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ARTES CIRCENSES, POSSIBILIDADES DE SUA PRÁTICA NAS AULAS DE


EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Aguiar, Luan Laio1


Bellumat, Loren Cristina2

Introdução

Não seria novidade em falar que já houve varias discussões se a Educação Física
deveria ou não ser substituídas da grade curricular nas escolas brasileiras. Um dos motivos
fundamentais para essa discussão é que as aulas de Educação física se tornam recreio e/ou
a não obrigatoriedade de participar das aulas, outra hipótese seria dos professores pouco
preocupados em modificar essa situação, essa foram uma das motivações que me levou a
buscar algo diferente a ser executado em minha prática a qual eu vou chamar de “pratica
inovadora instituinte”. Entrevejo aqui uma Educação Física que alcance todos
independente se as crianças tenham um tipo físico apropriado para as práxis, ou, sejam
descoordenadas. Percebi que alguns princípios como inclusão, diversidade e alteridades
questões tão falados por Betti (1991), estariam presentes na minha práxis, faltava apenas
uma coisa, o que utilizar como objeto de práxis na intervenção?
A utilização das práxis circenses teve destaque primeiro pela minha paixão pelo
circo e depois pelas aulas de ginástica circenses durante a graduação, comecei a pesquisar
sobre as práxis, mas confesso que o material de estudo disponível é escasso, assim percebi
que realmente estava com um conteúdo inovador para a Educação Física escolar, durante o
processo das aulas de estágio, a qual eu observava os alunos do ensino fundamental e
médio da Escola Santa Catarina localizada no município de Santa Teresa-Es, veio-me o
questionamento seria possível utilizar as práticas circenses naquela escola sabendo de suas
possibilidades e dificuldades? Pergunta que se tornou alvo desse estudo.

Após estes estudos tracei os seguintes objetivos que iria propor para essas práxis:
Possibilitar aos alunos, averiguar, aventurar, descobrir, explorar, expressar a
vivencia das praticas circenses, Utilizar as práticas circenses como forma de exploração de
novas possibilidades da cultura corporal de movimento nas aulas de Educação Física.
Empregar Práticas inovadoras como conteúdo metodológico nas aulas de Educação Física
escolar.

Conceituando Educação Física escolar e artes circenses

                                                            
1
Acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física – ESFA
2
Acadêmica do curso de Licenciatura em Pedagogia - FARESE
 

Quando pensamos em Educação Física, logo nos lembramos dos jogos desportivos,
exercícios físicos, talvez nos lembramos da ginástica que nossos pais nos contam ao qual
era conteúdo especifico em suas aulas de Educação Física, no entanto a Educação Física
escolar abrange mais que apenas conteúdos pois ela faz parte da construção cultura e social
no contexto escolar.Como disciplina escolar, a Educação Física é uma das “entidades
culturais” da escola. Nessa condição, assume o caráter específico desse lugar, encarnando-
o. Noutras palavras, ela é uma propriedade e um produto do ambiente escolar: a ele se
define nele se constitui e se realiza (VAGO, 2003, P. 215)
Mas afinal o que seria Educação Física? Nesta parte do meu trabalho sinto a
necessidade de trazer alguns autores que me ajudaram a fazer essa definição.
A Educação Física é uma área do conhecimento e intervenção que lida com a
cultura corporal do movimento, objetivando a melhoria qualitativa das praticas
constitutivas daquela cultura mediante referenciais científicos, filosóficos e pedagógicos
BETTI, (2001)
A Educação física defende a motricidade através de seus conteúdos construídos
historicamente. Voltando para a Educação Física escolar ao qual é o objeto de estudo,
Daólio (2003) diz que a Educação Física escolar se apresenta numa perspectiva cultural, e
á a partir deste referencial que a consideramos a como uma parcela da cultura corporal, ou
seja: ela se constitui numa área de conhecimento que estuda e atua sobre um conjunto de
práticas ligadas ao corpo e ao movimento, criadas e efetivadas pelo homem ao longo de
sua história.
A educação Física escolar pode tanto desenvolver a aptidão Física, aumentar sua
auto-estima através da realização do movimento, melhorar sua sociabilização, realizar
atividades conhecidas e aceitas naquela região e, por último, relacionar esses aspectos,
lembrando que todos seriam trabalhados praticamente ao mesmo tempo. A Educação
Física no corpo escolar segundo Soares 1992 se apresenta em duas perspectivas a do
desenvolvimento da aptidão física e da reflexão sobre a cultura corporal - no âmbito de
suas matrizes pedagógicas.
O circo é uma das manifestações artísticas mais antigas do mundo. Quem nunca
sorriu com a piada de um palhaço? Sentiu frio na barriga em um vôo do trapezista? Ficou
curioso com as habilidades do mágico? Sentiu vontade de manusear as claves? Por esses e
outros fatores as atividades circenses são fecundas para a Educação Física escolar.
Na literatura já é possível encontrar estudos que demonstram a aplicabilidade de
atividades oriundas do circo nas aulas de Educação Física. Claro e a Prodócimo (2005) em
seu trabalho a arte circense como conteúdo da educação física escolar, trazem uma
proposta na qual seus objetivos foram analisar a viabilidade e a adequação da arte circense
como conteúdo da educação física escolar, além de contribuir para a discussão de uma
metodologia para o ensino da mesma. Eles afirmam que a arte circense deve ser tratada
pela educação física como um saber relativo à cultura corporal a ser trabalhado com os
alunos, de maneira que possamos promover a compreensão, valorização e apropriação
desta manifestação artística, através de uma abordagem que também possibilite, a cada
aluno, a descoberta de suas possibilidades físicas e expressivas.
Para tanto é preciso esclarecer que as atividades circenses são diferentes práticas
encontradas dentro da instituição circo, sendo divididas em categorias ou agrupamento de
técnicas como: Atividades aéreas, Equilíbrio, técnicas de encenação, Acrobacias e
Manipulação de objetos.
 

Experiência pedagógica

Para efetivar essa idéia e baseado na experiência da observação de estágio que a


principio deveria lançar uma proposta metodológica de pesquisa-ação, pois estimula a
participação dos envolvidos, além de buscar a resposta através deles, na pesquisa-ação os
envolvidos são estimulados a produzir o próprio conhecimento se tornando protagonista
dessa produção. Essa concepção para GAMBOA (1982: 36) a pesquisa-ação “busca
superar, essencialmente, a separação entre conhecimento e ação, buscando realizar a
prática de conhecer para atuar”.
Utilizo dessa metodologia para a investigação e estreitar a relação entre artes
circenses X alunos, com o intuito de descobrir e explorar o quanto os alunos conhecem do
assunto pautado. Pinto (1979: p.456) considera “fundamentalmente como ato de trabalho
sobre a realidade objetiva”.
As aulas instrumentadas pelas práticas circenses terão foco na criatividade e
ludicidade dos alunos, Oliveira acredita que se trata de uma metodologia constituída na
ação educativa, “o conhecimento da consciência e também a capacidade de iniciativa
transformadora dos grupos com quem se trabalha”. Oliveira (1981: 19).
Como suporte metodológico realizei um questionário com alunos da 4ª série da
Escola Santa Catarina, e o professor regente da disciplina de Educação física. Os
resultados obtidos me fizeram acreditar que as artes circenses têm possibilidade de ser
tratados como conteúdo inovador escolar despertando e construindo um processo
transformador através que possa dar origem a outros meios de intervenção. A criação de
materiais alternativos pode ser também um grande contribuinte para a resignificação dessas
práxis dentro e fora da escola. A vivencia das práxis circenses pode despertar aos alunos a
curiosidade, ludicidade e superação, respeitando os limites individuais de cada aluno.
Como proposta metodológica baseado na experiência que obtive durante as observações de
estágio para a realização da intervenção percebeu que a aula orientada na ação
comunicativa tem um interesse mais didático na comunicação entre os alunos e o
professor.
O mais importante com isso é a interação de alunos e professor, o qual renuncia o
monopólio do planejamento e será apenas um orientador do aluno. Com isso, os alunos
podem integrar suas idéias, necessidades e impressões na aula e discuti-las com o
professor, traçando assim o que Hildebrandt & Laging titulam de “aulas Abertas” às
Experiências diferenciam se das concepções de ensino fechadas por não procurar corrigir
as discrepâncias entre o planejamento, ou a idéia de objetivo do professor, e a realidade
existente, pela utilização de medidas destinadas a trazer novamente o aluno para o que
estava planejado. (HILDEBRANDT & LAGING, 1986).
Assim, quando o planejamento do professor e, por exemplo, as idéias, experiências
prévias ou interesses dos alunos não coincidem, abrem-se para o replanejamento da aula ao
invés da insistência na imposição da intenção previamente definida pelo educador.

Considerações finais

Esta proposta de estágio ainda está sendo construída na escola Santa Catarina o que
destaco aqui é a importância da disciplina de Estágio tem para com a formação acadêmica,
pois, deixa o graduando bem próximo da realidade que irá encontrar após a formação
acadêmica, teoria e prática juntas bem ali perto dos olhos do observador.
 

A utilização das práxis circenses como conteúdo inovador nas aulas de Educação
Física escolar é um processo desencadeador de inúmeras certezas e incertezas, assim como
quaisquer outras práticas inovadoras, durante a observação das aulas muitas duvidas
rodearam a minha cabeça, e isso que se torna de mais interessante na formação são as
duvidas e curiosidades que acarretam novas pesquisas e tiram a Educação Física deste
ponto estagnado que se mantém ao longo dos anos.

Referências
BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

CASTRO, Alice Viveiros de. Elogio da Bobagem, Palhaços no Brasil e no Mundo. Família
Bastos Editora, Rio de Janeiro –2005.

DAÓLIO, J. Cultura, educação física e futebol. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.

GAMBOA, Silvio A. S. Análise epistemológica dos métodos na pesquisa educacional:


um estudo sobre as dissertações de mestrado em educação da UnB. Brasília: Faculdade
de Educação UnB, 1982.

HILDEBRANDT, R. L. & LAGING, R. Concepções abertas no ensino da Educação


Física. Trad. Sonnhilde von der Heide. Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1986.

OLIVEIRA, Rosiska D. e Oliveira, Miguel D. Pesquisa social e ação educativa. In.


Carlos Rodrigues Brandão, (org.). Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1981.

PINTO, Álvaro Vieira. Ciência e existência: Problemas Filosóficos da Pesquisa


Científica. 2a ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1972.

PRODÓCIMO, E. Picadeiro da escola: o circo como conteúdo na educação física escolar.


Motriz: Revista de Educação Física da UNESP. São Paulo: Editora Unesp, v. 11, n. 01,
Suplemento Jan./Abr. 2005, p. 58-59.

SOARES, C. L.; TAFFAREL, C. N. Z.; VARJAL, E.; CASTELLANI, L.; ESCOBAR, M.;
O.; BRACHT, V. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.

VAGO, T. M. A Educação Física na cultura escolar: discutindo caminhos para a


intervenção e a pesquisa. In: BRACHT, V. CRISORIO, R. (Orgs) A educação física no
Brasil e na Argentina: identidade, desafios e perspectivas. Campinas: Autores
Associados, 2003.

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