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Introdução

Mais que um sintoma, a dor crónica torna-se uma doença, sendo o controle desta,
o objectivo primordial do tratamento. A dor é o sintoma que mais frequentemente leva o
doente a procurar a assistência médica (Bastos, 2005). As componentes emocionais
envolvidas na experiência da dor crónica são mais significativas do que propriamente as
componentes sensitivas. Os doentes com dor crónica apresentam frequentemente
(1)comorbilidade, em que há uma prevalência elevada de depressão, ansiedade,
transtornos do sono, da sexualidade, de uso/abuso de substâncias, isolamento e
problemas nas relações interpessoais.(2)
É indiscutível a importância da dor no desenvolvimento do ser humano, sendo a
sua função inicial informar sobre um perigo ou instabilidade do organismo. O problema
surge quando a dor persiste após a eliminação do que a causou, não cumprindo nenhum
papel à sobrevivência do indivíduo ou mesmo ao seu crescimento pessoal.(3)
Distingue-se dor crónica de dor aguda. A dor aguda pode ser definida como um
sinal de aviso essencial à sobrevivência ou ameaça à integridade, de curta duração, que
permite ao organismo mobilizar-se para responder à agressão e defender-se. O seu
diagnóstico etiológico não é difícil de detectar e, geralmente, desaparece após a
eliminação do agente causal. Já a dor crónica, normalmente é de difícil identificação
temporal e/ou causal, causa sofrimento, podendo manifestar-se com várias
características e gerar diversos estados patológicos. Geralmente, considera-se uma
evolução com mais de três a seis meses de duração, podendo manifestar-se de modo
contínuo ou recorrente (Carvalho, 1999).(4)
O caso é que, ainda que saibamos que as dores crônicas e as emoções negativas
estejam vinculadas, é complexo delimitar, de maneira concreta, qual é esta relação. Não
sabemos de forma exata como as emoções influenciam na aparição e aumento das dores,
da mesma maneira que não conhecemos o papel que as dores têm nas emoções
negativas.
Por outro lado, as dores crônicas implicam altos níveis de incapacidade. Assim,
quem sofre com elas vê sua vida muito afetada. Isso também se relaciona com o mal-
estar emocional que geralmente aparece nessas pessoas. De fato, esta perda de
capacidade funcional pode causar altos níveis de tristeza.
“A dor que não é aliviada com lágrimas pode fazer outros órgãos chorarem.”
-Francis J. Braceland-
Constatou-se que a incidência de depressão é maior nos pacientes com dores crônicas
em comparação com a população de maneira geral. Mas não apenas isso, a tristeza
prediz também aumentos nas dores. De forma concreta, mostrou-se que estas emoções
são os indicadores mais fortes das dores na doença autoimune.

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