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Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2016

ANÁLISE DA RESISTÊNCIA ESTRUTURAL EM ELEMENTOS DE CONCRETO ARMADO


COM A UTILIZAÇÃO DE ESCLERÔMETRO.

ULISSES MENDES GRIZOTTI1 , WILSON JOSÉ DA SILVA2

1
Graduando em Engenharia Civil, Bolsista PIBIC, IFSP, Câmpus Votuporanga, ulissesgrizotti@msn.com.
2
Prof. Dr. em Engenharia Civil, IFSP Câmpus Avançado Ilha Solteira, wilsonsilva@ifsp.edu.br.

Área de conhecimento (Tabela CNPq): Estruturas de concreto – 3.01.02.01-4

Apresentado no
7° Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP
29 de novembro a 02 de dezembro de 2016 - Matão-SP, Brasil

RESUMO: O concreto é o material de construção mais consumido no mundo e apresenta-se como um


componente heterogêneo em função dos materiais de composição, e das condições de execução e
dosagem, desta forma, os ensaios que o envolve assumem grande importância para a validação de uma
de suas principais propriedades que é a resistência à compressão. A realização de ensaios de
esclerometria tem sido usual no auxílio da verificação da resistência à compressão devido a sua
simplicidade de realização e ao baixo custo. Na presente pesquisa foram realizados ensaios
esclerométricos em elementos estruturais em uma edificação vertical em fase de execução e os
resultados foram comparados aos resultados dos ensaios de controle tecnológico. Através da análise
dos resultados não foi possível validar integralmente os resultados em comparação com os
obtidos no controle tecnológico, desta forma, recomenda-se a realização de novos ensaios
experimentais com o controle efetivo de todos os parâmetros que possam influenciar nos
resultados.

PALAVRAS-CHAVE: esclerometria; concreto; resistência; compressão; ensaios.

STRUCTURAL ANALYSIS OF RESISTANCE IN CONCRETE ELEMENTS ARMED WITH R


EBOUND HUMMER (SCLEROMETRY)

ABSTRACT: The concrete is the most consumed building material in the world and presents itself
as a heterogeneous component due to the composition of materials, the conditions of application and
dosage. Thus, the tests that involves assume great significance for the validation one of its main
properties is the compressive strength. The realization of Rebound Hummer tests has been usual in aid
of the compressive strength of the verification due to its simplicity of implementation and low cost. In
this research Rebound Hummer (sclerometry) tests were performed on structural elements in a vertical
building in the execution phase and the results were compared to the results of the technological
control tests. Through analysis of the results it was not possible to fully validate the results compared
with those obtained in control technology. Thus, it is recommended to carry out new experimental
studies in effective control of all parameters that can influence the results.

KEYWORDS: Rebound Hummer; concrete; resistance; compression; essay.


INTRODUÇÃO

A obtenção da resistência à compressão do concreto armado em estruturas é um


procedimento indispensável para se certificar de que a edificação possui as características
de projeto. É usual a determinação deste parâmetro através do controle tecnológico que é
realizado através de ensaios de compressão em corpos-de-prova, moldados “in loco” no ato
da concretagem.
Em certas ocasiões os resultados obtidos no controle tecnológico não são validados, portanto,
não apresentam resultados satisfatórios ao indicado em projeto estrutural, havendo
desta forma a necessidade de novas análises do concreto como forma de garantir a
segurança da edificação.
Na pesquisa desenvolvida, em parceria com a Construtora LRJ Engenharia e
Construção (Votuporanga/SP), fez se uso de ensaios não destrutivos com a utilização do
esclerômetro, aonde foram realizados ensaios em vigas e pilares de uma edificação em
construção para posterior comparação com os resultados obtidos no controle tecnológico de
compressão axial.
A realização de ensaios de esclerometria tem sido usual no auxílio da verificação da
resistência à compressão axial devido a sua simplicidade de realização e ao baixo custo.
No ensaio é analisada a dureza superficial do concreto e obtido o Índice Esclerométrico (IE) no
qual se utiliza um aparelho denominado esclerômetro de reflexão ou Martelo de Schmidt, normatizado
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT - NBR 7584:2012).
O índice esclerométrico (IE) é o valor obtido através de um impacto de esclerômetro de reflexão
sobre uma área de ensaio, fornecido diretamente em porcentagem, pelo aparelho. O aparelho consiste
fundamentalmente de uma massa martelo que impulsionada por mola se choca através de uma haste
com ponta em forma de calota esférica, com a área de ensaio.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa foi desenvolvida em uma edificação vertical em fase de construção


localizada no município de Votuporanga/SP, de propriedade da Construtora LRJ Engenharia e
Construção. Para a realização dos ensaios foram seguidas todas as recomendações e procedimentos
descritos na ABNT NBR 7584:2012.
Foram analisados 08 elementos estruturais, sendo 04 pilares e 04 vigas, todos com idade
mínima superior a 28 dias. Cada elemento estrutural foi mapeado com 09 pontos de impacto,
respeitando a distância mínima de 5 centímetros das arestas do elemento e o impacto sobre armaduras
e agregados. Conforme prescrito na ABNT NBR 7584:2012 para cada ponto mapeado foi realizado
apenas um impacto com distância mínima entre os pontos de 3 cm.
As superfícies escolhidas para a realização dos ensaios foram as mais planas possíveis e antes
dos ensaios as mesmas foram secas e limpas. Para a determinação do Índice Esclerométrico (IE) foram
calculadas as médias aritméticas dos 9 valores individuais dos índices correspondentes a uma única
área de ensaio. Todos os índices individuais que estiveram afastados em mais de 10% do valor médio
obtido foram desprezados.
Ao desprezar os valores foram determinadas novas médias com os valores restantes, sendo que
os índices obtidos foram com no mínimo 5 valores individuais, as regiões de ensaios que apresentaram
menos de 5 valores individuais foram abandonadas.
Com os valores individuais de cada mapeamento determina-se o Índice Esclerométrico efetivo
(IEef) que corresponde ao produto entre o IE e o fator de correção do esclerômetro (K) que é obtido
através da aferição do aparelho. Com o valor do IEef utiliza-se a tabela de esclerometria e determina-
se a resistência do concreto do elemento estrutural em questão. Na tabela 1 apresenta-se a tabela de
esclerometria.
Se o valor obtido de IEef for maior que os valores relacionados na tabela 1 deve-se calcular a
resistência através da regra de três, se o valor de IEef estiver no intervalo da tabela (20 a 55) mas não
for inteiro deve-se fazer a interpolação dos valores.
No caso em que os ângulos de ensaio, na utilização do esclerômetro, for diferente de 0º deve-se
realizar as devidas correções indicadas na tabela 2.
TABELA 1. Tabela de esclerometria para determinação da resistência.
Resist. Resist. Resist. Resist.
VALOR VALOR VALOR VALOR
(kgf/cm²) (kgf/cm²) (kgf/cm²) (kgf/cm²)
20 86 29 191 38 320 47 464
21 96 30 205 39 336 48 480
22 107 31 218 40 351 49 496
23 118 32 233 41 367 50 513
24 129 33 247 42 383 51 530
25 141 34 261 43 399 52 547
26 153 35 275 44 415 53 564
27 166 36 291 45 431 54 581
28 179 37 306 46 447 55 598

TABELA 2. Tabela de correções de esclerômetro.


PARA CIMA PARA BAIXO
Média
+90º +45º -45º -90º
10 - - 2,4 3,2
20 -5,4 -3,5 2,5 3,4
30 -4,7 -3,1 2,3 3,1
40 -3,9 -2,6 2,0 2,7
50 -3,1 -2,1 1,6 2,2
60 -2,3 -1,6 1,3 1,7

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerado os dados obtidos nos ensaios esclerométricos, e seguindo as normas de cálculo


prescritas pela ABNT NBR 7584:2012, apresenta-se na tabela 3 os índices esclerométricos obtidos
para os elementos.

TABELA 3. Índice esclerométrico dos elementos estruturais.


Pontos
Elementos IEefetivo
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Pilar 19 39 40 38 36 38 38,20
Pilar 20 36 34 36 35 39 38 36 36 36,25
Pilar 14 34 35 35 39 35 37 36 34 35,63
Pilar 13 40 36 36 38 34 36 39 35 36,75
Viga 136 32 30 30 34 32 30 35 31,86
Viga 105 33 33 34 33 34 31 33 24 31,88

Para a obtenção dos dados apresentados na tabela 3 foram realizados os seguintes


procedimentos:
 Soma referente aos 9 pontos da respectiva área e elemento e determinação da média
dos valores individuais das áreas;
 Determinação do intervalo inferior e superior com relação à média (10%);
 Eliminação dos valores individuais que não pertencem ao intervalo, ou seja, que
diferem da média em 10%;
 Soma dos valores individuais que não foram descartados com posterior determinação
da nova média e intervalo de análise;
 Descarte dos seguintes elementos estruturais: Viga 108 e Viga 131;

Na tabela 4 apresenta-se os IEef dos elementos estruturais em questão, determinado com o fator
do esclerômetro (k) correspondente a 1.
TABELA 4. Índice esclerométrico dos elementos estruturais.
Pontos
Elementos IEefetivo
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Pilar 19 39 40 38 36 38 38,20
Pilar 20 36 34 36 35 39 38 36 36 36,25
Pilar 14 34 35 35 39 35 37 36 34 35,63
Pilar 13 40 36 36 38 34 36 39 35 36,75
Viga 136 32 30 30 34 32 30 35 31,86
Viga 105 33 33 34 33 34 31 33 24 31,88

Com os valores apresentados na tabela 4 fez-se uso da tabela 1 (Esclerometria) e também de


interpolações para a determinação da resistência à compreensão (Kgf/cm² e MPa). Com os valores
obtidos realizou-se a correção da resistência devido a inclinação do esclerômetro (Tabela 2).
Na tabela 5 apresenta-se os resultados das resistências dos ensaios esclerométricos e os
resultados dos ensaios tecnológicos fornecidos pela empresa.

TABELA 5. Resultados dos ensaios de esclerometria e do controle tecnológico.


fck (MPa) fck (MPa)
Elementos
Experimental Tecnológico
Pilar 19 35,35 39,67
Pilar 20 32,60 30,93
Pilar 14 31,65 34,63
Pilar 13 33,32 39,67
Viga 136 26,40 40,77
Viga 105 26,42 40,77

Os valores experimentais para os ensaios em pilares apresentaram resultados próximos se


comparados com os resultados dos ensaios tecnológicos. Para os resultados dos ensaios realizados nas
vigas não foi possível a validação.

CONCLUSÕES

O propósito da pesquisa foi alcançado apesar da divergência dos resultados obtidos, através da
mesma foi possível proporcionar ao discente a integração interdisciplinar com a aplicação de
conhecimentos técnicos e familiarização com o campo de atuação profissional.
Os valores obtidos não foram suficientes para comprovar a eficiência dos ensaios, porém é
comprovado em pesquisas o uso da esclerometria como alternativa simples e de baixo custo no auxílio
para a verificação da resistência estrutural.
Recomenda-se a realização de novos ensaios esclerométricos com o controle minucioso dos
parâmetros que possam influenciar nos ensaios, como por exemplo a aferição do esclerômetro.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7584: Concreto endurecido


- Avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão – Método de ensaio. Rio de
Janeiro, 2012. 10 p.
BOTTEGA, Fábio. Análise do ensaio esclerométrico, um ensaio não destrutivo, nas
estruturas de concreto. 2010. 136 f. TCC (Graduação) – Curso de Engenharia Civil, Universidade do
Extremo Sul Catarinense – UNESC, Criciúma, 2010.
CAMARGO, Gilberto José Fernandes. Esclerometria em estruturas do IFSP Câmpus
Votuporanga. 2014. TCC (Técnico) – Curso Técnico em Edificações, Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP, Votuporanga, 2014.

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