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ÍNDICE

0. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................3
1. REGULAMENTAÇÃO NACIONAL .........................................................................................................4
1.1 CARACTERIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS E RECINTOS ...............................................................................................4
1.2 RESPONSÁVEL E DELEGADO DE SEGURANÇA .................................................................................................9
1.3 MEDIDAS DE AUTOPROTECÇÃO..................................................................................................................9
1.4 CÁLCULO DO EFECTIVO ..........................................................................................................................15
2. NORMALIZAÇÃO ..............................................................................................................................17
3. DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DE CENÁRIOS DOS INCÊNDIOS......................................................21
3.1 CARACTERÍSTICAS DE INCÊNDIO ...............................................................................................................21
3.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS DA EXPOSIÇÃO AO FOGO .........................................................................................23
3.3 EFEITOS DEVIDOS À PRODUÇÃO DE GASES .................................................................................................24
3.4 IMPACTO DO FUMO NA DESLOCAÇÃO ........................................................................................................26
4. CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO ........................................................................................................27
4.1 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE CAMINHOS DE EVACUAÇÃO .................................................................27
5. SISTEMAS DE SEGURANÇA ...............................................................................................................30
5.1 SISTEMA AUTOMÁTICO DE DETECÇÃO DE INCÊNDIO (SADI) ..........................................................................30
5.2 CONTROLO DE FUMO.............................................................................................................................34
5.3 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA ..................................................................................................................35
5.4 ILUMINAÇÃO DE SEGURANÇA ..................................................................................................................38
6. CARACTERIZAÇÃO DOS OCUPANTES ................................................................................................39
6.1 FACTORES INFLUENTES DOS COMPORTAMENTOS.........................................................................................39
6.2 ANÁLISE DE SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA E DE REACÇÕES QUE SE PODEM PRODUZIR ...........................................42
6.3 FENÓMENO DE CONTÁGIO MENTAL .........................................................................................................52
4.4 CRITÉRIOS A TER EM CONSIDERAÇÃO PARA UMA ADEQUADA PREVENÇÃO E EVACUAÇÃO NUMA SITUAÇÃO DE
EMERGÊNCIA .............................................................................................................................................52
4.5 FACTORES QUE AFECTAM O MOVIMENTO DAS PESSOAS.................................................................................53
7. DETECÇÃO, ALARME E ALERTA.........................................................................................................54
7.1 QUANTIFICAÇÃO DOS TEMPOS.................................................................................................................54
7.2 ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE SEGURANÇA INCÊNDIO (SSI) .........................................................................57
7.3 OBJECTIVOS DO SERVIÇO DE SEGURANÇA INCÊNDIO.....................................................................................57
7.4 ESTRUTURA DO SERVIÇO DE SEGURANÇA INCÊNDIO .....................................................................................58
7.5 SITUAÇÃO DE EVACUAÇÃO ......................................................................................................................58
7.6 CONDIÇÕES PARA A SELECÇÃO DO SSI.......................................................................................................59
8. METODOLOGIA PARA A EVACUAÇÃO ..............................................................................................60
8.1 DECISÃO DA EVACUAÇÃO .......................................................................................................................61
8.2 MEIOS DE ALARME................................................................................................................................62
9. PRESTAÇÃO DE SOCORROS A VÍTIMAS.............................................................................................64
9.1 QUEIMADURAS.....................................................................................................................................64
9.2 INTOXICAÇÕES POR MONÓXIDO DE CARBONO (CO) ....................................................................................66
10. CONCLUSÕES .................................................................................................................................67
11. GLOSSÁRIO TÉCNICO......................................................................................................................70
12. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..........................................................................................................81

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0. INTRODUÇÃO
O objectivo mais importante da Segurança Contra Incêndio em Edifícios consiste na protecção
da vida dos seus ocupantes, face ao risco de incêndio.

Assim, a evacuação das pessoas em risco é um meio essencial ao cumprimento desse


objectivo.

Porém, para que essa evacuação se processe com sucesso, isto é, para que as pessoas em risco
numa situação de emergência possam atingir um local seguro sem serem afectadas pelas
consequências dessa emergência (incêndio ou outra situação) é necessário atender a vários
factores. Estes podem ser agrupados em cinco categorias, relacionadas com:
• A manifestação do risco de incêndio no edifício;
• As condições de segurança das disposições construtivas, com destaque para a
compartimentação corta-fogo, número, largura e distribuição de vias de evacuação e
de saídas;
• A existência de sistemas e equipamentos de segurança que garantam um alarme
precoce e contribuam para a manutenção da evacuação em condições de segurança;
• O número, tipo e condições dos ocupantes a evacuar, com destaque para eventuais
limitações na capacidade de reacção e da percepção de uma situação de emergência,
comportamentos que possam adoptar, sua formação, etc.;
• A organização da segurança existente no edifício, com destaque para a estratégia de
evacuação definida e para a capacidade das equipas de evacuação.

Estes temas integram-se na cadeia de valor da evacuação, pelo que são desenvolvidos neste
documento destacando-se os factores que garantem o sucesso da evacuação de edifícios em
condições de segurança.

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1. REGULAMENTAÇÃO NACIONAL
Em termos de legislação, aplica-se à Evacuação de Edifícios o Regime Jurídico de
Segurança contra Incêndio em Edifícios, publicado através do Decreto-Lei nº 220/2008,
de 12 de Novembro, e respectivas Portarias complementares:

 Despacho nº 5533/2010, de 26 de Março: Procede à criação da Comissão de


Acompanhamento do Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios, bem
como o respectivo mandato, as competências e as regras de funcionamento
 Portaria nº 1054/2009, de 16 de Setembro: Fixa o valor das taxas pelos serviços
prestados pela Autoridade nacional de Protecção Civil (ANPC), no âmbito do Decreto-
Lei nº 220/2008, de 12 de Novembro
 Portaria nº 773/2009, de 21 de Julho: Define o procedimento de Registo, na
Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), das entidades que exerçam a
actividade de comercialização, instalação e/ou manutenção de produtos e
equipamentos de segurança contra incêndio em edifícios (SCIE)
 Portaria nº 610/2009, de 8 de Junho: Regulamenta o sistema informático que permite
a tramitação desmaterializada dos procedimentos administrativos previstos no Regime
Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios
 Portaria nº 64/2009, de 22 de Janeiro: Estabelece o regime de credenciação de
entidades para a emissão de pareceres, realização de vistorias e de inspecções das
condições de segurança contra incêndios em edifícios (SCIE)
 Despacho nº 2074/2009, de 15 de Janeiro: Critérios técnicos para a determinação da
densidade de carga de incêndio modificada
 Portaria nº 1532/2008, de 29 de Dezembro: Estabelece o Regulamento Técnico de
segurança contra Incêndio em Edifícios (RTSCIE)

1.1 Caracterização dos Edifícios e Recintos


O Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (RJSCIE) categoriza os
edifícios e recintos em doze Utilizações-Tipo distintas, conforme indicado:

 Utilização-Tipo I “Habitacionais” → corresponde a edifícios ou partes de edifícios


destinados a habitação unifamiliar ou multifamiliar, incluindo os espaços comuns de
acessos e as áreas não residenciais reservadas ao uso exclusivo dos residentes

 Utilização-Tipo II “Estacionamentos” → corresponde a edifícios ou partes de edifícios


destinados exclusivamente à recolha de veículos e seus reboques, fora da via pública,
ou recintos delimitados ao ar livre, para o mesmo fim

 Utilização-Tipo III “Administrativos” → corresponde a edifícios ou partes de edifícios


onde se desenvolvem actividades administrativas, de atendimento ao público ou de
serviços, nomeadamente escritórios, repartições públicas, tribunais, conservatórias,
balcões de atendimento, notários, gabinetes de profissionais liberais, espaços de
investigação não dedicados ao ensino, postos de forças de segurança e de socorro,
excluindo as oficinas de reparação e manutenção

 Utilização-Tipo IV “Escolares” → corresponde a edifícios ou partes de edifícios


recebendo público, onde se ministrem acções de educação, ensino e formação ou

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exerçam actividades lúdicas ou educativas para crianças e jovens, podendo ou não
incluir espaços de repouso ou de dormida afectos aos participantes nessas acções e
actividades, nomeadamente escolas de todos os níveis de ensino, creches, jardins-de-
infância, centros de formação, centros de ocupação de tempos livres destinados a
crianças e jovens e centros de juventude

 Utilização-Tipo V “Hospitalares e Lares de Idosos” → corresponde a edifícios ou


partes de edifícios recebendo público, destinados à execução de acções de diagnóstico
ou à prestação de cuidados na área da saúde, com ou sem internamento, ao apoio a
pessoas idosas ou com condicionalismos decorrentes de factores de natureza física ou
psíquica, ou onde se desenvolvam actividades dedicadas a essas pessoas,
nomeadamente hospitais, clínicas, consultórios, policlínicas, dispensários médicos,
centros de saúde, de diagnóstico, de enfermagem, de hemodiálise ou de fisioterapia,
laboratórios de análises clínicas, bem como lares, albergues, residências, centros de
abrigo e centros de dia com actividades destinadas à terceira idade

 Utilização-Tipo VI “Espectáculos e Reuniões Públicas” → corresponde a edifícios,


partes de edifícios, recintos itinerantes ou provisórios e ao ar livre que recebam
público, destinados a espectáculos, reuniões públicas, exibição de meios audiovisuais,
bailes, jogos, conferências, palestras, culto religioso e exposições, podendo ser, ou
não, polivalentes e desenvolver as actividades referidas em regime não permanente,
nomeadamente teatros, cineteatros, cinemas, coliseus, praças de touros, circos, salas
de jogo, salões de dança, discotecas, bares com música ao vivo, estúdios de gravação,
auditórios, salas de conferências, templos religiosos, pavilhões multiusos e locais de
exposições não classificáveis na utilização-tipo X

 Utilização-Tipo VII “Hoteleiros e Restauração” → corresponde a edifícios ou partes de


edifícios, recebendo público, fornecendo alojamento temporário ou exercendo
actividades de restauração e bebidas, em regime de ocupação exclusiva ou não,
nomeadamente os destinados a empreendimentos turísticos, alojamento local,
estabelecimentos de restauração ou de bebidas, dormitórios e, quando não inseridos
num estabelecimento escolar, residências de estudantes e colónias de férias, ficando
excluídos deste tipo os parques de campismo e caravanismo, que são considerados
espaços da utilização-tipo IX

 Utilização-Tipo VIII “Comerciais e Gares de Transporte” → corresponde a edifícios ou


partes de edifícios, recebendo público, ocupados por estabelecimentos comerciais
onde se exponham e vendam materiais, produtos, equipamentos ou outros bens,
destinados a ser consumidos no exterior desse estabelecimento, ou ocupados por
gares destinados a aceder a meios de transporte rodoviário, ferroviário, marítimo,
fluvial ou aéreo, incluindo as gares intermodais, constituindo espaço de interligação
entre a via pública e esses meios de transporte, com excepção das plataformas de
embarque ao ar livre

 Utilização-Tipo IX “Desportivos e de Lazer” → corresponde a edifícios, partes de


edifícios e recintos, recebendo ou não público, destinados a actividades desportivas e
de lazer, nomeadamente estádios, picadeiros, hipódromos, velódromos, autódromos,
motódromos, kartódromos, campos de jogos, parques de campismo e caravanismo,
pavilhões desportivos, piscinas, parques aquáticos, pistas de patinagem, ginásios e
saunas

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 Utilização-Tipo X “Museus e Galerias de Arte” → corresponde a edifícios ou partes de
edifícios, recebendo ou não público, destinados à exibição de peças do património
histórico e cultural ou a actividades de exibição, demonstração e divulgação de
carácter científico, cultural ou técnico, nomeadamente museus, galerias de arte,
oceanários, aquários, instalações de parques zoológicos ou botânicos, espaços de
exposição destinados à divulgação científica e técnica, desde que não se enquadrem
nas utilizações-tipo VI e IX

 Utilização-Tipo XI “Bibliotecas e Arquivos” → corresponde a edifícios ou partes de


edifícios, recebendo ou não público, destinados a arquivo documental, podendo
disponibilizar os documentos para consulta ou visualização no próprio local ou não,
nomeadamente bibliotecas, mediatecas e arquivos

 Utilização-Tipo XII “Industriais, Oficinas e Armazéns” → corresponde a edifícios,


partes de edifícios ou recintos ao ar livre, não recebendo habitualmente público,
destinados ao exercício de actividades industriais ou ao armazenamento de materiais,
substâncias, produtos ou equipamentos, oficinas de reparação e todos os serviços
auxiliares ou complementares destas actividades

Locais de Risco

Complementarmente a esta categorização, o RJSCIE classifica ainda as áreas dos edifícios e


recintos, com excepção dos espaços interiores dos fogos de habitação e das vias verticais e
horizontais de evacuação, em função da natureza do risco de incêndio. Neste sentido, as
áreas dos edifícios e recintos são classificadas em seis Locais de Risco, do seguinte modo:

 Local de Risco A → Local que não apresenta riscos especiais e no qual se verifiquem
em simultâneo as condições seguintes:
 Efectivo não superior a 100 pessoas
 Efectivo de público não superior a 50 pessoas
 Mais de 90% dos ocupantes não se encontrem limitados na mobilidade ou nas
capacidades de percepção e reacção a um alarme
 As actividades exercidas ou os produtos, materiais e equipamentos não
envolvam riscos de incêndio agravados

 Local de Risco B → Local acessível ao público ou ao pessoal afecto ao estabelecimento,


com um efectivo superior a 100 pessoas ou um efectivo de público superior a 50
pessoas, no qual se verifiquem simultaneamente as situações seguintes:
 Mais de 90% dos ocupantes não se encontrem limitados na mobilidade ou nas
capacidades de percepção a um alarme
 As actividades exercidas ou os produtos, materiais e equipamentos não
envolvam riscos de incêndio agravados

 Local de Risco C → Local que apresenta riscos agravados de eclosão e de


desenvolvimento de incêndio devido quer às actividades nele desenvolvidas, quer às
características dos produtos, materiais ou equipamentos nele existentes,
designadamente à carga de incêndio.

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Exemplos: Oficinas de manutenção e reparação destinados a carpintaria ou onde
sejam utilizadas chamas nuas, aparelhos envolvendo projecção de faíscas ou
elementos incandescentes em contacto com o ar associados à presença de materiais
facilmente inflamáveis; Farmácias, laboratórios, oficinas e outros locais onde sejam
produzidos, depositados, armazenados ou manipulados líquidos inflamáveis em
quantidade superior a 10L; Cozinhas em que sejam instalados aparelhos, ou grupos de
aparelhos, para confecção de alimentos ou sua conservação, com potência total útil
superior a 20 kW, com excepção das incluídas no interior das habitações; Locais de
confecção de alimentos que recorram a combustíveis sólidos; Lavandarias e rouparias
com área superior a 50 m2 em que sejam instalados aparelhos, ou grupos de
aparelhos, para lavagem, secagem ou engomagem, com potência total útil superior a
20 kW; Instalações de frio para conservação cujos aparelhos possuam potência total
útil superior a 70 kW; Arquivos, depósitos, armazéns e arrecadações de produtos ou
material diverso com volume superior a 100 m3; Reprografias com área superior a 50
m2; Locais de recolha de contentores ou de compactadores de lixo com capacidade
total superior a 10 m3; Locais afectos a serviços técnicos em que sejam instalados
equipamentos eléctricos, electromecânicos ou térmicos com potência total superior a
70 kW, ou armazenados combustíveis; Locais de pintura e aplicação de vernizes;
Centrais de incineração; Locais cobertos de estacionamento de veículos com área
compreendida entre 50 m2 e 200 m2, com excepção dos estacionamentos individuais,
em edifícios destinados à utilização-tipo referida na alínea a) do n.º 1 do artigo 8.º do
DL 220/2008; Outros locais que possuam uma densidade de carga de incêndio
modificada superior a 1000 MJ/m2 de área útil, associada à presença de materiais
facilmente inflamáveis e, ainda, os que comportem riscos de explosão.

 Local de Risco D → Local de um estabelecimento com permanência de pessoas


acamadas ou destinados a receber crianças com idade não superior a seis anos ou
pessoas limitadas na mobilidade ou nas capacidades de percepção e reacção a um
alarme.

Exemplos: Quartos nos locais afectos à utilização-tipo V ou grupos desses quartos e


respectivas circulações horizontais exclusivas; Enfermarias ou grupos de enfermarias e
respectivas circulações horizontais exclusivas; Salas de estar, de refeições e de outras
actividades ou grupos dessas salas e respectivas circulações horizontais exclusivas,
destinadas a pessoas idosas ou doentes em locais afectos à utilização-tipo V; Salas de
dormida, de refeições e de outras actividades destinadas a crianças com idade inferior
a 6 anos ou grupos dessas salas e respectivas circulações horizontais exclusivas, em
locais afectos à utilização-tipo IV; Locais destinados ao ensino especial de deficientes.

 Local de Risco E → Local de um estabelecimento destinado a dormida, em que as


pessoas não apresentem as limitações apresentadas nos locais de risco D.

Exemplos: Quartos nos locais afectos à utilização-tipo IV não considerados no Local de


Risco D ou grupos desses quartos e respectivas circulações horizontais exclusivas;
Quartos e suítes em espaços afectos à utilização-tipo VII ou grupos desses espaços e
respectivas circulações horizontais exclusivas; Espaços turísticos destinados a
alojamento, incluindo os afectos a turismo do espaço rural, de natureza e de
habitação; Camaratas ou grupos de camaratas e respectivas circulações horizontais
exclusivas.

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 Local de Risco F → Local que possua meios e sistemas essenciais à continuidade de
actividades sociais relevantes, nomeadamente os centros nevrálgicos de comunicação,
comando e controlo.

Exemplos: Centros de controlo de tráfego rodoviário, ferroviário, marítimo ou aéreo;


Centros de gestão, coordenação ou despacho de serviços de emergência, tais como
centrais 112, centros de operações de socorro e centros de orientação de doentes
urgentes; Centros de comando e controlo de serviços públicos ou privados de
distribuição de água, gás e energia eléctrica; Centrais de comunicações das redes
públicas; Centros de processamento e armazenamento de dados informáticos de
serviços públicos com interesse social relevante; Postos de segurança.

Note-se que a Classificação de Risco de um dado espaço não só é independente da Utilização-


Tipo como não pressupõe uma hierarquia de risco, uma vez que os parâmetros considerados
na classificação de risco são distintos.

As Classificações de Risco das áreas dos edifícios e recintos são resumidamente apresentados
na Tabela seguinte.

Tabela 1 - Locais de Risco

Local de Risco A B C D E F
Efectivo Total ≤100 >100 - - - -
Efectivo Público ≤50 >50 - - - -
Efectivo Incapacitado ≤10% ≤10% ≤10% >10% ≤10% ≤10%
Efectivo Dormida 0 0 0 - >0 0
Risco Agravado de Incêndio - - Sim - - -
Continuidade de Actividades
- - - - - Sim
Socialmente Relevantes

Categorias de Risco

As Utilizações-Tipo dos edifícios e recintos, no referente ao risco de incêndio, podem ser


classificados em quatro Categorias de Risco:

 1ª Categoria de Risco → Risco Reduzido


 2ª Categoria de Risco → Risco Moderado
 3ª Categoria de Risco → Risco Elevado
 4ª Categoria de Risco → Risco Muito Elevado

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Os factores de risco que permitem a atribuição das Categorias de Risco variam em função da
Utilização-Tipo:

Tabela 2 - Factores de Risco

I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII

Altura da UT            -
Nº Pisos Abaixo do PR   - - -  -   -  
Espaço Coberto/Ar Livre -  - - -  - -  - - 
Área Bruta -  - - - - - - - - - -
Efectivo Total - -          -
Efectivo Locais Risco D ou E - - -   -  - - - - -
Saída Locais Risco D ou E - - -   -  - - - - -
Carga de Incêndio - - - - - - - - - -  -
Densidade Carga Incêndio
Modificada - - - - - - - - - - - 

1.2 Responsável e Delegado de Segurança


A manutenção das condições de segurança contra risco de incêndio aprovadas e a
execução das medidas de autoprotecção aplicáveis aos edifícios e recintos são da
responsabilidades dos entidades a seguir referidas, consoante a Utilização-Tipo:

Tabela 3 - Responsáveis de Segurança por Utilização-Tipo

Utilização-Tipo Ocupação Responsável de Segurança (RS)


Interior das habitações Proprietário
I
Espaços Comuns Administração do Condomínio
Cada Utilização-Tipo Proprietário ou Entidade
Exploradora de cada Utilização-
Tipo
II a XII
Espaços Comuns a várias Entidade Gestora dos Espaços
Utilizações-Tipo Comuns a várias Utilizações-
Tipo

Estas entidades são igualmente responsáveis pela manutenção das condições


exteriores de SCIE, designadamente no referente às redes de hidrantes exteriores e às
vias de acesso ou estacionamento dos veículos de socorro, sempre que as mesmas se
situem em domínio privado.

No referente à atribuição de responsabilidades, há ainda a ter em consideração uma


outra entidade: o Delegado de Segurança. Este é designado pelo RS para a execução
das medidas de autoprotecção e age em representação da entidade responsável.

1.3 Medidas de Autoprotecção


As Medidas de Autoprotecção dos edifícios e recintos consistem em medidas de
organização e gestão de segurança e baseiam-se em:

 Medidas Preventivas → Assumem a forma de procedimentos de prevenção ou planos


de prevenção, conforme a Categoria de Risco

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 Medidas de Intervenção → Tomam a forma de procedimentos de emergência ou
planos de emergência internos, conforme a categoria de risco

 Registos de Segurança → conjunto de documentos que contém os registos de


ocorrências relevantes e de relatórios relacionados com a segurança contra incêndios.
As ocorrências devem ser registadas com data de início e de fim e com o responsável
pelo seu acompanhamento, referindo-se à conservação ou manutenção das condições
de segurança, às modificações, alterações e trabalhos perigosos efectuados, incidentes
ou avarias ou, ainda, visitas de inspecção. De entre os relatórios a incluir nestes
registos, são de destacar os referentes às acções de instrução e formação, aos
exercícios de segurança e de eventuais incêndios ou outras situações de emergência.

 Formação em SCIE → sob a forma de acções destinadas a todos os funcionários e


colaboradores das entidades exploradoras, ou de formação específica, destinada aos
delegados de segurança e outros elementos que lidam com situações de maior risco
de incêndio

 Simulacros → para teste do plano de emergência interno e treino dos ocupantes com
vista a criação de rotinas de comportamento e aperfeiçoamento de procedimentos

As Medidas de Autoprotecção exigíveis para cada Categoria de Risco das diversas


Utilizações-Tipo são as constantes da tabela abaixo:

Tabela 4 - Medidas de Autoprotecção Exigíveis

Medidas de Autoprotecção
Registos de Segurança

Plano de Emergência
Planos de Prevenção

Caso de Emergência
Procedimentos em

Formação em SCIE
Procedimentos de

Sensibilização e

Simulacros
Prevenção

Acções de
Interno

UT Categoria de Risco

3ª (apenas para
   
espaços comuns)
I
4ª (apenas para os
    
espaços comuns)
1ª  
II 2ª    
3ª e 4ª     
III, VI, VIII 1ª  
2ª     
IX, X, XI, XII 3ª e 4ª     
1ª (sem locais de
 
risco D ou E)
1ª (com locais de
risco D ou E) e 2ª
IV, V, VII (sem locais de risco
   
D ou E)
2ª (com locais de
    
risco D ou E), 3ª e 4ª

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Estas Medidas devem ser adaptadas às condições reais de exploração de cada
Utilização-Tipo e à sua Categoria de Risco. No caso específico dos edifícios e recintos
existentes à data de entrada em vigor do Regime Jurídico de Segurança contra
Incêndio em Edifícios, quando as características construtivas, os equipamentos ou os
sistemas de segurança apresentarem graves desconformidades com o estabelecido no
Regulamento Técnico de SCIE, existe a possibilidade de serem exigidas medidas de
autoprotecção compensatórias mais gravosas do que as mencionadas, sempre que a
entidade competente o entenda. Por outro lado, há que ter em consideração o facto
das Medidas de Autoprotecção serem auditáveis a qualquer momento, devendo o RS
nestas situações facultar a documentação solicitada e o acesso a todos os espaços dos
edifícios e recintos à entidade competente.

1.3.1 Medidas Preventivas

Tal como anteriormente referido,as Medidas Preventivas podem assumir a forma de


Procedimentos de Prevenção ou Planos de Prevenção, consoante a Categoria de Risco:

 Procedimentos de Prevenção - constituem o conjunto de procedimentos de


prevenção a adoptar pelos ocupantes, destinados a garantir a manutenção das
condições de segurança, sendo que devem garantir permanentemente a:
• Acessibilidade dos meios de socorro aos espaços da utilização-tipo
• Acessibilidade dos veículos de socorro dos bombeiros aos meios de
abastecimento de água, designadamente hidrantes exteriores
• Praticabilidade dos caminhos de evacuação,
• Eficácia da estabilidade ao fogo e dos meios de compartimentação,
isolamento e protecção,
• Acessibilidade aos meios de alarme e de intervenção em caso de
emergência
• Vigilância dos espaços, em especial os de maior risco de incêndio e os
que estão normalmente desocupados
• Conservação dos espaços em condições de limpeza e arrumação
adequadas
• Segurança na produção, na manipulação e no armazenamento de
matérias e substâncias perigosas
• Segurança em todos os trabalhos de manutenção, recuperação,
beneficiação, alteração ou remodelação de sistemas ou das
instalações, que impliquem um risco agravado de incêndio,
introduzam limitações em sistemas de segurança instalados ou que
possam afectar a evacuação dos ocupantes

 Planos de Prevenção - devem ser constituídos:


• Por informações relativas à identificação da Utilização-Tipo, data da
sua entrada em funcionamento, identificação do RS, identificação de
eventuais Delegados de Segurança
• Por plantas, à escala de 1:100 ou 1:200 com a representação
inequívoca, recorrendo à simbologia constante das normas
portuguesas, da classificação de risco e efectivo previsto para cada

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local, vias horizontais e verticais de evacuação, incluindo os eventuais
percursos em comunicações comuns e localização de todos os
dispositivos e equipamentos ligados à segurança contra Incêndio
• Pelos procedimentos de prevenção

De referir que os planos de prevenção devem ser actualizados sempre que as


modificações ou alterações efectuadas na Utilização-Tipo o justifiquem. Estes planos
estão sujeitos a verificação durante as inspecções regulares e extraordinárias, devendo
existir, no Posto de Segurança, um exemplar do Plano de Prevenção.

1.3.2 Medidas de Intervenção

Consoante a Categoria de Risco, as Medidas de Intervenção assumem a forma de


Procedimentos de Emergência ou de Planos de Emergência Internos:

 Procedimentos de Emergência - constituem o conjunto de procedimentos e técnicas


de actuação a adoptar pelos ocupantes em caso de emergência, designadamente:
• Os procedimentos de alarme a cumprir em caso de detecção ou
percepção de um alarme
• Os procedimentos de alerta
• Os procedimentos a adoptar de modo a garantir a evacuação rápida e
segura dos espaços em risco
• As técnicas de utilização dos meios de primeira intervenção e de
outros meios de actuação em caso de incêndio
• Os procedimentos de recepção e encaminhamento dos bombeiros

 Planos de Emergência Internos – têm como objectivo sistematizar a evacuação dos


ocupantes e limitar a propagação e as consequências dos incêndios, recorrendo a
meios próprios. Os Planos de Emergência Internos devem ser constituídos:
• Pela definição da Organização a adoptar em caso de emergência, que
deve contemplar:
 Os organogramas hierárquicos e funcionais do Serviço de
Segurança contra Incêndio (SSI), cobrindo as várias fases do
desenvolvimento de uma situação de emergência
 A identificação dos Delegados e Agentes de Segurança e
respectivas missões e responsabilidades, a concretizar em
situações de emergência
• Pela indicação das entidades internas e externas a contactar em
situação de emergência,
• Pelo Plano de Actuação, contemplando a organização das operações a
desencadear pelos Delegados e Agentes de Segurança em caso de
ocorrência de uma situação de emergência, designadamente:
 O conhecimento prévio dos riscos presentes nos espaços
afectos à utilização-tipo, nomeadamente nos locais de risco C,
DeF

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 Os procedimentos a adoptar em caso de detecção ou
percepção de um alarme de incêndio
 A planificação da difusão dos alarmes restritos e geral e a
transmissão do alerta
 A coordenação das operações previstas no plano de evacuação
 A activação dos meios de primeira intervenção que sirvam os
espaços da utilização-tipo, apropriados a cada circunstância,
incluindo as técnicas de utilização desses meios
 A execução da manobra dos dispositivos de segurança,
designadamente de corte da alimentação de energia eléctrica
e de combustíveis, de fecho de portas resistentes ao fogo e
das instalações de controlo de fumo
 A prestação de primeiros socorros
 A protecção de locais de risco e de pontos nevrálgicos da
utilização-tipo
 O acolhimento, informação, orientação e apoio dos bombeiros
 A reposição das condições de segurança após uma situação de
emergência

• Pelo Plano de Evacuação, o qual deve contemplar as instruções e os


procedimentos, a observar por todos os ocupantes da Utilização-Tipo,
relativos à articulação das operações destinadas a garantir a
evacuação ordenada, total ou parcial, dos espaços considerados em
risco pelo RS. O Plano de Evacuação deve abranger:
 O encaminhamento rápido e seguro dos ocupantes para o
exterior ou para uma zona segura, mediante referenciação de
vias de evacuação, zonas de refúgio e pontos de encontro
 O auxílio a pessoas com capacidades limitadas ou em
dificuldade, de forma a assegurar que ninguém fique
bloqueado
 A confirmação da evacuação total dos espaços e garantia de
que ninguém a eles regressa

• Por um anexo com as instruções de segurança


• Por um anexo com as plantas de emergência, podendo ser
acompanhadas por esquemas de emergência. Deve existir uma Planta
de Emergência para cada piso da Utilização-Tipo, junto aos acessos
principais do piso a que se referem

13
1.3.3 Registos de Segurança

A existência dos Registos de Segurança deve ser garantida pelo Responsável de


Segurança. Estes Registos destinam-se à inscrição de ocorrências relevantes e ao
arquivo de relatórios relacionados com a segurança contra incêndio, compreendendo,
designadamente:
• Os Relatórios de Vistoria e de Inspecção ou Fiscalização de condições de
segurança, realizadas pelas entidades competentes
• Informações sobre anomalias observadas nas operações de verificação,
conservação ou manutenção das instalações técnicas, dos sistemas e
equipamentos de segurança, incluindo a sua descrição, impacte, datas da sua
detecção e duração da respecxtiva reparação
• A relação de todas as acções de manutenção efectuadas às instalações técnicas
e aos sistemas e equipamentos de segurança, com indicação do(s) elemento(s)
intervencionado(s), tipo e motivo da acção efectuada, data e responsável
• A descrição sumária das modificações, alterações e trabalhos perigosos
efectuados nos espaços da Utilização-Tipo, com indicação das datas de início e
de fim
• Os relatórios das ocorrências directa e indirectamente relacionadas com a
segurança contra incêndio em edifícios, tais como falsos alarmes, princípios de
incêndio ou actuação das equipas de intervenção da Utilização-Tipo
• Relatórios sucintos de acções de formação e de simulacros

De referir que os Registos de Segurança devem ser arquivados pelo período de 10


anos, de modo a facilitar as devidas auditorias pelas entidades competentes.

1.3.4 Formação em SCIE

Devem possuir formação, no âmbito da Segurança contra Incêndios, todos os


funcionários e colaboradores das entidades exploradoras dos espaços afectos às
Utilizações-Tipo, bem como todas as pessoas que exerçam actividades profissionais
nesses espaços por períodos superiores a 30 dias por ano e todos os elementos com
atribuições previstas nas actividades de autoprotecção. Estas acções de formação
podem consistir em:
• Sensibilização para a Segurança contra Incêndio, com o objectivo de familiarizar
os ocupantes com os espaços e com a identificaçõs dos respectivos riscos de
incêndio, com o cumprimento dos procedimentos e planos de prevenção
contra incêndio, procedimentos de alarme e procedimentos gerais de actuação
em caso de emergência, e ainda com as instruções básicas de utilização dos
meios de primeira intervenção, designadamente dos extintores portáteis.
• Formação específica destinadas aos elementos que, na sua actividade
profissional, lidam com situações de maior risco de incêndio
• Formação específica destinada aos elementos que possuem atribuições
especiais de actuação em caso de emergência (emissão do alerta, evacuação,
utilização dos comandos de meios de actuação em caso de incêndio e de
segunda intervenção)

14
1.3.5 Simulacros

Nas Utilizações-Tipo em que sejam exigidos Planos de Emergência Internos devem ser
realizados exercícios com o objectivo de testar o referido Plano de Emergência e
treinar os ocupantes com vista à criação de rotinas e ao aperfeiçoamento dos
procedimentos em causa. Estes exercícios devem ser devidamente planeados,
executados e avaliados, com a eventual colaboração da corporação de bombeiros local
e de coordenadores ou delegados da Protecção Civil.

A realização dos simulacros deve ser sempre comunicada com a devida antecedência
aos ocupantes do edifício e a sua periodicidade deve cumprir com os estipulado na
Tabela seguinte:

Tabela 5 - Periodicidade da realização de simulacros

Utilizações-Tipo Categoria de Risco Períodos máximos


entre exercícios
I 4ª 2 Anos
II 3ª e 4ª 2 Anos
VI e IX 2ª e 3ª 2 Anos
VI e IX 4ª 1 Ano
III, VIII, X, XI e XII 2ª e 3ª 2 Anos
III, VIII, X, XI e XII 4ª 1 ano
2ª com locais de risco
IV, V e VII 1 Ano
D ou E e 3ª e 4ª

1.4 Cálculo do Efectivo


O número máximo de ocupantes de um edifício ou recinto é denominado de EFECTIVO e
consiste no somatório do número de ocupantes de todos os espaços susceptíveis de ocupação.
Tendo em consideração a capacidade instalada dos diferentes espaços, no cálculo do efectivo
devem ser considerados os valores (arredondados para o inteiro superior) resultantes dos
seguintes critérios:

a. O número de ocupantes em camas nos locais de dormida das Utilizações-Tipo IV –


Escolares, V - Hospitalares e Lares de Idosos e VI - Hoteleiros e Restauração
b. 3,2 Vezes o número de lugares reservados a acamados nos locais destinados a doentes
acamados da utilização V «Hospitalares e Lares de Idosos»
c. Nos apartamentos e moradias com fins turísticos, conforme a respectiva tipologia de
acordo com a tabela seguinte:

Tabela 6 - Efectivo em função da tipologia

T0 T1 T2 T3 T4 Tn
2 4 6 8 10 2(n+1)

15
d. O número de lugares nos espaços com lugares fixos das salas de conferências, reunião,
ensino, leitura ou consulta documental, ou salas de espectáculos, recintos desportivos,
auditórios e lugares de culto religioso
e. O número de ocupantes declarado pela respectiva entidade exploradora, com um
mínimo de 0.03 pessoas por metro quadrado de área útil, nos arquivos e espaços não
acessíveis a público afectos à utilização XII «Industriais, Oficinas e Armazéns»

Com base nos índices de ocupação dos diferentes espaços, medidos em pessoas por metro
quadrado, em função da sua finalidade e reportados à sua área útil, devem ser considerados os
valores, arredondados para o inteiro superior, resultantes da aplicação dos índices constantes
da tabela seguinte:

Tabela 7 - Número de Ocupantes por unidade de área em função do uso dos espaços

Espaços Índices
(pessoas/m2)
Balneários e vestiários utilizados por público 1,00
Balneários e vestiários exclusivos para funcionários 0,30
Bares “zona de consumo com lugares em pé” 2,00
Circulações horizontais e espaços comuns de
0,20
estabelecimentos comerciais
Espaços afectos a pistas de dança em salões e discotecas 3,00
Espaços de ensino não especializado 0,60
Espaços de exposição de galerias de arte 0,70
Espaços de exposição de museus 0,35
Espaços de exposição destinados à divulgação científica e
0,35
técnica
Espaços em oceanários, aquários, jardins e parques
1,00
zoológicos ou botânicos
Espaços ocupados pelo público em outros locais de
3,00
exposição ou feiras
Espaços reservados a lugares de pé, em edifícios, tendas
ou estruturas insufláveis, de salas de conferências, de
reunião e de espectáculos, de recintos desportivos 3,00
“galerias, terraços e zonas de peão”, auditórios ou de
locais de culto religioso
Gabinetes de consulta e bancos de urgência 0,30
Gabinetes de escritório 0,10
Locais de venda de baixa ocupação de público 0,20
Locais de venda localizados até um piso acima ou abaixo
0,35
do plano de referência
Locais de venda localizados mais de um piso acima ou
0,20
abaixo do plano de referência
Locais de venda localizados no piso do plano de referência
0,50
com área inferior ou igual a 300m2
Locais de venda localizados no piso do plano de referência
0,60
com área superior a 300m2
Plataformas de embarque 3,00
Salas de convívio, refeitórios e zonas de restauração e
bebidas com lugares sentados, permanentes ou eventuais, 1,00
com ou sem espectáculo

16
Salas de desenho e laboratórios 0,20
Salas de diagnóstico e terapêutica 0,20
Salas de escritório e secretarias 0,20
Salas de espera de exames e de consultas 1,00
Salas de espera em gares e salas de embarque 1,00
Salas de intervenção cirúrgica e de partos 0,10
Salas de jogo e de diversão “espaços afectos ao público” 1,00
Salas de leitura sem lugares fixos em bibliotecas 0,20
Salas de reunião, de estudo e de leitura sem lugares fixos
0,50
ou salas de estar
Zona de actividades “gimnodesportivos” 0,15

O cálculo do efectivo é efectuado tendo em consideração a área do espaço ou recinto


da Utilização-Tipo e o Número de Ocupantes por Unidade de Área, conforme
apresentado:

EFECTIVO = ÁREA X NÚMERO DE OCUPANTES POR UNIDADE DE ÁREA

Exemplo de Cálculo:

Considere-se uma superfície comercial com uma área de 250m2, com um único piso
localizado no plano de referência. De acordo com a Tabela 8, o número de ocupantes
por unidade de área deste tipo de edifícios é de 0,50, o que se traduz num efectivo de
125 ocupantes, conforme apresentado:

Efectivo = 250X0,5 = 125

2. NORMALIZAÇÃO
A eficácia da evacuação de um edifício depende não só do cumprimento das
disposições regulamentares nacionais que lhe são aplicáveis, mas também da
sinalização, equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio, uma vez que são
estes que permitem o alarme e o alerta dos ocupantes do edifício, a praticabilidade e
identificação dos caminhos de evacuação e o próprio combate ao incêndio. Isto só é
possível se estes equipamentos e sistemas cumprirem com os critérios exigidos pela
normalização aplicável no referente, designadamente, às suas características,
funcionalidades, identificação, instalação e manutenção.

Assim sendo, a título informativo, listam-se de seguida as principais normas nacionais


e europeias aplicáveis aos equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio:

17
Tabela 8 - Normalização de segurança contra Incêndio

Controlo de Fumo
Smoke and heat control systems - Part 1: Specification for smoke
EN 12101-1
barriers
Smoke and heat control systems - Part 2: Specification for natural
EN 12101-2
smoke and heat exhaust ventilators
Smoke and heat control systems - Part 3: Specification for
EN 12101-3
powered smoke and heat exhaust ventilators
Smoke and heat control systems - Part 6: Specification for
EN 12101-6
pressure differential systems - Kits
EN 12101-10 Smoke and heat control systems - Part 10: Power supplies

Detecção, Alarme e Alerta


NP EN 54-1 Sistemas de detecção e alarme de incêndio. Parte 1: Introdução
Fire detection and fire alarm systems. Part 2: Control and
EN 54-2
indicating equipment.
Fire detection and fire alarm systems. Part 3: Fire alarm devices -
EN 54-3
Sounders
Sistemas de detecção e alarme de incêndio. Parte 4:
NP EN 54-4
Equipamento de alimentação de energia
Fire detection and fire alarm systems. Part 5: Heat detectors.
EN 54-5
Point detectors
Fire detection and fire alarm systems - Part 7: Smoke detectors -
EN 54-7 Point detectors using scattered light, transmitted light or
ionization
Fire detection and fire alarm systems - Part 10: Flame detectors -
EN 54-10
Point detectors
Fire detection and fire alarm systems - Part 11: Manual call
EN 54-11
points
Fire detection and fire alarm systems - Part 12: Smoke detectors -
EN 54-12
Line detectors using an optical light beam
Fire detection and fire alarm systems - Part 13: Compatibility
EN 54-13
assessment of system components
Fire detection and fire alarm systems - Part 14: Guidelines for
EN 54-14 planning, design, installation, commissioning, use and
maintenance
Fire detection and fire alarm systems - Part 16: Voice alarm
EN 54-16
control and indicating equipment
Fire detection and fire alarm systems - Part 17: Short-circuit
EN 54-17
isolators
Fire detection and fire alarm systems - Part 18: Input/output
EN 54-18
devices
Fire detection and fire alarm systems - Part 20: Aspirating smoke
EN 54-20
detectors
Fire detection and fire alarm systems - Part 21: Alarm
EN 54-21
transmission and fault warning routing equipment

18
Fire detection and fire alarm systems - Part 24: Components of
EN 54-24
voice alarm systems - Loudspeakers
Fire detection and fire alarm systems - Part 25: Components
EN 54-25
using radio links

Extintores, Agentes Extintores e Classes de Fogos


NP EN 2 Classes de fogos
Extintores de incêndio portáteis. Parte 3: Construção, resistência
NP EN 3-3
à pressão, ensaios mecânicos.
Extintores de incêndio portáteis. Parte 7: Características,
NP EN 3-7
desempenho e métodos de ensaio
Portable fire extinguishers. Part 8: Additional requirements to EN
3-7 for the construction, resistance to pressure and mechanical
EN 3-8
tests for extinguishers with a maximum allowable pressure equal
to or lower than 30 bar
Portable fire extinguishers. Part 9: Additional requirements to EN
EN 3-9
3-7 for pressure resistance of CO2 extinguishers
Portable fire extinguishers. Part 10: Provisions for evaluating the
EN 3-10
conformity of a portable fire extinguisher to EN 3-7.
Segurança contra incêndio. Agentes extintores. Especificações
NP EN 615
para os pós (distintos dos pós classe D)
Segurança contra incêndio. Agentes extintores. Selecção
NP 1800
segundo as classes de fogos
NP EN 1866 Extintores de incêndio móveis
NP EN 1869 Mantas de incêndio
Segurança contra incêndio. Utilização dos extintores de incêndio
NP 3064
portáteis (Em revisão)
NP 4413 Segurança contra incêndio. Manutenção de extintores

Instalações Fixas de Combate a Incêndios


Instalações fixas de combate a incêndio - Sistemas armados com
NP EN 671-1 mangueiras. Parte 1: bocas de Incêndio armadas com
mangueiras semi-rígidas
Instalações fixas de combate a incêndio - sistemas armados com
NP EN 671-2 mangueiras. Parte 2: bocas de incêndio armadas com
mangueiras flexíveis
Instalações fixas de combate a incêndio. Sistemas armados com
mangueiras. Parte 3: Manutenção das bocas de incêndio
NP EN 671-3
armadas com mangueiras semi-rígidas e das bocas de incêndio
armadas com mangueiras flexíveis
Fixed firefighting systems. Automatic sprinkler systems. Design,
EN 12845
installation and maintenance

Plantas de Segurança e de Emergência


Equipamentos de segurança e de combate a incêndio - Simbolos
NP 4303 gráficos para as plantas de projecto de segurança contra
incêndio. Especificação (ISO 6790)

19
Equipamento de segurança e de combate a incêndio - simbolos
NP 4386 gráficos para as plantas de emergência de segurança contra
incêndio. Especificação

Sinalização de Segurança
Transportable gas cylinders - Gas cylinder identification
EN 1089-3
(excluding LPG) - Part 3: Colour coding
NP 3992 Segurança contra incêndio. Sinais de segurança (ISO 6309)
Segurança contra incêndio. Sinalização de dispositivos de
NP 4280
combate a incêndio

20
3. DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DE CENÁRIOS DOS INCÊNDIOS
No que respeita à definição dos cenários, é essencial identificar e obter todas as
informações que podem contribuir para a possibilidade de um incêndio ocorrer, sobre
a forma como pode ser causado e como se irá propagar. Da mesma forma,
informações relativas à possibilidade de causar danos aos ocupantes, às estruturas do
edifício e ao seu conteúdo serão importantes para analisar e minimizar os danos de um
incêndio.

Para cada cenário, devem ser definidas três características:

Características de incêndio
Características do edifício
Características dos ocupantes

Cenário de Incêndio

Modelo de Incêndio Condições Físicas


Características do Incêndio Características do Edifício
Características dos Ocupantes

3.1 Características de Incêndio


Os incêndios manifestam-se através de diversos tipos de fenómenos que vulgarmente
intitulamos de Primários e de Secundários.

Os Primários são fenómenos com reacções químicas de oxidação – redução complexas, no


decorrer das quais um sólido passa ao estado líquido e posteriormente ao gasoso através de
processos de destilação e de evaporação. Estes mecanismos dão lugar a outras manifestações
a que chamamos de fenómenos Secundários.

Relativamente aos fenómenos Primários enunciamos factores que influenciam o seu início e
que contribuem para o seu desenvolvimento:

a. Natureza dos materiais combustíveis


b. Distribuição dos combustíveis
c. Geometria dos compartimentos
d. Inflamabilidade do combustível
e. Características dos valores do calor libertado
f. Ventilação

21
g. Posição das portas (fechadas, abertas) - Período de tempo durante o qual o incêndio se
desenvolve com portas abertas/fechadas.
h. Fluxo de calor externo
i. Área de superfície exposta
j. Sistema de pressurização

Os fenómenos Secundários originam a emissão de fumos e de chamas vivas, cujos efeitos


podem e devem ser aproveitados para a detecção do incêndio.

As características do combustível (quantidade, tipo, ignição, etc.) e as condições de ventilação


(geometria dos compartimentos) são essenciais para determinar a quantidade de calor
libertada durante o incêndio. Esta definição identifica o incêndio e inclui os parâmetros que
permitem calcular as taxas de produção de fumo e os valores que serão utilizados no software
de simulação de incêndios.

O desenvolvimento de um incêndio pode ser representado através do calor libertado pelas


seguintes fases:

 Fase Incipiente (Eclosão) – caracterizada por uma série de estados que podem ser
latente, chama ou radiante.

 Fase de Propagação – contempla o período da propagação até à inflamação


generalizada.

 Fase da Combustão Contínua – caracterizada pela combustão de todos os


combustíveis presentes no local.

 Fase do Declínio – período da diminuição da severidade do incêndio.

 Extinção – momento em que não se produzirá mais energia (não haverá mais energia
libertada).

Combustão
Calor Crescimento Contínua
Incipiente Declínio
libertado

Eclosão Propagação

Flashover

Activação
Sprinkler

Incêndio controlado - Sprinkler

Tempo

Figura 1 – Cenários de incêndio. Fonte: ISO TR 13387-2 “Design fire scenarios and design fires”

22
A concentração, natureza e propagação dos produtos da combustão dependem dos seguintes
factores:

 Elementos químicos das substâncias envolvidas na combustão


 Temperaturas máximas
 Concentração de oxigénio

Durante um incêndio são libertadas quantidades consideráveis de calor, de fumo e de gases


tóxicos.

A progressão de um incêndio é em grande parte determinada pela composição dos materiais


combustíveis, pelo fornecimento e concentração de oxigénio e pela temperatura resultante
da combustão.

As quantidades de fumo e de gases tóxicos que são libertadas durante uma combustão podem
ser bastante consideráveis. Veja-se o exemplo dos materiais de construção utilizados para
isolamento térmico e acústico que produzem fumo e gases em grandes quantidades.

Em condições normais, o oxigénio encontra-se na atmosfera numa percentagem de 21%,


sendo este consumido durante o desenvolvimento de uma combustão. A alteração da
percentagem de oxigénio no ar também tem implicações sobre o bem-estar e a saúde das
pessoas.

A existência de fumos e a consequente redução da visibilidade pode influenciar de diversas


formas o movimento das pessoas, destacando-se a diminuição da velocidade de deslocação, o
aumento da instabilidade emocional, a interrupção do movimento e eventual pânico.

Quanto aos gases tóxicos, eles representam uma ameaça real à vida das pessoas, sendo os
responsáveis directos por grande parte dos acidentes mortais que ocorrem durante os
incêndios.

3.2 Efeitos Fisiológicos da Exposição ao Fogo

Em caso de evacuação, o tempo necessário para os ocupantes se deslocarem em segurança


depende directamente dos efeitos da exposição ao fogo. Podemos resumidamente afirmar
que os efeitos fisiológicos mais comuns são os seguintes:

a. Hipertermia
b. Queimaduras superficiais, causadas pela radiação do calor e do fumo
c. Queimaduras nas vias respiratórias causadas pelos gases quentes e fumo

O calor é perigoso para as pessoas porque pode causar desidratação, dificuldades


respiratórias, asfixia e queimaduras. O limite sustentável da temperatura do ar é de cerca de
150ºC. O tempo de exposição terá de ser muito curto e o ar seco. Infelizmente, em caso de
incêndio, a percentagem de vapor de água no ar é normalmente bastante elevada.

A temperatura limite sustentável num curto período de tempo ronda os 60ºC.

23
Tabela 9 - Limite de sustentabilidade para a Radiação e Convecção

Modo de Produção Intensidade Tolerância de Tempo


<2,5 kW/m2 > 5 min
Radiação 2,5 kW/m2 30 seg
10 kW/m2 4 seg
<60ºC 100% Saturado > 30 min
100ºC < 10% H2O 8 min
110ºC < 10% H2O 6 min
Convecção 120ºC < 10% H2O 4 min
130ºC < 10% H2O 3 min
150ºC < 10% H2O 2 min
180ºC < 10% H2O 1 min

3.3 Efeitos Devidos à Produção de Gases

A facilidade para evacuar os edifícios e a capacidade dos ocupantes alcançarem as vias de


evacuação e as saídas depende dos seguintes factores:

a. Redução da visibilidade
b. Irritação para os olhos e vias respiratórias

A visibilidade é um elemento muito importante. Diminuindo a visibilidade, diminui a


possibilidade de encontrar um local seguro. Os ocupantes dificilmente alcançarão a saída se a
distância de visibilidade for inferior a aproximadamente 3 metros.

Os produtos irritantes da combustão consistem numa série de compostos orgânicos, incluindo


o acraldeído (ACROLEIN) e o formaldeído (FORMALDEHYDE), que estão sempre presentes nos
produtos de combustão, dependendo as suas concentrações da composição química dos
materiais combustíveis.

Asfixia/Toxicidade

Os produtos mais comuns gerados durante uma combustão têm a particularidade de estar no
estado gasoso mesmo quando os locais em que se encontram arrefecem para cerca de 15ºC.
Os mais comuns são:

Tabela 10 - Produtos de Combustão mais comuns

Produtos de Combustão
Monóxido de Carbono CO
Anidrido Carbónico
CO2
(Dióxido de Carbono)
Ácido Sulfídrico H2S
Óxido de Enxofre SO2
Amoníaco NH3
Ácido Cianídrico HCN
Ácido Clorídrico HCl
Óxido de Azoto NO2
Fosgénio COCl2

24
Monóxido de Carbono
O Monóxido de Carbono (CO) produz-se em incêndios em espaços fechados e com deficiência
de oxigénio, apresentando as seguintes características específicas:

 Incolor
 Inodoro
 Não irritante

Nos incêndios, é o gás mais perigoso por ser altamente tóxico e normalmente produzido em
grandes quantidades.

Anidrido Carbónico
O Anidrido Carbónico (CO2) é um gás asfixiante. Não é tóxico, mas durante o decorrer dos
incêndios toma o lugar do oxigénio. Quando a concentração de oxigénio baixa para os 17%, o
anidrido carbónico causa asfixia, acelerando o ritmo da respiração.

Com 2% de emissões de CO2 a respiração aumenta de velocidade (ritmo) e de profundidade,


em 50% comparativamente às condições normais. Se essa percentagem for de 3% duplica para
100%.

Ácido Cianídrico
Incêndios normais desenvolvem pequenas quantidades de Ácido Cianídrico (HCN) aquando de
combustões incompletas (deficiência de oxigénio) de lã, seda, acrílico, poliamidas e resinas
uretanas. Tem o odor característico de amêndoas amargas.

Tem efeitos nefastos para a função respiratória, destruindo os tecidos que necessitam de
oxigénio para funcionar (coração e sistema nervoso).

Fosgénio
É um gás tóxico que é originado na combustão de materiais com cloro (materiais plásticos),
sendo muito perigoso em espaços fechados.

Quando entra em contacto com a água ou humidade, o fosgénio divide-se em anidrido


carbónico e ácido clorídrico.

O ácido clorídrico é muito perigoso por ser extremamente ácido e poder facilmente atingir as
vias respiratórias.

Consideramos o IDHL “Immediatly Dangerous to Life and Health” (Perigo imediato para a
saúde e para a vida) como valor de referência. Este parâmetro avalia a concentração das
substâncias tóxicas após uma exposição de 30 minutos sem causar danos severos para a
saúde.

25
Tabela 11 - Valores de IDHL dos Produtos de Combustão mais comuns

Substância Fórmula IDHL (ppm)


Monóxido de Carbono CO 1.200
Anidrido Carbónico CO2 40.000
Ácido Cianídrico HCN 50
Amoníaco NH3 300
Ácido Clorídrico HCl 50

Efeitos causados pela redução de oxigénio (concentração)


Durante a combustão, o nível de oxigénio diminui e os produtos da combustão (gases) são
produzidos. A diminuição de oxigénio torna-se muito perigosa. As pessoas necessitam de 10
L/min de oxigénio em cerca de 20 inspirações de 0,5 L/cada. O oxigénio nestas inspirações
deve estar na concentração de 16%. Considera-se que há risco para a presença humana
quando a concentração de oxigénio atinge valores abaixo dos 16%.

3.4 Impacto do fumo na deslocação

As velocidades de deslocação referidas na Secção 4.6 foram obtidas em testes realizados em


ambientes sem fumo. Por conseguinte, os resultados não levaram em consideração os efeitos
de atmosferas em fumos densos. Recorda-se que os efeitos fisiológicos da exposição ao fumo
já foram analisados na Secção 1.2.

Na prática, constata-se que num corredor com fumo denso as pessoas tendem a voltar para
trás, em vez de continuarem na área de fumo. Em situações de fogo pela retaguarda, as
pessoas tendem a mover-se através do fumo.

A presença de fumo tem impacto na deslocação das pessoas de duas formas:

 Pode diminuir a probabilidade dos ocupantes se deslocarem para o Ponto de Encontro


ou de continuarem a evacuação
 Pode reduzir a velocidade de deslocação: quer pela densidade de fumo, quer pelas
suas propriedades irritantes.

Tabela 12 - Efeitos do fumo. Fontes: PD 7974-6:2004 “Human Factors. Life Safety Strategies –
Occupant evacuation, behaviour and condition”

Densidade de Fumo e Visibilidade


Densidade Óptica de Fumo Aproximada e
Irritante Iluminação Difusa Efeitos Reportados
Velocidade de deslocação de
Nenhum Não Afectado
1,2m/s
0,5 (1,15) Não Irritante 2m Velocidade de Deslocação 0,3m/s
0,2 (0,5) Irritante Reduzida Velocidade de Deslocação 0,3m/s
30% Pessoas Voltam Atrás em
0,33 (0,76) Misto 3m
vez de Avançar
Limites Sugeridos de Segurança de Edifícios com:
Pequenos Espaços e Curtas Distâncias Dm-1=0,2 (visibilidade de 5m)
Grandes Espaços e Longas Distâncias Dm-1=0,08 (visibilidade 10m)

26
4. CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO
No referente aos critérios de segurança, a legislação nacional prevê que os espaços interiores
dos edifícios e recintos sejam estruturados e organizados para permitir que, em caso de
incêndio, os ocupantes possam alcançar um local seguro no exterior pelos seus próprios meios,
de modo fácil, rápido e seguro.

Um problema adicional relaciona-se com o número de ocupantes, com as suas características


psicológicas e fisiológicas e com as suas condições de mobilidade.

O tempo de percurso é função da velocidade de deslocação dos ocupantes e da distância a


percorrer até à saída de emergência e está intrinsecamente ligado ao número e às
características dos ocupantes.

Por outro lado, as características dos edifícios, designadamente a sua construção, conteúdo e
condições ambientais, influenciam também a evacuação dos ocupantes, o início e o
desenvolvimento do incêndio, bem como a distribuição do combustível.

Geralmente, são tomados em consideração os seguintes aspectos:

Características arquitectónicas (altura, largura, compartimentação)


Características estruturais
Existência de Sistemas de Detecção de Incêndios
Uso do edifício (escritórios, oficinas, hospitais, etc.)
Tempo de resposta à emergência dos ocupantes do edifício
Factores ambientais
Existência de ventilação natural e mecânica

4.1 Critérios de Dimensionamento de Caminhos de Evacuação

O dimensionamento dos caminhos de evacuação e das saídas deve ser feito de forma a obter,
sempre que possível, uma densidade de fluxo constante de pessoas em qualquer secção das
vias de evacuação no seu movimento em direcção às saídas.

O critério geral para o cálculo do número mínimo de saídas que servem um local de um edifício
ou recinto coberto, em função do seu efectivo é referido na tabela abaixo:

Tabela 13 - Número mínimo de saídas de locais cobertos em função do efectivo

Efectivo Número Mínimo de Saídas


1 a 50 Uma
51 a 1500 Uma por 500 pessoas ou fracção, mais uma
1501 a 3000 Uma por 500 pessoas ou fracção
Número condicionado pelas distâncias a percorrer
Mais de 3000
no local, com um número mínimo de seis

Já o critério de cálculo do número mínimo de saídas que servem um local de um recinto ao ar


livre, em função do seu efectivo, é o seguinte:

27
Tabela 14 - Número mínimo de saídas de recintos ao ar livre em função do efectivo

Efectivo Número Mínimo de Saídas


1 a 150 Uma
151 a 4500 Uma por 1500 pessoas ou fracção, mais uma
4501 a 9000 Uma por 1500 pessoas ou fracção
Número condicionado pelas distâncias a percorrer
Mais de 9000
no local, com um número mínimo de seis

Distribuição e localização das saídas

As saídas que servem os diferentes espaços de um edifício ou de um recinto devem ser


distintas e estar localizadas de modo a permitir a rápida evacuação das pessoas, distribuindo
entre elas o seu efectivo, na proporção das respectivas capacidades, minimizando a
possibilidade de percursos de impasse. As saídas devem ser afastadas umas das outras,
criteriosamente distribuídas pelo perímetro dos locais que servem, de forma a prevenir o seu
bloqueio simultâneo em caso de incêndio.

Largura das saídas e dos Caminhos de Evacuação

A largura útil das saídas e dos caminhos de evacuação é medida em Unidades de Passagem
(UP) e deve ser assegurada desde o pavimento, ou dos degraus das escadas, até à altura de 2
metros.

Sem prejuízo de disposições mais gravosas, a largura mínima das saídas deve ser de 2 UP:
a. Nos locais em edifícios cujo efectivo seja igual ou superior a 200 pessoas
b. Nos recintos ao ar livre cujo efectivo seja igual ou superior a 600 pessoas

A «Unidade de Passagem (UP)» é uma unidade teórica utilizada na avaliação da largura


necessária à passagem de pessoas no decurso da evacuação. A correspondência em unidades
métricas, arredondada por defeito para o número inteiro mais próximo, é a seguinte:

a. 1 UP=0,9m
b. 2 UP=1,4m
c. N UP= N x 0,6m (para N> 2)

Figura 2 - Exemplificação de Unidades de Passagem

28
Os caminhos de evacuação e as saídas de locais em edifícios devem, sem prejuízo de
disposições mais gravosas, satisfazer os critérios da tabela abaixo:

Tabela 15 - Número mínimo de unidades de passagem em espaços cobertos

Efectivo Número Mínimo de UP


1 a 50 Uma
51 a 500 Uma por 100 pessoas ou fracção, mais uma
Mais de 500 Uma por 100 pessoas ou fracção

Tabela 16 - Número mínimo de unidades de passagem em recintos ao ar livre

Efectivo Número Mínimo de UP


1 a 150 Uma
151 a 1500 Uma por 300 pessoas ou fracção, mais uma
Mais de 1500 Uma por 300 pessoas ou fracção

Distâncias a percorrer nos locais

Os caminhos horizontais de evacuação devem proporcionar o acesso rápido e seguro às saídas


de piso através de encaminhamentos claramente traçados, preferencialmente rectilíneos, com
um número mínimo de mudanças de direcção e tão curtos quanto possível.

A distância máxima a percorrer nos locais de permanência em edifícios até ser atingida a saída
mais próxima para o exterior ou para uma via de evacuação protegida, deve ser de:

a. 15 metros nos pontos em impasse, com excepção dos edifícios da Utilização-Tipo I,


unifamiliares da 1ª categoria de risco
b. 30 metros nos pontos com acesso a saídas distintas

No caso de locais amplos cobertos, com áreas superiores a 800 m2, no piso de referência com
saídas directas para o exterior, é admissível que a distância máxima constante na alínea b)
anterior seja aumentada em 50%.

No caso de locais ao ar livre, são admissíveis distâncias máximas duplas das constantes nas
alíneas a) e b).

Relativamente às Vias Verticais de Evacuação, o número de vias nos edifícios deve ser o
imposto pela limitação das distâncias a percorrer nos seus pisos e pelas disposições específicas
descritas na Portaria 1532/2008. Os edifícios com uma altura superior a 28 metros, em relação
ao plano de referência, devem possuir pelo menos duas vias verticais de evacuação. Sempre
que sejam exigíveis duas ou mais vias verticais de evacuação que sirvam os mesmos pisos de
um edifício, os vãos de acesso às escadas ou às respectivas câmaras corta-fogo, caso existam,
devem estar a uma distância mínima de 10 m, ligados por comunicação horizontal comum.

29
Zonas de Refúgio

Os edifícios de muito grande altura e todas as Utilizações-Tipo da 4ª categoria de risco, ou da


3ª categoria de risco, que ocupem pisos com altura superior a 28 m, devem possuir zonas de
refúgio que:

a. Sejam localizadas no piso com altura imediatamente inferior a 28 m e de dez em dez


pisos, acima desse
b. Sejam dotados de paredes de compartimentação com a resistência ao fogo padrão
igual à exigida para as vias horizontais de evacuação
c. Comuniquem, através de câmara ou câmaras corta-fogo, com uma via vertical de
evacuação protegida e com elevador prioritário de bombeiros, conduzindo ambos a
uma saída directa ao exterior no plano de referência
d. Possuam os meios de 1ª e 2ª intervenção
e. Disponham de meios de comunicação de emergência com o posto de segurança e de
meios de comunicação directos com a rede pública

As zonas de refúgio poderão ser localizadas ao ar livre, desde que permitam a permanência do
efectivo que delas se sirva, a uma distância superior a 8 m de quaisquer vãos abertos em
paredes confinantes, ou que esses vãos, até uma altura de 4 m do pavimento da zona, sejam
protegidos por elementos com uma resistência ao fogo padrão de E30.

As zonas de refúgio consideradas anteriormente devem possuir uma área de valor, em m2, não
inferior ao efectivo dos locais que servem, multiplicado pelo índice 0,2.

5. SISTEMAS DE SEGURANÇA
5.1 Sistema Automático de Detecção de Incêndio (SADI)

Os Sistemas Automáticos de Detecção de Incêndios (SADI) são projectados para detectar a


presença indesejada de um fogo através da monitorização de mudanças do meio (ambiente)
associadas ao fenómeno da combustão. Assim, estes sistemas devem ser sensíveis aos
fenómenos resultantes de uma reacção de combustão e ter capacidade de lhes reagir o mais
precocemente possível.

A detecção automática de incêndios é possível graças a dispositivos designados de detectores,


apresentando vantagens significativas em relação à detecção humana, pelo facto de, regra
geral, ser mais rápida e permitir a cobertura de todas as áreas ou espaços a proteger, mesmo
quando estes não são acessíveis às pessoas. Outro aspecto de grande importância consiste na
reacção do Sistema à detecção de um foco de incêndio.

As funções genéricas de qualquer Sistema Automático de Detecção de incêndio são:

 Detectar a presença de um fogo mediante a detecção de fumos, calor (temperatura) e


radiações infravermelhas ou violeta
 Localizar o foco de incêndio
 Accionar um alarme
 Transmitir à distância o alarme

30
 Promover a extinção e a contenção do incêndio, através do fecho de portas resistentes
ao fogo, registos corta-fogo, accionamento dos sistemas de desenfumagem, corte de
alimentação de combustíveis, comando de elevadores, paragem de ventiladores, etc.

Um Sistema Automático de Detecção de Incêndio deve funcionar ininterruptamente (24horas/


dia) e possuir um elevado grau de fiabilidade, ou seja, apresentar uma probabilidade reduzida
de ocorrência de falsos alarmes.

5.1.1 Organização do Alarme

A garantia de um estado de alerta permanente no Sistema é de importância extrema. Como


referido anteriormente, este deve ser o mais fiável possível, ter uma baixa ocorrência de falsos
alarmes, elevada sensibilidade e ser de resposta rápida face à ocorrência de um incêndio. A
organização do alarme, definida como o conjunto de acções a desencadear automaticamente
pelo Sistema face à ocorrência de uma situação de alarme de incêndio, é um aspecto
fundamental da exploração do Sistema, e engloba a elaboração de todas as especificações
funcionais da Central de Comando, no referente ao desencadear dos alarmes, alerta e
comandos (matriz de comandos).

A organização do alarme depende grandemente dos riscos a proteger e da organização do


Serviço de Segurança Incêndio (SSI) do edifício.

O primeiro ponto a considerar refere-se ao período de funcionamento do Sistema. Isto é, se o


sistema opera sempre do mesmo modo durante as 24 horas do dia ou se, pelo contrário, tem
um regime de funcionamento para quando a Central está vigiada (regime diurno) e outro para
quando a Central não está vigiada (regime nocturno). A comutação entre estes dois regimes de
funcionamento pode processar-se automaticamente ou de forma manual.

Outro aspecto a definir, para cada um dos regimes de funcionamento referidos, consiste no
estabelecimento das acções a desencadear quando ocorre um alarme de incêndio, veiculado
por um detector ou um botão de alarme. As acções podem ser sequenciadas no tempo,
através de temporizações, e os SADI’s configurados em função de cada situação concreta.

Para exemplificar uma organização de alarme consideram-se os casos seguintes:

 Posto de Segurança permanentemente vigiado (24h/ TDA)


 Posto de Segurança não vigiado durante o período nocturno

No modo de funcionamento com o Posto de Segurança permanentemente vigiado, qualquer


detector ou botão de alarme desencadeará apenas o alarme restrito no Posto de Segurança e,
após uma temporização acordada e testada previamente, é que serão desencadeados o
alarme geral e o alerta aos Bombeiros, bem como as acções sequenciadas no tempo das
paragens/arranques/fechos, a desencadear automaticamente pela CDI (matriz de comandos).

No decurso de qualquer temporização, o alarme geral e o alerta aos bombeiros poderão ser
desencadeados por comando manual na Central. No modo de funcionamento do posto de
segurança mão vigiado (nocturno), qualquer detector ou botão de alarme desencadeará o
alarme geral e o alerta aos bombeiros, neste caso aconselha-se que o alarme, além de chegar
aos bombeiros, informe o responsável de segurança do edifício, protegido pelo referido SADI.

31
Por Alarme de Incêndio entende-se o aviso aos ocupantes de um dado edifício ou
estabelecimento da ocorrência de um incêndio, que por sua vez determina (consoante a
organização do Alarme) a evacuação do edifício.

Por Alerta entende-se a mensagem transmitida aos meios de socorro exteriores (corporações
de bombeiros/112), comunicando-lhes a ocorrência de um incêndio no edifício.

32
Figura 3 - Central permanentemente guarnecida (vigiada)

Posto de Segurança

Alarme Local
Central

Esgotada
Temporização

Em Curso

Cancelamento Reconhecimento

Sim

Sim Não
Situação Normal

Alerta Bombeiros Alarme Geral

33
Figura 4 - Posto de segurança desguarnecido no período nocturno (não vigiada)

Posto de Segurança

Alerta Bombeiros Alarme Geral

5.2 Controlo de Fumo

Uma vez detectado um incêndio é necessário criar condições para evacuar as pessoas em risco
e para extinguir o incêndio, aspectos muito dificultados se o fumo e os gases da combustão
referidos anteriormente se mantiverem no edifício.

Assim, o controlo de fumo/desenfumagem constitui uma importante medida de segurança


porque permite:

 Tornar transitáveis os caminhos a usar na evacuação pelos ocupantes dos edifícios e


possibilitar que os meios de intervenção (1ª e 2ª) possam ser utilizados no local do
sinistro
 Limitar a propagação, fazendo a extracção do fumo resultante da combustão dos
materiais combustíveis para o exterior. A extracção do fumo é uma forma de controlar
a temperatura do ambiente interior, diminuindo a possibilidade de propagação do
incêndio
 Promover a extracção do fumo de um incêndio após a circunscrição do sinistro que lhe
deu origem

Existem várias técnicas de controlo de fumo. São possíveis quatro combinações de extracção/
insuflação:

 Natural/Natural
 Forçada/Forçada
 Natural/Forçada

34
A Extracção Natural é realizada por aberturas de vãos existentes nos pontos mais elevados dos
edifícios ou dos espaços a proteger, onde o fumo e os gases de combustão aquecidos têm
tendência a acumular-se, permitindo a sua saída para o exterior.

A Insuflação Natural é obtida à custa de aberturas localizadas ao nível do piso do incêndio ou


abaixo dele, garantindo o varrimento de ar fresco que alimenta as correntes de convecção.
Estas aberturas devem possuir uma secção pelo menos igual à das de extracção.

A Extracção Forçada é realizada por ventiladores, sistemas de condutas e bocas de extracção.


Estas bocas consistem em aberturas localizadas em pontos altos dos espaços a desenfumar,
que captam o fumo e os gases de combustão desses espaços, de modo a encaminhá-los pelas
condutas até às saídas para o exterior, em consequência da depressão criada pelos
ventiladores de extracção.

A Insuflação Forçada é obtida à custa de ventiladores que insuflam ar fresco em aberturas


localizadas ao nível do piso do incêndio ou abaixo dele.

5.3 Sinalização de Segurança

A sinalização deve obedecer à legislação nacional, designadamente ao Decreto-Lei nº 141/95,


de 14 de Junho, alterado pela Lei nº 113/99, de 3 Agosto, e à Portaria nº 1456- A/95, de 11
Dezembro.

Por sinalização entende-se genericamente, o conjunto de estímulos ópticos ou visuais,


acústicos e tácteis, que podem condicionar e orientar a actuação das pessoas. No caso
específico dos incêndios, como nos outros casos, a sinalização óptica ou visual consiste na
instalação de sinais gráficos (símbolos ou pictogramas) nos locais apropriados, de formatos,
desenhos e cores aprovadas, que dão indicações de:

 Proibição: sinais que proíbem um comportamento


 Aviso: sinais que advertem de um perigo ou de um risco
 Obrigação: sinais que impõem um comportamento
 Salvamento ou Socorro: sinais que dão indicações sobre saídas de emergência ou
meios de socorro e salvamento
 Indicação: sinais que fornecem indicações não abrangidas de proibição, aviso,
obrigação, salvamento ou socorro.

A sinalização de segurança destina-se a identificar:

 Situações perigosas
 Percursos adequados a uma evacuação segura
 Equipamentos de intervenção
 Dispositivos manuais de accionamento do alarme
 Dispositivos de comando de sistemas de segurança

Na sinalização adoptam-se cores para segurança, a fim de advertir e indicar os riscos


existentes.

35
As cores adoptadas em segurança são as seguintes:

Vermelho: usado para distinguir e indicar equipamentos e aparelhos de protecção e combate


a incêndio.

É empregue para identificar: caixa de alarme de incêndio (botoneiras), hidrantes, bombas de


incêndio, sirenes de alarme de incêndio, caixas com mantas de incêndio, extintores e sua
localização, localização de mangueiras de incêndio, baldes de areia, tubagens, válvulas e hastes
do sistema de água.

Amarelo: empregue para indicar “Cuidado“, assinalando espelhos de degraus de escadas, vigas
colocadas a baixa altura, gases não liquefeitos em canalizações, pilastras, vigas, postes, colunas
e partes salientes de estruturas e equipamentos em que se possa embater, etc.

Azul: utilizado para indicar “Cuidado“, ficando o seu emprego limitado a avisos contra uso e
movimentação de equipamentos, que deverão permanecer fora de serviço

Verde: é a cor que caracteriza “Segurança“. É empregue para identificar chuveiros de


segurança, dispositivos de segurança, fontes para lavagem dos olhos, caixas de equipamentos
de socorro de urgência, etc.

Branco: empregue em direcção e circulação, por meio de sinais, localização e colectores de


resíduos, áreas destinadas à armazenagem, zonas de segurança, passarelas e corredores de
circulação, por meio de faixas (localização e largura), áreas em torno dos equipamentos de
socorro de urgência, de combate a incêndio ou outros equipamentos de emergência.

Preto: indica canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade. Poderá ser usado
em substituição do branco, ou em combinação com este, quando condições especiais o exijam.

Na tabela abaixo apresenta-se o significado das cores utilizadas na sinalização de segurança:

Tabela 17 - Significado das cores dos sinais de segurança

Cor Significado ou Finalidade Indicações e Precisões


Sinal de Proibição Atitudes perigosas
Stop, pausa, dispositivos de
Vermelho Perigo - Alarme corte de emergência.
Evacuação
Material e equipamento de
Identificação e localização
combate a incêndios
Atenção, precaução.
Amarelo Sinal de aviso
Verificação
Comportamento ou fracção
específicos – obrigação de
Azul Sinal de obrigação
utilizar equipamento de
protecção individual
Portas, saídas, vias, material,
Sinal de salvamento ou de socorro
Verde postos, locais específicos
Situação de segurança Regresso à normalidade

36
O significado da forma dos sinais de segurança é apresentado na tabela abaixo:

Tabela 18 – Significado da forma dos sinais de segurança

Forma Significado Cores associadas

Circulo Proibição Vermelho

Triângulo equilátero Aviso Amarelo


Verde, Amarelo,
Rectângulo ou quadrado Informação
Vermelho ou Azul
Seta Sentido de Orientação Verde e vermelho

Cruz Primeiros socorros Verde

Tabela 19 - Exemplos de Sinais de Segurança

Informação

Proibição

Tabela 20 - Sinalização de Caminhos de Evacuação

37
Os sinais devem ser instalados em locais bem iluminados, devendo usar-se cores
fosforescentes, materiais reflectores ou iluminação complementar para garantir uma maior
visibilidade.

As dimensões dos sinais devem ser adequadas à distância máxima a que devem ser
observados, podendo utilizar-se a fórmula prática:

A≥d2/2000

Em que:

d = Distância de observação do sinal, em metros


A = Área do sinal, em metros quadrados

Figura 5 - Dimensão dos sinais

A altura e aposição dos sinais também devem garantir a sua boa visibilidade à distância julgada
conveniente.

5.4 Iluminação de Segurança

A sinalização dos caminhos de evacuação deve ser luminosa, normalmente através de blocos
autónomos que devem possuir uma intensidade de 60 lm, complementada por meios de
sinalização passiva, onde for necessário. A sinalização de saídas deve ser baseada em blocos
autónomos permanentes que devem possuir uma intensidade luminosa de 60 lm e, de
preferência, ser localizados sobre as portas de saída. A maior parte da sinalização de circulação
também deve basear-se em blocos autónomos permanentes, ainda que, em certos casos se
admitam sinais não activos com esta finalidade, desde que a iluminação ambiente garanta a
sua visibilidade.

38
6. CARACTERIZAÇÃO DOS OCUPANTES
6.1 Factores Influentes dos Comportamentos

A complexidade deste tema acarreta diversas dificuldades na sua abordagem. Assim, far-se-á o
enquadramento geral de aspectos básicos, numa perspectiva teórico-prática, que possibilitará
a compreensão de situações bastante específicas, de modo a fornecer dados/elementos de
aplicaçãoprática em cada uma dessas situações.

Por comportamento entende-se “toda a actuação de um indivíduo com consequências tanto a


nível interno (para o próprio indivíduo), como externo (cujos efeitos influenciam outras
pessoas ou o meio), tendo por base na sua constituição e manifestação, um conjunto de
factores (biológicos, psicológicos, ambientais, sociais, cognitivos, etc) ”, podendo dizer-se que
consiste num fenómeno único e com múltiplas causalidades.

Um determinado comportamento pode manifestar-se aparentemente de forma espontânea


ou provocada.

Factores Influentes

Externas
Comportamento Actuação Consequências
Internas

Manifestação Psico-Biofeedback

Espontânea Provocada

39
Como mencionado anteriormente, todo o comportamento tem consequências que podem
modificar uma conduta e, inclusivamente, afectar o meio em questão, isto é, alterar as
circunstâncias desse meio.

Este comportamento modificador pode ser adequado ou não à situação em questão. No caso
de o comportamento não ser o adequado, traduz-se numa conduta obstrucionista para a
solução salvadora de uma situação nociva, tanto a nível individual, como para o grupo, que em
situações de pânico pode assumir dimensões bastante consideráveis.

Por pânico entende-se um comportamento desorganizado e irracional provocado pelo medo


exagerado perante um facto, no qual predominam actos institivos, primários e descontrolados.

Para um melhor entendimento do comportamento psicológico das pessoas, perante situações


de emergência, há que ter em consideração outros aspectos particularmente relevantes, dos
quais se destacam os que a seguir se enumeram.

1) Características do local onde possa ocorrer uma situação de emergência:

a. Aberto

b. Fechado

c. Distribuição dos Pisos:


• Horizontal (Rectilíneo / Quebrado)
• Vertical (Largura dos Pisos / Número de Pisos)
• Mista

d. Distribuição e desenho das escadas

e. Sinalização das vias de evacuação


• Dimensão
• Cor
• Acústicos

f. Difusão das normas de actuação em caso de emergência

g. Indicação das áreas de refúgio (terraços e compartimentos)

2) Características dos ocupantes que circulam no edifício / recinto em que possa ocorrer uma
catástrofe:

a. Média de Idades e Condição Física


• Idosos
• Deficientes Motores
• Deficientes Visuais
• Deficientes Auditivos
• Comatosos

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b. Sexo Predominante
• Feminino
• Masculino

c. Permanência
• Fixa
• Passageira/Circunstancial
• Hóspedes

d. Momento do Dia
• Diurno
• Nocturno

e. Experiência prévia em simulacros

f. Treino em simulacros

3) Factores influentes no comportamento das pessoas em situações de emergência:

a. Externos
• Visibilidade
• Tensão ambiental
• Aspectos acústicos

b. Internos
• Sentido de Orientação
• Solidão
• Angústia
• Toxicidade (álcool, barbitúricos, etc.)

4) Fases de actuação durante o sinistro:

a. Do indivíduo
• Tipos de Condutas:
o Preventivas
o Evacuação (Organizada/Altruísta)

• Condutas Inadaptadas:
o Egoístas e Agressivas
o Vandalismo
o Intolerante
o Reentrada no Local do Sinistro

b. Do pessoal encarregue da Segurança (Serviço Segurança Incêndio)


• Capacidade de liderança
• Organização da evacuação
• Eficácia e rapidez nas actuações
• Controlo de massas

41
5) Quadro Resumo de Factores Influentes nos Comportamentos:

Situações Tipo
a. Individuais
b. Grupos Aglomerações

Características do Espaço
a. Aberto (recintos desportivos, etc.)
b. Fechado
c. Distribuição do Recinto (Horizontal / Vertical / Misto)
d. Indicação de Áreas de Refúgio
e. Distribuição e Configuração das Escadas
f. Sinalização/Iluminação das Saídas de Evacuação
g. Difusão das Normas de Actuação

Características dos Ocupantes


a. Personalidade Tipo
b. Média de Idades
c. Sexo Predominante
d. Tipo de Permanência
e. Hora do Dia
f. Experiência
g. Treino de Simulacros

Tipos de Sinistro
a. Inundação
b. Incêndio
c. Derrocada
d. Explosão
e. Actuação Desordenada

Factores Influentes
a. Externos
b. Internos

Fases de Actuação
a. Do Incêndio
b. Do Pessoal Encarregue da Segurança

6.2 Análise de Situações de Emergência e de Reacções que se podem Produzir

Antes de mais há que analisar as reacções comportamentais a que se irá fazer referência, e
que respeitam à histeria colectiva, com a consequente aparição do fenómeno “Pânico de
Massas”.

Como referido anteriormente, existem inúmeras situações de emergência, pelo que estas
podem ser classificadas com base em aspectos como a origem causadora da situação ou as
condições físicas ou ambientais que favorecem o seu início e a sua propagação (volume,
distribuição, vias de evacuação, etc.).

42
Contemplando a classificação referida, não é difícil imaginar que as reacções das pessoas
variam consoante a situação. No entanto, reflectindo sobre o aspecto do descontrolo do
comportamento humano, pode deduzir-se facilmente que em todas as situações de
emergência existe um perigo comum que é o pânico, o qual terá de ser evitado a todo o custo.

É muito importante que os serviços de segurança evitem situações de pânico nos primeiros
momentos de uma situação de emergência, pois uma vez desencadeado o pânico, o seu
controlo é extremamente difícil. Assim sendo, é essencial ter conhecimento dos processos
psicológicos que intervêm nas pessoas para que estas actuem de uma determinada forma.

É do conhecimento que “nem todas as pessoas actuam de igual forma perante uma mesma
situação”.

Assim como:

“Uma mesma pessoa não actua de igual modo perante situações aparentemente
semelhantes”.

Considere-se o exemplo o Sr. “X”, presente num hotel onde ocorre um incêndio, que agirá de
uma determinada forma (que não é, nem tem de ser igual à do Sr. “Y”, que está no quarto ao
lado).

Caso o Sr. “X” tenha a infelicidade de presenciar outro incêndio, num outro hotel, não irá agir
de forma igual à anterior.

As razões deste facto são, em princípio, fáceis de deduzir:

Adquiriu uma experiência de fogo.

Leu e informou-se mais profundamente sobre situações de fogo. Sensibilizou-se sobre


o tema.

Desenvolveu a percepção sensorial para detectar sinais de situações de perigo mais


rapidamente.

Reflectiu mentalmente sobre a situação, tomando em conta os erros que cometeu na


primeira vez.

Informou-se dos procedimentos correctos a realizar para a situação de perigo vivida.

Psicologicamente, não se encontra com a mesma predisposição.

Pessoalmente, o seu equilíbrio psicológico não será o mesmo.

Conclusão: Aprendeu a resolver uma situação.

Parte-se agora do princípio que o Sr. “X” vive uma segunda situação de fogo, num edifício
distinto de um hotel, como por exemplo, num Centro Comercial.

43
Como será a sua reacção comportamental?

a. Igual à primeira
b. Totalmente distinta
c. De certo modo, parecida com a primeira, mas algo distinta

O mais provável é que proceda como na situação c), o que será devido a:

Ter adquirido um conhecimento de procedimentos à situação hostil (ex: colocar um


pano no nariz para evitar os efeitos negativos do fumo).

Não se sentir tão confuso com a nova situação (ex: apresenta comportamento de fuga
mais rápido).

Psicologicamente:

a. Controla a situação (por ex. adquiriu confiança em si próprio)

ou

b. Domina a situação (por ex. manteve traumas da ultima vez)

Ter moldado a sua percepção para detectar as vias de evacuação rapidamente.

Aglomeração de situação diferente.

Configuração da planta do edifício diferente.

Presença de obstáculos nas vias de evacuação é maior.

Maior sensibilização para ruídos e gritos.

Maior afluência de pessoas nas vias de saída.

Conclusão: O seu comportamento não será o mesmo!

Por isso, como se pode observar, o comportamento de uma pessoa é muito complexo na sua
origem. Para uma melhor compreensão do mesmo será necessário aprofundar os principais
factores psico-fisiológicos envolvidos nestas reacções:

a. Personalidade

b. Nível de formação

c. Sexo

d. Idade

e. Condições físicas

44
f. Estado civil

g. Tolerância à frustração

h. Tendência ao gregarismo

i. Capacidade de observação

j. Capacidade de liderança

a) Personalidade

De modo a facilitar a compreensão de um conceito tão abstracto e complexo, define-se


Personalidade como a “forma peculiar de estar e de ser de um indivíduo”.

Por “ser” entende-se, numa primeira aproximação, o modo particular de actuação de uma
pessoa, a qual é considerada na definição de temperamento.

Por “estar” entende-se a forma de reagir perante uma situação e, neste caso, pode-se inclui-la
no conceito de carácter.

Neste momento é conveniente esclarecer:

O temperamento envolve apenas aspectos genéticos, isto é, hereditários, pelo que


uma pessoa será fleumática (como o seu tio paterno), nervosa (como o seu avô
paterno), ou colérica (como a sua mãe), etc. É fácil concluir que, neste caso, a
personalidade é imutável e permanecerá estável durante toda a vida do indivíduo, daí
que existam comportamentos que não se podem modificar.

Na constituição do “carácter” só intervém a aprendizagem que o indivíduo adquiriu ao


longo da sua vida e que continuará a adquirir até ao fim da sua vida. Isto é, está em
permanente evolução, logo, é alterado pelas experiências sofridas pela pessoa, pelo
que a qualquer momento da sua vida poderá ser introvertido e posteriormente
extrovertido. Em determinado momento da sua vida pode reagir a determinadas
situações e noutras ocasiões não reagir perante a mesma situação, ainda que o seu
modo de reagir seja sempre o mesmo.

Como reagirá um indivíduo segundo o seu “temperamento”?

Quando reagirá um indivíduo segundo a aprendizagem realizada em função das suas


experiências vividas e como as viveu, isto é, segundo o seu “carácter”?

Para um melhor entendimento do conceito de Personalidade, há que enfatizar algumas


características primárias do temperamento, como as seguintes:

• Psicopático
• Histérico
• Apático
• Obsessivo
• Depressivo

45
• Hipocondríaco
• Impulsividade

Isto é, todos os indivíduos possuem características próprias, mas o temperamento particular


de cada um será mais acentuado por uma ou mais destas características.

Quanto ao carácter (igualmente componente da personalidade), há que observar que também


tem características próprias, tais como:

• Autocontrolo
• Angústia
• Estabilidade
• Introvertido
• Extrovertido
• Hiperactivo
• Culpabilidade
• Insegurança
• Inibição

Estas características, quer as de temperamento quer as de carácter, podem apresentar


diferentes graus, de pessoa para pessoa.

b) Nível de Formação

Neste caso refere-se o grau de instrução académica. Pessoas com maior nível de
conhecimento apresentam comportamentos mais controlados, serenos e introvertidos, bem
como atitudes mais altruístas e solidárias em caso de incapacidade. Mostram maior segurança
própria e maior domínio dos seus impulsos primários, conseguindo uma melhor comunicação
e transmissão de calma para os restantes. Por outro lado, tendem a evitar situações de
grandes aglomerações em locais muito concorridos, dado que têm um espírito gregário menos
acentuado, e que é predominante no meio da multidão. Geralmente apresentam atitudes
organizacionais e tomam posições de liderança.

Pelo contrário, em baixos níveis de formação académica, depara-se com condutas


frequentemente de insegurança, de confusão e depressão, ou isoladas (provocando atropelos
e esmagamentos).

c) Sexo

Um estudo efectuado sobre o comportamento dos sinistrados no incêndio do Hotel MGM em


Las Vegas, verificou que no momento do acontecimento as mulheres respondem com mais
objectividade aos sinais de alarme (como presença de fumo, ruído ou vozes) do que os homens
e que prestam mais atenção a dados que possam indicar um possível sinal de alarme. Isto é, as
mulheres guiam-se por um sentido prático da situação e os homens, pelo contrário, por um
sentido de antecipação.

Salienta-se ainda que, em situações extremas, as mulheres tendem a agir mais vezes com
comportamentos histriónicos do que os homens, que, por sua vez, mostram condutas mais
impulsivas.

46
As mulheres tendem a recolher os objectos de valor, se bem que este seja considerado um
procedimento prático em algumas ocasiões, no entanto pode significar uma perda de tempo
importante para a evacuação ou significar um obstáculo na decisão de evacuar.

d) Idade

Este factor é de grande importância quando existe homogeneidade nos ocupantes em recintos
com eventuais necessidades de evacuação. Considere-se o caso da assistência de jovens a um
concerto:
• Quantidade de decibéis emitidos pelo sistema acústico
• As características psicológicas da juventude (instabilidade, impulsividade, extroversão
e histerismo colectivo)
• Provável ingestão de estimulantes (álcool, drogas etc.)

Estes são factos que tornam mais provável o aparecimento de uma situação de emergência
como consequência de uma conduta generalizada de desinibição dos instintos primários,
podendo mesmo desencadear uma situação de pânico dada a presença de uma enorme
tensão ambiental e de uma forte capacidade de sugestionabilidade reinante.

Se pelo contrário, a idade média presente no colectivo de pessoas se situa na maturidade, o


risco de comportamento de massas descontroladas diminui vertiginosamente; a situação de
emergência desenvolver-se-á com um maior grau de serenidade, autocontrolo, com
comportamentos de cooperação e com uma maior capacidade de organização na evacuação.

Por outro lado, perante uma idade avançada, há que contar com ocupantes em que as
características predominantes serão:

• Baixa capacidade de reacção


• Lentidão de movimentos, incluindo a inibição dos mesmos
• Atitudes desconcertadas e de desorientação espácio-temporal
• Insegurança nos movimentos e nos comportamentos
• Tendências suicidas devido ao infortúnio

Por último, considere-se um grupo com idade predominantemente infantil (por ex. um
colégio), um grupo mais difícil de dominar pelo facto dos níveis de sugestionabilidade,
irracionalidade, mobilidade e descontrolo serem superiores. Neste caso não se podem esperar
atitudes de cooperação, evacuação e altruísmo; as mensagens a transmitir devem ser sensíveis
e compreensíveis, para além de possuírem um grande poder de persuasão e transmissão de
serenidade.

Caso os ocupantes do recinto constituam um grupo heterogéneo no que refere à idade, as


tarefas de evacuação devem ser dirigidas por indivíduos estrategicamente posicionados e com
uma personalidade em que predominem os recursos carismáticos de um bom líder, tais como:
• Clareza de ideias
• Capacidade de organização
• Autodomínio
• Serenidade
• Segurança
• Capacidade para impor autoridade
• Conhecimento da situação
• Formação e treino prévio

47
e) Condições Físicas das Pessoas

Além das características anteriormente citadas, neste ponto enfatizam-se as circunstâncias


derivadas da idade, enfermidade física ou psíquica e deficiências físicas.

Em situações de emergência em edifícios hospitalares, lares da terceira idade, etc., devem ser
atempadamente pensadas/equacionadas as seguintes questões:

• Dificuldades de deslocação
• Apatia perante a vida
• Deficiências visuais, auditivas, etc.
• Lentidão no raciocínio
• Níveis baixos de atenção e concentração

Estes aspectos dificultam enormemente a evacuação e contribuem para a possibilidade de


ocorrerem comportamentos de “Pânico Colectivo”

f) Estado Civil

No estudo efectuado ao incêndio do Hotel MGM em Las Vegas (já referido), comprovou-se que
existem diferenças significativas de prevenção e evacuação em função do estado civil dos
ocupantes. Verificou-se que a actuação dos hóspedes casados na companhia dos seus cônjuges
foi muito mais organizada, cooperativa (incluindo para com os hóspedes vizinhos) e calma,
quando comparada com os hóspedes que se encontravam a sós.

O facto das pessoas se encontrarem na companhia de outras, conhecidas e queridas, constitui


um apoio que facilita procedimentos muito mais adaptados à situação, garantindo um maior
grau de serenidade e de controlo.

g) Tolerância à Frustração

É um facto demonstrado que a frustração desencadeia o aparecimento de condutas


agressivas, pelo que se pode afirmar que é o estado ideal para comportamentos egoístas,
incluindo os violentos, sendo um dos principais elementos que constitui actos de vandalismo e
fenómenos de esmagamento, atropelamento e agressões.

Para um melhor entendimento do princípio deve esclarecer-se o que se entende por


Frustração: ”sentimento íntimo que surge do impedimento de se alcançar o objectivo, dado
que existe um obstáculo que impossibilita a satisfação da necessidade criada”.

48
Obstáculo

Necessidade Actuação Objectivo


s
= Satisfação

Frustração Agressividade

Sobre Si Próprio Sobre os Outros


(Auto-agressões) (Ataques)

Quando uma pessoa se sente aprisionada por uma situação e necessita de sair dela, e havendo
impedimento de alguém ou de algo, começa a ter comportamentos agressivos (Ex: encontrar
uma saída de emergência cuja porta não abre).

h) Tendência ao Gregarismo

Todos os indivíduos tendem, de uma forma espontânea, a integrar-se em grupos mais ou


menos numerosos, diluindo, desta forma, a sua capacidade de autonomia ao aceitarem as
regras do grupo no qual se inseriram. Este pequeno sacrifício é compensado pela segurança,
apoio e protecção dada pelo grupo no qual se inseriram; contudo, o grupo pode ser reduzido
(grupo de amigos) ou, pelo contrário, pode ser grande (multidão). Quanto menor o grupo mais
salvaguardada é a sua autonomia pessoal e vice-versa.

i) Assunção da Territorialidade

Este é um conceito importante, sobretudo em situações de grandes aglomerações, e que,


regra geral, não é tido em consideração nos estudos da influência dos espaços fechados no
comportamento humano.

As pessoas têm uma vivência muito íntima e inconsciente do próprio território; isto é, do
espaço territorial que é vital à sua estabilidade psicológica e onde se sentem seguras. Deste
modo, quando alguém invade esse espaço, defendem-no imediatamente, mostrando condutas
agressivas e por vezes violentas. Este “território vital” depende da forma de ser da pessoa em
questão, além da circunstância na qual está inserida.

Inadvertidamente, as pessoas tendem a estabelecer o conceito de “seu território”, tendo


muita dificuldade em abdicar dele, evitando, sempre que possível, o contacto físico corpo a
corpo.

O conceito usado na antropometria da “elipse do corpo humano é usado para o


dimensionamento dos projectos de movimentação de massas humanas em situações de
movimentações em espaços considerados confinados e que podem envolver problemas de
segurança. Esta elipse caracteriza-se por um eixo horizontal de 610mm e por um eixo vertical
de 460mm. A área desta elipse ronda os 0.21m2, o que permite, de forma objectiva, calcular a

49
capacidade máxima possível que cada espaço pode comportar, mesmo face às restrições de
movimentação de massas em situações de emergência.

Refira-se que quando o espaço disponível por pessoa é inferior a 0.28m2, em condições fora
das de emergência, esta densidade, por si só, pode ser considerada um perigo, conduzindo
facilmente a um risco potencial. Quando a área média ocupada por pessoa é de 0.25m2 ou
inferior, o contacto físico é inevitável e o risco de congestionamento, ou de comportamentos
menos lógicos, aumenta significativamente.

Acresce a estes factores condicionantes do processo de evacuação, um outro que envolve a


necessidade de comprimir uma multidão num pequeno espaço de saída, obrigando à criação
de uma fila única. Este factor cria um problema a posteriori de aglomeração de pessoas a
evacuar e tem consequências ao nível da psicologia de grupo, uma vez que as pessoas ficam
necessariamente nervosas e ansiosas, com o objectivo principal de se libertarem da restrição
que possuem, criando-se, nestas condições, uma tendência para fortes ameaças à integridade
das pessoas envolvidas no processo.

A dimensão mínima deste Espaço Considerado (EC) por uma pessoa é a Dimensão que o corpo
ocupa no Espaço (D) e a projecção imaginária do corpo em todos os sentidos e direcções, que
por princípio pode ter uma distância média de 50 cm:

EC = D + 50

É como se em volta do corpo humano existisse uma bolha e que, quando outra pessoa entra
no espaço dessa bolha (embora não chegue a haver contacto físico), surjam sentimentos de
invasão e irritabilidade, provocando, de uma forma instantânea, uma reacção agressiva de
autodefesa. Este aspecto é bastante significativo em situações de superlotação ou de
aglomerações, daí a sua grande importância e influência no comportamento das pessoas em
situações de emergência em grandes grupos.

Pense-se, por exemplo, numa situação tão comum como a de um elevador lotado. É claro, a
experiência do espaço vital varia segundo as circunstâncias em que ocorrem; numa primeira
análise podem enunciar-se as seguintes classificações:

 Pelas características do lugar:


• Recinto Aberto:
a. Sem barreiras: o indivíduo tende a alargar as dimensões da sua “bolha”
envolvente; sente-se invadido apesar da outra pessoa encontrar-se a 2 metros.
b. Delimitado, apesar de ser ao ar livre: a pessoa tende a reduzir as dimensões da
“bolha” referidas no parágrafo anterior.

• Recinto Fechado:
a. Reduzido: neste caso a pessoa comprime a sua “bolha” envolvente, reduzindo as
dimensões, e o invasor situa-se muito perto de forma a sentir o seu território
invadido
b. Amplo:
Numa grande nave de distribuição horizontal: neste caso a pessoa volta a
alargar a “bolha” envolvente, mas de uma forma mais reduzida do que no
caso do recinto aberto;
Edifício de grande altura: a invasão do espaço é agravada por uma sensação
inconsciente de opressão exercida a partir do tecto (excepto quando situado
no último piso).

50
 Por circunstâncias Sociais:
• Íntima: a “bolha” tende a reduzir-se à mínima expressão, tolerando muito bem a
invasão;
• Pessoal: neste caso as dimensões da “bolha” tendem a ser as enunciadas
(aproximadamente 50 cm);
• Social: neste caso a pessoa tende a aumentar a separação em relação ao outro
indivíduo;

 Por Condições da Situação:


• Recreação: podem dar-se as mesmas dimensões das circunstâncias íntima e
pessoal;
• Laboral: as dimensões da “bolha” serão impostas e respeitadas de uma forma
rígida, podendo levar ao efeito de uma pequena invasão;
• Catástrofe: neste caso a pessoa não tolera a invasão do seu espaço vital chegando a
defendê-lo com violência.

Todos os aspectos anteriores podem dar-se de uma forma combinada, fazendo com que em
muitos casos seja uma agravante muito séria das reacções comportamentais, tanto individuais
como colectivas. Neste último caso, a gravidade será maior e, consequentemente, mais difícil
de controlar.

Pode-se concluir que a origem de uma reacção comportamental é um processo complexo e


que se torna ainda mais complexo quando combinado com situações de emergência
(contempladas de uma forma geral) que podem surgir a qualquer instante.

Quando os indivíduos, devido ao medo, à insegurança e à incapacidade de racionalizar as


situações, se unem gregariamente a outros nas mesmas condições emocionais, verificam-se
situações de perda de personalidade e de irracionalidade. Este fenómeno deve ser evitado a
todo o custo e controlado nos primeiros momentos em que surge.

Este grupo descontrolado (Massa Humana) apresenta as características seguintes:

• Perda da razão
• Desencadeamento das emoções
• Perda de responsabilidade
• Perda do sentido de orientação
• Alteração de condutas sociais
• Aparecimento de instintos primários
• Sensação de anonimato e de poder

51
6.3 Fenómeno de Contágio Mental

É de grande importância explicar o mecanismo do Contágio Mental nos comportamentos


individuais e colectivos:

Contágio Mental

Perda de Individualidade Sugestibilidade Comportamentos Histéricos

Diminuição de Atitudes Desinibição dos Sentidos Medo Exagerado


Individuais

Desaparecimento do Violência Imprevisão


Espírito Crítico

Impulsividade Ferocidade

4.4 Critérios a ter em Consideração para uma Adequada Prevenção e Evacuação numa
Situação de Emergência

As mensagens de evacuação devem ser claras e transmitir grande sensação de segurança e


calma. Regra geral, a verdadeira razão da situação de evacuação não deve ser transmitida aos
ocupantes do edifício.

Numa situação de evacuação deve atender-se prioritariamente:

• À intensidade do risco
• Ao risco mais visível
• Ao estado de vigília
• Ao grau de toxicidade possível
• À avaliação do momento de maior impacto ou de máxima destruição
• Ao levantamento das tarefas a desenvolver para que haja a máxima eficácia na
evacuação
• À prontidão dos meios necessários para a realização dos primeiros socorros
• À recuperação do que seja salvável e absolutamente imprescindível
• Evitar ordens imperativas e não entrar em discussões inúteis

52
4.5 Factores que afectam o movimento das pessoas

Numa situação de evacuação em percurso horizontal, em condições normais de deslocação e


em caminhos não obstruídos, em que exista espaço entre os ocupantes (ou seja, uma área por
pessoa de 2,3m2), é possível atingir velocidades de evacuação médias de 76m/min.
Velocidades abaixo dos 44 m/min evidenciam a existência de arrastamento de pés, situação
que restringe e complica o movimento das pessoas.

A fig.6 representa a taxa de redução de velocidade em função da concentração de pessoas, até


uma área de referência de 0.65m2/pessoa:

Figura 6 - Taxa de Redução de Velocidade Vs. Concentração Espacial de Pessoas

Com a aglomeração de pessoas, a concentração de pessoas aumenta significativamente,


atingindo-se uma situação crítica aos 0,19m2/pessoa (ponto crítico).

Nestas condições, existe a possibilidade das pessoas se comportarem de forma inesperada,


tornando-se esta mais evidente em situações de incêndio, devido às elevadas temperaturas e
aos fumos e gases tóxicos existentes no meio envolvente.

53
7. DETECÇÃO, ALARME E ALERTA
7.1 Quantificação dos Tempos

Tempo de Detecção

Nos Sistemas Automáticos de Detecção de Incêndio (SADI), o tempo de detecção depende da


sensibilidade do Sistema. Na ausência de um SADI, o tempo de detecção é estimado com base
no cenário de incêndio previsto.

A detecção de um incêndio pode ser comprometida pelas seguintes características de um


cenário de incêndio:

• Características dos ocupantes (capacidades, habilidades sensoriais e actividades


desenvolvidas)
• Características dos edifícios (materiais, pisos, etc.)
• Características do incêndio (velocidade de propagação, fumo etc.)

Pode definir-se Tempo de Detecção como o tempo desde o início da ignição até à sua
detecção por um sistema manual ou automático. O Tempo de Detecção varia de acordo com o
cenário do incêndio, o sistema de detecção instalado e a capacidade dos ocupantes para o
detectarem.

Como Tempo de Alarme define-se a contagem do tempo desde a detecção até ao


desencadear do alarme geral.

Por sua vez, define-se Tempo de Pré-Movimento como o tempo que decorre desde a detecção
até ao momento em que o primeiro ocupante inicia a deslocação para a saída mais próxima. O
tempo de Pré-Movimento pode ser subdividido em dois componentes:

• Reconhecimento – definido como o tempo de resposta dos ocupantes a um alarme


geral e que, por sua vez, se subdivide em dois elementos:
→ Recepção do Alarme – tempo necessário à recepção do sinal.
→ Processamento do Alarme – tempo necessário à percepção de que o sinal
transmitido é um aviso de evacuação.

Durante o tempo de reconhecimento, os ocupantes continuam a desenvolver as suas


actividades, até ao entendimento do sinal. Este tempo termina quando os ocupantes
decidem iniciar a acção de resposta ao sinal de evacuação.

• Resposta – corresponde ao tempo de decisão, isto é, ao tempo que decorre desde a


aceitação do alarme até ao início da evacuação do edifício pelos seus ocupantes.

O Tempo de Percurso (evacuação) é o tempo necessário para que os ocupantes abandonem o


local onde se encontram para um lugar seguro. Este tempo tem dois subcomponentes:

• Tempo de Deslocação - tempo médio necessário para os ocupantes caminharem até à


saída. Este tempo depende da velocidade de deslocação de cada ocupante, da

54
distância até à saída, das dimensões físicas do edifício e da distribuição dos ocupantes
pelo edifício.

O cálculo do Tempo de Percurso (deslocação) individual é um processo simples e


directo: o tempo de percurso é o produto da distância percorrida pela velocidade do
indivíduo. No entanto, calcular o tempo de percurso de um conjunto de pessoas num
espaço confinado revela-se uma tarefa complexa.

O movimento de aglomeração de pessoas define-se a partir:

 Da densidade
 Da velocidade de aglomeração
 Do fluxo

A Densidade das Pessoas é definida pelo número de pessoas existentes numa unidade
de área (pessoa/m2), podendo ser igualmente expressa pelo seu inverso, ou seja, em
m2/pessoa.

A Velocidade de Aglomeração define o movimento (taxa) dos ocupantes, sendo


normalmente expressa em m/s.

O Fluxo é a taxa à qual as pessoas passam por um ponto específico. Por exemplo, 2
pessoas por segundo (pessoas/s).

De acordo com a largura do ponto de passagem (por exemplo UP), as três


características que definem o movimento do aglomerado de pessoas relacionam-se da
seguinte forma:

Fluxo = Velocidade X Densidade X Largura da UP

O fluxo e a velocidade possuem uma relação complexa. Para baixas densidades a taxa
de fluxo é baixa, uma vez que existe um número reduzido de pessoas em movimento.
As taxas de fluxo são igualmente muito baixas para grandes densidades onde existe,
por conseguinte, um movimento lento.

• Tempo de Fluxo - Tempo que os ocupantes levam a fluir através das saídas e caminhos
de fuga. Depende da capacidade de escoamento das saídas.

Na tabela abaixo indicamos valores de velocidade recolhidos em exercícios de evacuação em


edifícios que recebem público considerando a densidade como factor determinante:

Tabela 21 - Tempos de Percursos

Espaços Públicos Nos corredores 0,51 – 1,27 m/s


Nas Escadas 0,36-0,76 m/s
Teatros Valores entre 0,25-0,33 m/s
Escolas Valores entre 0,25-0,33 m/s
Edifícios Industriais Valores entre 0,42-0,56m/s
Terminais de Transporte Valores entre 0,33-0,83 m/s
Escadas Valores entre 0,33-0,42 m/s

55
Figura 7 – Contagem de Tempos

Tempo Seguro de Evacuação

Tempo de Evacuação Exigido

Reconhecimento Resposta

Tempo de Tempo de Tempo de


Tempo de
detecção alarme Evacuação
pré-movimento

Contagem Prática de Tempos

Para a obtenção dos tempos de resposta, em minutos, aquando da realização de Simulacros, o


Responsável de Segurança (RS) deve assumir o registo dos seguintes tempos:

(T0) Alarme - Registo da hora/minutos do sinal de alarme na Central de Incêndios


(T1) Comunicação da ocorrência do incêndio a todos os utentes do edifício
(T2) Extinção do Incêndio
(T3) Alerta (comunicação para os bombeiros)
(T4) Chegada do 1º operador com extintor/carretel ao local
(T5) Chegada da 2ª intervenção ao local do incêndio
(T6) Chegada dos bombeiros ao edifício
(T7) Início da evacuação
(T8) Edifício evacuado
(T9) Contagem das presenças finalizada e controlada no Ponto de Encontro

Tempo de Alarme/Confirmação → T0 = T4 – T1
Conta o tempo desde a recepção do sinal na CDI até à transmissão a toda a rede

Tempo de 1ª Intervenção → T2 = T4 – T1
Conta o tempo da 1ª intervenção a partir de T1 até à chegada ao local do foco de incêndio do
operador munido com extintor/carretel

Tempo de 2ª Intervenção → T3 = T5 – T1
Conta o tempo da 2ª intervenção a partir do T1 até à chegada ao local da equipa de 2ª
intervenção

56
Tempo de Alerta → T4 = T6 – T3
Conta o tempo do Alerta desde a chamada dos bombeiros até à chegada destes ao edifício

Tempo de Extinção → T5 = T2 – T1
Conta o tempo de incêndio extinto desde o inicio de T1 até à extinção do incêndio

Tempo de Evacuação → T6 = T8 – T7
Define-se Tempo de Evacuação como o tempo necessário para que todos os ocupantes do
edifício ou parte dele atinjam uma zona segura (exterior) a partir do Sinal de Evacuação
(Mensagem/Sirene). Este tempo é contado a partir do momento em que T7 é lançado até os
Cerra-Filas informarem o Posto de Segurança que a Zona/Piso estão completamente
evacuados.

Presenças no Ponto de Encontro T9


O tempo de confirmação das presenças no Ponto de Encontro começa a contar a partir do
momento em que o edifício é dado como evacuado até ao momento em que os responsáveis
pela Gestão do Ponto de Encontro informam o Posto de Segurança das presenças/faltas.

7.2 Organização do Serviço de Segurança Incêndio (SSI)

A intervenção humana é sempre responsável, directa ou indirectamente, pela ocorrência dos


incêndios nos edifícios. Por outro lado, a participação humana é fundamental na garantia de
uma adequada segurança contra incêndio, nas diversas fases de um incêndio:

• Prevenção e decurso do incêndio


• Ignição
• Propagação e intervenção

Para a limitação das consequências de um incêndio é essencial que os edifícios sejam dotados
de uma organização e gestão da segurança adequada ao risco de incêndio, sem a qual as
medidas físicas de segurança são ineficazes.

Nos edifícios deve ser implementada uma organização de segurança que vise:

1º Prevenir a ocorrência de incêndios e, no caso da sua ocorrência, minimizar os danos


causados pelo mesmo, controlá-lo e extingui-lo
2º Manter operacionais os equipamentos e sistemas de segurança
3º Garantir uma evacuação em segurança
7.3 Objectivos do Serviço de Segurança Incêndio

Qualquer organização tem como base uma série de claros e sábios princípios que lhe conferem
oportunidade e direcção. Regra geral, os objectivos da segurança contra incêndio são:

Evitar que se iniciem incêndios


Impedir a perda de vidas humanas e de bens, caso ocorra um incêndio
Evitar que o incêndio se propague para além do espaço onde eclodiu
Extinguir o incêndio

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O Serviço de Segurança Incêndio (SSI), independentemente da sua dimensão, deve definir uma
série de objectivos de actuação (procedimentos) que especifiquem as metas a atingir, os
resultados que se esperam e o período de tempo para os alcançar.

Partindo do princípio que a politica de Segurança contra Incêndio consiste na «redução do


risco de incêndio» e definindo o “Risco de Incêndio” como o produto da Probabilidade da
Ocorrência de um acontecimento indesejado pela Gravidade (R = P X G) das consequências
desse acontecimento, a redução do risco de incêndio consegue-se reduzindo a probabilidade
de ocorrência através de Medidas de Prevenção ou limitando a gravidade das consequências
através de Medidas de Protecção.

Para atingir os objectivos atrás enunciados consideram-se quatro estratégias:

• Reduzir a probabilidade de eclosão de um incêndio


• Limitar o seu desenvolvimento
• Facilitar a evacuação
• Facilitar as operações de busca, salvamento e combate

7.4 Estrutura do Serviço de Segurança Incêndio

O SSI deve ser estruturado e dimensionado para duas funções distintas: uma de
manutenção/exploração dos equipamentos e sistemas, para garantir a sua operacionalidade, e
outra de rotinas de segurança e de resposta a uma situação de emergência.

A equipa de segurança deve ser constituída por funcionários, colaboradores e prestadores de


serviços (incluindo o «outsourcing»), que, para além de desenvolverem as actividades normais
da sua especialidade, devem ser formados e preparados para actuar em caso de incêndio e
evacuação.

O serviço é estruturado sob a responsabilidade do Responsável de Segurança (RS), conforme


previsto no Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios. O RS nomeia um ou
mais Delegados de Segurança (DS), responsáveis pela coordenação das várias equipas da área
de segurança. A configuração das equipas de segurança durante os períodos de
funcionamento das Utilizações-Tipo deve assegurar a presença simultânea do número mínimo
de elementos estabelecido pelo Quadro XL da Portaria nº1532/2008 (Artº 200º).

7.5 Situação de Evacuação

A Evacuação de um edifício implica obrigatoriamente, da parte de todos os utentes do edifício,


um conhecimento de todas as vias horizontais e verticais de evacuação (caminhos de
evacuação) e da localização do Ponto de Encontro no exterior (pode existir mais do que um
Ponto de Encontro. Neste caso, cada Ponto de Encontro estará afecto a uma determinada zona
do edifício.).

A capacidade de evacuação de um edifício é limitada pelos caminhos de evacuação. A equipa


de segurança, em caso de evacuação, deverá ser dimensionada de acordo com os caminhos de
evacuação, tendo em conta o efectivo a evacuar e o número de pisos existentes. A solução
ideal consiste em nomear um cerra-fila por piso, garantindo que após a ordem de evacuação
ninguém fica no interior do edifício, e que a saída se efectua de forma ordeira.

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A coordenação da evacuação será dirigida a partir da Sala/Posto de Segurança que estará em
contacto via rádio com cada um dos cerra-filas e com o responsável pelo Ponto de Encontro.

Aquando da evacuação, o responsável pelo Ponto de Encontro deverá estar na posse da lista
actualizada de todos os utentes do edifício (funcionários, colaboradores e visitantes, quando
controláveis). Nos edifícios que recebem público, nomeadamente centros comerciais, gares de
transporte, casas de espectáculos ou recintos desportivos, não será possível garantir a
verificação das presenças/faltas no Ponto de Encontro no referente aos visitantes (clientes).

Pessoas de mobilidade reduzida ou com limitações físicas ou psicológicas, devem ser


encaminhadas para o exterior com o apoio dos elementos do SSI. Nestas situações, poderá e
deverá ser solicitado auxílio a todos os elementos que exerçam a sua actividade no edifício
(funcionários e colaboradores).

7.6 Condições para a Selecção do SSI


• Sentido comum
• Nível de abnegação
• Capacidade de iniciativa
• Nível de empatia e capacidade de influenciar
• Aptidão física
• Disciplina
• Rápida capacidade de reacção
• Poder de organização
• Autocontrolo
• Capacidade de altruísmo (não de heroísmo)
• Ausência de conotações depressivas
• Predisposição a receber acções de formação

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8. METODOLOGIA PARA A EVACUAÇÃO
Por evacuação entende -se a acção de retirar as pessoas de um edifício ou recinto, onde foi
declarada uma catástrofe (incêndio, explosão, sismo, etc.) que a isso obrigue.

Para que as consequências da catástrofe, em perdas de vidas humanas e de pessoas feridas,


sejam minimizadas, é necessário dar a devida atenção ao Plano de Emergência Interno (PEI)
no referente ao Plano de Evacuação (PE).

O PE tem por objectivo estabelecer as instruções/procedimentos a adoptar, de forma a


promover a evacuação rápida e segura dos ocupantes de um edifício.

Assim, o PE deverá contemplar os procedimentos que visam o encaminhamento rápido e


seguro dos ocupantes para o “Ponto de Encontro”. Deve também conter o esquema de
controlo desses pontos, designadamente das pessoas que já abandonaram os espaços em
risco, de modo a confirmar a evacuação total dos espaços e a garantir que ninguém regressa
ao edifício.

Devem igualmente ser estabelecidos procedimentos específicos a adoptar na execução da


evacuação, com destaque para casos especiais como por exemplo pessoas incapacitadas,
grandes distâncias a percorrer até ao exterior, evacuação de caves, etc. Outros aspectos a
contemplar consistem nos procedimentos a cumprir em caso de existência de feridos ou de
pessoas em risco em locais que não disponham de vias de evacuação praticáveis, devido aos
efeitos dos incêndios. Dentro dos casos especiais destacam-se os Hospitais, pelo facto de
terem como ocupantes doentes acamados, que, por não possuírem capacidade de reacção,
implicam a adopção de procedimentos específicos por parte das equipas de segurança.
Também os doentes das Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) e dos blocos operatórios
requerem procedimentos específicos, no referente a tomadas de decisão do foro médico.

A evacuação rápida e segura dos ocupantes de um dado edifício é prioritário sobre quaisquer
acções de combate a incêndio.

Para garantir a evacuação face a uma situação de emergência, o PEI deve prever uma equipa
específica para essa missão, devidamente enquadrada na organização. No PEI deve constar
ainda a missão da equipa de evacuação, a indicação dos elementos que a compõem (por
turnos, se for caso disso) e quais as responsabilidades especificas de cada elemento.

Deve igualmente indicar a Zona de Segurança, isto é, o local ou locais, normalmente no


exterior do edifício, onde as pessoas podem permanecer em segurança, não sendo afectadas
pelo incêndio ou pelas suas consequências. Nesta Zona, em local que não interfira com as
operações de socorro, deve ser definido um Ponto de Encontro, para onde se devem dirigir (ou
ser encaminhadas) as pessoas, após terem evacuado os espaços do edifício.

Como condições necessárias a uma evacuação rápida e segura dos edifícios, são consideradas
as seguintes:

 Atitude Preventiva – manter as vias de evacuação permanentemente praticáveis,


correctamente sinalizadas e suficientemente iluminadas (Plano de Prevenção)

60
 Alarme e Decisão de Evacuação - o mais precoce possível (PEI)

 Procedimentos Pré-definidos para cada local de risco e classe de ocupantes (PEI)

 Formação de Funcionários e Colaboradores sobre os procedimentos de evacuação


(Plano de Prevenção)

 Disponibilidade Permanente de Recursos Humanos para garantir a evacuação de


todos os ocupantes do edifício

8.1 Decisão da Evacuação

O Plano de Evacuação deve ser organizado e estruturado a partir da inventariação dos


recursos materiais e humanos existentes, de forma a permitir a definição de procedimentos
para cada uma das interrogações seguintes:

a. Quem determina a necessidade de evacuar?


b. Quem executa a evacuação?
c. Como se executa a evacuação?
d. Para onde se processa a evacuação?

As respostas terão de ser simples, adaptadas ao edifício, considerar os sistemas de segurança


instalados e contar com os recursos humanos existentes no edifício, consoante a sua
Utilização-Tipo. A decisão será determinada pelo Responsável de Segurança (RS) ou, em sua
substituição, pelo Delegado de Segurança (DS). A execução será da responsabilidade da equipa
de evacuação integrada no Serviço de Segurança Incêndio (SSI). O como está relacionado com
a nomeação de responsáveis por zonas, pisos, serviços e controladores, nos Pontos de
Encontro. A evacuação deve processar-se para o exterior do edifício com a contagem das
pessoas nos Pontos de Encontro e comunicação das presenças/faltas para o Posto de
Segurança.

Recorde-se que um dos objectivos do PEI, no referente ao Plano de Evacuação, consiste em


preparar os ocupantes do edifício a reagir a uma situação de emergência que envolva a
evacuação. Num processo de evacuação existem inúmeros factores que podem influenciar o
tempo que os ocupantes levam a alcançar o exterior do edifício em segurança,
designadamente:

Factores do Edifício:

a. Número de saídas adequado ao efectivo


b. Largura das saídas e dos caminhos de evacuação
c. Distâncias a percorrer
d. Sinalização e iluminação dos caminhos de evacuação
e. Possibilidade de vias de evacuação alternativas
f. Protecção dos caminhos de evacuação relativamente ao calor e fumo
g. Sistema automático de detecção de incêndios
h. Sistema de desenfumagem

61
Factores dos Ocupantes:

a. Número (fluxo)
b. Velocidade de deslocação
c. Condição física
d. Comportamentos psicológicos

Para concretizar os objectivos de uma evacuação segura no decurso da exploração dos


edifícios, é determinante agrupar os vários intervenientes do SSI, definindo as suas atribuições
e articulando as diversas actividades a desenvolver.

8.2 Meios de Alarme

A solução mais adequada consiste em desenvolver as actividades de evacuação distribuindo-as


pelas seguintes fases:

a. Detecção
b. Decisão
c. Alarme
d. Reacção
e. Deslocação para uma área segura

Detecção/ Decisão/Alarme:

O alarme deverá ocorrer antes das condições de desenvolvimento do incêndio serem


sentidas pelos ocupantes do edifício. Recorda-se que os incêndios podem transmitir as
seguintes sensações aos ocupantes:

 Visibilidade reduzida devido aos fumos


 Sensação de calor
 Visão de chamas
 Sons de vidros a partir

Garantindo uma detecção precoce e uma resposta rápida e eficaz da organização do SSI a
um alarme, está-se a contribuir para uma rápida interpretação das alterações ambientais
provocadas pelo incêndio (decisão) e para uma informação atempada (alarme) aos
ocupantes do edifício, e, consequentemente, para a redução do tempo de evacuação.

Reacção:

O período de reacção consiste no período de tempo necessário à percepção do alarme por


parte do ocupante, isto é, consiste no período de tempo desde o início do processo de
percepção dos efeitos negativos do fogo até à decisão da acção de evacuação. Como
exemplo, refere-se o caso de um indivíduo que está a dormir num quarto de hotel, quando
é activado um alarme. O indivíduo levará necessariamente um determinado período de
tempo a reconhecer e a interpretar o sinal, até tomar a decisão de se levantar e abandonar
o local.

62
Deslocação para uma área segura:

Os diferentes factores que influenciam a decisão de evacuação e os correspondentes


períodos de tempo são determinantes e estão intrinsecamente ligados às características
dos ocupantes.

Ocupantes com limitações ao nível do processo de decisão, assim como pessoas com
limitações motoras, são exemplos de potenciais vítimas em caso de falha do processo de
evacuação.

No Capitulo 8. Conclusões apresentam-se as medidas a implementar com o objectivo de


melhorar a evacuação dos edifícios.

63
9. PRESTAÇÃO DE SOCORROS A VÍTIMAS
Os Primeiros Socorros são definidos como uma série de procedimentos simples com o
objectivo de manter vidas em situações de emergência, sendo executados por pessoas comuns
com esses conhecimentos, até à chegada de operacionais especializados em emergência
médica (médicos e enfermeiros).

Para além do atendimento de primeiro socorro, é necessário o accionamento de uma


ambulância, com tripulação habilitada a efectuar o transporte da vítima para uma unidade
hospitalar.

Para que todo o processo decorra de forma eficaz, a articulação dos vários intervenientes no
processo de emergência é fundamental.

Prestar a acção de primeiro socorro é saber aplicar um conjunto de conhecimentos que


permitem, perante uma situação de acidente ou doença súbita (no âmbito do assunto em
análise considera-se apenas a situação de acidente, enquanto um incêndio com necessidade
de evacuação de um edifício), estabelecer prioridades e desenvolver acções adequadas com o
fim de estabilizar ou, se possível, melhorar, a situação das vítimas.

É muito importante salientar que para a abordagem de uma vítima é necessário ter
conhecimento, em primeiro lugar, do contexto geral da situação, pois apenas com uma pré-
avaliação do local é possível conhecer o tipo de vítima com que se está a lidar.

De seguida analisam-se os potenciais riscos existentes para os ocupantes, resultantes de uma


situação de incêndio.

9.1 Queimaduras

Uma queimadura pode ter vários graus de gravidade e esta pode ser considerada grave
quando as suas características implicam uma hospitalização. As lesões têm consequências
graves no corpo, desfigurando e ocasionando perda de funções e de movimentos, deformando
ou lesando órgãos, podendo até levar à morte (desidratação ou infecção). A gravidade da
queimadura depende de vários factores:

a. Profundidade
b. Extensão
c. Localização
d. Idade

As queimaduras são caracterizadas de acordo com a sua profundidade. Consideram-se três


graus:

• 1º Grau: São as queimaduras menos graves. Apenas a camada externa da pele


(epiderme ) é afectada. A pele fica vermelha (eritema), quente, seca e dolorosa.
• 2º Grau: Envolve também a pele em maior profundidade, a qual fica igualmente
vermelha, quente, seca com ardor e dor, aparecendo bolhas (flictenas) que têm no

64
seu interior um líquido (plasma). Esta queimadura já atinge a derme. Consiste numa
queimadura mais grave do que a anterior.
• 3º Grau: Há destruição da pele e de outros tecidos adjacentes, podendo chegar à
carbonização. Poderá haver destruição das extremidades de nervos sensitivos.
Todavia, à volta da queimadura podem existir terminações nervosas não atingidas, o
que causará bastante dor (queimaduras de 1º e 2º grau). A vítima pode entrar em
estado de choque.

O que Fazer

Se uma vítima tiver um membro superior queimado ou uma área equivalente, esta vítima deve
ser considerada um Grande Queimado, situação que é sempre muito grave. Um indivíduo com
um terço da pele queimada poderá morrer em consequência das lesões decorrentes da
queimadura.

Queimaduras na face, pescoço, tórax, órgãos genitais e articulações são sempre graves,
independentemente do seu grau. Relativamente à idade, as queimaduras são mais graves nas
idades extremas (crianças e idosos). Nas crianças as percentagens regionais de pele variam em
função do desenvolvimento.

Em vítimas com queimaduras muito extensas, não se deve despir nem arrancar a roupa, mas
arrefecer a zona afectada de imediato para aliviar a dor e parar o processo da queimadura;
deve cobrir-se a zona ou toda a vítima com um lençol limpo sem pêlos, levemente humedecido
e tapá-lo com um cobertor. Deve ainda prevenir-se o choque e a hipotermia, bem como
promover o transporte para o hospital.

No caso de uma queimadura do 1º Grau, deve arrefecer-se a região queimada com água fria
corrente, até a dor acalmar. Colocar sobre a zona atingida compressas ou panos limpos sem
pêlos, molhados com água fria ou com gelo. Após o arrefecimento, colocar um creme
hidratante, neutro e sem corantes (EX: Creme Nívea). Não colocar gorduras.

Se a queimadura for do 2º Grau, arrefecer com água corrente o mais fria possível até a dor
acalmar. Se as bolhas não estiverem rebentadas, não as rebentar. Se as bolhas rebentarem,
não cortar a pele da bolha esvaziada.

Se a queimadura for do 3º Grau, arrefecer o mais possível a região queimada com água fria,
até a dor acalmar. Este tipo de queimaduras é muito grave e necessita de transporte para o
Hospital.

Casos Especiais

Queimaduras nos olhos → Lavar demoradamente com um fio de água corrente do canto
interno do olho para o externo. Colocar a vítima num ambiente com pouca luz, a fim de evitar
a colagem das pálpebras. Não fazer penso oclusivo.

O Que NÃO Fazer

 Retirar qualquer pedaço de tecido que tenha ficado agarrado à queimadura


 Rebentar as bolhas ou tentar retirar a pele das bolhas que rebentaram
 Aplicar sobre a queimadura cubos de gelo
 Aplicar sobre a queimadura outros produtos para além dos referidos

65
9.2 Intoxicações por Monóxido de Carbono (CO)

O monóxido de carbono (CO), considerado membro da família dos asfixiantes químicos, é um


gás perigoso, incolor, inodoro, sem sabor e não irritante.

Chamado de assassino silencioso, é produzido pela combustão incompleta de matérias que


contêm carbono, nomeadamente madeiras e derivados de combustíveis fósseis como o
petróleo, o carvão mineral e o gás natural.

O CO actua como um mecanismo de asfixia dos tecidos, bloqueando as trocas gasosas ao nível
molecular.

O gás inalado liga-se firmemente à hemoglobina dos glóbulos vermelhos, substituindo o


oxigénio e formando a carboxi-hemoglobina (COHb). Esta afinidade é cerca de 250 vezes mais
forte que a do oxigénio à hemoglobina. Desta forma vai diminuindo lentamente, mas
progressivamente (intoxicação crónica) ou maciça (intoxicação aguda), a oxigenação dos
tecidos e órgãos de todo o corpo.

Uma intoxicação crónica por CO, resultante de uma exposição prolongada a baixas
concentrações, pode causar efeitos tóxicos cumulativos como insónia, cefaleia, fadiga,
diminuição da capacidade física, tonturas, vertigens, alterações auditivas, doenças
respiratórias, anorexia e isquemia cardíaca.

Sinais e Sintomas:

Os sinais e sintomas de intoxicação por CO são habitualmente insidiosos e inespecíficos e têm


origem em órgãos com alto consumo de oxigénio, tal como o cérebro e o coração. Como já
referido, os efeitos tóxicos são imensos. A maioria dos intoxicados a exposições mais
demoradas e com elevadas concentrações de CO no sangue podem perder a consciência,
entrar em coma, ter convulsões, arritmias cardíacas, e mais ou menos rapidamente chegar à
morte.

Tabela 22 - Sintomas de Intoxicação pelo CO


Saturação de
Concentração de CO no meio ambiente Sintomas
CO no sangue
<0,0035% ou 35ppm (fumo de tabaco) 0-10% Nenhum ou ligeira cefaleia
0,005% ou 50ppm 10-20% Cefaleia moderada, dispneia
nos exercícios vigorosos
0,01% ou 100ppm 20-30% Cefaleia pulsante, dispneia
com exercício moderado
0,02% ou 200ppm 30-40% Cefaleia severa, irritabilidade,
fadiga, redução da visão
0,03%-0,05% ou 300-500ppm 40-50% Cefaleia, taquicardia,
confusão, letargia, colapso
0,08-0,12% (800-1200ppm) 50-70% Convulsões intermitentes,
depressão cardíaca e
respiratória, coma
0,19% ou 1900ppm 70-80% Respiração lenta, pulso fraco,
rapidamente fatal

66
O que deve fazer

Remover o doente da atmosfera


Desapertar a roupa e conservar o doente quente e em repouso
Fazer respiração artificial com oxigénio a 100% pelo menos durante uma hora
(10L/min) por máscara ajustada
Entregar o intoxicado aos cuidados da equipa de socorro (Bombeiros, INEM)

10. CONCLUSÕES
Até à data, os efeitos do fogo têm recebido mais atenção do que os aspectos humanos, ou
seja, a investigação ao nível da evacuação de edifícios tem-se centrado mais na deslocação das
pessoas e das multidões através das saídas de emergência do que no Comportamento das
Pessoas e no Tempo necessário para motivar as pessoas a iniciar a fuga.

Os erros mais comuns associados ao comportamento em fuga são os seguintes:


 A evacuação começa logo que o alarme soa
 A fuga deve ser feita em direcção à saída mais próxima
 O tempo de fuga de um local depende da distância até à saída e da largura desta
 As pessoas fogem todas à mesma velocidade e são todas fisicamente capazes
 A segurança não pode ser garantida, em algumas circunstâncias, devido ao pânico

Estudos sobre incidentes graves durante a evacuação de multidões demonstram que os


seguintes factores são importantes:
Formação rápida de filas quando as saídas começam a ficar congestionadas
Falta de comunicação entre as primeiras e as últimas pessoas da multidão
A densidade da multidão atinge um nível crítico de 8 pessoas/m2 não deixando espaço
entre as pessoas (observam-se ondas de choque) que obrigam as pessoas a moverem-
se involuntariamente até 3 metros
A multidão compete entre si para se afastar de forma precipitada, do incidente

Perante uma situação de Alarme, as pessoas:


 Procuram obter mais informação
 Comparam-na com a própria experiência
 Comparam-na com as reacções de outras pessoas
 E só então decidem o que fazer
 O período mais importante na cronologia de um incêndio será entre o soar do alarme e
a motivação das pessoas para fugir

A reacção a um Alarme será influenciada por:


 Informação/Comunicação
 Familiarização
 Reacção em grupo
 Factor pânico

67
Reacção das pessoas aos alarmes:
 Campainha/Sirenes: 13%
 Mensagens escritas: 45% a 55%
 Voz ou Imagem: 70%

Medidas de Protecção Contra Incêndio:

Aumentar o período de Reduzir o tempo que as


tempo que vai desde a pessoas demoram a
detecção até ao alcançar um local seguro,
momento em que os normalmente fora do
caminhos de evacuação edifício
se tornam perigosos

MÉTODOS

Tempo de Risco Tempo de Segurança

Medidas para reduzir o tempo de segurança:

 Um bom Sistema Automático de Detecção de Incêndio


 Adicionando à detecção atempada, uma informação correcta às pessoas
 Sinalização de Segurança
 Iluminação de Segurança

Medidas para Aumentar o Tempo de Risco:

 Sprinklers de Acção Rápida


 Portas Resistentes ao Fogo
 Antecâmaras
 Sistemas Activos de Controlo de Fumos
 Pressurização de Escadas

68
Tempo de Segurança

Nivel
de
Curva de Incêndio Risco
Elevad
Existência de
Fumo
Caminhos de
Evacuação

Tempo de Risco

Risco
inexistente
nos caminhos
de evacuação

Ignição Detecção Alarme Edificio Evacuado

69
11. GLOSSÁRIO TÉCNICO
A
diferença de cota entre o piso mais desfavorável susceptível
de ocupação e o plano de referência. Quando o último piso
coberto for exclusivamente destinado a instalações e
equipamentos que apenas impliquem a presença de pessoas
para fins de manutenção e reparação, tal piso não entra no
cômputo da altura do edifício. O mesmo sucede se o piso for
destinado a arrecadações cuja utilização implique apenas
Altura de um
visitas episódicas de pessoas. Se os dois últimos pisos forem
Edifício
ocupados por habitações duplex, poderá considerar-se o seu
piso inferior como o mais desfavorável, desde que o percurso
máximo de evacuação nessas habitações seja inferior a 10 m.
Aos edifícios constituídos por corpos de alturas diferentes são
aplicáveis as disposições correspondentes ao corpo de maior
altura, exceptuando-se os casos em que os corpos de menor
altura forem independentes dos restantes
diferença de cota entre o plano de referência e o último piso
Altura da
acima do solo, susceptível de ocupação por essa utilização-
Utilização-Tipo
tipo
Altura Útil de menor pé-direito livre existente ao longo de toda a via de
Vias de Acesso acesso a um edifício
substância sólida, líquida ou gasosa especificamente
Agente Extintor adequada para extinguir um incêndio, quando aplicada em
determinadas condições
sinal sonoro e ou luminoso, para aviso e informação de
ocorrência de uma situação anormal ou de emergência,
Alarme
accionado por uma pessoa ou por um dispositivo ou sistema
automático
alarme emitido para difundir o aviso de evacuação à
totalidade dos ocupantes de um edifício ou de um
estabelecimento. Nos locais onde existam pessoas limitadas
Alarme Geral na mobilidade ou na capacidade de percepção e reacção a um
alarme, destina-se também a desencadear as operações
destinadas a apoiar a evacuação das referidas pessoas com
limitações
alarme que tem por destinatários apenas os ocupantes de um
Alarme Local espaço limitado de um edifício ou de um estabelecimento e o
pessoal afecto à segurança
alarme emitido exclusivamente para aviso de uma situação de
Alarme Restrito incêndio, ao pessoal afecto à segurança de um edifício ou de
um estabelecimento

70
mensagem transmitida aos meios de socorro, que devem
intervir num edifício, estabelecimento ou parque de
Alerta
estacionamento, em caso de incêndio, nomeadamente os
bombeiros
Área Acessível a área útil de um estabelecimento ou de um estacionamento
Público susceptível de ser ocupada por público
superfície total de um dado piso ou fracção, delimitada pelo
Área Bruta de
perímetro exterior das paredes exteriores e eixos das paredes
um Piso ou
Fracção
interiores separadoras dessa fracção, relativamente às
restantes
maior das áreas brutas dos pisos de um edifício; Área útil de
um exutor, área geométrica de um exutor corrigida pelo
Área de
produto por um factor de construção, determinado em
Implatação
ensaios. Esse factor, inferior à unidade, é representativo da
resistência aerodinâmica à passagem de fumo no exutor
soma da área útil de todos os compartimentos interiores de
um dado piso ou fracção, excluindo-se vestíbulos, circulações
interiores, escadas e rampas comuns, instalações sanitárias,
Área Útil de um roupeiros, arrumos, armários nas paredes e outros
Piso ou Fracção compartimentos de função similar, e mede-se pelo perímetro
interior das paredes que delimitam aqueles compartimentos,
descontando encalços até 30cm, paredes interiores, divisórias
e condutas

B
hidrante, normalmente com uma única saída. Pode ser
armada, destinando-se ao ataque directo a um incêndio. Pode
ser exterior não armada, destinando-se ao reabastecimento
Boca de dos veículos de combate a incêndios. Neste caso deve existir
Incêndio uma válvula de suspensão no ramal de ligação que a alimenta,
para fecho deste em caso de avaria. Pode ser interior não
armada, destinando-se ao combate a um incêndio recorrendo
a meios dos bombeiros
Boca de boca de incêndio armada cuja mangueira é flexível. Deve estar
Incêndio Tipo em conformidade com a NP EN 671-2. Trata-se de um meio de
Teatro segunda intervenção em caso de incêndio
hidrante que dispõe de uma mangueira munida de agulheta,
Boca de com suporte adequado e válvula interruptora para a
Incêndio alimentação de água, inserido numa instalação hidráulica para
Armada serviço de incêndios privativa de um edifício ou de um
estabelecimento

71
C
Caminho de percurso entre qualquer ponto, susceptível de ocupação, num
Evacuação ou recinto ou num edifício até uma zona de segurança exterior,
Caminho de compreendendo, em geral, um percurso inicial no local de
Fuga permanência e outro nas vias de evacuação
Capacidade de
número máximo de pessoas que podem passar através dessa
Evacuação de
uma Saída
saída por unidade de tempo
quantidade de calor susceptível de ser libertada pela
Carga de combustão completa da totalidade de elementos contidos
Incêndio num espaço, incluindo o revestimento das paredes, divisórias,
pavimentos e tectos
Carretel de boca de incêndio armada cuja mangueira é semi-rígida e está
Incêndio ou
enrolada num suporte tipo carretel. Deve estar em
Boca de
Incêndio Tipo
conformidade com a NP EN 671-1. Trata-se de um meio de
Carretel primeira intervenção em caso de incêndio
classificação em quatro níveis de risco de incêndio de
qualquer utilizações-tipo de um edifício e recinto, atendendo
a diversos factores de risco, como a sua altura, o efectivo, o
Categorias de efectivo em locais de risco, a carga de incêndio e a existência
Risco de pisos abaixo do plano de referência. Caudal de fuga (m3/s),
caudal do fluido, ar ou fumo, perdido através de fissuras,
porosidade de materiais das condutas ou folgas de portas e
janelas em sistemas activos de controlo de fumos

D
densidade de carga de incêndio afectada de coeficientes
Densidade de
referentes ao grau de perigosidade e ao índice de activação
Carga de
dos combustíveis, determinada com base nos critérios
Incêndio
Modificada referidos no n.º 4 do artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 220/2008,
de 12 de Novembro
Densidade de
carga de incêndio por unidade de área útil de um dado espaço
Carga de
Incêndio
ou, para o caso de armazenamento, por unidade de volume
número de pessoas por metro quadrado de área útil de um
Densidade de
compartimento, estimado para cada utilização-tipo. Este valor
Ocupação
Teórica
é utilizado para calcular o efectivo e dimensionar os caminhos
de evacuação
acção de remoção, para o exterior de um edifício, do fumo,
do calor e dos gases de combustão provenientes de um
Desenfumagem
incêndio, através de dispositivos previamente instalados para
o efeito
Detector tipo de detector de incêndio que, não fazendo parte de um
Autónomo de sistema de alarme de incêndio, é utilizado para accionar

72
Actuação equipamentos, dispositivos ou sistemas complementares
comprimento a percorrer num caminho de evacuação até se
Distância de
atingir uma via de evacuação protegida, uma zona de
Evacuação
segurança ou uma zona de refúgio

E
toda e qualquer edificação destinada à utilização humana que
disponha, na totalidade ou em parte, de um espaço interior
Edifício
utilizável, abrangendo as realidades referidas no n.º 1 do
artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro
edifícios dotados de estruturas independentes, sem
comunicação interior ou, quando exista, efectuada
Edifícios
exclusivamente através de câmaras corta-fogo, e que
Independentes
cumpram as disposições de SCIE, relativamente à resistência
ao fogo dos elementos de construção que os isolam entre si
número máximo estimado de pessoas que pode ocupar em
Efectivo de simultâneo um edifício ou recinto que recebe público,
Público excluindo o número de funcionários e quaisquer outras
pessoas afectas ao seu funcionamento
número máximo estimado de pessoas que pode ocupar em
Efectivo
simultâneo um dado espaço de um edifício ou recinto
Escada escada adicional às exigidas para a evacuação, instalada para
Suplementar satisfazer necessidades funcionais
Espaços áreas interiores e exteriores dos edifícios ou recintos
Estabelecimento
estabelecimento ao qual o público tem acesso,
que Recebe
Público
independentemente desse acesso ser ou não controlado
edifício, recinto ou parte deles, destinado a uma única
Estabelecimento ocupação distinta da habitação ou de estacionamento de
veículos
movimento de ocupantes de um edifício para uma zona de
Evacuação segurança, em caso de incêndio ou de outros acidentes, que
deve ser disciplinado, atempado e seguro
aparelho contendo um agente extintor, que pode ser
Extintor de descarregado sobre um incêndio por acção de uma pressão
Incêndio interna. Deve estar em conformidade com as NP EN 3, NP EN
1866 e NP 4413
dispositivo instalado na cobertura de um edifício ou de um
Exutor de Fumo espaço e susceptível de abertura em caso de incêndio,
permitindo a desenfumagem por meios naturais

73
F
fachada através da qual é possível aos bombeiros lançar as
operações de socorro a todos os pisos, quer directamente
Fachada
através de, no mínimo, uma saída correspondente a um
Acessível
caminho de evacuação, quer através dos pontos de
penetração designados no presente regulamento
ocupantes de um edifício ou de um estabelecimento que nele
desenvolvem uma actividade profissional relacionada com a
Funcionários
utilização-tipo do edifício, que implica o conhecimento dos
espaços afectos a essa utilização

G
conjunto de bombas, respectivos comandos e dispositivos de
Grupo monitorização destinados a fornecer o caudal e pressão
Hidropressor adequados a uma instalação hidráulica para combate a
incêndios

H
equipamento permanentemente ligado a uma tubagem de
distribuição de água à pressão, dispondo de órgãos de
comando e uma ou mais saídas, destinado à extinção de
Hidrante
incêndios ou ao reabastecimento de veículos de combate a
incêndios. Os hidrantes podem ser de dois tipos: marco de
incêndio ou boca de incêndio (de parede ou de pavimento)

I
situação, segundo a qual a partir de um ponto de um dado
espaço a evacuação só é possível através do acesso a uma
única saída, para o exterior ou para uma via de evacuação
protegida, ou a saídas consideradas não distintas. A distância
Impasse para
do impasse, expressa em metros, é medida desse ponto à
um Ponto de um
Espaço
única saída ou à mais próxima das saídas consideradas não
distintas, através do eixo dos caminhos evidenciados, quando
este Regulamento os exigir, ou tendo em consideração os
equipamentos e mobiliários fixos a instalar ou em linha, se as
duas situações anteriores não forem aplicáveis

74
situação, segundo a qual, a partir de um ponto de um dada via
de evacuação horizontal, a evacuação só é possível num único
sentido. O impasse é total se se mantém em todo o percurso
até uma saída para uma via de evacuação vertical protegida,
uma zona de segurança ou uma zona de refúgio. A distância
Impasse para
do impasse total, expressa em metros, é medida pelo eixo da
uma Via
Horizontal via, desde esse ponto até à referida saída. O impasse pode
também ser parcial se se mantém apenas num troço da via
até entroncar numa outra onde existam, pelo menos, duas
alternativas de fuga. A distância do impasse parcial, expressa
em metros, é medida pelo eixo do troço em impasse desde
esse ponto até ao eixo da via horizontal onde entronca

L
menor das larguras, medidas ao longo de toda a via de acesso
Largura Útil de
a um edifício, descontando os espaços destinados ao
Vias de Acesso
parqueamento autorizado de veículos
a classificação de qualquer área de um edifício ou recinto, em
função da natureza do risco de incêndio, com excepção dos
Local de Risco espaços interiores de cada fogo e das vias horizontais e
verticais de evacuação, em conformidade com o disposto no
artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro

M
hidrante, normalmente instalado na rede pública de
abastecimento de água, dispondo de várias saídas, destinado
Marco de
a reabastecer os veículos de combate a incêndios. É um meio
Incêndio
de apoio às operações de combate a um incêndio por parte
dos bombeiros

P
média aritmética do maior e do menor dos pés-direitos de um
local ou de uma via de evacuação coberta. Quando existir
tecto falso, este só deve ser tido em conta se o somatório das
Pé-Direito de
áreas das aberturas nele praticadas for inferior a 40% da sua
Referência
área total, ou se o espaço compreendido entre o tecto falso e
o tecto real estiver preenchido em mais de 50% do seu
volume
altura entre o pavimento e a face inferior das vigas aparentes
Pé-Direito Livre do tecto, correspondendo à maior altura livre para pessoas ou
objectos passarem sob a viga
piso através do qual se garanta a evacuação das pessoas para
Piso de Saída
local seguro no exterior. Se este piso for desnivelado

75
relativamente ao plano de referência, deve ser ligado a ele
através de um caminho de evacuação
documento, componente do plano de emergência, no qual
Plano de está indicada a organização das operações a desencadear pelo
Actuação delegado e agentes de segurança, em caso de ocorrência de
uma situação perigosa
documento no qual estão indicadas as medidas de
autoprotecção a adoptar, por uma entidade, para fazer face a
Plano de
uma situação de incêndio nas instalações ocupadas por essa
Emergência
Interno
entidade, nomeadamente a organização, os meios humanos e
materiais a envolver e os procedimentos a cumprir nessa
situação. Contém o plano de actuação e o de evacuação
documento, componente do plano de emergência, no qual
estão indicados os caminhos de evacuação, zonas de
Plano de
segurança, regras de conduta das pessoas e a sucessão de
Evacuação
acções a terem lugar durante a evacuação de um local,
estabelecimento, recinto ou edifício, em caso de incêndio
documento no qual estão indicados a organização e os
procedimentos a adoptar, por uma entidade, para evitar a
Plano de ocorrência de incêndios e para garantir a manutenção do nível
Prevenção de segurança decorrente das medidas de autoprotecção
adoptadas e a preparação para fazer face a situações de
emergência
plano de nível, à cota de pavimento do acesso destinado às
viaturas de socorro, medida na perpendicular a um vão de
saída directa para o exterior do edifício. No caso de existirem
Plano de dois planos de referência, um principal e outro no tardoz do
Referência edifício, é considerado o plano mais favorável para as
operações dos bombeiros, isto é, o de menor cota para os
pisos total ou parcialmente enterrados e o de maior cota para
os restantes pisos
conjunto de medidas de autoprotecção (organização e
procedimentos) tendentes a evitar a ocorrência de incêndios
Plano de
e a limitar as suas consequências. É composto por um plano
Segurança
de prevenção, um plano de emergência e os registos de
segurança
documento elaborado por um corpo de bombeiros onde se
Plano Prévio de
descrevem os procedimentos, antecipadamente estudados,
Intervenção
para uma intervenção de socorro
peça desenhada esquemática, referente a um dado espaço
com a representação dos caminhos de evacuação e dos meios
Planta de
a utilizar em caso de incêndio, contendo ainda as instruções
Emergência
gerais de segurança aplicáveis a esse espaço. Deve estar
conforme a NP 4386
local, permanentemente vigiado, dum edifício onde é possível
Posto de
controlar todos os sistemas de vigilância e de segurança, os
Segurança
meios de alerta e de comunicação interna, bem como os

76
comandos a accionar em situação de emergência
Prevenção conjunto de medidas e atitudes destinadas a diminuir a
contra Incêndio probabilidade de eclosão de um incêndio
medida de autoprotecção que consiste na intervenção no
Primeira combate a um incêndio desencadeada, imediatamente após a
Intervenção sua detecção, pelos ocupantes de um edifício, recinto ou
estabelecimento
Protecção conjunto de medidas e atitudes destinadas a limitar os efeitos
contra Incêndio de um incêndio
ocupantes de um edifício ou de um estabelecimento que não
Público
residem nem trabalhem habitualmente nesse espaço

R
resposta de um produto ao contribuir pela sua própria
Reacção ao decomposição para o início e o desenvolvimento de um
Fogo incêndio, avaliada com base num conjunto de ensaios
normalizados
espaço delimitado, coberto ou não, afecto por um período de
Recinto tempo limitado a um tipo concreto de actividade, que pelas
Itinerante suas características de construção se pode deslocar e instalar
com facilidade
espaço dotado de uma estrutura permanente ou
Recinto para
desmontável, com uma envolvente aberta, podendo ou não
Espectáculos ao
Ar Livre
ser parcialmente coberto, susceptível de ser utilizado para
uma das actividades afectas à utilização-tipo VI
espaços delimitados ao ar livre destinados a diversos usos,
desde os estacionamentos, aos estabelecimentos que
Recintos recebem público, aos industriais, oficinas e armazéns,
podendo dispor de construções de carácter permanente,
temporário ou itinerante
conjunto de documentos que contém os registos de
ocorrências relevantes e de relatórios relacionados com a
segurança contra incêndios. As ocorrências devem ser
registadas com data de início e fim e responsável pelo seu
acompanhamento, referindo-se, nomeadamente, à
Registos de conservação ou manutenção das condições de segurança, às
Segurança modificações, alterações e trabalhos perigosos efectuados,
incidentes e avarias ou, ainda, visitas de inspecção. De entre
os relatórios a incluir nos registos de segurança, destacam-se
os das acções de instrução e de formação, dos exercícios de
segurança e de eventuais incêndios ou outras situações de
emergência
Resistência ao resistência ao fogo avaliada num ensaio com um programa
Fogo Padrão térmico de fogo normalizado
Resistência ao propriedade de um elemento de construção, ou de outros

77
Fogo componentes de um edifício, de conservar durante um
período de tempo determinado a estabilidade e ou a
estanquidade, isolamento térmico, resistência mecânica, ou
qualquer outra função específica, quando sujeito ao processo
de aquecimento resultante de um incêndio

S
saída para um caminho de evacuação protegido ou para uma
Saída de
zona de segurança, que não está normalmente disponível
Emergência
para outra utilização pelo público
qualquer vão disposto ao longo dos caminhos de evacuação
de um edifício que os ocupantes devam transpor para se
Saída
dirigirem do local onde se encontram até uma zona de
segurança
saídas para as quais, a partir desse ponto, se possam
Saídas distintas estabelecer linhas de percurso para ambas, tendo em conta o
em relação a um mobiliário principal fixo e o equipamento ou os caminhos
Ponto evidenciados, quando este Regulamento os exigir, divergindo
de um ângulo superior a 45º, medido em planta
intervenção no combate a um incêndio desencadeada,
imediatamente após o alarme, pelos bombeiros ou por
Segunda
equipas especializadas ao serviço do responsável de
Intervenção
segurança de um edifício, parque de estacionamento,
estabelecimento ou recinto
sistema de alarme constituído por central de sinalização e
Sistema comando, detectores automáticos de incêndio, botões para
Automático de accionamento manual do alarme e meios difusores de alarme.
Detecção e Este sistema, numa situação de alarme de incêndios, também
Alarme de pode desencadear automaticamente outras acções,
Incêndio (SADI) nomeadamente o alerta e o comando de dispositivos,
sistemas ou equipamentos
Sistema de conjunto de componentes que dão um alarme de incêndio,
Alarme de sonoro e ou visual ou qualquer outro, podendo também
Incêndio iniciar qualquer outra acção
conjunto de meios e medidas construtivas, implantado num
Sistema de edifício ou num recinto, destinado a controlar a propagação
Controlo de do fumo, do calor e dos gases de combustão, durante um
Fumo incêndio, através de um processo de varrimento, de
pressurização relativa, ou misto
sistema automático constituído por tubagens e aspersores de
água que, após a detecção de um incêndio, projecta uma
Sistema de lâmina contínua de água segundo um plano vertical (cortina),
Cortina de Água isolando da penetração do fumo e das chamas dois espaços
contíguos. Essa cortina deve irrigar uma superfície (tela, vidro,
metal, etc.), melhorando o seu comportamento ao fogo

78
sistema fixo constituído por uma reserva adequada de agente
Sistema Fixo de extintor ligada permanentemente a um ou mais difusores
Extinção fixos, pelos quais é projectado, manual ou automaticamente,
o agente extintor para a extinção de um incêndio
Sistema sistema fixo de extinção preparado para descarregar o agente
Modular de extintor directamente sobre o material a arder ou sobre o
Extinção risco identificado

T
tempo necessário para que todos os ocupantes de um edifício, ou
Tempo de
de parte dele, atinjam uma zona de segurança, a partir da emissão
Evacuação
do sinal de evacuação
tempo entre o primeiro alerta e a chegada ao local dos veículos de
Tempo de
socorro dos bombeiros, com a dimensão adequada a dar início ao
Resposta
combate a incêndio

U
unidade teórica utilizada na avaliação da largura necessária à
passagem de pessoas no decurso da evacuação. A correspondência
Unidade de
em unidades métricas, arredondada por defeito para o número
Passagem (UP)
inteiro mais próximo, é a seguinte: a) 1 UP = 0,9 m; b) 2 UP = 1,4 m;
c) N UP = N × 0,6 m (para N > 2)
classificação do uso dominante de qualquer edifício ou recinto,
incluindo os estacionamentos, os diversos tipos de
Utilização-Tipo estabelecimentos que recebem público, os industriais, oficinas e
armazéns, em conformidade com o disposto no artigo 8.º do
Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro

V
via exterior, pública ou com ligação à via pública, donde seja
Via de Acesso possível aos bombeiros lançar eficazmente as operações de
de uma salvamento de pessoas e de combate ao incêndio, a partir do
Utilização-Tipo exterior ou pelo interior de edifícios recorrendo a caminhos de
evacuação horizontais ou verticais
Via de
Evacuação via de evacuação protegida, estabelecida no interior do edifício,
Enclausurada ou dotada de sistema de controlo de fumo e de envolvente com uma
Protegida resistência ao fogo especificada
Interior
via de evacuação protegida, ao ar livre ou ampla e
permanentemente ventilada, que está suficientemente separada do
Via de
resto do edifício ou de edifícios vizinhos, quer em afastamento quer
Evacuação
por elementos de construção cuja resistência ao fogo padrão está
Exterior
de acordo com o explicitado no presente regulamento. Esta via
pode estar totalmente no exterior de um edifício ou nele

79
parcialmente encastrada, devendo, neste caso, dispor de uma
abertura, ao longo dos elementos de construção em contacto com
o exterior, abrangendo todo o espaço acima da respectiva guarda
via de evacuação dotada de meios que conferem aos seus utentes
protecção contra os gases, o fumo e o fogo, durante o período
necessário à evacuação. Os revestimentos dos elementos de
construção envolventes das vias de evacuação protegidas devem
exibir uma reacção ao fogo conforme as especificações do presente
regulamento. Numa via de evacuação protegida não podem existir
Via de
ductos, não protegidos, para canalizações, lixos ou para qualquer
Evacuação
outro fim, nem quaisquer acessos a ductos, nem canalizações de
Protegida
gases combustíveis ou comburentes, líquidos combustíveis ou
instalações eléctricas. Exceptuam-se, neste último caso, as que
sejam necessárias à sua iluminação, detecção de incêndios e
comando de sistemas ou dispositivos de segurança ou, ainda, de
comunicações em tensão reduzida. Exceptuam-se ainda as
canalizações de água destinadas ao combate a incêndios
comunicação horizontal ou vertical de um edifício que, nos temos
do presente regulamento, apresenta condições de segurança para a
evacuação dos seus ocupantes. As vias de evacuação horizontais
podem ser corredores, antecâmaras, átrios, galerias ou, em espaços
Via de
amplos, passadeiras explicitamente marcadas no pavimento para
Evacuação
esse efeito, que respeitem as condições do presente regulamento.
As vias de evacuação verticais podem ser escadas, rampas, ou
escadas e tapetes rolantes inclinados, que respeitem as condições
do presente regulamento

Z
local num edifício, temporariamente seguro, especialmente dotado
Zona de Refúgio de meios de protecção, de modo a que as pessoas não venham a
sofrer dos efeitos directos de um incêndio no edifício
Zona de
local, no exterior do edifício, onde as pessoas se possam reunir,
Segurança de
protegidas dos efeitos directos de um incêndio naquele
um Edifício
espaço compreendido entre a zona livre de fumo e a cobertura ou o
Zona Enfumada
tecto
espaço compreendido entre o pavimento e a face inferior dos
Zona Livre de
painéis de cantonamento suspensos do tecto ou, caso estes não
Fumo
existam, a face inferior dos lintéis dos vãos nas paredes

80
12. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Portaria nº 1532/2008, de 29 de Dezembro, Regulamento Técnico de Segurança contra
Incêndio em Edifícios

Abrantes, J.B. e Castro, C. F. (2009), Manual de Segurança contra Incêndios em


Edifícios

Roberto, António Possidónio e Castro, Carlos Ferreira (2009), Manual de Exploração de


Segurança contra Incêndios em Edifícios

Lopes, Nuno Cunha, Estado de Emergência: Processos de Evacuação

John L. Bryan & Philip J. Di Nenno (1976), "People's behaviour in the fire at MGM Las
Vegas. FIRE- INTERNA TIONAL.USA

El Comportamiento de las Personas en Situaciones de Emergencia, CEPREVEN

Miguel, Marco e Silvano, Pedro (2009), Regulamento de Segurança em Tabelas

Proulx, G., Pineau, J., Review of Evacuation Strategies for Occupants with Disabilities
Fire Safety Engineering Concerning Evacuation from Buildings, CFPA Europe –
Guidelines

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