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DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO
RODRIGO TACLA DURAN - Advogado e ex-consultor.
SUMÁRIO
Debate sobre as violações de direitos humanos que vem sofrendo o Sr. Rodrigo Tacla Duran.
OBSERVAÇÕES
Houve participação por videoconferência.
Há palavras ou expressões ininteligíveis.
Grafias não confirmadas: Salvitti, Robecil, Erisvaldo.
Há orador não identificado em breve intervenção.
Houve falha na gravação.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL
Comissão de Direitos Humanos e Minorias
Número: 0448/18 05/06/2018
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Então, o arquivo, que deve estar guardado, tem que ter a data anterior ao bloqueio.
Se se gerou um documento posterior ao bloqueio, esse documento é novo. Houve
adulteração, houve manipulação dos arquivos.
Independente disso, na reportagem da Folha de S.Paulo, do jornalista Wálter
Nunes, na edição de 5 de outubro do ano passado, a reportagem já informava que a
conta dessa denúncia já havia sido encerrada em período anterior aos extratos do
Procurador Janot e, agora, à planilha da Dra. Raquel, ou seja, esses documentos,
independentemente de estarem no sistema ou não, eu os tenho notarizados nos
Estados Unidos, muito antes de o Presidente Michel Temer ser denunciado.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - O senhor, é claro que isso é um juízo
de acordo com o seu grau de conhecimento acerca das práticas da empresa
Odebrecht nesse contexto, mas o senhor acha que esse tipo de manipulação, além
dessa que o senhor aponta em relação ao atual Presidente da República, esses
procedimentos espúrios podem ter sido adotados em outras investigações, em
outros inquéritos, em outros processos?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sem dúvida, nas próprias perícias que eu
encaminhei à CPI da JBS, há casos de extratos adulterados em outros inquéritos,
extratos que, num determinado inquérito, têm um movimento em tal data, e um
extrato do mesmo período, da mesma empresa, da mesma conta, em outro
inquérito, há um movimento naquela data diferente, apagado, enfim, diversas
alterações. Esse mesmo, do caso do arquivamento que o senhor mencionou, que eu
não sabia, no mesmo documento... Esses mesmos documentos, que agora chamam
de planilha, evidentemente não saíram de um sistema bancário, porque um sistema
bancário não vai mesclar idiomas, ele vai seguir um padrão. Ele não vai mesclar
tipos de caracteres. Numa célula do Excel há um tipo de caractere e, em outra, outro
tipo — maiúsculo, minúsculo —, evidentemente isso foi inserido à mão, e não por
sistema. Eu tenho a perícia, não sou eu que estou dizendo. Eu sei que foi, mas não
se trata disso. Tecnicamente, já foi aqui comprovado, como, por exemplo, a própria
data a que ela se refere, que está em negrito, num tom totalmente diferente de cor, é
visto a olho nu, do tom do logo do banco, que foi colado.
No caso que o senhor me perguntou sobre outras questões, é o que eu falei.
Há outros processos, outros inquéritos, que eu já citei, e isso foi, como eu já havia
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queria que eu explicasse alguns riscos jurídicos que havia para o Juca em
decorrência da investigação que a empresa vinha sofrendo na Lava-Jato. E ele
marcou com o Juca encontrá-lo no Panamá.
Juca viajou de Montevidéu para o Panamá. Quando chegou, lembro, ele até
reclamou, porque o encontro foi combinado de última hora, e ele só conseguiu viajar
na classe econômica. Nós tivemos um jantar, e eu expliquei para ele detalhes
relativos à questão jurídica.
Havia mais uma pessoa que testemunhou o assunto. Eu gostaria de não falar
o nome, porque não sei qual é a situação jurídica dele.
Depois de alguns vinhos — o jantar foi no Trump Tower, no cassino —, o Sr.
Luiz Eduardo quis comprar informações do Juca ou pediu a ele que desse
informações desde a época do BANESTADO, uma vez que o Sr. Dario Messer tinha
conhecimento de eventuais deslizes, problemas, ilegalidades praticadas já naquela
época por procuradores. Ele perguntava até pelo Juiz Sérgio Moro, no caso, desde o
BANESTADO. O Vinicius, o Juca, falou que ele não podia responder, que ele tinha
que conversar com o Dario, mas que dificilmente iria ceder essas informações,
porque elas poderiam ser úteis para eles no futuro.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Por último, o senhor tem
conhecimento de que o ex-Procurador Marcello Miller tenha trabalhado para a
Odebrecht e de quem o teria contratado?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Adriano Maia.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Não ouvi, desculpe.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - O mais provável é que ele tenha sido
contratado pelo Adriano Maia, que tinha essa função de contratar advogados.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Mas ele colaborava com a Odebrecht
ainda como procurador ou passou a fazê-lo depois que deixou a Procuradoria?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não sei precisar isso. Mas que ele
colaborou, ele colaborou. Eu só lembro que, na penúltima vez que eu encontrei o
Maurício Ferro, no Aeroporto de Congonhas, ele pediu para eu não voltar a Curitiba,
porque eles iriam tratar de tudo em Brasília, onde tinham um contato.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Sr. Presidente, sem prejuízo de
outras perguntas que eu venha a fazer posteriormente, por hora eu encerro.
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contratavam um ator da Globo para ir em festa de 15 anos. Não sei se ainda hoje
fazem isso aí. Agora, contratam juízes e procuradores da Lava-Jato para
funcionarem como espécie de garoto propaganda de eventos, agora até em leilões
beneficentes, até em Nova Iorque.
Dallagnol, Carlos Fernando, Sergio Moro, Diogo Castor, tornaram-se uma
espécie de personagens. O Dallagnol chegava a ter uma página que oferecia a sua
presença a 30, 40 mil reais, e descrevia: “jovem procurador, de bochechas rosadas”,
dizia isso na página, “óculos de aros finos com olhar longilíneo, que mescla humor
com sabedoria, pode estar presente no seu evento por 30 ou 40 mil reais”. Esse era
um site que oferecia inclusive a presença dele em eventos.
Então, realmente, nós estamos vivendo uma situação que é absolutamente
esdrúxula, onde, infelizmente, uma parcela do mundo do direito no Brasil perdeu
completamente qualquer limite de compostura, de escrúpulo, e assim por diante.
O Dr. Rodrigo Tacla Duran, em cinco oportunidades, teve negada sua
solicitação para que pudesse depor como testemunha de defesa nos inquéritos da
Lava-Jato. A última delas foi ontem, num despacho do Dr. Nicolao Dino, no STJ, no
qual ele diz que mesmo que as provas sejam falsas Tacla Duran não deve ser
ouvido. E cita o despacho do Moro dizendo o seguinte: “é muito oneroso ouvir uma
testemunha no exterior, é muito difícil”. E, engraçado, nós estamos ouvindo o Dr.
Tacla Duran pela segunda vez aqui na Câmara dos Deputados, em Comissões, sem
que isso tenha qualquer despesa para a Casa.
E falar em despesa onerosa, em viagem para o exterior, penso que Sergio
Moro e a Lava-Jato chegam a ser algo até ofensivo à inteligência das pessoas.
Eu não entendi, Dr. Tacla Duran, em primeiro lugar, essa questão do Inquérito
186, ao qual o senhor fez referência, que sumiu. Que inquérito é esse e como é que
o inquérito sumiu? V.Sa. poderia explicar um pouquinho melhor, porque eu não
compreendi exatamente essa informação que V.Sa. nos trouxe aqui e que até agora
não era do nosso conhecimento.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, parte desse inquérito eu
inclusive juntei na CPI da JBS. Ele trata basicamente de esclarecimento sobre as
acusações que me foram feitas. Juntam as perícias, das quais V.Exas. também
receberam cópias na época da CPI da JBS. Ele estava tramitando em São Paulo, na
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O Ministério Público é tão cioso que, embora costume abrir investigações até
com notas de jornal, entendeu que todas as perícias dos documentos, inclusive as
que o senhor trouxe da Espanha com fé pública não deveriam sequer ser
investigados. Quer dizer, a PGR não vai investigá-los.
Nós estamos inclusive buscando um entendimento de que providências
podemos adotar diante da negativa da Procuradora em investigar as denúncias.
Vamos ver, no Supremo Tribunal Federal, o que é possível fazer.
Mas o senhor credita a que essa negativa da PGR em investigar as denúncias
que o senhor faz, inclusive sobre manipulação e adulteração de provas utilizadas
nas denúncias que foram feitas pela PGR?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - A mordaça, Deputado. Eu não vou ser
ouvido em nenhum processo como testemunha, Deputado.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mas o senhor foi ouvido em diversos
países. O senhor já prestou depoimento em vários países.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O senhor chegou a ter uma audiência
marcada pela PGR para ser ouvido na Espanha, correto?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Em 04 de dezembro, às 10 horas da
manhã, do ano passado.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Quatro de dezembro. Eu não lembro
qual foi o dia da CPMI da JBS.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Trinta de novembro.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Trinta de novembro. Já estava
marcado antes aquele depoimento, portanto, desta audiência do dia 04, acredito.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Já.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No dia 04 de dezembro o senhor
estava com uma audiência com a PGR, com autoridades brasileiras, que deveriam
estar presentes para o depoimento em Madri, é isso?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim, com o Dr. Orlando Martello, o Dr.
Roberson Pozzobon e alguém mais de que não me lembro o nome. Eram três ou
quatro procuradores.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Três ou quatro procuradores.
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Federal e com o Moro, que foi preso na divisão da Suíça com a Itália, com uma
grande quantidade de ouro. Quem é ele?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Fernando Migliaccio.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Fernando Migliaccio?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Esse é um colaborar sênior, uma
pessoa das relações mais próximas do Juiz Sergio Moro e do Ministério Público
Federal, um colaborador que tem ajudado a compreender os sistemas Drousys e
MyWebDay, que foi preso na divisa da Suíça com a Itália, com grande quantidade
de ouro. É isso?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Se não me engano, foram 8 quilos de
ouro em barra.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Quanto?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Oito quilos. Se não me engano, foram 8
quilos de ouro em barra.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Oito quilos de ouro em barra.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - E esse dinheiro que, na realidade, foi
transformado em ouro, constava nas planilhas da Odebrecht como se fosse dinheiro
que tivesse sido utilizado para operações. Mas, na realidade, era dinheiro que o
próprio executivo roubava da Odebrecht.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim, foi desviado da empresa. Havia
diversos tipos de desvios que foram praticados e que eu identifiquei.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O senhor conseguiu identificar...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - E, quando eu comuniquei ao Maurício
Ferro a existência da carta assinada pelo Hilberto Silva, no banco PKB, assumindo a
titularidade da conta da Smith & Nash que havia pagado ao Sr. Paulo Roberto
Costa, eu fiz isso contra os interesses dessas pessoas que estavam no
departamento. Eles não queriam. Entretanto, isso estava afetando diretamente a
estratégia de defesa da empresa.
Mesmo eles sendo contrários, eu esperei, até dei tempo para que eles
falassem. Eles não comunicaram. Eu fui e comuniquei. E isso causou o rompimento
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que gerou essa série de acusações deles contra mim, porque, na verdade, expôs o
conflito — e ali todos eles desviavam dinheiro da empresa, inclusive o Hilberto.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dr. Rodrigo, nesses acordos que
preservaram esse dinheiro ilícito que os executivos têm no exterior, há, portanto,
uma troca clara de interesses por parte da Lava-Jato, alvos específicos que lhes
interessam, proteção a pessoas que a Lava-Jato não quer que apareçam.
Sobre aqueles executivos que montaram um banco em Antígua, para operar o
dinheiro da Odebrecht, que roubaram milhões de reais, o senhor sabe os termos do
acordo de delação que foi oferecido a eles?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O senhor conhece?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Conheço.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O senhor poderia nos relatar?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Eles ficaram 1 ano em regime
diferenciado, uma denominação (ininteligível). Mas, em resumo, eles ficaram, por 1
ano, restritos a não poder sair de casa à noite. Não havia nenhum controle eletrônico
por tornozeleira. Cada um deles pagou 1 milhão de reais de multa, e depois de
haverem admitido ter lavado 2 bilhões e 600 milhões de dólares entre o banco
Mynon e o antigo banco deles — porque eles trabalhavam no Antigua Overseas
Bank.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Cada um deles tinha lavado... O total
que eles lavaram foi...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Os três juntos, nos dois bancos, lavaram
2 bilhões e 600 milhões de dólares.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dois bilhões e 600 milhões de
dólares. Ficaram em regime diferenciado. Um milhão de reais cada um teve que
pagar.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Um milhão de reais de multa.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - E procede a informação que, nessa
duríssima pena que eles receberam, constava a possibilidade de seis viagens ao
exterior por ano?
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que quer colaborar. Não parece algo meio esquisito, para não usar outro adjetivo, o
senhor receber um e-mail do Ministério Público Federal — entre outros nomes,
consta ali Carlos Fernando, consta ali Roberson Pozzobon — oferecendo-lhe os
termos de uma delação, um documento feito pelo Ministério Público Federal que
incluía aquilo que eles queriam que constasse da delação?
O senhor tem um documento que o Ministério Público Federal lhe enviou
propondo os termos de uma delação?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim, recebi um anexo desse e-mail, que
eu encaminhei à CPMI da JBS.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O que foi encaminhado à Dra.
Raquel Dodge e que ela acha que não é motivo suficiente para uma investigação.
Eu quero concluir dizendo o seguinte...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sobre a questão de ser voluntário, a
delação, o acordo, etc., eu queria chamar a atenção — até mesmo por ser a
Comissão de Direitos Humanos — para os familiares que são envolvidos nesses
acordos.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - É isso que eu quero perguntar. Eu
quero falar uma coisa com o senhor sobre isso.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Há poucos dias, eu participei de um
ato em que pessoas que foram perseguidas, que foram presas, que foram torturadas
no período da ditadura militar relataram que não há nada pior, não há nada que
possa ser mais violento numa sessão de tortura do que a utilização dos familiares
como forma de pressão. Mesmo para as pessoas que foram barbaramente
torturadas e aguentaram, na hora em que lhes era tirado o capuz e que eles
enxergavam uma filha, um filho, uma mãe na sala de tortura — aconteceu muito na
Argentina, muito no Chile, mas também no Brasil —, isso é algo que acaba com
qualquer pessoa.
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Esses torturadores entram para a história como aquilo que de mais perverso a
humanidade produziu: a escória da história, o lixo da história, a porta dos fundos da
história.
A Lava-Jato reeditou, de maneira perversa, a tortura como método de
investigação. Ela reeditou a utilização dos familiares como forma de chantagem e de
extorsão para que as pessoas digam qualquer coisa. Os exemplos são muitos.
Paulo Roberto Costa só delatou depois que a esposa, as filhas e os genros
foram ameaçados de serem levados para cadeia, trancafiados — e permaneceriam
durante anos na cadeia, sem julgamento, como muitas pessoas estão até hoje.
Lúcio Funaro, a irmã; o senhor, foram atrás da sua irmã, da sua família; José Carlos
Bumlai, o filho; Raul Schmidt, a filha; Vaccari, a irmã, a esposa e a cunhada foram
perseguidas de maneira criminosa pela Lava-Jato; Milton Schahin, o filho; Paulo
Vieira de Souza, a filha; Eduardo Cunha, a esposa, bem negociada inclusive; Aécio
Neves, a irmã, bem negociada também; o Presidente Lula, que viu a D. Marisa
morrer sendo acusada no Jornal Nacional por ter comprado dois pedalinhos e
colocado o nome dos netos, além de os filhos perseguidos; o Temer, a filha; João
Santana, a esposa, que deu o relato das condições em que permaneceu até se
tornar delatora; Zé Dirceu, prenderam o irmão; Sérgio Machado, os filhos em
Londres. Consta que ele possui 900 milhões de libras em imóveis, e foram
autorizados a pagar 70 milhões de multa, enquanto Sérgio Machado vive numa casa
que parece um palácio sete estrelas, sem que nenhuma das suas questões tenha
sido comprovada. Nelson Meurer, os filhos; Sérgio Cabral, a esposa; Milton
Pascowitch, o irmão; Shinko Nakandakari, os filhos; Ricardo Pernambuco, os filhos;
Coronel João Batista Lima, a esposa; André Vargas, o irmão.
Eu tenho uma lista interminável aqui de nomes que não são públicos, pessoas
que tiveram as suas famílias ameaçadas.
Esse é o modus operandi que vai entrar para a história como uma reedição
daquilo que de pior a humanidade já viu: transformar a figura do delator em algo que
mereça algum tipo de respeito. A Lava-Jato ainda vai pagar muito caro por isso.
O senhor acha que a tortura, a perseguição, a ameaça a familiares se tornou
um método de investigação na Lava-Jato?
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pessoa dos Deputados Paulo Pimenta e Wadih Damous, que estiveram desde o
início estudando e debatendo este assunto.
O depoimento que V.Sa., Dr. Rodrigo Tacla Duran, dá aqui a esta Comissão
contribui muito com aquilo que todos os que estudam o Brasil estão percebendo que
vem ocorrendo no nosso atual momento brasileiro, em especial o surgimento dessa
história da Lava-Jato: como ela foi preparada, como ela foi trabalhada e quais foram
e são os verdadeiros objetivos do Juiz Sergio Moro e dos procuradores.
Eu queria apenas parabenizar e fazer uma pergunta a V.Sa., uma pessoa que
tem conhecimento. Nós temos uma avaliação — eu em particular — de tudo que nós
estamos debatendo e acompanhando. O Brasil, assim como qualquer país, não teria
grande desenvolvimento se não tivesse grandes empresas. Na sua avaliação e nas
informações que V.Sa. tem, não está claro que toda essa Operação Lava-Jato tem
como grande objetivo entregar as riquezas — em especial o petróleo e da
PETROBRAS — a empresas multinacionais?
Há poucos dias, o Juiz Sergio Moro, mais uma vez, foi homenageado nos
Estados Unidos por empresários, por gente que tem clareza da importância do
petróleo e da PETROBRAS, esta empresa brasileira. Eles têm interesse e
participam, são donos, são acionistas.
V.Sa. não vê em tudo isso a falta de interesse de ouvi-lo? Certamente, como
o senhor, há outros que o Juiz Sergio Moro não teve interesse em ouvir. A cada dia
fica mais claro o grande objetivo disso e de quem deve ser criminalizado, quem deve
ser preso, quem deve ser perseguido.
A pergunta que eu gostaria de fazer a V.Sa. é: não há interesses das grandes
empresas, em especial dos americanos, nessa operação e no Juiz Sergio Moro
sobre a questão da PETROBRAS?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, eu não tenho qualquer
informação a esse respeito nem juízo de valor.
Nos últimos anos, tenho me concentrado estritamente em fazer a minha
defesa e tentar produzir as provas necessárias para isso, porque estou sendo
acusado sem provas e preciso provar a minha defesa. Há uma inversão do ônus da
prova.
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Mas sobre sua pergunta, eu não tenho maiores informações nem juízo para
poder lhe responder.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - Muito obrigado, Sr. Deputado
João Daniel.
Tem a palavra agora o Deputado Adelmo Carneiro Leão.
O SR. DEPUTADO ADELMO CARNEIRO LEÃO - Sr. Presidente, quero
cumprimentar os Deputados e as Deputadas aqui presentes. Saúdo, de modo muito
especial, esses dois grandes companheiros, o nosso Líder Paulo Pimenta e o
Deputado Wadih Damous, pelo trabalho dedicado e aprofundado sobre essa
questão. Cumprimento o Sr. Rodrigo Tacla Duran, que, neste momento de imensa
preocupação e de inquietude do Brasil, que está, em função desse processo da
Lava-Jato, está pagando um preço altíssimo.
Quero tratar, de modo muito especial, de uma liderança que mudou a história
do Brasil em pouco tempo e, em 10 anos, fez várias revoluções, se nós tratarmos
das pessoas mais pobres que ascenderam a uma condição de maior dignidade —
são mais de 30 milhões de brasileiros —, se tratarmos do salário mínimo, do Minha
Casa, Minha Vida, da universidade, da educação. E, mais do que todas as
conquistas materiais, o Presidente Lula colocou o Brasil no cenário mundial, dando
ao povo brasileiro mais e maior autoestima e dignidade.
Quero tratar especificamente de V.Sa., Sr. Rodrigo, que teve negado por
cinco vezes o direito de testemunhar sobre o Presidente Lula. Essa é uma situação
que me parece absolutamente fora de todo o Estado Democrático, dos princípios do
Direito. No meu entendimento, quem escolhe a testemunha não é o juiz. Não cabe a
ele, pelas razões já aqui expostas, qualquer medida de veto, considerando o valor
do seu depoimento.
Quero colocar também que, diante de tudo que foi dito aqui hoje, certamente
há algumas questões que são de natureza retórica. Não existe a materialidade da
palavra, mas existem muitos elementos que podem ser traduzidos em materialidade,
podem ser comprovados efetivamente. E um Judiciário que, eventualmente, nega
essa situação passa a ser conivente com o que há de mais grave no nosso mundo.
Eu vi, na sua consideração inicial, que o elemento que mais emocionou foi
quando tratou da sua condição de enfrentamento à ditadura espanhola. Nós também
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condenaram o Presidente Lula? Como pode ser admitida uma questão dessa
natureza?
Onde estará efetivamente a nossa resistência e a nossa luta, para
quebrarmos esse esquema que está entregando o nosso País e está condenado
não só um presidente, não só uma pessoa, está condenando o povo brasileiro a
reduzir seus ganhos conquistados a duríssimas penas, por meio de grandes lutas?
Não há nenhuma conquista do povo brasileiro que tenha sido simples e que tenha
sido gratuita. Toda conquista foi fruto sempre de grandes e importantes lutas e de
muito sofrimento do povo brasileiro — e essas conquistas estão sendo perdidas.
Peço, então, para V.Sa. tratar sobre a condenação do Presidente Lula, se o
julgamento que levou à sua condenação apenas foi uma formalidade ou um teatro,
porque a condenação já tinha ocorrido antes, por diversas vias, sustentada por
omissão e por ação de Ministério Público. Os Moros a que V.Sa. tem se referido aqui
são sustentados por quais interesses, por quais forças que hoje ainda atuam contra
o Brasil e contra o povo brasileiro?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, eu não pedi para ser
testemunha do ex-Presidente Lula, eu fui arrolado pela sua defesa. Não conheço o
ex-Presidente Lula, não conheço o advogado do ex-Presidente Lula. Mas, como já
disse, eu estaria à disposição não só dele, como de qualquer outra pessoa que
viesse a me arrolar como testemunha.
No caso do ex-Presidente Lula, o que chama a atenção é que, além de ele ter
o cerceamento de defesa pelo indeferimento da minha oitiva como testemunha,
soma-se a isso que há condenação sem se esgotarem todos os recursos. Isso é um
açodamento.
Mas, em razão da seletividade que o senhor colocou, eu não acredito que vá
ser ouvido em nenhum processo como testemunha. Isso não é uma coisa que vai
acontecer não só no caso do Presidente Lula. Não aconteceu no caso do Presidente
Michel Temer, porque que eu deveria ser arrolado, poderia ter sido citado, e não fui.
Em todos os casos em que eu for chamado, não acredito que eles vão deferir,
simplesmente porque o que tenho a dizer desmonta a tese e a estratégia deles de
acusação.
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alta, caso o dinheiro pudesse ser repatriado de uma conta de Andorra, em que não
havia dinheiro, e uma multa menor, de um terço do valor aproximadamente, caso
não fosse localizado dinheiro em Andorra. Ou seja, iria prevalecer a multa menor,
porque em Andorra não havia dinheiro.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Então, havia uma multa maior
se localizassem o dinheiro, e uma multa menor se não localizassem o dinheiro?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Exato.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Eu abro um parêntese neste
raciocínio que estou tentando desenvolver não apenas para que eu possa
compreender, prezado advogado, mas para que também as pessoas que nos
acompanham possam entender a gravidade dessa denúncia, a gravidade dos fatos.
O senhor é cidadão brasileiro, com cidadania espanhola, encontra-se na Espanha e
está se propondo a prestar um depoimento à Justiça brasileira para demonstrar
graves denúncias sobre procuradores da Lava-Jato — Juiz Sergio Moro e toda a
estrutura dessa operação. O senhor não foi ouvido até este momento. Há quase 1
ano essas questões são públicas, o Brasil conhece. Então, há uma série de fatos
extremamente graves que demonstram a construção de uma linha de raciocínio
encadeada no Poder Judiciário brasileiro que visa exclusivamente a um aspecto, e
não à verdade. É isso que busco ressaltar quando lhe pergunto.
Segundo o depoimento que o senhor já havia dado no Senado, a que eu tive
acesso 10 dias depois, o senhor recebeu esse e-mail. Agora o senhor afirma que
nele existiam dois valores, um mais alto, da negociação, se o dinheiro fosse
encontrado, e um mais baixo se o dinheiro não fosse encontrado. Eu lhe pergunto:
quem busca o dinheiro? Quem pesquisa onde está o dinheiro?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputada, eu não estou afirmando isso
agora, eu afirmei na ocasião. E a minuta que estava como anexo do e-mail foi
encaminhada à CPMI também.
No caso, a multa maior, de aproximadamente 15 milhões de dólares, deveria
ser paga se fossem localizados fundos numa conta em Andorra. Eu tenho uma conta
em Singapura, e os procuradores sabiam disso, primeiro porque é declarada no
Banco Central e no meu Imposto de Renda, segundo porque, quando estive com
eles, eu comuniquei. Eles colocaram na minuta que o dinheiro estava em Andorra e
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que teria que ser repatriado para então ser paga a multa de 15 milhões de dólares.
Se não fosse possível, por qualquer razão, o repatriamento da conta de Andorra, a
opção passaria a ser um item b da minuta, o valor de um terço da multa, que
corresponde a 5 milhões. O valor que eu tenho em Singapura...
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Cinco milhões de dólares. Um
valor inclusive idêntico ao pedido por Zucolotto. É estranho, o pessoal tem fixação
por esse valor. Zucolotto pediu 5 milhões de dólares, e a multa, Deputado Wadih
Damous, seria reduzida para 5 milhões. É interessante.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - A questão é que eu havia declarado, em
Singapura, 15 milhões de dólares. Se pago um terço da multa, que seriam os 5
milhões, no acordo, sobrariam 5 milhões para pagar honorários, no êxito, e 5
milhões para mim. Essa foi a proposta.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - O senhor daria 5 milhões de
dólares nesse por fora, do Zucolotto, e 5 milhões na conta, na negociação oficial.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Exato.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Cinco milhões de dólares na
negociação oficial, e o senhor ainda ficaria com 5 milhões. Seria um terço, um terço
e um terço.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Se colocassem na minuta e no acordo a
conta de Singapura, não haveria fundos para poder pagar.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Sim, não haveria
Note que eu não sou dessa área, eu não conheço. Eu trabalho na Comissão
de Direitos Humanos e Minorias e na Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania. Por isso lhe faço perguntas a que talvez o senhor já tenha respondido
muitas vezes — e até peço que compreenda.
Quando o senhor aponta que o e-mail já dizia Andorra ou Singapura, eu
gostaria de entender se, quando existem os dois valores, os próprios procuradores
seriam os responsáveis por verificar se encontrariam o valor a maior ou não.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Correto.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Aqui há também, Deputado
Wadih Damous, uma linha de raciocínio. Se eu digo que é tal valor maior e tal valor
menor, mas o fulano mesmo que diz se o valor é maior ou menor é o que vai
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procurar, pode haver realmente uma negociação diferenciada lhe sendo indicada
pelo e-mail. Este também é um problema da delação premiada que nós temos que
analisar: quem faz a proposta é o mesmo que pesquisa.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputada...
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Pois não. Depois eu sigo com
as minhas questões.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Só para auxiliar no seu raciocínio, a
minha conta em Singapura só foi bloqueada por meio de cooperação técnica e
internacional depois de ocorridos todos esses fatos que V.Exa. narrou
cronologicamente.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Ao observar esses fatos, o
senhor repetiu várias vezes que não será ouvido em nenhum processo, não só no
do Presidente Lula — em nenhum processo. O senhor está convencido de que o seu
depoimento modifica a tese que tem sido sustentada por Sérgio Moro?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sem dúvida. Se não fosse assim, não
iriam atrás para fazer perícia e tentar sustentar o que deveria ter sido feito antes de
acusarem as pessoas.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - O senhor pode afirmar então...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputada, eles não vão me ouvir nem no
meu processo. Se quisessem, eles teriam vindo aqui no dia 4.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - O senhor afirma que, além
dessa questão da propina, da extorsão que sofreu por parte do Zucolotto — que tem
relações pessoais ou políticas, apesar de não sabermos quando o Judiciário já tem
relações também políticas, além de judiciárias —, comprovada por mensagens do
WhatsApp como comprovação...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Do Wickr.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Como?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Do Wickr, outro aplicativo.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Outro aplicativo. Nesse outro
aplicativo, o senhor afirma que houve adulteração nos sistemas todos que lhe foram
perguntados aqui pelo Deputado Paulo Pimenta. No seu depoimento, o senhor
avalia que nós estamos lidando com uma ação articulada dentro da Lava-Jato? Aqui
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o senhor trouxe vários elementos. Por exemplo, disse que há um processo seu que
tem informações necessárias — o Deputado Luiz Couto, inclusive, se comprometeu
a solicitá-lo. É o processo, é o inquérito...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - É o Inquérito Policial nº 186, de 2016.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - É da Polícia Federal.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - É de São Paulo.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - O senhor se referiu a isso. O
senhor afirmou também aqui, no mesmo início, quando disse que existem dois
Moros, um que é homenageado pelo mundo e outro que atua de forma planejada,
persecutória e violadora dos direitos humanos, que há uma procrastinação na PGR,
porque um documento de um processo administrativo, que o senhor acompanha há
7 meses, não foi despachado. Aqui já vemos diferentes focos: um na Polícia
Federal, outro na PGR e outro no Poder Judiciário.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Correto.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - O senhor acredita que há uma
ação articulada para impedir que o senhor faça o seu depoimento?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Eu não sei se impedir ou postergar, mas
alguma coisa do gênero.
A SRA. DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO - Senhores e senhoras, eu acho
que nós estamos diante, não ao acaso, de um depoimento que é extremamente
importante para o País, primeiro, porque temos que recuperar alguns princípios
constitucionais. De um lado, precisamos recuperar que toda pessoa deve ser
considerada inocente até que, por meios legais e adequados, dentro da lei, sua
culpa, ou sua inocência, venha a ser comprovada. E me incomoda inclusive o fato
de o senhor não se encontrar no Brasil, que é o seu País. Está em outro país como
uma busca de manter a liberdade, enfim, de manter prerrogativas que lhe devem ser
asseguradas pelo Estado brasileiro.
O senhor sabe que o Presidente Lula teve muitas oportunidades de sair do
Brasil. Eu lembro sobretudo um momento em que esteve no Uruguai. Os colegas
gaúchos e de outros Estados que acompanharam a caravana e estiveram conosco
naquela praça que divide Rivera e Sant’ana do Livramento viram que ali mesmo
bastava um passo para que estivesse em outro país.
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Eu não julgo, obviamente. Quero tratar aqui de forma diversa, porque todo ser
humano tem o direito de defender-se. Então, o senhor está fazendo aquilo que
acredita adequado para o seu direito de defesa. No caso do Presidente Lula, ele
optou por ficar no Brasil. Pelas responsabilidades diferenciadas que tem, ele optou
por estar dentro do País. O Presidente Lula continua acreditando, continua com a fé
inabalável na democracia. O Presidente Lula não quer ser indicado para nada; ele
quer concorrer à Presidência da República, e já venceu duas vezes; ele quer o
direito de defender-se; ele quer que o senhor faça o seu depoimento — a defesa do
Presidente Lula exige, e Sérgio Moro se negou cinco vezes a ouvir o seu
depoimento, porque é um contraponto importante ao abuso de autoridade praticado
contra várias pessoas, inclusive contra o Presidente Lula.
O Brasil não vive um Estado pleno de Direito, vive um momento de exceção.
Há uma intervenção militar no Rio de Janeiro. Há poucos dias, o País foi paralisado,
em uma ação orquestrada: se, de um lado, existiam trabalhadores participando dela,
como caminhoneiros; de outro, existia ação empresarial e aqueles que são viúvos da
ditadura e defendem que o País seja paralisado por uma nova ditadura.
As nossas empresas estão sendo dilapidadas. Por trás do seu depoimento —
que nós não enxergamos aqui, não enxergamos em tudo isso e nas ações de Sergio
Moro —, existem o pré-sal roubado, as privatizações, o interesse sobre as
petrolíferas, empresas nacionais fortes que estão sendo destruídas pela gestão da
Lava-Jato, com milhões de pessoas desempregadas.
Os resultados dessa atuação de Sergio Moro vinculada aos interesses norte-
americanos cada vez mais claros pela sua presença, pelas homenagens, mas pelas
diretrizes que estão estruturadas em torno do impedimento ao seu depoimento, das
questões que ele tem apresentado e da falta de provas com que mantém preso o
Presidente Lula, toda essa orquestração tem servido a quê, senão a fragilizar a
democracia brasileira? E o mais grave diante de tudo isso é enganar, enganar um
povo que quer o fim da corrupção, mas que agora vê também, mais uma vez, que os
que discursam pelo fim da corrupção se envolvem em negociatas deploráveis para
cumprirem a sua tese, o que é uma forma de corrupção.
Portanto, em nome da Constituição Federal, eu acho que nós temos vários
encaminhamentos para fazer aqui. O primeiro é que o senhor seja ouvido pelo
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problema, porque eles já haviam sido instados a falar sobre mim 1 ano e meio
depois de que eles haviam feito a delação. Então, antes de eles irem falar, disseram:
“Olha, nós vamos falar. E eu quero que você procure um advogado”. Ele deu uma
lista de advogados que tinham trânsito melhor a tratar do assunto em Curitiba.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - Vamos escutar...
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Sr. Presidente, o Depoente pode
informar quem são os advogados ou os escritórios que foram indicados?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim, na ocasião, foram o Dr. Figueiredo
Basto, a Dra. Carla Domenico, Tracy Reinaldet, Bretas. Eu não lembro muito bem,
porque alguns deles são sócios. Eu não lembro. Mas esses quatro nomes estavam.
(Não identificado) - Pode repetir os escritórios. Figueiredo Basto...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Figueiredo Basto, Tracy Reinaldet, Carla
Domenico e o Escritório Bretas.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - E quem fez a indicação?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - O Sr. Ivan Carratu, a pedido de Walmir
Pinheiro, da UTC.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - As indicações foram feitas por Ivan
Carratu.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - Vamos ouvir a Deputada
Luizianne Lins.
A SRA. DEPUTADA LUIZIANNE LINS - Boa tarde a todos, ao Presidente da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias, Deputado Luiz Couto, aos demais
membros desta Comissão, ao advogado Tacla Duran, que estamos ouvindo aqui.
Eu gostaria de parabenizar tanto o Presidente quanto o Deputado Wadih
Damous por esta iniciativa. Se não fosse esta Comissão aprovar o requerimento do
Deputado Wadih Damous, nós brasileiros... Eu digo nós porque não sei qual vai ser
a audiência — audiência do ponto de vista dos grandes meios de comunicação de
massa, da grande imprensa brasileira...
Eu sou jornalista. Se os grandes meios de comunicação, os grandes jornais,
rádios, televisões, revistas, portais, redes sociais de todas as emissoras e canais,
também a TV Câmara, que espero esteja aqui... A TV Câmara está aqui? Alguém da
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TV Câmara se coloca aqui no ambiente? Às vezes, eles ficam lá fora. Dá para ver se
a TV Câmara está lá fora? É costume em qualquer audiência ela aguardar os
Deputados para entrevistá-los depois. Alguém poderia ver para mim? Da minha
assessoria, alguém poderia dar uma olhada? (Pausa.) Não está aqui no ambiente
ninguém da TV Câmara. Sei que são profissionais extremamente comprometidos.
Infelizmente, devem ter recebido ordem maior para não estarem aqui. A TV Câmara,
surpreendentemente, não está cobrindo esta audiência, o que, para mim, é
esquisito, no mínimo.
Não há ninguém lá fora. Acabei de ser informada. Eu lamento profundamente
que a TV Câmara, que tem por objetivo trazer para os brasileiros informações do
que está acontecendo nesta Casa, inclusive em uma audiência desta importância,
quando o Dr. Tacla Duran, juntamente com o Dr. Wadih Damous, que é nosso
Deputado Federal... Eles trazem para nós...
Eu quero me apresentar para o senhor, que está longe, na Espanha. Eu sou a
Deputada Luizianne Lins, do PT do Ceará. Eu quero dizer para você, meu amigo,
que até sabia, porque nós do PT conversamos entre nós, e os companheiros
Deputados que estão à frente disso — Wadih Damous, Paulo Pimenta, Paulo
Teixeira — estão denunciando há muito tempo, inclusive com representação na
Procuradoria-Geral da República no dia 5 de dezembro de 2017.
Cobrando o resultado dessa representação, novamente, neste ano, esses
mesmos Deputados — Wadih Damous, Paulo Pimenta e Paulo Teixeira — estiveram
com Subprocurador-Geral da República, porque não conseguiam horário na agenda
com a Procuradora. Somente no dia 2 de maio deste ano, a Procuradora Raquel
Dodge os recebeu, inclusive colocando que, em 7 dias, daria uma resposta a esses
Deputados sobre a representação que fora feita à Procuradoria.
Agora, no dia 15 de maio, nós tivemos a informação de que esses mesmos
Deputados oficiaram à Procuradoria-Geral da República uma resposta, tendo em
vista que todos os prazos foram esgotados, além do que se passaram quase 6
meses — de 5 de dezembro para cá — do protocolo dessa representação.
Então, meus companheiros e todos aqui presentes, eu pergunto agora,
primeiro, ao nosso nobre advogado que nos fala. Eu vi aqui um Instagram atribuído
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a V.Exa. que divulga uma série de notícias sobre toda esta questão que estamos
discutindo aqui. Eu gostaria, primeiro, de saber se é seu o Instagram?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim.
A SRA. DEPUTADA LUIZIANNE LINS - Sim. No Instagram, que apenas
tem... É porque hoje em dia há tantos fake...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Depende de qual, Deputada...
A SRA. DEPUTADA LUIZIANNE LINS - Eu tenho que lhe dizer, para não
estar cometendo aqui fake news. Eu acho que, como jornalista, tenho que colaborar
para destruir fake news, e não para construir.
Nesse Instagram, algumas das publicações que V.Exa. diz, ou seja, que torna
públicas porque não são nada escondidas ou que são matérias da grande imprensa
brasileira, a própria revista Veja dizia que, na PGR, Miller ofereceu serviços para a
Odebrecht, quer dizer, o ex-Procurador da República. O Estadão diz que Marcelo
Miller recebeu 450 mil do escritório de advocacia no caso JBS. A Folha de S.Paulo
diz que determinado promotor, que, no caso, não é ele, mas como o senhor até
comenta no seu Instagram que “qualquer semelhança não é mera coincidência”... A
matéria da Folha de S.Paulo diz que “Promotor quis me forçar a delatar o Kassab,
diz acusado da máfia do ISS”. Adiante, O Estado de S. Paulo diz que advogado de
delatores é acusado de cobrar propina.
Continuando, nós vemos uma série de matérias, inclusive uma de agora, 12
de maio 2018, em que um jornal diz que o Ministério Público Federal está perto de
finalizar o processo que investiga Marcelo Miller. E por aí vai.
Eu gostaria de dizer a todos que nos ouvem que tudo que está acontecendo
aqui é de uma gravidade impressionante. Nós estamos diante de uma situação
chocante. Estarrecedora! Nós estamos presenciando... Eu quero também fazer este
destaque antes de dizer a gravidade da situação. O senhor, aqui nas informações
que tivemos, tem contribuído com algumas investigações em diversos países. Aqui
fala em sete. V.Exa. confirma?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim.
A SRA. DEPUTADA LUIZIANNE LINS - Sete países. Aqui fala de Equador,
Estados Unidos. O senhor poderia nos dizer em que países contribui para as
investigações?
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O Presidente Lula está pagando um preço alto por ter mudado o Brasil para
melhor. É por isso que eles têm medo dele. Mas nós vamos fazer o Presidente Lula
Presidente do Brasil em 2018, querendo eles ou não, gostando eles ou não.
Sr. Presidente, eu queria terminar colocando que nós deveríamos também
convocar — e não sei mais quem está preso, porque, em geral, esse povo aqui não
está — esse Sr. Marcelo Miller, que integrava a Operação Lava-Jato e saiu. Vamos
ver o que ele tem a dizer sobre isso e sobre as acusações que foram feitas contra
ele. Vamos chamá-lo aqui para ouvir o que ele vai dizer. E nós Deputados podemos
chamar, sim, outras pessoas, inclusive um ex-Procurador do Ministério Público
Federal. Eu acho que deveríamos ouvi-lo e questioná-lo a respeito das contradições
que estão postas hoje no processo chamado Lava-Jato.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - Dr. Rodrigo teria alguma coisa
a dizer sobre a fala da Deputada Luizianne?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Quero agradecer as palavras dela em
relação à minha pessoa. Eu não menti mesmo. Sete países, diversos depoimentos.
É complicado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - O Sr. Marinilton Gottschall
pergunta: “O senhor teme pela sua vida diante de tão graves denúncias que podem
desmontar a Lava-Jato, soltar Lula e deixá-lo concorrer e vencer as eleições
novamente?”
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sr. Presidente, no início desse problema
todo, a Odebrecht falava a políticos no exterior que quem estava os delatando era
eu, porque eu vivia nos Estados Unidos. E ali foi o problema mais complicado que
eu sofri, porque as pessoas imaginavam isso, porque eu não estava no Brasil, e eles
tinham medo de uma eventual delação nos Estados Unidos. Ali, de fato, foi um
período complicado em que eu sofri diversas ameaças. Por último, isso depois ficou
claro — e não vem ao caso —, e a coisa melhorou. Desse lado, eu não tive mais
nenhum sinal de ameaça, essas coisas, a não ser esses últimos contatos do Sr.
Vinicius Veiga Borin, que eu procurei não saber o que eram.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - Em permuta com o Deputado
Leo de Brito, o Deputado Paulo Teixeira falará neste momento.
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O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Então, ela, como sócia, pode ter sido
beneficiada desse pagamento eventualmente?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim. Se era sócia, na época, sim.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Na distribuição de dividendos do
escritório?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Correto.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Portanto, a esposa do Sr. Sergio
Moro pode ter se beneficiado de um numerário pago como honorário por um
investigado da Operação Lava-Jato?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, nessa ocasião, o serviço que
eles estavam prestando para mim era um serviço regular. Não há nada de errado.
Era um serviço de correspondente.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Sim, mas o senhor já era investigado
da Operação Lava-Jato?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não, não.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - O senhor estava relacionado na
Operação?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Eu o contratei antes de ser investigado,
quando ele prestava esses serviços.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Então, o senhor pagou num período
anterior ao momento em que o senhor foi investigado?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - É. Eu o contratei muito antes de ser
investigado. Não tem qualquer situação processual em Curitiba.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Certo.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não há relação entre as coisas.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Mas depois o senhor foi investigado,
e ele foi seu advogado?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Aí é outra história. Eu o procurei para me
ajudar nos contatos locais em Curitiba, para poder viabilizar um acordo, porque,
afinal, o que estava se tratando ali era um acordo, não era um processo.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Tá.
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O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não sei se é protegida, mas não foi
acusada nem investigada.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Não é acusado.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - O Sr. Dario Messer, por exemplo, não foi.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Não foi acusado. Portanto há um
sistema ali...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Em Curitiba não.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Portanto, ali é um sistema em que
uns pagam e outros não pagam, diante da lei. Correto? Pagam do ponto de vista
que sofrem ação da justiça, porque parecem que pagam em numerário para não
serem processados.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, eu não sei se pagam, mas
vamos fazer uma conta rápida. São 7 anos, se não me engano, 96 meses, 50 mil
dólares, são 4 milhões e 800 mil dólares, vezes cinco que foram delatados, são
praticamente 25 milhões de dólares. Não é um esqueminha pequeno de 50 mil
dólares, Deputado.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Tá. Bom, então, o senhor...
Deputada Luizianne Lins.
A SRA. DEPUTADA LUIZIANNE LINS - Deputado Paulo Pimenta,
rapidamente, só para dizer aqui...
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Paulo Pimenta é o Deputado Líder,
de muito maior expressão.
A SRA. DEPUTADA LUIZIANNE LINS - Desculpe-me, Deputado Paulo
Teixeira, é que V.Exa. também é uma pimenta, do ponto de vista de combatividade.
(Risos.)
Mas, Deputado Paulo Teixeira, eu só queria registrar que fiz a queixa à TV
Câmara, que não estava cobrindo, e nossos colegas aqui chegaram e passam a
colaborar com a nossa audiência.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Muito bem. V.Exa. está atenta.
V.Exa. é jornalista e professora de jornalismo, portanto, observou um fato muito
importante para o transcorrer dessas...
Sr. Tacla Duran, a Odebrecht pediu para o senhor...
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os remetentes das transferências internas, para que não fossem localizados e não
fosse feito tracking do dinheiro. Isso aconteceu antes de ser apreendido o sistema e
durante o desmonte do Departamento de Operações Estruturadas, que era
coordenado pelo Dr. Maurício Ferro, cunhado do Marcelo Odebrecht.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Então, nós estamos diante de um
sistema adulterado que serviu de base para as acusações que o Judiciário Brasileiro
está fazendo. Correto?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim. Ele foi adulterado antes de ser
apreendido, e a perícia mostrou que depois também.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Antes e depois. E esse sistema está
servindo de base para as acusações?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - E algumas acusações que só usaram
documento que não foi periciado.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Entendi.
Dr. Rodrigo Tacla Duran, o senhor soube que um procurador, de nome
Marcelo Miller, ainda na condição de procurador, dentro do Ministério Público
conduzia as chamadas ações controladas, de gravações, de conversas etc. Ele
ainda, na condição de procurador, advogava para a JBS, contratado pelo escritório
Trench Rossi Watanabe?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Para a JBS ou para a Odebrecht,
Deputado?
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Para a JBS. Eu mudei.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim. Eu soube da questão dele com a
JBS pela imprensa.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - O senhor sabia que há acusação de
que, ainda na condição de procurador, ele já advogava — portanto, ele estava
jogando dos dois lados — para a JBS?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Soube pela imprensa.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Bom, por último, para concluir, o
senhor sabia que…
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - E agora, por último, eu soube que ele vai
prestar concurso para Juiz Federal.
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O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Para Juiz Federal. Quer dizer, ele vai
querer julgar os demais, talvez com a mesma régua que ele acusava e advogava ao
mesmo tempo.
Eu vou para a conclusão.
O senhor sabia que há uma representação, junto à Procuradoria-Geral da
República, pedindo para ouvi-lo e apresentar as provas, feita pelos Deputados Paulo
Pimenta, Wadih Damous e Paulo Teixeira?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Soube.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - O senhor soube da decisão da
Procuradoria-Geral da República?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Soube agora nesta audiência pelas
perguntas do Deputado Wadih.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Eles acharam que não é interessante
prosseguir.
Ora, Sr. Tacla Duran, nós não entendemos o que está acontecendo no
Judiciário Brasileiro quando se negam a ouvi-lo, quando se negam a entender que
muitas ilegalidades estão sendo praticadas nessa operação “farsa-jato”, que
inclusive tem condenado pessoas sem provas, como foi o caso do ex-Presidente
Lula. Agora, estamos vendo que há um subterrâneo de corrupção, de negociação,
de compra de depoimentos envolvendo o que foi aqui chamado de “panela de
Curitiba”, que é aquela que tem mais acesso aos poderes locais da Justiça.
Por isso, eu quero, em primeiro lugar, parabenizá-lo pela sua coragem;
coragem essa que o senhor tem demonstrado ao longo do tempo, pois se
insubordinou a esse estado de coisas montado e está sendo uma pessoa de enorme
coragem.
Eu queria terminar e fazer a última pergunta. O senhor vai fazer um
depoimento, uma delação para o Departamento de Justiça americano?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Não?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não.
O SR. DEPUTADO PAULO TEIXEIRA - Tá. Muito obrigado.
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diferenciar isso? Como se diferencia isso daquilo que é ilegal? O que é dinheiro sujo
e o que é dinheiro limpo?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, eu não tive acesso ao sistema
de contabilidade. Ao MyWebDay, eu nunca tive acesso nem login. É nele que
constam esses lançamentos, autorizações de pagamentos. Há os pagamentos que
foram feitos, vamos dizer, em caixa dois e os pagamentos oficiais. Mas nunca tive
acesso ao MyWebDay, nem ao oficial nem ao do caixa dois.
O SR. DEPUTADO LEO DE BRITO - Mas já ouviu falar sobre isso? Já
conversou com alguém da empresa sobre isso, sobre esse sistema de doações?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim. A empresa doava para todos os
partidos, indistintamente.
O SR. DEPUTADO LEO DE BRITO - E isso era vinculado à prática de
corrupção? Isso estava claro para V.Sa., que fazia parte da empresa?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não, claro que era corrupção...
O SR. DEPUTADO LEO DE BRITO - Porque em uma empresa, como a
Odebrecht, há lucros...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Até porque, Deputado, isso não era
conversado em corredores. Dependia do nível hierárquico também das pessoas que
tratavam desse assunto. Eu não tinha essa alçada.
O SR. DEPUTADO LEO DE BRITO - Certo.
Em algum momento, V. Sa., conversando com membros da própria empresa,
ou do meio jurídico propriamente, ouviu falar de uma ação clara em relação às
delações para atingir... Há inclusive depoimentos, nos quais os investigadores
diziam: “E o Lula?” Foi difícil em qualquer um dos depoimentos, ou em qualquer uma
das oitivas, ou das investigações, ou do próprio processo, o nome do ex-Presidente
Lula não ter sido citado, dando a entender que o objetivo central — e nós vemos
isso hoje, com o ex-Presidente Lula preso na carceragem de Curitiba — era uma
ação do Judiciário que não ia acontecendo conforme os fatos apareciam, mas, na
verdade, ela tinha um escopo central, que era atingir o ex-Presidente Lula.
E isso ficou muito claro naquele PowerPoint do Deltan Dallagnol, em que,
digamos assim, didaticamente, ele tentou apresentar aquela denúncia que hoje se
transformou em condenação. Mas parecia, ao contrário de como o processo deve
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correr, que ele tinha um fim e se buscava, na verdade, justificar esse fim maior que
era exatamente a prisão do ex-Presidente Lula.
Em algum momento, V.Sa. ouviu algo a respeito de uma ação mesmo muito
clara em relação às delações para atingir o ex-Presidente Lula?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Dentro da Odebrecht não, porque eu me
desliguei da empresa antes de eles iniciarem depoimentos, etc. Enquanto eu estive
lá, não havia nada específico direcionado para esse sentido. Entretanto, quando eu
estive em Curitiba, numa das reuniões, esteve presente o ex-Procurador Marcello
Miller, como já comentei na CPMI da JBS, e ele foi enfático em solicitar que eu
falasse de políticos. Ele queria que fosse falado de políticos, inclusive havia uma
lista, que eu questionei, de delação à la carte, indiscriminadamente, não só do
Partido dos Trabalhadores.
O SR. DEPUTADO LEO DE BRITO - Nessa lista constava o ex-Presidente
Lula?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Também.
O SR. DEPUTADO LEO DE BRITO - Vou fazer uma pergunta em tese. V.Sa.
é uma pessoa que tem grande conhecimento jurídico, foi advogado de uma grande
empresa, da maior empresa do setor de construção civil do Brasil, uma player
mundial que, inclusive, conseguiu chegar a outros países.
Se V.Sa. fosse membro do Ministério Público, diante das denúncias e das
provas que V.Sa. mesmo apresenta, na formação da opinio delicti, da opinião
delitiva, V.Sa. entraria com denúncias contra os envolvidos em tais fatos? Quem
seriam os denunciados, se V.Sa. entrasse com as denúncias e tivesse os indícios
mínimos de autoria e materialidade em relação aos fatos por V.Sa. denunciados e
narrados aqui e na CPMI da JBS e por quais crimes?
Então, V.Sa. entraria com a denúncia contra os envolvidos em tais fatos?
Quem seriam os denunciados e por quais crimes?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Com relação às provas que eu relatei na
CPMI da JBS, elas são provas obtidas dentro dos sistemas: Sistemas Drousys e do
Meinl Bank. Esses sistemas foram adulterados, e não há como se saber o que foi
apagado, o que não foi apagado, o que foi adulterado, porque houve diversas
adulterações antes que ele fosse bloqueado.
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Então, no meu entender, essas provas, a menos que seja feita uma perícia
muito benfeita e detalhada individualmente, por arquivos, elas não vão prestar para
a condenação, claro! E também não é a única prova que pode ser usada em caso de
denúncia. Agora, de fato, as provas estão comprometidas.
O SR. DEPUTADO LEO DE BRITO - Certo, mas V.Sa., pelo menos, abriria
investigação a respeito dos fatos?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Isso é padrão da Procuradoria. Planilha
apócrifa serve para isso.
O SR. DEPUTADO LEO DE BRITO - Certo.
Bem, farei só um breve comentário, Sr. Presidente, para passarmos ao
próximo Deputado.
Essa situação narrada aqui e também na CPMI da JBS pelo advogado Tacla
Duran, de fato, é uma situação gravíssima essa chamada panelinha de Curitiba.
Nós da bancada do Partido dos Trabalhadores temos denunciado
reiteradamente, nas diversas Comissões, desde que a Operação Lava-Jato... Aliás,
no início, nós acreditávamos na Operação Lava-Jato. Eu acho que não existe
nenhum Deputado aqui desta Casa, muito menos da nossa bancada, que não queira
que investigações sérias, corretas aconteçam no sentido de que as situações, as
denúncias de corrupção sejam, de fato, apuradas, e que aquelas pessoas que
participaram de atos de corrupção sejam, de fato, punidas.
Mas é claro que nós não compactuamos com uma Justiça do espetáculo,
aliás, um espetáculo deprimente. A chamada panelinha de Curitiba hoje é vista,
inclusive por juristas internacionais, como um mau exemplo de como se deve
conduzir a atividade judiciária. Aliás, a atividade judiciária — V.Sa. bem sabe porque
é advogado — deve ser conduzida com o recato necessário, com a discrição
necessária. E o que nós estamos vendo aí é exatamente uma Justiça do espetáculo;
uma Justiça do vale-tudo, em que os fins justificam os meios; uma Justiça do
chamado lawfare, que tem sido denunciado veementemente, sobretudo pelos
advogados do ex-Presidente Lula; e uma indústria de delações à la carte.
Aliás, o instituto da delação foi aprovado aqui neste Congresso Nacional
exatamente como uma forma de desbaratar as organizações criminosas, não para
se transformar numa indústria, inclusive, onde alguns lucram com isso e,
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Comissão, Deputado Padre Luiz Couto, e todos os membros desta Comissão que
aprovaram o requerimento pelo qual foi possível V.Sa. fazer este depoimento. O
requerimento do Deputado Wadih Damous possibilita que a população brasileira
possa ouvir algumas questões relacionadas à Operação Lava-Jato.
Eu confesso ao senhor, aos Deputados, e a todos aqueles que nos assistem,
que eu tinha aqui algumas perguntas para fazer a V.Sa., mas, pelo decorrer dos
debates, das perguntas dos demais Deputados, das respostas de V.Sa., das
observações feitas, eu vou mudar algumas.
O senhor sabe, Dr. Tacla Duran, tem conhecimento de que os condutores da
Operação Lava-Jato — o Juiz Moro, os procuradores, os delegados da Polícia
Federal — têm se apresentado ao País, desde o início dessa operação, como os
paladinos da Justiça. Eles posaram inclusive para capa de revista imitando aquele
filme Os Intocáveis, como se fossem figuras acima da lei e do bem e do mal.
Vendo os depoimentos de V.Sa. aqui — e repito algumas das observações
feitas —, em que pese esta oitiva não estar sendo feita pela Operação Lava-Jato,
que deveria ter sido feita já, ela está sendo acompanhada pelo Brasil inteiro, mesmo
que a grande imprensa não a esteja transmitindo.
Nós temos notícia de que muitas pessoas no País têm acompanhado este
depoimento. O Deputado Padre Luiz Couto já fez aqui inclusive algumas perguntas
do público que a acompanha.
Uma das respostas que V.Sa. deu ao Deputado Paulo Teixeira, eu confesso
que não compreendi e queria que V.Sa. pudesse respondê-la novamente. Vou
começar por isso.
V.Sa. era advogado da Odebrecht. V.Sa. disse que não foi aceito pelos
procuradores para conduzir a delação da Odebrecht. É isso? Eu entendi bem o que
V.Sa. disse?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Foi o seguinte, Deputado: primeiro, eu fiz
uma tentativa individual, que é a que eu narrei, com a participação do Dr. Zucolotto.
Posterior a isso, e seguindo instruções da empresa, para ganhar tempo e não
falar mais em Curitiba e sim em Brasília, a empresa, em certo momento, falou:
“Estamos pronto para fazer o acordo. Vamos incluir o seu nome. Pode ser?” Eu falei:
“Na condição de leniente aderente, o.k.”.
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Eu estou dizendo isso para lembrar que essa seletividade, essa parcialidade,
esse mercado de delações está ocorrendo, portanto, desde a origem da
PETROBRAS. O senhor concorda com isso?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - No caso, eu trabalhei na Odebrecht a
partir de 2011. Então, não tenho noção, não era a minha área, do período anterior.
Mas, quanto à seletividade em relação à força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, ela
existe, é clara. Existem pessoas delatadas que não foram denunciadas, nem sequer
investigadas, e existem pessoas que tiveram o seu nome envolvido em razão de
pedido de procurador.
O SR. DEPUTADO VALMIR PRASCIDELLI - Certo.
Agora uma pergunta a V.Sa.: o senhor acha que há interesses internacionais,
especificamente dos Estados Unidos, na condução, nos procedimentos desta
chamada Operação Lava-Jato?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não acredito, Deputado. Não tenho
conhecimento, na verdade. Eu entendo mais que a questão é de política nacional.
Na verdade, a força política que a força-tarefa exerce hoje sobre o País é muito
grande. Eu acho que há um interesse mais político local em relação a Curitiba.
O SR. DEPUTADO VALMIR PRASCIDELLI - Então, por que...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Aliás, eu não tenho conhecimento sobre
os Estados Unidos, a não ser de cooperação técnica prevista em lei pelo MLAT —
Tratado de Assistência Legal Mútua.
O SR. DEPUTADO VALMIR PRASCIDELLI - Cooperação técnica.
O senhor avalia, por exemplo, que o Departamento de Justiça americano, ao
admitir que procuradores americanos trabalharam aqui no Brasil junto com a
Operação Lava-Jato, isso foi feito apenas por colaboração técnica? Não havia
interesse, nesse caso, no nosso petróleo, no nosso pré-sal ou na destruição das
nossas empresas de infraestrutura? A apuração das irregularidades de eventuais
crimes, de eventuais desvios de conduta de administradores de empresas tem
ressoado na nossa economia. Tem-se demitido milhares de trabalhadores por este
País afora. O senhor acha que não há esse interesse ou o senhor não tem
conhecimento disso?
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Aliás, o apoio midiático sempre foi colocado como uma variável importante
pelo próprio Juiz Sergio Moro. Desde o primeiro momento, utilizando-se inclusive da
experiência da Operação Mãos Limpas, na Itália, Sergio Moro sempre disse que
havia que se utilizar da imprensa e cometeu uma série de crimes: vazou material
que não poderia ter sido vazado; fez escutas que não poderiam ter sido feitas sem
autorização; vazou essas escutas; e se portou como um militante. Hoje ele é um
militante contra Luiz Inácio Lula da Silva e contra o que representava o Governo de
Dilma Rousseff. Isso está muito claro hoje. Por isso, digo que isso é um choque de
verdade.
Ao mesmo tempo, vemos delações premiadas que foram construídas como
parte de uma narrativa para chegar aonde já tinha sido determinado que a Operação
Lava-Jato chegaria, e não apenas como processo de investigação. Houve a
negação de depoimentos, a negação de se considerar perícias e a ausência de
investigação sobre todas essas denúncias, o que é extremamente grave.
Acho que nós temos que encaminhar esses depoimentos para organismos
internacionais, porque a decisão da Procuradoria-Geral da República de não
proceder qualquer tipo de investigação acerca de denúncias tão graves dá um
sentimento de aporia, de ausência de poros. Isso é a dilaceração do Estado
Democrático de Direito e do processo de heróis imaginários que se tentou construir.
A existência de heróis imaginários pressupõe também inimigos imaginários.
Então, encarceram-se os inimigos imaginários, que não podem dialogar com o
conjunto da população, e elegem os heróis imaginários. Nesse duelo entre heróis e
inimigos imaginários, nós vamos construindo uma verdadeira farsa que agride o
Estado Democrático de Direito, que agride este País e o povo brasileiro, porque tudo
isso foi construído com o objetivo de interferir no processo eleitoral.
Aliás, a relação dos atos da Lava-Jato com o processo eleitoral já existe há
muito tempo: nas eleições municipais, nas últimas eleições de 2014 e agora nas
eleições de 2018.
É preciso que o Brasil inteiro saiba dessa farsa que foi construída não apenas
para incriminar, encarcerar e roubar do povo a possibilidade de decidir o destino do
País — possibilidade que foi construída com muita dor e com muitas marcas na pele
e na alma dos brasileiros e das brasileiras —, mas também para montar uma
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isso? O Moro não gosta de prova! É disso que estamos tratando. O Juiz que
condena o melhor Presidente da República não quer ter prova.
Dr. Tacla Duran, além de todos os fatos e elementos apresentados — que
certamente serão usados para enriquecer a denúncia apresentada à Procuradoria-
Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal, para enriquecer a CPI que
teremos aqui sobre a delação e a busca em relação aos organismos internacionais
—, V.Sa. tem mais algum elemento a acrescentar que possa, conforme o senhor
falou, mudar os rumos da operação, nesse andar da carruagem?
Era apenas essa a pergunta que eu gostaria de fazer.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, acho que abordamos todos os
temas. Isso aí é ligado ao tema que eu falei, da mordaça que eles estão aplicando
às testemunhas.
O SR. DEPUTADO BOHN GASS - Então, eu quero concluir afirmando
exatamente que esses elementos têm que ser levados adiante, Deputado Wadih,
Deputado Pimenta, Líder da nossa bancada, porque percebemos que não se trata
de uma busca para apurar corrupção. E isso precisa ficar claro para a sociedade
brasileira.
Deputado Wadih Damous, esta audiência hoje de manhã foi extraordinária,
porque nós conseguimos provar, através de todos os documentos...
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, se fosse só para apurar
corrupção, os crimes de chantagem teriam sido delatados e investigados. Todos são
mediante chantagem, não mediante dinheiro.
O SR. DEPUTADO BOHN GASS - Então, o mais grave, além de não
combater a corrupção, são os métodos obscuros utilizados para tentar extrair essas
vantagens. Isso é inaceitável.
Eu quero dizer que a Operação Lava-Jato não foi criada para apurar
corrupção, mas para criar uma pirotecnia, um imaginário político para aplicar
seletividade na condenação política de quem desenvolveu o melhor programa para
este País, que foi Luiz Inácio Lula da Silva.
Parabéns a quem promoveu esta audiência pública. Com certeza, esses
elementos de hoje não ficarão nesta sessão aqui, mas serão levados adiante para
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desmontar de vez essa farsa que foi criada, porque, como foi dito aqui, os rumos da
operação precisam mudar e há elementos suficientes para que isso seja feito.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - Obrigado, Deputado Bohn
Gass.
Tem a palavra o Deputado Paulo Pimenta, para expor suas questões; depois,
Deputado Wadih Damous.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito, Presidente. Serei bem
objetivo.
Sr. Presidente, para mim, está claro que o que o Sérgio Moro e a Lava-Jato
temem é a delação das delações. Na hora em que os delatores resolverem falar, nós
vamos ver Sérgio Moro, Dallagnol, Carlos Fernando, essa turma toda sentada no
banco dos réus. E não vai demorar muito, porque a CPI das delações vai promover
a delação das delações.
Dr. Tacla Duran, foi encontrado, em 2014, um grampo ilegal na cela de
Alberto Youssef, no início da Operação Lava-Jato. O advogado Figueiredo Bastos
era o advogado de Alberto Youssef, e, na época, mesmo tendo sido encontrado um
grampo ilegal na cela do seu cliente, não houve nenhum interesse em que essa
questão fosse investigada. O senhor tem alguma informação acerca desse grampo
ilegal encontrado lá em Curitiba?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não, sobre o grampo ilegal, não.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mais uma vez aqui, Figueiredo
Bastos era o advogado de Alberto Youssef.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Naquela ocasião, ele era advogado do
Alberto Youssef, mas eu não lembro se ele também coordenou ou participou. O
Adriano Bretas e a Carla Domenico também atuaram na defesa de Ricardo Pessoa,
da UTC; do Senador Delcídio e de Walmir Pinheiro. Foi esse grupo mesmo de
advogados que coordenou todas essas delações.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Todas essas delações.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Evidentemente sem conflito.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O senhor conhece uma pessoa
chamada Meire Poza, que fez diversas colaborações informais? Ela começou a ser
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conhece essa peça da denúncia feita contra os escritórios de advocacia nos Estados
Unidos?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim, eu soube pela imprensa também. O
caso foi divulgado na imprensa internacional também, não só no Brasil. Os
escritórios são associados e são muito grandes, o Baker&McKenzie e o Trench.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O senhor sabe de uma reunião que
teria ocorrido em Madrid, em 2015, para tratar dos sistemas My Web Day e
Drousys? O senhor tem conhecimento de quem participou dessas reuniões e que
deliberações foram tomadas naquela oportunidade sobre esses sistemas?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim, essa reunião foi aqui em Madrid, no
hotel Intercontinental. Participaram dessa reunião: Fernando Migliatti, que estava
hospedado no hotel; Luiz Eduardo da Rocha Soares e o irmão dele, Paulo Sérgio da
Rocha Soares — esses não estavam hospedados no hotel —; Marco Pereira de
Souza Bilinski, do Meinl Bank; Vinícius Veiga Borin, do Meinl Bank; e Luiz França,
também do Meinl Bank — esses três também estavam hospedados no hotel. Eu
também participei dessa reunião.
Nessa reunião, entre outros assuntos, foram pedidas algumas cópias de
documentos, etc., para eu poder trabalhar na parte jurídica de questões que eu
tivesse com o Paulo Sérgio, e também foram encaminhadas a ele, pelo irmão dele,
as questões de mudança de sistema, de adulteração. E eles estavam tratando, não
lembro se foi um pouco antes dessa reunião ou em seguida, da questão dos
servidores na Suécia. Inclusive eu havia feito um parecer para a Odebrecht sobre a
questão de sigilo de dados naquele país. Quando eu fiz o parecer, era,
evidentemente, somente sobre a questão de proteção de dados. Depois eu entendi
que eles haviam pedido o parecer porque estavam estudando jurisdições para
colocar os servidores mais protegidos.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Em depoimento na CPMI da JBS, o
senhor afirmou que a Odebrecht tinha como estratégia não liberar o acesso
completo do My Web Day para as autoridades e que também um técnico de
informática da empresa, ou contratado pela empresa, teria adulterado ou apagado o
sistema ou parte dele. O senhor poderia nos dizer o que o senhor sabe a respeito
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O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Deputado, isso existe, cito, por exemplo,
o caso da denúncia do Presidente Michel Temer, que vocês comunicaram o
arquivamento da representação pela PGR.
Nesse caso, por exemplo, o Sr. César Rocha, que nunca teve acesso ao
Drousys, apresentou provas. Ele apresentou, por exemplo, extratos bancários, os
quais eu periciei e identifiquei que são falsificados, são adulterados. Ele apresentou
esses extratos bancários como obtidos dentro do sistema Drousys. Ele nunca teve
acesso ao sistema Drousys. Ele nunca teve acesso a esse tipo de informação de
extrato bancário de offshore da Odebrecht.
De repente, depois daquela reunião no hotel em Brasília, foi distribuído um
pouco para cada um entregar, porque senão muitos dos 77 iam ficar sem
documentos. E, como eles são na maioria acionistas, confunde-se a situação entre
interesse e necessidade.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O.k.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - Com a palavra o Deputado
Wadih Damous.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Dr. Rodrigo, é fato que havia o que
nós poderemos chamar de alinhamento das delações, ou seja, delações
combinadas, alinhadas no âmbito da Odebrecht por parte de executivos e ex-
executivos? É fato que isso ocorria?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim. Ocorreu contra mim. Eu estou sendo
acusado dessa forma, porque, dentro do Departamento, havia uma série de pessoas
que fizeram desvio, roubaram a empresa e tinham medo de assumir. A principal
preocupação deles, inicialmente, era que a empresa não descobrisse que eles
haviam desviado recursos, deixando inclusive a estratégia de defesa à deriva.
Causaram uma série de problemas na empresa por causa disso e, quando eu tive
que comunicar à direção, eu virei um inimigo.
Eles plantaram uma série de situações que são deles. Por exemplo, o chinês
Wu-Yu Sheng era colega de faculdade do Marcelo Rodrigues, irmão do Olívio
Rodrigues, que, ao que me consta, sequer acabou fazendo acordo. Ele apresentou
esse chinês para as pessoas do Departamento, porque estudaram juntos, e viajou
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com ele, para fazer o trabalho que eles tinham que fazer. De repente, combinaram a
versão e colocaram que ele era meu.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Nesse alinhamento de delações de
executivos da Odebrecht, havia algum acerto para preservar determinadas pessoas
ou para envolver indevidamente outras pessoas?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Internas ou externas, Deputado?
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Internas e externas.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Quanto às internas, havia a preocupação
que, no final, acabou acontecendo, onde ficaram preservados o Dr. Newton de
Souza, o Dr. Adriano Maia, o Dr. Maurício Ferro, todos eles. O Dr. Luiz Ferro
coordenou o desmonte do Departamento de Operações. E ele sabia tudo o que
aconteceu. E, para nossa surpresa, ele não faz parte do acordo. Até o próprio
Marcelo Odebrecht parece que está estranhando isso.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dr. Rodrigo, o senhor chegou a
participar de alguma reunião dessas de alinhamento de delações? Quem convidou o
senhor para participar? Quem coordenava essas reuniões de alinhamento de
delações?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Eu não cheguei a participar, Deputado,
dessas reuniões, porque...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O senhor chegou a ser convidado?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não, porque, quando elas passaram a
ocorrer, eu já havia me desligado, e eu não ia fazer parte do acordo. Então, isso
aconteceu no segundo período, em um período seguinte. Anteriormente, quando eu
ainda estava, havia algumas coisas de se falar em delação, etc., em acordo, mas
era uma coisa isolada. Por exemplo, as pessoas que estavam no Departamento,
caso a empresa não viesse a fazer o acordo, elas o fariam.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito.
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Nesse momento, quando eles pensavam
em fazer o acordo, havia, evidentemente, uma situação de alinhamento. O advogado
que fez o acordo do Meinl Bank foi pago pela Odebrecht, ainda nessa época. Eu não
sei se ele recebeu mais ou não pela empresa, mas, ainda nessa época, sim,
bastante, alguns meses depois, ele acabou fazendo o acordo para os três. Aliás, foi
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o melhor acordo da Lava-Jato. Pagou 2 mil e 600 e pagou 250 mil dólares, e não
tem nenhuma pena.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Eu vou fazer mais uma pergunta e
vou partir para as minhas considerações finais.
Voltando ao Sr. Zucolotto, o senhor tem conhecimento de viagens realizadas
pelo Sr. Zucolotto com o Sr. Juiz Sergio Moro para o exterior, sobretudo para os
Estados Unidos? Eles costumavam viajar juntos. O senhor tem notícia disso?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Não.
O SR. DEPUTADO WADIH DAMOUS - Não?
Dr. Tacla Duran, tudo o que ficou demonstrado aqui...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Deputado Wadih, antes de V.Exa.
concluir, deixe-me fazer uma pergunta. Eu abro mão das minhas considerações
finais.
Quando cumpriram o mandato de busca e apreensão no seu escritório, o
senhor disse que recolheram material de outros clientes, temas que não têm nada a
ver com Lava-Jato ou coisas do gênero, mas também foi apreendida documentação
que o senhor tinha, por exemplo, da sua troca de mensagens com o Zucolotto, os e-
mails que o senhor recebeu da Procuradoria-Geral da República. Isso aconteceu em
junho do ano passado. A minha pergunta é a seguinte: caso o senhor não tivesse
tido o cuidado de ter um backup deste material, o mandado de busca e apreensão
autorizado pelo Juiz Sergio Moro tiraria todas as provas para que o senhor pudesse
comprovar a relação que se estabeleceu entre o senhor e o Dr. Zucolotto e também
as tentativas por parte do Ministério Público de chegar a uma delação com o senhor,
correto?
O SR. RODRIGO TACLA DURAN - Sim, correto. Inclusive, foram
apreendidos, por exemplo, trabalhos que eu executei para o Grupo Triunfo, que eles
simplesmente ignoram dentro de uma história que não existe, que eu não trabalhei,
que o trabalho foi mais ou menos, eles querem entrar nesse tipo de discussão que
não vem ao caso. E há outros trabalhos, como o da própria OTC. Com certeza, nós
tínhamos computadores no escritório, e eles dizem simplesmente que eu não
trabalhei e assim por diante. Mas eu tenho todo esse backup que o utilizei e vou
utilizá-lo, sempre que necessário, para fazer a defesa.
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má vontade em abrir as investigações, mas nós vamos insistir, nós vamos retomar o
que foi dito aqui e vamos insistir com a Sra. Procuradora que abra as investigações.
Ela faz afirmações no seu despacho mandando arquivar, Líder Paulo Pimenta, a
nossa representação e diz que nós não demos suporte documental a algumas
afirmações que fizemos. Todas as afirmações que nós fizemos nós documentamos,
que foram os documentos apresentados pelo Dr. Rodrigo Tacla Duran. Por exemplo,
o e-mail dos procuradores com um modelo de delação pré-fabricada para ele assinar
que ele se recusou a assinar.
Então, a CPI das Delações vai aprofundar o que o Dr. Tacla Duran revelou
aqui. E isso mostra que, de fato, a Operação Lava-Jato, em vez de combater a
corrupção, está aperfeiçoando a corrupção no âmbito do nosso sistema de Justiça.
Muito obrigado, Sr. Presidente, parabéns pela condução, e muito obrigado ao
Dr. Tacla Duran, que, mais uma vez, se dispôs a ser ouvido e, mais uma vez, foi
ouvido neste Parlamento. O nosso sistema de Justiça se recusa a ouvi-lo e se
recusa porque teme o que o Dr. Tacla Duran tem a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Luiz Couto) - Muito obrigado, Deputado
Wadih Damous, Deputado Paulo Pimenta e todos os Parlamentares que aqui
estiveram e que fizeram vários questionamentos. Agradeço também às pessoas que
contribuíram por meio da Internet e do Facebook da Comissão.
Eu queria agradecer ao Dr. Rodrigo Tacla Duran pelas suas palavras,
testemunhos e depoimentos. Quero dizer que todos os pedidos que V.Sa. solicitou
desta Comissão serão encaminhadas e, é claro, numa audiência de mais de 3 horas
e meia, alguns dados podem aparecer depois, com o tempo, porque a nossa
memória nem sempre traz todas as informações, mas eu quero dizer...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sr. Presidente, deixe-me fazer uma
pergunta, um questionamento: muita coisa, muita informação desta documentação
que vai ser gerada a partir deste depoimento, certamente, muitos desses
documentos, inclusive, já foram juntados à CPMI da JBS. Eu acho que eles podem
ser também encostados a este depoimento.
O que eu acho que nós devemos examinar, Presidente, é, diante da negativa
da Procuradora-Geral da República, a possibilidade de se abrir a investigação.
Inclusive, no despacho, ela ignora um dos itens e só trata de um deles. Por exemplo,
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