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Veios

Introdução

-Veio: elemento de máquinas, estacionário ou rotativo que transmite potência,


através de rodas dentadas, tambores, volantes, etc. São solicitados a torção,
flexão e tracção ou compressão e apoiados em chumaceiras de rolamento ou
escorregamento que exigem uma montagem com tolerância apertada.
-Eixo é um veio sobre o qual não são aplicadas cargas de torção.
-Sobre os veios são montados órgãos de transmissão de potência (sempre que
possível, situados perto dos apoios, para minimizar as tensões e as deformações
provocadas por flexão): polias para engrenagens, correntes ou correias e uniões
de veios, através de chavetas ou por montagem por aperto.
-As uniões de veios são sistemas utilizados para fazer a ligação permanente ou
semi-permanente entre um veio motor e um veio movido. Se pretendermos
acoplar e desacoplar com frequência e rapidez dois veios, devemos utilizar as
embraiagens.
-A transmissão de potência entre um veio e outro elemento móvel pode ainda
ser feita através de chavetas, montagens com aperto e veios estriados.

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Veios

Dimensionamento estático de veios à torção e flexão

32M f
σ xx =
πd 3 1
( )
1
[
τmax = (σ xx / 2)2 + τ2xy ] 2 τmax
16
= 3 M2f + M2t
πd
2

16M t
τ xy =
πd3 A tensão máxima de corte ser inferior à
tensão de cedência ao corte τced (segundo o
critério de Tresca τced = σced/2)
1 1
σced 16 2
2n
(
= 3 M f + M2t
πd
) 2  32n
d= [(
M2f + M2t )]
1 3
2

 πσced 

Usando o critério de von Mises


1
 1 3
 32n  2 3 2  2 
d=  M f + 4
M t  
 πσced   
 

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Veios

Dimensionamento à fadiga de veios à torção e flexão: método de Sines

Nos casos em que existe uma tensão normal de flexão alternada pura devido à rotação do
veio e, por outro lado, uma tensão de corte estática originada pela torção (tensão de corte
média, τm= 16 Mt /(πd3).

Com base na análise experimental σ fo


a resistência à fadiga do veio não é σa = σ foadm = (K sK tK fbK T )
significativamente afectada pela Kfn
tensão de corte média se τm < 0,5
τced 1
 32M f 3
d =  
 πσfoadm 

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Dimensionamento à fadiga de veios à torção e flexão: Solução de Soderberg

O método utilizado baseia-se no critério de Soderberg e considera as tensões de corte


num plano qualquer de inclinação α.

Y σa
τa
τXY = 16M3 t
πd α
τXY
X α
σX =32M3f x cos ωt τXY α
πd α
σX

16M t 16M f 16M t


τα = cos 2α − sin 2α cos ωt τ αm = cos 2α
3 3 3
πd πd πd
16M f
τ αa = sin 2α
3
πd

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Dimensionamento à fadiga de veios à torção e flexão: Solução de Soderberg

16M f
τ αa = sin 2α
3
πd
16M t
τ αm = cos 2α
3
πd
τ
τe = (K sK tK fbK T ) f 0
Kf

πd3
n=
2 2
 M  M 
16  t  +  f 
 τced   τe 

1
1
 1 3  1 3
16n  M  32n  M 2  M  2 
2
 2
2 2
  M  Usando o critério de   t  +  f   
d=  t  +  f    d=    

 π  τ ced   τ e    Tresca obtém-se  π  σced   σe   
   

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Dimensionamento à fadiga de veios à torção e flexão: Método ASME

Estudos exaustivos mostram que existe uma relação elíptica entre a tensão alternada de
flexão tanto em função da tensão média de torção, como em função da tensão alternada de
torção

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Veios

Dimensionamento à fadiga de veios à torção e flexão: Método ASME

2 2
 σ a   τm 
  +   = 1
 σe   τced 

2 2
Usando o critério σced  σ a   3 ⋅ τm 
τced =   +   =1
 
de Von Mises 3  σ e   τced 

Entrando nesta equação com os valores de σa e τm, introduzindo um coeficiente de


segurança n e resolvendo em ordem ao diâmetro d

1
 1 3
 32n  M 2 3  M  2 
2
  f  +  t   
d=    
 π  σe  4  σced   
 

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Dimensionamento à fadiga de veios à torção e flexão flutuantes

Em situações genéricas, os momentos torçor e flector podem ter uma componente média,
Mtm e Mfm e uma componente alternada Mta e Mfa, respectivamente, pode-se generalizar o
método de Soderberg
1
 1 3
 32n  M 
2
 
22 
  ta + tm  +  M fa + M fm   
M
d=    
 π  σe σced   σe σced   
 

Como alternativa pode-se usar o


seguinte método: 1
-Com base nas componentes das    2 3 2  2 3 2   3
tensões de corte e normais, calculam-    M fa + M ta   M fm + M tm   
 32n   4   4  
se uma tensão equivalente média e d= + 
π  σ σ 
uma tensão equivalente alternada,   e R

  
usando o critério de Von Mises;   
-Aplica-se o critério de Goodman
usando as duas tensões equivalentes

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Veios

Dimensionamento à fadiga: efeito da concentração de tensões


1
  2 2  3
1/ 2
 32n  K ft ⋅ M ta K tt ⋅ M tm   K ff ⋅ M fa K tf ⋅ M fm   
Usando a solução de Soderberg d=  +  +  +  
 π   σ e σ ced   σ e σ ced   
   
Shigley recomenda que as componentes médias das tensões sejam afectadas do factor Kf,
factor dinâmico de concentração de tensões. Para os materiais frágeis usar Kt em vez de
Kf. Nos materiais dúcteis considerar Kt = 1.
1
O método ASME combinado com o  1 3
 32n  K ⋅ M 2 3  M  2 
2
critério de Von Mises, válido para   ff fa  +  tm   
d=    
flexão alternada e torção estática  π  σe  4  σced   
 
1
O método baseado nas tensões  
 2 3
equivalentes usando o critério de Von   (K ff ⋅ Mfa )2 + 3 (K ft ⋅ Mta )2  (K tf ⋅ Mfm )2 + 3 (K tt ⋅ Mtm )  
 32n  4   4 
d= + 
Mises e aplicando o critério de  π σe σR 
Goodman, com Ktf = Ktt = 1 


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Veios

Dimensionamento à deformação

Dimensionamento à torção: feito com base


nas equações da Resistência dos Materiais.
N (Cv ) N (kW )
Deformações admissíveis à torção (valores d [cm] = 8,5 ⋅ 4 = 9,2 ⋅ 4
de referência): x ⋅ n (r / min) x ⋅ n (r / min)
– 2,5 a 3 o/m em veios de transmissão
simples;
– 0,25 o/m em veios principais de linhas de
transmissão múltiplas

Deformações de flexão: podem ser calculadas usando a equação da linha elástica. Os


valores máximos não devem ultrapassar 1/1 000 do vão, em aplicações gerais, mas, no caso
de aplicações de precisão, este valor deve ser reduzido, podendo nalguns casos limitar-se a
1/3 000 do vão

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Veios

Materiais usados em veios


-Para minimizar as deflexões devem usar-se materiais de elevado módulo de elasticidade:
aço (o material mais utilizado), ferro fundido (aplicado nalguns casos particulares).
-Para aplicações correntes, utilizam-se veios fabricados em aço ao carbono de média
resistência com tensão de rotura entre 480 e 600 MPa. Em muitas aplicações, os veios são
fortemente solicitados, exigindo-se que tenham valores elevados de resistência à tracção e
à fadiga. Nestes casos deve-se utilizar-se aços ligados, em que os principais elementos de
liga são níquel, crómio e níquel ou crómio e vanádio. Na selecção do aço ligado, deve-se
ter em conta não apenas a resistência à tracção, mas também a garantia de uma resiliência
adequada para que não haja risco de rotura frágil por efeito de uma concentração de
tensões ou cargas ocasionais de choque.
-Tendo em conta que, na generalidade dos casos, o mecanismo de ruína com mais
probabilidade de causar a rotura dos veios é a fadiga, torna-se particularmente importante o
estado superficial dos mesmos (fundamental um bom acabamento superficial com
variações de secção o mais suaves possível, a micro-estrutura e o nível das tensões
residuais nas camadas superficiais). Muitos veios são sujeitos a tratamentos térmicos,
químicos ou mecânicos para introduzir tensões residuais de compressão e/ou criar camadas
superficiais endurecidas. São exemplos destes tratamentos a têmpera superficial, a
cementação, a nitruração e carbonitruração e a grenalhagem.

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Veios

Velocidade crítica dos veios


Em vibração livre a amplitude da vibração poderá ser amortecida e
extinguir-se no tempo. Tanto em vibração livre como forçada, se a k
ωn =
frequência de excitação coincidir com a frequência natural do m
sistema, ocorrerá ressonância. A amplitude de vibração em
ressonância tende para infinito em sistemas não amortecidos, 1 k
diminuindo progressivamente de valor à medida que aumenta o fn =
2π m
amortecimento do sistema.

Os modos de vibração mais frequentes dos veios são:


– a vibração lateral do veio;
– a vibração do veio induzida pela excentricidade de montagem de rodas ou
polias;
– a vibração torcional.

Órgãos de Máquinas
Veios

Velocidade crítica dos veios


A frequência natural da vibração
lateral dos veios contendo montadas δ1 δ2 δ3
rodas ou polias pode ser obtida
recorrendo ao método de Rayleigh
igualando a energia potencial e da
energia cinética m1 m3
vibração

n
Wδ i=1 i i m2
ωn = g n

∑Wδ
i=1
2
i i

-Wi são as forças discretas aplicadas pontualmente correspondentes aos pesos das rodas,
−δ i as deflexões dinâmicas dos pontos de aplicação das cargas devidas à vibração
- g a aceleração da gravidade.
Uma boa aproximação pode ser obtida considerando para δi as deflexões estáticas
provocadas pelos pesos das rodas e do veio. A solução de wn obtida é apenas um pouco
superior ao valor real.

Órgãos de Máquinas
Veios

Velocidade crítica dos veios


Vibração torcional dos veios (wn em rad/seg)
kt
-kt é a constante de mola à torção ωn =
Im
-Im é o momento de inércia mássico (para um veio Kt
circular é mr2/2, em kg.m2, em que r é o raio e m a GJ
massa do veio) kt =
l Im
-G é o módulo de elasticidade transversal
-l o comprimento do veio e J o momento polar de
inércia da secção circular do veio ( J = πd4/32)

ωn

Quando o veio tem várias secções, l


Jef =
calcula-se um momento de inércia n
li
efectivo ou equivalente ∑
i=1 Ji

Órgãos de Máquinas
Veios

Velocidade crítica dos veios


Vibração torcional dum veio com duas ou
mais rodas montadas em vibração torcional k t (I1 + I2 )
(Ii -momentos de massa; ki - constantes de ωn =
mola torcionais; kt-constante de mola I1I2
torcional do conjunto )

θ2
θ1
ωn
I2 l2
l1 I1
2
k2 k1 1 θ2

nodo
d θ1

Órgãos de Máquinas
Uniões de Veios

Introdução
Uniões de veios: ligações permanentes ou semipermanentes
entre veios.
-Para ligações rapidas e frequentes usam-se embraiagens.
d e s a lin h a m e n to a x ia l
-As uniões são utilizadas para compensar desalinhamentos
(paralelos, angulares, axiais e torcionais), minimizar as
vibrações e os choques transmitidos ao veio movido.
A classificação das uniões de veios é feita com base na sua
d e s a lin h a m e n to a n g u la r
capacidade para absorver desalinhamentos:
– Uniões rígidas;
– Uniões flexíveis;
– Uniões universais.
As uniões flexíveis são normalmente agrupadas em: d e s a lin h a m e n to p a ra le lo
– Uniões de baixa flexibilidade torcional;
– Uniões de elevada flexibilidade torcional.

d e s a lin h a m e n to to rc io n a l

Órgãos de Máquinas
Uniões de Veios

Uniões rígidas
Uniões rígidas: não suportam nenhum tipo de
desalinhamento. A configuração mais vulgar é a união de
flange (dispositivo composto por duas flanges enchavetadas
nos veios e ligadas entre si por parafusos).
-Utilizada nas transmissões de grandes potências.
- Os pontos críticos: as chavetas, os parafusos e a região
entre os parafusos e as flanges que estão sujeitas ao
esmagamento. O dimensionamento dos parafusos ao corte
pode ser feito considerando a força de corte igualmente
distribuída pelos parafusos.
1
 4M 2
Dp =  t 
 πrNτadm 
 
Se a transmissão é por atrito entre as faces das peças aparafusadas, é (D + d)
necessário evitar o deslizamento. Para uma dada força de aperto P em T = N⋅ f ⋅P
4
cada parafuso, pode obter-se o binário transmissível (Os parafusos terão
de ter um diâmetro suficiente para suportar a força de pré-aperto)

Órgãos de Máquinas
Uniões de Veios

Uniões flexíveis
Uniões flexíveis: reduzem os inconvenientes
dos desalinhamentos (vibrações excessivas
ou as sobrecargas nas chumaceiras)
-uniões (por corrente e por engrenagem):
grande capacidade de transmissão de binário
e permitem corrigir apenas desalinhamentos
torcionais muito pequenos.
-As uniões Oldham: permitem
desalinhamentos torcionais muito pequenos e
transmitem grandes potências (até 675 hp),
ao mesmo tempo que admitem
desalinhamentos paralelos e axiais
consideráveis. O elemento móvel pode ser de
borracha endurecida o que permite aumentar
a flexibilidade torcional, mas reduz a
capacidade de carga.
- Para corrigir grandes desalinhamentos ou
controlar as vibrações torcionais podem usar-
se uniões com um só elemento de borracha
colado aos veios.

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Uniões de Veios

Uniões universais
As uniões com elemento de borracha colado permitem grandes desalinhamentos (até 0,8
mm de desalinhamento paralelo, 2º de desalinhamento angular e 15º de ângulo de torção na
transmissão do movimento), mas só podem transmitir pequenas potências.
As uniões universais; se existir um desalinhamento angular definido e elevado. O uso de
duas uniões com um veio intermédio permite um desalinhamento paralelo muito maior do
que no caso de qualquer união flexível (deve usar-se β < 15º) .
Para manter constante a velocidade de rotação do veio movido devem usar-se duas uniões
Cardan com um veio intermédio em que:
- O ângulo de intersecção do veio de entrada com veio intermédio é igual ao
ângulo deste com o veio de saída;
- As forquilhas das extremidades do veio intermédio devem estar
simultaneamente nos planos de intersecção dos veios respectivos.

Órgãos de Máquinas

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