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Colaboração e Orientação: PMGO Vinícius de Oliveira Leite, SD PMGO Carlos Eduardo de Moura Braga,

SD PMGO Ronaldo Ataíde da Silva, SD PMGO Rodrigo de Faria Souza, 2º

CORPO DE INSTRUTORES - I CIIT/SAESP (Curso Integrado de Instrutor TEN CBMGO David Ferreira de Castro Neto, 2º TEN CBMGO José Carlos

de Tiro) Fávaro Junior, AG PCGO Marcos Cesar Silva Valverde, AG PCGO Kleber

TC QOPM Alexandre Flecha Campos, TC QOPM Célio Pereira Bueno, TC QOBM Santos da Silva, AG PCGO Waldiredison José Ribeiro, AG PCGO Gustavo

Adriano da Silva Filho, MAJ QOPM Eduardo Bruno Alves, MAJ Giovane César de F. Carmo de Moraes, Agente PCGO Ailton José dos Santos, AG

Rosa da Silva, CAP QOPM Benito Franco Santos, CAP QOPM Jair Lúcio PCGO Lister Rodrigues de Oliveira, AG PCGO Aguimar Soares da Silva, P.

Gomes, CAP QOPM Rodrigo Barbosa, CAP QOPM Carlos F. Martins, 2º Criminal Edevaldo Rosa de Oliveira, ASP Márcio Drosghic Cruvinel, ASP

TEN QOAPM Waldir Alves Diniz, 2º TEN QOAPM Francisco E. da Silva Costa, João Cláudio Vieira Nunes, ASP Eduardo Pereira Araújo, GM de Senador

1º SGT QPPM Jânio Severino Borges, CB QPPM Nauber Benício Salgado, CB Canedo Francisco das Chagas Sousa, GM Aparecida de Goiânia Silvio Vinicius

QPPM Wellington Campelo dos Santos, AG. PCGO Flávia Siqueira de Castro, Manzan Alves e GM Ubiratan Rodrigues dos Passos.

AG. PCGO Ricardo Fernando da Silva.


Coordenador Geral:

Realização do trabalho pedagógico: TC QOPM Alexandre Flecha Campos

CORPO DISCENTE – I CIIT/SAESP (Curso Integrado de Instrutor de Tiro)


Capa:
1º TEN EB INF. Rinaldo de Souza Cardoso, EPF. Especial Humberto Luiz
CAP QOPM Jair Lúcio Gomes
da Silva, PRF Evandro Dalton Martins, AG. SEG. FED. Ricardo Lourenço

Pereira, 2º TEN PMGO Eliel de Paiva Paulo Schmltz, 2º TEN PMGO Osvaldo
Apoio Técnico:
Abraham Filho, 2º TEN PMGO Antônio Carlos Morais Junior, 2º TEN
Bibliotecária - MS 2º TEN QOAPM Tatiane F. Vilarino – CRB/12041
PMGO Cleiber Alves Rodrigues, 2º TEN PMGO Rodrigo Telles de Queiroz, 1º

SGT PMGO Edvaldo Soares, 1º SGT PMGO Waldeir da Silva Arantes, 2º SGT
Apoio Administrativo:
PMGO Bruno Pereira da Silva, 3º SGT MGO José Saulo Braga Guimarães, 3º ASP Ramsés Linhares
SGT PMGO Rhonald Russel de Oliveira e Silva, CB PMGO Wagner Rodrigues

de Lima, CB PMGO Jair J. Gomes, CB PMGO Claudio Gonzaga Araújo, CB Revisão Geral de Conteúdo e Organização de textos:
PMGO Rômulo Menezes de Araújo, CB PMGO Rodrigo Carlos de Souza Dias, 2º SGT QPPM Bruno P. da Silva, 3º SGT QPPM José Saulo B. Guimarães e CB

CB PMGO Cleber Sousa de Assis, CB PMGO Rodrigo Gomes de Souza, SD QPPM Rodrigo Carlos de S. Dias.
Apoio e diagramação: Box Comunicação ESTADO DE GOIÁS

Impressão: TOP - Comunicação Integrada SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA

SUPERINTENDÊNCIA DA ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

I CURSO INTEGRADO DE INSTRUTOR DE TIRO


Ficha Catalográfica: Goiandira Ayres do Couto
Campos, Alexandre Flecha. C198
Manual prático do instrutor de tiro policial defensivo / Alexandre

Flecha Campos. – Goiânia, 2015. 269 p.

Biografia

ISBN : 978-85-910080-3-2

Prefixo editorial: 910080

1. Ensino 2. Segurança Pública. 3.Operador de Segurança Pública.

MANUAL PRÁTICO DO INSTRUTOR DE TIRO POLICIAL


DEFENSIVO

Edição 2015

Goiânia - GO
PREFÁCIO

O trabalho sempre dignifica o homem, mas excepcionalmente,

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E


algumas profissões têm o condão de conferir ainda mais
ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA
Superintendência de Academia Estadual da Segurança Pública entrega, honra e brilho a quem as exerce. O ensino é o ato de
ofertar conhecimento, repassar experiência e técnica a outrem,
Portaria nº: 0120/2015/SAESP
constituindo uma especialidade que deve encher de orgulho seus
Cria e Institui o Manual Prático do Instrutor de Tiro Policial Defensivo - M-IT,
praticantes. Neste sentido, o exercício do magistério é em essência
no âmbito da Superintendência da Academia Estadual de Segurança Pública -
SAESP. um ato de amor pelo próximo e pelo mundo, além de demonstrar
O SUPERINTENDENTE DA ACADEMIA a proficiência e preparo do professor, que, em um ato de doação
ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA, repassa a seu aluno um pouco de si disseminando bons exemplos
Antônio Carlos de Lima, no uso de suas
atribuições legais e tendo em vista o que
de condutas, seja como cidadão e/ou como profissional.
prescreve a Portaria nº 1206/2012/SSP, em Dentre as profissões que se destacam no seio social juntamente com
seu inciso III, e os artigos nº 12 e 32 do Decreto
a de professor está a de ser policial. Primeiro escudo preventivo
8.060, de 18 de dezembro de 2013.
e proativo do bem contra o mal, guerreiro que luta para impedir
RESOLVE: danos aos mais caros bens da humanidade: vida, liberdade e honra.
Ser policial é estar no lugar e lado certo no momento mais grave, é
Art. 1º - Aprovar, homologar e instituir o Manual Prático do Instrutor de Tiro
Policial Defensivo - M-IT, Edição/2015, no âmbito desta Superintendência. adentrar onde todos fogem, é perseguir o mal, ser o mais austero,
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor nesta data. ético e justo frente à violência e à maldade. Ser os dois, professor
e policial, é o ápice. Instruir aqueles cuja missão é defender a
CUMPRA-SE e PUBLIQUE-SE
sociedade é tarefa para poucos, preparados, habilitados, dispostos
SUPERINTENDÊNCIA DA ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA
e conscientes de que mais do que transferir conhecimento técnico,
PÚBLICA E JUSTIÇA, em Goiânia/GO, aos 09 de julho de 2015.
devem ser verdadeiros referenciais de postura, caráter, eficiência,
humildade e profissionalismo.

Antônio Carlos de Lima Num modelo de segurança pública no qual há uma divisão
Superintendente da Academia Estadual de Segurança Pública de missões e atividades corporativas, na prática percebesse a
necessidade de integrar esses diferentes atores institucionais, os segurança pública de qualidade.
quais nesta oportunidade ímpar se unem num objetivo único: Como dito de início a estes indivíduos especiais (instrutores de
buscar a pacificação social. Neste sentido, este MANUAL mais do tiro policial), e operadores do sistema de segurança pública, que
que um conjunto de diretrizes e protocolo técnico doutrinário que abraçaram a dupla missão no sacerdócio de cumprir os papeis como
orienta o instrutor policial, constitui-se no resultado da integração policiais e professores desejamos sucesso em vossas missões, que é
e cooperação entre diferentes forças de segurança e defesa social árdua e proporcionalmente grandiosa. Demanda ainda muito zelo
- Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Tribunal Regional e plena atualização, dedicação, vocação, mas que inequivocamente
do Trabalho, Exército Brasileiro, Ministério Público Estadual, traz àquele que a exerce o imensurável prazer em assumir para
Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Civil, Polícia si a honrada dimensão de estar fazendo sua valorosa parte na
Técnico-Científica, Agência Prisional, Guarda Metropolitana de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Goiânia-GO, Guarda Metropolitana de Aparecida de Goiânia-GO Por fim, temos a grada satisfação de oferecer às respectivas
e Guarda Metropolitana de Senador Canedo-GO, que se unem na instituições que aderiram ao projeto I CIIT/SAESP esta obra
construção do conhecimento teórico/prático resultado de uma intitulada Manual Prático do Instrutor de Tiro Policial que
troca de experiências de elevado nível técnico. representa, sobretudo, a expressão de um protocolo com o propósito
Nesta obra, pautou-se no processo ensino aprendizado que aborda de servir de subsídio técnico doutrinário às práxis da atividade
o emprego seletivo da força policial, sobretudo calcado nos mais docente de tiro policial defensivo, a fim de melhor qualificar o
basilares princípios dos Direitos Humanos nos quais se insere a profissional que lida diretamente com desafios diários no exercício
práxis da instrução de tiro policial defensivo, atividade esta que de suas atividades operacionais.
agrega a maior responsabilidade e representação do potencial
ofensivo da força sob a tutela do Estado Democrático de Direito. JOAQUIM CLÁUDIO FIGUEIREDO MESQUITA -
Secretário de Seg. Púb. e Adm. Penitenciária
Primou-se o I Curso Integrado de Instrutor de Tiro – I CIIT/
SAESP em habilitar o multiplicador para a atividade docente que
ANTÔNIO CARLOS DE LIMA - Superintendente da Academia
irá levar ao operador de segurança pública executor da atividade Estadual de Seg. Pública
finalística o conhecimento necessário para o pleno exercício de sua
função, preservando sua integridade física, mental e jurídica, ao SILVIO BENEDITO ALVES - CEL PM - Cmt Geral PMGO

mesmo tempo em que o respalda para uma prestação do serviço de


CARLOS HELBINGEN JÚNIOR - CEL BM - Cmt Geral do
Corpo de BMGO

JOÃO CARLOS GORSKI - Delegado Geral da Polícia Civil do


Estado de Goiás

DANIEL FELIPE DINIZ ADORNI - Diretor da Escola Superior


de Polícia Civil de Goiás

UMBERTO RAMOS RODRIGUES - Delegado Regional


Executivo da Polícia Federal

ÁLVARO DE RESENDE FILHO - Chefe da Seção de


Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal / GO

JOSÉ CARLOS MIRANDA NERY JÚNIOR - Promotor de


Justiça – Coordenador do CSI

JOÃO CARVALHO COUTINHO JÚNIOR - Superintendente


de Segurança Penitenciária

REJÂNE DA SILVA SENA BARCELOS - Superintendente da


Polícia Técnica Científica
“Quanto mais bem preparado o policial estiver
ÉBIO CLESER BORGES - Cmt GCM de Goiânia-GO para usar sua arma, menos necessidade sentirá
em fazê-lo; mal preparado verá nela a solução
ALEXANDRE ROSA LACERDA - TC PMGO Ref Cmt GCM de para todos os problemas. (...) Não basta saber
Senador Canedo atirar; é preciso saber quando atirar é saber
executar procedimentos, isto porque, na quase
totalidade das vezes, procedimentos, e não tiros,
SANDRO CRISTOPH ALVES DE OLIVEIRA - Cmt GCM de é que preservam vidas e solucionam problemas.”
Ap. de Goiânia Nilson Giraldi (CEL R/R PMESP)
SUMÁRIO 1.9.1 Resolução de Problemas .....................................40
1.9.2 Simulação ............................................................41
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS......................... 18 1.93 Estudo de Caso ......................................................41
1.9.4 Painel de Discussão ............................................ 42
APRESENTAÇÃO ......................................................... 20 1.9.5 Debate Cruzado................................................... 42
1.9.7 Seminários .......................................................... 43
I DIDÁTICA VOLTADA À INSTRUÇÃO DE TIRO........ 25 1.10 Recursos didáticos disponíveis em uma instrução
1.1 Generalidades ........................................................ 25 de tiro ........................................................................... 44

1.2 Objetivos ................................................................ 26 1.10.1 Recursos audiovisuais ...................................... 44

1.3 Atributos e qualidades do Instrutor ...................... 26 1.11 Briefing ................................................................. 46

1.4 Dicas para uma comunicação eficiente no processo


ensino aprendizagem................................................... 27 II RESPONSABILIDADES E NORMAS DE SEGURANÇA
1.5 O Papel do Instrutor de tiro Auxiliar (monitor) .... 29 NA INSTRUÇÃO DE TIRO............................................ 48

1.6 Aptidões do Instrutor de Tiro ................................ 30 2.1 Generalidades ........................................................ 48

1.7 Procedimentos a serem adotados pelo Instrutor de 2.2 Objetivos................................................................. 48


Tiro................................................................................31 2.3 Normas de segurança............................................. 48
1.8 Métodos didáticos utilizados na aprendizagem da 2.4 Equipamentos de Uso Individual para Instrutor de
instrução de tiro .......................................................... 34 Tiro – EUIIT ................................................................. 65
1.8.1 Método de exposição ........................................... 35 2.4.1 Cinto de Guarnição .............................................. 66
1.8.2 Método de trabalho independente ..................... 36 2.4.2 Uniforme do Instrutor de Tiro ............................ 67
1.8.3 Método de elaboração......................................... 36 2.4.3 Equipamento de Proteção Individual – EPI........ 69
1.8.4 Método de trabalho em grupo ............................ 37 2.4.4 Utilização de armas e munições inertes de manejo
1.8.5 Método de ensino à distância.............................. 38 ...................................................................................... 71

1.8.6 Metodologia da problematização e a aprendizagem


baseada no problema ................................................... 39 III ASPECTOS JURÍDICOS APLICADOS À INSTRUÇÃO
1.9 Técnicas de Ensino utilizadas na aprendizagem da DE TIRO ....................................................................... 73
instrução de tiro........................................................... 39 3.1 Generalidades ......................................................... 73
3.2 Objetivos................................................................. 74 5.2 Objetivos................................................................ 119
3.3 Enfoque no instrutor de tiro e aplicações das normas 5.3 Planejamento ........................................................ 119
de segurança ................................................................ 74 5.4 Níveis de instrução ............................................... 120
3.4 Responsabilidade legal do instrutor de tiro...........80 5.5 Tipos de Instrução .................................................122
3.5 Responsabilidade do disparo de arma de fogo pelo 5.6 Logística ................................................................125
policial.......................................................................... 81
5.7 Montagem das Pistas de Instrução........................128
5.8 Tiro Noturno e em Ambiente de Baixa
IV APLICAÇÃO DO USO DIFERENCIADO DA FORÇA Luminosidade .............................................................128
POLICIAL NA INSTRUÇÃO DE TIRO POLICIAL ......... 85
5.8.1 Técnicas de Uso de Lanterna ..................................... 131
4.1 Generalidades......................................................... 85
5.8.2 Montagem de Pistas para Tiro Noturno ............134
4.2 Objetivos ................................................................ 85
5.9 Anexos ...................................................................136
4.3 Uso Diferenciado da Força - UDF........................... 86
5.9.1 Modelo de Pista de Apresentação Prática de
4.4 Portaria Interministerial Nº 4.226, DE 31 de dezembro Demonstração Balística ..............................................136
de 2010 ......................................................................... 87
5.9.2 Modelo de Pista de Tiro (Nível Básico/
4.5 Oficinas de Vivenciamento e o UDF na Instrução do Intermediário) ............................................................137
Tiro Policial ...................................................................91
5.9.3 Modelo de Pista Zig Zag (Nível Intermediário) ..138
4.6 Meios Auxiliares de Ensino (ALTERNATIVO)
Aplicado ao UDF na Instrução do Tiro Policial............ 94 5.9.4 Modelo de Pista de Progressão (Nível
Intermediário) ........................................................... 140
4.7 UDF na Instrução do Tiro Policial e a Padronização
de Condutas (normas e manuais operacionais............ 99 5.9.5 Modelo de Pista Duelo Metálico (Nível
Intermediário) ............................................................ 141
4.8 Procedimento Operacional Padrão PMGO – POP 109
Uso Seletivo da Força Policial .................................... 100 5.9. 6 Modelo de Pista Saque Rápido (Nível
Intermediário) ...........................................................142
4.9 Esclarecimentos – Modelo de UDF ........................111
5.9. 7 Modelo de Pista Policial Defensiva (Nível
4.10 Definições de Termos Técnicos e Ilustrações.......111 Avançado) ...................................................................143
5.9.8 Modelo de Pista de Tiro Policial Embarcado .....145
V PREPARAÇÃO DA INSTRUÇÃO ............................. 118 5.9.9 Modelo de Alvos ................................................ 148
5.1 Generalidades ........................................................ 118
VI CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E CORREÇÃO NA 8.9 Outras Dicas Importantes.....................................182
ATIVIDADE DE INSTRUÇÃO DE TIRO ...................... 151
6.1 Generalidades ....................................................... 151 IX EVENTOS DESPORTIVOS DE TIRO .....................183
6.2 Objetivos ...............................................................152 9.1 Generalidades........................................................183
6.3 Critérios de avaliação e correção ..........................152
9.2 Objetivos .............................................................. 184
6.4 Anexos ...................................................................156
9.3 Pontos fundamentais a se observar ao organizar o
evento......................................................................... 184
VII UTILIZAÇÃO DO SIMULACRO E MARCADORES NA 9.4 Modalidades Desportivas......................................185
INSTRUÇÃO DE TIRO ............................................... 160
9.5 Definição do Tipo de Armamento .........................192
7.1 Generalidades ....................................................... 160
9.6 Definição da Munição ...........................................193
7.2 Objetivos ................................................................ 161
9.7 Definição do Material para Montagem da Pista ....193
7.3 Aplicação Prática do Marcador Paintball na Instrução
de Tiro .........................................................................162 9.8 Definição dos Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) ............................................................................194
9.9 Critérios para a participação dos atiradores ........194
VIII ATIVIDADE FÍSICA VOLTADA PARA INSTRUÇÃO
9.10 Critérios de Segurança ........................................195
DE TIRO: Alongamento e Aquecimento .................... 168
9.11 Anexos ..................................................................197
8.1 Generalidades....................................................... 168
8.2 Objetivos .............................................................. 168
X ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NA INSTRUÇÃO
8.3 Alongamento e aquecimento para a prática do tiro... DE TIRO .....................................................................206
.....................................................................................169
8.4 Alongamento para prevenir problemas ligados 10.1 Generalidades ....................................................206
Instrução de Tiro. ....................................................... 171
10.2 Objetivos ............................................................ 207
8.5 Exercícios para o alongamento na atividade de tiro . . 10.3 Planejamento e Logística da EPH....................... 207
.....................................................................................172 10.4 Hemorragias ......................................................209
8.6 Alguns benefícios do Alongamento.......................179
10.4.1 Procedimentos para contenção de hemorragias: ..
8.7 Vantagens ocasionadas pelo alongamento .......... 180
.................................................................................... 210
8.8 Aquecimento ......................................................... 181
10.5 Queimaduras .......................................................214 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
10.5.1 Condutas de atendimento em caso de queimaduras
térmicas: .....................................................................214 APM/GO Academia de Policia Militar do Estado de Goiás
10.6 Fraturas ...............................................................216 ASP Agente de Segurança Prisional
10.6.1 Condutas de atendimento em caso de fraturas:217 CBMGO Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Goiás
CIIT Curso Integrado de Instrutor de Tiro
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................219 CIT Curso de Instrutor de Tiro
CMT Comandante
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................221 DPF Departamento de Polícia Federal
DEC Dispositivo Elétrico de Controle
GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS ....................... 226 EAD Ensino à Distância
EB Exército Brasileiro
EPF Escrivão de Polícia Federal
EPI Equipamento de Proteção Individual
EUI Equipamento de Uso Individual
EUIIT Equipamento de Uso Individual para Instrutor de
Tiro
GCM Guarda Civil Metropolitana
NPCE Normas e Planejamento para Conduta de Ensino
NPCI Normas e Planejamento para Conduta de Instrução
PCGO Policia Civil do Estado de Goiás
PMGO Policia Militar do Estado de Goiás
PF Polícia Federal
PRF Polícia Rodoviária Federal
R/R Reserva Renumerada
SAESP Superintendência de academia estadual de
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segurança publica APRESENTAÇÃO
SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública
SSPAD Secretaria de Segurança Pública e Administração A atividade policial existe desde os primórdios civilizatórios,
Penitenciária mesmo antes da criação da terminologia “polícia” nas antigas
TAT Teste de Aptidão de Tiro polis gregas. A atividade já era realizada com fim legítimo ou não
THE Teste de Habilidades Específicas e sempre se valeu da força para, num último estágio, cumprir seus
UDF Uso Diferenciado da Força deveres consoante a ordem vigente de cada época.
Atualmente, com a evolução humana e tecnológica, a atividade
de prestação de segurança pública tornou-se bem mais eficiente
e humanista; todavia, evolução alguma foi capaz de modificar
uma verdade: o ápice crítico da atividade de Segurança Pública
é sem dúvida o uso da força, isto é, em dias modernos, o uso de
armamento letal para cessar uma agressão injusta contra terceiro
ou contra o profissional de Segurança Pública, eis que de um
simples erro podem advir consequências irreversíveis com a perda
de vidas humanas, seja de populares, seja dos agentes públicos
responsáveis pela Segurança Pública e até mesmo de agressores
sociais.
Sob esse prisma é mais que racional que a principal instrução
que pode receber um agente de Segurança Pública é aquela que o
habilita e prepara para o uso técnico, proporcional, legal, oportuno
fulcrado em protocolo procedimental dos meios que dispõe para
fazer cessar uma agressão; portanto, as instruções de armamento,
equipamento e tiro defensivo impreterivelmente fazem parte deste
contexto metodológico.
Congruente então que haja em todo esse processo educacional
21 22
de ensino aprendizagem padronização e técnicas fundamentadas o contato com o armamento, de forma a impedir fatos indesejados
em bases científicas, sendo um processo despido de empirismos havidos ainda durante o aspecto educacional, ensejando total
e “achismos”, que só contribuem para a ineficiência das técnicas reprimenda estatal, visto que o docente deve estar apto a promover
redundando em tragédias profissionais muitas destas irreversíveis a segurança durante as instruções afetas ao tiro defensivo. Certo
sob o ponto de vista da quebra da credibilidade institucional é que não existe segurança plena que tenha o condão de garantir
perante a sociedade em que serve. percentual integral de segurança, mas o Estado e seus agentes
A aplicação acertada da Didática específica e especialíssima nas devem buscar esforços para propiciar a segurança máxima possível.
instruções de tiro é de extrema importância para a construção do Por outro lado, esse processo educacional, além da horizontalidade,
conhecimento em todos os seus aspectos, visando corrigir possíveis deve ainda contar com a multidisciplinaridade e transversalidade
erros numa situação real de confronto e durante as instruções. Para do conhecimento, realizando as mais diversas correlações
tal, os Docentes devem atuar de forma técnica e padrão, utilizando- disciplinares, colimando influir nos demais aspectos de segurança
se de metodologia adequada que se distancie do empirismo, pública, dando importante contribuição no que concerne ao
permitindo que os discentes participem de forma horizontal na “terrível” e instantâneo momento da chamada decisão de tiro.
construção e aperfeiçoamento das técnicas afetas ao tiro defensivo. Nesse prisma tão importante é que procuramos trabalhar o
Abordaremos a responsabilidade civil, criminal e administrativa conceito de terminologia nascente do uso diferenciado da força que,
que recai sobre o docente, quando age de forma negligente no embora tenha sua origem no uso progressivo da força, dela diverge
tocante à segurança e o emprego de técnicas incorretas ou sem a justamente para incutir no profissional de segurança a ideia de que,
devida habilidade técnica, o que implica no emprego de agentes numa gama de opções técnicas e doutrinárias que deve escolher,
públicos despreparados para atuarem junto à sociedade. Ademais, há a possibilidade de se adequar constantemente de conformidade
de forma mais ampla, procuramos catalisar a discussão de que com a cooperação ou não do agressor social.
essa responsabilidade alcance de forma direta as autoridades Mesmo diante das dificuldades logísticas de grande parte das
que omitem quanto ao empenho na priorização em se propiciar Instituições de Segurança do país, abordamos a preparação da
uma boa formação, eis que dali pode haver a perda de vidas em instrução, perpassando pelo seu planejamento integral e ideal,
decorrência da omissão ou inércia estatal. como montagem de pistas e tipos de instrução, inovando, inclusive,
Dentro dessa perspectiva, enalteceremos as normas de segurança a percepção dos docentes no que tange ao tipo de atividade. Ligado
ligadas às atividades de tiro, as quais devem preceder até mesmo a essa preparação se buscou apresentar os critérios avaliativos
23 24
da instrução de tiro com a apresentação de súmulas avaliativas muscular (psicomotora) se as fibras musculares não foram capazes
que traduzam a assimilação não só do resultado tiro/acerto, mas de trabalhar ergonometricamente realizando o que se pretende.
também de procedimentos; afinal, não à toa o mestre Coronel O profissional que milita na Docência de tiro defensivo acaba,
Giraldi pondera que muitas vezes são procedimentos e não tiros muitas vezes, sendo o promotor de eventos esportivos em suas
que salvam vidas. instituições que pretendem gerar congraçamento entre os públicos
Ao discorrermos sobre a importância de ferramentas tais como internos e externos ou ainda em atividades de endomarketing, seja
simulacros de armas de fogo e marcadores de em geral procuramos para o congraçamento ou emulações “sadias interna corporis”,
demonstrar o valor da sua aplicação e aproveitamos para dirimir assim é que apresentamos algumas abordagens de eventos; todavia,
eventuais discussões daqueles que acreditam que os marcadores buscamos casar o espírito desportivo à realidade das atividades de
de paintball pretendem substituir as instruções, digamos, segurança, já que podem ser apontadas diversas diferenças entre o
convencionais de tiro. Na verdade o que se propõe é a sua utilização tiro policial defensivo e o tiro esportivo. É de se realçar ainda que
como meio de complementação da Docência, sobretudo no que seria um desserviço das instituições de Segurança Pública, onde a
concerne à realização de procedimentos, já que com os marcadores escassez de recursos é a regra, utilizar qualquer recurso destinado à
é possível demonstrar ao profissional instruendo suas falhas atividade de tiro sem incutir nesta a aplicabilidade do tiro defensivo
procedimentais e os meios consentâneos de correção para lhe com o viés instrutivo.
assegurar a formação de sua memória psicomotora, ensinando-o a Devido ao alto risco da atividade que envolve a instrução de tiro
se portar em situações em que o único raciocínio de que dispõe são prudente se fez incluir neste manual as considerações técnicas
os reflexos psicomotores condicionados. acerca da prestação de socorro imediato a partir da inserção no
Procuramos salientar, ainda que de forma superficial, a necessidade capítulo XX destinado ao atendimento pré-hospitalar que envolve
da atividade física precedente às instruções, a fim de evitar fundamentalmente o treinamento para o emprego de medidas
contusões e demais dissabores físicos/fisiológicos em função da terapêuticas adequadas em caso de ocorrência de sinistro durante
atividade educacional. Cumpre, todavia, ressaltar a necessidade dos a prática da atividade de tiro.
profissionais de segurança pública de buscarem constantemente Ao apresentarmos o glossário de termos técnicos, tencionamos
um condicionamento físico que lhes permita a realização de todos abordar não só as terminologias usadas no presente Manual, mas
os procedimentos afetos à profissão e à prática do tiro propriamente também outras que, pela estreita relação com a disciplina, podem
dito, pois de nada adiantará o estabeleci- mento de boa memória muito bem ser alvo de dúvida dos profissionais docentes e discentes.
25 26
CAPÍTULO I pedagógicas durante o processo do ensino aprendizagem no
âmbito das instituições que tem por mister aplicarem a instrução
DIDÁTICA VOLTADA À INSTRUÇÃO DE TIRO de tiro policial defensivo.
“Não considere nenhuma prática como imutável.
Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não
aceite verdade eterna. Experimente”. 1.2 Objetivos
B.F. Skinner Este capítulo tem por finalidade discorrer sobre as principais
1.1 Generalidades ferramentas didáticas e metodológicas a serem aplicadas pelo

A prática da Docência voltada à Instrução de Tiro Policial demanda instrutor de tiro para o desenvolvimento da atividade docente,

algumas peculiaridades ímpares no campo da didática. Trata- possibilitando adotar uma mensagem teórica clara, entendida e

se de uma atividade de elevado risco e de extrema importância transformada em ação prática, para que o aluno se beneficie do
processo ensino-aprendizado de qualidade.
para a qualificação do policial. O instrutor, portanto, assume a
responsabilidade de aplicar criteriosamente, dentro dos limites de
segurança, todo o conteúdo proposto, avançando progressivamente 1.3 Atributos e qualidades do Instrutor
por todos os níveis de instruções. Para uma prática saudável da docência o instrutor deverá atuar como
Transmitir conhecimento é tarefa gratificante para quem está um facilitador utilizando se de uma comunicação que possibilite
em condições de fazê-lo, e torna-se agradável também a quem um canal aberto que envolva, sobretudo, a arte do saber ouvir
possui uma conduta responsável e interessada na aprendizagem. dando espaço para um ambiente ideal para o desenvolvimento de
O instrutor de tiro policial defensivo deve ter consciência de que ideias através do diálogo; reconhecer e bem lidar com as variáveis

está lidando com técnicas que levam a representação do maior advindas do coeficiente emocional típicas das relações humanas

potencial ofensivo em se tratando da utilização do Uso Diferenciado e mais ainda afloradas durante o processo ensino-aprendizado e

da Força Policial devendo, portanto transversalisar as temáticas ainda primar pelo fator motivacional propiciando um bom estímulo
aos seus alunos.
correlacionadas aliando aos protocolos da Diretriz Nacional da
O instrutor, portanto, assume o papel de um docente perito na esfera
Força entre outras.
de suas responsabilidades em conduzir com clareza e objetividade
A breve abordagem neste capítulo em torno da didática procura
o processo ensino-aprendizagem no âmbito de sua instituição, e
esclarecer os posicionamentos que serão norteadores das práxis
em especial na atividade de instrução de tiro defensivo.
27 28
1.4 Dicas para uma comunicação eficiente no processo ou desvie o olhar para outros pontos;
ensino aprendizagem • Dar espaço e certificar-se da participação ativa por parte dos
Comunicação Verbal: A comunicação verbal se bem utilizada e alunos observando, sobretudo a resposta da linguagem corporal
aplicada em técnicas pedagógicas representa uma dos principais por parte do grupo durante as aulas;
canais para o uso de ferramentas no intento de se conduzir uma • Em se tratando de uma aula de natureza prática a depender do
boa instrução. tipo de atividade de campo, a linguagem corporal pode ser expressa
• Utilização adequada da fala englobando a expressão de ideias pelo tato, sinais e gestos, pois a audição por parte dos alunos e até
claras, pausadas e organizadas racionalmente; mesmo do docente pode estar total ou parcialmente comprometida,
• Deve se primar por uma boa postura corporal, uma comunicação como por exemplo, pelos fatores de comuns de estresse a certas
emocional equilibrada e utilizando de um cabedal de palavras atividades de tiro prático, ou ainda, o próprio estampido em maior
corretas e de cunho técnico peculiar à disciplina de tiro policial; ou menor intensidade, gerado por disparos de armas de fogo. Deva
• A expressão verbal deverá ser empregada em períodos curtos e lançar mão de dispositivos do tipo sinalizadores, apitos, gestos,
coordenados evitando se o excesso de termos técnicos ou ainda a cornetas, símbolos e o tato podem se tonar eficientes aliados nestes
vulgarização da fala a partir de termos que contenham gírias; casos.
• Também fazem parte de uma boa comunicação verbal à prática de A comunicação emocional: A lida com uma atividade de instrução
uma tonalidade de voz agradável aliada à intensidade de som nem tão emblemática e de alto risco como o tiro policial inevitavelmente
muito alta ou baixa, de pronúncia das frases claras e coordenadas. remonta a necessidade de se construir uma confiabilidade e vínculos
Comunicação através da adoção de uma linguagem corporal: de segurança entre o instrutor e os discentes. Veja abaixo algumas
A prática docente de instrução de tiro propicia a utilização de dicas a ser considerado como fatores que agreguem e possibilitem
diversas formas de linguagem corporais devido ao seu caráter o sucesso através da comunicação emocional:
eminentemente prático que levem ao desenvolvimento de • Estar convicto o instrutor de que a disciplina que ministra
habilidades técnicas. Assim sendo, segue algumas dicas: é essencial, e de extrema importância para a qualificação do
• Durante a explanação do conteúdo da disciplina movimentar profissional de segurança pública, pois, representa em última
tranquilamente sem excessos evitando ficar parado por um período instância a preservação da vida, seja propiciando a sua própria
de tempo num mesmo ponto; segurança pessoal e da equipe, ou ainda em especial prestar serviço
• Manter contato visual com os alunos deixando que se dispense e/ de segurança com qualidade para a sociedade em que serve;
29 30
• O instrutor de tiro deverá inevitavelmente externar seu técnica e maior agilidade, principalmente para as instruções de
entusiasmo e disposição em apresentar o conteúdo de sua natureza prática. Esses fatores, caso desconsiderados, poderão
disciplina, assumindo, sobretudo uma postura de um pesquisador gerar penalidades no âmbito civil, administrativo e penal.
com formação continuada e se esmere em ser um exemplo de Portanto, o Instrutor auxiliar assume a função de monitor
profissional padrão; participando ativamente junto ao instrutor principal nas atividades
• Deve o docente possuir um autocontrole acima da média quando de planejamento, preparação, orientação, controle, avaliação
no trato com situações que pedem gerar nervosismo e estresse e execução que ocorrerá antes, durante e após as atividades de
diante as adversidades da instrução, procurando superar as instrução de tiro, com objetivos propostos no planejamento da
limitações e dificuldades utilizando-se como prática saudável, instrução.
satisfatória e propositiva;
• Espera-se do instrutor de tiro que tenha discernimento para não 1.6 Aptidões do Instrutor de Tiro
trazer ao ambiente de ensino, eventuais problemas e frustações Devido à complexidade da atividade de Docência, que envolve a
de natureza pessoal ou até mesmo de cunho profissional para não prática com a instrução de tiro, é essencial que o instrutor tenha
emitir indevidamente opiniões e posturas de caráter subjetivo certas aptidões, tais como:
com visões individualistas levando esta conotação para o campo • Conhecer profundamente o assunto a ser abordado certificando
profissional. se houve o entendimento por parte do aluno das informações
transmitidas;

1.5 O Papel do Instrutor de tiro Auxiliar (monitor) • Ter aptidão e gostar da disciplina tomando uma postura de

Devido à complexidade das atividades técnicas e o elevado risco buscar uma formação continuada a fim de ser compartilhada com

intrínseco que cerca a instrução de tiro em campo, a depender da seu corpo discente;

quantidade de discentes a serem submetidos a esta modalidade, • Ter consciência das consequências futuras que possam advir

a instrução que envolver a cada 15 (quinze) alunos requer a dos ensinamentos transmitidos seja no âmbito administrativo ou

participação de mais um instrutor que neste caso exercerá o papel jurídico;

de monitor. Tal medida se faz prudente e indispensável na maneira • Se predispor a promover a transversalidade entre as disciplinas

em que se foque primeiramente no aspecto da segurança, qualidade afins contextualizando sempre que oportuno à inter-relação entre
o tiro policial defensivo e o uso da força;
31 32
• Levar em conta as características individuais de cada aluno assuntos pertinentes à instrução de tiro, deixando bem claro a
respeitando suas limitações e promovendo a superação destas por obrigação do cumprimento rígido das Normas de Segurança.
via de técnicas adequadas e motivações; e) O instrutor de tiro poderá empregar o aluno como observador,
• Ser paciente, respeitador, positivo e motivador, entre outras caso este não esteja no momento da execução do exercício prático
qualidades características da docência de instrução de tiro; de tiro. O objetivo é que o aluno identifique os erros e os acertos
• Se dispor a ser um pesquisador nato acerca das técnicas e em torno da atividade realizada. Porém, não cabe ao aluno
tecnologias que envolvam a função docente de tiro policial observador a intervenção ou correção do aluno atirador, pois isso é
defensivo, assumindo uma postura de buscar uma qualificação de competência exclusiva do instrutor.
continuada. f) É importante que o instrutor destine um período, antes do início
das atividades práticas de tiro, para identificar a real situação
1.7 Procedimentos a serem adotados pelo Instrutor de em que se encontra o aluno (física, técnica e psicológica). Caso
Tiro seja observada alguma alteração psicológica, o aluno não poderá
a) O instrutor deverá cumprir o Plano de Instrução expedido pela prosseguir na instrução, devendo ser encaminhado ao Serviço de
Divisão de Ensino da Instituição de Segurança, bem como elaborar Saúde da Instituição.
previamente suas aulas, visando atingir o objetivo da instrução. g) É necessário que haja um momento posterior para os comentários
b) O instrutor deverá ser um facilitador, capaz de auxiliar o aluno que se fizerem necessários após a realização dos exercícios, tanto
a desenvolver habilidades técnicas e psicomotoras referentes à por parte do instrutor como do aluno observador.
realização das atividades de tiro policial, bem como deve demonstrar h) Durante as atividades de instrução prática, e com a devida
aos discentes o funcionamento do mecanismo e o desempenho do segurança e coordenação do instrutor responsável, o grupo de
armamento e equipamento. alunos poderá apoiar a instrução em algumas missões, tais como:
c) O instrutor deve estar motivado em suas aulas, buscando ilustrá- • Obrear e substituir alvos;
las com exemplos práticos, aguçando dessa forma a curiosidade e a • Montar as pistas;
motivação dos alunos, de forma que todos participem da aula e não • Fornecer os equipamentos de EUI e EPIs;
fiquem com receio de expor suas dúvidas. • Registrar as súmulas;
d) O instrutor de tiro deverá realizar uma preleção minuciosa antes • Fornecer as munições e recolher os estojos.
do início de cada instrução prática, procurando abordar todos os
33 34
O instrutor deverá possibilitar a observação e a participação dos de simulacros de armas de fogo antes da realização das instruções
alunos nos exercícios propriamente ditos. Tal função poderá com munição real, contribuindo neste caso para um melhor
ser invertida em tempo oportuno por iniciativa do instrutor, desempenho quanto ao aprendizado, através do exercício da
permitindo que os alunos tenham oportunidade de participar do memória psicomotora.
maior número de atividades possíveis durante a realização das Os tipos e os níveis de instruções serão mais bem detalhados no
instruções. capítulo 5
É de fundamental importância que o instrutor de tiro policial
defensivo seja possuidor de curso correspondente e regular da 1.8 Métodos didáticos utilizados na aprendizagem da
instituição de segurança pública, a exemplo do CIT (Curso de instrução de tiro

Instrutor de Tiro) e CIIT (Curso Integrado de Instrutor de Tiro), Inicialmente neste subcapítulo explicitaremos algumas abordagens

devidamente regulamentado e homologado pelo setor competente, de ensino que foram disseminadas e sofreram influências de

e que esteja preparado e habilitado tecnicamente para a prática diferentes teóricos, repercutindo assim, em pensamentos didáticos

desta modalidade de Docência. Tal pré-requisito é indispensável doutrinários.

para que sejam resguardados tanto a instituição policial, o Para contextualizar nossos pensamentos referenciaremos alguns

instrutor e o discente, quanto às demandas administrativas e/ou conceitos de Didática e andragogia. A didática é a maneira pela

judiciais provenientes de atos considerados imperitos, negligentes qual o professor ou instrutor utiliza de métodos e técnicas de ensino

ou imprudentes. para construção do conhecimento aos seus instruendos. Segundo

Em todas as etapas da atividade de tiro, a Instituição de Libâneo (1990), a didática é:

Segurança Pública e o instrutor deverão primar pela qualidade e a “Uma das disciplinas da Pedagogia que
estuda o processo de ensino através de seus
padronização da instrução, com o foco na otimização da aplicação componentes dos conteúdos escolares, o ensino
dos recursos logísticos (arma, equipamentos, munição, alvos e e aprendizagem, com o embasamento numa
teoria da educação para formular diretrizes
etc.), visando à qualificação dos recursos humanos, bem como
orientadoras da atividade profissional dos
focar na transversalidade com as demais disciplinas afins, previstas professores.”
nos diversos cursos oferecidos.
O instrutor deve aplicar oficinas de vivenciamento, além de um Já a educação andragógica compreende o estudo das técnicas,

maior número de ensaios (treinamento em seco) e/ou com uso métodos e didáticas de ensino a um público específico, ou seja,
35 36
o adulto, diferentemente da pedagogia que tem por finalidade citar exercícios de tiro fundamental que esta no nível básico
a educação para criança. Esta modalidade de ensino tem atuado de treinamento, em que o instruendo com a ajuda do instrutor
como facilitadora e mediadora da aprendizagem do indivíduo executa um treinamento mais mecânico e repetitivo com intuito de
adulto, ou seja, carrega consigo experiências culturais ao longo fixar o aprendizado, através de repetições que proporcionará uma
de sua vida, fruto da convivência em sociedade. Para uma melhor memória psicomotora. Melhores explicações sobre o nível básico
compreensão referenciamos Campos (2015): estão no capitulo 05.

“Na andragogia, a abordagem educacional deve


ocorrer considerando suas vivencias agregadas 1.8.2 Método de trabalho independente
durante a experiência de vida. O enfoque deve ser
direcionado aos saberes já adquiridos, alinhando Nesse método o aspecto que mais se destaca é a atividade mental
aos objetivos da educação andragogica. Isso dos alunos, independentemente da atividade desenvolvida.
tudo propiciará certamente uma qualidade de
vida melhor a esse cidadão. (...) Mas também
O principal desafio ao adotar este método está vinculado à relação
deve servir de paliativo a fim de resgatar e sanar professor-aluno, vez que tanto no aspecto motivacional como
a má formação inicial que compromete seu
também nos níveis de assimilação e aplicação do conteúdo exposto,
desempenho intelectual e profissional.”
o “educando deve ser estimulado pelo educador a participar
deste momento de aprendizagem, exercitando a criatividade e a
Através da didática podemos inserir no corpo discente, vários reflexão” (Estrela: 2005, p. 105). Este tipo de treinamento pode
métodos e técnicas de ensino praticadas pela ciência educacional. ser desenvolvido durante exercícios de tiro básico, intermediário
Entre eles citamos: e avançado .

1.8.1 Método de exposição


1.8.3 Método de elaboração
Possui como característica principal a manutenção do método
De acordo com Libâneo (2003, p. 167-168), a elaboração conjunta
tradicional de transmissão do conhecimento por parte do
compreende:
educador, realizado por meio de aulas expositivas, demonstrativas,
“Uma das disciplinas da Pedagogia que
ilustrativas e exemplificativas. estuda o processo de ensino através de seus
componentes dos conteúdos escolares, o ensino
O aluno nesse método adota uma postura receptiva, mas não
e aprendizagem, com o embasamento numa
passiva. Trazendo para a realidade da instrução de tiro, podemos teoria da educação para formular diretrizes
37 38
orientadoras da atividade profissional dos como, por exemplo, o que preconiza o Procedimento Operacional
professores.”
Padrão da PMGO - POP 107 e 108 – Manutenção de armamento.
Desta forma o método pode ser vivenciado a qualquer momento Esta atividade também pode ser desenvolvida em todos os níveis
no desenvolvimento do conteúdo, contando para isso, com um de instrução de tiro.
conjunto de condições prévias vinculadas aos alunos: a assimilação
dos objetivos existentes, o domínio de conhecimentos básicos ou 1.8.5 Método de ensino à distância
de conhecimentos e experiências adquiridas anteriormente. Esse Este método é baseado atualmente na tecnologia on-line (após
recurso pode ser considerado primordial para uma instrução de a evolução das fases do papel impresso a eletrônica por rádio e
tiro de qualidade, já que planejar o conteúdo que será ministrado televisão, e a digital por ambientes de ensino equiparados a este
em uma instrução é uma tarefa de cautela, pois devemos considerar fim), e exemplo do sistema EAD (ensino a distância) desenvolvido
o público alvo e o seu conhecimento cognitivo e básico relacionado pela SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública) que
à instrução. disponibiliza o ensino gratuito extensivo a todos os profissionais de
O instrutor de tiro ao mesmo tempo em que é um facilitador de segurança pública do país sob a coordenação dos tele centros.
conhecimento, também deve saber que o seu público alvo tem
muitas experiências que poderão somar como pontos positivos em “Educação à distância é o aprendizado planejado
que ocorre normalmente em um lugar diferente
sua instrução.
do local do ensino, exigindo técnicas especiais
de criação do curso e de instrução, comunicação
por meio de várias tecnologias e disposições
1.8.4 Método de trabalho em grupo
organizacionais e administrativas especiais.”
O principal objetivo desse método é manter a cooperação dos (Moore; Kearsley: 2007).
alunos entre si na realização das tarefas apresentadas esperando
a contribuição de todos na aprendizagem comum, que busca A rede SENASP oferece de forma gratuita alguns cursos
também despertar interpretação crítica sobre o tema proposto. relacionados com a atividade de instrutor de tiro e armamento e
Como instrutor de tiro o método de trabalho em grupo é instigar os equipamento, entre eles citamos: Identificação de armas de fogo,
instruendos a colocar em prática o que foi ensinado. Uma atividade Uso Diferenciado da Força – UDF e Técnicas e Tecnologias não
interessante que propomos são as oficinas de desmontangem, letais na atuação policial.
montagem, limpeza e manutenção e manejo do armamento, tal 1.8.6 Metodologia da problematização e a aprendizagem
39 40
baseada no problema Na resolução de problemas o docente elabora situações-problema
Metodologia recentemente aplicada em instituições de ensino simulando a realidade. Em seguida, apresenta aos alunos, que
cuja principal premissa se encontra na proposta de atividade do discutem os problemas em pequenos grupos e levantam hipóteses.
corpo de aluno voltada à interação deste, a pesquisa bibliográfica Acompanhados pelo tutor, formulam os objetivos de aprendizagem
e de campo, raciocínio cognitivo, análise dos fatos, iniciativa e e identificam as fontes de pesquisa. Ao final, os estudos e as
criatividade para a resolução de problemas. conclusões de cada grupo são apresentados à turma, para revisão
A metodologia da problematização deve ser aplicada em situação e sistematização de uma proposta de ação para a resolução do
em que os temas estejam relacionados com a vida em sociedade, problema.
desenvolvendo-os a partir da realidade ou de recortes dessa Essa técnica favorece a integração de conteúdos por constituir uma
realidade, uma vez que cabe aos alunos identificar os problemas forma diferenciada de estruturar o saber, a partir de capacidade
que estão à sua volta. Nesse contexto, pode ser adotado o método de resolver problemas que ultrapassem os limites de uma única
do arco de Charles Maguerez (1982 apud Berbel: 2008, p. 3), que disciplina, além de possibilitar a compreensão da realidade social,
se divide em cinco etapas distintas, as quais por meio da visão global e integradora do conhecimento.
Como exemplo didático, citaremos o exercício de resolução
“são desenvolvidas ordenadamente uma após
a outra. As etapas constituem: observação da de panes, em que o instruendo já treinado e massificado a
realidade, ponto-chave, teorização, hipóteses de aprendizagem utilizando de munições inertes, desenvolve um
solução e aplicação à realidade”.
ambiente que propicie a escolha da técnica mais adequada para a
solução de panes a partir de procedimentos técnicos devidos. Neste
1.9 Técnicas de Ensino utilizadas na aprendizagem da caso o instrutor deverá provocar diversas panes na linha de tiro
instrução de tiro com intuito de fazer o instruendo pensar rapidamente e executar
Norteadas pela metodologia a ser empregada, a técnica de ensino tem exercícios que poderá salvar sua vida em uma situação real de crise
por objetivo orientar e dinamizar o processo ensino aprendizagem sob o efeito de grandes níveis de estresse.
considerando as competências a serem desenvolvidas pelo corpo
discente, de acordo com os objetivos e o conteúdo da disciplina.
Encontramos as técnicas de ensino mais comuns:

1.9.1 Resolução de Problemas


41 42
1.9.2 Simulação “a participação ativa e dinâmica do educando
favorece a aproximação entre fato teórico e
A simulação se estrutura por meio da construção de um cenário,
o fato real, incentivando e permitido maior
a fim de vivenciar papéis dentro de um contexto e conseguir compreensão”.
aproximação consistente entre a teoria e a prática, além de
desenvolver as habilidades, atitudes e a construção das referências 1.9.4 Painel de Discussão
necessárias ao futuro profissional para sua tomada de decisão em O painel de discussão caracteriza-se pela apresentação de
situações similares. Para melhor aproveitamento dessa técnica, especialistas que expõem as suas visões sobre determinado tema
as situações selecionadas devem conter fatores surpresa que a ser debatido. Pode ser coordenado por um moderador, com a
estimulem a reflexão sobre as diversas possibilidades de resposta. função de controlar os tempos de exposição, debates, perguntas,
Como exemplo prático, podemos citar uma oficina de vivenciamento respostas, como também organizar a síntese dos pontos abordados
no Uso Diferenciado da Força com utilização do marcador de no painel.
paintball conforme veremos no capítulo 07. De acordo com Estrela (2005, p.108),
“o objetivo primordial é auxiliar os educandos na
análise de diferentes aspectos de um problema
1.93 Estudo de Caso (ou tema), não necessariamente tendo que
O estudo de caso compreende a discussão, em pequenos grupos, chegar a conclusões ou soluções”.

de casos verídicos ou baseados em fatos reais relacionados com


situação que farão parte do cotidiano profissional do aluno. Os Segue como referência simpósios, fóruns e instruções que discutem

casos devem ser apresentados com o máximo de informações sobre o assunto.

pertinentes, para que o discente possa analisa-los (caso análise)


ou apresentar possíveis soluções (caso problema). Essa técnica 1.9.5 Debate Cruzado
permite que os participantes analisem a situação apresentada e O debate cruzado é organizado em dois grupos: um terá de debater
apliquem os conhecimentos adquiridos. Podemos exemplificar as uma tese contrária à do outro, invertendo-se os papéis ao final. Nesta
ocorrências envolvendo agente de Segurança pública na atividade técnica, o corpo discente focaliza inicialmente todo o arcabouço
policial bem como em horário de folga. Tal como expressa Estrela teórico e prático para defender sua posição; em seguida, contrapõe
(1972 apud Carvalho:2005, p.109), o que foi exposto, propiciando a oportunidade de vivenciar as fases
distintas do mesmo tema.
43 44
1.9.6 Aula Prática “O coordenador (educador) inicialmente define
o tema, a data de apresentação, orienta o
A aula prática se efetiva através da explicação por meio da
levantamento bibliográfico, auxilia na ordenação
demonstração de técnicas procedimentos, oportunizando ao do trabalho e coordena a apresentação, sendo
corpo discente a prática, o feedback, a automação e a aplicação. também, responsável pelo desfecho final após a
discussão. (Estrela: 2005, p.108).”
Essa técnica deve possibilitar que o aluno reflita sobre os passos
demonstrados pelo professor, a fim de entender o porquê de cada O objeto da diversificação dos métodos e técnicas de ensino é
fase do processo. Essa técnica pode ser realizada em locais onde
possibilitar a organização de ambientes de aprendizagem mais
serão ministradas as atividades práticas. A demonstração do
significativos e adequados às necessidades do corpo discente, na
instrutor com o posicionamento correto do armamento e o disparo
busca do aprimoramento do processo ensino aprendizagem.
realizado no alvo exemplificando o exercício que será executado
pelo instruendo.
1.10 Recursos didáticos disponíveis em uma instrução
de tiro
1.9.7 Seminários
A apresentação de seminários é uma técnica de ensino na qual o
docente divide os alunos em grupos e apresenta temas constantes 1.10.1 Recursos audiovisuais

no conteúdo programático, a fim de que o corpo discente utilize Para que as técnicas estudadas até aqui sejam bem aplicadas, faz-

os diversos meios de pesquisa disponíveis para elaboração e se necessário o estudo do emprego correto e oportuno de recursos
apresentação do seminário para a turma: A necessidade de uma audiovisuais.
pesquisa bibliográfica, o espírito de investigação, reconhecendo e Os recursos sensoriais são importantes, pois o homem capta o
examinando problemas, e apresentados os resultados, distingue mundo através de cinco sentidos. Estes sentidos serão chamados de
este tipo de procedimento, pois exige que os educandos se mostrem canais de comunicação e dentre esses canais, através de pesquisas
ativos, participantes da discussão (formulando questionamentos, foi descoberto que o homem não utiliza 100% de seus sentidos
mostrando opiniões, esclarecendo pontos obscuros, ordenando no processo de aprendizagem, pois 75% dos sentidos destacamos
informações coletadas e as transmitindo). a visão a principal ferramenta de utilização no processo ensino-
No entanto para que esta técnica seja bem empregada e tenha êxito aprendizagem, 13% audição, 6% tato, 3% paladar e 3% olfato.
na dinâmica de trabalho é essencial o planejamento (definir os Descobriu-se também que a visão consome 20% da energia
objetivos, obter informações, selecionar roteiros). cerebral.
45 46
Para explorarmos os canais de comunicação, devemos ter sempre • Retroprojetor: um dos mais úteis e versáteis. Desvantagens:
em mãos os recursos necessários (controle remoto, ponto laser, tamanho e peso. Vantagens: fácil manuseio, não necessita escurecer
modelos, etc.), para não perdermos tempo e credibilidade junto à o ambiente, se ganha tempo, as transparências podem ser aplicadas
audiência. Usar ponteira (point laser), ou qualquer outro meio que pelo próprio instrutor. As transparências podem ser elaboradas de
facilite mostrar detalhes. diversas maneiras.
Vários são os recursos audiovisuais que poderão ser usadas na • Projetor de vídeo: um dos mais úteis e sem dúvida o mais
didática da instrução de tiro. Dentre elas destacamos as principais: moderno recurso audiovisual. Permite a utilização de áudio-
• Quadro de giz: antigo, mas bastante utilizado. Vantagens: é vídeo, apresentações animadas, inclusive filmes. Permite atender
simples, de fácil confecção, é econômico e durável. Desvantagens:
solicitações da audiência dando pausa ou retornando á imagens
sujo, pouco dinâmico e perde-se contato com a audiência ao
ou determinados pontos da apresentação. O projetor de vídeo é de
escrever.
fácil utilização e leve. O conjunto projetor de vídeo e computador
• Flanelógrafo: quadro de flanela que prende com velcro. É
e conjunto multimídia denomina-se Datashow. Desvantagens:
importante atentar para que a disposição seja organizada,
exige conhecimento de algum software para a confecção da aula
numerada e nítida. Sugere-se também utilizar poucas figuras e de
e conhecimentos básicos de informática. O projetor de vídeo é um
cores contrastantes e de mensagem clara.
aparelho frágil e bastante caro.
• Mural: estático, mas de grande utilidade. Deve ser usado quando
Esses recursos que mencionamos ajudam a não utilizarmos apenas
algo tenha que ficar exposto durante toda aula. Como o flanelógrafo,
a voz para transmitir ideias, já que corremos o risco de sermos
a disposição deve ser organizada, numerada e nítida. Quadros
superposto deve estar previamente ordenado e todos devem estar interpretados de uma maneira diferente daquela desejada. O

cobertos para serem descobertos no uso e recobertos após o uso. recurso audiovisual dá a mensagem maior realismo.
• Projetor de slides: é ainda considerado um sofisticado recurso
audiovisual. Tem como vantagem mostrar cenas com clareza e 1.11 Briefing
realismo. Desvantagens: escurecimento do ambiente (perde-se o Antes de iniciarmos a prática do tiro propriamente dito, é
contato visual e pode causar sonolência); os slides são apresentados indispensável passarmos por uma fase do briefing, mas o que é
numa ordem rígida ficando muito difícil atender solicitações da o briefing? Briefing é uma reunião informal com os alunos, onde
audiência (dar pausa ou retornar a um slide específico); o difícil serão descritos e analisados todos os procedimentos que serão
manuseio.
47 48
realizados na instrução de tiro. O briefing é também uma forma de CAPÍTULO II
avaliar o nível de preparação do aluno para o tiro e modificá-lo se
necessário. Um bom briefing ajuda na segurança na prática do tiro. RESPONSABILIDADES E NORMAS DE SEGURANÇA
NA INSTRUÇÃO DE TIRO
“Trabalhar com segurança é acreditar que você é
a ferramenta mais importante para a empresa”
Tiago Quixaberia

2.1 Generalidades
A finalidade deste capítulo é mostrar que a Instrução de Tiro
Policial é uma atividade considerada de elevado risco, pois expõe
tanto o docente como o discente a uma série de procedimentos que
envolvem a lida com materiais potencialmente lesivos e, portanto,
merecedor de cuidados quanto aos aspectos de segurança.

2.2 Objetivos
Nossa intenção é demonstrar que procedimentos de segurança em
Instrução de Tiro Policial devem ser atribuídos aos profissionais
com formação específica, cuja especialização permite lidar com
diversas variáveis vinculadas à instrução propriamente dita.

2.3 Normas de segurança


O termo “segurança”, em seu conceito genérico, está vinculado à
percepção de estar protegido, seguro. No que versa a atividade de
Instrutor de Tiro, a segurança constitui-se em fator basilar para que
o docente possa transmitir as técnicas operacionais aos discentes

49 50
num ambiente de controle absoluto das variáveis inerentes a Cabe ressaltar a importância da adequação do local destinado a
atividade policial. Para tanto, deve-se considerar um série de ações prática o qual deve garantir que o Instrutor possa ter total controle
coordenadas de forma a criar a ambiência necessária, as quais sob seus alunos.
denominarão neste manual de Normas de Segurança. Num contexto bastante comum no qual os Instrutores de Tiro se
As Normas de Segurança são o regramento lógico de ações as quais deparam com profissionais de Segurança Pública, que apesar de
todos os atores devem se atentar, cuja desobediência gera riscos lidarem com armamento como instrumento essencial ao seu mister,
de acidentes e incidentes de tiro. A interiorização das normas de com baixa capacidade técnica e o pior, com excesso de confiança
segurança permite que os operadores minimizem os riscos de e falta de consciência acerca da complexidade das implicações de
efetuarem disparos indesejados e ainda permite aprimorar suas estar armado, e em consequência não adquiriram destreza ideal
técnicas de precisão de tiro. para bem utilizar sua arma de fogo, contribuindo em potencial
A lida com o armamento merece uma atenção especialíssima por para os índices elevados de acidentes. É necessário, portanto, que
parte do usuário, bem como um planejamento prévio sobre as tanto o Instrutor de Tiro quanto a unidade de ensino da corporação
variáveis possíveis, com foco nas atitudes e nas condições seguras. promovam mecanismos de avaliação e acompanhamento periódico
Espera-se do detentor de arma de fogo o domínio das condições no que diz respeito a estabelecer regras para lida com este tipo de
técnicas para a utilização da forma correta, seja para o momento instrução.
de sua guarda, seja no exercício em linha de tiro, no manuseio e Uma arma de fogo torna-se extremamente perigosa para seu
na manutenção, ou ainda para o solitário momento da tomada de usuário e para terceiros quando quem a manuseia age como se
decisão de utilizá-la em defesa própria ou de terceiros. não representasse perigo. Daí para a ocorrência de um acidente
Os riscos de manusear uma arma de fogo vão além do complexo grave é um passo curto. Neste caso, a autoconfiança aliada à falta
controle das variáveis de ensino, o Instrutor de Tiro deve realizar de concentração no que está sendo feito e a falta de observância
uma preleção com os alunos antes das atividades que envolva dos procedimentos corretos tornam-se os principais fatores
disparos com armas de fogo, verificando as devidas condições integrantes para a ocorrência de fatos profundamente danosos.
físicas e psicológicas do aluno, de forma a mitigar os riscos Fica evidenciada a importância do papel do Instrutor de Tiro em
durante a instrução. Uma vez realizada esta preleção e somada à estar atento a todas as fases (antes, durante e depois) da instrução
interiorização por parte dos discentes das Normas de Segurança, no quesito de segurança.
estes estarão prontos para aplicar as técnicas operacionais de tiro. Outro aspecto relevante é que, numa turma de profissionais da
51 52
Segurança Pública a serem instruídos, é comum encontrar níveis de própria segurança e a dos demais, pois a aplicação das Normas
conhecimentos díspares, ou seja, alguns com vasto conhecimento de Segurança é indispensável a todos aquele que acompanham e/
acerca do assunto, enquanto outros com pouca habilidade técnica ou manuseiam armas de fogo. A seguir são delineadas Normas de
detêm dúvidas de toda ordem, essa pluralidade deve ser considerada Segurança as quais devem ser aplicadas antes, durante e depois da
de forma a respeitar os limites daqueles que possuem menor Instrução de Tiro, são estas:
capacidade técnica, mantendo a motivação daqueles que possuem a) Inspecionar todo o armamento, munição e equipamento a
maior destreza, esse desafio faz parte das atividades do Instrutor de serem utilizados, verificando principalmente as reais condições de
Tiro. Diante desta realidade, é importante que o instrutor promova uso para a finalidade de instrução a que se destina.
já no início das instruções uma aferição acerca do conhecimento b) Inspecionar os EPI (coletes, abafadores e óculos de proteção)
técnico de seus alunos, procurando desenvolver a instrução com quanto ao estado de conservação e ao uso correto pelo aluno.
vistas ao nivelamento do conhecimento. Negligenciando essa c) Inspecionar se a linha de tiro está devidamente preparada
situação, quando no desenvolvimento das atividades práticas, o e ausente de eventuais obstáculos ou objetos que não estejam
instrutor poderá contribuir para o aumento do risco de se gerar previstos, bem como conferir a segurança quanto aos ângulos de
um acidente, ou ainda prejudicar o aproveitamento dos alunos nas tiro e possibilidades de ricochete.
atividades, bem como, no aprendizado, parte dos alunos não terem d) Evitar o manuseio de armamento com munições reais em locais
condições técnicas de aproveitamento da atividade. fechados, pois haverá risco de fragmentação.
O cuidado no manuseio de uma arma de fogo e de munições e) Verificar os suportes de alvos, evitando que esteja em
torna-se indispensáveis, haja vista a existência de risco potencial desconformidade com o tipo de arma e calibre a ser utilizado,
quanto a possibilidades de gerar danos materiais e físicos, gerando como, por exemplo, suporte metálico ou alvos metálicos para tiros
consequências psicológicas e legais. No caso de haver um disparo de fuzil.
acidental poderá gerar graves sequelas, desde os efeitos psicológicos, f) Durante a montagem de pista, observar a distância mínima de
lesões leves e até a morte, ressaltando que essas variáveis extremas segurança para a realização de disparos em alvos metálicos do
são ocasionadas a velocidade de um projétil cortando o ar, no tempo tipo “pepper” “popper” e gongos, de acordo com o calibre e o tipo
de ouvir o som de um estampido, um pequeno descuido por mais de munição (projéteis de chumbo ou jaquetados), devido ao alto
ínfimo que pareça ser pode ter consequências trágicas. Portanto, o índice de ricochetes e estilhaços gerados pelo impacto do projétil
instrutor deverá estar atento e atuar preventivamente, para a sua ao alvo.
53 54
g) Inspecionar os armamentos mantendo-os descarregados de Goiás - PMGO orienta que a caixa de areia tenha no mínimo 120
durante a instrução, salvo quando por comando do instrutor da cm de comprimento, 60 cm de largura e 40 cm de profundidade, tais
linha de tiro após anunciar “pista quente” para a realização dos medidas, contudo, devem ser tomadas como referência, devendo o
exercícios práticos. instrutor averiguar as necessidades no caso concreto. Na ausência
h) Utilizar sempre munição inerte devidamente inspecionada para de um local específico para tal finalidade o procedimento pode
as atividades práticas de manutenção e inspeção de armamento. ser realizado a partir da escolha de um local cuja superfície não
i) Utilizar uma área de segurança para o manuseio, manutenção e seja rígida (asfalto, cimentados, e etc.) ou água. O procedimento
inspeção com munições e armamento. pode ser individual ou ainda coletivo, neste caso o Instrutor deve
j) Verificar e confirmar a presença de equipe motorizada de pronto- garantir que todos os alunos estejam um ao lado do outro, de forma
socorrismo e suas condições de apoio antes de iniciar as instruções. que não haja riscos das armas serem apontadas durante o processo
k) Quando em prática coletiva de fundamento de tiro, respeitar para algum outro aluno, sendo necessário que o Instrutor de Tiro
a angulação de segurança em 180 graus em relação aos demais assuma essa responsabilidade, inclusive fornecendo comandos
atiradores, e 45 graus em relação ao corpo e ao solo. para o procedimento.
l) Informar aos discentes o cumprimento dos comandos verbais Outro aspecto importante o qual o Instrutor de Tiro deve se atentar
“pista quente” (preparação e execução do tiro) e “pista fria” (armas é a tendência do aluno se abaixar para pegar ao solo munições ou
descarregadas, nos coldres, caixas ou nas bancadas), quando das outro objeto qualquer, fato que gera riscos uma vez que projeta o
instruções em linha de tiro. corpo do aluno a frete da linha de segurança do grupo de alunos.
Ao iniciar uma instrução de tiro o Instrutor deve garantir que os A seguir é ilustrado um modelo de caixa de areia usado para o
alunos tenham sido desprovidos de qualquer munição real, para procedimento de esfriamento da arma.
tanto se faz necessário que o aluno se dirija a uma área segura de
forma a descarregar sua arma (esfriamento). Comumente a área
que garante tal procedimento é denominada “caixa de areia”, que
nada mais é do que um recipiente cujo volume permita acondicionar
quantidade de matéria suficiente para absorver um disparo de
arma de fogo desferido de forma indesejada.
O Procedimento Operacional Padrão da Polícia Militar do Estado
55 56
FIGURA 01 – ÁREA DE SEGURANÇA (Caixa de areia) FIGURA 02 – Procedimento para descarregar o armamento

Fonte: Alunos do I CIIT/SAESP

Fonte: Alunos do I CIIT/SAESP

De forma a tornar o procedimento mais seguro e didático é


recomendado o uso de painéis informativos os quais orientam FIGURA 03 – Procedimento para carregar o armamento
cada passo do aluno no processo de descarregar e carregar a arma,
a seguir é ilustrado modelo de placa informativa para uso junto à
caixa de areia, as cores se diferenciam com o intuito de identificar
os diferentes processos, a primeira placa, de cor vermelha, indica
os procedimentos para descarregar a arma, já a segunda, de cor
branca, indica os procedimentos para carregar a arma de fogo.

Fonte: Alunos do I CIIT/SAESP

A seguir são descritas as providencias as quais se deve atentar para


mitigar riscos por meio da inspeção do armamento:
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a) Em local seguro, na caixa de areia, retirar o carregador do de forma clara, objetiva e exemplificativa. Para tanto, existem
armamento. regras, normas e precauções de segurança a serem tomadas de
b) Puxar o ferrolho a retaguarda, certificando-se do esvaziamento forma criteriosa com o intuito de minimizar e descartar qualquer
da câmara. possibilidade de acidentes e diminuir satisfatoriamente os índices
c) Verificar a integridade das munições (amassamentos, coloração, de incidente com armas de fogo, originados por imperícia,
projétil solto ou afundado, espoleta irregular). negligência ou imprudência.
d) Certificar se há sinais de disparo anterior no armamento a ser Ao discorrer a respeito das várias facetas que envolvem a
utilizado; compreensão pelo aluno das Normas de Segurança, deve o instrutor
e) Verificar possíveis irregularidades na integridade do armamento, apresentá-las analisando suas principais situações previsíveis:
ou seja, falta de peças, danos provenientes do mau uso ou de • Procedimento de segurança na lida com arma de fogo para o porte
desgaste natural. defensivo envolve uma série de procedimentos padronizados que
f) Verificar os seguintes pontos no armamento: englobam outros conjuntos de condutas defensivas de acordo com
• Interior do cano, procurando por detritos, rachaduras, a situação que se apresenta, pois não basta estar armado para se
engasgamento do projétil ou até o seu intumescimento possibilitar uma defesa pessoal eficiente, também se faz necessário
(estufamento); estar preparado para utilizá-la num momento de emergência;
• O correto funcionamento do armar/desarmar do cão e do gatilho, • Para o sucesso numa ação armada, destaca-se: A escolha de um
do mecanismo de segurança e do desarmador do cão; bom conjunto armamento e munição; o fator treinamento periódico
• A integridade da ponta do percussor, pressionando-o na sua parte e qualificado; conhecer o aspecto legal para agir em conformidade
posterior; com a lei em vigor;
• A integridade do aparelho de pontaria: alça e massa de mira; • A observância do elemento surpresa e o princípio da oportunidade;
• A numeração dos carregadores em relação à arma; • O aspecto psicológico, sempre presente em situações de elevado
• Deformações nas bordas superiores e amassamentos no fundo estresse. Com o somatório destes fatores primordiais é possível
do carregador e a livre movimentação do transportador nas bordas estabelecer a diferença entre o sucesso e o fracasso durante uma
superiores do carregador. ação ou reação defensiva com a arma de fogo;
A abordagem acerca das Normas de Segurança antecipa toda • Segurança com a arma de fogo em si: A questão da abordagem
e qualquer atividade de instrução de tiro e deverá ser exposta da segurança específica de cada arma de fogo leva às suas
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características técnicas e mecânicas, que deverão ser abordadas para se obtiver sucesso no manuseio com o armamento, munição
detalhadamente nas orientações acerca do armamento, assim e equipamento. O Instrutor de Tiro não deve confundir rigor na
como nos procedimentos de manejo e inspeção correspondentes a segurança com excesso de zelo, a ponto de com tal atitude, dificultar
cada arma em pauta; o contato do usuário/aluno com seu armamento e equipamento,
• Cautela com arma de fogo para a guarda em residência: Situação prejudicando em alguns pontos o desenvolvimento natural do
que merece atenção durante a abordagem de Normas de Segurança aluno. Com tais atitudes extremas, pode-se criar uma barreira
na instrução, levando-a ao debate, haja vista que grande parte dos psicológica e negativa a respeito das peculiaridades que envolvem
usuários de armas para fins defensivos possui em suas residências, o uso do armamento, bem como impossibilitar o desenvolvimento
junto aos seus familiares, a guarda de pelo menos uma arma de da memória psicomotora a partir da aplicação de exercícios
fogo. metódicos e repetitivos.
É de fundamental importância que o usuário domine a fundo as O instrutor deve estar atento na condução da instrução, no que
especificidades do armamento que esteja sob sua guarda, agindo tange à segurança, transmitindo de forma clara, serena, realista
de forma prudente e de acordo com as orientações estabelecidas e natural, procurando confirmar o retorno da compreensão
pelo fabricante. Cumpre salientar que conforme convenção (feedback) por parte do aluno a cada fase da instrução. É oportuno,
internacional o Instrutor de Tiro deverá trajar camisa/camiseta na previdente e essencial tratar das Normas de Segurança em linha
cor vermelha com as inscrições de “instrutor” nas costas, braços de tiro principalmente antes do exercício prático, reiterando sua
e tórax para que de relance possa ser distinguida sua qualidade importância. Promover debates em torno do assunto, a fim de
de facilitador do tiro policial defensivo. Neste sentido, cabe à apresentar experiências próprias de cada integrante acerca do
instituição a que pertence estabelecer diretrizes padronizando e assunto, com a finalidade de atingir maior maturidade e convicção
obrigando o uso de uniforme tal qual adotado pela convenção, eis da responsabilidade do usuário do armamento, criando-se hábitos
que a intenção é justamente a de aumentar a segurança durante positivos e padronizados na lida com o armamento.
as instruções e facilita ao discente a localização daquele que tem a De forma a criar um arcabouço teórico acerca de conceitos de
atribuição de dirigir a atividade. extrema importância, segue a definição de alguns termos:
A atividade de instrução de tiro não admite falhas na segurança, logo a) É considerado local seguro: o espaço onde se pode manusear
se exige a rigorosa observância das Normas de Segurança explanada a sua arma sem oferecer risco a qualquer pessoa, normalmente
previamente aos alunos, sendo um procedimento fundamental dotado de um anteparo frontal à área de manuseio, ausente de
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obstáculos que possibilitem o ricochete e com controlada circulação 4º Caso o acidente for grave, suspender a instrução;
de pessoas. 5º Informar por escrito à autoridade superior o fato ocorrido.
b) É considerado ato inseguro: a conduta inadequada do usuário
do armamento quando, por imprudência, imperícia ou negligência, Os principais objetivos a serem alcançados no aspecto da segurança
deixa de agir preventivamente e/ou utilizar as normas de segurança da instrução de tiro são:
relativo à conduta com o armamento. a) Prevenir a ocorrência de acidentes nas atividades relacionadas à
c) É considerada condição insegura: a falta de condições técnicas instrução;
de uso do armamento ou munição, no qual o usuário desconsidera b) Contribuir para a criação de uma mentalidade adequada em
tal situação, assumindo os riscos de acidentes ou outro sinistro relação ao assunto;
relativo ao seu uso indevido. c) Definir responsabilidades pela execução das medidas
Para que se tenha instrução é indispensável que o instrutor exponha recomendadas;
com clareza e observa as seguintes regras: d) Estabelecer procedimentos específicos e peculiares às atividades
a) Eleger área de segurança para a lida com o armamento para que, desenvolvidas na instituição de ensino.
hipoteticamente havendo um disparo acidental, seja perfeitamente Considerando o caráter sistemático no uso de uma arma de fogo,
contido pela proteção; cabe ao Instrutor de Tiro a observância das seguintes Normas de
b) Controle do cano direcionado para a área segura quando fora do Segurança na linha de tiro:
momento do disparo; a) Durante o período de permanência na linha de tiro, as armas
c) Dedo fora do gatilho em todos os momentos, salvo no disparo; deverão permanecer abertas e sem o carregador, para o caso de
d) Inspeção da arma verificando em que condição se encontra; armas semiautomáticas ou automáticas;
e) Treinamento contínuo e de qualidade voltado ao objetivo a que b) Armas que não estiverem na linha de tiro permanecerão em
se propõe; cabides ou locais a elas destinados, excetuando-se o armamento
f) Em caso de acidente durante instrução de tiro cabe ao instrutor: em manutenção;
1º Providenciar socorro imediato à vítima; c) As armas só serão alimentadas e carregadas mediante ordem do
2º Verificar indícios de imperícia, imprudência ou negligência no instrutor responsável pela pista de tiro;
emprego de armas e munições; d) O tiro será iniciado mediante ordem do instrutor responsável;
3º Reunir material e informações sobre o ocorrido; e) Os deslocamentos no interior do estande deverão ser restringi-
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dos e autorizados somente pelo instrutor; 2. Todo acidente resulta de uma sequência de eventos e nunca de
f) É terminantemente proibido fumar ou utilizar qualquer outro uma causa isolada.
meio que possa gerar explosões, incêndios, etc.; 3. Todo acidente tem precedente.
g) Qualquer pessoa que identificar ato que atente contra a segurança 4. A prevenção de acidentes é um dever de todos.
da instrução deverá comandar “suspender tiro”; 5. O objetivo da prevenção de acidentes não é restringir o grau de
h) Qualquer problema que ocorrer na linha de tiro deverá ser levado realismo da instrução, mas estimular o seu desenvolvimento com
ao conhecimento do instrutor, para que não ocorram disparos segurança.
acidentais; 6. Os comandantes, chefes e diretores, em todos os níveis, são os
i) Em hipótese alguma, a arma da linha de tiro poderá ter o cano responsáveis pela adoção das medidas de segurança nas atividades
voltado para outra direção que não seja referente ao alvo; dos discentes.
j) Antes do início e após o término de qualquer exercício de tiro, 7. Em prevenção de acidentes não há informação de natureza
mesmo que seja de instrução preparatória (disparos a secos, base reservada.
de tiro, etc.), as armas deverão ser inspecionadas pelo instrutor que 8. A atitude mental na prevenção de acidentes é essencialmente
procederá a checagem: mecânica, visual e tátil, inclusive realizando proativa: antever o que pode dar errado e tomar as medidas
o compartilhamento de responsabilidades. pertinentes para evitar que ocorra.
k) A realização de disparo deverá ser anunciada com o auxílio de 9. Quanto mais conhecimento se tem sobre um determinado
bandeirolas vermelhas instaladas em locais altos e visíveis. assunto, maior importância deve ser dada às medidas de segurança.
l) Durante o período noturno, além desse ponto, deverão ter 10. A medida de segurança mais extrema nunca será tão extrema
acessos luminosos vermelhos, bem como manter as bandeirolas quanto uma baixa.
iluminadas. A partir das considerações descritas de forma objetiva nesta
A seguir são delineados dez importantes fatores que devem unidade, o Instrutor de Tiro pode mitigar os riscos inerentes a
ser considerados no sentido de prevenir acidentes, os quais seu mister, devendo as Normas de Segurança preceder todo o
são nomeados pelo Exército Brasileiro como “Decálogo da conteúdo, seja ele teórico, ou prático, sendo que a não observância
Prevenção de Acidentes”, segundo o General Sérgio Ernesto implica o Instrutor em assumir para si grandes riscos de ocorrência
Alves Conforto: de acidentes ou incidentes de tiro, antes ou durante a instrução,
1. Todo acidente pode e deve ser evitado. podendo com isso gerar ocorrências sérias e irreversíveis as
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quais macularão aquilo que há de mais nobre numa instrução, o 2.4.1 Cinto de Guarnição
conhecimento.
O cinto de guarnição do instrutor de tiro deve ser condicionado
2.4 Equipamentos de Uso Individual para Instrutor de ao modelo padrão de cada força de segurança publica, no caso da
Tiro – EUIIT PMGO fica padronizado o cinto de guarnição em conformidade
Materiais necessários com o POP 101. Veja foto abaixo.

1. Cinto de guarnição completo; Figura 1 – Composição do cinto


2. Armamento em conformidade com a nota de instrução;
3. Bandoleira para arma longa;
4. Apito;
5. Caneta de tinta azul ou preta;
6. Prancheta;
7. Uniforme de instrutor de tiro completo;
8. Time; Fonte: POP101

9. Equipamentos Individuais de Segurança - EPI;


10. Cronômetro; Figura 02 – Composição do cinto com o dispositivo
elétrico de controle – DEC
11. Alvos adequados para cada instrução;
12. Munições inertes;
13. Munições letais previstas na nota de instrução;
14. Fita para demarcações;
15. Kit de limpeza de armas;
16. Chave de fenda pequena;
17. Obreas ou fita crepe;
Fonte: POP 101
18. Súmulas para avaliação.

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Esclarecimento: Caso o instrutor portar o Dispositivo Eletrônico 3. Coturno preto operacional;
de Controle – DEC, deverá retirar o porta espargidor e acrescentar
o coldre do DEC, posicionando-o entre o porta carregador ou porta
jet loaders e a fivela do cinto de guarnição;

2.4.2 Uniforme do Instrutor de Tiro


Ficam estipuladas como padrão único a todos os instrutores de
tiros (CIIT e CIT) as seguintes vestimentas: 4. Calça preta Rip Stop
1. Gorro com pala ou chapéu de aba larga de cor preta;

2. Camisa/Camiseta de mangas compridas vermelhas;

Esclarecimento: conforme convenção internacional o Instrutor


de Tiro deverá trajar camisa/camiseta na cor vermelha com as
inscrições de “INSTRUTOR” nas costas, braços e tórax para que
de relance possa ser distinguida sua qualidade de facilitador do tiro
policial defensivo.
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2.4.3 Equipamento de Proteção Individual – EPI treinamentos, e assim sendo, reafirmamos a necessidade do uso de
um protetor elétrico.
1. Abafador auricular:
recomenda-se que os abafadores 2. Oculos de proteção: os óculos
possuem um sistema eletrônico de proteção servem para proteger os
de alta tecnologia que amplifica os instrutores e discentes de ricochetes
sons de baixo ruído do ambiente, provenientes de disparos de armas de fogo
mas ao detectar um ruído com mais de 82 dB, como ruídos e contra os raios ultravioletas. O ideal são
prejudiciais ao sistema auditivo, desliga automaticamente o sistema os óculos de proteção que não embaçam e são transparentes com
de amplificação de áudio. Com o uso de um bom equipamento de proteção ultravioleta. Os óculos de grau substituirão os de proteção.
segurança o instrutor de tiro dificilmente vai apresentar perda Ao realizarmos algumas pesquisas sobre óculos de proteção que
de audição. Na falta de protetores eletrônicos admite-se o uso de melhor se enquadram para atividade de instrutor de tiro, nos
protetores normais. convencemos que devemos termos óculos para cada momento do
Relatamos que em um ambiente estritamente residencial urbano o dia. Se o dia estiver com sol recomendamos lentes escuras para
nível de ruído máximo permitido durante o dia é de 50 decibéis e, uma melhor proteção ou transparentes com proteção ultravioleta.
durante a noite é de 45 decibéis. Normalmente, o ouvido humano No final do dia, ao “entardecer ou ocaso” recomendamos lentes
é incrivelmente sensível a uma grande quantidade de atividades amareladas para uma melhor proteção e visualização do ambiente
acústicas. Segundo o Ministério do Trabalho, em 8 horas o nível de do estande de tiros. Neste caso orientamos óculos de proteção que
ruído não pode ultrapassar 85 decibéis e em 7 minutos não pode possibilite a troca de lentes.
ultrapassar 115 decibéis. A incidência direta dos raios ultravioleta, um dos componentes dos
Geralmente, quando atiramos com um revólver calibre 38 o nível raios solares, no olho humano ocasiona lesões oculares graduais
de ruído chega a 94 dB, podendo variar com o ruído de fundo do que podem culminar na perda total da visão. A catarata, por
ambiente. Um tiro de calibre .40 pode chegar a 103 dB, bem como exemplo, é uma das lesões oculares mais conhecidas do mundo
de calibre 12. De acordo com NR 15 (norma regulamentadora), o e sua ocorrência pode estar relacionada à exposição da retina à
ambiente de um stand de tiro é um ambiente insalubre, necessitando radiação ultravioleta.
utilizar EPI (equipamento de proteção individual) durante os
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3. Proteção balista: orientamos que em 2. Munição de manejo: As munições de manejo inerte (sem
instrução com armas de fogo para habilitação, propelente e espoleta) deverão conter um referencial visual em
tanto o instrutor como os alunos usem coletes cores vivas (ex.: amarelo, laranja ou azul) a fim de identificar o
antibalísticos para evitar danos irreparáveis em amamento com maior facilidade e segurança.
caso acidentes de tiro. A proteção balística deve 3. Outros equipamentos inertes: Os demais equipamentos a
ser lisa na parte frontal para evitar desvios de um possível impacto, serem utilizados para instrução de demonstração ou em Oficinais
que ao invés de atingir as placas de proteção, poderão desviar e de Vivenciamento, tais como DEC, espargidores, e outros deverão
atingir órgãos vitais. ser desacionados seus respectivos mecanismos de acionamento.

4. Luvas de proteção: no processo de


montagem de pista para a segurança dos
instrutores e monitores se faz necessário o uso
de luvas de proteção que possibilite o manuseio
do equipamento a ser utilizado.

2.4.4 Utilização de armas e munições inertes de manejo

1. Armamento: Recomenda-se a utilização de simulacros


em mesmo tamanho, peso, sistema de manejo, bem como a
observância do modelo compatível com o armamento objeto da
instrução. Não havendo o simulacro para instrução de tiro deverá
neste caso, tornar o armamento inerte a partir da retirada do
sistema de percussão além de providenciar um referencial visual
em cores vivas (ex.: amarelo, laranja ou azul) a fim de identificar o
amamento com maior facilidade e segurança.
73 74
CAPÍTULO III 3.2 Objetivos
Demonstrar normas de segurança a serem seguidas pelos Agentes
ASPECTOS JURÍDICOS APLICADOS À INSTRUÇÃO DE de Segurança Pública, as leis vigentes em nosso ordenamento, para
TIRO estar pautado na legalidade e amparado por medidas adotadas
“As pessoas jurídicas de direito público e as de
em suas ações, minimizando acidentes e incidentes que possam
direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa ocorrer e alertar os Instrutores de Tiro a respeito de penalidades que
qualidade, causarem a terceiros, assegurando possam ocorrer pelo descumprimento de alguma regra, podendo
o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa”. ocorrer sansões penais, civis e administrativas pelos seus atos.
Artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988.

3.3 Enfoque no instrutor de tiro e aplicações das normas


de segurança
3.1 Generalidades
A preservação da ordem e da incolumidade das pessoas e
O desenvolvimento de Instrução de Tiro Policial Defensivo demanda
patrimônio é atribuição constitucional (vide art. 144, caput da
um planejamento especialíssimo e de inteira responsabilidade da
CF/88), dos órgãos de Segurança Pública, que deveram observar
instituição de Segurança Pública, pois, não havendo o cuidado
os princípios normatizados no disposto no artigo 37 da CF/88
de observar as peculiaridades que perpassam pela área jurídica,
e ainda submeterem-se as responsabilidades informadas no §
burocrática e técnica, pode-se gerar repercussões negativas, seja no
6º da CF/88. Para o cumprimento dessa missão, muitas vezes a
desenvolvimento da fase de instrução, na atividade operacional, ou
ação policial exige o uso da arma de fogo. Reparem que tal ação
mesmo quanto à credibilidade da instituição perante a sociedade.
deve ser orientada para alcançar a preservação da integridade
É importante frisar que os profissionais de Segurança Pública
física e patrimonial do cidadão, mas pode causar se mal utilizada,
portam armas de fogo com o intuito de proteger e salvar vidas,
desordens e destruições maiores do que aquelas a que se propôs
sempre focados na aplicação da lei. O disparo de arma de fogo
combater. O tiro policial pode percorrer inúmeros tipos penais,
por esses agentes públicos deve ocorrer dento da legalidade. Para
dos quais destacamos, como de maior incidência em nosso meio,
tanto, delineiam-se suas ações em conformidade com os critérios
o homicídio, o crime de dano, lesão corporal e disparo de arma de
de necessidade, oportunidade, proporcionalidade e eficiência.
fogo em via pública, sejam na modalidade culposa ou dolosa.
É exatamente nessa abordagem contextual que o Instrutor de Tiro
75 76
assume papel primordial na diminuição dessas práticas constantes, de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de
excepcional gravidade, aplicar a pena do crime
a partir da conscientização e treinamento dos profissionais de
consumado”.
Segurança Pública, aprimorando e legitimando a conduta do
profissional. Tendo seu correspondente no Código Penal Brasileiro, Artigo 14. E
Por outro lado, além de carregar o mister de formar a consciência ainda o Artigo 18 o qual prevê:
dos alunos sobre suas responsabilidades penais no uso da arma de “Art. 18. Diz-se o crime:
Crime doloso
fogo, é imprescindível que o próprio instrutor esteja ciente de suas
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou
responsabilidades jurídicas, no que tange a deveres e obrigações no assumiu o risco de produzi-lo;
ato da instrução. Crime Culposo
II – culposo, quando o agente deu causa ao
Desnecessário se faz justificar a necessidade do estudo, ainda resultado por imprudência, negligência ou
que superficial, do crime para que entendamos a dimensão do imperícia.”

direito penal, principalmente numa instrução de Tiro Policial. E


“Art. 33. do C.P.M. diz-se o crime: Culpabilidade
nesse ângulo, pela atividade fim, devemos observar os conceitos I – Quando o agente quis o resultado ou assumiu
o risco de produzi-lo;
das modalidades de crime previstas nos artigos 30 (tentado e
II – culposo, quando o agente deixando de
consumado) e 33 (doloso e culposo) do código penal militar, empregar a cautela, atenção ou diligencia
lembrando aos militares a importância de examinar o artigo 9º ordinária, ou especial, a que estava obrigado
em face das circunstâncias, não prevê o
desse código, para determinar sua incidência ou não. Sendo assim, resultado que podia prever ou, prevendo-o,
passamos ao texto legal: supõe levianamente que não se realizaria ou que
poderia evitá-lo”.
“Art. 30. Diz-se o crime:
Crime consumado
Há também que se observar a previsão legal constante do Artigo
I – consumado, quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal; 121 § 4º do Código Penal Brasileiro.
Tentativa “§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada
II – tentado, quando iniciada a execução, não se de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
consuma por circunstancias alheias à vontade do inobservância de regra técnica de profissão,
agente. arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
Pena de tentativa imediato socorro à vítima, não procura diminuir
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena as consequências do seu ato, ou foge para evitar
correspondente ao crime consumado, diminuída prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
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pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é conheça essas regras e zele por sua perpetuação durante a instrução.
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
A inobservância das regras de segurança pelo Instrutor de Tiro gera
ou maior de 60 (sessenta) anos”.
o fator de culpa por negligência, o que acarreta a responsabilidade
Dentre os artigos citados, por mais autoexplicativos que sejam, é penal pelo resultado causado na modalidade culposa. Exemplo de
válido tecer alguns comentários quanto às modalidades culposas áurea clareza seria uma instrução de montagem e desmontagem
e dolosas, já que tomarão notória importância no transcorrer de arma de fogo, em que o discente encontrava-se sem proteção
das instruções de Tiro, acentuando ainda mais a importância das ocular pela falta de previsão do instrutor, oportunidade em que, ao
Normas de Segurança. retirar o percussor de um fuzil mosquetão, esta veio a atingir seu
Sabe-se que, quanto ao conceito, Dolo seria a vontade consciente olho, ocasionando uma lesão permanente e consequente perda de
de realizar uma conduta tipificada como crime (dolo direto) ou visão parcial.
assumir os resultados dela provenientes (dolo eventual). Já a No caso hipotético, o Instrutor, deixando de observar uma Norma
Culpa, para fins penais, seria um comportamento voluntário de Segurança, não atentou para a utilização dos equipamentos
e descuidado ou desatencioso que, portanto, percorreria um de segurança individual (EPI) antes que seus alunos realizassem
tipo penal. Manifesta-se através da negligência (inobservância), os escalões de desmontagem de arma. Dessa forma, responderá
imprudência (ato inseguro) ou imperícia (ausência de destreza). por Lesão Corporal Grave, na modalidade Culposa, conforme art.
Observem que conceito de culpa extraído do Código Penal Militar é 129, parágrafo 6º do CPB (2 meses a 1 ano de detenção) ou seu
bem mais vasto e completo. respectivo tipo, no caso da esfera Penal Militar. De outra forma, se
O princípio basilar que deve nortear as ações de um Instrutor de esse resultado era previsível e o instrutor, mesmo ciente dos riscos,
Tiro é a segurança, tanto a sua quanto a do público externo, e em não se importou com a possibilidade da lesão, responderá pelo
especial a dos discentes. Para tanto, o profissional docente desta arte art. 129 parágrafo 1º inciso III (dolo eventual) com pena de 1 a 5
deve se valer das Normas de Segurança como se delas dependesse anos de reclusão. Lembrando que aos militares cabe a observância
sua vida, o que não seria exagero algum, dado o potencial de risco do tipo correspondente no Código Penal Militar, bem como suas
da atividade. peculiaridades e aumentos de pena.
Dessa forma, sendo as Normas de Segurança para o Instrutor de Outra situação, para que se pese a postura de um Instrutor de
Tiro em fase de exercício prático, instrumento até mais hábil que Tiro, seria a aplicação de uma pista com vários ambientes, onde o
sua própria arma de fogo. É de suma importância que este docente Instrutor inicia o exercício sem se certificar se o ambiente estava
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“limpo”, oportunidade em que um aluno que “obreava” alvos foi Esse tipo de dolo muito se confunde com a chamada culpa
atingido por dois disparos, vindo a óbito no local. consciente, já que em ambas as situações o instrutor prevê o
No exemplo supracitado, se o instrutor foi negligente incorrerá resultado que a conduta pode gerar, embora na culpa consciente
nas sanções do art. 121, parágrafo 3º c/c 4º parágrafo (Homicídio não o admita como possível, e no dolo eventual, assume essa
Culposo com aumento de pena por inobservância de regras responsabilidade com indiferença.
técnicas). Pode acontecer que, após relutância de um discente em O instrutor, querendo demonstrar sua técnica e prática como
sair da Pista de Tiro, o instrutor, agindo em clara represália, inicie o atirador de precisão (sniper), pede para um aluno se posicionar
exercício com outro aluno utilizando munição real, vindo o aluno a a distância razoável e erguer um balão com suas mãos acima da
ser alvejado. Nesse caso, o Instrutor incorrerá no art. 121, parágrafo cabeça. Após o disparo, apesar da confiança no intento, percebe que
2º, inciso IV, (Homicídio Qualificado) ou respectivo do Código atingiu uma das mãos do aluno, vindo a dilacerá-la. Nessa hipótese,
Penal Militar, ressalvada as peculiaridades desse último. o Instrutor conhecia e previa o risco, mas acreditava piamente que
Ressalta-se que a maior parte dos fatos típicos incorridos numa tinha habilidade suficiente para realizar o exercício. Não acreditava
Instrução de Tiro terá natureza culposa pela inobservância de na possibilidade do resultado. Responderá então pelo art.129,
Regras de Segurança. Todavia, dentre os fatos dolosos, a maior parágrafos 6º e 7º do CPB. (sendo militar, segue referência alusiva
parte deles se restringe ao dolo eventual. Com muita propriedade, ao Código Penal Militar).
o autor Guilherme de Souza Nucci, em sua obra: Manual de direito
Penal, 6º edição, Ed. Revista dos tribunais, ano 2009, página 227, 3.4 Responsabilidade legal do instrutor de tiro
cita: A Constituição Federal estabelece a responsabilidade das pessoas
jurídicas de direito público, que responderão pelos danos que
“A está desferindo tiros contra um muro, no
quintal da sua residência (resultado pretendido:
seus agentes (instrutores), nesta qualidade, causarem a terceiros,
dar disparos contra o muro), vislumbrando, no assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
entanto, a possibilidade de os tiros vararem os
culpa e dolo. O dispositivo constitucional estabelece expressamente
obstáculos, atingindo terceiros que passem por
detrás. Ainda assim, desprezando o segundo que o Estado é responsável e deve responder por seus atos e de
resultado (ferimento ou morte de alguém), prestadores de serviços públicos. Neste sentido, estamos falando
continua a sua conduta. Caso atinja mortalmente
um transeunte, responderá por homicídio doloso em todas as esferas e níveis do Poder Público, a saber, União,
(dolo eventual)”. Estados, Distrito Federal e Municípios.
81 82
O Código Civil de 2002, em seus artigos 40 a 43, estabelece regras Embora o disparo da arma de fogo seja regido pela doutrina
quanto à responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público e jurisprudência penal, é especialmente importante que as
(Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal e demais órgãos de Corporações Policiais estabeleçam os limites e circunstâncias
Segurança Pública). Assim, temos no artigo 43 do referido diploma dos procedimentos técnicos, tais como: procedimentos nas
a seguinte determinação: abordagens; procedimento de segurança no interior de repartições
“Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público policiais; procedimentos e técnicas de segurança em treinamentos;
são civilmente responsáveis por atos dos seus normatização do emprego das diferentes armas e munições,
agentes que nessa qualidade causem danos a
terceiro, ressalvando direito regressivo contra os estabelecendo os critérios de segurança; normas para uso de EPI.
causadores do dano, se houver, por parte destes, O controle sobre a conduta dos agentes utiliza mecanismos
culpa ou dolo”.
efetivos de disciplina administrativa, que fiscaliza a educação e
o treinamento padronizado recebido, de forma sintonizada com
3.5 Responsabilidade do disparo de arma de fogo pelo preceitos constitucionais de respeito à vida e proteção aos direitos
policial e garantias individuais, evitando assim a ocorrência de crimes
Os agentes públicos que portam arma de fogo são absolutamente comuns ou militares, provocados por falhas nos procedimentos
responsáveis pelos disparos de sua arma, cujo manejo e acionamento técnicos.
do gatilho são determinados por sua consciência e arbítrio, não Assim percebemos que as instruções realizadas por agentes
cabendo alegação de cumpriam uma ordem ou determinação públicos, são norteados por regras e procedimentos normativos
para atirar ou disparar. Vejamos o que estabelece a inteligência do próprios, que uma vez não observados trazem responsabilizações
código penal militar: penais e administrativas, como supracitado no art. 324 CPM,
“Art. 324 - Deixar no exercício de função, de estando ainda passível das demais reponsabilidades civis e
observar lei, regulamento ou instrução, dando
causa direta à pratica de ato prejudicial a constitucionais elencados neste capitulo.
administração militar: A responsabilidade do Estado aplica-se a todas as funções públicas,
Pena - Se o fato for praticado por tolerância,
detenção até seis meses; se por negligencias,
não restritas a danos decorrentes de atos administrativos. Nos casos
suspensão do exercício do posto, graduação, de dolo ou culpa, o direito de regresso contra o agente (Instrutor)
cargo ou função, de três meses a um ano”.
responsável é inquestionável. Quando não houver culpa ou dolo,
não existe o direito de regresso, mas o Estado continua sendo
83 84
responsável, como nas hipóteses de caso fortuito (mesmo checando transcrevemos o posicionamento do Supremo Tribunal Federal,
a vida útil e qualidade de munições ocorre uma explosão de projétil quanto ao dano:
na arma ocasionando o ferimento do aluno) e força maior (quando “A concepção atual da doutrina orienta-se no
sentido de que a responsabilização do agente
um raio cai sobre o cunhete atingindo diversos alunos). causador do dano moral opera-se por força do
A imperícia, imprudência e negligência também são caracterizadoras simples fato da violação, não havendo que se
cogitar da prova do prejuízo” (REsp nº 23.575-
do dever indenizatório consagrado no artigo 186, transcrito abaixo,
DF, Relator Ministro César Asfor Rocha, DJU
e nos artigos 927 a 954 do Código Civil. 01/09/97). “Dano moral - Prova. Não há que
se falar em prova do dano moral, mas, sim, na
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão prova do fato que gerou a dor, o sofrimento,
voluntária, negligência ou imprudência, violar sentimentos íntimos que os ensejam (...) (REsp
direito e causar dano a outrem, ainda que nº 86.271-SP, Relator Ministro Carlos A.
exclusiva- mente moral, comete ato ilícito”. Menezes, DJU 09/12/97)”.

Diante de todo o conteúdo exposto, torna-se pacífico entendimento


No mesmo diapasão de responsabilizar o Estado e que qualquer dano (lesões leve, grave, gravíssima e até mesmo letal)
concomitantemente o agente, seguem as jurisprudências emanadas decorrente de ato de Instrutor de Tiro (por imperícia, imprudência
do Tribunal de Justiça de Goiás, abaixo transcritas. e negligência) acarretará de forma objetiva a responsabilidade
Pautamos acima sobre a responsabilidade do Estado e concomitante de indenizar do Estado, que, após a efetivação do pagamento da
responsabilidade do Instrutor. Deste ponto em diante, trataremos indenização, se reserva ao direito de impetrar ação regressiva em
do dano e do dever de indenizar. Com o escopo ilustrativo expomos desfavor do agente que motivou o prejuízo.
a seguir o conceito de dano. Nesse contexto, nota-se que em situações de acidente em
Dano é a lesão sofrida por uma pessoa no seu patrimônio ou na treinamento de tiro, cabe ao Estado à obrigação de indenizar a
sua integridade física, constituindo, pois, uma lesão causada a um vítima (Responsabilidade Objetiva). Todavia, salvo as excludentes
bem jurídico, que pode ser material ou imaterial. O dano moral é o civis de caso fortuito e força maior, comprovado o dolo ou culpa
causado a alguém num dos seus direitos de personalidade, sendo por parte do instrutor, este poderá ser acionado regressivamente
possível à cumulação da responsabilidade pelo dano material e pelo Estado.
pelo dano moral (Curso de Direito Civil Brasileiro, Editora Revista
dos Tribunais, SP, 1989, p. 407). Ainda no diapasão elucidativo,
85 86
CAPÍTULO IV 4.3 Uso Diferenciado da Força - UDF
Antes de iniciarmos propriamente sobre o que venha a ser o uso
APLICAÇÃO DO USO DIFERENCIADO DA FORÇA diferenciado da força, primeiramente é necessário entendermos
POLICIAL NA INSTRUÇÃO DE TIRO POLICIAL alguns conceitos que formam o termo aqui estudado, vejamos:
a. Força: é a intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos
“Diante do quadro que se apresenta relativo à
atuação policial, somos convictos em afirmar de indivíduos reduzindo ou eliminando sua capacidade de auto
que a força policial (discricionariedade delegada decisão.
pelo Estado) deve ser usada sob rígidos critérios,
de forma moderada e proporcional ao quadro b. Nível do Uso da Força: é entendido desde a simples presença
de risco/ameaça e do potencial agressivo, policial em uma intervenção até a utilização da arma de fogo, em
em observância dos princípios de legalidade,
necessidade, adequação e proporcionalidade da
seu uso extremo (uso das força letal).
ação.” c. Ética: é o conjunto de princípios morais ou valores que governam
Alexandre Flecha Campos
a conduta de um indivíduo ou membros de uma mesma profissão.
Assim, a soma destes conceitos acima expostos faz nascer o conceito
4.1 Generalidades do que venha a ser uso diferenciado da força, que nada mais é que
A importância da leitura deste capítulo consiste em esclarecer o agente da segurança pública ao se deparar com uma situação que
aos instrutores de tiro policial que o agente da segurança pública seja necessária atuação do Estado, por ele ora representado, atuar
responsável pela manutenção da ordem pública deve ter o preparo fazendo uso de uma seleção adequada de opções de força policial
técnico e conhecimento legal sobre o adequado uso dos meios de em resposta ao nível de insubmissão do indivíduo suspeito ou
força que irá fazer quando no cumprimento das normas de convívio infrator a ser controlado.
social, qual seja o ordenamento jurídico. Desta forma, o Estado investe na formação de seus agentes da
segurança pública a fim de outorgar-lhe autoridade e poder,

4.2 Objetivos para que seja reconhecido como encarregado da aplicação da lei.

Compreender os fundamentos legais, éticos e procedimentais do Tamanho é este poder e autoridade que o operador da segurança

uso da Força; enumerar os princípios sobre o uso da força e por fim pública pode inclusive retirar o maior bem do ordenamento jurídico

compreender a utilização do termo uso diferenciado da força. brasileiro, a vida. Contudo, o Estado deverá sempre agir com o uso
legítimo da força, assegurando que os direitos fundamentais do
87 88
cidadão sejam protegidos. e o MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA
SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS
É justamente quando analisamos o uso legítimo da força que
DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,
esbarramos na imprescindível missão de, a força policial ser no uso das atribuições que lhes conferem os
incisos I e II, do parágrafo único, do art. 87, da
diferenciada, ou seja, adequada para cada caso em concreto, dentro
Constituição Federal e, CONSIDERANDO que
dos limites legais e na medida proporcional a injusta agressão. Neste a concepção do direito à segurança pública com
sentido foram construídas ferramentas legais para adequar o uso cidadania demanda a sedimentação de políticas
públicas de segurança pautadas no respeito aos
da força Estatal padronizando condutas para que os encarregados direitos humanos;
da aplicação da lei baseiem-se em policiamento ético e legal. CONSIDERANDO o disposto no Código de
Conduta para os Funcionários Responsáveis pela
Podemos citar como exemplo o Código de conduta para
Aplicação da Lei, adotado pela Assembleia Geral
encarregados da aplicação da lei - CCEAL - adotado em dezembro das Nações Unidas na sua Resolução 34/169,
de 17 de dezembro de 1979, nos Princípios
de 1979, pelas assembleias das nações unidas, com a finalidade de
Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo
padronizar a aplicação da Força Policial pelos seus encarregados e pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação
os princípios básicos sobre o uso da força e arma de fogo - PBUFAF da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso das
Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o
- adotado no 8º Congresso das Nações Unidas em 1990, com o Tratamento dos Delinquentes, realizado em
objetivo de nortear os Estados Membros, a assegurar e promover o Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setembro
de 1999, nos Princípios orientadores para a
papel adequado para a aplicação do uso da força.
Aplicação Efetiva do Código de Conduta para
Não poderíamos deixar de citar a nível Nacional, o advento da os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da
Lei, adotados pelo Conselho Econômico e Social
Portaria Interministerial nº 4.226 de 31 de dezembro de 2010, que
das Nações Unidas na sua resolução 1989/61,
estabelece diretrizes sobre o uso da força pelos agentes de segurança de 24 de maio de 1989 e na Convenção Contra
pública, que para melhor didática será apresentada abaixo: a Tortura e outros Tratamentos ou penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, adotado pela
assembleia Geral das Nações Unidas, em sua
4.4 Portaria Interministerial Nº 4.226, DE 31 de dezembro XL Sessão, realizada em Nova York em 10 de
de 2010 dezembro de 1984 promulgada pelo Decreto nº
40, de 15 de fevereiro de 1991;
“Estabelece Diretrizes sobre o Uso da CONSIDERANDO a necessidade de
Força pelos Agentes de Segurança orientação e padronização dos procedimentos
Pública. da atuação dos agentes de segurança pública aos
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA
89 90
princípios internacionais sobre o uso da força; terão 60 dias, contados a partir da publicação
CONSIDERANDO o objetivo de reduzir desta portaria, para instituir Comissão
paulatinamente os índices de letalidade responsável por avaliar sua situação interna
resultantes de ações envolvendo agentes de em relação às diretrizes não mencionadas nos
segurança pública; e, parágrafos anteriores e propor medidas para
CONSIDERANDO as conclusões do Grupo assegurar as adequações necessárias.
de Trabalho, criado para elaborar proposta Art. 3º A Secretaria de Direitos Humanos da
de Diretrizes sobre Uso da Força, composto Presidência da República e o Ministério da Justiça
por representantes das Polícias Federais, estabelecerão mecanismos para estimular e
Estaduais e Guardas Municipais, bem como com monitorar iniciativas que visem à implementação
representantes da sociedade civil, da Secretaria de ações para efetivação das diretrizes tratadas
de Direitos Humanos da Presidência da nesta portaria pelos entes federados, respeitada
República e do Ministério da Justiça, resolvem: a repartição de competências prevista no art. 144
Art. 1º Ficam estabelecidas Diretrizes sobre da Constituição Federal.
o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Art. 4º A Secretaria Nacional de Segurança
Pública, na forma do Anexo I desta Portaria. Pública do Ministério da Justiça levará em
Parágrafo único. Aplicam-se às Diretrizes consideração a observância das diretrizes
estabelecidas no Anexo I, as definições tratadas nesta portaria no repasse de recursos
constantes no Anexo II desta Portaria. aos entes federados.
Art. 2º A observância das diretrizes mencionadas Art. 5º Esta portaria entra em vigor na data de
no artigo anterior passa a ser obrigatória sua publicação”.
pelo Departamento de Polícia Federal, pelo Ministro de Estado da Justiça - PAULO DE
Departamento de Polícia Rodoviária Federal, TARSO VANNUCHI-
pelo Departamento Penitenciário Nacional e Ministro de Estado Ch. da Sec. de DH da
pela Força Nacional de Segurança Pública. Presidência da República
§ 1º As unidades citadas no caput deste artigo
terão 90 dias, contados a partir da publicação Pelo exposto acima, fica esclarecido que a aplicação da doutrina do
desta portaria, para adequar seus procedimentos uso diferenciado da força policial no treinamento do profissional
operacionais e seu processo de formação e
treinamento às diretrizes supramencionadas. de Segurança Pública é uma proposta de imensurável valor para
§ 2º As unidades citadas no caput deste artigo efetivação das atividades fins de policiamento, sob a ótica de atuação
terão 60 dias, contados a partir da publicação
por parte desses profissionais, vindo a preencher uma lacuna no
desta portaria, para fixar a normatização
mencionada na diretriz Nº 9 e para criar a treinamento policial, entre a aplicação do UDF e as táticas policiais.
comissão mencionada na diretriz Nº 23.
Sendo assim, para que a aplicação do UDF na instrução de tiro
§ 3º As unidades citadas no caput deste artigo
venha somar à preparação do profissional de Segurança Pública
91 92
para as diversas situações que se apresentam no seu cotidiano, Fazendo uma analogia podemos entender que as organizações/
necessário se faz trazer para as oficinas de vivenciamento um maior Corporações inerentes à segurança pública criam estas oficinas
realismo sempre em observância aos aspectos jurídicos e éticos (ex. Centro de Instrução da PMGO) para poderem inserir seus
adotados pela instituição de Segurança Pública. profissionais em atividades que mais se aproximem à realidade que
Corroborando a importância da observância acima descrita é que a irão enfrentar no exercício de suas funções.
Constituição Federal de 1988 estabeleceu princípios que devem ser As oficinas deverão prever situações que reportem aos diversos
observados por toda Administração Pública, sendo eles: Princípio quadros previstos da doutrina do uso diferenciado da força
da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Proporcionalidade e policial, uma vez observados os critérios de segurança, tanto com
Eficiência dos quais destacamos abaixo conceituados. o armamento propriamente dito, como simulacros de armas de
Princípio da Legalidade: Os agentes de segurança pública só fogo, incluindo os marcadores de paintball e airsoft, que veem se
poderão utilizar a força para a consecução de um objetivo legal e revelando, como excelentes alternativas técnicas na simulação da
nos estritos limites da lei. realidade policial.
Princípio da Proporcionalidade: O nível da força utilizado deve O que as tornam interessantes são a possibilidade de reprodução
sempre ser compatível com a gravidade da ameaça representada do ambiente em situação operacional complexa, proporcionado à
pela ação do opositor e com os objetivos pretendidos pelo agente massificação do conhecimento, através de oficinas práticas.
de segurança pública. Neste momento o instrutor irá expor de forma didática todos os
Princípio da Moderação: O emprego da força pelos agentes de conhecimentos atinentes ao uso diferenciado da força aplicado
segurança pública deve sempre que possível, além de proporcional, a instrução de tiro envolvendo a atividade policial conduzindo
ser moderado, visando sempre reduzir o emprego da força. a instrução em Pista Policial defensiva agregando-a ao uso
diferenciado da força, assumindo os papéis de mediador, facilitador
4.5 Oficinas de Vivenciamento e o UDF na Instrução do e orientador durante a realização da pista proposta.
Tiro Policial Como exemplo prático da criação de oficinas de vivenciamento,
Quando falamos em oficinas logo nos lembramos de um espaço citamos a linha de tiro virtual da Polícia Civil do Estado de Goiás a
físico adequado, repleto de ferramentas ou maquinários utilizados qual possui uma tela de projeção onde são expostas várias imagens
para criar, treinar, moldar e corrigir objetos ou peça e vários de pessoas em situações diversas, portando armas ou não, em que o
profissionais trabalhando. discente é submetido à instrução do UDF primando por simulação
93 94
de uma situação real em observância às doutrinas adotadas pelas A utilização da linha de tiro virtual permite a realização de vários
respectivas instituições da segurança pública. exercícios necessários para a instrução de tiro devido ser um meio
A importância desta oficina consiste em aproximar o aluno da virtualizado que possibilita a utilização e evolução de diversos
realidade que enfrentará nas ruas, possibilitando a revisão de cenários. Desta forma, o aluno poderá exercer o UDF adequado às
erros e acertos para poder formular o uso adequado da força a ser situações apresentadas solucionando-as da melhor forma técnica e
empregada, destacando ainda que este modelo de ensino trabalha satisfatória.
outros meios de aprendizado que mais se fixam na memória do
instruendo, sendo eles a percepção visual e mecânica dos fatos 4.6 Meios Auxiliares de Ensino (ALTERNATIVO)
com a consequente reação técnica e satisfatória em detrimento da Aplicado ao UDF na Instrução do Tiro Policial

fria e desanimadora leitura das normas de conduta (leis, portarias, Iremos dispor a seguir duas sugestões para aplicação do UDF na

tratados) de forma isolada e abstrata. Instrução de Tiro, mas não temos a pretensão de engessarmos
esta modalidade de treinamento a elas. O instrutor pode usar de

FIGURA 01 - Instrução ministrada aos Oficiais do quadro da sua criatividade, e dos meios disponíveis em sua região ou local de

Saúde da PMGO, realizada na Academia de Polícia Civil do Estado trabalho e criar um ambiente de treinamento que conduza o aluno

de Goiás, Linha de Tiro Virtual. a situações mais próximas possíveis de sua realidade operacional,
pois como visto acima existem mecanismos sofisticados (Linha
de Tiro Virtual) que são muito onerosos, e nem sempre atendem
a altura das expectativas com relação ao custo benefício do
investimento aplicado.
a) Pista Policial de UDF com tecnologia Power Point e/ou
similares
Material necessário: Computador, projetor, tela de papelão
branco (4 X 4) e apresentação em Power Point - PPT, marcadores
Fonte: Arquivo próprio PMGO de paintball e/ou airsoft, bem como equipamentos de proteção
individuais (EPI) e equipamentos de uso individual (EUI)
padronizado em cada instituição policial.
95 96
Desenvolvimento: Submeter o aluno a situações diversas que mínimas de segurança que a prática desta modalidade de exercício
encenem abordagens tipicamente policiais, nas quais deverá ser exige.
observada a distância, o tempo de resposta real e condições de Montagem: O instrutor poderá selecionar previamente um
segurança do local da abordagem analisando os eventos e adotando estudo de caso real ou se basear na criação de fato fictício com
uso de força adequado a cada situação. determinado em observância aos princípios doutrinários constantes
As apresentações de PPT devem conduzir o discente as mais nos protocolos adotados nas respectivas instituições de ensino.
diversas cenas, capacitando-o a migrar rapidamente, quando De posse de um instrumento e tecnologia de captação e edição de
necessário, a níveis de forças proporcionais a resistência oferecida imagens para a criação de simulações reproduzindo cenas melhor
pelo abordado ou sua cooperação. adequadas às oficinas de vivenciamento.
Proporcionar situações rotineiras a que o discente certamente está b) Pista Policial de Uso Seletivo da Força com Cenário de
acostumado e conduzi-lo também a cenas de maior complexidade figurantes atores
e de difícil solução, tais como: abordagem envolvendo indivíduo Material necessário: Computador, projetor, tela de papelão
drogado, deficientes auditivos e mentais, com habilidades em branco (4X 4) e apresentação de PPT, marcadores de paintball e/
artes marciais, de grande compleição física, e com alto nível de ou airsoft, bem como equipamentos de proteção individuais (EPI)
agressividade entre outros quadros. e equipamentos de uso individual (EUI) padronizado em cada
Durante o exercício, o instrutor deve pausar a apresentação sempre instituição policial.
que julgar necessário e/ou a atuação do aluno for contrária à Desenvolvimento: Submeter o aluno a situações diversas que
doutrina do UDF, procurando intervir e orientá-lo corretamente encenem abordagens tipicamente policiais, nas quais deverá,
quanto ao procedimento correto. dentro de um tempo de resposta real, analisar os eventos e adotar
Considerações: Durante o exercício, o instrutor deve dar voz o UDF adequado a cada situação.
e dinâmica aos personagens que ora se apresentam ao aluno, Os cenários devem conduzir o discente aos mais diversos ambientes
procurando interagir, criando eventos que exijam o raciocínio operacionais oriundos de situações fictícias ou fatos reais,
correto do aluno. capacitando-o a migrar rapidamente, quando necessário, a níveis
Esta pista pode ser realizada com arma de fogo e em linha de tiro de forças proporcionais a resistência oferecida pelo abordado ou
“indoor” ou, se preferir, em qualquer outro local, com marcadores de sua cooperação.
do tipo (paintball e/ou airsoft), desde que tenham as condições Deve ainda proporcionar cenas rotineiras nas quais o aluno
97 98
certamente está acostumado e conduzi-lo também a cenas de O segundo cenário ficará à retaguarda do primeiro, em local seguro,
maior complexidade e de difícil solução, tais como: abordagem mas a uma distância de onde se possa ouvir a verbalização do
envolvendo individuo drogado, deficientes auditivos e mentais, etc. aluno participante. Neste segundo cenário, serão encenadas pelos
Durante o exercício, o docente deve pausar a cena sempre que julgar figurantes todas as situações criadas pelo instrutor, e as imagens
necessário e/ou a atuação do aluno for contrária à doutrina do uso captadas e reproduzidas na tela à frente do aluno, onde de acordo
seletivo da força, procurando intervir e orientá-lo corretamente com cada situação apresentada e dentro da doutrina do UDF.
quanto ao procedimento correto. O Instrutor de Tiro, ao aplicar o UDF à instrução em Pista Policial
Considerações: Durante o exercício, a equipe de atores defensiva, deve levar em conta o alinhamento dos princípios dos
(simulação) que estará no cenário, com suas imagens captadas Direitos Humanos, bem como traçar um paralelo entre os limites
câmera portátil e projetadas a frente do aluno, deverá interagir com de responsabilidades entre o profissional de Segurança Pública
o mesmo, criando eventos que exijam o raciocínio correto deste, de com o usuário, a Instituição e o Estado.
acordo com o “script” previamente acordado com o instrutor. Por fim, é notório que esta modalidade de instrução enriquece a
Esta pista pode ser realizada com arma de fogo e em estande indoor aprendizagem do aluno, trazendo benefícios didáticos quanto à
ou, se preferir, em qualquer outro local, com marcadores paintball possibilidade de uma maior vivência da atuação em uma situação
e/ou airsoft, desde que tenham as condições mínimas de segurança real, bem como a possibilidade de correção de eventuais erros de
que a prática deste tipo de exercício exige. procedimentos quando na aplicação das técnicas do UDF.
Montagem: O instrutor poderá selecionar previamente um
estudo de caso real ou se basear na criação de fato fictício com
determinado em observância aos princípios doutrinários constantes
nos protocolos adotados nas respectivas instituições de ensino.
De posse de um instrumento e tecnologia de captação e edição de
imagens para a criação de simulações reproduzindo cenas a serem
reproduzidas e melhor adequadas às oficinas de vivenciamento.
No primeiro cenário, ficará o aluno com o armamento voltado para
o fundo do estande e de frente para a tela branca de papelão onde
serão projetadas as imagens do projetor.
99 100
4.7 UDF na Instrução do Tiro Policial e a Padronização por diversos instituições de segurança pública co-irmãs oriundas
de Condutas (normas e manuais operacionais. de diversos Estados da Federação, servindo de exemplo positivo
FIGURA 02 - Procedimento Operacional Padrão (POP) de que a padronização do agir policial na verdade é o reflexo do
amadurecimento do profissionalíssimo na segurança pública,
tamanha é sua importância e por esse motivo foi inserido na grade
curricular dos cursos de formação e aperfeiçoamento da PMGO.
Nesse sentido nossa proposta é inserir o UDF nas oficinas de
vivenciamento quando da instrução de tiro policial, fazendo o
discente vivenciar, atuar intimamente com condutas legais e
adequadas no exercício de suas funções.

Fonte: Arquivo próprio da PMGO


4.8 Procedimento Operacional Padrão PMGO – POP 109
Tomando por exemplo o caso da doutrina adota pela Polícia Uso Seletivo da Força Policial
Militar do Estado de Goiás e outros Estados da Federação estas já Segue abaixo, como exemplo, o modelo da doutrina do uso
possuem uma padronização da aplicação do uso da força através seletivo da força aplicada pela PMGO, com o intuito de servir
da confecção de manuais, procedimentos gerais, denominados de de fundamentação à aplicação de metodologia didática para a
Procedimento Operacional Padrão. instrução de tiro:
A implantação de procedimentos operacionais não é visto como
retrocesso, engessamento e previsibilidade do agir policial, mas a) Quadro com pessoa suspeita com as mãos livres /ou
sim a busca pela padronização das ações policiais, com fulcro na objetos com baixa letalidade.
técnica em detrimento das práticas empíricas. Procedimentos Sugeridos:
Contudo, conforme dito nas considerações iniciais, o uso da a.1 Posicionar com o armamento em retenção ou posição sul (figura
força deve ser padronizado justamente para evitarem-se abusos 04)
e atentados contra os direitos fundamentais elencados pela Carta a.2 Visualizar a pessoa suspeita e verbalizar com ela;
Magna de 1988, em seu artigo 5º. a.3 Identificar o objeto e as mãos do suspeito. Em caso de cooperação,
Hoje a utilização do POP pela PMGO é um modelo referendado determinar a colocação do objeto com baixo ou nenhum potencial
101 102
ofensivo no solo. E, na sequência, o armamento do policial vai ao cooperação, determinar a soltura do objeto no solo; na sequência
coldre travando-o (figura 03) e inicia-se o procedimento de busca o armamento vai ao coldre travando-o (figura 03) e inicia-se o
pessoal; procedimento de busca pessoal;
a.4 Posicionar com arma em pronto baixo. Em caso de não b.5 Recoldrear o armamento e travar o coldre em caso de não
cooperação (de natureza passiva ou ativa) por parte do suspeito, cooperação por parte do suspeito. Fará o policial uso de meios
sem, contudo, haver ameaça grave à integridade do policial, este não letais, tais como: Pistola Elétrica, ou ainda através do uso do
se certifica que o outro policial responsável pela segurança esteja espargidor OC conjugado com o bastão tonfa ou retrátil;
com o armamento em condição de defesa (arma em pronto baixo, b.6 Recoldrear o armamento e travar o coldre. O policial responsável
figura 08); pela segurança, ao concluir que o agressor esteja em posse somente
a.5 Recoldrear e travar a arma o policial que aborda, fazendo uso de objeto contundente durante a intervenção, inicia o apoio policial
de meios não letais, tais como: controle físico (imobilização), uso utilizando-se de meios menos que letais;
da tonfa e algema; b.7 Imobilizar o suspeito através do uso de algemas.
a.6 Recoldrear e travar a arma o policial responsável pela segurança,
ao concluir que o agressor está desarmado durante a intervenção, e c) Quadro pessoa infratora da lei e/ou em atitude suspeita
iniciar o apoio policial utilizando-se de meios não letais. empunhando arma de fogo.
Procedimentos Sugeridos:
b) Quadro de pessoa em fundada suspeita com c.1 Posicionar com a arma em pronto (quando infrator portar arma
instrumentos contundentes que representem riscos em acima da cintura, figura 09);
potencial para o policial. c.2 Posicionar com a arma em pronto-baixo (quando o infrator
Procedimentos Sugeridos: portar a arma abaixo da cintura, figura 08);
b.1 Posicionar o armamento em pronto retido lateral (figura 06), c.3 Reduzir silhueta e/ou barricar sempre que possível para o início
empunhadura simples (lateral) protegendo a arma junto ao corpo; da abordagem; Visualizar a pessoa infratora da lei ou em atitude
b.2 Visualizar com a pessoa em fundada suspeita e verbalizar com suspeita e verbalizar com ela;
ela; c.4 Identificar o objeto (constatar se é arma de fogo) com o infrator;
b.3 Manter o policial a distância segura em relação ao suspeito; em caso de cooperação, o policial permanecerá em posição de
b.4 Identificar o objeto em posse do suspeito e, em caso de defesa;
103 104
c.5 Determinar ao infrator que coloque a arma no solo com o d.6 Agir em reposta à resistência ativa (com agressão por parte do
devido controle do cano para fora da linha tiro do policial que o infrator) através das seguintes opções abaixo:
aborda. Inicia-se o procedimento de imobilização com algema e a d.6.1 Guarnição equipada com Pistola Elétrica:
busca pessoal; - Sempre com a cobertura de outro policial portando arma letal,
c.6 Tomar a posição pronto (terceiro olho, figura 09) com o o policial de posse da Pistola Elétrica, a uma distância superior a
armamento, no caso de resistência ativa (agressão letal), iminente 2,5m e inferior a 7.6m, faz visada com o aparelho de mira, auxiliado
ou atual por parte do infrator; pelo ponto laser, preferencialmente no tórax do agressor, emite o
c.7 Responder o policial imediatamente com disparos duplos (4.9, comando “CHOQUE” e efetua o disparo;
letra a); - Dominar o agressor ou resistente através do uso de algemas;
c.8 Realizar conferência visual após disparos, certificando-se de d.6.2 Guarnição não equipada com pistola elétrica:
que cessou a agressão (figura 08); - Estando barricado, protegido e em distância segurança em
c.9 Manter o policial responsável pela segurança o apoio com o relação ao agressor, o policial deverá priorizar o uso do espargidor
armamento em condições de defesa (arma em posição de pronto OC (figura 10);
ou pronto baixo figura 08 e 09). - Estando policial exposto, sem barricada, porém a uma distância
de segurança, recuar e verbalizar com o agressor para soltar
d) Quadro Pessoa infratora da lei empunhando o objeto; caso o infrator não cessar a prática, o policial deverá
instrumento cortante/perfurante. priorizar alvejar os membros inferiores;
Procedimentos Sugeridos: - Caso esteja sem barricada e sem a devida distância de segurança
d.1 Posicionar com a arma em pronto-baixo (figura 08); do agressor, o policial deverá priorizar alvejar a região do tórax;
d.2 Reduzir silhueta e/ou barricar sempre que possível para o início d.6.3 Realizar conferência visual após disparos (figura 08).
da abordagem; d.6.3 O policial responsável pela segurança mantém o apoio com
d.3 Visualizar a pessoa infratora da lei e verbalizar com ela; o armamento em condições de defesa (arma em posição de pronto
d.4 Manter o policial a uma distância segura em relação ao infrator; ou pronto baixo, figuras 08 e 09).
d.5 Identificar o objeto e as mãos do infrator. Em caso de cooperação,
determinará a colocação do objeto no solo; na sequência, iniciará o e) Quadro pessoa em atitude suspeita, com má
procedimento de imobilização por algema e a busca pessoal; visualização das mãos ou quando estas estão escondidas.
105 106
Procedimentos Sugeridos: cabeça; na sequência, iniciará o procedimento de imobilização por
e.1 Posicionar o armamento em pronto-baixo (figura 08), reduzir algema e busca pessoal;
silhueta e/ou barricar sempre que possível; f.4 Manter a proteção por barricada e a verbalização com o infrator
e.2 Visualizar a pessoa suspeita e verbalizar com ela; em caso de não cooperação seguido de fuga. Neste caso não atirar
e.3 Determinar mãos à mostra e a saída do local de baixa pelas costas;
visibilidade, em caso de cooperação da pessoa suspeita. Inicia-se o f.5 Solicitar reforço e promover o cerco policial.
procedimento de busca pessoal;
e.4 Manter a arma na posição pronto-baixo, barricada com redução g) Quadro pessoa infratora da lei disparando arma de
de silhueta, havendo resistência passiva por parte do suspeito; fogo pelas costas.
e.5 Angular e posicionar em segurança para a visualização das Procedimentos Sugeridos:
mãos; g.1 Arma em pronto, barricado ou com redução de silhueta;
e.6 Solicitar apoio policial especializado caso o suspeito estiver g.2 Visualizar, respondendo imediatamente com arma de fogo,
homizia- do, devido ao aumento do risco da abordagem, ou caso contra o infrator;
esta evolua para uma crise; g.3 Realizar conferência visual, após disparos.
e.7 Manter o policial responsável pela segurança o apoio com o
armamento em condições de defesa (arma em posição de pronto, h) Quadro pessoa infratora da lei pela frente ou de lado
figura 09). com arma de fogo no intuito ou em agressão atual.
Procedimentos Sugeridos:
f.Quadro pessoa infratora da lei com arma de fogo na h.1 Posicionar com o armamento em pronto (figura 09), reduzir
mão e pelas costas. silhueta e/ou barricar (figura 10);
Procedimentos Sugeridos: h.2 Visualizar, com resposta imediata com arma de fogo, priorizando
f.1 Posicionar o armamento em pronto retido (figura 06 e 07), a região do tórax no caso de agressão iminente ou agressão atual;
reduzir silhueta e/ou barricar sempre que possível (figura 10); h.3 Realizar conferência visual após disparos utilizando posição
f.2 Visualizar a pessoa infratora da lei e verbalizar com ela; pronto baixo, certificando-se de que cessou a agressão (figura 08).
f.3 Certificar que o infrator esteja parado e, em caso de cooperação,
determinar a colocação da arma no solo, mãos visíveis acima da i) Quadro pessoa infratora da lei pela frente ou de lado
107 108
com arma de fogo na eminência ou na atualidade da k.3 Identificar o profissional, valendo-se das características
agressão. Procedimentos Sugeridos: peculiares pessoais e da organização a que pertence;
i.1 Posicionar o armamento em posição sul velada (figura 05); k.4 Colocar a arma no coldre (figura 03), na cintura ou no chão de
i.2 Visualizar e verbalizar; acordo com a situação apresentada;
i.3 Abordar com segurança de acordo com a exigência da situação, k.5 Buscar informações, através do profissional, a respeito da
inclusive com a realização da busca pessoal. ocorrência em andamento;
k.6 Determinar que a arma seja colocada no solo, mãos a vista,
j) Quadro envolvendo pessoa infratora da lei disparando e proceder à pertinente abordagem, caso se trate de um falso
arma de fogo em local com presença de público. profissional ou profissional em conduta criminosa.
Procedimentos Sugeridos:
j.1 Posicionar com o armamento em pronto retido (figura 06 e 07); l) Quadro pessoa infratora da lei em situação de agressão,
j.2 Reduzir silhueta e/ou barricar sempre que possível; com colete de proteção balística e arma de fogo.
j.3 Visualizar o infrator e verbalizar com ele; Procedimentos Sugeridos:
j.4 Determinar ao infrator que coloque a arma no solo, para início l.1 Posicionar o armamento em pronto (figura 09), reduzir silhueta
da busca pessoal e imobilização; e/ou barricar (figura 10);
j.5 Evitar atirar em público, para segurança dos transeuntes; l.2 Priorizar a região do tórax caso o agressor esteja usando colete
j.6 Deverá o policial solicitar reforço e realizar o cerco policial. velado; visualizar e dar resposta imediata com arma de fogo.
l.3 Disparar na região vital exposta, caso o agressor não tiver
k) Quadro Envolvendo Policial Civil - PC, Policial Federal cessado a agressão;
- PF, Policial Militar - PM, militares das Forças Armadas l.4 Priorizar a região vital exposta, caso o agressor esteja com colete
- FA e outros profissionais ligados à Segurança Pública ostensivo;
ou privada. l.5 Realizar conferência visual após disparos (figura 08 ).
Procedimentos Sugeridos:
k.1 Posicionar com o armamento em posição sul (figura 04), reduzir m) Quadro de sequestrador (captor) armado ameaçando
silhueta e/ou barricar sempre que possível (figura 10); o sequestrado (refém). Procedimentos Sugeridos:
k.2 Visualizar o profissional e verbalizar com ele; m.1 Posicionar o armamento em retenção/sul (figura 04), e
109 110
barricado; com disparos de arma de fogo; em último caso, havendo segurança
m.2 Realizar visualização do perpetrador e verbalizar com ele; aos transeuntes, intensificar a energia e o uso dos meios necessários
m.3 Determinar que a arma seja colocada no solo e, em caso de para a contenção da agressão de acordo com os princípios do uso
cooperação, priorizar a libertação do refém, que deverá sair do local seletivo da força.
de risco, enquanto o infrator deverá sair com as mãos para cima,
e procedimento de busca pessoal no infrator e demais envolvidos. o) Quadro infrator da lei homiziado em edificações
Em seguida realizar a varredura no local; externas, corredores, janelas, na virada de esquinas e
m.4 Manter o policial a visualização e a verbalização em caso de verificação de muros.
não cooperação do perpetuador, aplicando as técnicas iniciais do Procedimentos Sugeridos:
gerenciamento de crise; o.1 Deslocar com a arma em pronto-baixo (figura 08), pronto retida
m.5 Disparar o policial contra o infrator somente se a vítima (figura 06 e 07) ou em pronto (figura 09), de acordo com o melhor
escapar, isto é, se for libertada, e o infrator passar a atentar contra emprego a cada situação;
a vida do policial ou de terceiros; o.2 Realizar angulação ao fazer a varredura em janelas, esquina e
cantos de parede;
n) Quadro de Veículo em situação de fuga (o instrutor deve o.3 Determinar que o suspeito saia, caso esteja no interior da
frisar ao policial que em hipótese alguma o mesmo pode edificação. O policial não deverá entrar, e sim se proteger e
disparar contra o veículo). Procedimentos Sugeridos: verbalizar;
n.1 Posicionar o armamento em pronto-baixo (figura 08); o.4 Acionar apoio policial, caso não haja obediência na determinação
n.2 Visualizar o veículo em fuga e acionar luz intermitente e sinais policial quanto à saída do infrator (es);
sonoros; o.5 Deverá o policial progredir com cobertura policial e com
n.3 Sinalizar para o condutor parar o veículo; procedimento de segurança.
n.4 Acionar a Central de Operações, passando informações das
características do veículo e do condutor, bem como a localidade
e a natureza da suspeição, iniciando o acompanhamento e cerco
policial com segurança;
n.5 Abrigar-se, em caso de resistência ativa com agressão realizada
111 112
4.9 Esclarecimentos – Modelo de UDF b) Conferência visual após os disparos: Procedimento
Quadro 01 fundamental a ser realizado pelo policial que, na necessidade da
Uso Escalonado da Força Policial realização dos disparos, deverá em seguida conservar a arma em
posição de pronto baixo, com o intuito de manter a visualização do
agressor, além de ficar em estado de alerta quanto à possibilidade de
realizar outros disparos por motivos diversos tais como: ter errado
os tiros; o local alvejado foi de baixa eficiência; estar o agressor
sob efeito de substâncias tóxicas, aumentando sua resistência aos
Fonte: Universidade de Illinois, Federal Bureau of Investigation disparos e o intuito de agressão; estar o agressor utilizando colete
- FBI, United States of America - USA. de proteção balística no local em que foi atingido.
c) Controle do cano e dedo fora do gatilho: Em todas as

4.10 Definições de Termos Técnicos e Ilustrações posições previstas para o uso do armamento acima descritas (no
coldre, retenção, pronto retida, pronto baixo, pronto), o policial
deverá o tempo todo ter o controle do direcionamento do cano e
a) Tiro duplo: Dois disparos defensivos em curto espaço de
dedo fora do gatilho, pois, não sendo o momento do disparo, não se
tempo realizados pelo policial em situação de legítima defesa
justificará disparos precipitados ou acidentais durante o desenrolar
própria ou de terceiros, caso a agressão recebida seja injusta,
de uma ocorrência em que o policial poderá estar alterado pelo
ilegal e iminente contra a vida, esgotando-se a possibilidade do
estresse do quadro de risco que se apresenta.
uso de outros meios de controle e defesa. A legislação penal criou
d) Barricada: Todo anteparo que seja capaz de proteger o policial
jurisprudência a respeito dos dois disparos, não configurando
contra disparos de armas de fogo e outras situações de perigo
como uso excessivo da força policial, caso esteja amparado pelo
durante abordagens de risco elevado, como, por exemplo, árvores,
excludente: legítima defesa. Sob o aspecto de poder de parada, o
postes, muros, meio fio, entre outros. Deve ser utilizado com
efeito dos dois disparos realizados num curto espaço de tempo, e
técnica apropriada, mantendo a visualização e simultaneamente o
a uma distância aproximada entre ambos, é capaz de potencializar
enquadramento “terceiro olho” com exposição mínima do policial.
substancialmente a capacidade de defesa do calibre utilizado,
e) Varredura: Consiste em promover a conferência de todos os
agindo em benefício da atividade policial. A realização de dois
ambientes suspeitos e de risco, limpando e tornando-os seguros
disparos também aumenta a possibilidade de acerto em relação a
para a progressão.
apenas um disparo.
113 114
f) Angulação: É o ato de realizar a visualização paulatina suspeição e risco, bem como averiguar e identificar o abordado,
(angulada) com o armamento em condições de pronta resposta à dando atenção especial à visualização e controle das mãos.
agressão letal, tal como ocorre, por exemplo, nas posições: pronto, l) Barricada: Todo anteparo que seja capaz de proteger o policial
pronto baixo e pronto retido lateral, evitando-se a exposição contra disparos de armas de fogo e outras situações de perigo
desnecessária do corpo. durante abordagens de risco elevado como, por exemplo, árvores,
g) Fatiamento: É o ato de promover varredura do ambiente postes, muros, meio fio entre outros. Devendo ser utilizado com
suspeito e de risco utilizando-se da técnica de angulação, técnica apropriada mantendo a visualização e simultaneamente o
fragmentando o ambiente progressivamente e realizando a enquadramento “terceiro olho”, visada rápida ou uso do espelho
visualização completa (alto e baixo). com exposição mínima da silhueta do policial.
h) Progressão: È o ato avançar taticamente com segurança
em ambiente hostil, observando-se a necessidade de se aplicar a Figura 03 - Arma no Coldre Travado
disciplina de ruído, disciplina de luz, o tempo de deslocamento, Arma no Coldre Travado. Obs.:
o posiciona- mento e a distribuição na área do policial e/ou sua Permite a liberação das mãos do
policial para a busca pessoal e
equipe.
algemas, com segurança em caso de
i) Redução de silhueta: Consiste na diminuição da exposição da
luta corporal, evitando sua perda ou
silhueta do policial, mantendo uma postura diminuída em relação
arrebatamento. As mãos livres possibilitam a utilização de outro (s)
à posição habitual, deixando-o menos vulnerável a uma agressão e
equipamento (s) menos que letal.
em condições de evoluir para uma progressão tática.
j) Verbalização policial: Forma de controle mais branda, Figura 04 - Posição Sul
dentro do uso seletivo da força policial, que consiste em realizar Posição Sul. Obs.: Posição considerada
a comunicação verbal do policial com o abordado, sempre que for intermediária entre a arma estar
possível e seguro, devendo primeiramente se identificar “policia”, e no coldre ou numa posição mais
em seguida dar voz de determinação para o controle que a situação ostensiva como a do pronto ou em
exija. pronto baixo. Recomendada para
k) Visualização policial: Consiste no policial utilizar a técnica abordagens cujo nível de alerta é
de identificação visual durante a abordagem em ambiente de baixo. Caso o quadro da ocorrência
115 116
encaminhe para cooperação, ou evolua para não cooperação, Figura 07 - Posição Pronto Retido Frontal
elevando ou regredindo o nível de alerta, a posição sul propicia Posição Pronto Retido Frontal. Obs.:
rápido recoldreamento, ou ainda tomar as demais posições Ideal para adentramento em locais
previstas de acordo com a necessidade. de edificação externa e interna, cujos
ambientes sejam curtos e/ou estreitos,
Figura 05 - Posição Sul Velada
necessitando a retenção da arma para
Posição Sul Velada. Obs.: Posição
evitar seu arrebatamento por parte do
considerada intermediária entre a
agressor. Propicia o controle do cano em
arma estar no coldre ou numa posição
direção ao risco.
mais ostensiva como a do pronto
ou em pronto baixo. Recomendada
para abordagens cujo nível de alerta Figura 08 - Posição Pronto Baixo
é baixo. Caso o quadro da ocorrência Posição Pronto Baixo. Obs.: Indicado
encaminhe para cooperação, ou evolua para não cooperação, para a visualização das mãos e linha de
elevando ou regredindo o nível de alerta, a posição sul propicia cintura da pessoa abordada. Aumenta a
rápido recoldreamento, ou ainda tomar as demais posições percepção periférica do ambiente, tanto
previstas de acordo com a necessidade. Ideal para quadros antes, como durante e após a abordagem.
específicos envolvendo crianças e idosos.

Figura 06 - Posição Pronto Retido Lateral


Figura 09 – Posição Pronto (terceiro olho)
Posição Pronto Retido Lateral. Obs.:
Posição Pronto (terceiro olho) Obs.:
Permite a retenção da arma junto ao
corpo, protegendo-a principalmente em Destinada à resposta imediata à agressão
abordagem a curta distância, ao mesmo letal iminente, ilegal e injusta contra o
tempo em que propicia o controle do policial dentro dos quadros previstos do
cano em direção ao risco. Postura ideal processo escalonamento do uso da força.
para a realização de deslocamentos
rápidos em área de risco.
117 118
Figura 10 – Barricada CAPÍTULO V
Barricada: Todo anteparo que seja
capaz de proteger o policial contra PREPARAÇÃO DA INSTRUÇÃO

disparos de armas de fogo e outras “Comece fazendo o que é necessário, depois o


que é possível, e de repente você estará fazendo
situações de perigo durante abordagens o impossível.”
de risco elevado como, por exemplo, Francisco de Assis

árvores, postes, muros, meio fio entre


outros. Devendo ser utilizado com 5.1 Generalidades

técnica apropriada mantendo a visualização e simultaneamente o Este capítulo contém o que há de fundamental nos programas em

enquadramento “terceiro olho” com exposição mínima da silhueta pista de tiro para instrutores de civis e militares de tiro. Além dos

do policial. assuntos conhecidos, procuramos introduzir de maneira sucinta


com planejar uma pista de tiro para o estudo e aprendizado e as
noções de uma pista de tiro, de grande aplicação no nosso dia-a-
dia.
Visamos proporcionar uma obra de bom nível com uma leitura
plenamente acessível aos instrutores de tiro. Sem fugir do rigor
técnico do assunto, de maneira simples com pistas que vão
obedecendo a uma graduação de dificuldades de acordo com as
habilidades que o discente vai adquirindo.
O nosso intuito foi que o professor pode abranger progressivos
graus de habilidade que os discentes irão adquirir. Sabemos que
principal função do Instrutor de Tiro consiste em criar condições
para que o aluno tenha uma instrução segura e com qualidade. Cabe
ao Instrutor de Tiro preparar, orientar e controlar toda a instrução.
O instrutor deverá criar condições favoráveis à aprendizagem,
devendo ter foco especialmente nas condições pessoais, sociais,
119 120
psicológicas e morais do discente, incluindo ainda o acesso a todos Para a definição desses objetivos é necessário definir o público alvo,
os recursos materiais possíveis para a realização de uma instrução bem como saber o nível de adestramento desse corpo de alunos. A
de qualidade. partir daí será definido o local para a instrução, o tempo necessário
para a realização da mesma, além de estabelecer as técnicas que
5.2 Objetivos serão utilizadas, os meios auxiliares empregados, quantidades
O Instrutor de Tiro fará com que o aluno tenha acesso a todo de instrutores/monitores necessários ao bom andamento da
conhecimento de tiro, desde as suas Normas de Segurança, instrução, estabelecer as tarefas realizadas pelos discentes, além
fundamentação legal, armamento disponível na Instituição, até a de todas as fontes de consulta disponíveis sobre o assunto a ser
possível realização de um disparo na defesa da sociedade. ministrado.
Uma Instrução de Tiro Policial bem preparada servirá para que Durante a fase de planejamento, todos os documentos que regulam
os alunos se motivem com os resultados alcançados e evoluam as atividades de instrução nas instituições de Segurança Pública
constantemente até que alcancem níveis aceitáveis dentro da deverão ser consultados pelo instrutor. Cabe ainda ao Instrutor
legalidade no uso da arma de fogo. É por isso que a preparação da de Tiro confeccionar outros documentos necessários à realização
instrução é de suma importância, pois facilitará o processo ensino- de uma Instrução de Tiro, tais como Plano de Instrução de Tiro,
aprendizagem nas instituições integrantes do sistema de Segurança Nota de Instrução, relatórios de tiro dentre outros estabelecidos
Pública. pela instituição a que pertence o instrutor. É importante destacar
que, no planejamento, o Instrutor de Tiro de- verá fazer a previsão

5.3 Planejamento de uma unidade de pronto socorro, com profissional devidamente

Planejamento consiste em um trabalho pormenorizado. Nesta habilitado para acompanhar a Instrução de Tiro Policial.

etapa o instrutor deverá detalhar todas as fases da instrução


de acordo com as diretrizes estabelecidas pela instituição a que 5.4 Níveis de instrução
pertence. No planejamento ficam estabelecidos os passos a serem Os níveis de instrução serão definidos pelo instrutor tendo em
seguidos pelos instrutores e discentes envolvidos na realização da vista os objetivos que deseja atingir, de acordo com o público alvo.
instrução. O sucesso da prática de atividades relacionadas ao tiro se deve,
O planejamento é norteado pelos objetivos a serem alcançados. principalmente, a realização de instruções constantes e evolutivas,

121 122
o que faz com que o discente domine desde os fundamentos até da realidade profissional desempenhada pelos discentes.
a realização do tiro propriamente dito. Para efeitos didáticos, as Nível Avançado: É o mais alto nível entre os atiradores. Neste
instruções serão divididas em três níveis: básico, intermediário e nível o instrutor dará ênfase à técnica à que cada aluno mais se
avançado. adaptou dentre as existentes. No nível avançado o aluno deverá
É importante lembrar que, antes de ministrar as instruções, o ser estimulado a adotar procedimentos corretos e usar o raciocínio
instrutor deverá ressaltar a importância das Normas de Segurança. de forma rápida na tomada de decisões. O instrutor deverá criar
Nível Básico (fundamental): É o nível aplicado aos iniciantes, cenários de difícil resolução, que sejam encontrados pelo discente
no qual serão ensinados os fundamentos básicos do tiro: postura (profissional de Segurança Pública) na sua atividade diária, além
(posição do corpo em relação ao alvo), empunhadura, visada de exigir que o mesmo aplique todos os fundamentos do tiro
(alinhamento olho/ alça/massa/alvo), respiração, controle do aprendidos, realizando um disparo com qualidade. Estando dentro
gatilho, resolução de panes. Esse nível deverá ser rico em detalhes, desse cenário, o aluno deverá realizar seus disparos com raciocínio,
e todos os fundamentos deverão ser assimilados pelo aluno. Será precisão e fundamentado no ordenamento jurídico. Nesse nível o
dada ênfase ao manejo com armas de fogo, disparos em seco e tiro instrutor dará ênfase aos adentramentos, tiro em ambientes com
estático. Todo erro de fundamento deverá ser observado e corrigido baixa luminosidade, negociações preliminares, trabalho em equipe,
pelo Instrutor de Tiro. É importante ressaltar que esse nível de uso seletivo da força, sugerindo também a aplicação das Pistas do
instrução também é aplicado os profissionais de Segurança Pública Método Giraldi, Pista Policial de Instrução (PPI) e Pista Policial de
que está há muito tempo sem realizar a prática do tiro, ou nos casos Aplicação (PPA), dentre outras.
em que o instrutor constata que o(s) discente(s) não domina(m) os
fundamentos básicos do tiro. 5.5 Tipos de Instrução
Nível Intermediário: É o nível aplicado aos profissionais que já O tipo de instrução, assim como o nível de instrução, também varia
de- vem estar aptos a realizar, com segurança, o manejo das armas de acordo com os objetivos estabelecidos e principalmente com o
e efetuar tiros com precisão. Outros fundamentos do tiro deverão público alvo da instrução. O ideal é que o Instrutor de Tiro conheça
ser introduzidos. O saque, posições de tiro, realização do tiro em o nível do grupo de discentes que participará da instrução. Caso
deslocamento, tiro barricado, transposição de armas, troca de contrário, primeiramente, avaliará o nível do grupo, detectando
carregadores, etc. O instrutor deverá direcionar os exercícios de tiro quais fundamentos do tiro são dominados pelos mesmos, para
de modo que as atividades realizadas na instrução se aproximem posteriormente determinar o nível de instrução a ser aplicado.
123 124
Os tipos de instrução são divididos em 05 (cinco) grupos: armamento de modelo diferente.
Formação (destinado a alunos que ingressam nos cursos de e) Em instrução de Especialização, a partir de curso homologado
formação ou matriculados nos cursos regulares da instituição), pela instituição policial objetiva-se à formação específica do policial,
Habilitação (visa habilitar o agente de Segurança Pública a utilizar e que envolve instrução de tiro mais pormenorizada, a exemplo do
determinada arma de fogo/ equipamento/munição), Atualização Curso Integrado de Instrutor de Tiro - CIIT;
e/ou Manutenção (promover a manutenção da aptidão técnica f) Em instrução Desportiva, o objetivo está direcionado a atividades
do efetivo), Especialização (destinado a formar especialistas e/ esportivas ligadas à instituição policiais, normalmente realizadas
ou multiplicadores) e Esportivo (destinado a participantes de em datas oficialmente comemorativas, com interação entre as
competições). instituições do sistema de Segurança Pública, tais atividades
Para a atividade de instrução de tiro, se faz necessário identificar o possuem também caráter instrutivo, contribuindo para a melhoria
objetivo planejado, atendendo aos seguintes tipos: da qualidade e habilidade na lida com o armamento.
a) Em Curso de Formação com alunos iniciantes, o instrutor Após o instrutor de tiro observar os objetivos e o nível técnico
verifica o plano de curso (carga horária, duração, logística, público) propostos na fase do planejamento da instrução, é conveniente que
e se itera das peculiaridades, tanto dos alunos quanto da unidade o instrutor procure agregar, sempre que possível realizar atividades
de ensino policial responsável; complementares de conhecimento à prática de tiro, tais como os
b) Em instrução de Manutenção destinada aos profissionais seguintes exercícios:
formados que estejam desenvolvendo atividades junto ao serviço • Visualização e verbalização;
operacional, ou até mesmo exercendo atividades administrativas, • Os níveis de alerta e o elemento surpresa;
os quais, para manterem suas habilidades técnicas, inevitavelmente • O efeito estresse e suas alterações fisiológicas e/ou psicológicas;
precisarão ser submetidos às instruções periódicas; • O adentramento em recintos fechados;
c) A instrução de Habilitação destina-se aos profissionais formados, • O uso da arma no trabalho em dupla e em equipes táticas;
mas que durante o período de curso não foram qualificados a • O tiro em baixa luminosidade, noturno e o uso da lanterna;
operar determinado armamento ou equipamento específico e que, • O tiro embarcado;
portanto, necessitam ser habilitados; • O tiro de incapacitação;
d) Em instrução de Adequação, onde o profissional é habilitado • A pista mista com transposição de obstáculos e transição de
em um modelo de armamento e necessita a utilização de outro armas;
125 126
• A pista em progressão; • Armamento selecionado para a instrução;
• Os deslocamentos táticos, entre outros. • Munição adequada para a instrução a ser ministrada;
A atividade de tiro policial terá como pré-requisito a instrução de • Munição de manejo a fim de provocar panes, de acordo com o
armamento e equipamento, assim como outras instruções ligadas planejamento da instrução;
ao tiro policial (legislação, uso seletivo da força, primeiros socorros • Suporte de alvos (podendo ser de madeira ou metálico, de acordo
e outras de natureza tática). Cabe ao instrutor de tiro verificar o nível com o tipo e calibre do armamento);
de conhecimento do aluno, principalmente quanto ao domínio das • Papelão para forrar o fundo do suporte do alvo;
disciplinas voltadas ao tiro policial. • Alvos;
• Cavadeira e facão;

5.6 Logística • Cola, fita crepe e grampeador e grampo de alta pressão;

A Instrução de Tiro Policial deverá ser organizada de forma a • Não havendo suporte de alvos este poderá ser substituído pelo

facilitar o aprendizado do aluno. Definido o planejamento, o nível sistema do tipo varal com dois barbantes/arames esticados

e o tipo de instrução a ser ministrado, o Instrutor de Tiro deverá firmados por esteios nas extremidades;

dar atenção à outra fase da preparação da instrução. A logística é • Placas de madeira, canos de PVC, tambores, pneus, lonas, TNT,

a fase de prover recursos e equipamentos necessários à realização papelão e cones para realização do tiro com utilização de barricada;

da instrução. Esta fase é de suma importância para a instrução de • Fita zebrada;

tiro, pois a falha nesta etapa, ou seja, a falta de qualquer recurso • Tesoura, alicate, estilete, material de obrea, folha de papel em

ou equipamento poderá implicar a não realização da instrução, ou branco, tinta spray;

ainda fazer com que o item primordial de uma instrução de tiro, a • Lona, suportes de madeira, arame recozido, pregos, martelo, fita

segurança, seja prejudicado. de alta aderência, dentre outros, para a montagem de uma Pista

O Instrutor de Tiro deverá, nesta fase, prever todos os equipamentos Policial de Tiro;

e materiais para a realização da instrução, cumprindo todas as • Em se tratando de instrução de manutenção de armamento e

Normas de Segurança, seja a instrução teórica ou prática, básica equipamento, sugerimos que o instrutor providencie os seguintes

ou avançada. Alguns materiais atinentes à logística estão abaixo materiais:

relacionados: • Escova tubular confeccionada em aço, com proteções na haste e


na ponta, específica para o calibre do armamento;
127 128
• Escova tubular confeccionada em crina, com proteções na haste e materiais pode ser utilizada durante a instrução, e isso dependerá
na ponta, específica para o calibre do armamento; da capacidade técnica, iniciativa e principal- mente da criatividade
• Escova tubular confeccionada em algodão, com proteções na do Instrutor.
haste e na ponta, específica para o calibre do armamento; 5.7 Montagem das Pistas de Instrução
• Escova em cabo de madeira com cerdas de aço inoxidável; A montagem das pistas e linhas de tiro é uma atividade que está
• Pincel ou trincha de aproximadamente 25 mm, podendo ser atrelada ao planejamento da Instrução, perpassando pela logística.
substituído por escova dental; Deverá estar em conformidade com a metodologia didática adotada
• Flanela ou pano de algodão, que não solte fiapos; pelo sistema de ensino da organização de Segurança Pública. Os
• Produto limpador e lubrificante de armamentos, que instrutores responsáveis por esta tarefa deverão ser experientes e
preferencialmente não contenham hidrocarbonetos; bem criteriosos quanto às Normas de Segurança. Em contrapartida
• Material (jornal, saco plástico, bandeja) para formar uma cabe à instituição a que pertencem os instrutores e alunos prover
plataforma de limpeza; todos os recursos necessários para a viabilização de instrução de
• Caixa de areia para inspeção, carregamento e descarregamento do tiro com qualidade.
armamento antes e depois das atividades de Manutenção, entrada A montagem de uma Pista Policial de Tiro exigirá grande
e saída de serviço. conhecimento técnico do Instrutor de Tiro. Inicialmente se faz
• Mesa de madeira; necessário selecionar e verificar previamente o local destinado para
• Vasilhame de plástico para lavagem de peças; a instrução. Definido o local, a pista de tiro deverá ser adequada ao
• Munição inerte de manejo no calibre do armamento; nível dos alunos e ao tipo de instrução a ser ministrado. Situações
• Equipamento de Proteção Individual (óculos de proteção). como ângulos de tiro, quantidade de discentes, tempo de instrução
Essa lista de materiais não se esgota. Em caso de escassez de material, e logística envolvida são os pontos principais a serem observados
meios de fortuna serão utilizados pelo instrutor. O Instrutor de Tiro, para a preparação da pista de tiro. São inesgotáveis os tipos de
por exemplo, deverá estar atento às condições meteorológicas, pois pistas de tiro, pois a criatividade do Instrutor de Tiro é ilimitada.
alvos de papel, em caso de chuva, prejudicarão a instrução. Nesse
caso o instrutor confeccionaria os alvos utilizando alvos de tecido 5.8 Tiro Noturno e em Ambiente de Baixa Luminosidade
TNT e tinta spray. A capacidade de prever tudo que será utilizado O policial atua na segurança da sociedade independente de horário,
na instrução será bastante exigida nessa fase. Uma infinidade de
129 130
condições climáticas, dia da semana ou qualquer outra condição humana se adéqua parcialmente e para tanto se faz necessário
desfavorável de trabalho em comparação a outra profissão, porém, que o operador faça uso de equipamentos corretos, quais sejam as
mesmo diante dessas dificuldades o agente de segurança deve lanternas táticas.
cumprir sua missão. Logo o policial deve receber treinamento para Diante do exposto devemos compreender o que é uma lanterna
combater o crime da forma mais dinâmica possível e se adequar de tática, pois existem inúmeras marcas e modelos de lanternas para
forma rápida e precisa para coadunar suas ações com os princípios as mais diversas atividades.
da segurança, direitos humanos e legalidade. Para a atividade policial deve-se utilizar uma lanterna de fácil
Conforme estudo realizado na base de dados da SSPJ-GO na acesso, pequenas dimensões (para ser transportada), de simples
Gerência de Análise da Informação da referida secretaria, as utilização, baixo consumo de pilha ou bateria, corpo na cor preta
ocorrências cadastradas no ano de 2014 que tiveram disparo de pela disciplina de luz, preferencialmente resistente a choques
arma de fogo por parte dos policiais totalizam 288. de quedas, grande capacidade de iluminação e que possa causar
Ao analisar os dados estudados nota-se que as ocorrências ocorrem cegueira momentânea em um agressor.
primordialmente no horário noturno 69,79% dos confrontos, sendo Para as técnicas de uso de lanterna cria-se a dificuldade da
que os motivos podem ser diversos, sendo eles: a maior ocorrência empunhadura, porém este problema da diminuição ou limitação
de crimes neste horário, a sensação de que o criminoso pode fugir de empunhadura pode ser solucionado com a utilização de lanterna
com mais facilidade nesse horário e etc. tática fixada no trilho PICATINNY das armas, porém este tipo de
Nas situações de falta de luz a pupila se dilata com o intuito de abrir equipamento requer um coldre adequado para seu uso.
em sua totalidade e captar mais luz, para tanto ela fica em uma Para tanto todas as vezes que aciona sua lanterna (piscar), pode
situação de vulnerabilidade sendo que se um feixe de luz muito efetuar o disparo (disparar) e se move lateralmente (mover) após
intenso como o de uma lanterna de LED sendo disparada contra o desligar a fonte de luz; logo há uma sequência lógica no combate
olho irá causar uma “cegueira” momentânea de aproximadamente noturno, qual seja: Piscar, Disparar e Movimentar. Sendo que
10 a 30 segundos, logo é fundamental que o policial evite se expuser quando se encontra o agressor que esta sendo perseguido o
e o mesmo deve aproveitar dessa expertise para poder controlar operador de segurança deve focar de forma rápida nos olhos do
seu oponente em uma situação de combate real. mesmo, para que assim cause uma cegueira momentânea e nesse
O que devemos compreender de forma rápida é que ao entrar momento possa tomar a melhor decisão para controlar a situação,
em um local mal iluminado ou em uma operação noturna a visão seja com disparos de arma de fogo, imobilização física, uso de
131 132
algemas e etc. todavia é mais bem aproveitada na posição Weaver, sendo
desaconselhada para as demais posições, isto porque o encaixe da

5.8.1 Técnicas de Uso de Lanterna mão fraca precisa de um maior curso.

Nenhum policial é igual a outro e nenhuma técnica de uso de Roger / Surefire: Essa técnica deve ser usada com lanternas que

lanterna é a resposta definitiva para todas as situações com tenham botões de acionamento apropriados para a empunhadura

iluminação inconsistente, o que deve aprender é conhecer e treinar em questão, no caso na retaguarda do corpo da lanterna. Na

diversas técnicas dentre as mais empunhadura Surefire, deve-se posicionar a lanterna entre o dedo

conhecidas podemos citar (Harries, indicador e médio, apoiando o botão de acionamento na palma da

Roger, FBI, Chapman, Ayoob, Marine mão.

Corps, Hargreave Lite-Touch, Keller, Assim, quando se pressiona a lanterna

Neck Index, NYPD, Guisande e outras contra a palma da mão, ela acende. É a

que surgirem) porque uma pode se empunhadura que mais se aproxima da

adaptar melhor que outra à exigência empunhadura normal do armamento,

da circunstância. sem o uso da lanterna. Todavia, o

Harries: Esta é a empunhadura mais utilizada, pois é a mais controle do feixe de luz depende da precisão de empunhadura,

difundida entre os operadores de segurança, isto porque a tornando-se ligeiramente impreciso.

mesma é muito difundida através da mídia em filmes de ação. FBI/FBI Modificada: Essa técnica o operador empunha a arma

Na empunhadura Harries, a mão da arma é posicionada sobre o com sua mão forte, sendo que na mão fraca se segura à lanterna,

antebraço da lanterna. Ambos os dorsos das mãos devem se tocar e bem afastada do corpo, com o braço estendido, preferencialmente

exercer uma ligeira pressão entre si, conferindo maior estabilidade acima da cabeça na diagonal. Na teoria o atirador não entrega

nos disparos. Esta pressão é necessária, pois sem ela o controle sua posição exata ao acendê-la, além

após o primeiro disparo se tornará de “atrair” eventuais disparos para

difícil para o operador. próximo da lanterna, e não para o seu

Trata-se de uma técnica de simples tronco, porém existe a problemática da

execução, se comparada com outras, posição incomoda bem como o fato de


que a luz na mesma linha do corpo cria a
133 134
silhueta do policial para o agressor. empunhadura simples nesta posição,
tornando-se assim uma posição pouco
Na técnica FBI modificada, o braço da usual no meio policial que sempre treina
lanterna não precisa ficar constantemente com empunhadura dupla.
estendido, podendo acionar a lanterna em Além disso, a luz também acessará o
locais diferentes, mas distantes da arma e dispositivo de pontaria da pistola, o
do tronco do operador. que pode ajudar muito em especial àqueles que têm alça e massa
Neck Index: nesta técnica o operador posiciona a lanterna entre a comuns, sem trítio.
sua articulação têmpora mandibular e o trapézio, um pouco a frente Ayoob: A técnica lanterna Ayoob foi desenvolvida por Massad
do rosto, para evitar se auto iluminar, alinhando a lanterna com Ayoob, um conhecido instrutor de armas de fogo e autor de muitos
a arma de fogo facilitando assim a visão do aparelho de pontaria livros. A técnica Ayoob é muito semelhante ao de Chapman, em
(alça e massa de mira). que você segurar a lanterna com a mão esquerda, porém entre o
Trata-se de uma excelente posição para a utilização do aparelho polegar e o dedo indicador, sendo que os polegares ficam paralelos
de pontaria, porém alinha de forma como em uma empunhadura dupla normal. Sendo que quando a
quase retilínea a lanterna com o rosto do lanterna é comprimida contra o corpo da mão a mesma aciona a
operador causando assim uma possível tecla on/off.
denuncia da posição de forma mais
perigosa, que deve ser minimizada com 5.8.2 Montagem de Pistas para Tiro Noturno
o deslocamento do policial sempre após Como forma de capacitar o policial ao combate noturno ou em um
o fleche da lanterna. ambiente de baixa luminosidade temos a necessidade de adequar o
treinamento e a segurança para uma instrução prática em ambiente
Chapman Index: A técnica consiste em posicionar a lanterna em escuro.
frente ao esterno (frente do tórax), perpendicularmente ao tronco Para tanto propomos que o instrutor adeque os três níveis de
do operador. A teoria é de que, fixa nesta posição, a lanterna sempre instrução (básico, intermediário e avançado).
iluminará a frente do operador, deixando-o atento exclusivamente Básico: o exercício no nível básico pode ser realizado em Stand
ao manuseio do armamento, porém o atirador ficará com a Outdoor, sendo que para isso deve-se montar a pista em local onde
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os alvos esteja a uma distância de 8 (metros) sendo que no local e efetiva, pois o uso prolongado ou displicente pode ocasionar a
onde estes estarão posicionados não há iluminação, porém na indicação do policial no terreno, aqui também pode ser inserida a
linha onde os alunos se posicionarão deve haver uma iluminação troca do armamento, oscilando entre armas longas e curtas.
básica, isto para que o instrutor possa acompanhar visualmente os
discentes. 5.9 Anexos
Neste ambiente o aluno estará de posse de lanterna tática e ao
comando do instrutor irá acionar o equipamento para visualizar 5.9.1 Modelo de Pista de Apresentação Prática de
Demonstração Balística
o alvo e realizar os disparos determinados, para tanto o mesmo
poderá efetuar tiros de pé sem barricada, bem como de pé e
barricado.
Intermediário: neste exercício o instrutor deve montar uma
pista de progressão com alvos atiráveis e não atiráveis, sendo que
deverá passar um aluno por vez e o acompanhar em um percurso
pré definido. Ao realizar o deslocamento o aluno de posse de
lanterna tática irá fazer o uso comedido do equipamento sempre se
preocupando em não denunciar sua posição, para tanto o mesmo
deve usar a técnica de PDM (Piscar, Disparar e Movimentar) sendo
que neste exercício o policial deve ter uma análise crítica apurada e Fonte: I CIIT/SAESP

tomada de decisões rápidas, pois a simulação da realidade deve ser


a mais próxima possível de um combate real. Objetivo: Proporcionar aos discentes conhecimento técnico
no emprego correto de cada tipo de munição para o melhor
Avançada: aqui a pista de tiro noturno deve ser realizada
aproveitamento de “Stopping Power” e minimizar riscos
primordialmente com tropa especializada, sendo que para tanto
desnecessários.
propomos que o aluno seja levado para um ambiente rural aberto e a
Logística: Armas curtas e longas de vários calibres com munição
pista em questão requer uma preparação pormenorizada e deve ter pelo menos dois tipos de projéteis, ex.: 01 chumbo ogival, 01
o cuidado com o posicionamento dos alvos. O uso de armas longas expansiva ponta oca etc.
é o mais indicado e o uso de lanterna deve ser feito de forma rápida Alvos: Garrafas pets com água colorida, latas 18 litros com água
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colorida, porta veicular, portas de madeira, para-brisa, melancia, Distância: Progressiva, com escalas de 5, 10 e 15 metros para
plastilina, colete balístico vencido etc. armas curtas; e acima de 15 metros tratando-se de armas longas.
Observações: Disparos: De acordo com o planejamento e a logística da
a) Aos alunos os termos técnicos de cada arma, calibre, munição e o Instituição; Recargas: Prever recargas táticas, administrativas e
objetivo de cada tipo de projétil durante a execução de cada disparo, emergenciais; Obrigatório: Equipamento de Proteção Individual.
nos diversos tipos d alvos que tiver disponível e eu o aluno veja o Objetivos da Pista: Deve ser utilizada sempre que se iniciar
efeito do choque hidrostático, poder de transfixação e resultado uma instrução com tiro real; para tirar dúvidas, aferir arma e
final no alvo; fundamentos do tiro, bem como o trabalho de angulação, utilizando
b) Lembrar que a demonstração balística não visa precisão da arma barricadas. Pode ser utilizada em todos os cursos, principalmente
e sim os efeitos dos projéteis; nos de formação. Prever a simulação de panes e suas resoluções,
c) Demonstrar através do cronógrafo a velocidade de cada projétil. recargas e outros.
A seguir, disposição sugerida da demonstração: Observação: Utilizar as posições previstas no capítulo referente
à Aplicação do uso Seletivo da Força na instrução de tiro policial.
5.9.2 Modelo de Pista de Tiro (Nível Básico/Intermediário) (Ex.: Sul, retenção, pronto baixo, pronto retido, terceiro olho,
saque).

5.9.3 Modelo de Pista Zig Zag (Nível Intermediário)

Fonte: I CIIT/SAESP
Especificações:
Alvos: De 04 (quatro) a 10 (dez) – do tipo PML-74 (método
Giraldi), Fogo Central ou IPSC. podendo variar de acordo com a
quantidade de instrutores/monitores;
Fonte: I CIIT/SAESP
139 140
Especificações: 5.9.4 Modelo de Pista de Progressão (Nível Intermediário)
Alvos Tipo: Metal (plate e pepper popper), papel ou colorido de 04
cores;
Números de Alvo: De acordo com a logística;
Distância: Metálicos: mínimo 10 metros. Papel: a qualquer
distância;
Disparos: De acordo com o planejamento e a logística;
Obrigatório: Equipamento de Proteção Individual.
Objetivo da Pista: Fatiamento dinâmico em movimento,
progressões táticas, verbalizações, disparos duplos, conferências,
angulação com redução de silhueta.
Observações:
a) Todos os disparos deverão ser realizados em movimento, e o Fonte: I CIIT/SAESP

armamento deverá ser sempre conduzido na posição de terceiro Especificações:


olho; Alvos: Metálicos e/ou papelão. Atiráveis: Mínimo 08 (oito)
b) Sistemas de alvos coloridos no modelo 04 cores, stress fire, etc. “atiráveis”, sendo 02 (dois) em cada posto de tiro, podendo
também poderão ser utilizados. aumentar o número de atiráveis de acordo com a logística. Neutros:
c) No modelo de 04 cores poderá ser feito o sorteio prévio no De acordo com o grau de dificuldade que o instrutor desejar
momento da instrução sendo que o aluno deverá efetuar 02 submeter o aluno;
disparos na cor definida. Distância: Pistola e Revólver – Mínima de 10 metros. Espingardas,
metralhadoras e carabinas – Mínima de 15 metros;
Disparos: De acordo com a Logística;
Recarga: Pelo menos 1 (uma) tática e 1 (uma) emergencial;
Obrigatório: Equipamento de Proteção Individual, óculos e
abafadores.
Objetivos da Pista: Aproximar ao máximo dos procedimentos
141 142
a serem usados durante um confronto armado, visando utilizar os de instrução lúdica e desportiva de tiro, podendo promover
abrigos que o ambiente pode oferecer para a proteção do policial. competições rápidas, preferencialmente ao final das instruções
Aplicada em qualquer curso. convencionais.
Observações:
5.9.5ModelodePistaDueloMetálico(NívelIntermediário) a) Apesar de ser uma pista esportiva, tem muito a ver com o serviço
policial, pois retrata uma situação de confronto armado na qual
o policial tem que efetuar disparos rápidos e precisos no menor
tempo possível, sob pena de ser morto simbolicamente, perdendo
assim o embate.
b) O instrutor fará o sorteio de chaves, realizando a competição
desenvolvida através de eliminatórias simples até a fase de semifinal
e final. A semifinal e a final correram o embate do tipo “melhor de
três”, intercalando-se as posições dos atiradores.

Fonte: I CIIT/SAESP
5.9. 6 Modelo de Pista Saque Rápido (Nível Intermediário)

Especificações:
Alvos: Metálicos; mínimo 5 (cinco) por atirador;
Distância: Pistola e Revólver: Mínima de 10 metros. Espingardas,
metralhadoras e carabinas: Mínima de 15 metros; Disparos: De
acordo com a Logística; Recarga: 1 (uma) obrigatória, no mínimo;
Obrigatório: Equipamento de Proteção Individual;
Início: Sinal sonoro (apito);
Sequência: Qualquer ordem, exceto os de desempate (central).
Objetivo da Pista: Desenvolver reflexos, raciocínio rápido,
estratégia e velocidade no manuseio e disparo; aplicação Fonte: I CIIT/SAESP

143 144
Especificações: Especificação:
Disparos: 05 (cinco), sendo 01 (um) em cada alvo; Alvos: Silhueta humanoide, de acordo com a situação proposta
Distância: 15 metros, 10 metros e 05 (cinco) metros; (Ex.: PPI e PPA do Método Giraldi);
Tempo Maior: 10 (dez) segundos, 08 (oito) segundos, 06 (seis) Número de Alvos: De acordo com o grau de necessidade da
segundos e 04 (quatro) segundos; instrução;
Tempo Menor: 8 (oito) segundos, 6 (seis) segundos, 4 (quatro) Distância: De 03 (três) a 10 (dez) metros;
segundos e 3 (três) segundos; Disparos: De acordo com o planejamento e a logística da
Obrigatório: Equipamento de Proteção Individual; Instituição;
Início: De acordo com a minuteria. Não havendo minuteria, afere- Recarga: 01 (uma) ou 02 (duas);
se com o cronômetro. Obrigatório: Equipamento de Proteção Individual. Tempo: De
Objetivo da Pista: Desenvolver reflexos, manuseio e disparos acordo com o grau de dificuldade. Paredes/Divisórias: Pneus,
rápidos. lonas, compensados, etc.
Objetivo da Pista: Aferir toda a aprendizagem do discente com
5.9. 7 Modelo de Pista Policial Defensiva (Nível Avançado) o manuseio de arma de fogo e uso seletivo da força, bem como
a atuação defensiva com verbalização, quando em ocorrência
policial. Simular situações corriqueiras do trabalho do profissional
de Segurança Pública, tais como: verificação de corredores, janela
alta, baixa e média; portas abertas e fechadas; varreduras de
cômodos; uso das barricadas existentes no local.
Observações:
a) Verificar a angulação dos alvos de forma que os disparos não
danifiquem a estrutura da pista e não diminuam o fator segurança
(quebra de ângulo).
b) Pista aplicada para estandes que possuam proteção lateral e
frontal (180º).
Fonte: I CIIT/SAESP c) Esta pista pode ser aplicada de forma individual ou voltada a
145 146
equipes. Utilizar súmula própria de avaliação. Obrigatório: Equipamento de Proteção Individual;
Deslocamento: Através de viatura do tipo operacional utilizada
5.9.8 Modelo de Pista de Tiro Policial Embarcado na Instituição, sendo preferencialmente com quatro portas.
Objetivos da Pista: Demonstrar ao aluno as dificuldades na
realização de disparos embarcados, alertando-o sobre o nível
de dificuldade em se realizar disparos de qualidade durante os
deslocamentos de forma a propiciar a experimentação prática,
incluindo em seu conhecimento técnico, que em se tratando do
disparo embarcado exige-se do profissional grande habilidade,
domínio técnico e emocional para que não se potencialize os riscos
do alvejamento de transeuntes durante uma eventual ação real.
Observações:
a) Pessoas alheias à instrução ou alunos que não estejam
participando da linha de tiro deverão respeitar a distância mínima
de 20 metros do local onde estão sendo realizados os disparos;
b) Quando da montagem das pistas o instrutor deverá observar os
ângulos seguros quanto ao posicionamento dos alvos evitando-se o
Fonte: I CIIT/SAESP
cometimento de quebra de ângulo, ricochetes e estilhaços;
Especificações:
c) A realização dos disparos deve se limitar a janela da viatura a qual
Alvos: De 08 (oito) a 10 (dez): podendo variar de acordo com a
estará aberta, devendo haver atenção aos retrovisores e demais
quantidade de instrutores/monitores;
partes da viatura evitando danificá-los;
Distância: Progressiva, com escalas de 7, 8, 10 e 15 metros para
d) O instrutor deverá exigir e conferir a utilização de todo EPI
armas curtas; e acima de 15 metros tratando-se de armas longas.
durante a realização da pista;
Disparos: De acordo com o planejamento e a logística da
e) Também deve ser observada a distância e trajeto da ejeção do
Instituição;
cartucho de acordo com cada armamento (curto ou longo) dentro
Recargas: Prever recargas táticas e emergenciais;
e fora da viatura para que não haja perdas ou ainda riscos de danos
147 148
físicos ou materiais; 5.9.9 Modelo de Alvos
d) O instrutor deverá ainda ensinar as técnicas e formas de
realização do disparo, com angulação, postura do corpo e apoios de 1- ALVO CURSO BÁSICO
PM/L-74
perna entre outros;
Características:
f) Para a montagem da pista os alvos deverão estar dispostos de tal
- Dimensão: 90 X 60 cm
forma que só haverá visualização por parte do atirador no momento
- Impresso em papel cartão na
da realização do disparo; devendo os disparos serem realizados
cor branca
tão-somente no lado em que o atirador estiver embarcado.
- Método GIRALDI
Há que se ressaltar que durante a passagem de alunos por qualquer
- Fundo cinza escuro e área
uma das pistas especificadas neste capítulo, pessoas alheias a
periférica em cor cinza claro
instrução ou alunos que não estejam participando da linha de tiro
deverão respeitar a distância mínima de 20 metros do local onde
estarão sendo realizados os disparos.
As pistas apresentadas neste capítulo também podem ser adaptadas 2 - ALVO SILHUETA CINZA
e utilizadas em ambientes de baixa luminosidade e no tiro noturno, PM/L-4
valendo-se das técnicas de uso de lanterna, disciplina de luzes e Características:
som e demais técnicas correlatas. - Dimensão: 90 X 60 cm
- Impresso em papel cartão na
cor branca
- Método GIRALDI
- Silhueta na cor cinza sem
marcações ou divisões

149 150
3 - ALVO SILHUETA REFEM Alvo de O4 cores modelo DPF
PM/L-4
amarelo verde
Características:
- Dimensão: 90 X 60 cm
- Impresso em papel cartão na
cor branca
- Método GIRALDI
- Silhueta sequestrador na cor
cinza escura
- Silhueta refém na cor cinza claro
- sem marcações numéricas ou
divisões de partes do corpo
vermelho azul
4 - ALVO SILHUETA Fonte: Departamento de Polícia Federal - DPFGO

RENDENDO-SE PM/L-4
Características:
- Dimensão: 90 X 60 cm
- Impresso em papel cartão na
cor branca
- Método GIRALDI
- Silhueta na cor azul sem
marcações e ou divisões de partes
do corpo

151 152
CAPÍTULO VI 6.2 Objetivos
O presente capítulo pretende definir critérios de avaliação e correção
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E CORREÇÃO NA
ATIVIDADE DE INSTRUÇÃO DE TIRO em instrução de tiro, sob o foco do instrutor de tiro devidamente
habilitado para tal fim; Padronizar a verificação aplicada aos
“A maioria dos sistemas de avaliação pessoal
nas empresas, é falho e, não raro, pessoas discentes, agindo de forma técnica e profissional, sendo imparcial
competentes são deixadas de lado e não nas suas decisões e seguir paulatinamente a sequencia de avaliação,
aproveitadas para tarefas mais complexas,
sendo o Instrutor transparente e objetivo na aplicação das provas
em função de avaliações falhas, efetuadas por
pessoas carregadas de preconceito, inveja e teóricas e práticas, e usar como ferramenta a avaliação do aluno,
incapazes de reconhecer no outro qualidades
para saber se realmente o que foi passado em suas instruções teve
que este avaliador não tem.”
Francis Iacona o retorno, através do ensino-aprendizado.

6.1 Generalidades 6.3 Critérios de avaliação e correção


A avaliação do discente consiste em fase essencial para a verificação a) Ainda na fase do planejamento e de acordo com a ementa do
do nível do aprendizado e da absorção do conhecimento transmitido curso, deverá definir os critérios a serem observados quanto à
por parte do instrutor de tiro, daí a importância de haver critérios avaliação e informá-los antecipadamente, aos alunos, dirimindo
claros, simples e objetivos. eventuais dúvidas;
Este processo de avaliação reporta à necessidade da instituição de b) No momento da avaliação deverá dispor de caneta, prancheta e
ensino possuir um mecanismo de monitoramento nos âmbitos da da súmula correspondente à atividade a ser avaliada, devendo esta,
formação, habilitação, especialização e manutenção. Seja qual for a após o seu preenchimento, ser assinada pelo instrutor e pelo aluno
natureza do curso a ser ministrado, os critérios de avaliação deverão para as providências que se fizerem necessário, de acordo com os
obedecer a princípios doutrinários previamente estabelecidos e, objetivos da instrução;
numa instância superior, estar em conformidade com a legislação c) Ao perceber que o aluno está tendo dificuldades para a execução
em vigor. do exercício proposto, cometendo erros ou atentando contra a
segurança de todos, deverá interromper a atividade para promover
a devida orientação e correção dos erros;

153 154
d) Na ocorrência de erros, conforme item anterior haverá a dedução ter dados estatísticos para futuramente ter um levantamento a
da pontuação correspondente à falha cometida; cerca do armamento/instrução subsidiando o gestor a cerca do
e) Ao aluno será permitido verificar o seu rendimento em quaisquer desempenho dos armamentos.
provas práticas através da conferência de súmulas e dos pontos j) Avaliar o aluno previamente à instrução de tiro prático as
obtidos nos alvos; atividades de manejo, desmontagem e montagem de primeiro
f) A súmula de avaliação tem por objetivo registrar o desempenho escalão (sem uso de ferramentas) nas diversas armas de cada
do aluno, identificando os erros e acertos durante a realização das instituição. Tal avaliação tem por objetivo certificar a habilidade
atividades propostas, tendo como meta maior a correção imediata do aluno com o armamento bem como garantir a manutenção
dos eventuais erros cometidos; preventiva e segurança. Abaixo segue algumas orientações como
g) O Teste de Aptidão de Tiro (TAT) consiste em avaliação periódica seria avaliação quanto ao manejo, desmontagem e montagem,
a ser realizada para aferir o nível de desempenho com armas de solução de panes e soluções de panes:
fogo dos policiais. Esta verificação ocorre através do emprego • Manejo, Desmontagem e Montagem: Terá por objetivo avaliar
das seguintes súmulas: Súmula para Tiro Fundamental, Súmula as habilidades por meio de prova prática, onde serão observados
para o Tiro Intermediário e Súmula para Pista Policial Defensiva conhecimentos e habilidades sobre o manejo, desmontagem e
(avançado). montagem do respectivo armamento (s) objeto da instrução.
h) O escalonamento em pontuações de 0 (zero), 5 (cinco) e 10 • Solução de Panes: Terá por objetivo avaliar as habilidades e o
(dez) pontos, existentes nas súmulas corresponde a “não fez o conhecimento por meio de prova prática e perguntas teóricas, onde
procedimento corretamente”, ou “fez o procedimento parcialmente serão observados conhecimentos e habilidades sobre a constatação
correto”, ou ainda, “fez o procedimento corretamente”, e solução imediata de panes previstas para o armamento objeto
respectivamente. da avaliação: Serão previstas a solução de três panes dentre as
Nota: Ao final da instrução o instrutor de tiro deverá constar nos seguintes: Má alimentação, mau trancamento, chaminé, nega,
anexos dos relatórios finais da atividade de instrução juntamente carregamento duplo, falha na extração e munição atravessada.
com o mapa de tiro além da quantidade de disparos por alunos • Recargas: Terá por objetivo avaliar as habilidades e o
aptos ou inaptos, também a relação de armas que apresentaram conhecimento por meio de prova prática e perguntas teóricas, onde
problemas ou PANE durante a instrução encaminhando o ao setor serão observados conhecimentos e habilidades sobre a maneira
competente. A partir do relatório técnico a instituição poderá correta da recarga. Serão cobradas duas das três recargas previstas:
155 156
Administrativa, Tática e emergencial. Em anexos apresentamos algumas propostas de modelos de
FIGURA 01 – Modelo de Empunhadura súmulas de avaliação a serem utilizados nas instruções de tiro.

6.4 Anexos

Fonte: site handguns.com

FIGURA 02 – Modelo de visada

Fonte: site handguns.com

157 158
159 160
CAPÍTULO VII

UTILIZAÇÃO DO SIMULACRO E MARCADORES NA


INSTRUÇÃO DE TIRO
“Aquele que nos combate, fortalece nossos
nervos e aguça nossas habilidades. Nosso
oponente é nosso colaborador.”
Edmund Burke

7.1 Generalidades
Há muito tempo os profissionais da Segurança Pública estudam
formas de tornar os treinamentos de combate policiais mais
realísticos; afinal, para que possamos exigir do policial uma
resposta consciente e à altura do esperado pela sociedade, em um
confronto com risco de morte é preciso que esse profissional se
conheça e aprenda a controlar seu nível de estresse.
Com certeza nunca poderemos prever com exatidão como esse
agente da segurança irá reagir quando se deparar com uma situação
de confronto armado, mas o que se deve buscar é um treinamento
exaustivo e contínuo para que ele possa reagir ou se defender,
instintivamente ou por memória muscular.
Em outros países onde os assuntos de Segurança Pública e territorial
são tratados como prioridades, existem incessantes investimentos
nos treinamentos das instituições voltadas para a segurança
interna e externa. Desses investimentos surgem tecnologias das
mais variadas, que vão desde automatização dos estandes de tiro
até simuladores de tiro virtuais.

161 162
A grande questão é que como no Brasil não se tem investimento 7.3 Aplicação Prática do Marcador Paintball na Instrução
satisfatório no setor de tecnologia para o trabalho policial em geral, de Tiro

desde o processo de qualificação como no exercício do trabalho a) O primeiro passo para o instrutor de tiro utilizar o marcador

operacional, isso torna geralmente excessivamente onerosos por Paintball é sua regulamentação perante sua instituição, atrás

serem os produtos na maioria importados, o que muita da vez de uma portaria, norma geral de ação, etc. Devendo, também,

inviabiliza a sua aquisição e manutenção, uma vez que se torna observar a regulamentação do Exército Brasileiro, pois este é o

elevado o custo final das peças para reposição e manutenção. órgão responsável, conforme se verifica pela portaria a seguir:

Portaria nº 02-COLOG, de 26 de fevereiro de


2010.
7.2 Objetivos “Art. 2º Para aplicação destas normas são
Adaptar os marcadores às instruções práticas operacionais, já que estabelecidas as seguintes definições:
II – arma de pressão: arma cujo princípio de
se trata de uma atividade dinâmica e a alta velocidade, com alto funcionamento implica no emprego de gases
nível de estresse, no qual se fazem novas concepções de instrução comprimidos para impulsão do projétil, os quais
podem estar previamente armazenados em um
e doutrina operacional. Atualmente os marcadores podem ser
reservatório ou ser produzidos por ação de um
encontrados em configurações semelhantes às armas reais, tanto mecanismo, tal como um êmbolo solidário a
em dimensões como em peso, deixando o treino cada vez mais uma mola.
Parágrafo único. Enquadram-se na definição de
próximo de um treinamento com arma real. E assim permite armas depressão, para os efeitos desta Portaria,
avaliar a percepção de risco do ambiente e a velocidade de resposta os lançadores de projéteis de plástico maciços
(airsoft) e os lançadores de projéteis de plástico
do agente de segurança em instrução perante as diversas situações com tinta em seu interior (paintball) (grifamos).
em que seria colocado, partindo-se da premissa de que o agressor Art.9º A aquisição de arma de pressão, de uso
permitido ou restrito, ocorrerá mediante as
da sociedade é ser humano com os mesmos equipamentos que o
condições estabelecidas no R-105 e legislação
instruendo, o que impossibilita a sistematização de conduta diante complementar no que se refere ao comércio de
de cada simulação. Neste entendimento, o raciocínio e o tirocínio produtos controlados.
§1º As armas de pressão por ação de gás
do agente em avaliar em frações de segundo a possibilidade de comprimido, de uso permitido ou restrito, bem
efetuar o disparo de sua arma, se abrigando e evitando colocar em como as armas de pressão por ação de mola de
uso restrito, somente poderão ser adquiridas
risco a vida de terceiros. por pessoas naturais ou jurídicas registradas no

163 164
Exército. pronto emprego, almejando desenvolver o sentimento de coesão
§ 2º A aquisição na indústria será autorizada pela
e os reflexos de obediência, como fatores preponderantes na
DFPC, mediante requerimento encaminhado
por intermédio da Região Militar (RM) onde o formação do agente de segurança; valorizar a disciplina consciente;
requerente está registrado.
desenvolver o sentimento de superação física e emocional; verificar
§ 3º A aquisição de armas de pressão de uso
permitido no comércio será autorizada pela RM o reflexo da disciplina no cumprimento pronto às ordens recebidas;
responsável pelo registro do requerente”. o conhecimento da função e o nível de responsabilidade dentro
do grupo; a aprendizagem quanto à técnica de abordagem, UDF,
Conforme se extrai da portaria o marcador de paintball foi varredura de ambientes.
classificado como uma arma de pressão, e sua aquisição tem que FIGURA 01 – Equipamentos para a prática do Paintball
ser autorizada pela Região Militar pertinente.
Necessário, também, que o Instrutor de Tiro seja possuidor do curso
correspondente e regular da instituição, como, por exemplo, o CIIT
(Curso Integrado de Instrutor de Tiro) devidamente regulamentado
pela Instituição, e que esteja preparado tecnicamente para a prática
desta modalidade de Docência.
Todas as instruções devem estar previstas em uma nota de
instrução ou documento similar, prevendo data, local, quantidade Fonte: Arquivo próprio I CIIT/SAESP (foto)

de discentes, uniforme, EPI etc. O treinamento do agente de segurança com o uso do paintball/
Em linhas de tiro a incapacidade de se mover usando cobertura não airsoft poderá ter quatro objetivos de aplicação, sendo eles:
é imediatamente punida, os alvos estáticos não podem flanquear o Treinamento com UDF: destinado aos alunos em fase de
atirador, não com eficiência será simulado um ataque com vários aprendizagem ou reciclagem, oferecendo-lhes uma situação de
agressores em movimento, ou um trabalho com uma equipe, além possível reação letal, na qual o discente deverá interagir com a pista
de que quase nunca se obtém o ponto de vista de um suspeito e reagir nas mesmas proporções da agressão.
barricado em cenários de tiro estático ou simuladores virtuais. Avaliação do Treinamento: destinada aos alunos que já
A instrução tem por objetivo proporcionar aos alunos condições passaram pelo Tiro Policial Defensivo e o UDF, objetivando a
para realizar exercícios práticos em campo e outras atividades de avaliação que se dará através de súmulas específicas de avaliação.
165 166
Simulação de Confronto: destinada aos discentes que já Para a realização da instrução do marcador paintball/airsolft
passaram pelos treinamentos básicos, cuja proposta de instrução é ideal que o agente de segurança seja instruído com o mesmo
contempla principalmente a aproximação com a realidade de fardamento, colete antibalístico e cinto de guarnição, tal como é
uma situação de confronto armada, na qual 02 (duas) equipes utilizado no serviço operacional, para que se promova uma maior
se enfrentarão com o mesmo número de integrantes e a mesma familiarização com oficinas de vivencia- mento, identificando
quantidade de munições, podendo ser usada como atividade lúdica dificuldades, fragilidades ou ainda não conformidades com relação
e desportiva através de olimpíadas e competições diversas. ao emprego no serviço operacional, acrescentando apenas os
Treinamento Tático Especializado: destinado aos grupos equipamentos de segurança utilizados no paintball/airsolft.
táticos especializados que tenham objetivos específicos nas Para a aplicação de qualquer dos treinamentos acima descritos se faz
instruções para o treinamento do cumprimento de missões necessário à devida preleção por parte dos instrutores/monitores
especializadas (resgate de reféns, incursões em favela, adentramento envolvidos diretamente com a instrução, embasada na nota de
em ambiente hostil etc.). A principal vantagem do paintball/airsoft instrução e norma geral de ação, dando informações necessárias
nesse tipo de treinamento é a segurança, pois nos treinamentos de em relação às Normas de Segurança, uso do equipamento, execução
grupos táticos existe a necessidade de ensaiar exaustivamente os dos exercícios propostos e/outra posição das pistas, bem como um
adentramentos e abordagens. prévio aquecimento muscular para a realização das atividades.
São recomendadas as seguintes atividades preparatórias que A instrução deverá ter caráter educativo, obrigatório e avaliativo
antecedem as transposições das pistas: para todo aluno cuja matriz curricular contemple o estudo e
1) Treinamento preparatório para formação de grupos de combate planejamento prévio pela instituição de segurança pública. É
e patrulha com armamento longo e curto; considerado pré-requisito para todo agente de segurança que se
2) Transposição de obstáculos na pista de maneabilidade; submeter ao treinamento com paintball/airsolft estar apto na junta
3) Planta Baixa; médica, ou inspeção médica equivalente no caso de usuários de
4) Ambiente de alto risco (Favela); outras organizações.
5) Ambiente de edificação externa; É vedado o uso dos equipamentos de paintball/airsolft
6) Ambiente de edificação interna; individualmente ou em grupo sem a devida nota de instrução, bem
7) Ambiente Rural; como sem o acompanhamento de instrutor/monitor responsável
8) Ambiente com baixa luminosidade. pela instrução. Também é vedado o uso dos marcadores sem o
167 168
devido equipamento de segurança. Caso algum instruendo venha a CAPÍTULO VIII
se lesionar de forma grave deverá ser feito o atestado de origem em
ATIVIDADE FÍSICA VOLTADA PARA INSTRUÇÃO DE
vigor na corporação, bem como dado os devidos trâmites naquilo
TIRO: Alongamento e Aquecimento
que se fizer necessário.
São equipamentos de segurança obrigatórios à máscara para “[...] qualidade de vida boa ou excelente (é)
aquela que ofereça um mínimo de condições
paintball/airsolft, “plug” protetor de cano, capa peitoral e dorsal de para que os indivíduos nela inseridos possam
proteção e opcionais as luvas, protetor de pescoço, protetor genital, desenvolver o máximo de suas potencialidades,
sejam estas: viver, sentir ou amar, trabalhar,
joelheiras e cotoveleira. produzindo bens e serviços, fazendo ciências ou
artes”.
Rufino Neto

8.1 Generalidades
A atividade de Segurança Pública exige de seus profissionais
uma atitude proativa quanto à exigência de se manter preparado
fisicamente, tecnicamente e psicologicamente, pois pode a qualquer
tempo se envolver tanto em ocorrências consideradas comuns,
como em situações complexas e de extrema necessidade, haja vista
a rusticidade da atividade fim. A falta de condicionamento físico e
de capacitação deste faz com que ele inevitavelmente seja inserido
num grupo de risco, atentatório contra sua própria segurança.

8.2 Objetivos
Nossa intenção neste capítulo é chamarmos a atenção para a
importância da atividade de Instrução de Tiro que envolve o
trinômio da preparação física, técnica e psicológica. Forneceremos
algumas dicas voltadas à preparação física quanto à realização de
169 170
preliminares como alongamentos, e preparativos físicos antes, empregado visando o bem estar físico, psicológico e desestressando
durante e após as atividades de Instrução de Tiro, visando com a musculatura do atirador.
esses exercícios dirigidos, a preparação ao uso do armamento no O alongamento constitui a ginástica ideal para conhecer e descobrir
serviço operacional do profissional de Segurança Pública. como o seu corpo funciona e ainda para reforçar o controle corporal.
Sua prática vivencia uma atividade de autoconfiança, equilibrado e
8.3 Alongamento e aquecimento para a prática do tiro de bem estar. Além disso, relaxa os músculos e libera a circulação
A realização de atividades físicas proporciona, entre outros da energia contribuindo, desta forma, para extinguir as tensões e a
benefícios, a melhoria da performance e qualidade devida. Os eliminar as dores.
profissionais de Segurança Pública no exercício diário do seu labor Como Alongar: Antes de qualquer coisa, é importante aprender
desenvolvem certas atividades operacionais que demandam um a forma correta de executar os alongamentos, para aumentar os
bom preparo físico, quesito este indispensável para a sua própria resultados e evitar lesões desnecessárias, inicie o alongamento
segurança, a da equipe e da sociedade. até sentir certa tensão na musculatura e então relaxe um pouco,
A seguir discorreremos sobre aspectos da preparação física mantendo a posição entre 10 segundos e 1 minuto, voltando
importantes para realização de uma Instrução de Tiro. É importante novamente à posição inicial de relaxamento. Os movimentos
alongar adequadamente a musculatura logo antes de se iniciar devem ser sempre lentos e suaves. O mesmo alongamento pode ser
qualquer atividade que demande de esforço físico. A realização do repetido, buscando alongar um pouco mais o músculo, evitando
alongamento prepara os músculos para as exigências que virão a sentir dor. Para aumentar o resultado, após cada alongamento, o
seguir, protegendo e melhorando o desempenho muscular. Além músculo pode ser contraído por alguns segundos, voltando a ser
disso, como não é raro que a prática de exercícios provoque dores alongado novamente. É a técnica chamada de alonga - contrai
musculares após o seu término, alongar-se imediatamente após - alonga. De uma forma geral, sempre devem ser preferidos os
o exercício reduz o aparecimento da Dor Muscular Tardia, além alongamentos estáticos em detrimento dos dinâmicos, que são
de melhorar o desempenho do atirador. Pela sua facilidade de o resultado de movimentos amplos e bruscos dos músculos. Ao
execução, os alongamentos deverão ser feitos antes e depois da contrário dos alongamentos estáticos, os dinâmicos, também
prática do tiro, em qualquer lugar e em qualquer horário. chamados de alongamentos balísticos, podem proporcionar o
Sempre que for identificada alguma tensão muscular em algum desenvolvimento de lesões musculares.
participante da Instrução de Tiro, o alongamento pode ser Como respirar: Para que os movimentos sejam lentos e relaxados,
171 172
a respiração durante o alongamento deve ser lenta e cadenciada e dolorosa no corpo do músculo, a zona de contratura pode levar
durante o exercício. Quanto mais profunda, regular e progressiva dias para se dissipar. Os músculos ficam duros, como se estivessem
ela for, melhor será a oxigenação e o relaxamento muscular. tetanizados, e um bom programa de alongamento pode prevenir o
surgimento ou a incidência dessas contraturas.
8.4 Alongamento para prevenir problemas ligados Distensões: Elas representam o primeiro estágio de
Instrução de Tiro. comprometimento muscular grave, nesta patologia o músculo é
Frequentemente, ouvimos que o esporte é bom para saúde. distendido brutalmente e, algumas vezes, além do seu comprimento
Paradoxalmente o atleta sempre é vitima de problemas habitual. Somente o repouso eliminará a dor muito intensa e o
desagradáveis, com câimbras, dor muscular tardia, contraturas, alongamento constitui o melhor meio de prevenir distensões.
distensões, ruptura ou laceração. A realização correta de um Ruptura: é uma lesão do músculo que afeta os nervos os vasos
programa regular de alongamento pode reduzir a incidência desses sanguíneos e as fibras musculares. Ruptura é diferente da distensão
males. muscular por provocar dor intensa e tratamento mais prolongado.
Câimbra: Este incidente traduz-se por uma contração involuntária Como para a distensão, o alongamento constitui o melhor meio de
e brutal de um músculo. A dor cede em alguns minutos ou mesmo prevenção da ruptura.
segundos. A câimbra é frequentemente devida a uma má hidratação, Laceração muscular: é a deterioração de um grande grupo de
à falta de magnésio ou sódio, vitamina B ou cálcio, problemas fibras no interior do músculo. Trata-se de uma lesão provocada
circulatórios, ou ainda, problemas relacionados ao diabetes. Para pelo “movimento a mais”. Você praticamente terminou sua sessão
eliminar uma câimbra alongue o músculo contraído para obriga-lo de treinamento, a fadiga se fazia sentir em seus músculos, mas
a se descontrair imediatamente. você quis ir ainda mais longe, além de seus limites e seus músculos
Dor Muscular Tardia: consiste em dores musculares difusas fadigados não suportaram o esforço. O repouso, e um programa de
que acometem vários grupos musculares de uma vez. Ela ocorre musculação progressiva combinado com alongamento representam
no dia seguinte ou dois dias após a realização de esforços muito o meio mais eficaz para se defender contra a laceração.
intensos e pode durar de três dias até mais de uma semana. A 8.5 Exercícios para o alongamento na atividade de tiro
prática regular de alongamento tanto antes quanto após o esforço Ressaltamos que os alongamentos devem ser efetuados
prevenirá a Dor Muscular Tardia. primeiramente com um lado corpo ou membro, depois repetido
Contratura: Ela se manifesta pela presença de uma área rígida
173 174
com o outro lado do corpo ou membro, e o atirador deve permanecer os dedos e tracione levemente em direção ao
em cada posição por no mínimo 10 segundos. seu corpo sem flexionar o cotovelo, alongando
assim a parte interna do antebraço.
a) Estender os braços e cruzar os dedos acima
da cabeça, voltando as palmas das mãos
para cima no prolongamento do corpo, na
posição de espreguiçar; Serve para alongar os
músculos dos braços e costas.
d) Estenda um braço como dorso da mão
voltado para frente, com a outra mão puxe os
dedos para dentro, segurando e tracionando
b) Para alongar o levemente, sem, no entanto, flexionar
músculo Tríceps Braquial, o cotovelo, alongar assim os músculos
posicione-se em pé, com extensores do antebraço.
as pernas afastadas, os
pés paralelos. Flexione
um braço atrás da cabeça, e) Estando em pé, com o tronco ereto, as pernas
coloque a mão do outro levemente afastadas e os pés bem apoiados no
braço sobre o cotovelo do solo. Flexione um braço, leve-o acima do tórax
primeiro e exerça uma leve tração. Tracione progressivamente o na altura dos ombros e coloque a mão do outro
cotovelo a fim de acentuar o alongamento. braço sobre o cotovelo do primeiro empurre-o
levemente permitindo alongar a musculatura
c) Com a finalidade de alongar os músculos flexores dos antebraços, do ombro trapézio e rombóides.
em pé, com as pernas afastadas e o tronco bem ereto, estenda um
braço a sua frente na altura do ombro, com a mão em extensão e
os dedos direcionados para cima. Com a outra mão, segure todos
175 176
f) Em pé, com as pernas levemente afastadas, i) Com os braços alinhados lateralmente com
o tronco bem ereto e os braços estendidos os ombros e as duas mãos na nuca e dedos
para cima, cruzem os dedos, vire as mãos de entrelaçados, force as escápulas para dentro.
modo que as palmas fiquem direcionadas para Serve para alongar os músculos peitorais.
cima e empurre para o alto. Nesta posição
vamos alongar quase toda a musculatura dos
membros superiores.

j) Este alongamento atuará na parte posterior


g) Em pé com as pernas do pescoço. Em pé com as pernas levemente
afastadas, tronco ereto, afastadas, os pé apoiados ao solo e voltados
cruze as mãos atrás das para frente, volte o olhar ao solo aproximando a
costas com as palmas região do queixo na região torácica de maneira
viradas para dentro. Eleve progressiva, o máximo que conseguir. Para
os braços progressivamente acentuar o alongamento coloque as palmas da
até atingir o máximo mão na nuca forçando a cabeça para baixo o
que conseguir, este máximo que conseguir.
alongamento atuará sobre a musculatura da parte anterior dos
ombros e dos músculos peitorais.
k) Na posição de pé, com o tronco ereto e, os
h) Com os braços alinhados pés bem apoiados ao solo para manter uma boa
lateralmente com os ombros e estabilidade, incline lentamente a cabeça para
as duas mãos espalmadas para trás, comprimindo levemente a mandíbula,
frente, gire os dois polegares alongando assim a porção anterior do pescoço.
para baixo. Serve para alongar
o músculo dos dedos polegares.
177 178
l) Para alongar os músculos laterais do k) Com as pernas unidas e retesadas,
pescoço, na posição em pé, tronca bem ereta e flexionar o tronco à frente, buscando tocar
braços estendidos ao longo do corpo incline a o chão. Serve para alongar o músculo da
cabeça lateralmente e de maneira progressiva panturrilha.
o máximo que conseguir, para acentuar o
alongamento, coloque a palma da mão sobre a
orelha do lado oposto e, lentamente, empurre
com a mão a fim de abaixar a cabeça o máximo
possível.
p) Com as pernas em abertura dos ombros,
m) as pernas em abertura um pouco maior
colocar as mãos no quadril, forçando-o para
que a largura entre os ombros, estender
frente. Serve para alongar a musculatura
um braço para cima, mantendo o outro
abdominal.
no prolongamento do corpo e, com a
mão apoiada na cintura, inclinar o tronco
lateralmente para o lado da mão que
se encontra na cintura (depois inverter
o lado).Serve para alongar o músculo
q) Equilibrando-se com uma das pernas,
flexores laterais do tronco.
segurar e forçar a flexão da outra perna,
buscando tocar o calcanhar na região das
n) Com as pernas na abertura dos ombros
nádegas (depois inverter a perna). Serve para
e semi-flexionadas, flexionar o tronco à
alongar os músculos do vasto medial, vasto
frente, buscando tocar o chão (mergulho).
intermédio, vasto lateral, partes média e
Serve para alongar os músculos posteriores
superior do sartório, reto femoral.
das coxas e glúteos.

179 180
r) Com uma perna semi-flexionada, retese a g) Previne dores, e melhora a tonicidade muscular;
outra perna lateralmente e puxe a ponta do h) Aumenta a flexibilidade e a elasticidade dos músculos e tendões;
pé para trás (depois inverta perna). Serve para i) Previne traumatismos e dores, tanto musculares quanto
alongar os músculos gastrocnêmicos, sóleo, articulares;
plantar. (j) Auxiliam no desenvolvimento da consciência corporal,
melhorando a postura.

8.7 Vantagens ocasionadas pelo alongamento


s) Com uma perna esticada, a) Manutenção ou aumento da amplitude de movimento; A
puxe a outra para cima com pratica regular do alongamento deve ser realizada com o intuito de
as duas mãos, encostando aumentar a amplitude de movimento de uma articulação, quando
a perna erguida no peito; essa amplitude for sinônimo de aumento do desempenho.
depois faça o movimento b) Ganho de tônus muscular; O alongamento representa um
lateral para ambos os lados meio potente para fortalecer os músculos. Utilizando a força de
(depois inverta as pernas). resistência passiva do músculo, o alongamento acelera a síntese de
Serve para alongar o glúteo proteína que constitui as fibras musculares. Dessa maneira, nosso
e posteriores de coxa. corpo ganha tônus, força e resistência.
c) Aquecimento pré esforço; O alongamento aquece os
8.6 Alguns benefícios do Alongamento músculos, os tendões e as articulações, o que ajuda a preparar o
a) Reduz as tensões musculares, e aumenta a amplitude de nosso corpo para o esforço físico.
movimento; (e induz o corpo ao relaxamento) d) Ação antiestressante; Em virtude de seu efeito euforizante e
b) Previne lesões (distensões musculares, entorses); oxigenador, o alongamento minimiza o estresse que pode paralisar
c) Melhora a postura e o esquema corporal; os músculos.
d) Ativa a circulação, melhorando as capacidades cardiovasculares; e) Relaxamento, recuperação e prevenção de lesões; A maioria
e) Reduz a ansiedade, estresse e a fadiga; dos esforços musculares induz uma compressão de diversas
f) Melhora a atenção;
181 182
articulações, assim como da coluna vertebral. Com o alongamento, 8.9 Outras Dicas Importantes
é possível descomprimir as costas e também as articulações. a) Sendo possível, deve-se tomar banho nos 10 ou 15 minutos após o
Essa estratégia previne as lesões e, ao mesmo tempo acelera a término dos exercícios de tiro, não antes disso, para que o processo
recuperação articular, tendinosa e muscular. de sudorese termine. Tome uma ducha morna, para relaxamento
dos músculos;

8.8 Aquecimento b) Priorizar a utilização de indumentárias que sejam leves, flexíveis

O principal objetivo do aquecimento é preparar o organismo para a e confortáveis para facilitar o exercício de tiro. Se possível que as

atividade física, seja em treinamento, nas competições ou no lazer. roupas estejam de acordo com a temperatura;

Visa obter o estado ideal psíquico e físico a preparação para os c) Usar “meião” preto e coturnos, para prevenir a formação de

movimentos e principalmente prevenir as lesões. bolhas;

O aquecimento age aumentando a temperatura corporal realiza a d) Os participantes, instrutores e discentes deverão ter acesso

preparação do sistema cardiovascular e pulmonar para a atividade, a local que tenha água ou portar cantil ou ainda camelback para

o aquecimento é tão essencial e benéfico para quem faz exercícios, hidratar-se antes, durante e após o exercício de tiro, evitando assim

que é indispensável incorporá-lo na atividade prática de tiro. a dispersão do grupo no momento da instrução. Em princípio, esta

Ele tem papel fundamental na execução da atividade física. O hidratação pode ser feita com água, porém, dependendo da duração

aquecimento faz com que a temperatura corporal aumente o que por da instrução, exposição ao sol, temperatura, nível de transpiração e

consequência aumenta a força muscular. Ele também aperfeiçoa a intensidade da instrução, a hidratação deverá ser complementada

coordenação neuromuscular. Para se ter uma ideia, em cada grau com bebidas que reponham os sais minerais perdidos (soro, água

corporal aumentado, o metabolismo celular aumenta, e isso resulta de coco, sucos de fruta e bebidas esportivas).

em uma liberação mais rápida de oxigênio do sangue para os


músculos. Depreendemos que o participante da Instrução de Tiro,
após o alongamento e aquecimento, terá seu tônus muscular, seu
equilíbrio, sua respiração e, principalmente, seu condicionamento
mental melhorados, através do aperfeiçoamento de sua percepção
sensório-espacial.

183 184
CAPÍTULO IX 9.2 Objetivos
Desenvolver e oportunizar aos profissionais de Segurança Pública
EVENTOS DESPORTIVOS DE TIRO
momentos lúdicos e de confraternização, que podem ocorrer em
“No esporte, existem campeões e existem
datas alusivas às corporações, incluindo práticas que envolvam
heróis. Campeões vencem porque são bons
no que fazem e tiram proveito particular de o uso da arma de fogo, como evento desportivo, tal como o tiro.
suas vitorias. Heróis vencem quando menos se
Proporcionar tais eventos também se torna uma excelente
espera, superaram os seus próprios limites, e
quando recebem os louros dividem suas vitórias oportunidade de interação entre as instituições de Segurança
com uma nação inteira (...).” Pública. E por fim despertar aos agentes de segurança publica a
Augusto Branco
necessidade de treinamento e capacitação relativa ao emprego de

9.1 Generalidades arma de fogo.

O desenvolvimento de eventos desportivos necessita de Objetivamos também Transmitir ao Instrutor de Tiro informações
planejamento, organização e diversas responsabilidades, de das diversas modalidades de tiro esportivo, e como proceder na
ordem técnica, logística, administrativa e operacional, à altura e na organização de eventos desportivos de tiro, saber o público que
proporção do evento proposto. estará presente, ter previsão de local, data a ser realizado, nome
Para a realização de eventos desportivos como competições, do evento etc. e por fim obter conhecimento das regras de cada
torneios e/ou circuitos de tiro, o organizador deverá estar atento modalidade de tiro desportivo as súmulas a serem utilizados
a uma série de detalhes na etapa do planejamento, iniciando-se nos torneios, os tipos de alvos para cada categoria, as pistas que
pela escolha entre as várias modalidades de tiro (Tiro de Precisão, deverão ser montadas, com suas especificações, os armamentos e
Saque Rápido, N.R.A, IPSC, etc.), a confecção das súmulas para calibre empregado, enfim, saber planejar, executar e finalizar um
a verificação da pontuação, compra de troféus, medalhas, alvos, evento desportivo da melhor maneira possível, demonstrando
e finalizando com a aquisição de todo material que auxiliará na profissionalismo e aptidão no esporte.
logística.
Uma vez escolhida à modalidade do evento e realizada toda a 9.3 Pontos fundamentais a se observar ao organizar o
logística, resta ainda à confecção de um regulamento que seja evento
suficientemente claro, objetivo e exequível. Do contrário, poderá
a) Definição do nome: A escolha do nome da competição ou
levar ao fracasso ou a embaraços diversos.
185 186
da autoridade homenageada na ocasião do evento deverá ter um disparo em cada alvo, num total de 05 alvos, dentro de um
apreciação superior a fim de evitar constrangimentos ou embaraço. tempo pré-determinado. Para isso é utilizado um sistema chamado
b) Estipulação do público alvo: Verificar a possibilidade de “minutaria”, que consiste em um aparelho eletrônico que gira os
estender o convite às demais entidades de Segurança Pública, às alvos ao final de um tempo estimado, de maneira que o atirador
instituições co-irmãs, à representantes do Ministério Público, não possa mais efetuar disparos naquele alvo. A regra consiste
Poder Judiciário, ao público civil, dentre outros, de forma que basicamente em executar as cinco séries de tiros descritas, devendo
os mesmos possam sentir e entender um pouco das dificuldades o atirador a partir da posição em pé, com a arma no coldre travado
que a atividade policial representa; pesquisar a disponibilidade e e as mãos acima do ombro:
participação dos convidados, antecipar a organização do espaço,
QUADRO 01
disponibilizar a quantidade de assentos necessários, etc. Saque Rápido
c) Previsão da data, horário e local: Verificar se haverá algum
SAQUE RÁPIDO
outro evento importante na data prevista; observar as condições Tempo Para
Quant. de Quant. de Alvos
climáticas para a data prevista (pois os alvos de papel podem Série Distância Efetuar os
Disparos Atiráveis
Disparos
estragar com chuva, etc.); estipular o local de acordo com o horário 1ª 15m 5 10 segundos
5 alvos (1 disparo
por alvo)
do evento e as condições climáticas. 5 alvos (1 disparo
2ª 10m 5 8 segundos
d) Definição da modalidade de tiro: Na escolha da modalidade por alvo)
5 alvos (1 disparo
3ª 05m 5 6 segundos
é importante observar o horário, o local, o espaço a ser utilizado e por alvo)
5 alvos (1 disparo
as condições climáticas. 4ª 05m 5 3 segundos
por alvo)
1 alvo (5 disparos
5ª 05m 5 3 segundos
em alvo único)
9.4 Modalidades Desportivas
Independente da modalidade de tiro utilizada sugere-se que os Será considerado vencedor o atirador que obtiver o maior número
participantes do evento usem uniformes e equipamentos rotineiros de pontos. O critério de desempate será o de maior número de
(armas, coldres, porta-carregadores, cintos, etc.), em vez de acerto nos 10 (dez), 09 (nove), 08 (oito) e 07 (sete) respectivamente.
equipamentos de tiro profissional, a fim de aumentar a dificuldade Caso persista o empate, será repetida a 5ª série de 05 disparos. O
nas modalidades descritas. regulamento oficial é encontrado no site da Confederação Brasileira
a) Saque Rápido: Definição: o atirador parado e de pé, efetua de Tiro Prático (CBTP). Quantidade de participantes: ilimitado
187 188
(dependerá do número de minutarias). Geralmente são dois por QUADRO 02
N.R.A Rápido
vez, lado a lado, devendo estar à mesma distância do alvo. Podem
N.R.A.
ser realizadas várias seções com dois atiradores por vez.
Quant. de Tempo Para Efetuar os
FIGURA 01 – Modelo de alvo saque rápido Série Posição
Disparos Disparos
1ª Em pé 5 20 segundos

2ª Ajoelhado 5 20 segundos

3ª Sentado 5 20 segundos

4ª Deitado 5 20 segundos

O critério de desempate será o de maior número de acerto no


10 (dez), 09 (nove), 08 (oito) e 07 (sete) respectivamente. Caso
persista o empate, será repetida a 1ª primeira série de 05 disparos.
O regulamento oficial é encontrado no site da Confederação
Brasileira de Tiro Prático (CBTP). Quantidade de participantes: o
Fonte: Confederação Brasileira de Tiro Prático
que couber na linha de tiro, sem quebrar a segurança, tendo em
média, 10 participantes por linha de tiro.
b) N.R.A. Rápido: Definição: o atirador efetua disparos em um
FIGURA 02 – Modelo de alvo do N.R.A
mesmo alvo, alterando as posições de tiro, dentro de um tempo
pré-determinado. A regra consiste basicamente em executar as
quatro séries de tiro descritas abaixo, devendo o atirador partir da
posição em pé e, com a arma a 45° graus em relação ao solo, parado
e mãos ao longo do corpo:

Fonte: Confederação Brasileira de Tiro Prático


189 190
c) IPSC (International Practical Shooting Confederation): deve derrubar os alvos em ordem, fazendo pelo menos uma recarga.
Definição: modalidade de prova com arma curta ou longa em que O último alvo, ao cair, deve ficar em baixo do alvo adversário,
o atirador “resolve” várias pistas (stages), atirando parado ou em indicando que foi acertado em menor tempo. Quantidade de
movimento, transpondo obstáculos, através de janelas e portas, sob participantes: 02 (dois) por etapa, a fim de que os melhores de cada
ou sobre anteparos, barricadas, usando, enfim, variadas posições etapa compitam entre si, até se chegar a um vencedor.
de tiro, com velocidade e sem descuidar da precisão. No âmbito FIGURA 04 – Modelos de alvos do Duelo Metálico
da competição, existem diversas categorias: Open, Standard,
Modified, Revolver, Production, IPSC Light. O regulamento oficial
é encontrado no site da Confederação Brasileira de Tiro Prático
(CBTP). Quantidade de participantes: Limitado a 08 (oito) por
pista (stage), para haver celeridade na competição, podendo esta
ter só uma pista com todos os atiradores.
Fonte: Confederação Brasileira de Tiro Prático
FIGURAS 03 – Modelos de alvos do IPSC

e) Tiro de Precisão (Fogo Central): Definição: este evento consiste


em acertar o alvo a longa distância, entre 25 e 200 metros,
utilizando armas curtas e longas, podendo o alvo estar completo
ou meio encoberto (tampa-se parcialmente o alvo com papel de
cor diferente, de maneira a dificultar o tiro e auferir uma melhor
precisão). A prova consistirá de 20 disparos, em três séries sem
ensaio, sendo os 10 primeiros no alvo da esquerda e os 10 últimos
Fonte: Confederação Brasileira de Tiro Prático no alvo da direita, da seguinte forma:

d) Duelo Metálico: Definição: consiste numa série de 05 alvos


metálicos (poppers) para cada atirador. Dois atiradores disputam
a velocidade do tiro somado com a precisão, de forma que cada um

191 192
QUADRO 03 f) Shotgun: Definição: consiste em uma pista de IPSC utilizando
Tiro de Precisão como arma as escopetas PUMP, 12 Gauge, de repetição ou semi-
TIRO DE PRECISÃO (FOGO CENTRAL) automáticas, com as mesmas regras do IPSC. Quantidade de

Série
Quant. de Tempo Para Efetuar
Alvo
Recarga participantes: limitado a 08 atiradores por pista (stage), para haver
Disparos os Disparos Obrigatória
celeridade na competição, podendo esta ter só uma pista com todos
1ª 10 30 segundos Esquerdo SIM
os atiradores.
2ª 5 10 segundos Direita NÃO FIGURA 06 – Modelo de alvos Shotgum

3ª 5 8 segundos Direita NÃO

Para cada série, ao comando do juiz da prova, os atiradores deverão


carregar a arma com 06 (seis) cartuchos no máximo (inclusive
as pistolas), devendo estar com os braços estendidos e relaxados
Fonte: Confederação Brasileira de Tiro Prático
ao longo do corpo. Quantidade de participantes: quantos forem
possíveis, desde que não se perca a segurança, de acordo com o Existem ainda outros tipos de modalidades que podem ser
número de baias. encontrados nos sítios das Federações de Tiro dos Estados e na
Confederação Brasileira de Tiro Prático-CBTP, como o Tiro de
FIGURA 05 – Modelo de alvo de precisão Defesa, o PPC, o Duelo de 20 segundos e outros.

9.5 Definição do Tipo de Armamento


a) Estabelecer as características do armamento, dentro das diversas
modalidades disponíveis, modificando, se necessário, conforme a
realidade de sua instituição;
b) O organizador deverá observar a origem do armamento, bem
Fonte: Confederação Brasileira de Tiro Prático como a situação legal da arma e do porte do usuário, durante a fase
de inscrição e antes do início da prova;
193 194
c) Estipular se a arma utilizada na competição poderá ser da alvo;
instituição, do próprio atirador ou emprestada. • Tinta: para alvos metálicos (amarela = alvejável), branca (não
alvejável) e preta (alvos tarjados);

9.6 Definição da Munição • Arame;

a) Estabelecer o calibre a ser utilizado na competição, podendo ser • Grampeador industrial (ROCAMA) e grampo;

mais de um calibre; • Água e copos descartáveis;

b) Verificar a disponibilidade do fornecimento da munição por • Cola branca;

parte da instituição organizadora; • Malha de Tecido-Não-Tecido (TNT);

c) Estabelecer se a munição será original ou recarregada e, nesse • Outros.

caso, estabelecer o fator mínimo que atenda aos padrões de


segurança da modalidade; 9.8 Definição dos Equipamentos de Proteção Individual
(EPI)
d) Estabelecer a quantidade mínima e máxima de munição por
a) Definir os EPIs obrigatórios e opcionais a serem utilizados nas
atirador.
competições, por modalidade;
b) Conferir antes do início das atividades se todos os competidores
9.7 Definição do Material para Montagem da Pista e a plateia presente ao evento possuem e fazem uso do EPI.
a) Consultar a instituição sobre a sua disponibilidade orçamentária,
a fim de prover os gastos com materiais diversos para montagem
9.9 Critérios para a participação dos atiradores
da pista;
a) Definir os times, se por equipe e/ou individualmente, de acordo
b) Caso não ocorra a disponibilidade, verificar a necessidade de
com cada modalidade;
compra dos materiais necessários e possível cobrança de taxa de
b) Em se tratando de um evento já tradicional, sugere-se a criação
inscrição, a fim de subsidiar os gastos;
de um RANKING específico do evento;
c) Estabelecer o tipo de alvo de acordo com o tipo de modalidade;
c) Prever o critério de contagem de pontos, de preferência com
d) Materiais comumente utilizados na montagem de competições
programa informatizado específico de apuração;
de tiro:
d) Definir sobre a premiação, geralmente com troféus e medalhas
• “Obreas” (preta, branca, cinza ou parda) dependendo da cor do
aos três melhores resultados individuais e por equipe. Poderá ainda,
195 196
de acordo com patrocínio e apoio recebido, estender a brindes e e somente poderão tocar nas mesmas quando autorizados pelo juiz
premiação específica do evento; da prova ou em local adequado (área de segurança);
e) Definir antecipadamente os juízes de prova ou R.O. (Ranger • Durante a execução das provas devem ser observados princípios
Officer) para atuarem como árbitros do evento, preferencialmente como deslocamento com o dedo fora do gatilho e manutenção
credenciados à Federação de Tiro da região; da direção do cano para direção segura, o que, se não observado,
f) Promover reunião prévia dos organizadores e demais pessoas poderá culminar na desclassificação dos atletas;
envolvidas (Congresso Técnico) para conhecimento das • Na linha de tiro, durante a realização da prova só poderão
características do evento, bem como promover o “check-up” de permanecer os atiradores que estiverem atirando, o juiz e fiscais
todo o planejamento; de prova;
g) Promover reunião específica com os atiradores, organizadores e • Verificar o uso de óculos de proteção e abafador ou protetor
juízes de prova antes da realização da mesma, a fim de se dirimir auricular, por parte dos atiradores e dos presentes.
eventuais dúvidas e apresentar o regulamento e súmulas de A atividade esportiva de tiro é perfeitamente aplicável aos
resultados; profissionais componentes das instituições de Segurança Pública
h) Realizar ampla cobertura na mídia e órgão de divulgação com o e pode representar um mecanismo de reforço na preparação do
fito de promover o evento; policial, proporcionando-lhe maior habilidade para a lida com
o armamento. Também é perfeitamente possível fazer algumas
9.10 Critérios de Segurança adaptações nos regulamentos de tiro em algumas modalidades com
a) Prever uma unidade de pronto-socorro presente durante toda a o objetivo de aproximá-las mais das características do treinamento
realização do evento; de tiro policial, além do congraçamento e confraternização que
b) Definir área de segurança para o manejo com o armamento; gera a prática desportiva. Assim, salutar seria, que as Instituições
c) Durante o evento, no dia da prova: que compõem o Sistema de Segurança Pública realizassem e
• Verificar as condições de segurança no local de tiro, assim como incentivasse tal atividade rotineiramente, promovendo assim,
citar regras fundamentais de segurança a serem seguidas pelo integrações, lazer e até mesmo treinamentos a seus integrantes que
atirador, previstas no regulamento; tanto carecem de tais oportunidades.
• No local do evento somente os atiradores poderão se locomover
com armas, estando estas, no coldre ou na maleta, descarregadas;
197 198
9.11 Anexos a.3) Saque Rápido (revólver ou pistola): dia__/__às__:__hs, no
_____________;
REGULAMENTO DO CIRCUITO DE TIRO
a.4) N.R.A Rápido(revólver ou pistola): dia__/__às__:__hs, no
(MODELO DE PROPOSTA DE REGULAMENTO)
_____________;
a.5) Duelo Metálico (pistola/production): dia__/__às__:__hs,
“ANIVERSÁRIO DA _______ /_______ ANOS”
no _____________;
a.6) Duelo Metálico (revólver) ): dia__/__às__:__hs, no
1. FINALIDADE
_____________;
A Instituição de Segurança Pública fará realizar dentro das
a.7) IPSC (pistola): dia__/__às__:__hs, no ______________;
comemorações de data comemorativa a realização do Circuito de
a.8) Entrega de Premiação e Encerramento: a partir ___:___hs
Tiro.
no ______________;
b. Uniforme: operacional ou uniforme apropriado a critério das
2. OBJETIVO
equipes, devendo os integrantes das equipes estarem padronizados
O Circuito de Tiro visa homenagear a corporação em sua data
entre si.
comemorativa, possibilitando a prática da modalidade de tiro
c. Armamento/Munição/Equipamento: armamento e equipamento
policial esportivo, bem como, um melhor entrelaçamento entre os
(coldres, carregadores, EPI e EUI) para a participação no Circuito de
participantes.
Tiro é de responsabilidade individual e de cada equipe participante;
a munição será fornecida pela organização do torneio.
3. FINALIDADE
d. Participantes: equipes da____________e equipes convidadas.
Estabelecer normas, procedimentos e critérios, e fornecer subsídios
para a realização do Circuito.
5. DAS PROVAS
4. CONDIÇÃO DE EXECUÇÃO a. Saque Rápido Modificado (Pistola/production ou
a. Modalidades / Local / Data: Revólver) - Pistola, no calibre 9mm ou acima; e/ou revólver
a.1) Congresso técnico: dia__/__às__:__hs, no____________; calibre 38 e acima, aparelho de pontaria (mira fixa ou regulável),
a.2) Abertura: dia__/__às__:__hs, no_________________ ; cano até 6 polegadas, acionamento do gatilho livre. Quatro séries
da seguinte forma: 1ª Série: distância de 15 metros, 05 disparos, um
199 200
em cada alvo, no tempo de 10 segundos; 2ª Série: distância de 10 c. IPSC Pistola (Production) - Pistola no cal. 9mm ou
metros, 05 disparos, um em cada alvo, no tempo de 08 segundos; acima, ação dupla ou simples, aparelho de pontaria (mira fixa ou
3ª Série: distância de 05 metros, 05 disparos, um em cada alvo, regulável), cano até 5 polegadas, sem exigência do fator. Para efeito
no tempo de 06 segundos; 4ª Série: distância de 05 metros, 05 de pontuação, todas as armas serão consideradas com fator maior.
disparos, um em cada alvo, no tempo de 03 segundos. O atirador Penalidades de acordo com o regulamento de IPSC em vigor. Três
partirá da posição em pé com a arma no coldre travado e as mãos estágios de pistas de IPSC que será conhecida durante o “Briefing”
à cima do ombro. Será considerado vencedor aquele atirador que minutos antes do início da prova.
auferir o maior número de pontos. O critério de desempate será
o de maior número de 10 (dez), 09 (nove), 08 (oito) e 07 (sete) d. Duelo metálico – Pistola (Production) - Pistola 9mm
respectivamente. Caso insistir o empate será repetido a 4ª série de ou acima, com 02 carregadores municiados com 05 cartuchos
05 disparos. em cada, a uma distância de 07 a 20 metros dos alvos. Serão
utilizados 06 alvos metálicos (gongos e poppers). O atirador partirá
b. N.R.A Modificado (Pistola/production ou Revólver) da posição em pé com o armamento no coldre travado, devendo
- Pistola no cal. 9mm ou acima e/ou revólver no calibre 38 e abater os alvos no menor tempo possível. A primeira parte da
acima, aparelho de pontaria (mira fixa ou regulável), cano até 6 prova será classificatória e realizada individualmente, aplicando
polegadas, acionamento do gatilho livre, empunhadura livre, alvo a regra básica do IPSC: Ponto dividido pelo Tempo menos as
fogo central, distância 25 metros, em alvo do tipo fogo central. Penalidades ((ponto/tempo) – penalidade (miss)). Na primeira
Quatro séries da seguinte forma: 1ª série: em pé, 05 disparos fase serão classificados os 08 melhores atiradores. Para a segunda
no tempo de 20 segundos; 2ª série: ajoelhado, 05 disparos, no fase será observado a formação das chaves de duelo baseado nos
tempo de 20 segundos; 3ª série: sentado, 05 disparos, no tempo resultados de classificação, ou seja, os 04 primeiros com os 04
de 20 segundos; 4ª série: deitado, 05 disparos, no tempo de 20 últimos atiradores iniciando-se o duelo com o atirador adversário.
segundos; totalizando 20 disparos. Obs. Para todo início de série Será considerado vencedor aquele atirador que abater o maior
o atirador parte da posição em pé e com a 45º graus em relação ao número de alvos metálicos em menor tempo.
solo. O critério de desempate será o de maior número de 10 (dez),
09 (nove), 08 (oito) e 07 (sete) respectivamente. Caso insistir o d. Duelo metálico – Revólver .38
empate será repetido a 1ª primeira série de 05 disparos. Armamento Revólver 38 ou acima, cano até 6” polegadas, mira
201 202
mecânica (fixa ou regulável). Inicia-se com arma carregada com 06 até o dia__/__/__, podendo As inscrições serão a cargo do
(seis) cartuchos, a uma distância de 07 a 20 metros dos alvos. Serão coordenador, através do telefone ( ) _____-_____ ou pelo email
utilizados 05 alvos metálicos (gongos e peppers). O atirador partirá ____________________________________________.
da posição em pé com o armamento no coldre travado, devendo
abater os alvos no menor tempo possível. A primeira parte da 7. DA PONTUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

prova será classificatória e realizada individualmente, aplicando a. A apuração da prova será feita por uma comissão compostas por

a regra básica do IPSC: Ponto dividido pelo Tempo menos as 03 (três) membros, devendo ser composta por 01 representante de

Penalidades (ponto/tempo) – penalidade (miss). Na primeira cada equipe.

fase serão classificados os 08 melhores atiradores. Para a segunda b. Para se obter a pontuação geral por equipe será considerado o

fase será observado a formação das chaves de duelo baseado nos resultado do somatório de todas as modalidades deste torneio de

resultados de classificação, ou seja, os 04 primeiros com os 04 tiro, da seguinte forma:

últimos atiradores iniciando-se o duelo com o atirador adversário. 1º colocado: 10 pontos; 2º colocado: 08 pontos; 3º colocado:

Será considerado vencedor aquele atirador que abater o maior 06 pontos; 4º colocado: 05 pontos; 5º colocado: 04 pontos; 6º

número de alvos metálicos em menor tempo. colocado: 03 pontos; 7º Colocado: 02 pontos; 8º Colocado: 01
ponto.

6. DA PARTICIPAÇÃO/INSCRIÇÃO
a. As equipes serão compostas por até ____ atiradores, sendo 8. PRINCÍPIOS BÁSICOS

descartados para efeito de classificação geral por equipe, o pior a. SEGURANÇA: Durante a execução das provas devem ser

resultado. O número mínimo de componentes por equipe será observados os princípios como deslocamento com o dedo fora do

de ____ atletas e neste caso não haverá descarte. As instituições gatilho e manutenção da direção do cano para direção segura, o que

poderão participar com uma equipe e caso não haja interesse da se não observado poderá culminar na desclassificação dos atletas.

participação por equipe, poderão enviar atletas para participação a.1) Serão providenciadas áreas de segurança onde os atletas

individual. poderão manusear e manutenir suas armas sem o uso de munição

b. Concorrerão em igualdade de condições as atiradoras femininas (descarregadas);

com os masculinos inscritas no circuito; a.2) Nenhum competidor ou pessoa alheia à competição poderá

c. A organização da prova receberá a confirmação de inscrições circular nas dependências do Estande de Tiro com armas fora do
203 204
coldre ou maleta; minutos antes do horário previsto para o início do torneio;
a.3) O atirador deve aguardar a determinação do árbitro para b. As armas utilizadas no torneio serão consideradas como
operar com o armamento; individuais e as possíveis panes correrão por conta e risco do
a.4) Na linha de tiro, durante a realização da prova só poderá competidor;
permanecer o atirador que estiver atirando, o juiz e fiscais de prova; c. Não serão aceitas armas fora dos padrões estabelecidos neste
a.5) É obrigatório o uso de cinto de guarnição, óculos de proteção, regulamento;
abafador ou protetor auricular, coldres, porta jet ou carregador; d. Após iniciada a prova, somente por desistência do atirador ou
a.6) Nas dependências do estande e áreas periféricas é determinação do juiz de prova poderá ser interrompida o tiro;
expressamente proibida a permanência de competidores com e. Todas as armas, munições e equipamentos, serão inspecionados
armas carregadas. pelo juiz, antes do início da prova ou a qualquer momento, se for
b. PRECISÃO: Todo atirador deve conhecer bem a sua arma e julgado necessário;
treinar com a mesma para obter o máximo de confiança, de modo
que ao apontar, acertará no alvo, seu projétil; e. São organizadores do Circuito de Tiro o _____________ e
c. RAPIDEZ: A rapidez e a agilidade são fatores preponderantes __________________;
no tiro policial; f. Os casos omissos não previstos neste regulamento serão levados
d. POTÊNCIA: A munição deve ter uma carga mínima de potência, à apreciação da organização do evento.
suficiente para abater com certa facilidade os alvos metálicos.
Em _________________, _____/____/_____.
9. DA CLASSIFICAÇÃO E PREMIAÇÃO __________________________________
a. Serão premiados individualmente com troféus os ____ melhores Responsável pelo Evento
resultados, obtidos pelas equipes, por modalidade;
b. Serão premiadas com troféus e medalhas as ____melhores
equipes, classificadas no resultado geral do Torneio;

10. PRESCRIÇÕES DIVERSAS


a. Todos competidores deverão estar no local e data da prova 30
205 206
MODELO DE FICHA DE INSCRIÇÃO CAPÍTULO X

ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NA INSTRUÇÃO


CIRCUITO DE TIRO ALUSIVO AO ANIVERSÁRIO DA DE TIRO
________________________
“Ainda que na fase pré-hospitalar não se reverta
um quadro extremamente grave, a rapidez
Modalidade: Saque Rápido ( ) Duelo Metálico ( ) NRA ( ) IPSC ( ) de chegada à cena e ao hospital, bem como as
intervenções iniciais apropriadas, previne o
Dia___/___/___às___:___hs - Local: _________________ agravamento do quadro e o surgimento de novas
OPM: ________________________________________ lesões, melhora condições para alguns casos
e até atrasa resultados fatais, dando à vítima a
Armamento: ___________________________________ chance de chegar ao tratamento definitivo e se
Calibre: _______________________________________ beneficiar dele”.
Eveline do Amor Divino
Atiradores Inscritos:
1______________________TS/RH:________________
10.1 Generalidades
2______________________TS/RH:________________
O atendimento pré-hospitalar é aquele realizado nos primeiros
3______________________TS/RH:________________
minutos após ter ocorrido o agravo à saúde da vítima, levando-a a
deficiência física ou mesmo à morte. O reconhecimento crescente
da importância do atendimento pré-hospitalar representa um
dos maiores avanços no conceito de tratamento da emergência
médica, pois se sabe que a evolução de uma condição aguda e grave
depende, fundamentalmente, do emprego de medidas terapêuticas
adequadas.
Para o sucesso do serviço pré-hospitalar, é de vital importância o
trabalho de equipe, com todos os envolvidos no serviço, atuando
de modo harmônico a fim de que seja efetivo o desempenho ético-
profissional da Medicina. Faz-se necessário, então, o treinamento
e o espírito de cooperação.

207 208
10.2 Objetivos O kit básico para o atendimento pré-hospitalar deve
O atendimento pré-hospitalar (APH), popularmente chamado conter:
de “primeiros socorros”, tem por objetivo prestar o primeiro • Luvas de procedimento;
atendimento à vítima de algum mal, seja ele clínico ou traumático, • Ataduras;
de maneira a estabilizar seus sinais vitais e evitar o agravamento • Gazes;
do quadro em que a vítima se encontra até a chegada da equipe • Bandagem triangular;
especializada ou até o deslocamento à unidade de saúde. • Esparadrapo;
• Talas para imobilização de fraturas;
10.3 Planejamento e Logística da EPH • Colar cervical;
No planejamento da instrução de tiro o instrutor deve sempre prever • Prancha longa;
meios que possibilitem a execução das técnicas de atendimento • Respirador manual (Ambu);
pré-hospitalar. • Solução fisiológica.
Os principais cuidados a serem tomados durante o planejamento Antes de iniciar uma intervenção, é necessário priorizar a segurança
são: no atendimento através da “REGRA DOS TRÊS ESSES”:
• Possuir no local equipe treinada em APH; a) Cena do acidente (Scene);
• Possuir equipamento adequado para o atendimento; b) Segurança (Security);
• Conhecer a(s) Unidade (s) de Saúde mais próxima(s) para onde c) Situação (Situation).
possam ser encaminhadas as vítimas de possíveis incidentes. Em seguida procede com a avaliação primária, visando checar
A equipe capacitada em APH pode ser conseguida por meio de os sinais vitais da vítima e tratar as condições que a colocam em
solicitação ao Corpo de Bombeiros Militar, SAMU ou secretarias risco iminente de morte. Para melhor avaliação adota-se o processo
municipais de saúde. No entanto, é imprescindível que a equipe mnemônico da sequência alfabética (A-B-C-D-E):
e o próprio instrutor de tiro possuam ao menos conhecimentos A - Desobstrução das vias aéreas com controle da coluna cervical;
básicos de modo a auxiliar as equipes de socorro. B - Avaliar respiração e frequência ventilatória (Ver, Ouvir e Sentir
– VOS);
C - Avaliar a circulação e controlar hemorragias;
D - Avaliar o déficit neurológico - Nível de consciência
209 210
QUADRO 01 A lesão provocada nos tecidos inevitavelmente levará ao
Escala de Coma de Glasgow rompimento de vasos sanguíneos e consequente hemorragia. As
hemorragias são classificadas como:
• Externas: Saída de sangue pela ferida ou por orifícios naturais
do corpo.
• Internas: quando não há saída de sangue para o exterior do
corpo, ficando acumulado em alguma cavidade interna.
Fonte: adaptação da teasdale G,Jennett B. “assessment of coma and impaired
consciousness. A practical scale “the Lancet 13;2 (7872): 81 – 4, 1974. 10.4.1 Procedimentos para contenção de hemorragias:
• Compressão direta: Deverá ser feita primeiro o quanto antes
E - Exposição e ambiente com controle de temperatura. sobre o ferimento. A quantidade de pressão com as mãos e essencial
Após a estabilização dos sinais vitais da vítima, é realizada a para uma boa hemostasia. Caso não seja possível a compressão
avaliação secundária, a qual consiste em uma avaliação com as mãos por um período prolongado, usar uma atadura
minuciosa, a qual inicia na cabeça e vai até os pés. de crepom para amarrar as gazes com pressão no ferimento ou
Embora exista a possibilidade da ocorrência de inúmeras situações amarrar as compressas. Para contenção das hemorragias devera
que exijam a intervenção do socorrista, este capítulo visa orientar ser utilizado gazes ou compressas no local conforme foto abaixo.
apenas para aquelas situações relacionadas diretamente ao Quando não houver estes materiais usar um pedaço de roupa ou
exercício do tiro, são elas: hemorragias, queimaduras e fratura. tecido, principalmente de algodão para compressão. Quando uma
atadura estiver saturada de sangue acrescentar mais ataduras
10.4 Hemorragias em cima não retirando as ataduras saturadas para não perder o
O projétil de arma de fogo possui como uma de suas características trabalho de coagulação já iniciado.
produzirem lesões perfuro-contusas, onde haverá a cavidade
primaria ou permanente (lesão ocasionada pelo trajeto real do
projétil) e a cavidade secundaria ou temporária (lesão ocasionada
pela dissipação da energia do projétil após este atingir o alvo).

211 212
medica;
FIGURA 01 – Compressão direta 4- Não afrouxar o torniquete. Antes era indicado aliviar a pressão
para não acarretar lesões vasculares e necrose dos tecidos, mas hoje
estudos mostram que o torniquete pode ficar seguramente por um
período prolongado de até 120 minutos. Considerar o tempo de uso
do torniquete dentro do hospital, ou seja, transportar a vítima o
mais rápido possível preparando a equipe hospitalar ainda durante
Fonte: Protocolo para o Suporte Básico de vida do CBMGO o transporte da mesma;
• Torniquete: Caso a hemorragia não possa ser controlada por 5- Não use arame, fios ou similares para não agravar as lesões dos
compressão direta, usar o torniquete. As situações mais comuns de tecidos do membro.
utilização do torniquete são amputação, esmagamento de membros FIGURA 02 - Torniquete
e lesão de grandes vasos, devendo-se levar em consideração a
seguintes observações importantes na aplicação do torniquete:
1 - Usar uma faixa de 10 cm de largura (bandagem triangular),
enrolar duas vezes e dar um nó apertando-o suficientemente
para estancar a hemorragia. Nos membros inferiores o torniquete
devera ser aplicado com uma força maior do que com os membros
superiores. Colocar uma haste rígida de madeira ou metal e dar
Fonte: Protocolo para o Suporte Básico de vida do CBMGO
outro nó. Se a largura da faixa for maior não será eficiente na
Em caso de amputação ou avulsão completa, adotar as
hemostasia, assim como uma largura menor poderá promover
seguintes condutas:
lesões. O esfigmomanômetro é uma boa alternativa como
1 - Priorizar a segurança através da “REGRA DOS TRÊS ESSES”;
torniquete. Insuflar ate a mínima pressão capaz de interromper a
2 - Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
hemorragia;
3 - Proteja o local ferido;
2 - Aplicar o torniquete imediatamente proximal à lesão;
4 - Caso haja hemorragia intensa não controlada por outros meios,
3 - Anote o horário de inicio do procedimento e informar à equipe
usar o torniquete conforme descrito acima;
213 214
5 - Limpar cuidadosamente o segmento amputado/avulsionado um tempo prolongado de uso do torniquete. Entre escolher perder
com soro fisiológico e proteja o local ferido; um membro da vítima ou salvar a vida a decisão e óbvia no uso do
6 - Envolva o segmento amputado/avulsionado em gazes ou torniquete.
atadura umedecida em soro fisiológico; Os procedimentos apresentados até o momento referem-se a
7 - Coloque o membro se possível em saco plástico com cuidado de vítimas com hemorragia externa. A hemorragia interna requer
“não manter ar dentro dos sacos”; abordagem cirúrgica. Deve-se suspeitar de hemorragia interna
8 - Não congelar o segmento amputado/avulsionado colocando-a em casos de Rigidez ou distensão da parede abdominal, múltiplas
diretamente no gelo ou acrescentando outro agente de resfriamento, fraturas, fratura de fêmur e/ou cintura pélvica.
como gelo seco;
9 - Logo após, coloque o membro em recipiente com gelo, ou água 10.5 Queimaduras
gelada, sem que o membro tenha contato direto com estes líquidos. Considera-se queimadura toda lesão no tecido de revestimento
10 - Prevenir e/ou tratar estado de choque; do corpo humano causado por agentes térmicos (frio, calor e
11 - Informar o centro de operações para que a equipe cirúrgica seja eletricidade), químicos, radiação ionizante e ferimentos abrasivos.
preparada no hospital de referência. As queimaduras podem ser classificadas como de 1º, 2º e 3º graus,
Nota: A decisão cabe ao médico Regular. dependendo de sua profundidade. Queimaduras de 1º grau atingem
FIGURA 03 - Amputação apenas a camada mais superficial da pele (epiderme), apresentando
apenas dor e vermelhidão local (queimadura de sol, por exemplo).
As queimaduras de 2º grau atingem além da epiderme, a derme,
gerando vermelhidão e dor mais intensos, além de bolhas de água.
Nas queimaduras de 3º grau há o comprometimento de todas
Fonte: Protocolo para o Suporte Básico de vida do CBMGO as camadas da pele, podendo ainda atingir o tecido muscular e/
Os torniquetes foram deixados de ser usados por causa de suas ou tecido ósseo. Nestas queimaduras há áreas escurecidas ou
complicações, mas estudos científicos comprovam que aplicados esbranquiçadas em seu centro, com pouca ou nenhuma dor local.
adequadamente podem salvar vidas. As principais complicações
são as lesões em nervos e vasos e perda potencial do membro por 10.5.1 Condutas de atendimento em caso de queimaduras

215 216
térmicas: ferimento;
• Se a vítima estiver com fogo nas vestes, o fogo deve ser apagado • Não passar qualquer substancia no local queimado (pomadas,
rolando o corpo da vítima no chão, ou usando algo para abafar o mercúrio, óleos, pasta dental, etc.) e não perfurar as bolhas;
fogo, preferencialmente úmido, como um cobertor ou até a própria • Cobrir com compressas macias de gazes, embebidas em soro
gandola; fisiológico ou água fria, as queimadura nos olhos e logo após fixar
• As vias aéreas devem permanecer desobstruídas e deve-se ter com atadura de crepe sem efetuar pressão;
o cuidado de verificar se a vítima respira bem, principalmente se • Conduza a vítima até o atendimento médico especializado e
ocorrer queimaduras na face; informe a gravidade da queimadura ao médico.
• Sempre retirar partes da roupa que não estejam grudadas na área
FIGURA 04 - Condutas de atendimento em caso de
queimada, bem como anéis, relógios, pulseiras ou outros adornos; queimaduras térmicas
• Observe se há queimadura na circunferência do pescoço, com
risco de asfixia, ou membro e se os pulsos distais estão palpáveis,
comunique ao medico caso não estejam palpáveis;
• Estabeleça a profundidade, extensão e gravidade das lesões;
• Nas pequenas e médias queimaduras de 1º e 2º graus, lavar a área
afetada em água fria ou soro fisiológico (em torno de 15 minutos).
Fonte: Protocolo para o Suporte Básico de vida do CBMGO
Logo após, cubra-os com curativo úmido;
• Vitimas com queimaduras em grandes áreas corporais não devem
receber irrigação ou ter curativos úmidos, pois isto pode provocar 10.6 Fraturas

hipotermia. Utilizar curativo estéril seco (ataduras de Rayon) ou As fraturas caracterizam-se como lesões em um ou mais ossos

cobertor aluminizado para cobrir o ferimento (devido às dimensões do corpo. Podem ser reconhecido pela dor no local, hematoma,

da atadura de Rayon, em queimaduras extensas, não é possível deformidade, inchaço, incapacidade funcional, mobilidade

cobrir toda área queimada); anormal, crepitação óssea e até hemorragia e exposição do osso

• Nas queimaduras de 3º grau também deve ser utilizado curativo em caso de fraturas expostas. Importante salientar que as fraturas

estéril seco (ataduras de Rayon) ou cobertor aluminizado; ósseas, além da incapacitação do membro afetado e dor intensa,

• Cobrir a vitima com cobertor aluminizado, após a proteção do representam grande risco de hemorragia interna, principalmente
217 218
quando se tratar de ossos longos, como o fêmur. FIGURA 04 - Condutas de atendimento em caso de
fraturas

10.6.1 Condutas de atendimento em caso de fraturas:


• Sempre imobilize uma articulação proximal e uma distal;
• Cheque pulso periférico do membro afetado e a perfusão distal;
• Cheque a mobilidade e sensibilidade;
• Use talas, bandagens e ataduras. As ataduras serão utilizadas
apenas nas articulações, elas não devem envolver todo o membro
como um processo de mumificação;
• Use bandagem triangular para fraturas na clavícula, escapula e
cabeça do úmero; Fonte: Protocolo para o Suporte Básico de vida do CBMGO
• Nas fraturas em articulações imobilize na posição em que se
encontra;
• Nas fraturas anguladas (osso “dobrado”), gentilmente tente
alinhar o membro antes de imobilizar. Exceto se a fratura for no
fêmur;
• A tentativa de se alinhar o membro deve ser feita gentilmente, com
leve tração e apenas uma única tentativa. Se encontrar resistência
para alinhamento imobilize na posição em que se encontra com
tala rígida;
• Após a imobilização continue checando sensibilidade, pulso
periférico e perfusão capilar;
• Conter as hemorragias;
• Prevenir e/ou tratar estado de choque.

219 220
CONSIDERAÇÕES FINAIS o crime se aperfeiçoa de forma exponencial com o aumento da
segurança dos homens que laboram na Segurança Pública.
Buscou-se demonstrar que, para o exercício eficaz da atividade de Apresentamos ao instrutor dessa docência as técnicas
Segurança Pública, torna-se necessária a capacitação dessa mesma minunciosamente elaboradas por instrutores veteranos
categoria de profissionais que atuam na Docência da Instrução de especialistas conjuntamente com o corpo discente do I CIIT/SAESP
Tiro para melhor atender as exigências exigidas pela sociedade no esforço técnico para romperem-se os limites do empirismo
contemporânea, que suscita cada vez mais questionamentos acerca e da ausência de doutrinas tendo por zelo, melhor adequadas, e
da aplicação satisfatória do uso da força pelo Poder Público, a padronizadas às Instituições de Segurança Pública, notadamente o
despeito ainda de uma qualificação que confira mais segurança ao Estado de Goiás que necessitam atender as demandas de subsidiar
profissional que lida com a atual escalada criminosa de nosso país. com conteúdo específico a cerca do tema.
As instituições de Segurança Pública exercem um papel importante Ressalta-se ainda que esse Manual não tem a pretensão de exaurir
na manutenção e preservação da ordem pública, mesmo que para as discussões técnicas ou apresentar-se como verdade técnica
tal finalidade utilize como instrumento o uso da força letal como absoluta, engessada e/ou acabada; muito pelo contrário, quer
elemento inibidor de ações transgressoras de direitos, conforme suscitá-las e conhecê-las, visando a busca do que há de melhor para
preceitua o art. 284 do Código de Processo Penal: “não será a sociedade e as instituições encarregadas de sua proteção.
permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de
resistência ou tentativa de fuga do preso”; portanto, o uso indevido
da força acarreta violações de direitos e uma consequente crise
no sistema de Segurança Pública, fazendo toda sociedade discutir
o valor dos profissionais desse sistema. Assim, é que devemos
sempre buscar cada vez mais eficiência, profissionalismo, técnicas
e respeito amplo aos direitos vigentes, dando um significado junto
à sociedade do valor dos profissionais que lhes restam às vezes
apenas milésimos de segundo para decidir entre como e quando
utilizar a força policial. Nossa maior preocupação é justamente
entrelaçar técnicas e observância aos direitos num mundo onde
221 222
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS anatômica. Ilustração: Jean-Pierre Clémenceau; Frédéric Delavier;
Michael Gundill. Tradução: Marcos Ikeda. Barueri: Manole, 2012.
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SEVERIANO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS
Científico. 22. ed. rev. e ampl.. São Paulo: Cortez, 2005.
O instrutor de tiro policial defensivo deve primar pela busca
SILVA FRANCO, Alberto; STOCO, Rui. Código de Processo de uma formação continuada, ou seja, estar constantemente se
penal e sua Interpretação Jurisprudencial. 2 vol. São Paulo: atualizando a cerca dos assuntos ligados a doutrinas e técnicas,
Revista dos Tribunais, 2009. acompanhar as inovações tecnológicas dos armamentos e
equipamentos disponíveis no mercado, participar sempre que
SILVA JR., Euclides Ferreira da. Curso de Direito Processual possível de feiras, seminários, simpósios e visitas a fabricantes.
Penal. 2. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2006. Trocar informações com os demais instrutores de ordem técnica e
aplicação de doutrinas, bem como estar atento aos termos técnicos
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de Processo que norteiam o assunto. Foram selecionados alguns dos principais
Penal. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. termos técnicos e suas definições utilizadas neste Manual, ou que
podem ser objeto de estudo e indagações por parte do discente
ou até mesmo uma dúvida do próprio instrutor, os quais seguem
adiante:

Acabamento Fosco: Método ou processo de proteção semi-


brilhante ou fosco aplicado nas peças metálicas de uma arma, para
a proteção da mesma.

Ação Dupla: Mecanismo que faz com que a arma seja disparada
sem ser necessário engatilhar o cão primeiramente.

Ação Imediata: Procedimento técnico de manejo específico de


227 228
cada arma, ao receber, entregar ou empregá-la. ACP: (abrev.) Automatic Colt Pistol; Terminologia utilizada
para definir a munição utilizada em pistolas semi-automáticas
Ação Simples: Mecanismo de funcionamento onde o cão deve desenvolvidas pela Colt ou que utilizam seu sistema. Exemplo: .45
ser engatilhado antes que o primeiro tiro seja disparado. ACP e .32 ACP.

Ação: Mecanismo de funcionamento da arma (carregar, disparar, AK: (abrev.) Avtomat Klashnikova ou Automatic Kalashnikov.
descarregar e carregar novamente). Metralhadora de origem russa. É a metralhadora mais utilizada a
nível mundial.
Acetinado: Sistema utilizado para acabamento das superfícies
metálicas de uma arma, no qual a mesma é tratada com processo Alça de Mira: Parte do sistema de miras que se situa na parte
de jateamento de micro esferas de vidro, para a seguir sofrer banho anterior da arma.
eletrolítico ou oxidação.
Alcance Útil: Distância em que um projétil ainda possui eficácia.
Aço: Liga de ferro e carbono (teor de carbono variável entre
0,008% e 2,000%) que pode conter, outros elementos residuais Alcance Máximo: Distância entre o disparo e a queda do projétil.
resultantes do processo de fabricação.
Alimentação: Introdução dos cartuchos na arma através de seu
Aço Carbono: Liga de aço, com alto teor de carbono em sua carregador.
composição, cuja principal característica é sua alta dureza.
Alinhamento: Enquadramento entre alça, massa de mira e o
Aço Inoxidável: Aço feito com liga de metais, normalmente alvo.
níquel e molibdênio, que proporcionam grande resistência à
ferrugem e à corrosão. Alma: Face interna do cano de uma arma. Pode ser lisa, quando a
superfície em questão é absolutamente polida, como, por exemplo,
Aço Temperado: Aço que sofreu o processo de têmpera. no caso das espingardas que calçam cartuchos com múltiplos
projéteis de chumbo; ou raiada, quando o interior do cano possui
229 230
sulcos helicoidais dispostos no eixo longitudinal, destinados a pela combustão de um propelente confinado em uma câmara
forçar o projétil a um movimento de rotação. que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de
propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção
Ambidestro: Dispositivo de segurança que pode ser acionado e estabilidade ao projétil.
tanto por destros como por canhotos.
Arma de Fogo de Uso Restrito: Arma que só pode ser utilizada
Ângulo de Raiamento: É o ângulo formado pelas raias do cano pelas Forças Armadas, por algumas instituições de segurança, e por
de uma arma de fogo ou de ar comprimido, que imprime ao projétil pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas
o movimento de rotação, proporcionando-lhe estabilidade em sua pelo Exército, de acordo com legislação específica.
trajetória.
Arma de Fogo Portátil: Arma de fogo que pode ser transportada,
Ângulo de Tiro: Ângulo formado pela linha de tiro e a linha de manejada e operada por uma só pessoa.
visada; inclinação que se dá à arma para o alcance efetivo do tiro.
Arma de Porte: Arma de fogo de dimensões e peso reduzidos,
Anodizar: Processo de proteção aplicado em peças constituídas que pode ser portada por um indivíduo em um coldre e disparada,
por ligas leves de metais, normalmente alumínio. Sua aplicação é comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador;
feita através de banho eletrolítico e as cores obtidas são ilimitadas. enquadram-se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas.

AR: (abrev.) “Automatic Rifle”. Arma que faz recarga automática Arma de Pressão: Arma cujo princípio de funcionamento implica
depois do disparo. o emprego de gases comprimidos para impulsão do projétil, os
quais podem estar previamente armazenados em um reservatório
Arma: Artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou ou ser produzidos por ação de um mecanismo, tal como um êmbolo
não, a seres vivos e coisas. solidário a uma mola, no momento do disparo.

Arma de Fogo: Instrumento que serve para ataque ou defesa que Arma de Repetição: Arma em que o atirador, após a realização
expeli projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados de cada disparo, decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita
231 232
empregar sua força física sobre um componente do mecanismo Armamento Leve: Arma de calibre até .50 BMG, inclusive.
desta para concretizar as operações prévias e necessárias ao
disparo seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo. A retirada dos Armamento Pesado: Aquelas com calibres superiores ao .50
cartuchos descartados também é manual. MG.

Arma de Uso Permitido: Arma cuja utilização é permitida a Armas Automáticas: Com sistema de tiro em que a munição
pessoas físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo é disparada continuamente enquanto o gatilho é pressionado, ao
com a legislação normativa do Exército. mesmo tempo em que os cartuchos são descartados sem operação
manual (são aquelas que disparam rajadas).
Arma Longa: Denominação dada às armas de médio e grande
porte, onde o Atirador tem que utilizar ambas as mãos para efetuar Armas Semi-Automáticas: Com sistema de tiro em que a
a pontaria e o disparo. Utiliza bandoleira para transporte. munição é recarregada automaticamente, ainda que seja preciso
pressionar o gatilho para se efetuar os disparos subsequentes.
Arma Mocha: Arma que não possui cão ou sistema de disparo
aparente. Armeiro: Profissional que fabrica ou conserta armas.

Arma Não-Portátil: Arma que, devido às suas dimensões ou ao Arrasto: Terminologia utilizada para definir a força causada pela
seu peso, não pode ser transportada por um único homem. resistência do ar, também chamada de arrasto aerodinâmico, que
reduz a velocidade do projétil.
Arma Portátil: Arma cujo peso e cujas dimensões permitem que
seja transportada por um único homem, mas não conduzida em Atirador: Pessoa física praticante do esporte de tiro, devidamente
um coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a registrado na associação competente, ambas reconhecidas e
realização eficiente do disparo. sujeitas às normas baixadas pelo Exército.

Armação: Também chamada de chassis, é a parte da arma onde Automática: Tecnicamente o nome comum de todas as armas
estão localizados os mecanismos que a fazer funcionar. que carregam e disparam vários tiros com um único acionamento
233 234
do gatilho. seu impacto com o alvo, e Balística Terminal, que estuda os efeitos
do projétil sobre o alvo.
B
Balística de Efeitos: Estudo dos efeitos provocados pelos
Back Up ou Backup Gun: Anglicismo; Arma de apoio, projéteis no alvo, também conhecida por terminal ou de ferimento,
normalmente de pequenas dimensões, dissimulada no corpo do quando atinge um alvo humano/animal.
usuário; também conhecida por 2ª arma.
Balística Exterior: Estudo do movimento do projétil a partir da
Baioneta: Termo genérico para a arma branca que se adapta saída do cano da arma, sob a influência da força de gravidade e
na extremidade da arma de fogo, para o combate de choque. A das implicações aerodinâmicas do projétil, o mesmo que “Balística
verdadeira baioneta não tem gume, ferindo somente pela ação da Externa”.
ponta. Hoje em dia esta arma é chamada de sabre pelo exército.
Balística Interior: Estudo do movimento dos projéteis dentro
Bala de festim: Cartucho carregado com pólvora ou outro do cano da arma, em decorrência da ação do propelente utilizado.
propelente, mas sem projétil, para gerar o som e a fumaça do
disparo. Balote Raiado: Balote que possui um tipo de raiamento em
sua área de contato com o cano da arma, com a finalidade de
Bala: Projétil esférico, alongado ou ogival com que se carregam as proporcionar maior estabilidade na trajetória.
armas de fogo. Também usado para indicar o projétil e o cartucho
juntos. Termo abandonado pelo exército hoje em dia. Bandoleira: Tira de couro, lona, ou material similar, fixado à
arma junto à coronha e parte anterior do cano ou guarda mão,
Balística: Ciência que estuda todos os aspectos físicos relativos servindo para o transporte de armas e acessórios, bem como para
aos projéteis após seu disparo. Divide-se em: Balística Interna, apoio no tiro.
que estuda a ignição da espoleta, a queima do propelente e o
deslocamento do projétil dentro do cano; Balística Externa, que Banho “a Boneca”: Antigo e demorado processo de oxidação,
estuda o deslocamento e trajetória do projétil desde sua saída até utilizado para criar uma película protetora e de acabamento sobre
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as armas de fogo. cartucho na câmara. Esse sistema foi criado para armas que não
utilizam altas pressões, como pistolas, submetralhadoras.
Banho de Níquel: Processo de banho eletrolítico, onde é
aplicada uma fina película de níquel sobre as peças, para proteção Brinell, Escala de Dureza: Sistema numérico de cálculo
das mesmas. desenvolvido por Johann Brinell para comparar a dureza relativa
dos metais, através da medição da mossa deixada por uma esfera
Barra de Transferência: Nos modernos revólveres, um de aço endurecido, comprimida contra a superfície do metal a ser
dispositivo de segurança em forma de uma pequena barra, preso ao testado, com uma pressão previamente conhecida. A dureza Brinell
gatilho, o qual impossibilita o cão de percutir a espoleta do estojo, é conhecida pela abreviatura BHN, e, quanto maior for o número
em caso de percussão direta sobre o cão, só permitindo a percussão obtido, maior será a dureza do metal.
se o gatilho for realmente acionado.
Burst: Rajada curta de 2 ou 3 tiros.
Barricado: Protegido por uma barricada.
C
Bigorna: Peça ou ponto metálico inserido dentro da espoleta ou
embutida no alojamento do estojo, contra a qual é comprimida Cabo: Empunhadura; Peça de plástico, borracha ou madeira que é
a massa explosiva da espoleta pela percussão da agulha ou cão, utilizada para dar empunhadura às armas de mão.
produzindo a detonação.
Cadência de Tiro: Velocidade ou número de tiros disparados
Blowback ou Blow Back: Na tradução direcionada teríamos por uma arma em determinado espaço de tempo, normalmente 1
golpe de volta, sendo um sistema de operacional à gás em armas minuto.
de fogo que dispensa o sistema de travamento da culatra. Devido
à expansão dos gases da “explosão” do cartucho que se encontra Calibre Nominal: É o calibre que serve para designar as munições
no cano da arma, o ferrolho é impulsionado para trás, a mola e armas, e geralmente não correspondem ao calibre real delas.
recuperadora absorve a energia passada ao ferrolho, provocando
a seguir o retorno do ferrolho para frente, colocando um novo Calibre Real: É a medida exata do interior do cano de uma arma.
237 238
Geralmente, apesar de sua fidelidade métrica, não dá nome a armas seja fixado ou retirado da arma, com facilidade, por ação sobre um
e munições. O calibre real costuma ser expresso em milímetros ou dispositivo de fixação.
em frações de polegadas.
Carregar: Consiste em colocar o cartucho na câmara em condições
Calibre: Palavra que deriva do árabe; Medida do diâmetro de disparo.
do projétil entre os fundos do raiamento do cano de uma arma
(diâmetro do projétil) ou o diâmetro medido entre cheios, isto Cartucho: Termo correto para designar o conjunto estojo/
é, medido diretamente na boca do cano desconsiderando-se a pólvora/projétil /espoleta. Pode ser utilizado para identificar
profundidade do raiamento (calibre real). É utilizada para definir munição com projéteis‚ únicos ou múltiplos (cartucho de Caça).
ou caracterizar um tipo de munição ou arma.
Cavidade Temporária: Perfuração de diâmetro maior que do
Câmara: Parte posterior do cano que recebe o cartucho completo. projétil, causada pela passagem deste em alta velocidade no corpo
que atinge.
Cano Flutuante: Tipo de cano de arma de fogo que é preso e
fixado apenas pela caixa de culatra, não sofrendo nenhum contato Cavitação: Lesão provocada por arma de fogo.
com a coronha da arma.
Centímetro: Unidade de medida do Sistema métrico decimal,
Carabina: Geralmente uma versão mais curta de um rifle de correspondente à centésima parte de um metro, equivalente a
dimensões compactas. No jargão militar era inicialmente uma arma .3937 de polegada.
de dotação da Cavalaria e Artilharia, bem como de Intendência.
Certificado de Registro - CR: Documento hábil que autoriza as
Carregador: Artefato projetado e produzido especificamente pessoas físicas ou jurídicas à utilização industrial, armazenagem,
para conter os cartuchos de uma arma de fogo, apresentar-lhe um comércio, exportação, importação, transporte, manutenção,
novo cartucho após cada disparo e a ela estar solidário em todos recuperação e manuseio de produtos controlados pelo Exército.
os seus movimentos; pode ser parte integrante da estrutura da
arma ou, o que é mais comum, ser independente, permitindo que Cheio: Denominação dada ao espaço localizado entre duas raias
239 240
consecutivas. CQB: (abrev.) Close Quarter Battle ou Close Quarters Combat
(CQC): Na tradução direcionada teríamos combate à curta
Chocke do Cano: Estrangulamento do comprimento final do distância, designando o conjunto de tácticas e metodologias usadas
cano. Tem como função fazer com que as estrias agarrem com em combate de curto alcance, sobretudo em locais confinados
firmeza o chumbo antes de este sair do cano. e com pouco espaço. Estas táticas diferem em muito nas usadas
em vegetações ou espaços abertos baseando-se muito na rapidez e
Choke: Mecanismo de redução ou afunilamento acoplado à boca agressividade da ação.
do cano de armas que utilizam cartuchos carregados com balotes
de chumbo, e que controla a dispersão desses balotes quando Coeficiente Balístico: Fator matemático que revela a tendência
ocorre o disparo. que o projétil tem para conservar a energia ao longo da trajetória.
Quanto mais elevado for o valor do coeficiente balístico melhor o
Choque Hidrostático: Movimentação grande e brusca dos projétil retém a sua velocidade e energia ao longo do voo.
resíduos líquidos que se encontram dentro do organismo gerando
ondas de choque, causando lesões estendidas além do diâmetro do Coldre: Originalmente, sempre usado no plural coldres. Trata-se
projétil (cavitação). de estojos de couro colocados nos lados da sela de um cavalo, para
carregar o par de pistolas ou outro tipo de armas de um cavaleiro.
Chumbamento: Retenção de chumbo no interior do cano, mais Posteriormente passou a indicar um estojo de couro ou outro
precisamente no raiamento, em virtude de falta ou deficiência na material, preso ao cinto, para colocação de revólver ou pistola.
manutenção ou utilização incorreta de munição.
Colimador: Aparelho para regulagem de lunetas acopladas em
Click: Dispositivo de ajuste de miras reguláveis, geralmente armas de fogo sem que seja preciso dispará-las.
por intermédio de um parafuso, uma mola e esfera de aço; ruído
característico do ajuste de miras reguláveis. Colt, Samuel: Inventor norte-americano de Armas de Fogo,
nascido em 19 de julho de 1814 em Hartford, no estado de
Clip: Carregador. Connecticut, famoso pelo invento e desenvolvimento do revólver,
tendo criado em 1836, uma companhia que estabeleceu a produção
241 242
massificada deste tipo de Arma de Fogo. projéteis, os quais são disparados através de dois ou mais sensores
eletromagnéticos ou fotoelétricos, assim calculando o tempo
Combustão: Diz-se normalmente da queima da pólvora ou dispendido para que os projéteis tenham passado, entre os dois
propelente, mudando o estado físico do mesmo, produzindo grande pontos, estabelecendo a seguir a velocidade correta.
quantidade de calor e formação de gases, através de processo
causado por calor ou choque. Culote: Porção traseira de um cartucho, onde estão localizadas a
canaleta de extração e a espoleta.
Compensador: Dispositivo colocado na boca do cano de uma
arma que desvia parte dos gases resultantes da queima da pólvora Curso do Gatilho: Folga que o gatilho apresenta até acionar o
para cima, diminuindo assim o recuo ou elevação do cano. mecanismo de disparo.

Cone de Lesão: Lesão causada por faca que depois de introduzida Customização: Alteração das características técnicas e estética
no corpo, sofre um movimento circular no interior. feita sob medida e sob encomenda.

Coroa do Cano: Fim do cano, zona onde o chumbo é libertado das Decocker Level: Alavanca de desarme do cão engatilhado,
estrias. É importante que a coroa seja perfeitamente maquinada, e existente em algumas pistolas semi-automáticas; também chamado
que seja perpendicular ao cano de modo a que o chumbo se liberte de registro de segurança.
de todas as estrias ao mesmo tempo.
Deflagração: Nome dado à reação de combustão acelerada do
Coronha Rebatível: Coronha dobrável que facilita o transporte propelente (pólvora) que ocorre em cartuchos de munição, com
das armas. aumento local de temperatura, pressão e velocidade de até 400
m/s .
Coronha: Peça de apoio ligada à caixa da culatra e mecanismos de
armas longas, geralmente feita em madeira, alumínio ou polímero. Deflagração por Retardo: Deflagração atrasada da cara de
projeção, devido a defeito da espoleta ou da própria pólvora.
Cronógrafo: Aparelho eletrônico, para medir velocidade dos
243 244
Desmontagem Simples: Desmontagem de uma arma sem E
utilização de ferramentas, considerada de primeiro escalão na
designação militar. Ejetar: Lançar o estojo ou o cartucho para fora da arma.

Destravar: Desbloquear o mecanismo de trava da arma. Emprego Coletivo: Uma arma, munição, ou equipamento é
de emprego coletivo quando o efeito esperado de sua utilização
Detonação: Fenômeno característico dos chamados altos eficiente destina-se ao proveito da ação de um grupo.
explosivos que consiste na autopropagação de uma onda de choque
através de um corpo explosivo, transformando-o em produtos Emprego Individual: Uma arma, munição, ou equipamento é
mais estáveis, com liberação de grande quantidade de calor e cuja de emprego individual quando o efeito esperado de sua utilização
velocidade varia de 1.000 a 8.500 m/s. eficiente destina-se ao proveito da ação de um indivíduo.

Disciplina de Luzes e Ruídos: Cautela que o agente de Energia do Projétil: A energia cinética do projétil em sua
Segurança Pública deve ter durante incursões, adentramentos trajetória; a sua capacidade de executar trabalho; normalmente
furtivos e ações que necessite do efeito surpresa para não se ver medida em libras-pé (foot-pounds) ou quilograma-metro (kgm).
denunciado pelos ruídos e sinais luminosos que venha a provocar.
Engatilhamento: É a operação de se colocar o dispositivo de
Duelo Metálico: Consiste em uma modalidade de tiro desportivo acionamento de percussão de uma arma em condições de disparo.
onde dois atiradores fazem uma série de 05 (cinco) alvos metálicos
(poppers), disputando a velocidade do tiro somado com a precisão, Engatilhar: Colocar o cão da arma na posição de ação simples.
de forma que cada um deve derrubar os alvos em ordem, fazendo
pelo menos uma recarga, de forma que o último alvo, ao cair, fique EPI: Equipamento de Proteção Individual.
em baixo do alvo adversário, indicando que foi acertado em menor
tempo. Espingarda: Arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa,
isto é, não raiada.

245 246
Espôco: Deflagração espontânea da carga de projeção do cartucho Explosivo: Substância inflamável que pode produzir uma comoção
dentro da câmara, provocada pela temperatura do cano. O termo acompanhada de detonação, produzida pelo desenvolvimento
equivalente em inglês é “cook off”. súbito de uma força ou a expansão súbita de um gás.

Espoleta de Percussão: Pequena espoleta feita de cobre ou Extrair: Retirar o estojo ou cartucho da câmara da arma.
latão, contendo leve quantidade de detonador como fulminato de
mercúrio. Utilizada em armas de antecarga. F

Estatuto do Desarmamento: Diploma legal que restringem a Fechamento: Consiste na obstrução da câmara pela parte anterior
comercialização, o porte e a posse de armas de fogo no Brasil. da culatra ou ferrolho, sem nenhum dispositivo de trancamento.

Estojo: Cápsula cilíndrica, cônica ou com o formato de “garrafa” Feedback: É o procedimento que consiste no provimento
do cartucho, na qual se alojam a espoleta e o projétil e que contém de informação à uma pessoa sobre o desempenho, conduta,
o propelente (pólvora). eventualidade ou ação executada por esta, objetivando orientar,
reorientar e/ou estimular uma ou mais ações de melhoria, sobre as
Estrias: Conjunto de segmentos helicoidais que compõem o ações futuras ou executadas anteriormente.
relevo da alma de um cano estriado.
Ferrolho: Dispositivo acionado na culatra da arma, consistente
ExcludentesdeIlicitude:Quandoháexclusãodaantijuridicidade em um eixo de ferro que se move para diante e para trás, fechando
do fato típico praticado; quando um agente pratica um fato típico o cartucho ou estojo na câmara durante o disparo.
(descrito na lei) nas situações de estrito cumprimento do dever
legal, exercício regular de direito, legítima defesa ou estado de Fiador de Arma: Acessório de armaria. Cordão de couro, tecido
necessidade. ou outro material que, preso a arma, passava pela mão do operador,
para que a arma não fosse solta acidentalmente.
Explosão: Reação explosiva com alto grau de calor e pressão, e
velocidades acima de 8500 m/s. Fiel: Cordão acoplado ao anel existente no cabo de uma Arma
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Curta de uso militar (pistola ou revolver), preso à platina da farda, “grains” numa libra.
para evitar a remoção da arma por terceiros ou por queda acidental.
Guarda Mato: Proteção metálica ou de plástico, de forma
FPS: (abrev.) Feet Per Second ou Pês por segundo. Corresponde a recurva, que envolve o gatilho de armas portáteis. Os guarda-matos
média usada para medir a velocidade de projéteis. de algumas pistolas modernas têm uma concavidade anterior para
permitir um melhor posicionamento da segunda mão no ato do
FMJ: (abrev.) Full Metal Jacket; Totalmente jaquetado, referindo- tiro.
se à jaqueta do projétil.
Guia de Tráfego – GT: Documento que autoriza o tráfego de
Fogo Central: Refere-se aos calibres que possuem sua espoleta produtos controlados.
inserida no centro do estojo ou cartucho. É também uma
modalidade de Tiro Olímpico. H

Fogo Circular: Cartucho que tem sua espoleta selada ao redor do H&K: (abrev) Heckler & Koch: Marca alemã de armas, responsáveis
anel da base do estojo. O percussor, ao bater em qualquer parte do pelo fabrico das não menos conhecidas, G3, MP5 e G36 entre
anel, detona a carga da espoleta. Exemplos populares deste sistema muitas outras. Esta marca e considerada por muito como a melhor.
são os calibres: .22 Short; .22 Long.
Hollow Point: Ponta oca. Assim é denominado o projétil que
G possui em sua extremidade um orifício não passante. Também
chamado erroneamente de “Dum Dum”.
Gatilho: Alavanca ou dispositivo de uma arma que, quando
acionada pelo dedo do Atirador, aciona o mecanismo de disparo, Hollow Soft Point: Projétil de ponta macia oca.
liberando o cão ou percussor para o disparo de tiro.
I
Grain: Unidade de peso no sistema norte americano equivalente a
0,0648 de grama, possuindo a grama 15,43 grains. Existem 7.000 Impulsor: Peça no formato de uma pequena haste com unha,
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fixada ao cão ou ao gatilho, que roda o tambor do revólver quando definir que o projétil possui uma jaqueta de metal, normalmente
este é engatilhado. cobre ou liga de latão, sobre o seu núcleo. No caso de armas, diz
respeito à proteção colocada sobre os canos das mesmas visando o
Incidente de Tiro: Interrupção no funcionamento da arma, em arrefecimento.
consequência de ação imperfeita de peça, falha da munição ou,
ainda, falta de perícia do atirador. Jarda (Yard): Unidade de medida de comprimento inglesa
equivalente a 0,914398 m.
Inspeção: é o ato de verificar a disponibilidade do material e
detectar falhas mecânicas ou de fabricação, etc. Jet Loader: Dispositivo que permite rápido carregamento dos
tambores de revólveres, colocando todos os cartuchos nas câmaras
IPSC: (abrev.) International Pratical Shooting Confederation; ao mesmo tempo.
Confederação Internacional de Tiro Prático; tipo de modalidade
de tiro desportivo com arma curta ou longa, em que o atirador Joule: Unidade métrica de energia, correspondente a metade
“resolve” várias pistas (stages) em situações práticas atirando do produto da massa (em grama) pelo quadrado da velocidade
parado ou em movimento, transpondo obstáculos, através de (em metro por segundo). Esta unidade é usada no tiro com ar
janelas e portas, sob ou sobre anteparos, barricadas, usando enfim comprimido normalmente para descrever a energia cinética que
variadas posições de tiro e distâncias, com velocidade e força, sem um chumbo possui à boca do cano.
descuidar da precisão.
K
J
Kevlar: Fibra sintética desenvolvida em 1974, muito mais forte
Janela de Ejeção: Janela, pórtico ou portal, situado no carro das e resistente que o aço, utilizada para a confecção de blindagens e
armas semi-automáticas e automáticas, por onde são ejetados os coletes à prova de bala, possuindo pouco peso, o que permite seu
cartuchos ou cápsulas deflagradas. uso sem as inconveniências de blindagens e revestimentos feitos
com aço.
Jaqueta: Camisa ou encamisamento, termo utilizado para
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L de técnica, que é a postura das mãos e do desenvolvimento motor,
é o desenvolvimento do mecanismo necessário para a realização de
Limpeza: É a atividade que visa manter o material livre de resíduo uma atividade se valendo das armas, equipamentos e acessórios de
de tiro, de ferrugem, de graxa, de poeira e outros corpos estranhos. que dispõe.

M Minuteria Eletrônica: Consiste em um aparelho eletrônico,


utilizado no Saque Rápido, que gira os alvos ao final de um tempo
Magnum: Indica carga mais forte num determinado cartucho, estimado, de maneira que o atirador não possa mais efetuar
utilizado também em armas especiais. disparos naquele alvo.

Manejo: Conjunto de operações necessárias para realizar o Minuto de Ângulo (MOA): Maneira de medir a precisão do
funcionamento completo de uma arma de fogo. grupamento de tiro. É medida angular correspondente a 1/60 de
um grau, o que representa 1.05”, sendo normalmente arredondado
Manutenção: É o conjunto de operações destinadas à conservação, para 1 por 100 jardas, o que permite dizer que um grupamento de
reparação e recuperação de material. 3” a 300 jardas tem a precisão de 3 MOA.

Martelo de Inércia: Martelo Inercial; dispositivo em forma Mira Ajustável ou Regulável: Sistema de mira regulável, que
de um martelo, utilizado para desativar e desmontar munições, permite a correção na altura, elevação ou em ambos os sentidos.
possuindo um sistema de fecho em sua base.
Mira Laser: Apontador Laser. Sistema de mira que emite um raio
Massa de Mira: Parte posterior do aparelho de pontaria de uma laser sobre o alvo definindo o local a ser atingido, através de ponto
arma, normalmente montada próximo à extremidade anterior do luminoso.
cano da arma.
Mira Noturna: Equipamento de visão noturna; conjunto de
Memória Muscular: É aquela relacionada ao contato direto miras para o tiro noturno, que normalmente utiliza sistema
com o armamento/equipamento/acessório, que podemos chamar infravermelho.
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Mira Telescópica: Sistema telescópico de mira ou visada, o projétil pode realizar durante sua trajetória em função de
basicamente composto por uma luneta e um suporte, devidamente um deslocamento de seu eixo passando a exercer uma rotação
afixado sobre a arma, através do qual se faz a visada e enquadramento longitudinal.
do alvo.
Munição: Artefato completo, pronto para carregamento e disparo
Miras Fixas: Aparelho de pontaria, sem dispositivo para de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação
regulagem ou correção de desvio lateral ou altura. ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício;
manejo; outros efeitos especiais.
Modified: Categoria do tiro desportivo, onde as armas podem ser
modificadas em sua estrutura, devendo obedecer a alguns limites. Munição +P: Munição carregada com maior carga, gerando
Está entre as categorias Standard e Open. maior pressão que a “standard”, visando aumentar a velocidade e
energia do projétil.
Mola Real: Denominação dada à mola que promove a ação e
movimentação do cão de um revólver ou pistola. Munição +P+: Munição desenvolvida recentemente, com vistas
ao uso policial e com níveis de velocidade e pressão ainda maiores
Mola Recuperadora: Mola geralmente helicoidal, localizada que os da munição +P.
no interior de armas automáticas e semiautomáticas; opondo-se
à abertura do ferrolho e, quando este chega ao fim de seu curso, Munição de Festim: Munição carregada com Pólvora Negra
armazenou energia suficiente para fazê-lo voltar à posição inicial. ou pólvora especial sem fumaça, não possuindo projétil. Utilizada
normalmente para simular o tiro, sinalizar partidas de corridas,
Movimento de Rotação do Projétil: Movimento que o projétil produções teatrais, exercícios militares e treinamento de cães.
realiza durante sua trajetória, em torno do seu próprio eixo,
proporcionado pelos raiamentos dos canos, portanto, projéteis Munição de Manejo: Munição destinada exclusivamente à
expelidos por armas de alma lisa não realizam este movimento. instrução no manejo do mecanismo de repetição, de carregar e
descarregar o depósito e câmara, possuindo em seu estojo sulcos
Movimento de Translação do Projétil: Movimento que estriados ou até mesmo orifícios, sendo inerte, não possuindo nem
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pólvora nem espoleta real. Utilizado em armas para proteção e acabamento.

Munição Perfurante: Aquela que tem a capacidade de romper NRA: (abrev.) National Rifle Association; modalidade de tiro
obstáculos sólidos e blindagens sem se deformar ou com o mínimo desportivo em que o atirador apura a sua precisão em diferentes
de deformação. distâncias.

Munição Subsônica: Munição desenvolvida para operar a O


velocidades inferiores à do som, para uso em armamento provido
de silenciadores. Obréa: O mesmo que obreia. Pedaço redondo ou quadrado de
material adesivo, normalmente papel, utilizado para fechar os
Munição Traçante: Munição composta de projétil portador de orifícios dos tiros dados no alvo, permitindo nova série de tiros.
substância química, normalmente à base de fósforo ou magnésio,
que se inflama, deixando em seu percurso um rastro luminoso, Open: Categoria do tiro desportivo, onde as armas podem
cuja finalidade é identificar a trajetória e o local do impacto. ser totalmente modificadas em sua estrutura para aumentar a
velocidade do tiro.
Municiar: Operação de manejo que consiste em colocar os
cartuchos nos carregadores da arma ou no tambor de um revólver. Operação: Modo de funcionamento de determinada arma (por
recuo direto, retardado, a gás, etc.).
N
Oxidação: Ato ou processo de imergir as peças metálicas da arma
Nega: Ocorre quando o gatilho é acionado, promovendo a num banho fervente de sais metálicos e água, deixando-as com
percussão, porém não há a deflagração do cartucho, por defeito em tonalidade azul, promovendo sobre a superfície uma partícula para
um de seus componentes. Mais comum apresentar em munições impedir a oxidação.
velhas ou mal conservadas.
Oxidar: Ato de promover uma película protetora, geralmente
Niquelado: Revestimento de níquel através d e banho eletrolítico. preta ou azul escura, através de banho químico.
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P Pistol-grip: Empunhadura de pistola utilizada em armas longas.

Para-balas: Estrutura existente atrás de um alvo que recebe os Plastilina: Massa para modelar de textura similar ao da argila;
impactos dos tiros. diz-se de substância sintética utilizada em testes balísticos tendo
características similares às dos tecidos humanos.
Passo do Raiamento: Ângulo de inclinação das raias existente
dentro do cano de uma arma, o qual determina o número de Plate: Tipo de alvo metálico, no formato de um prato; gongo.
rotações que o projétil irá alcançar.
Poder de Polícia: Segundo o art. 78 do Código Tributário é a
Passos das Raias: Espaços entre os filetes das raias. atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção
Pé: ou Pés no plural é uma medida anglo-americana de de fato, em razão de interesse público concernente à segurança,
comprimento equivalente a 0, 3048 m. Símbolo: ’. à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
Pepper Popper: Nome dado ao alvo metálico recortado, de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública
pequenas dimensões, com formatos variados, mas sempre com ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
uma área redonda maior. Diz-se do poder discricionário atribuído ao agente público de agir
dentro dos limites legais, limitando se o necessário, as liberdades
Percussor: Tem a mesma finalidade do percutor, todavia, é móvel individuais em favor do interesse maior da coletividade.
e, embora, independente do cão, dele é dependente para percutir a
espoleta. Polegada: A polegada é uma unidade de comprimento usada no
sistema imperial de medidas britânico. Uma polegada são 2,54
Percutor: Componente das armas de fogo que atinge a espoleta centímetros ou 25,4 milímetros ou ainda 0,0254 metros. Possui
em um cartucho detonando-a. Articula-se com o cão da arma, como Símbolo: (”).
sendo, portando, usinando junto a este.
Pólvora: Material sólido, que ao entrar em combustão (gradual)
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libera gases. Funciona como propelente do projétil, uma vez que o de arma. Profissionais de segurança privada têm direito ao porte
estojo é fechado em uma extremidade e o gás tem que escapar por em serviço.
onde existe menor resistência. Existem dois tipos básicos: Pólvora
Negra, hoje praticamente em desuso e as Pólvoras sem Fumaça, Posse de Arma: Ter arma de fogo, legal ou não, ao alcance e
que podem ser de Base Simples, Dupla e Tripla.. disponível para uso. No caso da posse ilegal de arma, o usuário fica
sujeito à prisão.
Polvorímetro: Dosador regulável de pólvora.
Pressão de Câmara: Denominação da pressão gerada pela
Ponta: Terminologia popular para definir o projétil de arma de combustão da pólvora, medida geralmente em PSI (libras por
fogo. polegada quadrada).

Pontas Jaquetadas: São projéteis de chumbo, envolvidos por Production: Categoria do tiro desportivo, onde as armas não
uma carapaça de cobre ou alumínio. Comumente são empregados podem ser modificadas em sua estrutura, devendo ser utilizada
em armas automáticas e semiautomáticas, devido a sua maior como veio da fábrica.
confiabilidade no que diz respeito à alimentação. Seu desenho é
geralmente ogival, permitindo-lhe uma boa pene- tração, porém Projéteis Semi-Encamisados: São aqueles em que a jaqueta
o corte deixado no corpo de um indivíduo por esse tipo de projétil de cobre (ou alumínio) não chega a cobrir todo o projétil, deixando
possui uma baixa carga traumática, já que a ferida possui um canal sua ponta de chumbo exposta. Podem ser de ponta oca ou de
estreito. ponta macia, possuindo maior expansão e maior penetração,
respectivamente. São munições comumente empregadas em
Ponto de Impacto: Local que o projétil atinge quando é revólveres, em especial os de calibre. 357” Magnum, sendo que a
disparado. de ponta oca é considerada a mais efetiva para o uso desse calibre.

Porte de Arma: Direito ou licença de um cidadão de possuir Psicomotricidade/Psicomotor: É a ciência que tem como
uma arma de fogo. Magistrados, militares, policiais, promotores, objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em
procuradores e defensores públicos têm direito garantido a porte relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo
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de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, R
afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o
movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um Raiamento: Estrias helicoidais existentes no interior do cano de
termo empregado para uma concepção de movimento organizado uma arma que fazem com que o projétil adquira um movimento de
e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja rotação necessário para estabilizar-se durante a trajetória.
ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua
socialização, segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade; Raias: Sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das
essa psicomotricidade vale para a relação individual de cada para armas de fogo, geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade
com seu instrumento de trabalho: o médico com o bisturi, o pianista de propiciar o movimento de rotação do projétil, ou granada, que
e o piano e o agente de segurança pública com seus armamentos, lhe garante estabilidade na trajetória.
equipamentos e acessórios.
Rajada: Tiro contínuo, também conhecido como modulo
Pump Action: Anglicismo; Nome do sistema operacional automático.
de armas de repetição no qual o mecanismo é operado pelo
deslocamento manual da “telha” da arma, que é móvel, e a cada Rampa: Acesso (plano inclinado) pelo qual a munição é conduzida
movimento efetua a carga, ejeção e remuniciamento. à câmara de uma arma automática ou semiautomática.

Punção: Ferramenta para percutir, furar, sacar pinos ou marcar Recarga: Reconstituição de um cartucho já deflagrado e dilatado.
alguma peça. O cartucho é recalibrado, retirado a espoleta, limpo e montado
novamente para ser reutilizado.
Q
Recarga Emergencial ou Operacional: ocorre em situações de
Quebra-Chamas: Dispositivo montado à frente do cano de confronto armado quando as munições do armamento utilizando
armas milita- res destinado a reduzir a chama gerada pelo disparo. findam-se, sendo necessária a inserção de mais munições para
continuar a manutenção de fogo.

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Recarga Tática: Realizada em ambiente de ocorrência, mas não Retém do Carregador: Dispositivo que fixa o carregador na
em confronto, trocam-se os carregadores e as munições da primeira armação (chassi) da arma, liberando-o mediante sua compressão.
carga por um novo carregador ou munições, geralmente abrigados
e com apoio de cobertura da equipe. Ricochete: Desvio do projétil após colidir com uma superfície
sólida ou líquida.
Recuo: Energia resultante do disparo de um cartucho, que lança
a arma para cima e para trás. Decorre da força de ação e reação S
da queima da pólvora, onde o projétil é lançado para frente pelo
cano e o estojo lançado para trás, junto com a arma com folgas nas S&W: (abrev.) Smith & Wesson (fabricante norte-americano de
medidas ou indicações prescritas nos manuais técnicos. Armas de Fogo).

Remington: Unidade de medida de calibre desenvolvida em 1957 Sarilho: Peça utilizada para alojar e guardar armas longas.
pela Empresa bélica Remington Arms para o calibre .223 também
conhecido como calibre 5,56 mm ou 5,56 x 45 mm fabricado para o Saque Rápido: Modalidade de tiro desportivo em que o atirador
fuzil de assalto AR-15 utilizado pelos Estados Unidos na década de apura a sua velocidade combinada com a precisão em diferentes
1960. Em 1980 foi adotado pela OTAN em substituição ao calibre distâncias, utilizando para tal o sistema de minuteria.
7,62 mm.
Seletor de Tiros: Tecla de armas automáticas, geralmente situada
Repetição: Sistema de alimentação de uma arma no qual o usuário na culatra, que permite fazer tiros seletivos, seja intermitentes ou
tem que acionar o mecanismo, após cada tiro, para remuniciar a de rajada, com a alteração da posição da mesma podendo também
mesma. efetuar “bursts” rajadas curtas (bursts).

Retardo: Fenômeno que ocorre quando, por defeito na munição, Semi-Automático: Mecanismo, pelo qual, numa única
a carga de projeção vem a se inflamar alguns instantes depois movimentação do gatilho, a arma carregada e engatilhada dispara
de percutida a espoleta. Ocorre com munições velhas ou mal o tiro, ejeta o estojo deflagrado, insere outro cartucho e rearma o
acondicionadas, e pode representar grande risco de acidente. gatilho para novo disparo. Este mecanismo é movido pelos gases da
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queima da pólvora, não devendo ser confundido com Automático. Stock: Parte traseira da arma também chamada de culatra.

Silenciador: Denominação errônea para o termo “Supressor”, em Stopping Power: ou Stop Power que na tradução literal equivale
que um dispositivo é acoplado à boca do cano para reduzir o som a Poder de parada. Representa a capacidade de determinada
do tiro. Não existem dispositivos que silenciam a arma. Apenas munição neutralizar a ação de um agressor com apenas um tiro,
reduzem o ruído provocado pelo disparo. colocando-o fora de combate, e preferencialmente sem necessidade
de matá-lo.
Silhueta: Desenho do perfil de uma pessoa ou objeto, segundo os
contornos que sua sombra projeta que é utilizado em alvos. T

Situação e Ato Inseguros: São ações/omissões que podem Tamborilador: Máquina utilizada para limpeza de cápsulas.
facilmente gerar acidentes graves. Essas negligências de cuidado
estão situadas no campo do perigo, e exigem atenção constante. Telha: Parte anterior de apoio em Armas Longas, feita de madeira,
São situações geradas pela fadiga ou distração. Compreende nylon ou outros materiais.
atitudes como, por exemplo, apontar arma para outra pessoa,
trabalhar com o revólver engatilhado, deixar arma com pessoa não Têmpera: Endurecimento, ato de temperar ou endurecer o aço
treinada, deixar cinto pendurado sobre armários, ou outros, que e alguns metais. Operação ou processo que consiste em esfriar
representem riscos. bruscamente um produto metalúrgico, levado a uma temperatura
bem definida, a fim de lhe modificar as propriedades; em inglês
Slide: Mesmo que ferrolho. “Tempering”.

Speed Loader: Mesmo que Jet Loader. Timer: Anglicismo; dispositivo eletrônico para calcular o tempo
que o Atira- dor leva para completar sua série de tiros.
Standard: Categoria do tiro desportivo, onde as armas podem ser
modificadas em sua estrutura, devendo obedecer a alguns limites. Tiro a Queima Roupa: Disparado com o cano encostado no
As modificações são menores que as da categoria Modified. alvo.
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Tiro a Seco: Ação de disparar uma arma sabidamente onde se corre ou se pratica algo; autódromo, velódromo. Numa
descarregada, com o objetivo de melhor controle do gatilho ou interpretação dirigida à prática do tiro, temos que tiródromo é o
exame funcional da arma. espaço ou terreno, destinado ao exercício de tiro.

Tiro Cego: Disparado aleatoriamente, sem pontaria. Trajetória: Após sair do cano o projétil mostra um percurso em
arco, no plano vertical. Se este arco é mais pronunciado ou não,
Tiro de Precisão: Modalidade de tiro desportivo que consiste em depende da velocidade de saída do projétil e o seu coeficiente
acertar o alvo a longa distância, entre 25 e 200 metros, utilizando balístico.
armas curtas e longas, podendo o alvo estar completo ou meiado,
coberto por uma camada de papel de cor diferente, de maneira a Trancamento: Consiste na obturação completa e perfeita da
dificultar o tiro e auferir uma melhor precisão. câmara pela culatra ou ferrolho, através de ressaltos, no momento
do disparo.
Tiro Instintivo: Efetuado sem utilização do aparelho de pontaria
valendo-se da visão periférica ou secundária. V

Tiro Visado: Efetuado com a utilização do aparelho de pontaria, Velocidade de boca: Ou velocidade inicial do projétil, medida
valendo- se da visão primária. na boca do cano.

Tiro/Hora: Método indicativo que utiliza a posição dos ponteiros Velocidade de Queima: Velocidade de queima de determinada
quantidade de pólvora.
do relógio para informar ao Atirador o local do impacto no alvo,
ajudando-o assim a corrigir erros e variações.
Velocidade Prática de Tiro: É a cadência de tiro executada
através do manuseio real da arma, observando-se inclusive os
Tiródromo: “Dromo” era o nome dado pelos gregos a terrenos
fundamentos para o tiro.
destinados a corridas e a vários exercícios olímpicos, bem como
a certas avenidas em frente de templos. É um elemento grego de Velocidade Subsônica: Velocidade do projétil menor que a barreira
composição de palavras que exprime a ideia de andamento, lugar do som.
269 270
Velocidade Supersônica: Velocidade maior que a barreira do
som.

Velocidade Teórica de Tiro: É a cadência de tiro da arma,


calculada através de fórmulas, que resultam na sua velocidade de
funcionamento, considerando-se a existência de um carregador
infinito.

Velocidade Transônica: Velocidade do projétil pouco menor


ou igual à barreira do som.

Vida Útil: Tempo em que uma peça permanece com perfeito


funciona- mento, sem desgastes que prejudiquem a segurança.

Zerar a Mira: Alinhar o sistema de miras.

Zona de Chamuscamento: Zona de impacto no alvo, decorrente


de tiro a curta distância, em que houve queima de substância pelos
resíduos incandescentes da pólvora.

Zona de Tatuagem: Zona do alvo em que ocorrem incrustações


dos grãos maiores da pólvora parcialmente queimados ou não
queimados.

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SINOPSE

Num modelo de segurança pública no qual há uma divisão de missõ ões e atividades corporativas, na prática percebesse a necessidade
de integrar esses diferentes atores institucionais, os quais nesta a oportunidade ímpar se unem num objetivo único: buscar a
pacificação social. Neste sentido, este MANUAL, mais do que um conjunto
c de diretrizes e protocolo técnico doutrinário que orienta
o instrutor de tiro policial defensivo, constitui-se no resultado da
a integração e cooperação entre diferentes forças de segurança e
defesa social - Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Tribunal Regional do Trabalho, Exército Brasileiro, Ministério Público
Estadual, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia a Civil, Polícia Técnico-Científica, Agência Prisional, Guarda
Metropolitana de Goiânia-GO, Guarda Metropolitana de Apa arecida de Goiânia-GO e Guarda Metropolitana de Senador
Canedo-GO, que se unem na construção do conhecimento teórico//prático resultado de uma troca de experiências de elevado nível
técnico.
O manual explicita várias orientações a um instrutor de tiro, a sa aber: A prática da Docência voltada à Instrução de Tiro Policial
demanda de uma atenção especial no campo da didática, nos asp pectos de segurança, no âmbito jurídico, no uso diferenciado da
força, na elaboração e planejamento das instruções, no modo de avaliação do conteúdo aplicado, em meios alternativos na
complementação das instruções de tiro como a utilização dos ma arcadores de paintball e simulacros, na programação de eventos
esportivos, nas atividades física para um rendimento saudável e ta ambém compreender a necessidade de ter em todas as atividades
de tiro uma unidade de atendimento pré-hospitalar. A partir de toda essa gama de conhecimentos teremos instrutores de tiro
prontos para ministrar aulas e ser formadores de opiniões técnicass voltadas a sua matéria.

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