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H
oje em dia, é cada vez mais claro que, para uma compreensão real das
doenças e suas conseqüências, são fundamentais os aspectos antropoló-
gicos, o dinamismo psicológico e o diagnóstico social das pessoas em
situação de debilidade física. Têm crescido, por exemplo, as evidências fisiológi-
cas de que é necessário olhar o homem como fenômeno integrado e não como
partes independentes entre si. Um bom número de trabalhos científicos oferece
cada vez mais exemplos dessa integralidade, como os estudos sobre os efeitos da
felicidade na saúde da pessoa ao final da vida. Um estudo realizado nos Estados
Unidos, por exemplo, constatou, em uma amostra de freiras católicas, que escri-
tos com conteúdo emocional positivo aos 22 anos de idade estavam associados
à saúde e longevidade aos sessenta anos (Danner et al., 2001).
No plano da fisiologia, portanto, o que se passa com uma pessoa que se
considera feliz? Há relações fortes entre esse tipo de afirmação, a expectativa
de vida e a freqüência e intensidade de doenças crônicas, como doenças car-
diovasculares, inflamatórias e auto-imunes (Steptoe et al., 2005). Tais estudos
identificaram um marcador biológico inversamente correlato a essa declaração
de felicidade: o cortisol, hormônio do estresse. Quanto mais altos os níveis desse
hormônio na saliva ao acordar, maior o nível de estresse e pior a qualidade de
vida em longo prazo. Separar o ser humano em pedaços está se tornando cada
vez mais difícil... A qualidade de vida do ser humano depende do que ele sente
e do significado que atribui às coisas, e ambos estão associados ao seu estado
fisiológico.
Esses mesmos mecanismos estão ativados quando o indivíduo recebe uma
alimentação insuficiente quantitativamente, ou inadequada do ponto de vista
qualitativo (quando faltam os nutrientes necessários, como vitaminas e mine-
rais), sobretudo no início da vida. O nosso órgão controlador de toda a ativida-
de metabólica, que é o sistema nervoso, se “programa” permanentemente para
economizar energia em forma de gordura e reduzir o crescimento, para garantir
a sobrevivência em condições adversas. Um dos hormônios fundamentais para
isso é o cortisol. Essa situação é chamada de desnutrição, e o hormônio que a
regula, em conjunto com outros, é, por isso, o hormônio do estresse.
Doenças
Consumo • incidência
inadequado • gravidade
de alimentos • duração
Perda de apetite
Perda de nutrientes
Má absorção
Alteração do metabolismo
180
Homens Mulheres
50
Número de crianças
40 35%
30 25%
19%
20
10%
10 3%
3%
0
(100-1500) (1500-2000) (2000-2500) (2500-3000) (3000-3500) (3500-4000)
Peso ao nascer (g)
Prevalência de Doenças
Leve Grave
Sim Não Sim Não
Parasitas 62,9 % 37,0 % 60,0 % 40,0 %
80
70
62%
62% < 11mg/dl
60 >=11mg/dl
Número de crianças
50
38%
38%
40
30
20
10 (N=92)
0
HEMOGLOBINA (mg/dl)
102
100
98
96
94
92
ESTATURA (CM)
90
GRIPE
88
FARINGITE
86
84
GRIPE
82
VARICELA
80 P10
78
FARINGITE
FARINGITE
P50
76
GRIPE+
OTITE+
74 P90
72 Criança
70
68
25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
IDADE(MESES)
8,0
N
7,0 DP
D
6,0
(kg/ano)
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
Taxa de metabolismo de repouso
7 000
6 500
6 000
5 500
5 000
(J/dia)
4 500
4 000
3 500
3 000
2 500
1.00
Razão Cintura / Quadril
0.95
0.90
0.85
0.80
0.75
0.70
-3 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42
Tempo de seguimento (meses)
Gráfico 4 – Velocidade de ganho deGrupo:
peso, gastointeração:
ns, tempo, energético
p<0,001 em repouso e razão cintura/
90
Meninas
85
p90
)
80
PAD(mmHg
(mmHg)
75
70 p50
65
PSD
60
55
50
8 10 12 14 16 18 20
Idade (anos)
Meninos
90
85 p90
PAD (mmHg)
80
75
( mmHg)
p50
70
65
PSD
60
55
50
8 10 12 14 16 18 20
Idade (anos)
Baixa estatura
obesidade
hipertensão
diabetes
1,20
Ganho de Estatura/Idade
0,995
1,00 Peso de
nascimento
(escore Z)
0,80
0,602 0,642
0,60 <2.500g
>=2.500g
0,40
0,282
0,20
0,00
Leve Grave
Ganho em escore Z
0,70
0,60
0,50 Peso/Idade
0,40
Estatura/Idade
0,30
0,20 Peso/Idade
0,10
0,00
Leve Grave (N=106)
*P<0,001
No CREN, toda a educação nutricional é feita por meio de atividades práticas, de vivências
culinárias e oficinas de manipulação de alimentos, com as crianças e seus pais. Os sinais vitais
são medidos diariamente nas crianças tratadas em hospital-dia. É fundamental agir rapida-
mente para evitar o dispêndio energético causado pelas infecções, caso contrário a criança passa
dois, três, às vezes quatro meses até recuperar o peso perdido, o que pode prejudicar também o
crescimento em estatura.
Referências bibliográficas
DANNER, D. D. et al. Positive emotions in early life and longevity: findings from the
nun study. Journal of Personality and Social Psychology, v.80, p.804-13, 2001.
FLORÊNCIO, T. T. et al. Short stature, obesity and arterial hypertension in a very low
income population in North-eastern Brazil. Nutrition, Metabolic and Cardiovascular
Diseases, v.14, p.26-33, 2004.