PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

DIRETORIA DE ENSINO A DISTÂNCIA

PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Ian Gavino Pereira de Oliveira

ESTUDO DE CASO: FALHAS NO GERENCIAMENTO E LOGISTICA DE EPI E

UNIFORMES SUGESTÃO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO KANBAN NO CANTEIRO
DE OBRAS.

Belo Horizonte
2020
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1.INTRODUÇÃO
O estudo de caso apresentado retrata sobre uma empresa do ramo da construção civil
da região leste do estado de Minas Gerais, atuando em reformas de 4 PCH (Pequena
Central Hidrelétrica) situadas na região leste do estado de Minas Gerais, Brasil, cujo
a localização de tais barragens estão muito próximas da Floresta Mata Atlântica, no
qual a logística de materiais tornam-se mais difíceis para chegar nas respectivas obras
pela demora da compra e envio de materiais, causando diversos problemas no
gerenciamento e andamento das respectivas reformas .
Devido aos problemas citados anteriormente, mostra-se claramente que a empresa
mostrava dificuldades em repassar os EPI’S e reposição de novos uniformes aos
colaboradores estando em desacordo com a NR-6 e dentre outras normas de
segurança do trabalho, a realização dessa pesquisa possui o principal foco abordar o
sobre o problema logístico de EPI e propor uma ideia de solução baseado no método
Kanban, comumente utilizado na indústria na indústria automobilística japonesa.

2.IDENTIFICAÇÃO DO RISCO E DESCRIÇÃO DOS OBJETIVOS

Ao decorrer da execução das reformas nas barragens, ocorria de forma constante em

todo processo de execução da obra, atrasos na entrega dos EPI’S e reposição de
novos uniformes fazendo com que muitas vezes os colaboradores trabalhem com
uniforme em condições precárias, EPI sucateado ou até mesmo sem, fazendo com
que a empresa esteja em desacordo com a NR-6, deixando-os expostos à diversos
riscos, onde a própria norma cita em 6.3 que:

“A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI

adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas
seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção
contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do
trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
e,
c) para atender a situações de emergência. (MTE, 2001, p. 1)”

Os objetivos desse estudo de caso visam abordar sobre a implementação da

metodologia Kanban na segurança do trabalho e sua eficiência, tomando tal empresa
do ramo da construção civil como exemplo fictício, tal metodologia que será aborda,
foi desenvolvida no Japão pós período de segunda mundial, com a finalidade de
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melhorar no controle e gerenciamento de pedidos de EPI e Uniformes fazendo com

que possa ter menos chances de atrasos de entrega desses materiais na obra de
forma que possa chegar no tempo certo, fazendo com que os colaboradores possam
lidar com menos riscos possíveis no ambiente de trabalho.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 CUSTO DE EPI NA CONSTRUÇÃO CIVIL.

De acordo com a CEF (2019) o custo mensal de EPI por funcionário pode variar
mensalmente entre R$102,76 à R$275,92 de acordo com o setor que determinada
mão de obra ocupa como mostra na tabela abaixo:

Custo
Custo Mensal
Item Família Horário
(R$/mês)
(R$/h)
1 Almoxarife 0,61 114,12
2 Carpinteiro de Forma 1,08 203,86
3 Eletricista 0,93 175,10
4 Encanador ou Bombeiro Hidráulico 0,83 156,65
5 Eng. Civil de Obra Junior 0,57 108,24
6 Encarregado Geral de Obras 0,95 179,44
7 Operador de Escavadeira 0,66 125,38
8 Pedreiro 0,96 181,88
9 Pintor 1,46 275,92
10 Servente de Obras 1,02 192,76
11 Soldador 1,36 255,78
12 Topógrafo 0,54 102,76

Tabela 1: Custos Totais de EPI – Famílias de Mão de Obra

Fonte: CEF(2019)

A metodologia utilizada pela CEF levou em conta a durabilidade do

equipamento, frequência utilizada pelo trabalhador de cada equipamento, podendo
ser de uso contínuo durante a jornada de trabalho, como no caso de uniforme,
capacete e botas, ou ainda, de uso eventual associado à determinada atividade
específica que está sendo realizada. (CEF,2019).

3.2 SEGURANÇA NO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL.

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Tomando como principal Norma Regulamentadora a ser seguida no ramo, a NR-18

retrata sobre condições de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção,
onde que no item 18.1.1 retrata:

“Esta Norma Regulamentadora - NR tem o objetivo de estabelecer diretrizes

de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que visam à
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança
nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria
da construção. (MTE, 2020, p. 2)”

“Em 2017 foram registrados 549.405 acidentes de trabalho no Brasil. O Setor

da Construção responde por pouco mais de 4,67% deste total (25.647)14. Do
total de ocorrências vinculadas a ele, 81,18% foram classificadas como
típicas, e 17,59% foram identificadas como ocorrências sem a emissão de
CAT e apenas 1,22% foram enquadradas como doença do trabalho. (CBIC,
2019, p. 233)”

3.3 MÉTODO KANBAN E A FILOSOFIA JUST-IN-TIME.

Em meados do século XX, no Japão, era desenvolvido pela Toyota

Motor Company um sistema de produção totalmente inovador focado no
aumento da produtividade e da eficiência, com a aplicabilidade e eficácia da
filosofia Just-in-Time e do método Kanban. Entretanto, o sucesso do sistema
Toyota de produção (STP) não advém de alguns métodos aplicados ou
tecnologia; o bem sucedido STP é construído em um meio que agrupe todos
os seus princípios, métodos e técnicas (GHINATO, 1995, Apud. LIBERATO,
2018, p. 18).

O STP revolucionou a indústria a nível mundial – com exceção dos japoneses

o resto do mundo seguia o molde de operações fordista, criado no início do
século XX, onde o foco era a produção em massa, com a geração de grandes
volumes de materiais em estoque. Com uma mentalidade enxuta o sistema
criado no Japão, prezava pela otimização e o aumento de produtividade
(LIKER, 2005, Apud. LIBERATO, 2018, p. 18).

3.4 ESTOQUE DE PRODUTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Na construção civil, adota-se como propósito primordial no condicionamento de

estoques, reduzindo o nível de insegurança entre o fornecimento e a demanda por
materiais. Ou seja, costuma-se demandar certo período de tempo entre a realização
do pedido e a sua entrega e assim como em qualquer empresa é de fundamental
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importância dispor de matéria-prima para que a produção não fique parada.

(LIBERATO, 2018).

A construção civil não se tipifica por manter grandes estoques. Seu conceito
se fundamenta na produção puxada, em que os materiais chegam à obra de
acordo com o que é produzido. Porém, há uma restrição quanto à quantidade
de insumos que podem ser entregues no canteiro de obras, devido à
capacidade de armazenamento dentro das dependências da construção e às
restrições do volume de materiais que os veículos podem transportar
(SZAJUBOK e COL, 2006, Apud. LIBERATO, 2018, p. 21).

4. PROPOSTA DE MEDIDA DE SEGURANÇA E OPERACIONALIZAÇÃO

Muitos dos gargalos que ocorriam no decorrer das obras citadas anteriormente
aconteciam devido à problemas de gerenciamento logístico no processo de aquisição
de materiais para ser colocado em campo, inclusive os EPI, retardando o início de
execução de certos tipos de atividade devido ao risco que ela proporciona sem o EPI
adequado para aquela tarefa.

Uma forma de lidar com esse gargalo logístico, podemos adotar a metodologia
Kanban em conjunto com ciclo de melhorias contínuas, buscando sempre aperfeiçoar
o planejamento interno, fazendo com que chegue uma quantidade precisa de EPI e
uniformes no momento certo, buscando mitigar desperdícios à longo prazo, fazendo
com que a empresa possa atender as diretrizes da NR-6 e NR-18 e dentre outras
normas onde se enquadrar de acordo com os riscos das atividades à serem
executadas.

Um quadro será utilizado em conjunto com cartões Kanban, onde irá indicar os níveis
do estoque e determinar qual será o período adequado a ser pedido com devida
antecedência, permitindo que seja consultado uma maior variedade de fornecedores,
facilitando a empresa analisar melhores condições de pagamentos, tornando a
logística da empresa mais enxuta de acordo com as condições dela para executar as
atividades. Nas imagens abaixo irá ser demonstrado em um exemplo simplificado
como o corre o funcionamento do método Kanban para o controle de estoque de EPI’S
e uniformes para os colaboradores.
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EPI UNIFORME
EPI1 EPI2 EPI3 EPI4 EPIn... P M G GG

LEGENDA
Estoque cheio ou em nível satisfatório (Condições normais de operação)

Nível de solicitação de EPI ou Uniforme (Requer atenção)

Nível baixo de estoque de EPI ou Uniforme (Requer emergência)

Tabela 2: Painel ou quadro porta-Kanban

EPI: UNIFORME
Nº CA: FUNCIONÁRIO:
FUNCIONÁRIO: CARGO:
CARGO: OBRA:
OBRA: ENCARREGADO RESPONSÁVEL:
ENCARREGADO RESPONSÁVEL:

Imagem 1: Kanban de EPI Imagem 2: Kanban de Uniforme

Os cartões devem ser preenchidos sempre que for feita a solicitação de materiais,
além das documentações que são solicitadas para preenchimento na empresa, depois
devem ser colocados no porta Kanban, a medida que o porta Kanban for preenchido,
ao chegar no nível que requer atenção, deverá ser solicitado uma requisição de
material com toda demanda de EPI necessária para repor o estoque o quanto antes.

5. CONCLUSÃO

Quando se implementa o modelo kanban no ambiente de trabalho, podemos perceber

a sua ampla aplicação em várias áreas, inclusive na área de segurança do trabalho,
devemos levar em consideração que toda metodologia de melhoria continua que
possa otimizar o nosso tempo em campo e melhorar a qualidade do trabalho é sempre
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bem aceita no ambiente de trabalho, com o kanban atendendo o conceito “Just in

time”, podemos perceber que uniformes e EPI’S podem ser entregues em suas
respectivas frentes de serviço no tempo certo, atendendo a demanda da tarefa e
auxiliando no melhor controle de materiais em campo, provendo mais segurança aos
colaboradores, permitindo requerer materiais em falta com antecedência, com
melhores condições de preço, buscando melhorar a logística interna combatendo
diversos gargalos no cronograma, desde obras de pequeno porte até grandes obras,
mostrando que com simples mudanças de baixo custo porém podendo trazer um alto
benefício quando implantadas com êxito no ambiente de trabalho.

REFERÊNCIAS

LIBERATO, Daniel Rosa. SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA

SUGESTÃO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO KANBAN NA CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO EM
GOVERNADOR VALADARES/MG. Governador Valadares – MG, 2018.

Norma Regulamentadora 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI. Disponível em:

https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-06.pdf.
Acesso em: 16 nov. 2020.

Norma Regulamentadora 18 - CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA

INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Disponível em:
https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-18-atualizada-2020.pdf. Acesso
em: 16 nov. 2020.

CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA

PREVENÇÃO DA CONSTRUÇÃO PREVENÇÃO E INOVAÇÃO. Brasília, 2019.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. SINAPI CÁLCULOS E PARÂMETROS. 1ª Ed, Brasília, 2019.