levará em conside-
doloroso esforço intelectual, no qual os processos mentais mais com- ração, na tentativa de encontrar uma solução, e determinando a
plexos da T aeionomia Cognitiva estão evidentemente funcionando. tenacidade com que ele se apega à percepção inicial do problema
(desta maneira, definindo a extensão em que será incapaz de retro-
ceder de um caminho sem saída). Os comportamentos, nela incluí-
5.1 Direção Generalizada dos, ainda que não sejam propriamente uma parte do domínio cogm-
tivo, têm uma influência notável sobre a maneira pela qual os
A direção generalizada é o que dá uma consistência interna ao comportamentos, aprendidos no domínio afetivo, serão empregados
sistema de atitudes e valores, em qualquer momento específico. É na resolução de problemas. Se o estudante não é capaz de alcançar
resposta seletiva num nível muito elevado. É algumas vezes expres-
alguns dos objetivos, que seriam adequadamente categorizados aqui,
sa como uma tendência determinadora, uma orientação em relação ao mesmo tempo em que atinge objetivos cognitivos, sua capacidade
a um fenômeno, ou uma predisposição para agir de uma determinada para completar comportamentos cognitivos será imperfeita, acadê-
maneira. Além disto, ao contrário do competidor na pista, manten- mica e, na vida, Fundamentalmente de muito menos valor do que
do-se em posição para o tiro do starter, a direção generalizada é
o seria em outras circunstâncias.
uma resposta a fenômenos altamente generalizados. É uma resposta Naturalmente, alguém pode perguntar se os objetivos, classifi-
persistente e consistente a Um grupo de situações ou objetos, rela-
cados aqui, têm seu lugar apropriado no domínio cognitivo. Estes
cionados. Além disso, em comparação com a atenção concentrada
comportamentos têm sido praticados tanto tempo que, no uso geral,
intencional para o tiro da arma, muitas vezes pode ser uma direção
são destituídos de afeto; como já foi notado, alguns de fato são pra-
inconsciente, que guia a ação, sem premeditação.
ticados inconscientemente. Mas o afeto reaparece prontamente, em
A direção generalizada pode ser considerada como estreitamente casos de ameaça ou de desafio. Além disso, são o resultado, a cul-
relacionada com a idéia de um grupo de atitudes, no qual o que os minância de longa prática com comportamento afetivo. Derivam da
membros integrantes têm em comum é baseado mais em caracterís- maneira pela qual o indivíduo maneja as situações mais sobrecar-
ticas comportamentais, do que no assunto ou objeto da atitude. regadas de afeto, que dizem respeito às categorias dos níveis infe-
Desta maneira, um grupo de atitudes, envolvendo atitudes em rela- riores a esta. São vagarosos para desenvolver e representar o máxi-
ção a pessoas de raças diferentes, não seria de interesse aqui, mas mo de assimilação, pelo indivíduo, desses padrões de ação. Como
!I
" um grupo de atitudes, que tivesse como um encadeamento comum, tal, não são objetivos que qualquer professor, curso, ou mesmo
uma disposição para aceitar uma evid;>ncia concreta, seria conside- escola isolados possam esperar atingir ,completamente, ou talvez fa-
rado como uma direção generalizada. É este componente comporta- çam mais do que abordar, com um progresso incerto, no curso de
mental que é de nosso interesse.
um semestre ou de um ano.
Uma direção generalizada não deveria ser equiparada com um
comportar-se estreita ou cegamente. Preferimos considerá-Ia como
5.1 Direção Generalizada - Objetiv:os Educacionais Ilustrativos
1 Muitas vezes, este é um alvo por demais provocante para o indivíduo atin- Prontidão para revisar julgamentos. ou modificar o comportamento à luz da
gir por si mesmo, e o efeito líquido é, ou desajustamento, ou a adoção de uma evidência.
filosofia de vida, desenvolvida por outros. Cf. ERICH FROMM, 1941; T. W. ADORNO Mudade pensar, quando novos fatos ou insights demonstram anecessidade de
et al., 1950. . .. revisão de opiniõcs,anterionnente mantidas. ' . . '. ,
168 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 169
Disposição para enfrentar fatos e conclusões que logicamente delas podem ser são completa de opinião, num curto período de tempo, e unicamente
extraídos. com base na informação obtida, pelo estudante, na situação de teste.
Percebe problemas em termos objetivos, realísticos e tolerantes.
O hábito de abordar problemas objetivamente.
Portanto, o examinador deve procurar a evidência não só de que o
Aceitação da objetividade e do planejamento sistemático como métodos básicos estudante não rejeitou automaticamente a informação, mas que ocor-
para chegar a escolhas satisfatórias, reu algum movimento em relação a uma mudança de ponto de vista,
Tem cada vez mais confiança no método da ciência para encontrar respostas a ou para adotar uma visão mais profunda do problema.
respeito do mundo físico e da sociedade.
O grande alcance de tarefas de resolução de problemas, desen-
Muda a sua opinião em questões controvertidas, quando um exame dos dados
e argumentos exige uma revisão de opiniões, previamente mantidas, volvido na pesquisa da aprendizagem humana e do pensamento, re-
Confiança em sua capacidade para ter êxito. presenta outra fonte proveitosa, para a construção de instrumentos
Julga problemas em termos de situações, questões, propósitos e conseqüências 5.1. O principal componente, requerido em tais instrumentos, é que
envolvidas, mais, do que em termos de preceitos dogmáticos fixos ou de pensamento
emocionalmente ansioso.
o problema seja suficientemente sutil e complexo, para o estudante
testado, de forma que a direção generalizada, que desejamos obser-
var, seja trazida à baila. Não estamos interessados se o problema
5.1 T est agem. da Direção Generalizada é resolvido com precisão ou com elegância. Nem nos passos cogniti-
vos, que levam à solução. Antes, em 5.1, estamos interessados no
Neste nível, o examinador está interessado em colher dados a modo de abordagem: se o estudante atacou o problema com cuidado,
respeito das orientações básicas ou dos pontos de vista do estudante. com objetividade e com confiança.
Estas são as atitudes deliberadas que o caracterizam e lhe dão uma Os vários métodos de avaliar e de julgar os aspectos da perso-
consistência comportarnental; por exemplo, a abordagem objetiva nalidade, que já foram desenvolvidos, representam outra forma prin-
dos problemas, o planejamento sistemático, o exame de dados antes cipal de estimativa de 5.1, Direção Generalizada. Neste nível, a
de decidir, a consideração das conseqüências de seus atos, antes de tarefa principal, para o avaliador, é ade fazer julgamentos concer-
agir, a confiança em sua capacidade para resolver um problema, etc. nentes às consistências comportamentais do estudante, que a escola
considera como sendo desejáveis. De fato, o avaliador deve possuir
uma grande quantidade de informação a respeito do estudante, pre-
Ilustr. Um modelo principal de testagem, neste nível, é mais direto,
ferivelmente através de extensiva observação em situações estrutu-
5.1-A assumindo a forma dos muitos estudos do efeito da infor-
radas, A escala ou escalas de avaliação proporcionam um meio pelo
mação sobre atitudes sociais. Podemos apresentar mais cla-
qual o avaliador pode analisar e restringir as informações que colheu>.
ramente o modelo, demonstrando como pode ser empregado para
As técnicas projetivas, especialmente de tipo de interpretação
avaliar o objetivo 5.1, "muda a sua opinião em questões controver-
de quadros (e.g., o Thematic Apperception Test) parecem ser po-
tidas, quando um exame dos dados e argumentos exige uma revisão
tencialmente valiosas para a mensuração de 5.1, Direção Generali-
de opiniões previamente mantidas". O examinador primeiro emprega
zada. Naturalmente, numa situação de avaliação educacional, o exa-
uma escala de atitudes, para determinar a opinião do estudante
minador não está procurando material anormal ou clínico. Antes,
sobre um assunto controvertido, como a pena capital. Então, o
está buscando evidência de consistência, entre as estórias do estu-
âmago cognitivo da atitude é avaliado, fazendo o estudante enunciar
dante, com respeito àquela orientação ou direção que é o objetivo
as principais razões pelas quais mantém tal opinião. Quando a opi-
do esforço de instrução. Se a orientação básica, a ser desenvolvida,
nião parece ter uma base cognitiva fraca - isto é, é baseada quase
é "Observação de detalhes", então as estórias devem ser analisadas
exclusivamente no que se ouve dizer ou em emoção - o examina-
em termos desta característica.
dor apresenta ao estudante fatos que são contrários ao seu ponto de
I! 'I
vista. A consideração séria desta informação, pelo estudante, levando
a uma mudança de sentimento ou à compreensão de que a questão 5.1 Direção Generalizada - Exemplos Selecionados da Literatura II
II
170 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivó 1~1
~
Ilustr.
5.1-B
Objetivo: Respeito pelo valor e dignidade dos seres humanos; Como o título desta categoria subentende, estes objetivos são
tão inclusivos que tendem a caracterizar o indivíduo quase comple-
tamente. Pode-se perguntar apropriadamente se uma categoria como
I~
Teste: Problems in Human ReZations Test, Citado in PAUL L. DRESSEL E LEWIS esta deveria ser incluída numa taxionomia que pretende ajudar OS
B. MAYHEW, General Education: Eicplorations in. Evaluation (Washington: professores e os que trabalham em pesquisa a compreender a signi- '11
American Council on Education, 1954), pp. 229-37.
ficação de seus objetivos e encontrar maneiras para medi-Ios.
1. Tom e Bob, que se conheciam apenas superficialmente, tinham encontro com II
duas moças, que eram companheiras de quarto. Uma tempestade súbita tornou
impossível irem para a praia, como estava planejado. Tom sugeriu que fossem 5.2 Caracterização - Objetivos Educacionais llustrativos \
a um cinema.
que transmite' alguma ordem do mundo e sentido iespiritual, não importa quão caro o
escore, para qualquer alvo, é o número de vezes qUI' 101 ('~
seja paga. Ê a aceitação da pessoa de alguém e do ciclo vital único, como algo colhido, de 'preferência a outros alvos. Desta maneira o (,~'l'()n' 11l:IKI
que tinha de ser e que, necessariamente, não permitia substituições; desta maneira,
significa um amor novo, diferente dos pais da pessoa... Embora cônscio da rela-
mo para um alvo dominante é 19.
tividade de todos os vários estilos de vida, que têm dado significado à luta humana, Os estudantes estão em 5.2 se: (1) a disposição de seus I'SI'III1'
o possuidor de integridade está pronto para defender a dignidade de seu próprio revela tanto conjuntos de escore alto, como de escore baixo I' (2
estilo de vida, contra todas as ameaças físicas e econômicas. Isto, porque ele
os elementos dos conjuntos de escore alto são significativauwtu
sabe que uma vida individual é uma coincidência acidental de um só ciclo vital
com um só segmento da história; e que, para ele, toda a integridade humana per- coerentes. Desta maneira, nos dois padrões de escore aprescnt adl
manece ou sucumbe com o único estilo de integridade do qual compartilha. O estilo abaixo, o Estudante A está funcionando no nível 5.2, enquanto 'lU
de integridade, desenvolvido por sua cultura ou civilização, desta maneira se torna o Estudante B está somente no nível 3.3, porque não existem 1'01
o "patrimônio de seu espírito", a confirmação de sua paternidade moral de si
mesmo. Antes desta solução final, a morte perde a sua qualidade pungenreô.
juntos de escores altos e baixos. '
ESTUDANTE A ESTUDANTE B
5.2 Caracterização - Exemplos Selecionados da Literatura de
Testes T'O'E'2Io - 13 Escore Alvo Vital Escore Alvo Vi/li!
I
19 Servir a Deus 14 Poder, controle dos outros
Ilustr. 18 Atingir a imortalidade pessoal 14 Progredir
5.2-A 17 Cumprir meu dever 14 Viver pelo prazer do momento
16 Autodisciplina 12 Cumprir meu dever
Teste: General Coal» of Liie; Inventory H-Alb (Cooperative Study in General 15 Auto-sacrifício 13 Sobrevivência, existência que ,H I'
Education, American Counci! on Education, 1942) 7. prolonga
teste, vicie DUNKEL, 1947, pp. 21-78. são 5, "Nível de Energia", são:
176 Taxionomia de Objetivos Educacionais
(S) (H) (R)
Nível de Energia
Liberação ineficaz de ten- Capaz de esforço man- De moderada a fonte, di-
são afetiva e contínua an- tido em vista de alvos rigida principalmente para
siedade livremente flutu- remotos. investigações a b s t r a tas,
ante escoa energia que de muitas vezes não práticas
outra forma estaria dispo- em seu conteúdo.
nível para atividade diri-
gida a alvos. APÊNDICE A
1.1 PERCEPÇÃO
comportamento não é sutil. Submissão, talvez, seja um termo me- A categoria é arbitrariamente colocada neste ponto da hierar-
lhor do que obediência, desde que existe mais do elemento de rea- quia, onde parece surgir mais freqüentem ente e onde é citada ou
ção a uma sugestão e menos de implicação de resistência Ou de parece ser um componente importante, neste nível do continuum. A
consentimento relutante. O estudante dá a resposta, mas não aceitou inclusão da categoria, neste ponto, serve ao propósito pragmático
completamente a necessidade de Fazê-Io. de nos lembrar da presença do componente emocional e de seu valor,
Disposição para se submeter a preceitos de saúde. na construção de comportamentos afetivos. Porém, não deveria ser
Obedece as regras do play ground, imaginado corno aparecendo ou ocorrendo neste ponto do continuum
e, desta maneira, destruindo a hierarquia, que estamos tentando
construir.
2.2 DISPOSIÇÃO PARA RESPONDER
Satisfação na auto-expressão na música, nas artes e habilidades, como outro
A chave, para este nível, está no termo "disposição", com a sua meio de enriquecimento pessoal.
capacidade para atividade voluntária. Existe a implicação de que Encontra prazer em ler por recreação.
o que aprende esteja suficientemente compromissado para manifestar Obtém prazer em conversar com muitos tipos diferentes de pessoas.
o comportamento, que ele assim o faz não precisamente por causa
de um medo de punição, mas "por si mesmo", ou voluntariamente.
Pode ser útil notar que o elemento de resistência ou de consenti-
mento relutante, que está possivelmente presente, no nível prévio, 3.0 VALORIZAÇÃO
é aqui substituído por consentimento, ou procedência da própria eS-
colha da pessoa. Esta é a única categoria intitulada com um termo que é de uso
Familiariza-se com questões atuais significativas, em assuntos comum, na expressão de objetivos, pelos professores. Além disso,
internacionais, políticos, sociais e econômicos, através de leitura e está empregado em seu sentido usual: de que uma coisa, fenômeno
discussão voluntárias. ou comportamento tem valor. Este conceito abstrato de valor é em
Aceitação da responsabilidade em defesa da própria saúde e em parte um resultado da própria valorização e avaliação do indivíduo,
prol da proteção da saúde dos outros.
. ~: porém é muito mais um produto social, que foi vagarosamente
ternalizado ou aceito e veio a ser usado pelo estudante,
in-
como seu
2.3 :SATISFAÇÃO NA RESPOSTA próprio critério de valor. .
O comportamento categorizado neste nível é suficientemente
O elemento adicional, no passo ulterior ao nível Disposição para consistente e estável, para assumir as características de uma crença
responder, o consentimento, a aquiescência na resposta ou a resposta ou de uma atitude. O que aprende manifesta este comportamento
voluntária é que o comportamento é acompanhado por um sentimen- com bastante consistência, em situações apropriadas,que vem a ser
to de satisfação, uma resposta emocional, geralmente de prazer, gosto percebido como adotando um valor. Neste nível, não estamos inte-
ou satisfação. A localização desta categoria, na hierarquia, nos deu ressados nas relações entre valores, mas antes na internalização de
muita dificuldade. Foi difícil determinar precisamente onde, no pro- conjunto de valores especificados, ideais. Vistos sob outro ponto de
cesso de internalizaçào, ocorre a inserção de uma resposta emocional, vista, os objetivos classificados aqui constituem a matéria-prima, da
um frêmito de emoção ou vibração. Quanto a isso, há alguma incer- qual a consciência do indivíduo é desenvolvida no controle ativo do
teza se o nível de "internalizaçâo, em que ocorre, não depende do comportamento.
comportamento específico. Temos mesmo feito a pergunta de se seria
Esta categoria será julgada apropriada para muitos objetivos
uma categoria. Se nossa estrutura deve constituir uma hierarquia,
que usam o termo "atitude" (tantü, como é natural, "valor").
então cada categoria deveria incluir o comportamento do nível ime-
diatamente abaixo. O componente emocional aPirece gradualmente Um elemento importantedo comportamento, caracterizado por
através da série de categorias de internalização. ~ tentativa de es- valorização, é que é motivado, não pelo desejo de se submeter ou
pecificar uma certa posição, na hierarquia como aquela, em que o obedecer, .,?as pelo cometimento do indivíduo com o valor subjacen-
componente emocional é acrescentado, é fadada ao fracasso. te, que orienta o comportamento.
184 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 185
Desejo contínuo de desenvolver a capacidade para falar e escrever com efi- 4.0 ORGANIZAÇÃO
ciência.
Cresce em seu sentido de afinidade com os seres humanos de todas as nações, À medida que o que aprende internaliza sucessivamente valores,
encontra situações, em relação às quais mais de um valor é perti-
nente. Desta maneira, surge necessidade: (a) da organização de va-
3.2 PREFERENCIA POR UM VALOR
lores num sistema; (b) da determinação das inter-relações entre
eles e (c) do estabeleCÍlmento de valores dominantes e universais.
O suprimento para esta subdivisão surgiu de um sentimento de
Tal sistema é construido gradualmente, sujeito à mudança, à medida
que havia objetivos que expressavam um nível de internalização,
que novos valores são incorporados. Pretende-se que esta categoria
entre a mera aceitação de um valor e cometimento ou convicção,
seja a classificação apropriada para objetivos que descrevem os iní-
na conotação usual de profundo envolvimento, numa área. O com-
cios da construção de um sistema de valores. É subdividida em dois
portamento, neste nível, subentende não apenas a aceitação de um
níveis, desde que um pré-requisito para a inter-relaçâo é a concei-
valor, até o ponto de estar disposto a ser com ele identificado, mas
tualizaçâo do valor numa forma que permita organização. Concei-
o indivíduo está suficientemente cornpromissado com o valor, para
tualização constitui a primeira subdivisão no processo de organiza-
buscá-Io, procurá-lo, querê-lo,
ção; Organização dewm sistema de valores, a segunda.
Assume responsabilidade em levar membros reticentes de um grupo à conver- Embora a ordem das duas subcategorias pareça bastante apro-
sação. priada, uma com referência à outra, não é tão certo que 4.1, Con-
Examina deliberadamente uma variedade de pontos de vista sobre questões ceitualczaçõo de um valor, esteja apropriadamente colocada como o
controvertidas, tendo em vista a formação de opiniões a respeito das mesmas. nível seguinte, acima de 3.3, Cometimento. Para alguns objetivos,
Participa ativamente das providências para a exposição de obras raI'1:fsticas a conceitualização indubitavelmente começa num nível anteriorvCo-
contemporâneas.
186 Taxionomia de Objetivos Educacionais 187
Domínio Afetivo
mo para 2.3, Satisfação na resposta, é duvidoso que possa ser en- Confronta orientações e práticas SOCiaISalternativas de preferência com OS
contrada uma única localização, completamente satisfatória, para padrões de bem-estar público do que com a vantagem de grupos de interesse espe-
esta categoria. Colocá-Ia antes de 4-.2, Organização de um sistema cializadoe estreito.
Desenvolve um plano para regularizar seu descanso comas exigências de suas
de valores, indica apropriadamente um pré-requisito de tal sistema.
atividades.
Também chama atenção para um componente de crescimento afe-
tivo, que ocorre pelo menos neste ponto no continuum, mas pode
começar mais cedo.
5.0 CARACTERIZAÇÃO POR UM VALOR OU COM-
PLEXO DE VALORES
4-.1 CONCEITUALIZAÇÃO DE UM VcALOR
Neste nível de intemalização, os valores já têm um lugar na
hierarquia de valores do indivíduo, são organizados em algum tipo
:Na categoria prévia, 3.0, Valorização, observamos que consis-
de sistema internamente consistente, controlaram o comportamento
tência e estabilidade são características integrais do valor ou crença
do indivíduo por um tempo suficiente, que ele se ajustou a se com-
específicos. Neste nível (4.1), a qualidade de abstração ou de con-
portar desta maneira, e uma evocação do comportamento não mais
ceitualização é acrescentada, Isto permite ao indivíduo perceber co- suscita emoção ou afeto, exceto quando o indivíduo é ameaçado ou
mo os vaiares se relacionam àqueles que ele já adotou ou aos novos,
desafiado.
que venha a adotar. O indivíduo age consistentemente, de acordo com os valores que
A conceitualização será abstrata e, neste sentido, será simbólica, internalizou neste nível, e nossa preocupação é indicar duas coisas:
Mas os símbolos não precisam ser símbolos verbais. Se a conceitua- (a) a generalização deste controle para tanto do comportamento do
lização aparece em primeiro lugar neste ponto, no continuum afe- indivíduo, que ele é descrito e caracterizado como uma pessoa, por
tivo, é uma questão em debate, como foi observado acima. estas tendências controladoras universais e (b) a integraçâo dessas
crenças, idéias e atitudes numa filosofia total ou numa visão do
Tenta identificar as vcaractcristicas de um objeto de arte que admira. mundo. Estes dois aspectos constituem as subcategorias.
Forma julgamentos a respeito da responsabilidade da sociedade na conservação
de recursos humanos e materiais.
5.1 DIREÇÃO GENERALIZADA
4.2 ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE VALORES A direção generalizada é o que dá uma consistência interna ao
sistema de atitudes e valores, em qualquer momento específico. É
uma resposta seletiva num nível muito alto. Às vezes, é expressa
Os objetivos apropriadamente classificados aqui são aqueles que
como uma tendência deterrninante, uma orientação em relação a
requerem do que aprende que reúna um complexo de valores, pos-
fenômenos, ou uma predisposição para agir de uma certa maneira.
sive1mentedíspares, e que neles introduza uma relação ordenada
A direção generalizada é uma resposta a fenômenos altamente ge-
entre si. Idealmente, a relação ordenada será aquela que é harmo-
neralizados. É uma resposta persistente e consistente a um grupo
niosa e internamente consistente. Este é, por certo, o alvo desses
de situações ou objetos relacionados. Muitas vezes, pode ser uma
objetivos, que procuram fazer o estudante formular uma filosofia
predisposição inconsciente, que guia a ação sem premonição cons-
de vida. Na realidade, a integração às vezes pode ser menos do que
ciente. A direção generalizada pode ser julgada como intimamente
inteiramente harmoniosa. Mais provavelmente, a relação é melhor
relacionada à idéia de um conjunto de atitudes, em 'que 'o que os
descrita como um tipo de equilíbrio dinâmico, que está, em parte,
membros integrantes têm em comum é baseado antes em caracterís-
dependente daquelas partes do ambiente que são notáveis em qual-
ricascomportamentais, do que no assunto ou objeto da atitude. Uma
quer momento. Em muitos casos, a organização de valores pode re-
direção generalizada é uma orientação básica, que capacita o indiví-
sultar, em SUa síntese, num novo valor ou complexo de valores de
uma ordem mais elevada. duo a reduzir e ordenar o mundo complexo à sua volta e agir con-
sistente e eficientemente no mesmo.
188 Taxionomia de Objetivos Educacionais
5.2 CARACTERIZAÇÃO
1.00 CONHECIMENTO
1 . 10 Conhecimento de Específicos
A explicação ou síntese de uma comunicação. Enquanto a trans- Identificação dos elementos incluídos numa comunicação.
lação envolve uma representação objetiva de uma comunicação,
parte por parte, a interpretação subentende uma reordenação, A capacidade para reconhecer suposições não enunciadas.
redisposição ou nova visão material. Habilidade para distinguir fatos de hipóteses.
A capacidade para captar a idéia da, obra como um todo em qualquer nível
4 . 20 Análise de Relações
de generalidade desejado.
A capacidade para interpretar vários tipos de dados sociais. As conexões e interações entre elementos e partes de uma co-
municação.
2.30 Extrapolação Capacidade para verificar a coerência de hipóteses com certas informações
e suposições.
Habilidade para compreender as inter-relações das idéias em um trecho,
A extensão das direções ou tendências além dos dados for-
necidos, para determinar implicações, conseqüências, corolários,
efeitos, etc., que estão de acordo com as condições descritas na ".30 Análise dos Princípios Organi:racionais
comunicação original.
A organização, a disposição sistemática e a estrutura que con-
A capacidade para tratar das conclusões de uma obra em termos da iníe- servam a comunicação unificada. Isto inclui a estrutura "explí-
rência imediata feita a partir de afirmações explícitas. cita", bem como a "implícita". Abrange as bases, a disposição
Habilidade para predizer a continuação das tendências.
necessária e a mecânica, que fazem da comunicação uma uni-
dade.
3.00 APLICAÇÃO
A capacidade para reconhecer forma e padrão em obras literárias e artísticas
como um meio de compreender sua. significação.
O uso de abstrações em situações particulares e concretas. As Capacidade para reconhecer as técnicas gerais usadas em materiais persua-
abstrações podem apresentar-se sob a forma de idéias gerais, regras sivos, tais como anúncio, propaganda, etc,
de procedimentos ou métodos generalizados. As abstrações podem
também ser princípios técnicos, idéias e teorias, que devem ser recor- 5.00 SíNTESE
dados e aplicados.
A combinação de elementos e partes, de modo a formar um todo.
Aplicação dos termos ou conceitos científicos usados em um trabalho aos Isto envolve o processo de trabalhar com peças, partes, elementos,
fenômenos discutidos em outros trabalhos. etc., dispondo-os e combinando-os para que constituam um padrão
A capacidade para predizer o efeito provável de uma modificação num fator, ou estrutura que antes não estava evidente.
em uma situação biológica anteriormente em equilíbrio.
o desdobramento de uma comunicação em seus elementos ou O desenvolvimento de uma comunicação em que o escritor ou
partes constituintes, de modo que a hierarquia relativa de idéias é quem faIa tenta transmitir idéias, sentimentos e/ou experiên-
tornada clara e/ou as relações entre as idéias expressas são tornadas cias aos outros.
explícitas. Tais análises têm a intenção de esclarecer a comunicação,
Habilidade para escrever, usando uma excelente organização de idéias e ex-
de indicar como a comunicação é organizada e a maneira pela qual pressões.
ÇOn&e~lJetransmitir $eU$ efeitos, assim como sua ha$c e disposiçã«, çap~çiçjªQtP'!fí! relatar l)m'l 'experiênçia pessoa] CQm efiç;íçi~i
198 Taxionomia de Objetivos Educacionais Domínio Afetivo 199
5.20 Produção de um Plano ou Indicação de um.
Conjunto de Operações 6.20 Julgamentos em Termos de Critérios Externos
o desenvolvimento de um plano de trabalho ou a proposta de Avaliação de material com referência a critérios selecionados
um plano de operações. O plano deverá satisfazer requisitos da ou evocados.
tarefa, que podem ser dados ao estudante ou que ele mesmo
pode desenvolver. A comparação das principais teorias, generalizações e fatos acerca de cultu-
ras específicas.
Capacidade para propor maneiras de testar hipóteses. Julgando por padrões externos, a capacidade para comparar um trabalho
Capacidade para planejar uma unidade didática para uma determinada SI-
com os mais altos padrões conhecidos em seu campo - especialmente com
tuação de ensino. outras obras de reconhecida excelência.
6.00 AVALIAÇÃ'0