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Eng.

Arilson Bastos

Instrumentação Eletrônica
Analógica e Digital
Para Telecomunicações

3ª Edição – Atualizada e Revisada

Rio de Janeiro – RJ
2013
Instrumentação Eletrônica Analógica
e Digital
Para Telecomunicações

Autor: Eng. Arilson Bastos

Capa: André Luiz Santos


Editoração Eletrônica: Evandro C. F. Lanzillota
Revisão Técnica: Eng. José Octávio Guimarães (UGF, UERJ)
Designer Gráfico: Monica Loisse

ISBN 85-902135-2-8

Copyright 2013 by Arilson Bastos

Esta publicação tem seu conteúdo protegido pelas


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autorais.
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processados na forma da lei.
Este livro foi registrado na Fundação Biblioteca Nacional .
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que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de
exploração ou ainda de imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais
nomes apenas para fins editoriais e declara estar utilizando parte de alguns
circuitos eletrônicos os quais foram levantados em pesquisas de laboratório e
literaturas já editadas e expostas ao comércio livre editorial, exclusivamente
para fins didáticos, em benefício exclusivo do detentor da marca registrada,
sem intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e
direitos autorais.

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos aos meus amigos, também docentes,


que contribuíram de uma forma ou de outra, como revisões técnicas, pesquisas
bibliográficas, normas, editoração, sugestões, etc.

Eng. Prof. Dr. Gilson Alves de Alencar (UFF, UGF);


Eng. Prof. MsC. José Octávio Guimarães (UERJ, UGF);
Analista Sist. Addson Bastos;
Bibliotecária Sandra Soren (CTEx);
Eng. Evandro C. F. Lanzillota;
Dr. Joon H. Park (Diretor da Minipa Indústria e Comércio Ltda).

OUTRAS OBRAS DO AUTOR

O autor esceveu 21 livros na área Eletro-Eletrônica que poderão ser adquiridos


através do site :www.litec.com.br; dentre eles podemos citar:

Eletrônica Básica e Eletricidade Aplicada


Manutenção de Notebooks
Manutenção de Televisão LCD e Led
Manutenção de Fontes Chaveadas
Osciloscópio Técnicas de Utilização
Televisão Digital
Manutenção de Mini-System
Manutenção de DVD e Blu-Ray
Video Games Manutenção
Manutenção de Monitores LCD
ii Instrumentação Eletrônica

PREFÁCIO da Terceira Edição

O estudo dos processos de medição está diretamente relacionado, ao


curso de Medidas Elétricas. O estudo dos equipamentos que realizam essas
medidas está relacionado ao Curso de Instrumentação Elétrica ou Eletrônica.
A importância conjuntural das medidas elétricas e eletrônica está se
tornando cada vez maior com a tecnologia em pleno desenvolvimento. Os
circuitos elétricos e eletrônicos cada vez mais sofisticados, e a complexidade
dos projetos faz com que haja maior dependência da precisão e exatidão dos
equipamentos de medição.
Tendo em vista o exposto, um aluno que estuda eletricidade ou
eletrônica tem necessidade premente de buscar a informação detalhada,
concisa e precisa sobre o assunto.
A educação técnica no Brasil necessita introduzir tópicos com
desenvolvimentos de última geração para a sua atualização; porém, nunca
poderá se abster da disciplina Medidas Elétricas, que entendemos ser de
fundamental importância para o estudo básico a que se propõe uma
Universidade ou um curso técnico. Não podemos deixar de enfatizar a disciplina
Instrumentação Eletrônica, visto que a mesma se completa com a de Medidas
Elétricas, pois sabemos todos que, neste avanço tecnológico, os equipamentos
de medida usam as tecnologias Analógica e Digital. Esse é o objetivo deste
compêndio.
O conhecimento de tais assuntos é importante, tanto pela necessidade
de se aproximar de um valor verdadeiro de uma medida, como também em se
poder discriminar, selecionar, e entender os parâmetros técnicos, seja em
características dos equipamentos de medidas, eletrônicos ou não,
apresentados em catálogos fornecidos normalmente pelos fabricantes, em
futuras aquisições para uma empresa ou para fins particulares.
Dessa forma, apresentamos, no escopo deste livro, assuntos
relevantes para a obtenção deste objetivo, que é o detalhamento de
equipamentos de medida, como também o funcionamento básico, projetos
teóricos e práticos de instrumentação eletrônica.
A seleção de material didático para um livro texto é extremamente difícil
visto que o mesmo se propõe a atender a um público da Área Tecnológica
como a dos cursos de Engenharia Eletrotécnica, Eletrônica e de
Telecomunicações. Neste contexto, deve-se incluir também os cursos Técnicos
e de Tecnólogos.
Para fazer da nossa proposta uma verdade, selecionamos os assuntos
cuidadosamente, sem utilizarmos daquelas expressões matemáticas de grande
complexidade que assustam os alunos.
A característica deste livro, é a sua teoria básica, fundamental,
moderna, podendo-se até afirmar que este compêndio é o estudo essencial que
o ensino da área tecnológica precisa na atualidade. Em alguns capítulos
exercícios foram desenvolvidos para oferecer uma melhor compreensão e uma
fixação maior do assunto estudado.
Eng. Arilson Bastos iii

No primeiro e segundo capítulos, dissertamos sobre a teoria dos erros


e Normas Técnicas, respectivamente, que na realidade é uma pequena revisão
visto que, para serviços de laboratório de precisão, um estudo mais profundo e
específico deverá ser realizado em bibliografias especializadas.
Nos capítulos 3 à 10, dissertamos sobre os instrumentos analógicos,
que ainda são bastante utilizados no Brasil, como também o estudo do decibel.
A partir do capítulo 11 veremos então o estudo da Instrumentação
Digital, que inicia com uma pequena revisão sobre Eletrônica Digital, abordando
portas lógicas, conversores A/D e conversores D/A enfatizando os seus
diagramas de blocos, modos de funcionamento, características principais de
equipamentos de medidas utilizados em telecomunicações.
Com a autorização da MINIPA Instrumentos Eletrônicos, foram
divulgados catálogos contendo fotos, diagramas, por ela gentilmente
fornecidos, podendo desta forma, complementar os assuntos ministrados.
Acreditamos que com este material, podemos estar atendendo não só
estudantes, como também aos profissionais da área que carecem de literatura
técnica especializada nacional, que tenha uma base teórica simplificada e
objetiva, totalmente direcionada as necessidades atuais.
Enfatizamos os assuntos da atualidade como: Medidor de fibras ópticas
(OTDR), medidor de ondas estacionárias (R.O.E.), analisador de espectro,
osciloscópio digital e etc.
Nesta terceira edição, apresentamos mais alguns assuntos que
achamos relevantes, tais como:
O estudo do PT100 (sensor de temperatura) e como realizar medidas
de aterramento, resistividade (Megger),resistência de isolamento
(Megômetro),medidores de energia etc.
Esta obra é mais uma tentativa de atingir esses objetivos, procurando
orientar e apresentar informações atualizadas.

O AUTOR.

DIREITOS AUTORAIS

Todos os direitos sobre esta obra estão reservados para o autor do


livro. Texto registrado na Biblioteca Nacional. Nenhuma parte deste livro poderá
ser reproduzida, transmitida ou gravada, por qualquer meio eletrônico,
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização por escrito do autor.
iv Instrumentação Eletrônica

INFORMAÇÕES

• As fotos ilustrativas e as especificações estão sujeitas a alterações sem


aviso prévio.
• Os instrumentos e as fotos são dos direitos reservados à MINIPA Indústria
e Comércio Ltda.
• Os softwares mencionados neste livro são de direitos respectivos de cada
empresa.

O ENSINO É DESTINADO A QUEM SE PERMITE APRENDER.

DEDICATÓRIA

Este livro é dedicado ao meu pequeno


notável VICTOR HUGO, meu neto, pela força
espiritual expontânea a partir do seu nascimento.
Eng. Arilson Bastos v

ÍNDICE

PREFÁCIO .............................................................................................................. ii
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ x

CAPÍTULO 1:
FUNDAMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS

1.1 - Introdução ....................................................................................................... 1


1.2 - A Natureza dos Erros ...................................................................................... 1
1.3 - Definições ........................................................................................................ 3
1.4 - Redução dos Erros de Primeira Ordem .......................................................... 4
1.5 - Algarismos Significativos ................................................................................. 5
1.6 - Classe dos Instrumentos de Medida ............................................................... 6
1.7 - A Estatística nos Trabalhos Experimentais ..................................................... 7

CAPÍTULO 2:
NORMAS TÉCNICAS

2.1 - Introdução ....................................................................................................... 12


2.2 - Normalização .................................................................................................. 12
2.3 - Certificação ..................................................................................................... 14
2.4 - ABNT como Organismo de Certificação .......................................................... 14
2.5 - As Normas Básicas ......................................................................................... 14
2.6 - Algumas Normas ISO Complementares ......................................................... 15
2.7 - A Nova Estrutura das Normas da Família ISO 9000 ....................................... 15
2.8 - Banco de Normas Técnicas Nacionais e Estrangeiras ................................... 15
2.9 - Calibração ....................................................................................................... 16
2.10 – Resumo ........................................................................................................ 17
2.11 – Resumo da NR-10 ........................................................................................ 18
CAPÍTULO 3:
INSTRUMENTOS DE MEDIDA ANALÓGICOS

3.1 - Introdução ....................................................................................................... 20


3.2 - Características Principais ................................................................................ 20
3.3 - Instrumentos de Medida .................................................................................. 20
3.4 - Medidor de Bobina Móvel ................................................................................ 21
3.5 - Parâmetros Básicos ........................................................................................ 23
3.6 - Efeito de Carga dos Instrumentos ................................................................... 24
3.7 - Sensibilidade em Ohms por Volt (Ω/V) ............................................................ 25
3.8 - Resistência Interna de um Voltímetro ............................................................. 26
3.9 - Suspensão do Conjugado Motor ..................................................................... 27
3.10 - Símbolos Encontrados nos Instrumentos Analógicos ................................... 27
3.11 - Símbolos Encontrados nos Mostradores dos Instrumentos Elétricos
de Medição .................................................................................................... 28
vi Instrumentação Eletrônica

CAPÍTULO 4:
AMPERÍMETRO DC

4.1 - Introdução ...................................................................................................... 29


4.2 - Circuitos Práticos de Amperímetros ............................................................... 32
4.3 - Circuito Universal, Ayrton ou Série ............................................................... 34

CAPÍTULO 5:
VOLTÍMETRO DC

5.1 - Introdução ....................................................................................................... 35


5.2 - Sistema de Resistências Multiplicadoras Individuais ...................................... 36
5.3 - Sistema Série Universal .................................................................................. 37

CAPÍTULO 6:
VOLTÍMETRO AC

6.1 - Medições de Corrente Alternada com Instrumento de Bobina Móvel ............. 39


6.2 - Escala Linear .................................................................................................. 40
6.3 - Voltímetro de Tensão Alternada ..................................................................... 40
6.4 - Características de um Diodo Semicondutor ................................................... 41
6.5 - Circuito Comercial Empregado em Voltímetros AC ........................................ 45
6.6 - Circuito de Proteção do Galvanômetro ........................................................... 46
6.7 - Voltímetro para Medida de Tensão Pico a Pico .............................................. 47
6.8 - Medidor True RMS .......................................................................................... 47
6.9 - Valor Eficaz Verdadeiro, Valor RMS ............................................................... 47
6.10 - Análise de uma Onda Senoidal não Pura RMS ............................................ 49
6.11 - Analisador de Redes Eletricas ..................................................................... 53
6.12 - Transformador de Corrente e Potencial ....................................................... 55

CAPÍTULO 7:
OHMÍMETRO

7.1 - Introdução ....................................................................................................... 57


7.2 - Ohmímetro do Tipo Série ................................................................................ 58
7.3 - Ohmímetro do Tipo Derivação (Paralelo) ........................................................ 59
7.4 - Parâmetros do Ohmímetro .............................................................................. 59
7.5 - Projeto de um Ohmímetro Série ..................................................................... 61

CAPÍTULO 8:
INSTRUMENTOS ANALÓGICOS CONVENCIONAIS

8.1 - Instrumentos Eletrodinâmicos ......................................................................... 64


8.2 - Wattímetros ..................................................................................................... 65
8.3 - Medidor de Quilowatt-Hora ............................................................................. 66
8.4 - Instrumentos de Ferro Móvel ........................................................................... 68
8.5 - Instrumentos Térmicos ................................................................................... 70
8.6 - Amperímetros Alicate ...................................................................................... 70
Eng. Arilson Bastos vii

8.7 - Instrumento de Medição Universal (Multímetro) ............................................. 73


8.8 - Medidas com o Multímetro .............................................................................. 74
8.9 - Conversor Tensão/Corrente ........................................................................... 76

CAPÍTULO 9:
PONTES DE IMPEDÂNCIAS

9.1 - Introdução ....................................................................................................... 78


9.2 - Parâmetros D e Q ........................................................................................... 78
9.3 - Pontes de Impedâncias .................................................................................. 79
9.4 - Pontes Alimentadas com Tensão Contínua .................................................... 79
9.5 - Pontes Alimentadas com Tensão Alternada ................................................... 81
9.6 - Pontes Universais de Medidas Utilizadas em Telecomunicações .................. 84
9.7 - Ponte de Wheatstone ..................................................................................... 85
9.8 – Sistemas de aterramento industrial............................................................... 86
9.9 - Medidor de Baixa Isolação .............................................................................. 87
9.10 - Método de Localização Direta e Método de Fixação do Defeito ................... 88
9.11 - Medição de Resistência de Isolamento à Terra ............................................ 89
9.12 - Medidor de Resistência de Terra (Terrômetro - Megger) .............................. 89
9.13 - Aterramento .................................................................................................. 90
9.14 - Processo de Medição de Resistência de Terra ............................................ 91
9.15 - Eletrodos de Aterramento ............................................................................. 82
9.16 - Processo Analógico ...................................................................................... 93
9.17 - Processo Digital ........................................................................................... 93
9.18 - Medida de Resistividade .............................................................................. 95
9.19 - Alicate Terrômetro ........................................................................................ 96
9.20 - Como Medir com Megômetro .................................................................... 98

CAPÍTULO 10:
ESTUDO DO DECIBEL

10.1 - O Decibel (dB) ............................................................................................... 100

CAPÍTULO 11:
INSTRUMENTAÇÃO DIGITAL

11.1 - Revisão de Eletrônica Digital ........................................................................ 107


11.2 - Revisão de Amplificadores Operacionais ..................................................... 110
11.3 - Instrumentação Analógica e Digital .............................................................. 113
11.4 - Princípios de Conversão Analógica / Digital ................................................. 115
11.5 - Conversor A/D .............................................................................................. 116
11.6 - Conversor D/A .............................................................................................. 124
11.7 - Sample and Hold .......................................................................................... 127
11.8 - Diagrama de Blocos de um Medidor Digital (DVM) (Digital 128
Voltmeter) ......................................................................................................
11.9 - Multímetro Digital .......................................................................................... 130
11.10 - Geração de Sinais ...................................................................................... 136
11.11 - Circuito PLL ................................................................................................ 139
viii Instrumentação Eletrônica

CAPÍTULO 12:
OSCILOSCÓPIOS

12.1 - Introdução ..................................................................................................... 141


12.2 - Osciloscópio Analógico ................................................................................. 142
12.3 - Tubo de Raios Catódicos .............................................................................. 143
12.4 - Tipos de Osciloscópios Analógicos ............................................................... 146
12.5 - Funcionamento Básico do Osciloscópio Duplo Traço ................................... 146
12.6 - Formas de Ondas .......................................................................................... 149
12.7 - Amplitude ...................................................................................................... 149
12.8 - Freqüência .................................................................................................... 150
12.9 - Operação de um Osciloscópio Analógico ...................................................... 152
12.10 - Entrada e Conexões do Osciloscópio ......................................................... 154
12.11 - Controle da Fonte de Alimentação .............................................................. 154
12.12 - Controles de Ajuste do Traço ou Ponto na Tela .......................................... 154
12.13 - Controles e Entrada de Atuação Vertical .................................................... 155
12.14 - Controles de Atuação Horizontal ................................................................. 155
12.15 - Controles e Entrada de Sincronismo ........................................................... 155
12.16 - Pontas de Prova .......................................................................................... 156
12.17 - Compensando a Ponta ................................................................................ 157
12.18 - Medidas de Tensão .................................................................................... 158
12.19 - Medidas de Freqüência ............................................................................... 159
12.20 - Visualizações das Telas e seus Respectivos Controles ............................. 160

CAPÍTULO 13:
OSCILOSCÓPIO DIGITAL

13.1 - Introdução ................................................................................................ 164


13.2 - Funcionamento do Osciloscópio Digital ................................................... 164
13.3 - Métodos de Amostragem ......................................................................... 166
13.4 - Amostragem em Tempo Real com Interpolação ....................................... 166
13.5 - Amostragem em Tempo Equivalente ........................................................ 167
13.6 - Características mais Importantes dos Osciloscópios Digitais ................... 167

CAPÍTULO 14:
ANÁLISE DE SINAIS

14.1 - Analisador de Espectro ................................................................................. 169


14.2 - Princípios Básicos de Operação ................................................................... 170
14.3 - Funções dos Controles do Painel ................................................................. 171
14.4 - Principais Características .............................................................................. 171
14.5 - Analisador F.F.T. (Fast Fourier Transform) ................................................... 173
14.6 - Analisador Superheterodino (Conversor) ……………………..................…… 173
14.7 - Aplicações do Analisador Espectral ............................................................. 173
14.8 - Medição da Razão de Ondas Estacionárias ................................................. 174
14.9 - Razão de Voltagem da Onda Estacionária (VSWR) ..................................... 174
14.10 - Razão de Onda Estacionária ...................................................................... 175
14.11 - Impedância Característica (Z0) ................................................................... 176
14.12 - Rendimento de um Sistema em Função da R.O.E. .................................... 176
14.13 - Medidor R.O. E. .......................................................................................... 177
Eng. Arilson Bastos ix

14.14 - Medidor de Onda Estacionária e Wattímetro de RF Bird Thruline............. 178


14.15 - Medidor de Intensidade de Campo ............................................................. 179

CAPÍTULO 15:
TRANSDUTORES E SENSORES

15.1 - Introdução ..................................................................................................... 180


15.2 - Par Termoelétrico e PT100 ........................................................................... 182
15.3 - Sensores ....................................................................................................... 186
15.4 - Sensor de Proximidade, Indutivo e Capacitivo .............................................. 187
15.5 - Introdução à Medição Eletrônica de Pressão ............................................... 192

CAPÍTULO 16:
PROCESSAMENTO DIGITAIS DE SINAIS

16.1 - Filtros Digitais ................................................................................................ 196


16.2 - Interface GPIB, RS485 e RS232 .................................................................. 199

CAPÍTULO 17:
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE FIBRAS ÓPTICAS

17.1 - Introdução ..................................................................................................... 201


17.2 - Vantagens das Fibras Ópticas sobre Sistemas de Telecomunicações
Convencionais ............................................................................................... 202
17.3 - Aplicações de Fibras Ópticas em Sistemas de Comunicações .................... 202
17.4 - Constituição da Fibra Óptica ......................................................................... 203
17.5 - Tipos de Fibras Ópticas ................................................................................ 203
17.6 - Atenuação nos Cabos Ópticos ...................................................................... 205
17.7 - Comprimentos de Ondas Operacionais ........................................................ 205
17.8 - Objetivo das Medições.................................................................................. 205
17.9 - Tipos de Medições ........................................................................................ 206
17.10 - Atenuação ................................................................................................... 206
17.11 - Medição por OTDR ...................................................................................... 209
17.12 - Analisadores de Fibras Ópticas .................................................................. 211
17.13 - Aferição ....................................................................................................... 212

CAPÍTULO 18:
INSTRUMENTOS ELETRÔNICOS
UTILIZADOS EM TELECOMUNICAÇÕES

18.1 - Instrumentos Analógicos e Digitais ............................................................... 213

CAPÍTULO 19:
INSTRUMENTAÇÃO ELETRÔNICA VIRTUAL

19.1 - Introdução e Função de Cada Instrumento ................................................... 217

Bibliografia ......................................................................................................... 221


Introdução

A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE UNIDADES

O primeiro sistema de unidades, o pioneiro, foi proposto por Gauss em 1832 e


aceito internacionalmente, baseado no centímetro, grama e segundo; sendo assim
denominado o sistema CGS.
Como os números deste sistema tornaram-se grandes, surgiu então a
necessidade de se implantar o sistema MKS, aprovado somente em 1960, pela 11ª
Conferência Internacional de Pesos e Medidas.
Com a evolução tecnológica, surgiu a necessidade de uma outra mudança de
sistema, surgiu assim o SI, que é o Sistema Internacional de Unidades o qual na
realidade é uma adaptação do MKS. O SI é o fundamento da metrologia moderna.
As unidades principais da eletricidade, foram definidas como padrão, como
descritas abaixo:
1 Ohm corresponde a uma resistência de uma coluna de mercúrio com 106,3
cm de comprimento, 14,4521 g de peso a 10º C.
1 Volt corresponde a diferença de potencial entre dois pontos em um condutor
que dissipa 1 Watt, quando circula uma corrente de 1 Ampére o qual é igual a 1
Coulomb/s.
Com relação a potência, fica definido como valores standard, 1
CV ≅ 736 Watts e 1 HP ≅ 746 Watts.
Com a nova tecnologia óptica, foi exigida unidades para medição da luz.
As unidades criadas a partir de 1960 foram: Candela, o Lúmen e o Lúx, assim
definidas:

Candela: é a unidade de intensidade luminosa, em uma direção de uma radiação


monocromática.
Lúmen: é a unidade que avalia o fluxo luminoso emitido por uma fonte puntiforme de 1
candela.
2
Lúx: é a unidade de iluminação de uma superfície plana de 1 m por um fluxo luminoso
de 1 lúmen.

O Sistema Internacional de unidades (SI), consiste de 28 unidades. Sendo


7 unidades de base, 2 unidades derivadas admensionais e 19 unidades derivadas.
As unidades de base formam os parâmetros para todas as demais unidades,
as unidades de base são: metro, quilograma, segundo, ampère, kelvin, candela e mol.
UNIDADES LEGAIS NO BRASIL

As unidades legais no Brasil foram definidas através das unidades bases, com
o critério padrão de unidade de medida.
Entendemos como uma unidade de medida, como uma grandeza definida e
aceita por convenção e com ela podemos comparar outras grandezas da mesma
natureza quanto às suas magnitudes.
Eng. Arilson Bastos xi

UNIDADE SÍMBOLO
Metro m Comprimento
Metro Quadrado m2 Área
Metro Cúbico m3 Volume
Quilograma Kg Massa
Grama g Massa
Litro l ou L Volume ou Capacidade
Mililitro ml ou mL Volume ou Capacidade
Quilômetro Km Comprimento (Distância)
Quilometro por Hora Km/h Velocidade
Hora h Tempo
Minuto min Tempo
Segundo s Tempo
Grau Celsius ºC Temperatura
Kelvin K Temperatura Termodinâmica
Hertz Hz Freqüência
Newton N Força
Pascal Pa Pressão
Watt W Potência
Ampére A Intensidade de Corrente Elétrica
Volt V Tensão Elétrica
Candela cd Intensidade Luminosa

FORMAÇÃO DOS MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS


DAS UNIDADES DE MEDIDA
MEDIANTE O EMPREGO DOS “PREFIXOS SI”

PREFIXO A SER SÍMBOLO A SER FATOR PELO QUAL


ANTEPOSTO AO ANTEPOSTO AO É MULTIPLICADO
NOME DA UNIDADE DA UNIDADE A UNIDADE
Exa E 1.000.000.000.000.000.000 ou 1018
Peta P 1.000.000.000.000.000 ou 1015
Tera T 1.000.000.000.000 ou 1012
Giga G 1.000.000.000 ou 109
Mega M 1.000.000 ou 106
Quilo K 1.000 ou 103
Hecto h 100 ou 102
Deca da 10
Deci d 0,1 ou 10-1
Centi c 0,01 ou 10-2
Mili m 0,001 ou 10-3
Micro 0,000001 ou 10-6
Nano n 0,000000001 ou 10-9
Pico p 0,000000000001 ou 10-12
Femto f 0,000000000000001 ou 10-15
Atto a 0,000000000000000001 ou 10-18
OBS.: As grafias Fento e Ato são admitidas em obras sem caráter técnico.

Exemplo de aplicação dos múltiplos e submúltiplos:

0,000003 seg = 3 × 10−6 seg = 3 µseg


9.000.000.000 m = 9 × 10 9 m = 9 Gm
105.000.000 Hz = 105 × 10 6 Hz = 105 MHz
xii Introdução

INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

Os processos industriais exigem o controle e fabricação de seus produtos.

É necessário controlar e manter constantes algumas variáveis, como: Pressão,


vazão, temperatura, nível, PH, velocidade, umidade, etc.

Os Instrumentos de medição e controle permitem manter constantes as


variáveis do processo para atender o projeto.

Antigamente usava-se manualmente este controle com instrumentos simples


como: manômetro, termômetro, válvulas, etc.

Hoje com a demanda muito alta em capacidade de produção, exige-se a


automatização.

As transformações tecnológicas surgiram na sequência:

Controle manual; controle mecânico e hidráulico; controle peneumático,


controle elétrico, controle eletrônico analógico, e por último digital.

Os processos industriais se dividem em dois tipos;

Processo contínuo e descontínuo (ambos mantêm as variáveis próximas aos


valores desejados).

O sistema de controle que permite fazer isto, é aquele que compara o valor da
variável do processo com o valor desejado e torna a atitude de correção de acordo com
desvio existente, sem a intervenção do operador.

Para que possa realizar esta comparação há necessidade, que se tenha uma
unidade de medida padrão, uma unidade de controle e um elemento final de controle
de processo. (Malha de controle fachada, ver Fig. 01).

IN OUT

Fig. 01

Este conjunto de unidades pode ser também malha de controle aberta. (Ver
Fig. 02).
Eng. Arilson Bastos xiii

IN OUT

Fig. 02

Os instrumentos de controle utilizados em industria de processos têm a sua


própria termologia. Este termos utilizados definem as suas características próprias de
medida e controle dos diversos instrumentos como:

Indicadores, registradores, controladores, transmissores e vávulas de controle.

ALGUNS EXEMPLOS:

Faixa de Medida (RANGE): 0 a 20 psi

Alcance (SPAN): 0 a 10 V; 10 MHz a 100 MHz – span = 90 MHz

Erro: É a diferença entre o valor lido e o valor real

Exatidão: É a aptidão de um instrumento de medição para fornecer respostas próximas


a um valor verdadeiro.

Angeabilidade (Largura de Faixa): 1 KHz a 10 KHz = 9 KHz

Histerese: É o erro máximo apresentado pelo instrumento para um mesmo valor em


qualquer ponto da faixa de trabalho, quando a variável percorre toda a escala nos dois
sentidos, ascendente e descendente.

Repetibilidade: É a máxima diferença entre as diversas medidas de um mesmo valor


da variável, adotando sempre o mesmo sentido de variação.

Rastreabilidade: É a propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um


padrão estar relacionado a referências estabelecidas.

Instrumento: É o dispositivo para determinação do valor de uma grandeza ou de uma


variável.

Metrologia: É a ciência das medições, que assegura a exatidão nos processos


produtivos.
xiv Introdução
FUNDAMENTOS

1 DE
MEDIDAS ELÉTRICAS

1.1 - Introdução

Em qualquer trabalho prático de laboratório, são realizadas inúmeras medidas


sobre um dado sistema. O resultado numérico dessas medidas deve ser tal que esteja
dentro de uma exatidão que nos dê confiança daquilo que foi realizado.
A indicação do erro, ou desvio que afeta uma medida é uma indicação da
qualidade da mesma, não importando a unidade ou quantidade. Por exemplo, a
-6
indicação do erro de uma massa de 10 Kg a indicação de uma tensão de 1,0 V, ou
-5
uma corrente de 10 A, pode ser mais importante do que o erro o qual afeta uma
3
medida de uma potência de 25 mW ou uma massa de 10 Kg.
Os erros ou desvios sempre representam um resultado discutível, e por esse
motivo não tem sentido a representação dos mesmos, com mais de dois algarismos
significativos. Assim, os infinitésimos da segunda ordem serão abandonados, isto é, o
quadrado do erro é desprezado em presença do próprio erro, determinando-se apenas
os estimados da primeira ordem.

1.2 - A Natureza dos Erros

Podemos classificar os erros em três grandes grupos:

Grosseiros (ou Pessoais): São causados pelo descuido ou por falta de habilidade do
elemento que está medindo. Como exemplo, poderíamos citar:

Leituras erradas - Troca de algarismos na leitura.


Emprego inadequado de constantes das escalas dos instrumentos.
Ligações erradas.
Erros de paralaxe.

Como vemos esta classe de erros cobre a maior parte dos enganos ocorridos
nas leituras e nos registros de dados. Como exemplo podemos citar o seguinte fato.

Um observador lê uma tensão de 19,2 V e registra 12,9 V. Assim, só com um


grande cuidado pode se evitar que esses erros apareçam na folha de registro.

Sistemáticos: São os que aparecem em uma série de medidas com uma certa
constância e um sentido determinado. Abrangem os erros de construção ou aferição,
2 Capítulo 1 - Fundamentos de Medidas Elétricas

que é dado pela qualidade do material empregado, os erros de imperfeição do


observador e os da imperfeição dos métodos de medida. Como vemos, para cada caso
deve haver um estudo detalhado do instrumento, do observador e do método de
medida, com o que os mesmos não poderão ser corrigidos, ou muito menos evitados.

Podemos dividi-los em três classes principais:

Instrumental
Ambiental
Observação

Instrumental:

Devido a ineficácia do instrumento: Todos os instrumentos e padrões, possuem


exatidões de qualquer espécie, conforme características dadas pelo fabricante. Há
sempre uma tolerância proveniente da calibração e inexatidões adicionais que
ocorrem devido ao decurso do tempo e ao uso. Como exemplo, vamos supor que
as medições de comprimento fossem feitas com uma régua na qual, um pequeno
pedaço, junto a uma das extremidades tenha sido cortado: consequentemente,
todas medidas feitas com esta régua, estarão sistematicamente afetadas de um
valor constante.
Devido ao mal trato ou a efeitos de sobrecarga dos instrumentos: Podemos dizer
com uma grande convicção que os erros nas medições, são originados muito mais
vezes pelo operador do que pelo próprio instrumento. Um bom instrumento usado
de maneira errada pode gerar medidas bem falsas. Esses erros podem ser
originados de pequenas coisas, tais como: O ajuste incorreto do zero em uma
ponte ou em um instrumento indicador; o uso de fios de resistências muito altas
para as medições executadas. Uma má regulagem inicial.
Os deslizes mencionados acima são apenas de natureza a dar resultados
errados momentâneos, porém não permanentes prejudiciais. Existem ocasiões em
que a falta de cuidado ou o uso inadequado do instrumento pode danificá-los
permanentemente, devido aos efeitos de sobrecarga e super aquecimento.
Os instrumentos indicadores interagem com o circuito em que está sendo
feita a medida, por exemplo uma outra fonte de erro, também devido ao operador, e
não ao instrumento, está nos efeitos da carga destes. Se um voltímetro, bem
calibrado, for ligado a dois pontos de um circuito de alta resistência, fatalmente
dará uma leitura errada. Como vemos para um bom planejamento das medições
de um sistema qualquer, o usuário deve levar em consideração o efeito que o
mesmo tem sobre o sistema.

Ambiental: Os instrumentos de medição interagem com o meio, isto incluindo qualquer


condição na região em volta da área de ensaio, que tenha um efeito na medida.
Sabemos que a temperatura afeta as propriedades dos materiais de formas
adversas, tal como: Dimensões; Elasticidade e outras mais, e essa é uma fonte comum
de erro. Outras fontes de erro são: Umidade; Vibração; Campos magnéticos espúrios;
Composição do ar ambiente, etc.

OBS.: Foi comprovado que se várias pessoas diferentes, usando uma mesma
aparelhagem, para um mesmo conjunto de medição, não duplicam
necessariamente os resultados. Um dado observador pode ter a peculiaridade
de errar para leituras mais altas ou mais baixas que o correto, isto certamente
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 3

ao seu ângulo de leitura e falhas na eliminação da paralaxe. Existem pessoas


que lêem divisões fracionárias na escala (interpolação) de um voltímetro por
exemplo, sob condições cuidadosamente controladas com muito mais
facilidade que outras. Como vemos os erros de leitura podem ser causados
por limitações do olho que normalmente pode discernir 0,25 mm.

Aleatórios (ou Residuais): Aparecem por motivos indeterminados mesmo depois de


aplicadas as correções para os erros sistemáticos. São erros acidentais e de difícil
eliminação.
O estudo da distribuição e freqüência dos erros acidentais é feito com o auxílio
da teoria das probabilidades. Esse tipo de erro obedece a lei do acaso.

1.3 - Definições

Aferir: Comparar o instrumento com o padrão e determinar as correções a serem


aplicadas nas medidas do mesmo.
Calibrar: Ajustar um instrumento para indicar valores iguais ao de um instrumento
padrão ou dentro da margem de erro característico do instrumento.
Desvio: Erros aleatórios ou residuais.
Discrepância: Diferença entre duas informações.
Erro: Podemos afirmar, que é uma incerteza estimada.
Erro Absoluto: Erro de uma medida ou erro verdadeiro é a diferença entre o valor
verdadeiro conhecido (não o exato por ser desconhecido) e o valor obtido na medida.
X = X X’
onde
X = Erro absoluto
X = Valor verdadeiro conhecido
X’ = Valor medido.

O erro absoluto se manifesta por excesso ou por falta.


Se, X’ > X erro por excesso.
Se, X’ < X erro por falta.

Quando se faz uma medida direta confunde-se X com I (precisão do


instrumento) e o valor verdadeiro conhecido X, com a medida feita.

Resolução do Instrumento: Podemos dizer que é o menor incremento da sub-divisão


da escala.
Erro Relativo: É a relação entre o erro absoluto e o valor que ele afeta.

X
r
X
Só o erro absoluto não define a qualidade de uma medida; por exemplo, se
desejarmos medir um comprimento de 500 cm com uma vareta graduada cuja menor
divisão seja de 0,5 mm. O erro relativo será.
0,5/5.000 = 1/10.000. Se agora, com a mesma régua desejássemos medir um
comprimento de 5 cm, o erro relativo seria 0,5/50 = 1/100.
4 Capítulo 1 - Fundamentos de Medidas Elétricas

O erro absoluto nos dois casos foi o mesmo I = 0,5 mm (precisão do


instrumento), mas analisando fisicamente a lª medida é boa, porém a 2ª deixa muito a
desejar.

Uma boa prática para se calcular o erro relativo é considerar dois casos
principais:

1 caso - Quando se trata de uma medida direta.


2 caso - Quando se trata de uma grandeza, função de outras que serão medidas.

No primeiro caso, devemos agir da seguinte forma:

Quando é feita apenas uma única medida, confunde-se o erro absoluto AX com a
precisão do instrumento, e o valor verdadeiro conhecido X, com a medida realizada
X'.
I
r
X'
Quando são feitas uma série de medidas, considera-se o erro relativo como a
relação entre o maior resíduo e a média.

Resíduo: É a diferença entre cada medida feita e a sua média.

R1 = X'1 - M, sendo R1 = Resíduo.


X’1 = Medida executada.
M = Média.

Limite do Erro: É o índice do erro máximo permissível em uma medida, onde todos os
fatores que afetam o erro global, atuam simultaneamente e no mesmo sentido.
Exatidão: Expressa o grau de concordância ou aproximação com o valor verdadeiro
conhecido (não o exato por ser desconhecido) da quantidade indicada. Uma medida
tem alta exatidão, quando é afetada por erros sistemáticos e aleatórios pequenos. A
indicação da exatidão é complicada porque envolve erros sistemáticos e aleatórios.
Precisão: É uma medida da incerteza atribuída a variações aleatórias que podem ser
tratadas por processos estatísticos. Expressa o grau da consistência e reprodutividade
de uma medida (nesse caso pode ser denominado desvio), ou ainda o grau de
resolução ou definição. Uma medida tem precisão elevada quando é afetada por erros
aleatórios de pequeno valor.
Correção: Tem o mesmo valor absoluto do erro, porém, de sinal contrário.

1.4 - Redução dos Erros de Primeira Ordem

Grosseiros: Podemos reduzir os erros pelo exame cuidadoso das constantes das
diversas escalas dos instrumentos e repetição das medidas, de preferência com
valores diferentes.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 5

Sistemáticos: Reduzimos pelo planejamento cuidadoso do método a ser empregado e


a escolha do instrumento adequado.

Pela determinação dos erros instrumentais e aplicação de fatores de correções.


Pela aferição ou calibração periódica do instrumento.

Aleatórios: Os erros aleatórios são chamados de desvios e o tratamento adequado dos


mesmos é feito pela aplicação da lei das probabilidades, uma vez que seguem esta lei
com uma precisão que aumenta com o número de observações e ocorrências.

Observação Importante:

O sentido do erro é desconhecido.


O valor exato é indeterminado.
Mesmo que em uma medida se obtenha o valor verdadeiro ou o exato, não
dispomos de meios para comprova-lo.

1.5 - Algarismos Significativos

A indicação do resultado de uma medida, deve ser feita empregando-se


unicamente o número de algarismos significativos confiáveis, com a indicação do erro
que afeta os mesmos.
Em suma: Algarismos significativos são aqueles que transmitem informações
reais a respeito do valor de uma grandeza.

Exemplo:

Encontramos como um valor de um resistor:


R = 8476 afetado por um erro de ± 1% (± 84 ).
3
Devemos indicar 8,48 K ± 1 % ou 8,48 x 10 ± 1%.
Aproximação:

Quando o algarismo a ser eliminado for superior a 5, o último algarismo mantido


deverá ser aproximado para um valor superior.

Exemplo:
47,8.... 48
44,6.... 45

Quando o algarismo a ser eliminado for o 5, deverá ser adotado um critério


permanente entre os dois.

a) Sempre apresentar resultados pares.


b) Sempre apresentar resultados impares.

Exemplo:
a) 47,5.... 48
44,5.... 44
6 Capítulo 1 - Fundamentos de Medidas Elétricas

b) 47,5.... 47
44,5.... 45

No cálculo logarítmico, não é necessário incluir na mantissa um maior número


de dígitos do que os algarismos significativos do antilogaritmico correspondente.
Exemplo: O logarítmo de 103,2 é dotado para ser 2,0137 em vez de 2,013679.

1.6 - Classe dos Instrumentos de Medida

1. Os fabricantes indicam a classe dos instrumentos de medida com um número,


como por exemplo: 1, 0,5, 2 etc, que representa o limite do erro de construção
percentual, que afeta a indicação do alcance, quando a escala é linear. Por
exemplo, um voltímetro de 0 - 150 V, classe 1, significa que qualquer indicação
nessa escala será afetada por um erro de ± 1,5 V, 1 %). Se o voltímetro indicar
30 V teremos um erro de 1,5 V ou 5 %).

Erro percentual = alcance x classe


indicação

2. Em alguns casos indicam dois erros:

a) Erro percentual
b) Erro absoluto.

Exemplo: ± 0,05% ou ± 2 mV
± 0,1 % ou ± 1 dígito.

Em tal caso, prevalece o maior erro que afeta determinada indicação.

3. Para alguns instrumentos, os fabricantes informam um erro percentual que afeta a


indicação, e um erro percentual que afeta o alcance. Este tipo de indicação dos
erros é usualmente empregado para instrumentos digitais de grande exatidão.

Exemplo:

Alcance = 100,00 V
Classe de Exatidão = ± (0,01% da indicação + 0,01% do alcance).
Medida = 20,00 V
Erro que afeta a medida.
± (0,002V + 0,01 V) = ± 0,06%

Nos instrumentos de elevado grau de exatidão, o fabricante indica o prazo de


validade da exatidão garantida.

Exemplo: Pilha padrão Weston.

Certificado de ± 0,005% válido por 1 ano.


Certificado de ± 0,01% válido por 2 anos.

Em um voltímetro digital, poderá ser especificado por exemplo, dessa forma:


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 7

Exatidão:

30 dias, 20° a 30° C ± (0,02% da indicação + 0,01% do alcance).


90 dias, 15° a 35° C ± (0,05% da indicação + 0,01% do alcance).

OBS.: Nos instrumentos digitais, o último dígito apresenta um resultado dúbio, sendo
afetado por um erro de 1 e nos instrumentos analógicos, o último algarismo
significativo é afetado pelo erro de leitura.

4. No instrumento analógico de zero central, a inscrição zero está entre os extremos


da escala, então a exatidão nominal é uma percentagem da soma aritmética dos
valores dos extremos da escala.

Exemplo:

Alcance 5, 0, +5 A classe 2. O erro que afeta qualquer indicação é de 0,2 A.

5. Em uma escala logarítmica a indicação pode ser afetada pelo mesmo erro
percentual em todo alcance do instrumento, isto é, o erro nominal é uma
percentagem da indicação, salvo contrária indicação do fabricante do instrumento.
6. Nos ohmímetros com alcance de zero a infinito, a classe do instrumento
corresponde ao erro percentual na indicação do centro geométrico da escala, ou
pode ser expresso como uma percentagem do comprimento da escala.
7. Em escalas não lineares, a classe do instrumento corresponde ao erro percentual
no trecho da escala, onde as divisões são iguais ou superiores a 2/3 do
comprimento que teriam se a escala fosse linear.
8. Nos frequencímetros a classe deve ser expressa como uma percentagem da
indicação.
9. Nos medidores de fator de potência, o grau de exatidão deve ser expresso como
um número puro de preferência como uma fração decimal.
10. A exatidão de uma medida de ângulo de fase, deve ser expressa em graus
elétricos.

1.7 - A Estatística nos Trabalhos Experimentais

Como sabemos, nenhuma medida é feita com total exatidão.


O estudo sobre os erros se faz necessário para a avaliação dos processos de
medida.
Um estudo dos erros é muito importante, seja para descobrir meios de reduzi-
los, ou seja como uma maneira de avaliar a confiabilidade do resultado final.
A estatística comprova que nenhuma medida é realizada com a perfeita
exatidão.
Faremos um resumo sobre algumas aplicações da estatística e sua
terminologia.
Quando se desejam medidas com boa precisão, efetuam-se uma série de
medidas e aplicam- e e re e o ida a ra do postulados de Gauss .
8 Capítulo 1 - Fundamentos de Medidas Elétricas

Fig. 1.1 - Curva de Gauss

Observando a Fig. 1.1, que é chamada de curva de Gauss, constata-se que os


menores desvios (erros) correspondem às maiores freqüências.

Os postulados de Gauss são assim definidos:

a) Sendo a curva simétrica, a probabilidade é de a mesma obter erros positivos e


negativos, na mesma proporção;
b) Os erros menores são mais freqüentes;
c) A curva é assintótica em relação ao eixo carteziano X;
d) A probabilidade de se cometer erros está entre e + que resulta em uma
unidade.

Os desvios são erros aleatórios ou residuais.

Na Fig. 1.2 podemos analisar o diagrama simplificado de distribuição de


freqüência.

Fig. 1.2 - Diagrama Simplificado de Distribuição de Freqüência.


Neste caso, se apresenta uma situação em que as relações produzem uma
inclinação da ponta para um dos lados; onde podemos marcar dois pontos distintos,
que são a média e a sua moda.
Definimos como a média, a incidência dos desvios na divisão da área
abrangente da curva de Gauss assimétrica.
Definimos como a moda, a incidência dos desvios na sua maior amplitude.
Do estudo da probabilidade e estatísticas, podemos tirar muitas aplicações em
erros de medidas, precisão, ou exatidão dos equipamentos de medida.
A partir daí exprimimos diversas fórmulas fundamentais para estas aplicações,
como seguem abaixo:

a) Erro relativo v;
e

b) Erro relativo percentual


v
% 100 ;
e
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 9

c) O valor verdadeiro Ve da grandeza poderá ser expresso por:

Vm - v Ve Vm + v

d) O valor mais provável X xi média matemática


n

e) Sendo que xi, é o valor da variável e n é o nº de ocorrências.

f) Os desvios xi X xi
g) Os desvios médio X xi
n
h) Desvio padrão
2
xi
2
xi X
S S S S2
n 1 n 1

Sendo que:
2
xi 12 22 32 ....... n 2 e ni X xi
e S2 é a variância.

O desvio padrão tem como objetivo indicar o erro médio quadrático das
medidas individuais calculadas sobre a média do universo.

2
xi X
i) Variância S2
n 1

A variância tem como objetivo, indicar uma medida isolada a qual desvia da
média do conjunto.

1.8 – Desempenho Dinâmico do Sistema

Classe do Instrumento:
É o limite de erro percentual de construção do instrumento dado pelo
fabricante, que afeta a extensão da escala (VOM) 1%, 2%, 3% etc.

Categoria do Instrumento:
É o limite de segurança do instrumento para diversas situações.
Podem ter categorias: I, II, III e IV.
A norma IEC 1010-1 especifica as categorias de sobretensões baseadas na
distância em que se localiza a fonte de energia.
10 Capítulo 1 - Fundamentos de Medidas Elétricas

Categoria I:
São os multímetros usados para medir tensões bem baixas, como sinais de
telecomunicações.

Categoria II:
São os multímetros usados para medir tensões em tomadas internas, que
alimentam eletromésticos, equipamentos eletrônicos de médio consumo.

Categoria III:
São os multímetros usados para medir tensões a níveis de distribuição elétrica
nos sistemas primários, operando no máximo até onde existe o transformador:

Categoria IV:
São os multímetros usados para trabalho em sistema de distribuição externa,
subterrâneos e painéis elétricos.

OBS: O que determina basicamente a qual categoria deve pertencer o


multímetro que um profissional utilizará é o grau de proximidade da central de
distribuição e as intensidades de corrente e tensão envolvidas. Veja as Figuras na
pagina seguinte.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 11
2 NORMAS TÉCNICAS

2.1 - Introdução

Normas são conjuntos de procedimentos, que afetam as características


básicas de um determinado instrumento e tem que ser criteriosamente atendidas,
conforme o padrão pré estabelecido.
Um instrumento de medida, analógico ou digital, deve seguir rigorozamente as
normas, pois sua comercialização só é possível se, somente se os fabricantes
especificarem nos seus manuais as normas atendidas.
Existem diversas normas, e como exemplo temos:
Equipamentos eletromédicos têm que atender a norma IEC 601.
Equipamentos militares têm que atender às normas MIL. (São equipamentos
que suportam desde -50º a 150º).
As normas do Brasil (NB) só valem no nosso território, mas são adaptações
das normas estrangeiras que atendem todos os produtos manufaturados no Brasil
como papel, automóvel, equipamentos eletroeletrônicos etc.
As normas estrangeiras mais atendidas são:
A norma alemã DIN (Deutches Institut für Normaltung);
As normas americanas ASA (American Standard Association), IEC
(International Electrotechnical Committee) e ISO (International Standard Organization).
Como exemplo, temos a ISO 9000, a qual todas as empresas no Brasil têm
que atender, pois rege o controle de qualidade dos produtos manufaturados.
A ISO (International Organization for Standardization) é uma federação
mundial, integrada por Organismos Nacionais de Normalização, contando com um
representante por país. É uma organização não governamental, estabelecida em 1947,
da qual a ABNT é membro fundador, contando atualmente com 132 membros, sendo
90 participantes, 33 correspondentes e 9 subscritos.

2.2 - Normalização
É a atividade que estabelece prescrições em relação a problemas existentes
ou potenciais, destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas a obtenção do
grau ótimo de ordem em um dado contexto.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 13

Os Objetivos da Normalização são:

Economia Proporcionar a redução da crescente


variedade de produtos e procedimentos.
Comunicação Proporcionar meios mais eficientes na
troca de informação entre o fabricante e o
cliente, melhorando a confiabilidade das
relações comerciais e de serviços.
Segurança Proteger a vida humana e a saúde.
Proteção do Consumidor Prover a sociedade de meios eficazes para
aferir a qualidade dos produtos.
Eliminação de Barreiras Técnicas e Evitar a existência de regulamentos
Comerciais conflitantes sobre produtos e serviços em
diferentes países, facilitando assim, o
intercâmbio comercial.

Na prática, a Normalização está presente na fabricação dos produtos, na


transferência de tecnologia, na melhoria da qualidade de vida através de normas
relativas a saúde, a segurança e a preservação do meio ambiente.

Fundada em 1940, a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - é


o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária
ao desenvolvimento tecnológico brasileiro.
É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum
Nacional de Normalização - ÚNICO - através da Resolução n 07 do CONMETRO, de
24.08.1992.
É membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da
COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação
Mercosul de Normalização).
A ABNT é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades
internacionais:

ISO - International Organization for IEC - International Electrotechnical


Standardization. Comission e das entidades de
normalização regional:

AMN - Associação Mercosul de


COPANT - Comissão Panamericana Normalização.
de Normas Técnicas.
14 Capítulo 2 - Normas Técnicas

2.3 - Certificação

É um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente


da relação comercial, com o objetivo de atestar publicamente por escrito, que
determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos
especificados. Estes requisitos podem ser: nacionais, estrangeiros ou internacionais.
As atividades de certificação podem envolver: Análise de documentação;
auditorias/inspeções na empresa; coleta e ensaios de produtos no mercado e/ou na
fábrica, com o objetivo de avaliar a conformidade e sua manutenção.
Não se pode pensar na certificação como uma ação isolada e pontual, mas
sim como um processo que se inicia com a conscientização da necessidade da
qualidade para a manutenção da competitividade e conseqüente permanência no
mercado, passando pela utilização de normas técnicas e pela difusão do conceito de
qualidade por todos os setores da empresa, abrangendo seus aspectos operacionais
internos e o relacionamento com a sociedade e o ambiente.
As Marcas e Certificados de Conformidade da ABNT são indispensáveis na
elevação do nível de qualidade dos produtos, serviços e sistemas de gestão. A
certificação melhora a imagem da empresa e facilita a decisão de compra para clientes
e consumidores.

2.4 - ABNT como Organismo de Certificação

A ABNT é um Organismo Nacional que oferece credibilidade internacional.


Todo o processo de certificação está estruturado em padrões internacionais, de acordo
com ISO/IEC Guia 62/1997, e as auditorias são realizadas atendendo às normas ISO
10011 e 14011, garantindo um processo reconhecido e seguro. A ABNT conta ainda
com um quadro de técnicos capacitados e treinados para realizar avaliações uniformes,
garantindo maior rapidez e confiança nos certificados.
A ABNT é uma entidade privada, independente e sem fins lucrativos, fundada
em 1940, que atua na área de certificação, atualizando-se constantemente e
desenvolvendo “know-how” próprio.

2.5 - As Normas Básicas

NORMA TÍTULO OBJETIVOS


Sistema de Gestão da Fornece uma compreensão
ISO 9000:2000 qualidade - Conceitos e fundamental do SGQ e apresenta o
Vocabulário. vocabulário pertinente.
Sistema de Gestão da Fornece os requisitos para as
ISO 9001:2000 Qualidade - Requisitos. organizações demonstrarem
capacidade de alcançar as exigências
dos clientes.
Sistema de Gestão da Fornece diretrizes (Boas Práticas) para
ISO 9004:2000 Qualidade - Diretrizes Gerais. o SGQ e a melhoria contínua dos
processos.
Diretrizes para Auditorias da Fornece as diretrizes para a realização
ISO 19011 qualidade e Meio Ambiente. de auditorias integradas de qualidade e
meio ambiente.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 15

2.6 - Algumas Normas ISO Complementares

NBR ISO 10005:1997 Diretrizes para Planos da Qualidade.


NBR ISO 10011-1:1993 Diretrizes para Auditorias de Sistemas da
Qualidade - Auditoria.
Diretrizes para Auditorias de Sistemas da
NBR ISO 10011-2:1993 Qualidade - Critérios para Qualificação de
Auditores de Sistemas da Qualidade.
Diretrizes para Auditorias de sistemas da
NBR ISO 10011-3:1993 Qualidade - Gestão de Programas de Auditorias.
NBR ISO 10012-1:1993 Sistemas de Comprovação Metrológica para
Equipamentos de Medição.
Garantia da Qualidade para Equipamento de
NBR ISO 10012-2:1999 Medição - Diretrizes para Controle de Processos
de Medição.
NBR ISO 10013:1995 Diretrizes para o Desenvolvimento de Manuais
da Qualidade.

2.7 - A Nova Estrutura das Normas da Família ISO 9000

COMO ESTAVA COMO ESTÁ


ISO 8402:1994 NBR ISO 9000:2000
ISO 9000-1 e 9000-2:1994
ISO 9001:1994
ISO 9002:1994 NBR ISO 9001:2000
ISO 9003:1994
ISO 9004-1:1994; 9004-2:1993 e NBR ISO 9004:2000
9004-3:1993
ISO 10011-1 / 2 / 3 NBR ISO 19011 (minuta)
ISO 14010 / 011 / 012

2.8 - Banco de Normas Técnicas Nacionais e


Estrangeiras

AATCC American Association of Textile Chemists and Colorists.


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas.
AFNOR Association Française de Normalisation.
AIA / NAS Aerospace Industries Association of América / National Aerospace Standards
Service.
AIIM Association for Information & Image Management.
ANSI American National Standards Institute.
ASME American Society of Mechanical Engineers.
ASNT American Society for Nondestructive Testing.
ASTM American Society for Testing and Materials.
ASQC American Society for Quality Control.
16 Capítulo 2 - Normas Técnicas

BSI British Standards Institution.


DEF STAN Defence Standards.
DIN Deutsches Institut für Normung
HOT SPECS A Weekly Update of the IHS Military Specifications Service.
IEC Internacional Electrotechnical Commission.
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers.
ISO International Organization for Standardization.
JIS Japanese Industrial Standards.
MIL Military Specifications and Standards Service.
NATO OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte.
NEB / T Normas Técnicas do Exército Brasileiro.
NEMA National Electrical Manufacturers Association.
SAE Society of Automotive Engineers, Inc.
UL Underwriters Laboratories Inc.

2.9 - Calibração

Em uma freqüência muito usada, os usuários de instrumentos não entendem


os motivos pelos quais um instrumento deve ser calibrado, nem avaliam o processo que
pode envolver l er li r o. do e s e e“ -9000 está cobrando
e o di or dese ver l er s o o er i i do de li r o”.
A qualidade da calibração aparentemente é o que menos importa; o critério é o
certificado pelo menor custo.
No entanto, a calibração é apenas um dos aspectos que o usuário deve
observar, ou seja, ela é o resultado de uma série de fatores que vai confirmar a
confiabilidade de qualquer equipamento e, em conseqüência, a qualidade da medida
quando inspecionado o produto.

O laboratório de calibração tem a obrigação de garantir:


lid de d s s s edi es
e se is e d lid de e i
r s re ilid de dos se s p dr es
e se pesso l o pen en e.

A norma ISO/IEC 17025 é um dos documentos que os laboratórios e indústrias utilizam


para compor seus manuais, instruções e procedimentos, como normas gerais de ação
da empresa.

Calibração e Ajuste
A calibração de um instrumento se faz necessário tanto para estabelecer a
correspondência entre a sua indicação com um valor padrão, quanto para determinar
as correções no processo de medição de uma grandeza.
Nem todo instrumento necessita de calibração, o bom senso deve prevalecer
sempre quando houver alguma dúvida, porém de modo geral devemos calibrar aqueles
equipamentos que são usados para controlar a qualidade do produto, sejam eles de
clientes, próprios, etc..
O laboratório que irá efetuar as calibrações deverá obedecer aos requisitos da
norma ISO/IEC 17025 particularmente quanto à rastreabilidade. Os ajustes efetuados
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 17

tem que ser registrados e o certificado acompanhado dos resultados antes do ajuste e
após o ajuste final.

Escolha do Equipamento de Medidas


A escolha do instrumento de medida para executar uma tarefa normalmente
não obedece a um critério, uma vez que o uso de determinado equipamento pode ser
i pos o pelo oper dor e “ ” o ins r en o de do. es os no ndo
preocupação crescente para melhorias e conscientização do pessoal, que há
necessidade

Como podemos escolher o equipamento correto?


Precisamos conhecer:
1 os dados nominais sobre a exatidão do seu instrumento, normalmente fornecidos
pelo fabricante do equipamento;
2 o erro aceitável que vai ser medido ou do processo Fabril;
3 o erro do seu instrumento de medidas;
4 a incerteza de medição do seu medidor.

A exatidão do instrumento não é suficiente para garantir a medida aceitável temos que
considerar outros fatores, como a resolução e, dependendo do processo, outros fatores
característicos do instrumento de medidas.

2.10 – Resumo:

As Normas Estrangeiras mais importantes são:

Norma Alemã ASA (American Standard Association)

IEC (International Electronical Comitee).

ISO (International Standard Organization)

IEEE (I3E) (Institute of Electrical and Electronics Engineers)

- Normalização Atividade que Estabelece prescrições de padronização de um


produto/serviços.

- Certificação Atividades realizadas por ONG, para atestar por escrito o estado do
material ou serviços.

- ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas (Responsável pela normalização


Técnica no Brasil).

- INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e qualidade. (Executa a


metrologia).
18 Capítulo 2 - Normas Técnicas

- Calibração Estabelece a relação com um valor padrão, e determina as correções a


serem realizadas.(substitui a aferição).

- Incerteza É o resultado de uma medida que mostra a dispersão de valores.

CERTIFICAÇÃO

- ISO 9000 Exige o certificado de calibração

- Confirma a confiabilidade / qualidade do instrumento

- Confirma que o Sistema é eficaz

- Confirma a rastreabilidade dos seus padrões

- Confirma a competência do pessoal técnico.

2.11 – Resumo da NR-10:

As Normas Regulamentadoras, também conhecidas como NRs, regulamentam e


fornecem orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e
medicina do trabalho no Brasil. São as Normas Regulamentadoras do Capítulo V. Título
II, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho, foram aprovadas pela portaria Nº 3.214, 08 de junho de 1978. São de
observância obrigatória por todas as empresas brasileiras regidas pela CLT.

São elaboradas e modificadas por comissões tripartites específicas compostas por


representantes do governo, empregadores e empregados.

A Portaria Nº 598 do TEM, que alterou a Norma Regulamentadora nº10, que é de 7 de


dezembro de 2004, mas que foi publicada no Diário Oficial da União no dia 8 de
dezembro de 2004, no seu Art. 4º determinou que esta Portaria entra em vigor na data
de sua publicação, portanto em 8 de dezembro de 2004. Com isto as obrigações
estabelecidas na nova NR-10 são de cumprimento imediato, a partir de 8 de dezembro
de 2004, exceto quando a alguns dispositivos indicados no Anexo IV da nova Norma
Regulamentadora, os quais devem observar prazos específicos para
cumprimento/adaptação, que variam de 6 a 24 meses, conforme cada caso.

Os dispositivos que constam do Anexo.

10 Normas Regulamentadoras como exemplo apresentamos abaixo:


o 1.1 NR 1 Disposições Gerais
o 1.2 NR 2 Inspeção Prévia
o 1.3 NR 3 Embargo ou Interdição
o 1.4 NR 4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho
o 1.5 NR 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 19

o 1.6 NR 6 Equipamento de Proteção Individual


o 1.7 NR 7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
o 1.8 NR 8 Edificações
o 1.9 NR 9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
o 1.10 NR 10 Serviços em Eletricidade

Norma Regulamentadora, gerenciada pelo TEM, (Ministério do Trabalho e


pre o l en e e os no r sil s e e o o função zelar pela
Segurança Saúde e Integridade Física das Pessoas dentro de um ambiente de
trabalho.
Sendo assim estas Normas tem a finalidade de tratar dos Riscos de Acidentes,
para que estes não cheguem ao ponto de tornar-se acidentes.
Entendemos por Risco, tudo aquilo que está no ambiente de trabalho das
pessoas, que se não tratado pode causar um acidente.
Por isso devemos cada vez mais nos preocupar em informar as situações de
Risco, para que estes possam ser tratados, eliminados, ou ao menos controlados de
maneira que afetem a integridade física e/ou a saúde das pessoas envolvidas naquela
área.
NR10 é a décima norma das 33 que temos hoje no país, trata de segurança
em instalações elétricas e serviços em eletricidade e compete a ela, zelar pela
integridade física e saúde dos eletricistas, e pessoas que trabalhem direta ou
indiretamente com eletricidade.
INSTRUMENTOS

3 DE MEDIDA
ANALÓGICOS

3.1 - Introdução

Antes de estudarmos a instrumentação eletrônica dos tempos atuais, que sem


dúvida nenhuma é a instrumentação digital, faremos um estudo inicial dos medidores
analógicos, que aliás ainda vemos no nosso trabalho diário e no campo.

3.2 - Características Principais

Consideramos como características, os parâmetros que relacionam a


qualidade dos equipamentos de medidas. Para que os medidores tenham os
parâmetros padronizados internacionalmente, foi necessário a evolução dos sistemas
de unidades.
Historicamente sabemos que o 1 sistema de unidades proposto por Gauss se
deu em 1832, definindo as unidades: (cm) centímetro, (g) grama e segundos
respectivamentes dados pelo sistema CGS.
Após muitas discussões científicas entre a Academia Francesa, a Associação
Britânica e o cientista italiano Giorgi, compatibilizou-se as unidades metro, quilograma e
segundo, assim chamado de MKS, depois MKSA e finalmente com o nome Sistema
Internacional de Unidades (S.I.), na qual utiliza o metro, quilograma e o segundo, e
foram acrescentados Kelvin e Candela, conforme vimos na introdução deste
compêndio.
O instrumento é qualificado pelas suas características próprias de fabricação,
como veremos a seguir.

3.3 - Instrumentos de Medida

Logo após a descoberta dos primeiros fenômenos originados pela corrente


elétrica, não se pensava ainda em intensidade de corrente; e logo os pesquisadores
procuraram o melhor meio de poder comparar os efeitos originados por essas
correntes, obtendo indicações numa escala, para a avaliação da grandeza ou amplitude
dos efeitos que se manifestaram.
Ampère verificou que, aproximando uma bússola de um condutor percorrido
por uma corrente elétrica, a agulha da bússola mudava da sua posição de equilíbrio. O
desvio era proporcional à energia fornecida ao circuito. A garrafa de Leyden fornecia a
energia para essas experiências, sob a forma de impulsos muito rápidos, visto que a
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 21

garrafa não ser mais do que um capacitor, carregado de energia, fornecida por uma
máquina eletrostática. A amplitude da leitura era proporcional ao número de garrafas
ligadas em série.
Em 1827 Alejandro Volta inventou a pilha elétrica, que fornece uma f.e.m. mais
ou menos constante e de certa duração. Galvani e Volta, nas suas experiências,
procuravam a razão pela qual a intensidade da corrente era distinta ao atravessar
diferentes tipos de circuitos. Para o efeito, utilizaram um instrumento que passou a
chamar-se galvanômetro (em honra a Galvani), que empregava o princípio da
observação de Ampère. A parte móvel, indicadora, era uma bússola, e o condutor uma
bobina (Fig. 3.1). Para poder utilizar-se este aparelho, a agulha era previamente
orientada sobre o eixo Norte-Sul magnético da terra.
Se uma bobina for colocada de maneira que envolva um dos pólos de um ímã
(Fig. 3.2), ao se aplicar uma tensão fornecida por uma pilha de 1,5 a 12 volts,
observamos que a bobina se desloca em um ou outro sentido, segundo a polaridade da
tensão que lhe é aplicada. Este é o princípio do funcionamento dos medidores de
quadro móvel ou também chamado de bobina móvel..

Fig. 3.1 - Bobina Fig. 3.2

3.4 - Medidor de Bobina Móvel

Um galvanômetro aperfeiçoado pelo cientista francês D'Arsonval, é visto na


Fig. 3.3, é formado por um ímã fixo e potente (sendo nula a influência do campo
magnético terrestre sobre o campo magnético do ímã) e por uma bobina de pequenas
dimensões, apoiada num eixo sobre o qual gira, quando a corrente a atravessa. Este
galvanômetro é a base de todos os instrumentos de medição de corrente contínua
usados na prática.
Além da grande sensibilidade, este galvanômetro também permite obter
oscilogramas fotográficos de correntes alternadas ou compostas. A fim de se reduzir o
tamanho do entreferro e reforçar o campo magnético entre os pólos do ímã, colocou-se
um cilindro de ferro doce de menor tamanho que a bobina, montada de maneira a não
tocar os pólos do ímã ou o núcleo central, e cada ponta ligada a um dos extremos do
eixo de apoio, ou aos fios de sustentação que por sua vez, ligam aos bornes do
aparelho. O eixo é constituído por duas pontas isoladas uma da outra.
Quando na bobina circula uma determinada corrente, cria-se nela um campo
magnético com pólos Norte e Sul (Fig. 3.4) e na presença do campo magnético do ímã,
a bobina movimenta-se de acordo com a repulsão entre pólos do mesmo nome e
atração entre pólos de nomes contrários.
Conforme o sentido da corrente na bobina, ela se desloca num outro sentido,
a partir da sua posição de equilíbrio. A amplitude desse movimento será proporcional a
intensidade do campo magnético da bobina e, portanto, proporcional a corrente que a
atravessa.
Reportemo-nos ao galvanômetro D'Arsonval da Fig. 3.3. Ao passar uma
corrente elétrica pela bobina, esta desloca-se num ou noutro sentido, segundo a
polaridade da corrente, e o ponteiro indicará o valor dessa corrente na escala do
instrumento.
22 Capítulo 3 - Instrumentos de Medida Analógicos

Fig. 3.3 Fig. 3.4

Os modernos instrumentos de quadro móvel foram inicialmente apresentados


por Weston (Fig. 3.5), depois de melhorar consideravelmente o modelo de D'Arsonval.
Na Fig. 3.5 vemos o ímã, as massas polares (A) e o núcleo central (B) usados
em todos os aparelhos indicadores (microamperímetros) de quadro móvel. As peças
polares e o cilindro central têm a finalidade de reduzir a relutância do circuito
magnético. Essas características, associadas a ímãs muito potentes, permitem a
construção de aparelhos de elevada sensibilidade.

Fig. 3.5

A Fig. 3.6 nos mostra a bobina móvel completa. É formada por um quadro de
duralumínio, sobre o qual está enrolado o fio da bobina. As duas molas em espiral,
fixadas a pontos opostos do quadro e aos extremos do eixo, têm sentidos contrários e
dupla finalidade: exercem o mesmo esforço sobre a bobina, em qualquer posição que
se encontre do seu movimento, e estabiliza o circuito da bobina com o circuito exterior
submetido à medição. Nos extremos do pequeno quadro, que correspondem ao eixo da
bobina móvel, fixam-se os dois pontos de apoio de todo o conjunto móvel. O ponteiro é
feito de uma fina tira de duralumínio. Pequenos contrapesos compensam o peso do
ponteiro e permitem que em repouso indique sempre o zero da escala, para qualquer
posição que se dê ao equipamento de medida. Chamamos a atenção do leitor, que
este medidor somente é sensível à níveis DC.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 23

Fig. 3.6

OBS.: Os diversos tipos de instrumentos de medida serão abordados em capítulos


subseqüentes.
O tipo D’Arsonval é o mais importante de todos.

3.5 - Parâmetros Básicos

Os Instrumentos Analógicos Seguem os Seguintes Parâmetros:


Faixa: Representa todos os níveis de amplitude do sinal de entrada do medidor.
(RANGE)
Resolução: É a menor subdivisão na variável que a Escala comporta (analógica).
Sensibilidade: É a função de transferência do Medidor; é a relação entre o estímulo
de excitação de entrada e a sua resposta na saída.
Linearidade: É a verificação estatística de um equipamento no plano X e Y, que
relaciona o valor medido e o valor padrão.

Fig. 3.7

Exatidão: É a diferença absoluta entre o valor verdadeiro (padrão), e o valor real


(medido).
Precisão: É a capacidade de se obter as mesmas escalas, os mesmos parâmetros
dado pelo fabricante.
Relação Sinal/Ruído: É a relação entre a potência de um sinal qualquer presente na
saída de um instrumento, e da potência do sinal de ruído com o sinal ausente.
Tensão de Isolamento: É a maior tensão que pode estar presente em um
instrumento, sem que haja ruptura do mesmo.
Resposta de Freqüência: É a faixa do espectro de freqüência, cujo medidor pode
responder sem distorção de amplitude.
Na Fig. 3.8, podemos ver o gráfico de resposta de freqüência do sinal de ruído.

OBS.: Quanto maior a freqüência maior será a distorção.


24 Capítulo 3 - Instrumentos de Medida Analógicos

Fig. 3.8

Calibre: É o valor máximo que um instrumento é capaz de medir. Exemplo: Escala de


0 a 300 Volts CA, o seu calibre é 300 V.
Sensibilidade de Corrente (Amperímetro): É a razão entre a deflexão (d) causada
d mm
pela corrente (I) e esta corrente. S
I A
Sensibilidade de Tensão (Voltímetro): É a razão entre a deflexão (d) causada pela
d mm
tensão (V) e esta tensão. S
V mV
Eficiência de um Instrumento: É a relação entre seu calibre e a sua perda própria.
A
É aplicado no galvanômetro na função de amperímetro
W
É aplicado no voltímetro
V
1
No multímetro é dado pela expressão S onde Im é a corrente
Im
máxima de deflexão, do galvanômetro.

Classe dos Instrumentos: É o limite de erro percentual de construção dado pelo


fabricante, que afeta a extensão do arco da escala. Apresenta-se em algarismos.

Exemplo: Classe 1, Classe 2, etc.

3.6 - Efeito de Carga dos Instrumentos

As leituras de corrente e tensão são alteradas pela introdução do medidor no


circuito.
Um amperímetro é ligado em série no circuito cuja corrente se deseja medir.
Ao estabelecer este circuito, temos em série duas resistências, que são: resistência da
carga do circuito e a resistência interna do amperímetro, em série com a carga do
circuito (Fig. 3.9).
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 25

Fig. 3.9

Sendo Ri a resistência interna do medidor e Rc a de carga, para se encontrar a


percentagem de redução na leitura, teremos a seguinte expressão:

Ri
% Re dução 100
Rc Ri

A resistência interna do medidor de corrente (amperímetro) é sempre de muito


baixo valor ôhmico, comparada com a da carga do circuito.
Normalmente, quanto menor é o alcance do medidor de corrente, mais elevada
é a sua resistência interna, e ao medir pequenas correntes em circuitos de baixo valor
ôhmico.

3.7 - Sensibilidade em Ohms por Volt ( /V)

Segundo as características internas de qualquer instrumento indicador, a


corrente máxima de deflexão varia de uns para outros. Os que necessitam de menos
corrente para a deflexão total, são os mais sensíveis.
Um multímetro quando utilizado como voltímetro, apresenta uma determinada
sensibilidade em ohms por volt, que se pode obter facilmente, conhecendo-se o valor
da tensão de deflexão máxima (Ed) e a resistência interna (R i). Teremos pois:

Ri
Sensibilidade (S) em /V
Ed
Como exemplo temos: Se um miliamperímetro com 200 de resistência
interna apresenta uma deflexão máxima, com a tensão de 50 mV, terá de sensibilidade:
200
S 4.000 / V
0,05
Pela presente expressão, vemos que a sensibilidade em ohms por volt
depende apenas da corrente correspondente a deflexão máxima e não da resistência
interna. Porém, a tensão que proporciona a deflexão máxima está relacionada com o
valor da resistência interna.
Estas condições aplicam-se tanto ao medidor como aos sistemas
multiplicadores a que está associado. Num voltímetro com escalas múltiplas, a
sensibilidade é igual para todas as escalas, seja qual for o valor do multiplicador.

Como exemplo:
26 Capítulo 3 - Instrumentos de Medida Analógicos

1M 100 K
1.000 /V; 1.000 /V
1 KV 100 V

Podemos também determinar a sensibilidade em ohms/volt pela expressão


seguinte:
1
S V
Im

Como exemplo temos: Num miliamperímetro com escala de 0 a 1 mA, a


sensibilidade em /V é:
1
S 1.000 V
0,001
Esta expressão mostra que a sensibilidade em ohms por volt é o inverso da
corrente correspondente a deflexão máxima de um instrumento; daqui se verifica que,
quanto menor for o valor dessa corrente, mais elevada será a sensibilidade em ohms
por volt do instrumento.

3.8 - Resistência Interna de um Voltímetro

Um voltímetro, fazendo uso de um galvanômetro de 0-1 mA, para medir 10 V,


apresenta a resistência total de 10.000 . O mesmo voltímetro, na escala de 200 V,
terá 200.000 , etc.
V 10 V
R R 10 10 3 10.000
I 0,001 A

Nos voltímetros comerciais, podemos aplicar multiplicadores externos para


aumentar a faixa de tensões do medidor. O cálculo do medidor é baseado no acréscimo
de tensão que se deseje conferir à escala, com a corrente máxima do miliamperímetro.
Supondo-se que a tensão máxima medida por um voltímetro seja 500 V, e que
ele possa medir tensões até 2.000 V. O microamperímetro, de 500 A (0,5 mA no fim
da escala), a resistência multiplicadora extra a ligar em série com o terminal de 500 V,
que eleva para 2 KV a escala do voltímetro, terá o valor de: 2.000-500 = 1.500 V, e
então, 1.500/0,0005 = 3 M . Se o microamperímetro fosse de 50 A, a resistência
adicional deveria ser de 30 M .
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 27

3.9 - Suspensão do Conjugado Motor

O conjugado motor, ou melhor dizendo, o conjugado eletromagnético é


suspenso junto aos mancais, de diversas formas:

1) Por Fio;
2) Por Eixo (Instrumento de Pivot );
Tipos de Suspensão
3) Magnética ;
4) Por Fitatensa (Taut Band ).

Na atualidade, os medidores analógicos são suspensos por Taut Band, pois é


um método de baixo custo e atende tecnicamente. Nas Fig. 3.10 a e b , podemos ver
dois tipos.

Eixo

Fig. 3.10a - Suspensão por Eixo Fig. 3.10b - Suspensão por Fitatensa

3.10 - Símbolos Encontrados nos Instrumentos


Analógicos

Nos painéis dos instrumentos, existem símbolos que identificam as suas


características. Por exemplo:

Instrumento na posição
Tensão máxima = 500 V Vertical
Instrumento na posição Instrumento de bobina
horizontal móvel
Instrumento de ferro
móvel

Apresentamos abaixo a tabela completa dos símbolos encontrados nos


medidores analógicos.
28 Capítulo 3 - Instrumentos de Medida Analógicos

3.11 - Símbolos Encontrados nos Mostradores dos


Instrumentos Elétricos de Medição

Atenção ! Antes de utilizar o Instrumento de bobina móvel com


instrumento leia as instruções retificador.
fornecidas pelo fabricante em
documento separado.
Instrumento de bobina móvel com Instrumento de bobina cruzada com
termotransdutor. retificador.

Utilização do instrumento mostrador Tensão de ensaio: 500 V na


na posição vertical. freqüência industrial.

Instrumento de bobina móvel. Instrumento de bobina cruzada


(quocientímetro de ímã fixo).
Termotransdutor sem isolação (par Atenção! Alta tensão no
termoelétrico). instrumento !

Instrumento eletrodinâmico Instrumento eletrostático.


com núcleo de ferro.

Tensão de ensaio acima de 500 V Utilização do instrumento:


na freqüência industrial (no caso, 2 mostrador na posição inclinada
KV). (neste exemplo, inclinação 45 ).
Instrumento de ferro móvel. Instrumento bimetálico.

Utilização do instrumento mostrador Instrumento não sujeito a ensaio de


na posição horizontal. tensão na freqüência industrial.

Instrumento eletrodinâmico sem Instrumento de indução.


ferro.

Proteção eletrostática ou blindagem Instrumento com dois sistemas de


eletrostática. medição (para circuitos de 3 fios
desequilibrados).
Instrumento eletrodinâmico de Termotransdutor isolado (par
relação (tipo quocientímetro). termoelétrico isolado).

Proteção magnética ou blindagem Instrumento de lâminas vibráteis.


magnética.

Instrumento com 3 sistemas ou Instrumento eletrodinâmico de


medição para 4 fios relação com núcleo de ferro (tipo
desequilibrados. quocientímetro).

Instrumento com um sistema de Instrumento de ímã móvel.


medição (para circuitos de 3 fios
equilibrados).
4 AMPERÍMETRO DC

4.1 - Introdução

Dissemos no capítulo anterior que a corrente dava origem a um campo


magnético ao percorrer a bobina móvel; e o movimento desta, em relação à posição de
repouso, dependia da intensidade da corrente que a atravessava; para uma mesma
resistência do circuito, aumentava ou diminuia a intensidade da corrente ao variar a
f.e.m. aplicada, e assim, para a tensão de 1 V, teremos um desvio determinado; para 2
V o desvio será maior, e assim sucessivamente.
O que nos indica o instrumento? Logicamente, o desvio correspondente a uma
determinada intensidade de corrente, que atravessa a bobina móvel; e neste caso
indica-nos os ampéres. Este medidor é denominado amperímetro.
O ampère foi adotado como unidade de intensidade da corrente e aceito
universalmente, depois de lhe ser dada determinada grandeza. O ampère representa a
corrente que atravessa uma resistência de 1 , submetida a tensão de 1 V. Esta
unidade serviu de padrão para graduar os aparelhos designados amperímetros.
Para que se possa medir corrente em ampères, o amperímetro é ligado em
série com o circuito, como vemos na Fig. 4.1. Neste circuito, a carga é representada por
R1. O amperímetro deverá ter mínima resistência ôhmica, para que não altere as
características do circuito onde está interligado.

Fig. 4.1

Vamos supor que o amperímetro tenha uma escala de zero a 1 mA (Fig.


4.2), e a sua resistência interna (Ri) é de 50 (entende-se por resistência interna o
valor ôhmico da bobina móvel); se a escala total do instrumento, de zero a 1 mA, é
dividida em dez partes iguais, cada divisão corresponde a 100 A (0,1 mA). Se cada
uma destas divisões é por sua vez subdividida em cinco partes iguais, a cada traço
corresponde 20 A; isto é, a escala tem uma divisão de cinqüenta partes iguais e cada
uma delas indica a corrente de 20 A (0,02 mA).
30 Capítulo 4 - Amperímetro DC

Fig. 4.2

Se a resistência R1 (Fig. 4.3) tiver o valor de 19.950 ohms, submetendo-se a


uma tensão de 10 V, a intensidade da corrente no circuito será:

E E 10
I 0,0005A 0,5mA
R Ri R1 50 19950
Vemos que o instrumento acusa um desvio de 25 divisões da escala, a partir
da posição de repouso. Supondo que o milíamperímetro acusa um desvio de 5
divisões da escala, ou seja, que pelo circuito passa uma intensidade de corrente de 0,1
mA (100 A), quando alimentado pela tensão de 10 V, qual será o valor da resistência
de carga R1?

Fig. 4.3

E 10
Rt 100.000
I 0,0001
Rt é a resistência total do circuito = R1 + Ri
A resistência interna do instrumento (Ri), está em série com R1, então:
R1 = Rt - Ri = 100.000 - 50 = 99.950

Nestas condições (Fig. 4.3) o miliamperímetro desempenha as funções de


voltímetro, de 10 V ao fim da escala.
Para que possamos medir correntes superiores à máxima admitida pelo
miliamperímetro, consideramos o caso de duas resistências em paralelo, cuja
resistência equivalente depende da queda de tensão provocada pelo conjunto.
A escala de correntes de um miliamperímetro pode ser ampliada, fazendo uso
de resistências em paralelo, designadas por (shunts), de maneira a que só uma fração
da corrente total do circuito passe pelo medidor. Se a corrente que atravessa o
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 31

miliamperímetro conserva uma proporcionalidade conhecida para a corrente total do


circuito, a escala do medidor pode ser calibrada de modo a indicar a corrente total.
Na Fig. 4.4, o milíamperímetro está ligado em paralelo com R SH. Se a
resistência interna do miliamperímetro é de 30 e RSH também de 30 , qualquer que
seja a intensidade da corrente no circuito, por Ri e por RSH circulam correntes do
mesmo valor e o miliamperímetro indica metade da corrente total, devendo por isso
multiplicar-se por 2, para nos dar o valor da corrente que nesse momento é medida.
Se a resistência RSH tiver o valor de 3,3 , para acharmos o valor da corrente
total no circuito, multiplicamos por 10 o valor indicado no miliamperímetro. Para o
alcance do medidor se estender a 1 A, máximo de escala, e se a escala tiver 100
divisões, a cada divisão corresponderá 0,01 A (10 mA).

Fig. 4.4

Neste medidor é utilizado resistor derivador, também chamado de resistor


shunt, com propriedades especiais. O resistor R SHUNT é fabricado com uma liga especial
chamada de manganina/constantan, que tem o objetivo de compensar a variação
ôhmica, tendo em vista ao efeito Joule (Variação de temperatura).
O resistor derivador, como também os parâmetros do circuito, podem ser
calculados da seguinte forma:

Fig. 4.5

Ri I m VAB Ri I m R SH I I m
RSH
I SH

A maioria dos medidores têm uma sensibilidade superior à necessária, ou


seja, para menor corrente que a mínima a medir. Um Rshunt em paralelo com a bobina
móvel contribui para aumentar a corrente até um valor conveniente ao circuito.
Para o cálculo dos Rshunts que se destinam a ampliar a margem de correntes
a medir, temos:
Ri I
RSH N
N I i
32 Capítulo 4 - Amperímetro DC

em que

Rsh= Resistência (shunt),


Ri = Resistência da bobina móvel.
N = Fator de multiplicação da escala do medidor.
I = Intensidade da corrente no fim da escala.
i = Corrente máxima de deflexão

Exemplo: Pretendendo medir-se uma corrente até 1 A, com um


microamperímetro de 0 a 100 A, cuja bobina móvel tenha 50 de resistência, deverá
usar-se um Rshunt de:

1A 50
Sendo Ri, de 50 e N 10.000 Rs 0,005
0,0001 A 10.000 1

Denomina-se por RSHUNT, toda a resistência ligada em paralelo com o


miliamperímetro, a fim de ampliar a sua margem de medição. Os Rshunts devem ser de
grande precisão e estabilidade.
Para a escolha dos fatores multiplicativos, uma escala única pode servir de
base a todas as medições, bastando para isso que se multiplique o quantitativo da
leitura por um número resultante do valor do Rshunt utilizado.

4.2 - Circuitos Práticos de Amperímetros

São utilizados na prática dois tipos de circuitos:

a) RShunt Separado;
b) RShunt em Anel, Ayrton ou Universal.

Um exemplo de um medidor tipo Shunt Separado, podemos ver na Fig.


4.6.
Um exemplo de um medidor tipo Universal, podemos ver na Fig. 4.7.

Fig. 4.6 - RShunt Separado Fig. 4.7 - Universal, Ayrton ou Anel

É bom lembrar que os tipos Universal, Ayrton e Anel têm circuitos


semelhantes, vistos em diferentes bibliografias técnicas.
Na Fig. 4.8 temos um circuito com quatro margens de medições; de 0 a 1 mA,
0 a 10 mA, 0 a 100 mA e 0 a 1 A. Este circuito é idêntico aos dos aparelhos de
laboratório mais usuais, se bem que no exemplo presente fazemos uso do
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 33

miliamperímetro anteriormente citado, de 0 a l mA. Colocando o comutador na posição


de 1 mA, o instrumento ficará intercalado no circuito e a corrente máxima a medir será
de 1 mA, cujas frações serão da proporção dada na escala.

Fig. 4.8

Passando o comutador para a posição de 10 mA, a resistência R 1 ficará


intercalada no circuito, ligada em paralelo com o miliamperímetro, e poderão medir-se
correntes de 0 a 10 mA (10 mA é o fim da escala), e cada uma das 100 divisões
correspondentes a 0,1 mA, ou seja, 100 A.
A queda de tensão (E) entre os extremos do miliamperímetro, sendo de 1
mA a corrente máxima por ele admitida, e de 30 a resistência interna do mesmo, será
de:

VAB = E E = Ri x Im = 30 x 0,001 = 0,03 V

O valor da resistência R1, ligada em paralelo com o miliamperímetro, para que


este possa medir intensidades máximas de 10 mA, vamos calcular a seguir. Como o
máxima corrente do miliamperímetro não deve passar de 1 mA quando a corrente total
no circuito é de 10 mA, então passa por R 1 os restantes 9 mA. Sendo 0,03 V a queda
de tensão no circuito formado pelo instrumento e por R1, teremos:
E 0,03
R1 3,3
I1 0,009

Colocando o comutador na posição de 100 mA (fim da escala), para que se


possa medir correntes de 0 a 100 mA, por R 2 passam 99 mA, e esta resistência terá um
valor de 0,303
Passando o comutador para a escala de 0 a 1 A, pelo (shunt) R3 passam 999
mA, ou seja 0,999 A, o qual terá o valor de 0,03003

E 0,03 E 0,03
R2 0,303 R3 0,03003
I2 0,099 I3 0,999
34 Capítulo 4 - Amperímetro DC

4.3 - Circuito Universal, Ayrton ou Série

Usam-se mais os (shunts) universais para multiplicadores de escalas de


corrente do que os Separados, como vemos na Fig. 4.9, cujo o fator multiplicativo da
escala de corrente é resultante da relação Rt/Re, e é independente da resistência do
medidor.

Rt = Resistência equivalente total do circuito


Re = Resistência correspondente a escala

Fig. 4.9

Sendo Rt/Re igual a 1, 30, 100, 300 ou 1.000, nas várias posições do
comutador, a escala de corrente será multiplicada pelo fator correspondente à posição
da chave.
Este sistema permite o uso de um miliamperímetro com um qualquer valor de
Ri. Impõe-se portanto, que a resistência total (Rt) tenha um determinado valor e
posicionado o comutador em 3 mA o medidor atinja a deflexão total. Esta condição
pode obter-se por intermédio de uma resistência adicional, ligada em paralelo com o
divisor e ajustada para a deflexão total do medidor. Com o movimento do comutador
não se modifica a relação.
Podemos calcular os resistores derivadores (shunts) de diversas formas. (Lei
das malhas, Lei de Kirchoff, Norton, etc.)

Exemplo. Determinar os Resistores shunt da Figura 4.9 com o alcance das escalas
diferentes, conforme mostrado abaixo.Dados: R interna = 30
: Imax = 10mA

Escalas: 0-100mA
0-50mA
0-15mA
5 VOLTÍMETRO DC

5.1 - Introdução

Se o voltímetro for do tipo galvanômetro de D’Arsonval, então este instrumento


tal como seu nome indica, utiliza-se para medir tensões. A sua construção interna e
princípio de funcionamento, é igual ao amperímetro, com bobina móvel
Na Fig. 5.1 vemos um miliamperímetro ligado em série com uma resistência.
Se nos seus extremos aplicarmos uma força eletromotriz, o circuito será atravessado
por uma intensidade de corrente, acusada pelo miliamperímetro, a qual dependerá da
resistência do circuito e da f.e.m. aplicada,

Fig. 5.1 voltímetro D C básico

Se entre os pontos A e B aplicarmos uma tensão com o dobro do valor da


anterior, pelo circuito passará também uma corrente com o dobro do valor, registrada
pelo miliamperímetro. Deste modo, nos dois casos lemos no miliamperímetro dois
valores distintos, que correspondem a intensidade da corrente que atravessa o circuito.
Assim, para que um miliamperímetro, que é um galvanômetro possa medir
tensões superiores aquelas que estão determinadas pelas suas características, temos
que ligá-lo em série com uma resistência (multiplicadora) para que esta absorva a
diferença entre a tensão aplicada e a que se manifesta nos extremos do medidor.
Se numa sucessão de ensaios marcamos na escala do miliamperímetro o
valor da f.e.m. aplicada ao circuito, este instrumento serve-nos de voltímetro.
Considerando o miliamperímetro de 0 a 1 mA (com 1 mA, a deflexão do
ponteiro é total) que tem 10 de resistência interna, (Ri) para poder medir tensões de
10 V, a resistência R1 terá o valor de:

10
Rt 10.000
0,001

R1 = Rt - Ri = 10.000 - 10 = 9.990
36 Capítulo 5 - Voltímetro DC

Se aos terminais A e B do circuito (Fig. 5.1) aplicarmos 5 V, obteremos a leitura


E 5
I= 0,0005 0,5mA.
R1 Ri 10.000
A corrente de 0,5 mA corresponde ao meio da escala, ou seja: 5 V. Cada
divisão indica 1 V e cada subdivisão corresponde a 0,1 V ou 100 mV.
Seguindo este raciocínio, podemos medir tensões mais elevadas, por exemplo,
até 100, 500, 1.000 ou mais volts.

5.2 - Sistema de Resistências Multiplicadoras Individuais

Fig. 5.2 - Circuito de um Voltímetro DC com Três Escalas.

Podemos ver na Fig. 5.2 um circuito de um voltímetro DC com três escalas.


Para que o galvanômetro indique 10 V no fim da escala, é necessário que com
essa tensão, passe 1 mA de corrente pelo medidor. Independente da tensão aplicada
ao sistema, a tensão nos terminais do medidor (miliamperímetro) nunca deve exceder o
produto da corrente máxima pela resistência da bobina, que no exemplo anterior é de
0,01 V.
Para medir tensões até 100 V (Fig. 5.2), tem que se ligar em série com o
mesmo galvanômetro, uma resistência (R2), com o valor de:

Et E 100 0,01
R2 99.990
It 0,001

A tensão de 0,01 V é a queda de tensão através do galvanômetro quando é


máxima a deflexão ao ser percorrido pela corrente de 1 mA; ao ligar-se o circuito a uma
f.e.m. de 100 V, a corrente máxima será de 1 mA e a queda de tensão em R2, terá um
valor que será a diferença entre 100 e 0,01 V, ou seja, de 99,99 V.
Tendo a escala 10 divisões, a cada divisão corresponde a tensão de 10 V. Se
o valor da resistência calculada se somar a do galvanômetro, teremos 100.000 e se
dividir-mos 100 V por 100.000 , obteremos a intensidade da corrente 1 mA que é a
constante presente no circuito.
Poderiamos calcular o valor da resistência adicional, dividindo a tensão
máxima da escala do voltímetro pela intensidade da corrente que atravessa o
galvanômetro, para a máxima deflexão.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 37

Deste modo, para 100 V, sendo a corrente de 1 mA, a resistência total do


circuito, segundo a lei de Ohm, será de:

100
Rt 100.000
0,001

Uma vez que é de 10 a Resistência Interna do instrumento, a resistência


adicional R2, terá o valor de:

R2 = 100.000 - 10 = 99.990

A resistência redutora de tensão R3, terá o valor de:

1.000
R3 999.990
0,001 10

Daí teremos:

R1 = 9.990
R2 = 99.990
R3 = 999.990

5.3 - Sistema Série Universal

Na Fig. 5.4, vemos um sistema série universal, usado em quase todos os


voltímetros, pela vantagem que apresenta de uma menor dissipação degradativa sobre
cada resistência. O valor das resistências do divisor será de:

Fig. 5.4

1 0,02
R1 (escala de 1 V) = 980
0,001

10 1
R2 (escala de 10 V) = 9.000
0,001
38 Capítulo 5 - Voltímetro DC

100 10
R3 (escala de 100 V) = 90.000
0,001

1.000 100
R4 (escala de 1.000 V) = 900.000
0,001

Podemos projetar voltímetros, utilizando-se do parâmetro sensibilidade, pela


fórmula geral:
Rx V S Ri

Sendo que V = Volts da escala, e S = Sensibilidade em V


Exemplo : Calcular o resistor R3 da figura 5.2 sabendo-se que a sensibilidade
do galvanômetro é de 10K Ohms / Volt.

Substituindo os valores na equação acima , temos :

Rx = ( 1000V x .10000 Ohms ) – 10 Ohms = 9999990 Ohms


6 VOLTÍMETRO AC

6.1 - Medições de Corrente Alternada com Instrumento


de Bobina Móvel

Nos multímetros, usam-se instrumentos de bobina móvel que, para a medição


de CA necessitam de um retificador. Pode-se fazer uso de um retificador simples, de
meia onda, como vemos na Fig. 6.1.
O retificador impede a passagem da corrente durante o semiciclo negativo;
mas ele apresenta uma queda de tensão e corrente inversa, e isso redunda numa
leitura menor.
Assim, para compensar esta diferença de valores e se utilizar a mesma escala
de CC, tem que haver alterações nos componentes, nas resistências multiplicadoras,
etc. Quase sempre a escala não é a mesma, mas é paralela com graduação mais
descasada no extremo inferior da escala, devido a que quanto menor é a corrente
através do retificador, mais elevada será a resistência direta do mesmo.
Para evitar o efeito da tensão inversa, a qual destruiria o diodo D1, usa-se o
circuito da Fig. 6.2, onde o diodo D2 bloqueia o circuito durante o semiciclo negativo.
Os multímetros trazem de fábrica os dois diodos associados em um bloco, com três ou
quatro terminais (Fig. 6.3) que corresponde ao esquema da Fig. 6.4.

Fig. 6.1 Fig. 6.2

Quando queima o bloco retificador de um multímetro, quase sempre um do


diodos fica menos afetado, e pelo sentido ou predomínio da condução deste, podemos
identificar as pontas de ambos (anodos e catodos), através de um multímetro na escala
de ohms.
Também é usado os retificadores em ponte, nos quais o valor médio da
corrente que passa no medidor, é de 0,9 do valor eficaz da CA, apresentando por isso
maior sensibilidade. Outros componentes com quatro terminais são constituídos por
dois diodos independentes.
40 Capítulo 6 - Voltímetro AC

Fig. 6.3 Fig. 6.4

6.2 - Escala Linear

A compressão dos valores no extremo inferior da escala de CA, pode suprimir-


se parcialmente, empregando uma resistência (R2) em paralelo com o medidor.
Quando se fazem medições de muito baixo valor, a referida resistência dá origem a
uma corrente suficientemente elevada através do retificador, que o mantém numa
região relativamente linear da sua característica. Este procedimento reduz a
sensibilidade do aparelho, visto que para a mesma deflexão se necessita de corrente
mais elevada (Fig. 6.5).
A melhoria na calibração (precisão) é preferida em prejuízo da sensibilidade,
visto que a maioria dos aparelhos comerciais usam a derivação quando medem CA e
daí surgem as diferenças de sensibilidade em CA e CC num mesmo multímetro.

Fig. 6.5

6.3 - Voltímetro de Tensão Alternada

O medidor D’Arsonval é sensível à corrente contínua, e possue boa precisão.


Para um sinal variável alternado e periódico, ele indica o valor médio da forma de onda.
Em uma tensão alternada, o valor médio dos dois semícíclos é nulo.
Consequentemente, quando um sinal alternado é aplicado a um medidor deste tipo, o
ponteiro vibra em torno do zero ou fica parado, dependendo da freqüência deste sinal.
A solução para medir CA, com um medidor D'Arsonval, é introduzir um
elemento que produza um valor médio diferente de zero (Fig. 6.6).

Fig. 6.6
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 41

Normalmente emprega-se como operador de forma de onda um diodo de


germânio pois tem a sua barreira de potencial em torno de 0,2 V (Menor queda de
tensão).

6.4 - Características de um Diodo Semicondutor

O diodo semicondutor possue a sua barreira de potencial dependente do seu


cristal.
Existem cristais de silício e germânio. Ver gráfico da Fig. 6.7.

Fig. 6.7 - Curva Característica de um Diodo de Germânio

Fig. 6.8

Na Fig. 6.8 podemos ver que com pequenas correntes, a resistência do diodo
no sentido da condução é maior que com grandes correntes. Em decorrência disto, o
fator de escala torna-se maior para correntes de baixo valor, e provoca menores
deflexões angulares. Obtem-se uma escala linear com medidor D’Arsonval com
retificador, empregando-se uma alta resistência em série, para diluir a variação do
resistência do diodo oom a corrente. Por esse motivo também é conveniente deslocar o
ponto de trabalho do diodo com uma corrente maior, que tornará a resistência do diodo
mais baixa, e a resistência série proporcionalmente maior que a resistência do diodo.

Na Fig. 6.9 e Fig. 6.10 podemos ver um retificador de ½ onda, muito usado nos
multímetros atuais e sua forma de onda.

Os circuitos retificadores básicos são:


42 Capítulo 6 - Voltímetro AC

Retificador de Meia Onda:

Fig. 6.9

Fig. 6.10

ICC = Valor Médio de Corrente Contínua.

ICC = A soma de todos os valores da função dividida pelo período da forma de onda.
Soma = Integral
Período = 2π

Então temos:

π 2π

I CC =
∫ 0
I MÁX sen wt dwt + ∫
π
0 dwt

π
I MÁX ∫ sen wt dwt
⇒ I MÁX × [− cos wt ] 0
0 π
I CC =

I CC =
[
I MÁX × − cos π + cos 0 0 I
⇒ MÁX
×2 ]
2π 2π

I MÁX
I CC =
π
Ief = Valor Eficaz da forma de onda.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 43

1 T
I ef =
T ∫ 0
f (t ) 2 × dt

1 2π
I ef = × ∫ I MÁX
2
× sen 2 wt × dwt
2π 0

1 π
I ef = × I MÁX ∫ 0 sen wt × dwt
2 2

1
Sabemos que: × (1 − cos 2 wt ) = sen 2 wt
2

Substituindo sen 2 wt temos:

1 π
I ef = × I MÁX
2
∫ (1 − cos 2wt ) × dwt
4π 0

1 π π
I ef = × I2 ×
4π MÁX ∫ 0
dwt − ∫ cos 2wt × dwt
0

1
I ef = × I 2 × [π − 0 ]
4π MÁX

I MÁX
I ef =
2

I MÁX
I CC = (1)
π

I MÁX
I ef = (2 )
2
Substituindo 2 em 1 temos:
44 Capítulo 6 - Voltímetro AC

I MÁX = 2 × I ef

2 × I ef
I CC = ⇒ 0,636 × I ef
π
V V
I CC = 0,636 × I ef ⇒ CC = 0,636 × ef ⇒ VCC = 0,636 × Vef
R R

VCC = 0,636 × Vef

Retificador de Onda Completa:

Fig. 6.11

Fig. 6.12

1 π
π ∫ 0 MÁX
I CC = I × sen wt dwt

1
I CC = × I MÁX × [− cos wt ] 0π
π

2 × I MÁX
I CC = ⇒ Nota : O período agora é π
π
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 45

1 π
I ef = × ∫ I MÁX
2
×sen 2 wt dwt
π 0

2
I MÁX π
I ef = × ∫ (1 − cos 2 wt ) dwt
2π 0

2
I MÁX
I ef = × [π − 0]

I MÁX
I ef =
2

2 × I MÁX
I CC = (1)
π
I MÁX
I ef = ⇒ I MÁX = 2 × I ef (2)
2

Substituindo 2 em 1 temos:

2 × 2 × I ef
I CC =
π

I CC = 0,9 × I ef

VCC V
= 0,9 × ef ⇒ VCC = 0,9Vef
R R
VCC = 0,9Vef

6.5 - Circuito Comercial Empregado em Voltímetros AC

O circuito básico do voltímetro AC, apresenta a configuração conforme a Fig.


6.13.

Fig. 6.13
46 Capítulo 6 - Voltímetro AC

RL = Resistência de carga adicional para deslocar o ponto de trabalho do retificador


para um trecho linear da curva característica.
D2 = Diodo auxíliar para impedir a tensão de pico inversa no diodo D1, e que produziria
uma pequena corrente inversa, afetando o valor médio real, ou avariando o
diodo D1. Este diodo também permite que a corrente circule nos dois sentidos, o
que é necessário para a medida de corrente alternada.
RS = Resistor limitador de corrente.
D1 = Diodo retificador de germânio.

O voltímetro AC mede tensão eficaz da senoide, com o fator de forma definido.


Para se medir uma outra forma de onda periódica não sendo senoidal, teremos que
corrigir a leitura.

Fator de Forma: É a relação entre o valor eficaz e o valor médio de uma forma de
onda.
2
× VMAX
F.F. = 2 ≅ 1,11 (Onda Completa )
VMAX

π

2
× VMAX
F.F. = 2 ≅ 2,22 (Meia Onda )
VMAX
π

Para se medir uma tensão de forma de onda não senoidal aplicamos um fator
de correção na indicação do instrumento.

6.6 - Circuito de Proteção do Galvanômetro

O circuito que protege o galvanômetro é interligado conforme a Fig. 6.14.

Fig. 6.14

OBS.: Para melhorar linearidade RL sempre igual a RM.

O capacitor é utilizado para o amortecimento da deflexão do ponteiro.


Os diodos de silício não permitem que a tensão no medidor ultrapasse certo
valor, protegendo o medidor (Fig. 6.14).

Ex.: Diodos de silício ⇒ BA 100


Tensão limite de 0,75 V
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 47

VM << 0,75 V VM ≅ 100 mV


A chave é utilizada para evitar o magnetismo residual do conjunto móvel,
quando se transporta o medidor.(proteção mecânica).

6.7 - Voltímetro para Medida de Tensão Pico a Pico


Para esse fim, é empregado um circuito que efetua a soma aritmética dos
picos positívos e negativos. Um circuito dobrador de tensão pode efetuar esse
processo. Deixamos a análise quantitativa para o leitor (Fig. 6.15).

Fig. 6.15

6.8 - Medidor True RMS


O medidor chamado True RMS, conhecido no Brasil como medidor RMS
verdadeiro, ou valor eficaz verdadeiro, é uma novidade entre os equipamentos
(multímetros) digitais.
O ruído elétrico produzido por equipamentos eletro-eletrônicos, é uma
constante, visto que o mesmo é gerado nos conversores, osciladores em alta
freqüência, normalmente com a forma de onda quadrada ou formas complexas.
Sabemos que a onda quadrada é gerada a partir da onda senoidal
(fundamental) e seus harmônicos, os quais poluem a rede elétrica e confundem as
leituras dos multímetros AC convencionais.
Devido a esse fenômeno o multímetro True RMS é um equipamento
necessário ao técnico ou engenheiro para que possam registrar leituras corretas, com
maior exatidão.(È utilizado obrigatoriamente nas medidas em painéis de indústrias).
Para melhor entendimento, iremos definir alguns conceitos básicos.

6.9 - Valor Eficaz Verdadeiro, Valor RMS

RMS é a abreviatura de Root Mean Square, que podemos traduzir, raiz média
quadrática, que tem como definição:
É o valor de tensão AC eficaz que corresponde a uma tensão DC de mesma
potência dissipada em uma mesma carga.
A expressão que define matematicamente é:
48 Capítulo 6 - Voltímetro AC

1 2π 2
T ∫0
2
VEficaz = VMax × Sen 2 θdθ

Resolvendo esta integral, temos:

VMax VMax
VEficaz = ou
2 1,414
Lembrando que este resultado só atenderá as formas de onda senoidais pura.
Neste caso, é só conectar os terminais de um voltímetro AC qualquer, que
teremos uma medida correta.
O medidor True RMS é utilizado quando precisamos medir uma tensão AC que
não seja uma senoide pura, ou seja, formada por harmônicos da fundamental, gerada
por interferências eletromagnéticas, distorções lineares, etc.
Na Fig. 6.16 podemos ver uma senoide pura.

Fig. 6.16

Na Fig. 6.17 podemos ver uma senoide com harmônicos.

Fig. 6.17

Os instrumentos True Rms são ideais para aplicações industriais, onde devido
a presença de inversores de freqüência, máquinas e motores elétricos, causam a
chamada poluição da rede elétrica.
O engenheiro ou técnico deverá utilizar um instrumento True RMS nestas
instalações, pois do contrário cometerá erro na leitura.
O voltímetro AC convencional só pode medir, tensões com freqüência de até
400 Hz, enquanto que o voltímetro AC True RMS mede acima de 200 kHz.
Se medirmos sinais triangulares ou quadrados com voltímetros convencionais,
o resultado da medida será totalmente errado, visto que o fator de crista de cada forma
de onda é diferente, causando erros percentuais de − 3,9 % para a onda triangular e
− 46 % para a forma de onda quadrada.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 49

Por exemplo: Se quizermos calcular a tensão Vrms-TRUE de uma onda


senoidal retificada , no caso medindo com voltímetro convencional, teremos que fazer
uma correção: V médio X 1,11 ( fator de forma de uma onda seno) o resultado será
exatamente o valor Vrms-TRUE , aqual o voltímetro TRUE deverá apresentar.

6.10 - Análise de uma Onda Senoidal não Pura RMS


Analisando uma forma de onda senoidal, podemos observar os dois picos
simétricos, com os valores máximos de pico e a razão entre o seu valor máximo e o
valor RMS, que denominamos de Fator de Crista.

VPICO
Fc =
VRMS

1,41
Fc = = 1,41
Fig. 6.18 - Fator de Crista da Senoide Pura 1

7
Fc = =7
1

Fig. 6.19 - Fator de Crista da Senoide Distorcida

O fator de crista de uma onda triangular é de 1,73.

VMÁX
VRMS =
3

Fig. 6.20

O fator de crista de uma onda quadrada é aproximadamente a raiz quadrada


do inverso do ciclo de trabalho (Duty cycle).
50 Capítulo 6 - Voltímetro AC

T VMÁX
FC = ⇐ ∴ VRMS =
t FC

Fig. 6.21

O multímetro True RMS pode ser facilmente identificado apenas com a sua
inscrição no painel, e com função NMR (Normal Mode Rejection), que rejeita as
harmônicas superiores a 60 Hz. É específicado para analisar redes de eletricidade.
Se analisarmos a onda quadrada da Fig. 6.22, podemos ver que tem uma
forma simétrica, então o duty cycle neste caso é de 50%.

Fig. 6.22

1 1
Fator de crista ⇒ Fc = ⇒ Fc = = 1,41
duty cycle 12

T l arg ura do pulso


Fc = duty cycle =
T2 período das ondas

O duty cycle é o ciclo de trabalho da forma de onda. Podemos observar, que


este ciclo depende da largura do pulso da onda quadrada.
Com todas essas distorções em uma onda periódica, não podemos nunca
fazer medidas com equipamentos convencionais com exatidão; ratificando os
parágrafos anteriores, sempre que necessitamos medir tensões ou correntes AC em
ambientes industriais, utilizaremos o multímetro True RMS.

A seguir apresentamos dois exemplos para melhor fixação:


1) Projetar um voltímetro AC a partir de um galvanômetro D´Arsonval na configuração
de meia onda com os seguintes dados: Ver Fig. 6.23

Im = 1mA, RL = 100 Ω , Rm = 100 Ω


D1 = D2 = 400 Ω (sentido direto)
Escalas: 0-10 V
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 51

0-100 V
a) Determinar os valores dos resistores R1 e R2.
b) Determinar a sua sensibilidade (Eficiência) nas duas escalas.
c)

∼ A

Fig. 6.23

Solução:

Escala 0 ∼ 10 VCA

10 VEFICAZ
VCC = = 4,5 V
2,22
Meia Onda = 2,22
I RL = I m
I D1 = I m + I RL = 2 mA (1 mA ⇒ Fundo de escala )

VCC 4,5
RT = ⇒ = 2.250 Ω
IT 2 mA
R T = R1 + RD1 + Rm // RL
2.250 = R1 + 400 + 50 ⇒ R1 = 1.800 Ω
R 2.250 Ω
S = TOTAL ⇒ ⇒ 225 Ω V
VEFICAZ 10 V

Escala 0 ∼ 100 VCA

100 VEFICAZ
VCC = = 45 V
2,22
Meia Onda = 2,22
I RL = I m
I D1 = I m + I RL = 2 mA (1 mA ⇒ Fundo de escala )
VCC 45
RT = ⇒ = 22,5 KΩ
IT 2 mA
R T = R 2 + RD1 + Rm // RL
22.500 = R 2 + 400 + 50 ⇒ R 2 = 22.050 Ω
R 22.500 Ω
S = TOTAL ⇒ ⇒ 225 Ω V
VEFICAZ 100 V
52 Capítulo 6 - Voltímetro AC

OBS.: Podemos ver que em qualquer escala, a sensibilidade do instrumento é a


mesma.

2) Sabendo-se que um voltímetro AC responde a valores médios; para que sua


indicação seja em valores eficazes, teremos que corrigir através de um
coeficiente, K = 1,11. Se uma onda triangular da Fig. 6.24 é aplicada a um
voltímetro AC, determinar o fator de forma e o erro da indicação do voltímetro.

Fig. 6.24

1 T 2 1 T
T ∫0
E MÉDIO =
T ∫0
E EFICAZ = e dt edt

(Da equação da reta ⇒ e = 50 t)

1 3 2 2 1 3
EEFICAZ = ∫
3 0
50 t × dt ⇒ 50 × × ∫ t 2 × dt
3 0
3
1 t3 1 27
EEFICAZ = 50 × × ⇒ 50 × × ⇒ 50 3 VAC (TRUE QUE É O VALOR REAL TEÓRICO)
3 3 0
3 3

1 3 VEFICAZ 50 3
3 ∫0
E MÉDIO = 50t dt
Fator de Forma = ⇒ ⇒ 1,155
3 VMÉDIO 75
1 t2 50 9
E MÉDIO = × 50 × ⇒ × ⇒ 75 VDC
3 2 3 2
0

K triangular = 1,155
K Senoide = 1,11

Então:

K SENOIDE 1,11 0,961 − 1


= = 0,961 ε%⇒ × 100% ⇒ −3,9%
K TRIANGULAR 1,155 1
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 53

OBS.: Se o técnico utilizar um multímetro digital (DVM) do tipo Rms-Convencional,para


medir a forma de onda triangular da figura 6.24, o valor da tensão Rms será
totalmente errada.Se substituir o DVM por um do tipo Rms True a leitura será:
Vmedio x F.F da onda triangular. Então,no exemplo anterior temos: Vrms True =
75V x 1,155 = 86,625V.(valor de tensão correta).

6.11 - Analisador de Redes Elétricas

Atualmente encontramos no mercado analisadores de energia elétrica que tem como


função analisar e registrar a forma de onda da senoide em um sistema com carga.
Pode-se analisar : Tensão , corrente, potência, fator de potência harmônicas e ruídos.
O ruido elétrico gera harmônicos de diversas Formas:
Tipos de Ruídos (Branco e Rosa): O ruído branco abrange todas as frequências altas
e o ruído Rosa abrange as frequências baixas.
Spike: É um surto de tensão com picos instantâneos ultra rápidos.
Causas: Chaveamento de componentes estáticos como: SCR, TRIAC, IGBT, etc. que
controlam cargas industriais motores e solenoides.
Efeitos: Estes picos geram a queima de placas eletrônicas.
Solução: Utilização de VDR, também chamado de varistor ou TVS (transient voltage
supressors), filtros RC chamados de Snubber e TRAFO isolador.
Abaixo apresentamos algumas formas de onda AC com diversas
irregularidades causadas por fenômenos interferentes.

Fig. 6.25 - Senoide com


“Spikes” Fig. 6.26 - Duas técnicas para eliminação de ruídos

Fig. 6.27 - Sobretensão Fig. 6.28 - Subtensão

Ruido Branco – Combinação de N frequências (Alta frequência)

Ruido Rosa – O Espectro cai 3db / oitava. (Baixa frequência)


54 Capítulo 6 - Voltímetro AC

Distorção da Senoide: A causa principal é o excesso de cargas indutivas no circuito.

Fig. 6.29 - Deformação Fig. 6.30 - Harmônica

Distorções Harmônicas

A solução para distorções harmônicas é a utilização de Banco de Capacitores


na Fonte e Filtros especiais nas freqüências de corte.

Fig. 6.31 – Banco de Capacitores

Interferências Eletromagnéticas (EMI)

Fig. 6.32 - Flicker Fig. 6.33 - Blackout Fig. 6.34 - Freqüência


Analisador de Energia: È o equipamento mais utilizado hoje pelos eletrotécnicos.

Função:
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 55

1- Analisa a Rede monofásica e trifásica (fator de potência, etc)..


2- Analisa as Harmônicas da rede elétrica
3- Grava Eventos (Picos)

Fig. 6.35

O eixo horizontal do instrumento representa o número da harmônica. Embora


no exemplo esse número vá até 13ª harmônica, normalmente encontramos
instrumentos que podem medir até 50ª. O eixo vertical representa a porcentagem da
potência da harmônica em relação a freqüência fundamental.

Fig. 6.36

6.12 - Transformador de Corrente e Potencial.


São Transformadores que estão interligados nos barramentos industriais e têm
a finalidade de reduzir a corrente e tensão respectivamente para fins de medição, de
acordo com a sua relação de transformação (relação de espinas entre o primario e o
secundário).

OBS.: Todo painel elétrico industrial que possui medidores, possui pelo menos 3
transformadores no seu interior.
A seguir apresentamos o diagrama de um trafo de corrente (TC) com uma
tabela de relação de trransformação;abaixo desta vemos um diagrama prático de
instalação de um TC e um TP em um painel elétrico com rede trifásica.
56 Capítulo 6 - Voltímetro AC

Fig.6.37 – Transformador de Corrente

Corrente Primária Relação Corrente Relação


Nominal (A) Nominal Primária Nominal
Nominal (A)
5 1:1 100 20:1
10 2:1 125 25:1
15 3:1 150 30:1
20 4:1 200 40:1
25 5:1 250 50:1

Fig. 6.38 - Circuito elétrico apresentando os TC e TP


7 OHMÍMETRO

7.1 - Introdução

O ohmímetro é um instrumento que permite medir a resistência elétrica de um


elemento ou de um circuito, indicando o valor da referida resistência numa escala
calibrada em ohms. É também usado no teste de continuidade, no valor de resistências
suspeitas ou de fugas de circuitos ou de componentes defeituosos.
Um método primário para se medir uma resistência, é o método do voltímetro e
amperímetro. (Dois tipos de montagens).

a) Montagem a Montante: A ligação do voltímetro é feita antes do amperímetro. (Erro


por excesso).
b) Montagem a Jusante: A ligação é oposta. (Erro por defeito).

O operador deverá analisar o circuito, antes de conectar os instrumentos para


que haja o mínimo de erro possível.
Basicamente, o ohmímetro é constituído por um medidor sensível de corrente,
uma fonte de tensão contínua e uma resistência limitadora de corrente. Como
instrumento indicador usa normalmente um microamperímetro de bobina móvel.
Muitos ohmímetros têm várias escalas, que vão de frações de ohms até muitos
megohms, e por isso fazem uso de resistências limitadoras, de valores bastantes
baixos e valores elevadíssimos, respectivamentes.
As escalas podem ser selecionadas por um comutador ou por terminais, ou
ainda, por sistema misto. A graduação do quadrante em ohms, pode ser comum a mais
de um alcance em escala de ohms.
Na Fig. 7.1 vemos um circuito formado por uma pilha, um miliamperímetro e
uma resistência, ligados em série. O circuito é atravessado por uma intensidade de
corrente determinada, registrada pelo miliamperímetro; conhecendo-se o valor da f.e.m.
da pilha, pela lei de Ohm é fácil calcular-se o valor da resistência intercalada no
circuito. Esta experiência somente é usada pelos estudantes, nos trabalhos práticos de
laboratório.
Para resultados mais exatos na medição de resistências por este método, de-
se levar em conta a resistência interna do miliamperímetro, quando as resistências a
medir são de valores baixos, comparados com a resistência interna deste.
58 Capítulo 7 - Ohmímetro

Fig. 7.1

Existem dois tipos básicos de ohmímetros:

O Tipo Série e o Tipo Paralelo

7.2 - Ohmímetro do Tipo Série

O ohmímetro consiste de um medidor, baterias e resistências de valores


conhecidos, que são ligados de tal sorte que por comparação permitem medir o resistor
desconhecido. Ver Fig. 7.2.
Analisemos primeiramente o ohmímetro série, que indica sempre de zero a
infinito. Para o projeto do mesmo deve ser utilizada a indicação de centro de escala. A
indicação de zero ohms (à direita da escala) ocorre com resistência R X = 0. A
Im
indicação de centro de escala ocorre quando temos a corrente no medidor igual ,
2
isto é: Req = RC, onde RC é a resistência do circuito do medidor correspondente ao
centro de escala e Req = Resistência equivalente.

Maior durabilida de da bateria


Vantagem
Tipo Série Melhor estabilidade
Desvantagem A escala é inversa em relação as escalas do multímetro.
Ver Fig. 7.3.

Fig. 7.3 - Podemos ver a sua escala


Fig. 7.2 ôhmica inversa.

No circuito tipo série, podemos citar:

Ri = Resistência interna do galvanômetro.


Rb = Resistência interna da bateria.
RAdj = Potenciômetro, que é uma resistência variável que tem como função, o ajuste de
zero ohm, ou seja, é o reostato de calibração do ohmímetro.
RX = Resistor que o operador está medindo.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 59

7.3 - Ohmímetro do Tipo Derivação (Paralelo)

Embora esteja mais difundido o uso do ohmímetro do tipo série, para a


medição de resistências de muito baixo valor, porém o melhor tipo é o de derivação,
cujo diagrama vemos na Fig. 7.4.

Fig. 7.4 Fig. 7.5

A resistência desconhecida Rx, é ligada em paralelo com o medidor; passando


parte da corrente do ohmímetro através dessa resistência, reduz a corrente no
galvanômetro, e daí, a deflexão diminui proporcionalmente. Deste modo, a corrente que
passa pelo medidor depende da relação entre o valor da resistência interna deste e de
Rx.
Antes da medição de uma resistência, ajusta-se o ohmímetro para a deflexão
máxima na escala, por meio de RAdj, sem que se toquem as pontas de prova. Agora, ao
ligarem-se as pontas de prova a uma resistência de valor desconhecido, ficando esta
em paralelo com o medidor, o ponteiro indica um valor menor, que corresponde ao da
resistência sob medição. Vemos, portanto, que a escala deste tipo de ohmímetro é
direta, porém muito pouco usado comercialmente. Por este motivo, não faremos
maiores comentários neste livro.

7.4 - Parâmetros do Ohmímetro

Para que o projeto do ohmímetro série, seja compatível com a escala inversa é
necessário utilizar a equação da escala.

Ix R eq
Equação da Escala D
Im R eq Rx

A especificação de um ohmímetro é feita pelo valor indicado no centro da


escala, RC que corresponde a resistência equivalente do ohmímetro vista pelos
terminais da medição.

Req = Resistência equivalente do circuito = RC.


Ix = Corrente que circula na resistência a ser medida.
Im = Corrente de deflexão do medidor.
D = Deflexão do galvanômetro.

Daí podemos afirmar:


60 Capítulo 7 - Ohmímetro

Quando:
Ix 1
Rx R eq (Deflexão na metade da escala )
Im 2
Ix
Rx 0 1 ( Deflexão no fundo da escala )
Im
Ix
Rx 0 ( Deflexão no ínicio da escala )
Im

Se optarmos por um medidor simples como a da Fig. 7.2, para medirmos


valores elevados de Rx, teremos Rt elevado no circuito, e, para manter a corrente
compatível com a necessidade de deflexão do medidor, teríamos que fatalmente
aumentar a fonte CC do circuito. Isto complicaria o projeto, o qual deve obedecer
características de economia, portabilidade, etc.
Na Fig. 7.7, podemos ver o diagrama de um ohmímetro básico comercial.
Analisando o circuito, observamos as cinco escalas, cujo a escala de maior
valor ôhmico, necessita de uma fonte de tensão maior, visto que, para haver a deflexão
do medidor, há a necessidade de se aumentar a corrente do circuito.
Na escala R x 10 K a tensão total é dada pela soma das baterias V b1 + Vb2,
que possibilitará medir resistências acima de 10 M .

Fig. 7.7 - Ohmímetro (Diagrama Básico Comercial)


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 61

7.5 - Projeto de um Ohmímetro Série

Para o estudante compreender facilmente o funcionamento e projeto de um


ohmímetro, há a necessidade de se realizar um circuito simples, didático, como
exemplificamos na Fig. 7.8.

Fig. 7.8

1) Projetar um ohmímetro tipo série utilizando o diagrama didático da Fig. 7.8.

Dados:

Im = 50 A
Rm = 2 K
Rb = 0
Vb = 3,0 Volts
Fator de escala = R x 1, R x 10 e R x 100
Indicação do centro de escala = RC = 2 K

Solução:

Fazendo Rx = 0 temos Im = 50 A (Série)

Vb 3
I1 1,5 mA
R eq 2K

I1 I2 Im
3 6
I2 I1 Im I2 1,5 10 50 10 1,45 mA

VR 2 Im Rm 50 10 6 2 10 3
R2 68,9
I2 I2 1,45 10 3
R1 2K (2 K // 68,9) 0 1933,4
62 Capítulo 7 - Ohmímetro

* Escala R x 100 não tem resistência, neste caso é circuito aberto no comutador.
* Escala R x 10 tem resistência, é o R3.

Como a escala é compatível com a resistência de centro de escala, temos:

RC RC '
R3 Fórmula Empírica (Prática)
RC RC '

Como as escalas são décadas, então podemos afirmar que:

RC’ Relação 10:1 e RC = 2 K então RC = 10:1 então RC’ = 200

2 K 200
R3 222,22
2 K 200

R3
R4 22,22
10

Aferição de um Ohmímetro

Após o projeto realizado, agora há a necesidade de se fazer a aferição do


instrumento.Para isto termos que calcular as correntes correspondentes para
cada ponto do arco da escala e registrar os valores em Ohms.Abaixo segue um
exemplo.

2) Graduar a escala de um ohmímetro série utilizando um galvanômetro de


D’Arsonval do exercício anterior para 3 pontos do arco da escala.

Por opção escolheremos três valores de resistência:

R1 = 500 , R2 = 2 K , R3. = 8 K , registrados na escala de miliamperes.

Utilizaremos a equação da escala:

Equação de Escala: D RC Ix
RC RX Im

Podemos lembrar que a escala de miliampéres é linear e a de ohms não é;


temos como dados do exercício anterior:

6
Im 50 10 A

RC = 2 K Registro no centro da escala de miliampéres

Substituindo na equação fica:


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 63

2 10 3 Ix
D 2K
2 10 3 2 10 3 50 10 6

6
Ix 25 10

2 10 3 Ix
D 500
2 10 3 500 50 10 6

Ix 40 A

2 10 3 Ix
D 8K
2 10 3 8 K 50 10 6

Ix 10 A

Então, marcamos, registramos os valores no arco da escala conforme aparece na


figura 7.9.

Fig. 7.9
INSTRUMENTOS

8 ANALÓGICOS
CONVENCIONAIS

8.1 - Instrumentos Eletrodinâmicos

Neste capítulo iremos apresentar os tipos de instrumentos analógicos


convencionais, específicos para funções independentes em medidas elétricas.
Tratamos de instrumentos de bobina móvel, que pelas suas características, só
podem ser utilizadas na medição de intensidades ou de tensões contínuas. Vejamos as
diferenças básicas entre instrumentos de CC e de CA.
Se um amperímetro de CC como os já descritos, for ligado num circuito de CA,
uma vez que esta muda de sentido 60 vezes por segundo, imprime à bobina móvel
impulsos em um e em outro sentido, a partir da posição de repouso, 60 vezes por
segundo.
A inércia de todo o conjunto móvel, ponteiro e bobina, impede que se movam
em tão curto espaço de tempo e mantêm a média desses impulsos em um e em outro
sentido, não passando da posição de repouso. Este fato deve-se a que os pólos do ímã
mantêm sempre a mesma polaridade, variando só os pólos magnéticos da bobina
móvel, fato este que impede a medição direta de CA com instrumentos de bobina
móvel.
Conseguindo-se variar os pólos do campo magnético permanente, de acordo
com as variações da corrente na bobina, haveriam ações magnéticas de atração e
repulsão, sempre no mesmo sentido, e isto permitiria medir CA.
Se ao circuito esquematizado na Fig. 8.1 for aplicada uma corrente com o
mesmo sentido nas três bobinas, elas terão um campo magnético com a mesma
polaridade relativa.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 65

Fig. 8.1

O instrumento de medição apresentado denomina-se por dinamômetro, uma


vez que se trata de um circuito eletrodinâmico, onde os campos magnéticos variável e
fixo são produzidos pela corrente elétrica. Este tipo de aparelho é muito usado como
wattímetro e cosefímetro.

8.2 - Wattímetros

Estes aparelhos possibilitam a medição do número de watts ou a energia


absorvida por um circuito. São do tipo eletrodinâmico. Para medir energia, os
enrolamentos estão isolados entre si; um deles trabalha como bobina de tensão e o
outro como bobina de corrente.
A bobina de corrente atua como excitadora, está fixa e em série com o circuito
(amperimétrico); a bobina móvel, de tensão, está ligada em série com uma resistência,
e por sua vez em paralelo com o circuito, como se fosse um voltímetro.
A bobina móvel tem excitação constante, enquanto que pela fixa passa a
corrente do circuito exterior, e da combinação dos esforços entre a excitação das
bobinas, fixa e móvel, resulta o desvio do ponteiro do instrumento sobre o quadrante
calibrado em watts.
Em resumo, podemos afirmar que os instrumentos eletrodinâmicos é
composto de uma bobina fixa dividida em duas partes e uma bobina móvel onde está
afixado o ponteiro. O funcionamento interno é similar ao de bobina móvel, e pode ser
usado em medições AC e DC.
Na Fig. 8.2 podemos ver o seu diagrama elétrico básico:

Wattímetro Analógico

Fig. 8.2A - Vista geral, com indicação das bobinas de Fig. 8.2B - Símbolo e conexão a
tensão e de corrente uma carga
66 Capítulo 8 - Instrumentos Analógicos Convencionais

• Wattímetro: Mede potência ativa ⇒ Watts;


• Cosefímetro: Mede o fator de potência de uma instalação ⇒ Coseno φ;
• Medidor de KVA: Mede a potência aparente;
• Medidor de KVAR: Mede a potência reativa.

8.3 - Medidor de Quilowatt-Hora

Talvez o mais popular de todos os medidores elétricos, é o medidor de KWh


(quilowatt-hora), também conhecido simplesmente como “relógio”. Todas as
residências, lojas e indústrias, enfim, todos os consumidores de energia elétrica, ou
seja, os que compram esta energia, são obrigados a instalar esse medidor. Em suma, a
energia que vem da companhia deve passar pelo medidor antes de ser consumida.
Mensalmente, um funcionário da companhia concessionária faz a leitura do que foi
consumido e, subtraindo esse total da leitura do mês anterior, obtém-se o total de
quilowatts a ser pago pelo que foi gasto.

Estes medidores são para correntes alternadas residenciais e industriais:

• Monofásicas (fase e neutro) - até 4 KW


• Bifásicas (2 fases e neutro) - entre 4 e 8,8 KW
• Trifásicas (3 fases e neutro) - acima de 8,8 KW

Basicamente, estes instrumentos medem a potência (KW) consumida durante


o tempo (h); por isso são chamados de “integradores”, pois medem a potência em
watts, que é o resultado dos volts pelos ampères (W = E x I).
O medidor de energia possuí duas bobinas de corrente e uma de tensão,
funcionando de modo semelhante a um motor de indução. Os campos elétricos e
magnéticos gerados por estas bobinas fazem girar um disco de alumínio dentado
acoplado a um eixo, que, por sua vez, movimenta as engrenagens dos quatro relógios
mercadores Fig. 8.3.

Fig. 8.3 - Aspecto Externo do Medidor de Quilowatt-Hora

Leitura: A leitura é feita sempre da direita para a esquerda, levando em conta sempre o
último número por onde passou o ponteiro. Como são quatro mostradores, obteremos
um número de 4 algarismos:

• 1° ponteiro: Marca as unidades e gira no sentido horário;


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 67

• 2° ponteiro: Marca as dezenas e gira no sentido anti-horário;


• 3° ponteiro: Marca as centenas e gira no sentido horário;
• 4° ponteiro: Marca os milhares e gira no sentido anti-horário.

Fig. 8.4 - Direção dos Ponteiros Indicadores

No exemplo da Fig. 8.4, vemos que o medidor acusa um consumo de 283


KW. Supondo que a sua leitura no mês anterior foi de 114 kW, devemos subtrair o
menor do maior para saber o consumo real do mês. Teremos, então, 169 KW
consumidos entre uma leitura e outra. Supondo ainda que cada quilowatt esteja sendo
vendido pela concessionária ao preço de R$ 0,44, podemos calcular o valor total a ser
pago multiplicando o total de quilowatts consumidos (169) por R$ 0,44:

283 (Mês atual)


− 114 (Mês anterior)
169 (KW consumidos) x 0,44 (Preço por KW) = R$ 74,36

R$ 74,36 (Total a ser pago)

O funcionamento de um medidor de quilowatt-hora, a grosso modo, pode ser


comparado a um instrumento de ferro móvel, tal como o galvanômetro, sendo que,
neste caso, sem a mola antagonista, permitindo que o disco gire livremente em seu
eixo quando impulsionado por campos eletromagnéticos defasados. Esta rotação, mais
propriamente, se compara ao rotor ou induzido de um motor de indução, representado
aqui pelo disco dentado Fig. 8.5.

Fig. 8.5 - Esquema Simplificado das Bobinas Defasadas que


Proporcionam a Rotação do Disco

Os campos eletromagnéticos que impulsionam o disco são formados por duas


bobinas (uma de tensão e outra de corrente). O defasamento de 90° entre elas e outros
ajustes são feitos na própria fábrica e, depois de aferidos, lacrados pela
68 Capítulo 8 - Instrumentos Analógicos Convencionais

concessionária. O eixo desse induzido é dotado de uma “rosca sem-fim”, que


movimenta as engrenagens de cada mostrador, constituindo assim o mecanismo
registrador.
O tipo de medidor que descrevemos e próprio para correntes alternadas em
sistema monofásico. Existem também outros tipos de medidores como, por exemplo,
para sistemas trifásicos com carga equilibrada, onde basta somente um medidor
monofásico para avaliar o consumo, visto que o valor registrado é multiplicado por três.
Nos sistemas trifásicos com neutro (4 condutores), a medição é feita como se fossem
três medidores monofásicos independentes, ou seja, um para cada fase.
Na atualidade podemos encontrar medidores de quilowatt-hora com painel
digital, o qual não descreveremos neste livro.

8.4 - Instrumentos de Ferro Móvel

Para a medição de corrente ou tensão alternada, pode se utilizar um medidor


de CC de bobina móvel, com retificador se a freqüência da corrente for muito baixa,
uma vez que a bobina móvel pode acompanhar essas variações no valor e sentido da
corrente.
Se a freqüência for mais elevada, acima de 60 Hz, o sistema de bobina móvel
não deve ser utilizado, pelas razões já apontadas, sem que se faça uso de um meio de
adaptação adequado.
Para medidores de CA industrial, onde não é exigida grande sensibilidade, são
indicados os instrumentos de ferro móvel, que vamos passar a descrever.
São conhecidos do leitor os fenômenos que se passam numa bobina
alimentada por CC e da qual se aproxima uma barra de ferro macio. Esta é puxada
para o interior da bobina. Se invertermos as ligações da bobina, o efeito repete-se, uma
vez que a barra de ferro doce adquire polaridade oposta à da bobina, seja qual for o
sentido da corrente.
Se a bobina for ligada a um circuito de CA, observa-se a mesma atração, visto
que os campos magnéticos criados para ambos os semiciclos, exercem a atração do
núcleo.
Se duas lâminas de ferro doce, paralelas uma à outra, forem colocadas dentro
de uma bobina, alimentada por uma corrente contínua ou alternada, qualquer que seja
o sentido da corrente nas espiras ou a polaridade do campo magnético, ambos os
extremos paralelos das lâminas adquirem a mesma polaridade; recordando que pólos
do mesmo nome se repelem, estas afastam-se uma da outra (Fig. 8.6), quase
proporcionalmente à intensidade do campo magnético.

Fig. 8.6
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 69

Na Fig. 8.7 vemos duas barras de ferro macio dentro duma bobina, estando
uma das barras fixa e a outra móvel, adaptada a um eixo sobre o qual gira, juntamente
com um ponteiro que indica num quadrante o seu deslocamento.

Fig. 8.7 Fig. 8.8

O instrumento de ferro móvel pode ser de lâminas paralelas ou concêntricas,


Fig. 8.7 e Fig. 8.8. Indicam valores de CC ou de CA na mesma escala, não sendo
sensíveis à forma de onda.

OBS.: Onde se emprega o princípio da repulsão de duas peças de ferro magnetizadas,


a força da repulsão varia com o quadrado da corrente na bobina, e não
diretamente com a corrente, e daí resulta o quadrante não ter uma graduação
linear, como vemos na Fig. 8.9.

Os voltímetros têm um enrolamento de muitas espiras de fio bastante fino para


que, de acordo com a tensão adequada de funcionamento, a corrente seja mínima para
proporcionar a deflexão total. Os amperímetros têm uma bobina de poucas espiras de
fio grosso, para que a queda de tensão seja mínima, e suporte com larga margem de
sobrecarga, a corrente total a medir.

Fig. 8.9

A bobina do medidor de ferro móvel, apresenta uma certa resistência


ôhmica à CC, e reatância indutiva (XL) à CA. O seu efeito nas leituras é desprezível
nas freqüências industriais.
Os instrumentos de ferro móvel são muito simples e de baixo preço. As
medições efetuadas não são muito exatas mas, quando calibrados com cuidado,
podem atingir 0,5% de erro nas leituras. São de baixa sensibilidade e usam-se na
medição de tensões ou de correntes, segundo sejam voltímetros ou amperímetros, em
todos os circuitos de CC e CA, de média e grande potência.
Há também os instrumentos de ímã móvel, de características idênticas às de
ferro móvel, mas que só funcionam com CC.
Os medidores de ferro móvel são utilizados em painéis elétricos industriais.
70 Capítulo 8 - Instrumentos Analógicos Convencionais

Para compreendermos melhor os instrumentos de bobina móvel e o de ferro


móvel, observamos a Tabela 8.1.
Tabela 8.1
A. C. (Ferro Móvel) D. C. (Bobina Móvel)
POLARIDADE Não tem polaridade, nem para AC É necessário obedecer polaridade.
nem para DC.
Fixa Móvel
BOBINA Pode ter fio grosso e também Fio fino, muitas espiras, mais que
bastante espiras. na de AC.
Quadrática Linear
Acumula divisões no início da Devido a linearidade, a precisão é
ESCALA escala, provocando baixa precisão; a mesma em qualquer ponto da
por isso se abandona os primeiros escala.
termos.
Não são feitos para medidas de Muito mais sensíveis.
precisão.
SENSIBILIDADE Caso a precisão seja requerida,
deve-se fazer uma adaptação no
de bobina móvel.
CUSTO Bem menor. Muito maior.

8.5 - Instrumentos Térmicos

Um outro tipo de instrumento de medição, utiliza o efeito da dilatação de um


condutor metálico, ao aquecer pela passagem da corrente. O aquecimento do fio é
proporcional ao quadrado da intensidade da corrente.
O condutor tem um dos extremos fixado a um tambor de pequenas dimensões.
Uma parte da corrente transforma-se em calor, o comprimento do fio aumenta, e daí, o
ponteiro fixado ao eixo e tambor, desloca-se sobre o quadrante.
Este aparelho, denominado por amperímetro térmico, não é muito preciso,
porque as leituras sofrem pequenas diferenças que dependem da temperatura
ambiente. Emprega-se em circuitos de correntes industriais, assim como na medição
de correntes de alta freqüência, onde os outros tipos de instrumentos não podem ser
usados.
Na Fig. 8.10 vemos um amperímetro de RF, no qual a temperatura ambiente
não tem influência; funciona com a corrente produzida num termo-par ou par
termoelétrico.
Um termo-par ou par termoelétrico é formado por dois metais de
características distintas, unidos por um dos extremos, A e B. Ver Fig. 8.11.
Normalmente são usados os metais alumel/chromel.
Se essa união é aquecida, entre as pontas livres observa-se a presença de
uma f.e.m. de pequeno valor.
Este fenômeno é denominado por efeito termoelétrico, onde se obtém energia
elétrica por efeito do calor, isto é, onde se processa a transformação de energia térmica
em elétrica, também chamada de transdutor.

OBS: No capítulo 15 apresentamos com mais detalhes o estudo dos termo-


pares, com os gráficos correspondentes e suas aplicações na indústria.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 71

Fig. 8.10 Fig. 8.11

Num termo-par obtém-se corrente continua que pode alimentar um instrumento


sensível de bobina móvel. No instrumento da Fig. 8.10 a excitação do termo-par
consiste no aquecimento provocado num ponto do circuito, pela passagem de uma
corrente elétrica, seja ela CC ou CA, de BF ou de RF de elevado valor.
Os termo-pares podem associar-se em série, e assim, permitem aumentar a
sensibilidade dos instrumentos indicadores. Um termo-par dentro de um forno, ligado a
um instrumento de medida graduado em graus centígrados e montado à distância, num
painel de controle, permite avaliar a todo o momento a temperatura dentro desse forno.
É utilizado em usinas siderúrgicas e transmissores de rádio e TV para a
medição de potência de RF da antena.

8.6 - Amperímetros Alicate


Na medição de corrente, o instrumento medidor deve ter a menor resistência
ôhmica possível, visto que nos seus bornes se produz uma queda de tensão que altera
o valor da intensidade a medir. Este efeito tem conseqüências inconvenientes nos
circuitos de tensões baixas, pelos quais passem correntes de elevada intensidade.
Na prática, é freqüente se abrir o circuito para intercalar o amperímetro.
Porém, em certos casos pode optar-se pela inclusão de uma resistência em série com
o circuito (Fig. 8.12), e medindo a queda de tensão, pela Lei de Ohm obteremos o valor
da corrente que o percorre.
Não é possível em todas as situações, inserirmos um resistor ou abrir o
circuito elétrico em carga, para então se fazer a medida. Daí, surgiu a necessidade de
se obter outro método, é o do medidor de indução.

Fig. 8.12 Fig. 8.13

Vemos assim, que a característica mais importante de um instrumento de


medida é o seu consumo próprio, visto que, como já observamos, tem influência em
todos os valores que intervêm na medição. Porém, na medição de tensões e correntes
industriais, pode desprezar-se o seu consumo.
Nos medidores portáteis não é prática ou cômoda a medição direta, sendo
mais adequado o sistema através de um transformador, como vemos esquematizado
na Fig. 8.13. Estes transformadores de medida são fabricados em modelos
72 Capítulo 8 - Instrumentos Analógicos Convencionais

incorporados nas montagens, e permanentemente intercalados nos circuitos, em


modelos portáteis.
A corrente cria um campo magnético à volta de um condutor, podendo
empregar-se o próprio condutor como enrolamento primário, se o transformador for
colocado ao redor do mesmo. Assim, sob este princípio, usam-se amperímetros
alicates (Fig. 8.15), cujas pinças envolvem o condutor, fechando o circuito magnético.
Nestes modelos, de várias escalas, a gama de medições é obtida pela variação da
relação de espiras do transformador.
Podemos afirmar que o amperímetro alicate, é um medidor de indução, é um
amperímetro que não necessita conexão física ao circuito para medir corrente.
Basicamente consiste de um transformador, um galvanômetro e uma ponte
retificadora (Medidor de AC). Podemos ver o seu diagrama elétrico básico na Fig.
8.14. O seu diagrama completo na Fig. 8.16.

Fig. 8.15
Fig. 8.14

Fig. 8.16 - Multímetro Analógico, com a Função Amperímetro Alicate


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 73

8.7 - Instrumento de Medição Universal (Multímetro)

O multímetro é considerado um instrumento de medição universal.


Na prática, torna-se necessário o emprego do ohmímetro, miliamperímetro e
do voltímetro, para CC e CA, isto é, de quatro instrumentos.
O engenheiro necessita freqüentemente de efetuar medições tanto em
corrente contínua como em corrente alternada e ainda, talvez a mais importante, de
medir continuidades e o valor ôhmico de resistências, de elementos indutivos, etc. Foi
atendido com a criação do multímetro, constituído por um miliamperímetro de precisão,
comum a todas as medições.
Com a finalidade de completarmos o estudo, apresentamos o esquema geral
de um multímetro (Fig. 8.17), igual ou semelhante a muitos outros em uso diário, que
nos ajuda melhor interpretar o conjunto e combinações para as suas múltiplas
aplicações. Não nos
alongamos com apresentações de outros modelos de mais sensibilidade, porquanto o
princípio de funcionamento é o mesmo para todos eles.

Na Fig. 8.17 podemos ver um diagrama comercial de um multímetro de boa


qualidade, com excelentes características, e com as suas escalas, distribuídas e
selecionáveis por chaves manuais.

Fig. 8.17- Multímetro analógico


74 Capítulo 8 - Instrumentos Analógicos Convencionais

Considerações Técnicas
Analisando o diagrama da Fig. 8.17, temos:

• Objetivando a proteção do galvanômetro, foram incluídos dois diodos e uma chave


em paralelo com o galvanômetro.
• Os diodos, em configuração anti-paralelo, protegem o galvanômetro contra picos
de tensão AC e inversão de polaridade (D1 e D2).
• A chave S1, atua quando o multímetro é desligado, pois a posição ON corta o
galvanômetro e impede a criação de um campo magnético residual.
• A chave S2, seleciona o multímetro para: Voltímetro DC, Amperímetro DC,
Voltímetro AC ou Ohmímetro, seleciona uma das escalas do multímetro.
• A chave S3, seleciona a polaridade + ou − para a deflexão.
• As duas pilhas funcionam na posição de resistência ôhmica.
• O diodo D3 funciona como retificador na posição volts AC.
• O diodo D4 funciona como proteção do diodo D3 da tensão de pico inversa.

8.8 - Medidas com o Multímetro

Fig. 8.18 - Mostrador de um multímetro

Tensão: O multímetro deverá ser ligado em paralelo com o circuito a ser medido e a
leitura deverá ser feita nas escalas abaixo da escala de ohms. Ver Fig. 8.19.

Fig. 8.19 - Medindo Voltagem


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 75

Corrente DC: O multímetro deverá ser ligado em série com o circuito a ser medido e a
leitura deverá ser feita nas mesmas escalas do voltímetro DC. Ver Fig. 8.20.

Fig. 8.20 - Medindo Corrente

Resistência Ôhmica: O multímetro deverá ser ligado em paralelo com o componente a


ser medido, mas sempre com o circuito desligado. A leitura deverá ser feita na
escala superior que vai de 0 Ω a ∞ Ω. Ver Fig. 8.21.

Fig. 8.21 - Medindo Resistência

Multímetro Eletrônico: A diferença fundamental entre o multímetro convencional e o


eletrônico é que o primeiro utiliza apenas componentes passivos, em quanto que o
segundo utiliza componentes ativos, que podem ser transistores ou circuitos
integrados, que têem como função a amplificação dos sinais.
A maior vantagem do multímetro eletrônico é que a sua impedância de entrada
é muito alta, em torno de 10 MΩ e podemos ter leituras de tensões na ordem de
milivolts.
A característica de um multímetro eletrônico, é que pode ser construído com
um circuito em configuração ponte, utilizando dois ou mais amplificadores tipo FET, ou
apenas um circuito integrado, (Amplificador operacional para instrumentação), na
configuração diferencial, minimizando os ajustes.

Na Fig. 8.22 apresentamos um multímetro eletrônico utilizando um


amplificador operacional para instrumentação que atua como comparador e retificador
de precisão.
76 Capítulo 8 - Instrumentos Analógicos Convencionais

Fig. 8.22 –Multímetro analógico Eletrônico

8.9 – Conversor Tensão/Corrente

Imagine que você precisa medir e controlar a temperatura de uma caldeira, só


que devido ao calor excessivo, você deve colocar o mínimo de componentes
eletrônicos próximos ao ponto de medida (a caldeira). Você conseguiu projetar um
sistema composto do sensor de temperatura, da eletrônica de condicionamento que
recebe o sinal do sensor e o transforma em níveis de tensão/corrente compatíveis com
o seu sistema de controle. Como você sabia que a temperatura do processo era
elevada e que alguns poucos componentes poderiam suportá-la resolveu isolar
fisicamente o sensor / condiconamento da parte de controle, separando-os por uma
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 77

longa distância de tal forma que o controle fosse realizado em um local mais
confortável (por exemplo em uma sala com ar condicionado onde você poderia
controlar a temperatura por um computador, chamado de supervisório). Restou no
entanto a dúvida, se você deveria levar o sinal através dos fios (linhas) que ligam o
bloco caldeira / sensor / condicionamento ao bloco de controle por meio de valores de
tensão, ou por meio de valores de corrente. Qual dos dois tipos você escolheria?

Solução

Como a parte eletrônica de controle(supervisório) encontra-se distante do


ponto de medida / condicionamento (às vezes centenas de metros), se empregarmos
um sinal de tensão, este pode ser degradado pela reistência Rf (impedância) dos
longos fios que ligam o sensor / condicionamento à parte de controle (figura 8.23-A).
Por outro lado, se empregarmos um sinal de corrente, ele pode ser transmitido pelo
comprimento dos fios sem sofrer degradação (figura 8.23-B).

Figura 8.23 – Ligações do termo-par até o supervisório em uma indústria.

a) Sensoriamento de temperatura por tensão onde V a temp. significa que V


é proporcional à temperatura;
b) Sensoriamento de temperatura por corrente onde I a Temp. significa que I
é proporcional à temperatura.

Por este exemplo pecebemos que é importante também sabermos manipular


correntes e não só tensões!

Normalmente escolhe-se correntes entre 10mA e 20mA.


9 PONTES DE IMPEDÂNCIAS

9.1 - Introdução

Os componentes passivos em CA, geralmente consistem de combinações


variadas de resistências. Um elemento perfeito de resistência ou reatância ideal,
praticamente não existe.
Independente da configuração física, cada impedância pode ser expressa,
para uma determinada freqüência, como uma combinação série ou paralelo de uma
resistência e de uma reatância, conforme a Fig. 9.1 e Fig. 9.2.

PARALELO (Alto D ou Q) SÉRIE (Baixo Q ou D)

Fig. 9.1 Fig. 9.2

9.2 - Parâmetros D e Q
Uma característica importante de um indutor ou de um capacitor, e
freqüentemente de um resistor, é a relação entre a resistência e a reatância. Esta
relação é chamada de fator de Dissipação D, sendo recíproca do fator de mérito Q.
Estes termos podem ser definidos de ângulo de fase θ e de ângulo de perdas δ.
O fator de dissipação é diretamente proporcional à energia dissipada, e o fator
de mérito à energia armazenada por ciclo; o fator de potência (cos φ ou sen δ), difere
do fator de dissipação em menos de 1% quando suas magnitudes são inferiores a 0,1.
Podemos dizer ainda, que sendo Q igual ou superior a 10 ou D igual ou inferior a 0,1, a
diferença entre as reatâncias série e paralela é inferior a 1%. O fator de dissipação D,
que varia diretamente com a perda de energia é usado para capacitores; e o fator de
mérito Q para indutores.
O valor típico para capacitores de poliéster é de aproximadamente D =
5
0,0002 e para o cristal de quartzo na ressonância, Q = 10 .
A ponte de Wheatstone, indica a solução natural para a medida dos
componentes passivos em CC. Alimentando a ponte com uma tensão alternada
e utilizando um detector de nulo que responde a tensões alternadas, a ponte pode ser
representada da forma indicada a seguir:
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 79

O detector de nulo pode ser um fone, um galvanômetro de CA em baixas


freqüências, um osciloscópio, ou um amplificador de CA, com indicador conveniente.
A condição de nulo é satisfeita quando a tensão nos extremos do detector de nulo é
zero em magnitude e fase.
A seguir apresentamos algumas pontes e suas finalidades.

9.3 - Pontes de Impedâncias

As pontes são circuitos com a configuração básica indicada conforme a Fig.


9.3 onde F é uma fonte de energia elétrica, D um dispositivo detector de tensão ou
corrente, e Z1 , Z2 , Z3 e Z4 são as impedâncias totais de cada braço.
As pontes são usadas para medições precisas de componentes elétricos. As
medições são conseguidas quando obtida a relação Z1 × Z X = Z 2 × Z 3 . Nessa
condição a diferença de potencial entre os pontos B, C é nula não havendo portanto
circulação de corrente (daí a necessidade do elemento detector D).

Fig. 9.3

Para a medição são conhecidos os valores de três das impedâncias, por


exemplo Z1, Z2 e Z3. O último braço, Z X tem a sua impedância determinada em função
das outras três.
Dependendo das características de Z1, Z2, Z3 é possível a medição de
resistências (inclusive valores muito pequenos), indutâncias, capacitâncias,
admitâncias, condutâncias e freqüências.

9.4 - Pontes Alimentadas com Tensão Contínua


Ponte de Wheatstone: A forma mais simples de todas é a da ponte de Wheatstone
que é usada para a medição de resistências. Ela formada por quatro resistores, um
gerador de tensão (usualmente são baterias) e um dispositivo detector de zero
(corrente ou tensão). O detector, geralmente um galvanômetro, fica entre os nós B e C.
Ver Fig. 9.4.

Fig. 9.4
80 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

A ponte está em equilíbrio quando I1 × R 1 = I 2 × R 2 não havendo portanto


corrente circulando no detector pois VBA = VCA e portanto VBA − VCA = 0 .

Nessa condição podemos dizer que:

V V
I1 × R 1 = I 2 × R 2 ⇒ I 1 = I 3 = e I2 = IX = ⇒
R1 + R 3 R2 + RX
R1 R2
= ⇒ R1 × R X = R 2 × R 3
R1 + R 3 R 2 + R X

Que permite que o resistor desconhecido possa ser calculado por:


R × R3
RX = 2
R1
Ponte de Kelvin: (Objetivo medir valores de resistência na ordem de 10 −5 Ω): Na Fig.
9.5 a R EF representa a resistência do cabo de ligação EF de R 3 com R X .
Se o galvanômetro for ligado ao ponto E a resistência R EF é adicionada ao
valor da resistênciaR X e o valor medido será superior ao verdadeiro valor de R X . Se
for ligado ao ponto F a resistência R EF é adicionada ao valor da resistência R 3 e o

valor medido será inferior ao de R X pois R 3 terá um valor maior que o seu valor
nominal.

Fig. 9.5
R ED R 1
Ligando-se o galvanômetro em um ponto D onde =
R DF R 2
Podemos deduzir as três fórmulas básicas:

R2
RX = R3
R1

R DF
RX = R3
R ED
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 81

9.5 - Pontes Alimentadas com Tensão Alternada

Quando alimentamos um circuito similar ao da ponte de Wheatstone com


tensão alternada podemos fazer medições de impedâncias, parâmetros reativos e
freqüências.
O circuito é idêntico porém temos mais opções para o dispositivo detector de
equilíbrio. Aqui devemos substituir o galvanômetro, que não pode ser usado em
circuitos alimentados com tensões alternadas, por detectores de corrente ou tensão
alternada (osciloscópios por exemplo) ou até mesmo fones de ouvido e é óbvio que a
freqüência deverá estar dentro do espectro audível. No caso de fones de ouvido o
elemento detector é o ser humano, considerado bastante sensível e portanto capaz de
garantir bastante precisão na medida.

A expressão de equilíbrio será Z = Z 2 × Z 3 ⇒ Z × Z = Z × Z


X 1 X 2 3
Z1

Como estamos tratando de números complexos (dois campos numéricos


independentes na mesma expressão matemática), na situação de equilíbrio a segunda
igualdade deverá satisfazer duas condições simultaneamente:

Z1 ∗ Z X = Z 2 ∗ Z 3 Igualdade dos produtos dos módulos das impedâncias em


braços opostos.
(θ1 + θ X ) = (θ 2 + θ3 ) Igualdade das somas dos ângulos das impedâncias em
braços opostos.

Impossibilidade de equilíbrio nas pontes alimentadas com tensão alternada.

As pontes alimentadas com tensão alternada podem eventualmente não


alcançar um equilíbrio pela impossibilidade de satisfazerem as duas igualdades acima
simultaneamente.

Ponte de Maxwell: A ponte de Maxwell mede uma indutância em função de uma


capacitância e possui um circuito conforme a Fig. 9.6, onde Z X = Y1 × Z 2 × Z 3 e

Y1 é a admitância do braço 1. Substituindo na equação os valores indicados na figura


obtemos:

1
R X + jwL X = + jwC1 × R 2 × R 3
R1

Separando as partes reais e imaginárias obtemos:

R2 × R3
RX = e L X = R 2 × R 3 × C1
R1

Onde o valor de C é em Farads.


82 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

A medição de bobinas com Q maior que 10 é feita com uma ligeira


modificação dessa ponte, que passa a se chamar ponte de Hay.
A ponte de Maxwell é mais indicada para medição das características de
bobinas com Q situado entre 1 e 10. Isto é fácil de ser verificado pela segunda
condição de equilíbrio. Como a soma dos ângulos dos braços resistivos, R2 e R3 , é
igual a zero, a soma dos ângulos dos outros dois braços, Y1 e Z X também deve ser
zero. Bobinas com alto Q possuem ângulo próximo a 90° o que levaria a valores de R1
elevados ou impraticáveis. R1 não pode ser eliminada pois auxilia na obtenção do
equilíbrio da ponte.

Fig. 9.6

Ponte de Hay: Esta ponte também tem o objetivo de medir indutâncias mais não
iremos estuda-la.
Ponte de Schering: É utilizada para a medição de capacitâncias e também para
medidas relacionadas com as propriedades isolantes de alguns materiais, com baixas
perdas, onde o ângulo fase observado seja próximo de 90°, isto é, o fator de dissipação
D de um circuito série RC. Ver Fig. 9.7.

A condição de equilíbrio é dada por Z X = Y1 × Z 2 × Z 3 e Y1 é a


admitância do braço 1.

Substituindo na equação os valores indicados na Fig. 9.7 obtemos:

1 1 −j
RX − = + jwC1 × R 2 ×
wC X R1 wC 3

Desenvolvendo a equação e separando as partes reais e imaginárias obtemos:

R 2 × C1 R1
RX = e CX = C3 ×
C3 R2

Onde o valor de C é em Farads.

Observe que o equilíbrio é alcançado pelos ajustes de C1 e R 2 .


O fator de dissipação de um circuito série RC é definido como a cotangente do
ângulo fase, então D 1 = w × R 1 × C1 .
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 83

Fig. 9.7

Ponte de Wien: É utilizada basicamente para a medição de freqüências. Ver Fig.


9.8.

A condição de equilíbrio é dada por:

1 j .
R2 × = R 4 × R1 −
R 3−1 − jwC 3 wC1

Desenvolvendo a equação e separando as partes reais e imaginárias obtemos:

R 2 R 1 C3 R4
(I ) = + e (II) wC 3 R 1 R 4 =
R 4 R 3 C1 wC1R 3

Estas são as duas equações de equilíbrio da ponte. Porém podemos tornar o


seu funcionamento mais interessante observando-se o descrito a seguir.

Da equação (II) podemos obter uma expressão em função de “f ” pois w = 2πf


1 1
(2πf )2 = ⇒ (III) f =
R 1 × R 3 × C1 × C 3 2 π R 1 × R 3 × C1 × C 3

Fazendo-se R 1 = R 3 = R e C1 = C 3 = C as expressões (1) e (III) transformam-se


em

R2 1
=2 e f =
R4 2πRC

Estas são as duas equações de equilíbrio da ponte, pois na prática estas


pontes são de fato construídas com essa condição, isto é, R 1 = R 3 e C1 = C 3 além

de R1 e R 3 serem resistências variáveis acopladas a um único eixo, para que


possam sofrer variações idênticas simultaneamente.
84 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

Fig. 9.8

9.6 - Pontes Universais de Medidas Utilizadas em


Telecomunicações

Nos dias de hoje, podemos acompanhar o avanço tecnológico com a chegada


dos cabos ópticos, transmissão de dados, etc. Porém persistirão por muitos anos, as
linhas de transmissão através do fio telefônico, o qual sabemos que sofre de defeitos
como maus contactos, linhas abertas, curto circuito, diafonia, fugas etc.
Por esse motivo, é imprescindível treinarmos os cabistas para os trabalhos em
campo ou laboratório com equipamentos específicos.
O condutor mais conhecido pelos técnicos cabista é o par telefônico; e um dos
parâmetros mais inportantes no estudo das redes telefônicas, é exatamente a
resistência do fio.
A resistência de enlace de um par telefônico é especificado em ohms/Km, de
acordo com o diâmetro da secção reta dos condutores do par.
Por exemplo, os condutores de cabos telefônicos com secções retas de
diâmetros padronizados, têm suas resistências especificadas conforme a Tabela
9.1.
Tabela 9.1
Diâmetro do Fio (mm) Resistência de Enlace a 25°° C (Ω Ω /Km)
0,4 273
0,5 171
0,65 108
0,9 54

O lance é o circuito físico dentro do enlace.


O enlace é o comprimento físico ou visual entre dois pontos.
Como exemplo típico, podemos formalizar um problema, com a sua solução
vinculada diretamente a tabela.

Exemplo:

Determinar a resistência de enlace de uma linha telefônica constituída de dois lances


dos quais se tem as seguintes informações:

Lance Condutor (mm) Comprimento (Km)


1 0,65 2
2 0,5 1,5
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 85

Solução: Analisando a Tabela 9.1, podemos escrever:

a) Resistência de enlace do 1° lance. b) Resistência de enlace do 2° lance.

108 Ω 171 Ω
2 Km × = 216 Ω 1,5 Km × = 256,5 Ω
Km Km

A resistência total do enlace é a associação série das resistências de cada lance;


portanto:

R T = 216 Ω + 256,5 Ω ⇒ R T = 472,5 Ω

9.7 - Ponte de Wheatstone

A ponte de Wheatstone é um equipamento formado por circuitos resistivos


conforme a Fig. 9.9, muito utilizado para se medir resistências elétricas com precisão.

Fig. 9.9

Sendo R X uma resistência a ser medida e R2 e R3 duas resistências

conhecidas. O valor de R1 é ajustado de maneira que o medidor não registre


passagem de corrente, neste caso I M = 0 Ampére, o que indica que as tensões dos
pontos A e B são iguais. Nestas condições, a ponte é dita estar em completo equilíbrio,
daí surge a fórmula geral.

R1 × R 3
RX =
R2
86 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

Como um exemplo verificamos a seguir um exercício.

Deteminar o valor da resistência desconhecida no diagrama abaixo, sabendo-se que o


galvanômetro não acusa nenhuma deflexão.

Fig. 9.10

R 2 R1
=
R3 R4

R X × 24 Ω = 8 Ω × 21 Ω ∴ R X = 7 Ω

9.8 - Sistemas de Aterramento Industrial


Existem vários sistemas de circuitos de aterramento normatizados pela NR-10
utilizados na industria; cada qual projetado com a sua necessidade de acordo com o
objetivo de interesse da proteção. Vejamos:

Fig. 9.10 - Sistema TN-S (condutores neutro e terra separados em todo o sistema com
um terra só)
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 87

• Fig. 9.11 - Sistema TN-C-S (neutro e terra combinados em único condutor


em uma parte do sistem com 2 terras separados)

Fig. 9.12 - Sistema TN-C (neutro e terra combinados em único condutor em todo o
sistema com 1 terra só)
88 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

Fig. 9.13 - Sistema TT (neutro aterrado independente do terra da massa. Existem


2 terras separados)

Fig. 9.14 - Sistema IT (neutro não aterrado diretamente .exixte uma impedância entre o
neutro e o terra. O terra da massa está aterrado)

LEGENDA: Em inúmeras literaturas encontramos algumas notações que confundem


o técnico, que significam :N=Condutor Neutro ; L= Condutor linha ;PEN= Condutor
de proteção e neutro ; PE = Condutor de proteção ; T = condutor de terra ;
TN = Condutor de terra e neutro
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 89

9.9 - Megômetro

O megômetro, é um instrumento portátil, e é usado para testes de isolamento


de cabos, medidas de resistências de valor elevado até aproximadamente 100.000
Megohms, ou mais, que na prática são encontrados nas medidas de resistências entre
condutores de cabos múltiplos, entre enrolamentos e do enrolamento para terra em
transformadores e em motores.
A Fig. 9.15 mostra o diagrama esquemático do megômetro.

Fig. 9.15

OBS.: Veja maiores detalhes no item 9.20


O megômetro é constituído de um medidor de imã fixo e uma bobina móvel
cruzada, cuja fonte de energia pode ser um gerador ou uma fonte CA retificada. As
duas bobinas são montadas sobre o mesmo núcleo ao qual está solidário o ponteiro, e
seus conjugados são antagônicos, devido a posição em que são colocadas.

9.10 - Medição de Resistência de Isolamento à Terra

Procedimento para Teste: Antes de se começar a fazer qualquer medida, é


necessário desligar todas as tensões do equipamento ou instalações a serem testadas.
Para o caso de instalações muito grandes, estas são divididas em seções no
quadro de distribuição.

Medida de Resistência de Isolamento da Instalação com Relação à Terra: Os


procedimentos do parágrafo 9.20 mostram como se mede a resistência de isolamento
da instalação com relação à terra, ligando-se o potencial positivo à linha sob teste, e o
potencial negativo à terra.
Todos os pontos de consumo (lâmpadas, motores, etc.), devem permanecer
ligados, a fim de estabelecer a conexão entre as duas linhas de suprimento.
Se for desejado o isolamento entre as linhas devemos desconectar todos os
pontos de consumo.
90 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

9.11 - Medidor de Resistência de Terra (Terrômetro -


Megger)
Existem dois tipos de equipamentos para medidas de terra:

Instrumento analógico, que utiliza os métodos Universal ou Wenner (zero


central) e o digital. Este instrumento, também é chamado de MEGGER pelos técnicos.
Antes de apresentá-los vamos sedimentar alguns conceitos importantes.

9.12 - Aterramento
É o processo de aterrar partes metálicas neutras de uma instalação,
equipamentos, ou o cabo de descida de um sistema de pára-raios. Sua finalidade é
fornecer uma referência fixa de potencial entre as partes “vivas” e neutras de um
sistema e também permitir o escoamento para terra de correntes de defeito, protegendo
a integridade física do operador, e são utilizados eletrodos como:

Eletrodo de Terra: É a haste de material condutor cravado na terra, usado para manter
no potencial de terra partes metálicas ligadas a ele e dissipar pela terra correntes que a
ele se dirijam. Deverá apresentar uma resistência de contato pequena, não superior a 5
Ω. Essa resistência deverá ser medida anualmente.
Malhas de Aterramento: Quando não se consegue obter, usando um único eletrodo,
uma resistência de contato de no máximo 5 Ω usa-se malhas de aterramento. Estas
consistem num conjunto de hastes de material condutor enterrados verticalmente e
unidos por cabos de cobre nu, formando uma malha. O cabo ou cordoalha de ligação
deverá ter a mesma bitola do condutor de terra, conforme é visto na Fig. 9.16.

Fig. 9.16

ρ ρ
R= +
4r L
Onde:

R = Resistência de contato da malha;


ρ = Resistividade do solo em Ω x m;
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 91

L = Comprimento em metro, de todos os cabos que compõem a malha,


inclusive elétrodos enterrados;
r = Raio do círculo equivalente da malha.

r2 × π
Ex.: 25 × 10 = 250 m 2 ; = 250; logo r = 1.000
4 π

9.13 - Processo de Medição de Resistência de Terra


Na realidade, quando medimos a resistência de terra, medimos ao mesmo
tempo: a resistência do solo, a resistência do eletrodo e conexão com o cabo de
descida, e a resistência de contato entre o eletrodo e o solo.

Os métodos de medição da resistência de aterramento podem ser


classificados em três grupos:

Triangulação ou Método dos Três Pontos: Dois pontos auxiliares de teste e mais o
eletrodo que se deseja medir são dispostos em um arranjo triangular. A resistência
série de cada par de pontos aterrados no triângulo é determinada medindo-se a tensão
aplicada aos eletrodos e a corrente que circula pelo solo entre os eletrodos. A
resistência pode ser medida pelo método Voltímetro - Amperímetro aplicando-se a lei
de Ohm ou por meio de uma ponte adequada.
Método da Relação ou Razão: A resistência série de terra sob teste e um eletrodo de
teste é medida por meio de uma ponte potenciométrica. São processos patenteados e
deve-se acompanhar as instruções dos fabricantes quanto a metodologia de medição e
utilização dos eletrodos. São métodos que costumam ser mais satisfatório que o
método da triangulação acima pois permitem variações entre a resistência do eletrodo
de teste e os eletrodos a ser examinado maior que 300:1. A melhor exatidão é
conseguida fazendo-se medidas à maior distância possível da malha de aterramento
existente
Método da Queda de Potencial (Ver Fig. 9.17): Um eletrodo de prova fixo é colocado
na posição C com uma ponta de prova P deslocando-se para diversas posições
alinhadas entre G e C. Uma tensão é aplicada entre G e C fazendo-se leituras
simultâneas de V e A para cada posição de P e traçando-se um gráfico de R conforme
Fig. 9.18.
O valor da resistência mostrada na parte plana da curva da Fig. 9.18 ou no
ponto de inflexão é tomada como a resistência de terra. Este método pode gerar erros
consideráveis se existirem correntes de dispersão no solo (por exemplo entre a malha
de terra e uma torre logo além do eletrodo C). A metodologia mais utilizada é fazendo-
se leituras com deslocamentos do eletrodo de teste em intervalos de 10 % da
distância entre G e C.
92 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

Fig. 9.17 - Montagem de Campo para Medição da Resistência


de Terra pelo Método da Queda de Potencial.

Fig. 9.18 - Exemplo de uma Curva da Resistência de Terra para


uma Subestação

9.14 - Eletrodos de Aterramento

Abaixo listamos alguns materiais que poderão ser usados como eletrodo.

Tubo de ferro galvanizado de 3 m de comprimento de ¾”;


1) Cantoneira de ferro galvanizado de 3 m de comprimento;
2) Haste tipo copperweld, varão de aço recoberto com cobre de 3 m de comprimento
(mais usual) e ¾” de bitola.

OBS.: A profundidade deverá ser maior que 70 cm da superfície.

Fazer um aterramento é ligar um componente de um sistema elétrico a um


ponto de referência de zero volt; para isso é necessário especificar os tipos.

Tipos de Aterramento: Serviço (terra elétrico) e Segurança (terra eletrônico)

Serviço: Aterramento do ponto neutro dos transformadores (Light) ou outras


concessionárias.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 93

Segurança: Aterramento das carcaças dos motores, medidores, equipamentos, etc.

OBS.: Em um quadro de distribuição de energia, teremos 2 aterramentos:

Serviço (neutro) e Segurança (eletrônico)


Valores típicos de aterramento:

• Excelente ≤ 5 Ω = terra eletrônico (*)

OBS.: Segundo a norma NBR 5410-2004 a resistência de Terra não deverá ser
superior a 10 Ω.

Bom = 5 a 15 Ω
• Terra de Serviço Razoável = 15 a 30 Ω
Condenável ≥ 30 Ω

(*) Instalações de computadores

Nas Fig. 9.19 e Fig. 9.20 apresentamos os diagramas de ligações elétricas dos
instrumentos analógico e digital, para medição de terra.

9.15 - Processo Analógico

Fig. 9.19 - Modo de Ligação

O método do voltímetro e amperímetro determina o valor da resistência no


VX
ponto X pois: RX = .
I
Como o aperfeiçoamento, surgiram os tipos como Universal e Zero Central,
que advem do circuito básico da Fig. 9.19, cujos procedimentos são semelhantes.
94 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

9.16 - Processo Digital

Utilizar a maior escala para iniciar a medida

Fig. 9.20 - Modo de Ligação

Com relação a Fig. 9.20, temos:

EC = Estaca de corrente;
ET = Estaca de tensão;
P = Ponto que se quer medir;
D1 ≅ 30 m;
D2 = 0,6 D1 ≅ 18 m.

Nas verificações de aterramento de subestação, há necessidade de se


analisar as tensões de passo e de toque.

TENSÃO DE PASSO

É a diferença de potencial entre os 2 pontos de uma passada (1 m) que pode


se manifestar na superfície do terreno.

TENSÃO DE TOQUE

É a diferença de potencial entre os 2 pontos (pé e mão) ≅ 1 m, que pode se


manifestar entre uma parte metálica aterrada e um ponto da superfície do terreno.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 95

POTENCIÔMETRO

É um equipamento que mede a força eletromotriz de um gerador (pilha) com


maior precisão e exatidão (tensão baixa). É um instrumento de extrema precisão e
corresponde a uma ponte de Wheatstone DC, que utiliza como referência uma pilha
padrão de laboratório. (Acumulador de Cádmio) com solução de CdSO4 ⇒ 1,0183 V,
Imax = 0,1 mA, precisão = 0,01%, é utilizado quando se deseja medir uma bateria de
precisão e não afeta a sua carga; como exemplo, a bateria de um marcador de passo
coronariano.

9.17 - Medida de Resistividade


Para medir a resistividade do solo, também é necessário utilizar o megger. É o
mesmo equipamento que faz a medida da resistência de terra.
Os procedimentos é que são diferenciados.
Para se medir aterramento utiliza-se 3 hastes.
Para medir resistividade, utiliza-se 4 hastes e aplica-se a fórmula completa de
Frank Wenner ou a simplificada de Palmer (utilizando-se do valor de R registrado no
instrumento).

Fórmula completa de Frank Wenner:

Sendo: ρ = K × R

4π × a
K=
2a 2a
1+ −
2 2
a + 4b 4a + 4b 2
2

Onde:

ρ = resistividade calculada do solo, em ohms x Metro.


R = resistência medida pelo instrumento, em ohms
a = distância de separação entre as hastes, em metros
b = profundidade das hastes, em metros.

Fórmula Simplificada de Palmer:


96 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

Quando a profundidade “b” é pequena na frente da distância “a”, Palmer


concluiu que a resistividade do solo pode ser calculada pela fórmula abaixo, válida na
a
prática a partir de valores a e b ; tais que b ≤ . Veja a Fig. 9.21
20

Fórmula de Palmer: ρ = 2.π .a.R

Fig. 9.21 - Medição de Resistividade

9.18 - Alicate Terrômetro

Fig. 9.22 - Alicate Terrômetro (Só funciona para medidas


de aterramento com mais de 2 pontos)

Descrição:

Equipamento utilizado para medição da resistência de aterramento em


sistemas multiaterrados (que possui mais de dois eletrodos, pontos de terra) e corrente
de fuga.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 97

Funcionamento Básico: O seu funcionamento é similar a uma amperímetro alicate


(medidor de indução).

Aplicação deste método:

• Sistemas multiaterrados. O circuito não precisa ser interrompido.


• Indicação de continuidade do circuito sob teste.
• Medição de corrente de fuga para a terra de um equipamento ligado a um eletrodo
(ou sistema de aterramento).

Cuidados necessários:

• Verificar se realmente se trata de um sistema multiaterrado.


• Estimar o número de eletrodos interligados
• Em SEs energizadas, a aplicação do alicate terrômetro para medição de
continuidade ou corrente de fuga torna-se inadequada.

OBS.: Este equipamento somente mede resistência de terra.

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Fig. A

Fig. B Fig. C

Fig. D
Fig. 9.23
98 Capítulo 9 - Pontes de Impedâncias

A Fig. 9.23A mostra uma rede elétrica com 4 transformadores aterrados


separadamente.

A Fig. 9.23B apresenta o ponto de teste e as resistências de terra equivalentes.

A Fig. 9.23C mostra o ponto de teste e apenas uma resistência total equivalente.

A Fig. 9.23D mostra o circuito equivalente com as suas equações.

9.19 - Como Medir com Megômetros


Os Megômetros são aparelhos destinados a medir altas resistências, daí
serem usados para teste de isolamento de redes, de motores, geradores, etc.

Fig. 9.24 - Megôhmetro Digital

O Megômetro não é indicado para se medir mau contato de emendas de fios,


chaves ou fusíveis, pois neste caso a resistência do circuito é muito pequena e o
instrumento não teria precisão.
O Megômetro é um gerador de corrente contínua acionado por manivela,(os
mais antigos) tendo uma escala e dois bornes de ligação. Em aparelhos modernos a
tensão do gerador é acionada por um botão e mantida constante, qualquer que seja a
rotação da manivela.
Na figura abaixo vemos a indicação de um Megômetro de 500 volts, permitindo
leituras de até 50 megohms. Este instrumento será indicado quando a instalação ou o
equipamento a medir for de baixa tensão. Quando a instalação ou equipamento
trabalhar em alta tensão, usam-se Megômetros de até 5000 volts com escala de 10000
Megohms.

Fig. 9.25 - Megôhmetro analógico e sua escala de Megohms


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 99

Pode-se medir a resistência do isolamento entre condutores ou entre


condutores e eletroduto. Para isso, abre-se os terminais do circuito em uma das
extremidades, e na outra extremidade ligam-se os bornes do megômetro, inicialmente
entre os condutores e depois entre cada condutor e a massa (eletroduto). Deste modo,
constata-se qual a resistência de isolamento.

Pequenos Aparelhos Cabos


Fig. 9.26 - Testando o isolamento com Megôhmetro

De acordo com a NBR 5410, a resistência de isolamento mínimo é a seguinte:


2
• Para fios de 1,5 e 2,5 mm – 1MΩ
• Para fios de maior seção é baseada na corrente do circuito, conforme tabela
abaixo:

Tabela – Corrente do circuito X Resistência de isolamento


CORRENTE DO CIRCUITO RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO
De 25 a 50 A 250.000 Ω
De 51 a 100 A 100.000 Ω
De 101 a 200 A 50.000 Ω
De 201 a 400 A 25.000 Ω
De 401 a 800 A 12.000 Ω
Acima de 800 A 5.000 Ω

Vamos supor, por exemplo, que num circuito de 1,5 mm, aplicando o
megômetro entre cada condutor e massa, achamos uma leitura de 0,2 megohms; isso
significa problemas de isolamento no circuito que devem ser sanados antes da ligação
definitiva. Pode-se medir também a resistência de isolamento entre os enrolamentos de
um motor e a massa. Uma boa isolação é de 1.000 ohms para cada volt de tensão a
ser aplicada no circuito.
10 ESTUDO DO DECIBEL

10.1 - O Decibel (dB)


É uma medida cujo surgimento deveu-se a necessidade do homem quantificar
os valores correspondentes a níveis de ruído.
Nas telecomunicações em geral, as saídas de seus amplificadores destinam-
se a serem detectadas pelo ouvido humano. Foi observado por Weber-Frechner que a
resposta do ouvido humano é logarítmica. Daí então a necessidade de um sistema de
medidas sonoras fundamentadas em logarítmos de relação de potência.
No estudo das linhas telefônicas, existem relações exponenciais de perda de
potência, onde este sistema seria de enorme vantagem pois os ganhos e atenuações
passariam a ser simplesmente somadas ou subtraídas. Devido a essas vantagens, a
indústria telefônica em homenagem a Alexander Graham Bell, resolveu popularizar uma
unidade logarítmica que foi denominada de Bell.

P2
NB log10
P1

Onde: N B = Número de Bells


P2 e P1 = Potências que se desejam comparar.

Na prática foi constatada que a unidade Bell era muito grande, passando-se
então a trabalhar com o sub-múltiplo do Bell, o decibel.

Onde, 1 dB = 0,1 B
P2
N dB 10 log10
P1
Dependendo da relação entre P2 e P1, o número de decibéis pode ser positivo
ou negativo.

Se, P2 > P1 Número de decibéis positivo


Se, P2 < P1 Número de decibéis negativo

P2
N dB 10 log10
P1
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 101

V22 V12
mas : P2 e P1
R2 R1

2
V22 R 2 V2 R1
Logo: N dB 10 log 10 log
V12 R 1 V1 R2

V2 R1
N dB 20 log 10 log
V1 R2

mas, P R I2 , logo P2 R 2 I 22 e P1 R 1 I12

2
R 2 I 22 I R1 I2 R2
N dB 10 log 10 log 2 20 log 10 log
R1 I12 I1 R2 I1 R1

Se R2 = R1, temos:

V2 I2 I2
N dB 20 log 20 log 20 log
V1 I1 I1

Resumindo, podemos afirmar que:

P2
a) dB = 10 log , está relacionado à potência;
P1

V2
b) dB = 20 log , está relacionado à tensão;
V1
I
c) dB = 20 log 2 , está relacionado à corrente;
I1
Sabemos que a referência de 0 dB, corresponde a exatamente 1 mW de
potência sobre uma carga de 600 de impedância, que irá corresponder a 0,775 V RMS.
Nos receptores de R.F. (Rádio Freqüência) é instalado um medidor que
comumente é chamado de medidor VU, que mede a unidade de volume nas
freqüências complexas de áudio, também pode ser convertido para o decibel.
Com as referências de freqüências de 1 kHz, níveis de potências abaixo ou
acima de 1 mW, podemos ter:
102 Capítulo 10 - Estudo do Decibel

P1 = 1 mW em uma carga de 600 , daí teremos a voltagem de referência,


3
VREF P1 R , substituindo VREF 10 W 600 0,775 VRMS

Se desejarmos achar o número em dBm, é facilmente encontrado pelas


expressões:
PX
Número em dBm = 10 log = (Relação de potências)
1 mW
VX
Número em dBm = 20 log = (Relação de tensões)
0,775 V

Na prática usual em decibéis, podemos afirmar que quando um sistema tem


+dB, o sistema está obtendo um ganho, ou amplificação. Quando o mesmo sistema
tem – dB, implica em uma atenuação ou perda em potência.
Daí, teremos praticamente as relações:

+ 3 dB = Relação de + 2 vezes
+ 20 dB = Relação de 10 vezes
+ 40 dB = Relação de 100 vezes
+ 60 dB = Relação de 1.000 vezes
3 dB = Relação de 2 vezes

O leitor já deve ter ouvido falar em potência IHF. É a potência de áudio,


normalizada pelo Instituto de Alta Fidelidade da América, que é equivalente à potência
musical, a qual é uma referência de potência nos amplificadores, e é dado como a
potência de pico de um sistema.
A potência RMS, também é aplicada em sistema de áudio, e tem como
referência, o seu valor eficaz, dada pela expressão (Root Mean Square) que é a
potência dada pela raiz média quadrática da senoide. Esta é a potência real de um
sistema.
Todas as formas de potências também podem ser relacionadas em decibéis.
Na Fig. 10.1 podemos ver uma escala de um multímetro, o qual apresenta
escala de volts AC, (menor escala AC de um multímetro), que coincidentemente o valor
de 0,775 Volts, corresponde a 0 dB que é a referência na escala de decibéis.
V

Fig. 10.1 - Escala de um Multímetro

Desenvolvendo as relações de potências de saída de um sistema (POUT) e a


potência de entrada (PIN), temos:
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 103

PSaída POUT
dB 10 log 10 10 log 10
PEntrada PIN

Vout 2
Pout Rout
AdB 10 log 10 10 log
Pin Vin 2
Rin

Vout 2 Rin Vout 2 Rin


10 log 2
10 log 2
Rout Vin Vin Rout

2
Vout Rin Vout Rin
10 log 10 log 20 log 10 log
Vin Rout Vin Rout

CONVERSÕES DE DECIBEIS

Quando temos um valor expresso em dB e queremos retornar à escala linear, devemos


usar o antilogaritmo. Assim]
X/10
P1 em dB = X dB signica log P1 = X ou P1 = antilog X = 10
P2 P2 P2 10

Exemplo calcule, em escala linear, quanto vale a relação P1 em dB = 3 dB


P2
Solução:
P1 = 3dB, logo:
P2
0,3
P1 = Antilog 3 = 10 =2
P2 10

As únicas operações possíveis entre dois valores expressos em dB são a soma e a


subtração, sendo o resultado também expresso em dB. Como o dB resulta da
aplicação de uma função logarítmica, a operação de soma corresponde, em escala
linear, à multiplicação. A subtração em dB corresponde a uma divisão em escala
linear.

Assim, por exemplo, dada uma certa potência P, se dobrarmos seu valor, teremos:

P` = 2P ou P P em dB = 10 log2 = 3 dB
P P
104 Capítulo 10 - Estudo do Decibel

Se agora reduzirmos a potência P à metade:

P ou = 1 P = 10 log 1 = - 10 log2 = -3 dB
2 P 2 P 2

Assim, somar 3 dB equivale a multiplicar a potência P por um fator de 2, enquanto


diminuir 3 dB corresponde a dividir por um total de 2 (reduzir a potência à metade).

Sempre que for especificado log X, deve-se entender que log10 X é logaritmo natural.
Portanto, o dB é uma unidade de comparação de níveis de potência. Não há sentido
em se dizer que uma potência vale X dB e sim que esta potência é maior ou menor X
dB em relação a outra potência.
Por vezes se toma um valor particular para servir de referência na comparação com
outras potências. Esta referência é comumente o Watt ou o miliwatt, como veremos
adiante. No caso de P1 representar a potência de um sinal (S) e P2 a de um ruído (R)
podemos expressar em dB a relação entre a potência de sinal e a de ruído,
normalmente designada como relação sinal/ruído (RSR). Por exemplo, seja num
mesmo ponto A de um sistema:
S = 1 mW e R = pW

SISTEMA
A
PONTO MEDIDA
Teremos para a relação sinal/ruído:
9
10 log10 1mW = 10 log10 10 pW = 10 X 9 = 90 dB
1pW 1pW

Razões:
Um valor de ganho, de atenuação, de nível de sinal etc., é sempre uma medida
comparativa em relação a algum padrão. Esse padrão pode ser um watt, um volt, o
limiar da audição etc.. Vejamos a seguir os principais padrões usados no Áudio:
dBW – Corresponde ao valor de uma potência, dividida por um watt. Exemplo: Quanto
são 400W em dBW? Resposta:
10 X log400 = 10 X 2,6 = 26dB. O dbW é usado para expressar potências de
amplificadores, e é muito útil em cálculos de Eletroacústica.
dBm – Corresponde ao valor de uma potência, dividida por um miliwatt. Por exemplo,
100mW podem ser expressos como 20dBm. Geralmente, o dBm é utilizado para
expressar potências sobre uma carga de 600 ohms (isto vem dos primórdios da
telefonia). Fazendo as contas, 1mW sobre 600 ohms correspondem à voltagem de
0,775V. Isto leva a confusões, pois 0,775 V só correspondem a 0dBm se a carga for de
600 ohms.

Voltagem e Decibéis:
Como todos sabem, a potência é proporcional ao quadrado da voltagem. Assim, um
aumento de tensão produzirá o quadrado desse aumento em potência. Por exemplo, o
triplo da tensão produz 9 vezes mais potência. Ao se comparar voltagens, deve-se
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 105

levar em conta o quadrado das razões para as potências e, portanto, o dobro do


número de decibéis. Por exemplo, 10 vezes mais voltagem produzem 100 vezes mais
potência e, assim, 10 vezes mais voltagem correspondem a 20dB.
dBu – Hoje, a grande maioria dos níveis de entrada e saída de equipamento é
especificada em dBu. O dBu se originou do dBm, correspondendo também a 0,775V
mais independente da carga. Assim, por exemplo, 1,23V correspondem a + dBu, seja
em 250 , 600 , 10k , ou qualquer outra carga.
dBV – Parecido com o dBu, porém com referência em 1V. Como 1V corresponde a +
2,2dBu, basta somar este valor ao dBV para convertê-lo no mais popular dBu. Por
exemplo, 2V correspondem a + 6dBVm ou a + 8,2dBu.
2
dB SPL – O limiar da audição humana corresponde à pressão sonora de 20µN/m .
Este valor é usado como referência para o Nível de Pressão Sonora (SPL). A gama de
pressões admissíveis para o ouvido humano é enorme, variando de 0 a 120 dB SPL.
Como pressão tem a mesma natureza que a tensão elétrica, variações de pressão
produzem decibéis em dobro também. Portanto, a máxima pressão tolerável pelo
ouvido é um milhão de vezes a mínima perceptível – ou 120dB maior.
dBA – Como a resposta de freqüência do ouvido não é nada plana, faz sentido que,
para sons de baixa intensidade, uma escala ponderada baseada na curva da audição
seja mais significativa que uma escala baseada puramente na pressão sonora. Isto é,
um som com freqüência de 1kHz a 30dB SPL é perfeitamente audível, enquanto um
som de 30 Hz é totalmente inaudível. A leitura em dBA corresponde à leitura em dB,
afetada pela curva de resposta do ouvido a 40 dB SPL. Alem da curva, existem outras,
menos usuais, para finalidades diferentes.

Esta unidade, abreviada por dBm, é utilizada para se indicar a relação entre duas
potências P1 e P2, quando se estabelece, como referência, P2 = 1mW. Desta forma,
desde que fixamos a referência em 1mW, o dBm é uma medida absoluta de potência,
diferente do dB que é uma unidade de medida relativa. Caso a referência seja fixada
em 1W, ao invés de 1 mW, temos a unidade conhecida por dBW.

Dada uma certa potência P, em mW, podemos determinar o seu valor, em dBm,
fazendo diretamente P (em dB) = 10 log P já que a referência P2 = 1 mW. Deve-se,
entretanto, observar que implicitamente estamos referenciando esta potência a 1 mW
que tem o valor de 0 dBm. Veja o gráfico abaixo.
XdBm

dB XdB acima de 1mW

1mW=0dBm (referência)

Operação com dBm

Soma ou subtração de dBm com dB


Dada uma certa potência absoluta, expressa em dBm, a soma (ou subtração) de um
valor em dB significa, em escala linear, a multiplicação (ou divisão) da potência pelo
fator correspondente. O resultado é uma nova potência absoluta, devendo, portanto,
ser expresso em dBm.
106 Capítulo 10 - Estudo do Decibel

Exemplo: Dada uma potência igual a 20 dBm, qual o valor em dBm e em mW do dobro
desta potência?

Solução:
a) Valor em dBM
Como dobrar a potência significa somar 3 dB, temos:

Observe que o resultado da soma de dBm com dB é expresso em dBm.


b) Valor em mW
20dBm = 10log P
1mW
P = Antilog 2 = 100 mW

Exemplo –
Expressar esse ganho de tal forma que saibamos quantas vezes tal antena concentra
mais energia que o dipolo de meia onda, padrão, em iguais condições que a antena,
em estudo.

Solução:
dBd = 10 LOG X

5 = 10 LOG X dividindo por 10


0,5 = LOg X
X = 3,16 vezes

Observação: dBd significa que a comparação do ganho da antena foi efetuado em


relação ao dipolo de meia onda.

Exemplo
Expressar esse ganho de tal forma que saibamos quantas vezes tal antena concentra
mais energia que a fonte isotrópica, tormada como padrão.

dBi = 10 LOG X
5 = 10 LOG X
0,5 = LOG X dividindo por 10
X = 3,16 vezes
0,5
Atenção: Antilog = 10

Observação: dBi significa que a comparação do ganho da antena foi feita em relação à
fonte isotrópica.

Por fonte isotrópica, vamos entender aquele radiador que radia uniformemente, em
todas as direções. Essa fonte é ideal, não existindo na prática.

Relação entre dBi e dBd dBi = dBd + 2,15 dB


11 INSTRUMENTAÇÃO
DIGITAL

11.1 - Revisão de Eletrônica Digital

Como sabemos, a eletrônica analógica é estudada nos cursos Técnicos e


Engenharia, como uma das disciplinas do curso profissional, ou seja: O aluno irá
discutir e projetar circuitos eletrônicos analógicos no 3 ano de engenharia ou 2 ano do
curso técnico.
Quando falamos de Eletrônica Digital, podemos observar que a maioria das
universidades e cursos técnicos já estão apresentando esta disciplina nos primeiros
períodos do curso.
Por esta razão, apresentamos no início do Capítulo que fala sobre
Instrumentação Digital um resumo, teórico sobre Eletrônica Digital e Amplificadores
Operacionais.

O Bit: Iniciaremos nosso estudo sobre eletrônica digital identificando a menor porção
de informação. Ela é o bit. A palavra bit é derivada das palavras binary digit (dígito
binário). Um dígito binário é um dígito em um sistema de numeração que tem dois
como base. Um dígito neste sistema de numeração pode ter somente dois estados, que
geralmente são representados por 1 e 0.
Você ouvirá, freqüentemente, expressões como: “O bit foi ligado”. O significado
desta expressão é que o bit em questão terá valor de 1. O oposto também é verdadeiro,
isto é, quando um bit tiver sido desligado ele terá o valor de 0.
Um bit, portanto, pode representar um dos dois estados possíveis. Em
eletrônica estes estados podem ser obtidos através de um capacitor (carregado ou
descarregado), de um transistor (cortado ou saturado) ou de uma chave (aberta ou
fechada). Pela combinação de séries de bits é possível representar um grande número
de estados. Por exemplo, se houver dois bits, é possível representar quatro estados
diferentes: 00, 01, 10 e 11. Com três bits podemos representar oito estados. E, como
mostrado na Tabela 11.1, com quatro bits podemos definir 16 estados.

Tabela 11.1
Bit Número Bit Número
0000 0 1000 8
0001 1 1001 9
0010 2 1010 10
0011 3 1011 11
0100 4 1100 12
0101 5 1101 13
108 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

0110 6 1110 14
0111 7 1111 15

Sistemas de Numeração: O estudo de um sistema de numeração, tal como o binário


ou o hexadecimal, será mais fácil se revermos alguns dos fundamentos do sistema
decimal, que usamos diariamente.
Um número é, basicamente, um conjunto de símbolos. O sistema decimal usa
os símbolos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Cada um desses 10 símbolos tem um
determinado valor, um maior que aquele do símbolo anterior a ele, na progressão
crescente. O nome comumente usado com esses símbolos é dígito.
Quando vários dígitos forem combinados em um número, o seu valor depende
não somente do valor do dígito, mas também das posições relativas de cada dígito.
Este princípio de posição numérica é chamado de notação posicional. Em um sistema
que usa notação posicional, a posição de dígito da extrema direita é a de menor valor
(ou mais baixa ordem) e é chamado de dígito menos significante. O dígito da extrema
esquerda é o de maior valor e é chamado de dígito mais significante.
O valor de cada posição de dígito aumenta da direita para a esquerda (menos
significante para mais significante). De quanto ele aumenta depende da base, ou raiz,
do sistema de numeração que está sendo usado. O sistema decimal tem a base 10,
uma vez que ele tem dez símbolos diferentes, e portanto, cada posição de dígito é
aumentada de uma potência de dez. Por exemplo, o valor do número 5432 é,
imediatamente, compreensível para nós. Entretanto, a notação 5432, na realidade,
significa 5 milhares, mais 4 centenas, mais 3 dezenas, mais 2 unidades.
O método comum usado para exprimir números na notação posicional é
através de uma série de termos.

5 4 3 2 número
5 10 3
4 10 2
3 10 1
2 10 0 série
termo

4 10 2
Como mostrado acima, um termo consiste de três partes: dígito, base e
expoente. Note que o valor da posição do número é indicado pelo expoente no termo.

Sistema Binário: O sistema binário de numeração, ou de base 2, usa somente dois


símbolos ou dígitos. Esses dígitos, 0 ou 1, especificam respectivamente, nenhuma
unidade e uma unidade. O valor posicional, ou de lugar, dos dígitos binários à esquerda
do dígito menos significante, aumenta em uma potência de dois para cada posição.
A contagem em binário envolve a designação correta das posições de bit
(lembre-se de que bit = dígito binário), para fazer com que os valores de posição sejam
somados para representar o valor decimal desejado. A Tabela 11.2 mostra os números
decimais de 0 a 15 e seus equivalentes em binário.
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 109

Tabela 11.2
Binário Decimal Binário Decimal
Valor de posição 8421
0000 0 1000 8
0001 1 1001 9
0010 2 1010 10
0011 3 1011 11
0100 4 1100 12
0101 5 1101 13
0110 6 1110 14
0111 7 1111 15

Portanto, conhecendo-se os valores de posição dos bits, pode-se decodificar o


valor decimal do número binário, simplesmente somando os valores de posição dos bits
que estão posicionados em 1.
Todas as operações matemáticas continuam válidas e com as mesmas regras
utilizadas normalmente, devendo-se observar que, por exemplo, o processo de “vai um”
da adição ocorrerá toda vez que o total for superior a 1.
Apesar de facilmente manipulado através de circuitos digitais, os números
binários geram mais uma dificuldade ao serem manipulados por seres humanos: a
necessidade de um número grande de bits para representar valores altos. Por exemplo,
para representar o valor de 1 milhão são necessário 7 dígitos em decimal (1.000.000)
enquanto que em binário são necessários 20 dígitos!
Para contornar este problema, em alguns casos, são utilizados números no
sistema hexadecimal, ou seja, na base 16.
Sistema Hexadecimal: No sistema hexadecimal são necessários 16 símbolos para
representar os dígitos, para isto são aproveitados os 10 símbolos do sistema decimal
(0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) acrescidos de outros 6 símbolos, que foram escolhidos
como as primeiras letras do alfabeto, representando o seguinte:

A16 1010 C16 1210 E 16 1410


B16 1110 D16 1310 F16 1510

Com este sistema de numeração cada conjunto de 4 bits do sistema binário


pode ser representado por um dígito, como vemos na Tabela 11.3:

Tabela 11.3
Binário Decimal Binário Decimal
Valor de posição 8421
0000 0 1000 8
0001 1 1001 9
0010 2 1010 A
0011 3 1011 B
0100 4 1100 C
0101 5 1101 D
0110 6 1110 E
0111 7 1111 F
110 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Com isto, o número 1.000.000 em decimal pode ser escrito com 20 bits em
binário ou com 5 dígitos em hexadecimal (os 20 bits agrupados em 5 grupos de 4 bits).

Resumo de Portas Lógicas:

Tabela 11.4
Gate Não Inversor Inversor

Tabela Verdade Tabela Verdade


E S E S
0 0 0 1
1 1 1 0

Tabela 11.5
Gate "OU" (OR) de 2 Entradas Gate "E" (AND) de 2 Entradas

Tabela Verdade Tabela Verdade


E1 E2 S E1 E2 S
0 0 0 0 0 0
1 0 1 1 0 0
0 1 1 0 1 0
1 1 1 1 1 1

Tabela 11.6
Gate "NOU" (NOR) de 2 Entradas Gate "NE" (NAND) de 2 Entradas

Tabela Verdade Tabela Verdade


E1 E2 S E1 E2 S
0 0 1 0 0 1
1 0 0 1 0 1
0 1 0 0 1 1
1 1 0 1 1 0

11.2 - Revisão de Amplificadores Operacionais

O Amplificador Operacional é um amplificador diferencial que possui


impedância de entrada muito alta e ganho (A) muito elevado.

Fig. 11.2
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 111

Para exemplificar, no circuito acima, as correntes nas portas e + são baixas


devido a alta impedância e o valor de VOUT pode ser expresso por:

VOUT A(V2 V1 )
Observe que a diferença de sinais é sempre realizada da porta + para a porta
, independente da polaridade dos sinais. O valor de A será considerado, em
condições ideais, como infinito, obrigando a diferença V2 V1 a possuir valores
próximos de zero. Na prática consegue-se ganhos de 100.000 a 1.000.000.

Contador: Utilizaremos circuitos contadores como uma seqüência de flip-flops


realizando função de relógio, ou seja, alimentados através de um oscilador (clock).
Podemos imaginar um contador como uma seqüência de n flip-flops em
cascata onde o primeiro é alimentado por um clock, sendo “gatilhado” pela transição
“alto para baixo” do oscilador, e a saída de um flip-flop alimentando a entrada do outro,
conforme Fig. 11.03. Com esta construção obtemos um contador de 2n unidades,
n
contando de 0 a 2 1.

Fig. 11.3

Conversor D/A com Circuito Somador (Com Amplificador Operacional):

Fig. 11.4

A entrada do Amplificador Operacional é um terra virtual, portanto não há


retorno de corrente para uma das linhas se a mesma estiver baixa (com 0 V).
Neste circuito a relação entre R e RO pode ser qualquer. As limitações dele
ficam em função das características do Amplificador Operacional tais como:
a) Resposta em Freqüência: A curva de resposta em freqüência dos operacionais é
muito característica. Para verificar como isto influencia o conversor D/A, vamos ver o
circuito amplificador.
112 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Fig. 11.5

Sendo A o ganho em malha aberta, temos: VOUT AVIN


Fazendo o circuito com realimentação, temos:

AR O
VOUT V1
R R O AR
RO
VOUT V1
R
V1 VOUT
I
R RO
V1 VIN
I VIN V1 R I
R
Fig. 11.6

(V1 VIN ) (VIN VOUT )


IR ; IR0 ; mas I R I RO
R RO

Então: (V1 VIN ) (VIN VOUT )


R RO

Mas pela equação de malha aberta: VIN


VOUT
A

VOUT VOUT
(V1 ) ( VOUT )
Então: A A
R RO

(AV1 VOUT ) ( VOUT AVOUT ) (AV1 VOUT ) ( VOUT AVOUT )


AR AR O R RO

R O AV1 R O VOUT RVOUT ARVOUT R O AV1 VOUT (R AR R O )

R O V1
VOUT
R

R O AV1
VOUT
(AR R R O )
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 113

Se RA >> R R O V1
RO VOUT
R

Fig. 11.7 - Curva de Resposta do Amplificador Operacional 741

b) Slew Rate: Ocorre devido a saída capacitiva do Amplificador Operacional.

É medido em volts por microssegundo. Para o 741 é de 0,7V/ s, ou seja, no


741 a tensão de saída pode variar no máximo 0,7 V em 1 microssegundo.
6
Portanto se a variação máxima for de 0,7 V podemos ter 10 conversões/s.
Se a variação for de 7 V, só podemos ter 100.000 conversões/s (taxa máxima teórica,
pois é necessário que o operacional atinja a tensão desejada bem antes do término do
período de conversão).

11.3 - Instrumentação Analógica e Digital

Sinal Analógico x Sinal Digital:

Fig. 11.8 - Sinal Analógico

O sinal analógico varia continuamente no tempo, não apresentando transições


abruptas. É o tipo de sinal normalmente encontrado na natureza. Matematicamente
poderia ser definido como um sinal que apresenta derivada definida em todos os
pontos.
114 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Fig. 11.9 - Sinal Digital

O sinal digital apresenta variações instantâneas em tempos bem definidos,


caracterizando saltos de valores no seu gráfico representativo.
O sinal digital apresenta vantagens e desvantagens com relação ao sinal
analógico como vemos a seguir.

a) Vantagens do sinal digital em relação ao sinal analógico:

Pode ser regenerado (através de mecanismo de correção de erro);


Pode sofrer processamento (através de microprocessador);
Pode ser compactado;
Facilidade de armazenamento (CD, DAT, Disco magnético);
Pode ser criptografado.

b) Desvantagens do sinal digital em relação ao sinal analógico:

Geralmente ocupa mais banda que o sinal analógico (análise através de


Transformada de Fourier);
Normalmente requer um conversor D/A na outra ponta do sistema;

c) Diferença entre um sinal amostrado e um sinal digitalizado (codificado)

Fig. 11.11
Fig. 11.10 - Amostras

No processo de digitalização existem fases bem distintas. Na primeira é


realizada uma amostragem do sinal, obtendo-se o valor dele em um determinado
instante (valor da amostra). Este valor é retido para que possa ser convertido em um
valor digital, ao qual corresponde um valor discreto que mais se aproxime do valor
amostrado. Ou seja, quando se digitaliza um sinal, está se fazendo uma quantização
através de níveis pré-definidos aos quais se correspondem os valores digitais. Para se
garantir que o sinal digital é uma boa representação do sinal analógico original, deve-se
ter um bom número de amostras ao longo do tempo e uma boa quantidade de níveis,
ou seja, reduzir o tamanho dos retículos (quadrados) apresentados na Fig. 11.10 e Fig.
11.11.
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 115

Os instrumentos digitais possuem as seguintes vantagens:

Eliminam o erro de paralaxe;


Fornecem automaticamente diversas outras informações através do
processamento digital do sinal (por exemplo: freqüência, fase, amplitude máxima,
etc.).

11.4 - Princípios de Conversão Analógica / Digital

a) Teoria de Amostragem: A freqüência de amostragem deve ser, pelo menos, 2


vezes maior do que a máxima freqüência do sinal a ser amostrado (Teorema de
Nyquist). Caso isto não seja verdadeiro as amostras não serão uma representação
adequada do sinal amostrado. Os valores utilizados na prática dependem do tipo
de aplicação e da qualidade desejada.
b) Codificação de Dados: Existem diversas formas de codificar dados digitais, sendo
a mais comum a codificação binária normal. É feita uma correspondência direta
entre o valor da grandeza que está sendo quantizada (normalmente tensão) com
um número binário gerado através do sistema de numeração binário posicional.

Tabela 11.7
Sinal (mV) Número Binário Sinal (mV) Número Binário
0 000 4 100
1 001 5 101
2 010 6 110
3 011 7 111

Esta codificação foi realizada em 8 níveis (de 0 a 7) usando portanto 3 bits


3
( 2 = 8). Nesta implementação o nível máximo do sinal é 7 mV e os passos entre
cada nível são de 1 mV.
Em uma codificação de 8 bits existirão 256 níveis. A quantidade de bits (ou
níveis) necessários na codificação de um sinal depende das características do sinal e
da qualidade final desejada.

Ex: Telefonia Digital

Telefonia analógica: sinal com banda de 4 KHz.


Freqüência de amostragem: 8 KHz (duas vezes maior que a freqüência
máxima do sinal analógico).
Número de bits/amostra: 8 (ou 256 níveis) (obtido empiricamente como
adequado para representar o sinal de telefonia).
Se são feitas 8.000 amostras por segundo e cada amostra possui 8 bits, serão
gerados 64.000 bit por segundo; portanto um canal de voz, digital, deve ser de 64
Kbps. Se imaginarmos uma seqüência de bits sendo transmitida, veremos que para
cada dois bits temos um período da onda quadrada e portanto a freqüência básica
deste sinal deve ser igual a taxa de bits dividida por 2.

Taxa de bits 64.000


f TX f TX 32.000 Hz
2 2
116 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Considerando a análise de Fourier de uma onda quadrada, que nos mostra


que todos os harmônicos ímpares estão presentes (senx, sen3x, sen5x, sen7x, etc.),
para transmitir este sinal, o meio deve suportar sinais com as seguintes freqüências:

Tabela 11.8
Utilizando A freqüência é
1 harmônico 32 KHz
2 harmônico 96 KHz
3 harmônico 160 KHz

Ex: TV Digital

TV Analógica: banda de 4 MHz.


Freqüência de amostragem: 8 MHz.
Número de bits/amostra: 24 (ou 16 milhões de níveis) (8 bits para cada
primária RGB).
Se são feitas 8.000.000 de amostras por segundo e cada amostra possui 24
bits, serão gerados 192 milhões de bits por segundo.
Para transmitir este sinal, o meio dever suportar sinais com as seguintes
freqüências:
Tabela 11.9
Utilizando A freqüência é
1 harmônico 96 KHz
2 harmônico 288 KHz
3 harmônico 480 KHz

11.5 - Conversor A/D

Características: Este equipamento tem a função de transformar os valores analógicos


em informações digitais. São circuitos cíclicos, ou seja, ao final de um ciclo de
conversão retomam ao estado inicial para recomeçar o processo. Deve trabalhar com
velocidades de conversão (número de conversões por segundo) de acordo com a
freqüência de amostragem desejada. Em geral trabalha transformando o valor de
tensão analógica obtida em uma amostra em um valor digital (seqüência de bits). Como
características gerais temos:
Os conversores normalmente trabalham com tensão contínua na entrada.
Apresentam faixa limitada de tensão de entrada a ser convertida (fundo de
escala de 200 mV, 1 V, 2 V, 5 V ou 10 V).
Utilizam um oscilador como clock (servindo de base de tempo).

Técnicas de Conversão: Existem dois tipos principais de conversão A/D:

Técnicas da integração
Técnicas da não integração

Técnicas da Integração:

Também chamado de técnica de carga.


Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 117

Fazem a conversão medindo o tempo necessário para carregar ou descarregar um


capacitor até uma tensão de referência, daí o nome de técnica de carga.
Pouco sensível a ruídos, pois o capacitor utilizado funciona como filtro.

a) Conversor A/D com Rampa Simples:

Fig. 11.12 - Diagrama do Circuito

VE é a tensão a ser convertida.

VREF é uma tensão de referência (obtida de uma fonte).

Como Funciona este Conversor:

O Circuito de Controle-Contador conta continuamente a saída do oscilador,


iniciando em zero e incrementando de 1 a cada ciclo.
Quando o contador “estoura” (overflow) a chave S é fechada (chave eletrônica),
descarregando o capacitor C.
VREF
Quando a chave S está aberta, C é carregado pela fonte de corrente ,
R1
pois a entrada do operacional é um terra virtual (é utilizado o trecho linear da carga).
A tensão do capacitor é aplicada ao comparador, junto com VE (tensão a ser
convertida).
A saída do comparador ( VS ) permanece alta até que VC ultrapasse VE ,
quando então, VS passa para nível baixo (até ocorrer o reset).
VS é aplicada ao controle (porta com buffer). Quando há uma transição de VS de alto
para baixo, a porta “lê” o valor do contador, que poder ser aplicado a um display.
Como o contador conta os pulsos de clock, que possui um ritmo constante,
e VC cresce num ritmo constante (carga realizada linearmente), os dois são
diretamente proporcionais.
118 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Como a porta obtém o valor de VC quando este se iguala a VE , o valor

armazenado será diretamente proporcional a VE , ou seja, obteve-se uma seqüência


de bits que possuem um valor diretamente proporcional ao valor da tensão analógica.
Quando o contador “estoura” (overflow) a chave S é fechada (chave eletrônica),
descarregando o capacitor C, reiniciando o ciclo.

Fig. 11.13 - Gráfico das Tensões

Considerações sobre o Método da Rampa Simples:

Se for utilizado um mostrador de 3 ½ dígitos, serão necessários 2.000 pulsos


de clock para cada leitura (no mínimo), pois esse display pode mostrar valor é de 0 até
1.999.
O tempo necessário para conversão será determinado pelo clock e pelo
tamanho do contador. Para um clock de 1 MHz, 2.000 pulsos equivalem a 2 ms e
resultam em 500 conversões por segundo.
Entretanto, há outros fatores que afetam o número de conversões por
segundo. O tempo RC do integrador é de grande importância e deve ser utilizado de
forma que a rampa de carga seja linear. As características dos Amplificadores
Operacionais também afetam a velocidade (resposta em freqüência e “slew rate”).
A maior limitação deste método é que a estabilidade do clock, da tensão de
referência, de R1 e de C, deve ser muito boa, pois uma variação em qualquer desses
VREF t
parâmetros afeta diretamente a precisão, já que VC .
R1 C
Observando a Fig. 11.14 vemos como uma alteração na reta de VC altera o
valor medido.

Fig. 11.14 - Exemplo da Influência de RC no Valor da


Conversão
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 119

Para manter a estabilidade e linearidade dentro de um limite de 1%, os


conversores comerciais deste tipo acabam reduzindo a taxa de conversão para um
ritmo de 1 a 100 Conversões por segundo.
b) Conversor A/D com Rampa Dupla:

Fig. 11.15 - Diagrama do Circuito

VE é a tensão a ser convertida. O sinal negativo, no caso, indica somente


que esta tensão deve possuir valor abaixo de zero. Poderia ser construído um
conversor similar utilizando VE e VREF .
Como Funciona este Conversor:

Contador conta continuamente a saída do oscilador, iniciando em zero e


incrementando de 1 a cada ciclo.
Inicialmente consideraremos a chave S na posição de VREF e R1 .
O Capacitor é carregado com tensão VC 0,7 V (tensão do diodo polarizado
diretamente).
A saída do comparador ( VS ) permanece baixa.

No “overflow” o circuito de controle vira a chave “S” para VE (tensão a ser


medida, que dever ser menor que 0 V).
“C” começa a se carregar proporcionalmente à tensão VE .
Quando VC ultrapassa 0 V, VS vai para alto.

No “overflow” seguinte do contador, a chave S volta para VREF .


“C” começa a se descarregar em um ritmo constante.
Quando VC atinge 0 V, VS vai para baixo. A transição alto/baixo ativa a porta que
“lê” o contador.
VC atinge 0,7 V e o ciclo de conversão reinicia.
120 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Fig. 11.16 - Gráfico das Tensões

Limitações do Método da Rampa Dupla:

Baixa velocidade de conversão

Vantagem em Relação à Rampa Simples:

Menos sensível a variações em R 1 , em C e no oscilador.


Caso um desses componentes varie, alterará o ritmo de carga, mas alterará a
descarga na mesma proporção, reduzindo o efeito. Esta compensação só não será
verdadeira se ocorrer uma alteração no valor de um destes componentes entre o
tempo de carga e o de descarga.

Este tipo de conversor é utilizado comercialmente em aplicações do tipo


multímetro digital, termômetro digital, e outras que necessitem de ótima estabilidade
térmica, ótima linearidade, e boa resolução (contador com grande número de bits) e
não exijam grandes velocidades de conversão, pois são obtidas taxas de 1 a 100
conversões por segundo.

Técnicas de Não-integração:

São rápidas (realizam várias conversões/s).


São sensíveis a ruídos

a) Conversor de Rampa Linear:

Fig. 11.17 - Diagrama do Circuito


Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 121

VE é a tensão a ser convertida.

Rampa é um sinal tipo onda triangular conforme apresentado no gráfico de


tensões.

Como Funciona este Conversor:

Rampa inicia com valor Máx. Pos. (maior que VE ), estando, portanto, as saídas
dos comparadores baixas.
As saídas das duas portas “E” estarão baixas.
A saída da porta “OU” estará baixa.
A tensão da rampa reduz linearmente, atingindo VE .
Neste instante a saída do comparador 1 passa para alto.
A saída da porta “E” 1 passa para alto e a da porta “OU” também, abrindo a porta
que permite a passagem do clock para o contador.
Quando a tensão da rampa atinge 0 V a saída do comparador 2 passa para alto.
A porta “E” 1 volta fica em nível baixo, levando a porta “OU” para nível baixo,
interrompendo o contador, que deverá ser lido neste instante.

OBS: Outra possibilidade de funcionamento ocorre se VE for negativo. Desta forma o


sistema vai funcionar com a rampa ascendente. Se identificarmos qual a porta
que controla o contador (abre e fecha), estaremos identificando
automaticamente a polaridade de VE .

Fig. 11.18 - Gráfico das Tensões


Limitações:

Suscetibilidade a ruído.
A freqüência de conversão depende da freqüência da rampa.
A linearidade do conversor depende da linearidade da rampa.
A estabilidade do conversor depende de uma relação constante entre a rampa e o
oscilador. Para isto deve-se fazer um controlado pelo outro (circuito de CAF).
A resolução depende da relação entre oscilador e rampa. Por exemplo:

a) Se f OSC 10 MHze f RAMPA 10 KHz, teremos:


122 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

20.000 conversões/s (f RAMPA 2)


f OSC
Resolução de 3 dígitos 1.000 , ou seja, durante um período da rampa
f RAMPA
só existirão 1.000 ciclos do oscilador e portanto o contador conta no máximo até
999.

b) Se f OSC 10 MHze f RAMPA 1 KHz, teremos:

2.000 conversões/s (f RAMPA 2)


Resolução de 4 dígitos
f OSC
10.000 .
f RAMPA

b) Conversor de Aproximação Sucessiva:

Fig. 11.19 - Diagrama do Circuito

No diagrama está sendo representado um conversor de 4 bits (16 níveis),


entretanto com este método pode-se obter facilmente conversores de 8 ou 16 bits.

Como Funciona este Conversor:

Se VS é alto o registrador não mantém a linha alta, se for baixo, mantém.


No 1 clock a linha 8 é levantada.
O conversor D/A gera tensão proporcional a 8 na saída ( VA ).
O comparador compara VA com VE . Se VA é menor que VE , a saída do
comparador ( VS ) fica em baixo.

Se VS está em baixo, o registrador mantém a linha 8 em alto.


No clock seguinte o registrador levanta a linha seguinte (4).
O conversor D/A gera tensão proporcional a 12 (8 + 4) na saída.
O comparador compara VA com VE . Se VA é maior que VE , a saída do
comparador ( VS ) vai para alto.
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 123

Com VS em alto, o registrador não mantém a linha em alto.


No clock seguinte o registrador abaixa a linha 4 e levanta a 2.
O processo se repete até a última linha (último bit).

Considerações sobre o Método da Aproximação Sucessiva:

É suscetível a ruídos.
A resolução depende do número de bits (número de linhas do registrador de
retenção). Para 4 bits podemos converter tensões de 1,5 V em passos de 0,1 V (24
= 16). Para 10 bits podemos converter tensões de 1,023 V em passos de 0,001 V
(210 = 1024).
A velocidade de conversão depende basicamente do número de bits (um pulso de
clock para cada bit) e do clock. Por exemplo: um conversor de 10 bits com clock de
100 KHz poderá realizar 10.000 conversões/s. Este valor é teórico, pois a
velocidade do conversor D/A e do comparador também influem. Comercialmente
um ritmo de 40.000 conversões/s é obtido, com resolução de 0,4% (8 bits) ou
0,002% (16 bits).

c) “Flash Converter” - Conversor de Ciclo:

Fig. 11.20

Como Funciona este Conversor:

A tensão de referência VREF é aplicada a uma malha resistiva (divisor de tensão).

A saída da malha resistiva são 2n tensões correspondentes á divisão de VREF


VREF
em passos iguais a .
2n
Estas tensões entram em 2n comparadores, sendo comparadas a VE (tensão a
ser convertida).
124 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Um número X de comparadores ficaram com nível alto e o restante com nível baixo
( x 1) VREF x VREF
VE .
2n 2n
n
As saídas dos comparadores entram em um conversor de 2 para n.
Será necessário somente um pulso de clock para o conversor realizar a conversão.
Na sua saída estará o dado digital.

Características:

Um dos métodos mais rápidos de conversão A/D.


A resolução depende do número de bits.
A velocidade de conversão depende basicamente da velocidade dos
comparadores e a precisão da malha resistiva. Comercialmente um ritmo de 500
milhões de conversões/s é obtido, com precisão de 0,4% (8 bits).
3
Normalmente são integrados de alta densidade (com vários transistores/ cm ).
Para obter precisão, a malha é construída como associação de R ou associação de
R e 2R.
Por necessitar de 2n comparadores, normalmente não são construídos para mais
do que 8 bits.

11.6 - Conversor D/A

Realizam a função inversa dos conversores A/D. Um dado digital de n bits


colocado em sua entrada gerará uma tensão analógica na saída proporcional ao valor
binário. Iremos estudar inicialmente conversores de 4 bits devido á facilidade de
descrição; entretanto os exemplos apresentados podem ser transformados para
conversores de ordens maiores.

Fig. 11.21

Circuito Básico - Conversor D/A com Malha Resistiva:

Fig. 11.22
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 125

As tensões VA , VB , VC e VD podem assumir valores alto ou baixo, de


acordo com a lógica utilizada no circuito digital (vamos supor 5 V ou 0 V).

Supondo VA alto e os demais baixos, e usando o divisor de tensão:

R' R' 5R '


VS VA 5
R R' R R' R R'

Supondo VB alto e os demais baixos, teremos:

R' 5R '
VS VB
2R R ' 2R R '

Analogamente para VC e VD , obtemos, respectivamente:

5R ' 5R '
VS e VS
4R R ' 8R R '
Para que estes valores sejam proporcionais a 8, 4, 2 e 1, temos que fazer R
>> R'.

Por exemplo, se VCC 5 V, R 6.250 e R ' 100 :

5 100
Vs A 78,7 mV
6.250 100

5 100
Vs B 39,7 mV
2 6.250 100

5 100
Vs C 19,9 mV
4 6.250 100

5 100
Vs D 9,98 mV
8 6.250 100
Para todos bits altos:

8R 50.000 5
R EQ 3.333 e VS 100 0,1456 V que são
15 15 3.433
apro- ximadamente proporcionais a 8, 4, 2, 1 e 15.

Conversor D/A com Rede R-2R com Amplificador Operacional:

O amplificador operacional é utilizado com 2 finalidades:


126 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

a) Oferecer uma tensão de saída com fator de proporcionalidade qualquer,


independente da tensão fixada para nível 1.

b) Isolar o acoplamento da rede.

Fig. 11.23

V0 0 0 V1 V0 V1 R0
V0 V1
R0 2R R0 2R 2R

Conversor de um Número de mais de um Algarismo: Podemos ter um número


decimal de mais de um algarismo, representado no código BCD 8421.

Fig. 11.24

A tensão Analógica:

R0 R0 R0 R0 R0 R0 R0 R0
VS VA VB VC VD VA ' VB' VC' VD'
1R 2R 4R 8R 10R 20R 40R 80R

R0 VA 1 VC VD 1 1 1 1
VS VB VA ' VB' VC' VD'
R 1 2 4 8 10 20 40 80
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 127

11.7 - Sample and Hold

Conceitos: Sample-hold é um dispositivo que realiza a amostragem de um sinal de


entrada e depois retém o valor amostrado. Estas funções são chaveadas por um sinal
de controle. Os sample-hold são utilizados com dispositivos que não toleram sinais com
variações no tempo em sua entrada, como conversores A/D.
Os sample-hold se caracterizam por duas fases distintas: O tempo de
amostragem e o tempo de retenção, conforme a Fig. 11.25.

Fig. 11.25

Circuito Básico de Sample/Hold:

Fig. 11.26

Funcionamento do S/H: Considerando o circuito descarregado e a chave S fechada,


quando aplicamos a tensão VS , gera-se uma corrente fluindo pelos resistores R, esta
corrente tende a criar uma diferença de tensão no capacitor (C) e portanto o carregar.
Com o capacitor carregado podemos considerar que o circuito se comporta como um
R
amplificador com ganho unitário , passando toda variação de VS para a saída..
R
Entretanto, quando a chave S se abre, a tensão do capacitor (que é a tensão
de saída, já que C está ligado a um terra virtual) não pode mudar, visto que o capacitor
só terá sua tensão alterada se lhe for aplicada uma corrente, o que não ocorre pois a
porta diferencial do Amplificador Operacional fornece e drena uma corrente baixíssima.
Portanto, enquanto a chave S permanecer aberta a tensão de saída (que é a do
capacitor) permanece constante.
128 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

11.8 - Diagrama de Blocos de um Medidor Digital (DVM)


(Digital Voltmeter)

Fig. 11.27 - Diagrama de Blocos de um Medidor Digital


(DVM) -(Digital Voltmeter)

a) Aquisição de Dados: Adapta o sinal de entrada a um formato adequado: Atenua


ou amplifica DC, retifica AC, converte correntes em níveis de tensão ou gera uma
fonte de corrente.
b) Conversor A/D: Recebe nível DC e converte o sinal de clock para o contador, em
sinais digitais.
c) Display: Visualiza a resposta do medidor.

Características de um Voltímetro Digital (DVM):

a) Ampla faixa de medição, com seleção automática de escala e indicação de


sobrecarga.
b) Exatidão absoluta 0,005 % .
c) Resolução: 1 unidade em 10 6 partes 1 V na escala de 1V.
d) Impedância de entrada maior que 10 M

Classificação dos DVM:

a) Voltímetro tipo rampa simples integração


b) Voltímetro tipo rampa dupla integração
c) Voltímetro tipo aproximação sucessivas
d) Voltímetro tipo inclinação dual

A seguir apresentaremos um resumo das técnicas de conversões A/D, já


descritas anteriormente.

Classificação Técnicas de Conversões A/D


Técnicas Integração e não integração

a) Conversão A/D Rampa Simples: Atua com contagem do tempo de carga do


capacitor.
b) Conversão A/D Rampa Dupla: Atua com contagem do tempo de carga e descarga
do capacitor.
c) Conversão A/D Aproximações Sucessivas (Estimativa): Utiliza a técnica de
Regressão Binária.
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 129

d) Conversão A/D de Inclinação Dual: O contador binário é substituído pelo


contador de década.

Especificações dos Medidores Digitais: Muitas das especificações atribuídas aos


medidores analógicos são válidas para os digitais, porém algumas são exclusivas.

a) que pode ser medido sem sobrecarga. Faixa de Trabalho: O fundo de escala de
um medidor digital é o valor máximo

Exemplo: A faixa máxima de um voltímetro de 3 dígitos 999 V

Um medidor típico digital tem indicação de sobrecarga de 100 % que significa


uma medição de 0 V até 1.999 V.
A sobrecarga é indicada pelo dígito adicional chamado meio dígito, portanto,
um medidor de 3 dígitos com 100 % de sobrecarga é chamado de 3 ½ dígitos.

b) Resolução Digital: É a capacidade de um medidor mostrar a diferença entre


valores. Dado em % 0,1 %.

c) Sensibilidade: É a menor variação de tensão que o medidor pode responder.

Ex.: Medidor de 3 dígitos com uma faixa de 100 mV é: 0,001 x 100 mV = 0,1 mV.

d) Precisão: É a indicação do erro máximo entre a tensão padrão e a do medidor.

Ex.: 0,2 %, 1 dígito.

e) Fatores de Erro:

Erro quantitativo
Erro de modo comum
Erro de modo normal

f) Erro Quantitativo: O medidor somente pode medir partes de tensão ou corrente.

Ex.: Medidor de 3 ½ dígitos uma medida de 65,3 V pode estar entre 65,30 V ou
65,39 V.
g) Erro de Modo Normal: Causado por ruídos comuns, linha, ruído branco etc.
h) Erro de Modo Comum: É aquele presente nos terminais do medidor.

Fator de Rejeição de modo comum é dado pela fórmula:

VS VE
RMC 20 log
A
A = Ganho do amplificador
VS = Tensão indicada pelo medidor

VE = Tensão de entrada no medidor


OBS.: O valor típico é maior que 60 dB.
130 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

11.9 - Multímetro Digital

O multímetro se divide em três blocos básicos: voltímetro, ohmímetro e


amperímetro.

Voltímetro Digital: É baseado em um conversor A/D.

Um conversor A/D de rampa simples, com tensão de entrada de 0 a 2 V com


display de 3 ½ dígitos (contador até 2.000), apresenta tensões de 0.000 V até 1.999 V.
Portanto, será um voltímetro com fundo de escala de 2 V e resolução de 1 mV.
Utilizando um divisor de tensão na entrada do conversor, podemos alterar o
valor de fundo de escala do voltímetro.

Exemplo 1:

Com o mesmo conversor do exemplo anterior, podemos fazer o seguinte circuito:

Fig. 11.28

Se R1 9 R2 Por divisão de tensão temos:

R2 R2 R2 VIN
VE VIN VIN VIN ou VIN 10VE
R1 R2 9R 2 R 2 10R 2 10

Como VE pode variar de 0 a 2 V, então VIN pode variar de 0 a 20 V e o


valor do display corresponderá de 0,00 V até 19,99 V, ou seja, fundo de escala de 20 V
com resolução de 10 mV. 20 V Resolução = 10 mV.
2.000 contagens
Entretanto o conversor A/D drena uma corrente não adequada para um bom
funcionamento do voltímetro, pois ele não deve afetar o circuito que está sendo medido.

Exemplo 2:
99 mV < VE < + 999 mV

Medidas em passos de 1 mV.

Outra forma de mudar o valor de fundo de escala do voltímetro é através de


um amplificador conforme circuito abaixo:
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 131

Fig. 11.29
R2
VE VIN
R1

Exemplo 3:

Se fizermos R1 10R 2 no circuito anterior, e o conversor igual ao do


exemplo 1:

VIN
VOUT
10

Como VOUT VE (tensão de saída do amplificador é a tensão de entrada do

conversor), e VE pode variar de 0 a 2 V, VIN pode variar de 0 a 20 V, resultando em


um voltímetro idêntico ao do exemplo 1.

Amperímetro Digital: Faz-se a corrente que se deseja medir passar em um resistor


conhecido e preciso, gerando uma tensão, que é convertida.

Exemplo 4:
No circuito abaixo, deseja-se o valor da corrente I:

Fig. 11.30

Como o valor de R2 é preciso e conhecido, temos:

VE R2 I

Se o conversor utilizado é idêntico ao do exemplo 1, VE pode variar de 0 a 2


V. Se R2 for igual a 100 , teremos I de 0 a 20 mA, ou seja, amperímetro com fundo
de escala de 20 mA e resolução de 10 A.

Ohmímetro Digital: É montado de forma análoga ao amperímetro, entretanto neste


caso é necessário montar uma fonte de corrente constante e conhecida que, passando
através da resistência a ser medida, gera uma tensão, que é aplicada ao conversor.
132 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Fig. 11.31

RX
VE VREF ;
(R 1 RX)
Se R 1 RX
RX
VE VREF (como R1 é muito maior que R X , VREF e R 1 se transformam
R1
em uma fonte de corrente).

Exemplo 5:

Utilizando o mesmo conversor do exemplo 1 e: VREF 10 V, R 1 10 M


teremos:

10
I REF 1 mA
10 M
Se R X 10 K , VE 1 mA 10 K 10 mV

Como o conversor apresenta valores de 0 a 2 V com passos de 1 mV, então


RX apresentará valores de 1 K a 2 M . Entretanto a precisão do instrumento fica
prejudicada pois R1 deve ser muito maior que R X , senão vejamos:

Se R X 10 K
RX 10 4
VE VREF 10 9,99 mV (erro de 1%)
(R 1 R X ) (10 10 4 )
7

Se R X 2M
10 6 10 7
VE 10 2 2 10 6 1,666 V (erro de 16,7%)
(10 2 10 6 )
7
1,2

Um circuito para ohmímetro mais eficiente seria o seguinte:


Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 133

Fig. 11.32

O valor de VREF pode ser fixo e R1 é chaveado de acordo com os valores


(faixas) de RX esperados.

Exemplo 6:
Fazendo VREF = 10 V e RX de 0 a 100 , devemos fazer R1 500
Se R X varia até 100 K , devemos fazer R1 = 500 K , sempre de forma a
limitar a tensão na saída em 2 V.

Outros Esquemas de Voltímetros:

1 esquema: Utilizando FET para manter impedância de entrada constante

Fig. 11.33

A impedância de entrada do FET é da ordem de 100.000 M , portanto a


impedância do voltímetro é determinada pela associação dos resistores da entrada.

2 esquema: Amplificador com operacional, com ganho controlado.

Fig. 11.34
134 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

101 K // 10 M 100 K
1,01 K // 101 K // 10 M 1K

Ganhos de 100 com S1 e S 2 abertos, ganhos de 1 com S1 fechado e S2


aberto e ganhos de 0,01 com S1 e S 2 fechados.
Faixas de até: 0,02 V, 2 V e 200 V

3 esquema: Seleção automática de faixa, com chave através de FET.

Fig. 11.35

Observando a Fig. 11.35, podemos ver um exemplo típico, relacionado a


Tabela 11.10.
Os FETs F1 , F2 e F3 são chaves, gerando o seguinte controle:

Tabela 11.10
Faixa (Volts) Ganho A1 Ganho A2 Ganho Total F1 F2 F3
0,2 0,2 50 10 Des Des Des
2 0,2 5 1 Des Des Lig
20 0,2 0,5 0,1 Des Lig Lig
200 0,002 5 0,01 Lig Des Lig
2.000 0,002 0,5 0,001 Lig Lig Lig

Voltímetro CA Eletrônico: Utiliza um conversor CA/CC. Pode ser um retificador (meia


onda ou completa). Fazendo um amplificador apropriado, obtém-se o valor de pico ou
RMS, mas só para entrada senoidal pura (alguns voltímetros possuem controle para
ondas senoidal, quadrada e triangular).

Conversor RMS
Fornece valor RMS para qualquer forma de onda.
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 135

FORMATOS DE DISPLAY COMERCIAL

Exemplos de formatos do mostrador, nos multímetros digitais.

MEDIDOR COM INTERFACE COMPUTACIONAL

Exemplo de aplicação do multímetro digital com interface de comunicação RS-232C,


conectado a um “notebook”.
A figura abaixo é o diagrama de um voltímetro digital utilizando o CI AD636
136 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

11.10 - Geração de Sinais

Existem vários tipos de gerações de sinais:

Gerador de sinais senoidais: Gerador de áudio (1 Hz a 1 MHz) e gerador de


RF (1 MHz a 1GHz)

É formado de osciladores ressonantes RLC, que consiste de um amplificador e


uma malha de realimentação.
A freqüência de ressonância é dada pela fórmula:

1
F0
2 LC
A Fig. 11.36 apresenta o diagrama básico de um gerador de sinais, que nada
mais é do que um oscilador, que é um amplificador regenerativo de alto ganho.
Tipos de geradores senoidais: Hartley, Colpitts ,ponte de Wien e Fase Shift.

Fig. 11.36

Gerador de Pulso e Onda Quadrada: Estes geradores podem ou não ser simétrico. A
diferença fundamental entre um pulso e uma onda quadrada (retangular) é o duty cycle.

Duty Cycle = É a razão entre o valor médio do pulso em um ciclo e o valor do


período deste pulso. Ver a Fig. 11.37.

L arg ura do Pulso


Duty Cycle
Período

Fig. 11.37 - Onda Quadrada = 50 %

t
No exemplo acima, duty cycle = 50 %
T
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 137

Características de um Gerador de Onda Quadrada:

Tempo de subida (Rise Time) é o tempo de variação de 10 a 90 % da


amplitude.
Tempo de descida (Drop) é o tempo de variação de 90 a 10 % da amplitude.
Sobresinal (overshoot) é o ringing, oscilação nos extremos da onda quadrada.
Impedância de saída: Normalmente os geradores de áudio têm o valor típico
de 600 .
OBS.: Estas características estão explicitadas na capítulo 12.

Gerador de Funções: É um gerador que gera sinais senoidal, quadrada e triangular. O


seu diagrama de blocos pode ser visto na Fig. 11.38.

Diagrama de Blocos de um Gerador de Funções:

Fig. 11.38 - Elementos Básicos de um Gerador de Funções

Gerador de Varredura: É um gerador que mede a resposta de freqüência de um


circuito elétrico acoplado a um osciloscópio. Na prática é utilizado para traçar curvas de
transferências dos amplificadores sintonizados, FI, etc. Ver Fig. 11.39.

Fig. 11.39

A Fig. 11.40 apresenta como devem ser realizadas as ligações para a análise
de um amplificador, utilizando o gerador de varredura.
138 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

Fig. 11.40

Frequencímetro: É um conversor tensão x freqüência, que nada mais é do que um


contador.
Basicamente existem dois tipos de frequencímetros, cujo funcionamento se
difere apenas no processo de como a onda a ser medida será manipulada pelo circuito.
No primeiro tipo, o sinal a ser medido é levado a circuitos divisores de
freqüência cuja finalidade é entregar as etapas posteriores um sinal com freqüência
menor, porém com um valor múltiplo do sinal original. Em geral esses divisores são
formados por etapas em cascata de divisores por 10. Assim, temos uma freqüência de
saída com um valor mais baixo que o sinal de entrada, mas com as mesmas
características em relação ao valor original.
Este tipo de método é o mais fácil de ser implementado, e é aconselhável se
as etapas posteriores do circuito não tem a capacidade de operar na freqüência do
sinal original. Além de ocorrer menos problemas quanto a implementação da placa de
circuito impresso.
O segundo tipo de frequencímetro utilizado no mercado é aquele em que o
sinal de entrada (sinal a ser medido) não sofre alteração em seu valor de freqüência,
porém a faixa de cobertura de freqüências é dada pela alteração do valor do período de
medição do oscilador interno.
Como já foi dito, freqüência é o número de ciclos de uma onda qualquer em
um período de um segundo. Se a base de tempo de medição for alterada para valores
múltiplos deste, será amostrado no display a freqüência correspondente.

Fig. 11.41 - Diagrama de Blocos


Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 139

Algumas medidas demoram a ser lidas, pois dependem da contagem do


contador. Os frequencímetros modernos possuem um filtro passa baixa de 100 KHz (
3 dB) adequado para medir baixas freqüências.
Realiza medidas de freqüência com alta precisão com o uso interno de
oscilador à cristal e na sua entrada é introduzido um circuito Schmitt, que tem como
função quadrar a onda periódica que está sendo medida. Ver Fig. 11.41.

Fig. 11.42 - Frequencímetro

1) Terminal de entrada. Conector tipo BNC;


2) Indicador do sinal de gate quando a chave do tempo de gate está acionada em 10
s, 1 s ou 0,1 s;
3) Indicador de sobre-faixa (Overflow);
4) Indicadores da ordem de grandeza das medições, Hz ou MHz, selecionadas pela
chave Gate Time (Sec);
5) Suporte de apoio e de transporte do instrumento;
6) Chave liga/desliga (On/Off);
7) Chave seletora do tempo de gate: 10 s, 1 s e 0,1 s;
8) Faixas de freqüência que podem ser selecionadas de acordo com a freqüência do
sinal de entrada;
9) Filtro passa-baixa para medições de baixa freqüência;
10) Chave seletora da sensibilidade da entrada. Apertada seleciona 1/1. solta
seleciona 1/10.

11.11 Circuito PLL


A sigla PLL, vem de Phase Locked loop, significa Elo ( realimentação) de
Fase Travada. Um circuito PLL é composto por diversos blocos, sendo o diagrama
mostrado na figura abaixo, com uma de suas versões mais utilizadas em televisão.

Fig. 11.43
140 Capítulo 11 - Instrumentação Digital

O diagrama em blocos de um PLL básico, é apresentado na figura 11.43 com


aplicação em um circuito de sincronismo de televisão.
Nem todos os PLLs são construídos exatamente de acordo com o diagrama de
blocos mostrado na Figura, sendo possíveis as seguintes modificações:

a) A supressão do divisor por N. Neste caso, N será igual à unidade.


b) A inclusão de um estágio amplificador entre a saída do filtro passa-
baixa e a entrada de controle do VCO. Esse amplificador é necessário
quando a tensão produzida pelo comparador de fase não é suficiente
para controlar diretamente a entrada VCO.

Um PLL pode ser totalmente incluído em um circuito integrado monolítico,


como, por exemplo, o CD4046, o CMOS ou o NE656, bipolar.

A Finalidade do PLL

Um PLL possui duas finalidades básicas:

1) Para sinais de entrada de frequência variável: fazer com que o VCO siga a
frequência do sinal aplicado, produzindo um sinal de saída, fs com a mesma
frequência do sinal de entrada, fs ou, no caso de N ser maior do que a
unidade, a frequência de saída será N vezes a frequência do sinal de entrada.
2) Para sinal de entrada de frequência fixa: manter constante a diferença de fase
entre o sinal produzido pelo VCO e o sinal aplicado na entrada do PLL.

Aplicação do PLL

Os PLLs podem ser utilizados nas seguintes aplicações:

- Controle Automático de frequência (CAF); horizontal/vertical (TV)


- Controle Automático de Fase;
- Regeneração de portadora;
- Demoduladores para sinais FM ou FSK;
- Sintetizadores de frequência.
12 OSCILOSCÓPIOS

12.1 - Introdução

O osciloscópio de raios catódicos não é um instrumento novo, basta dizer que


ele foi inventado em 1897 por Ferdinand Braun, tendo então a finalidade de se analisar
as variações com o tempo da amplitude da tensão. Em 1897 foi o mesmo ano em que
J.J. Thomson mediu a carga do elétron a partir da sua deflexão por meio de campos
magnéticos.
Foi somente com a utilização de tubos de raios catódicos feitos por Welhnet,
em 1905, é que foi possível a industrialização deste tipo de equipamento que até hoje
se encontra, com muitos aperfeiçoamentos.
A finalidade de um osciloscópio é produzir num anteparo uma imagem que
seja uma representação gráfica de um fenômeno dinâmico, como por exemplo: Pulso
de tensão, uma tensão que varie de valor com relação ao tempo, a descarga de um
capacitor, etc. Pode-se também, através de um transdutor adequado, avaliar qualquer
outro fenômeno dinâmico, como exemplo, a oscilação de um pêndulo, a variação da
temperatura ou da luz de um ambiente, as batidas de um coração, etc. Dependendo da
aplicação, os osciloscópios modernos podem contar com recursos próprios, o que
significa que não existe um só tipo no mercado.
Isso ocorre porque os fenômenos que se deseja visualizar na tela, pode ter
duração que vai de alguns minutos até a alguns milionésimos de segundo.
Da mesma forma, os fenômenos podem se repetir numa certa velocidade
sempre da mesma forma, ou então podem ser únicos, ocorrendo por um só instante
apenas uma vez. O osciloscópio básico pode permitir a visualização de fenômenos que
durem desde alguns segundos até outro que ocorram milhões de vezes por segundo.
A capacidade de um osciloscópio em apresentar em sua tela fenômenos
curtíssimos é dada pela sua resposta de freqüência. Tipos que são da faixa de 20 a 100
MHz são os mais comuns e servem para a desenvolvimento de projetos na maioria das
bancadas de indústrias.
Para poder visualizar os fenômenos com precisão, os osciloscópios possuem
recursos adicionais e controles que podem variar bastante com o tipo.
Nos mais simples, tem-se apenas a possibilidade de sincronizar um fenômeno
com base de tempo interna enquanto que em outros isso pode ser estendidos a bases
externas, e em alguns casos até há circuitos de digitalização que “congelam” a imagem
para facilitar a análise posterior.
Na verdade, a existência de circuitos capazes de processar um sinal
digitalmente, nos leva a existência de osciloscópios que são verdadeiros computadores.
Estes além de poderem digitalizar uma imagem , o que significa a facilidade
maior de análise, pois pode-se "paralisa-la" na tela a qualquer momento, também
142 Capítulo 12 - Osciloscópios

podem realizar cálculos em função do que foi armazenado. não é difícil de se encontrar
osciloscópios que além de apresentarem na tela uma forma de onda, uma senóide por
exemplo, também apresentam de forma numérica os seus valores de pico, sua
freqüência, período, apresentam até mesmo eventuais distorções que existam.

12.2 - Osciloscópio Analógico

O osciloscópio analógico é provavelmente, o equipamento mais versátil para o


desenvolvimento de circuitos e sistemas eletrônicos e tem sido uma das mais
importantes ferramentas para o desenvolvimento da eletrônica moderna. Uma de suas
principais vantagens é que permite que a amplitude de sinais elétricos, sejam eles
voltagem, corrente, potência, etc., seja mostrada em uma tela, em forma de figura,
principalmente como uma função de tempo. O funcionamento se baseia em um feixe de
elétrons que, defletido, choca-se contra uma tela fluorescente, esta, sensibilizada emite
luz formando um gráfico.
A figura formada na tela pode ser comparada com outra, considerada ideal,
desse modo pode-se reduzir a área danificada em um circuito eletrônico. A persistência
da fluorescência do alvo é muito pequena de modo a ser possível observar sinais muito
rápidos. Mas como nem o olho nem o cérebro humano têm capacidade de analisar
acontecimentos tão rápidos, a visualização dos traços na tela é conseguida através de
passagens sucessivas do feixe eletrônico pelos mesmos pontos, cujo sincronismo é
controlado pelo circuito da base de tempo. O osciloscópio é um instrumento muito
sensível a tensão; para se efetuar a medida de intensidade de corrente é necessário
transformá-la, antes em tensão. Este procedimento também é necessário em corrente
alternada, pois o osciloscópio nada mais é que um voltímetro.
A tela de um osciloscópio é, normalmente, um retângulo de 10 cm x 8 cm
subdividido em quadriculados que permitem a leitura dos sinais visualizados. No modo
X-Y os dois graus de liberdade da tela representam imagem no modo Y (t) a direção
vertical representa tensões e a direção horizontal representa o tempo. As escalas de
tensão e tempo são variáveis e controladas pelos seletores de amplificação e base de
tempo.
A figura aparecerá na tela numa composição ponto a ponto, de acordo com a
intensidade dos sinais aplicados nas entradas vertical e horizontal.
A composição gráfica de dois movimentos ondulatórios, um na horizontal e
outro na vertical, resulta na chamada Figura de Lissajous. Para exemplificar,
consideremos a Fig. 12.1, onde temos a composição de um sinal na vertical de
determinada freqüência, e um outro na horizontal com o dobro da freqüência.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 143

Fig. 12.1 - Figura de Lissajous, Resultante da Composição de 2


Sinais

Da Figura de Lissajous obtida, podemos estabelecer uma relação entre as


freqüências dos dois sinais, conforme o número de vezes que a figura toca na linha de
tangência horizontal e na vertical. Para o exemplo, temos que, a figura tangencia na
horizontal uma vez e na vertical duas vezes, portanto a relação entre as freqüências
será:
FV 1
1 FH 2 FV
FH 2

12.3 - Tubo de Raios Catódicos

É um tipo especial de válvula na qual os elétrons emitidos do cátodo se


reordenam num feixe estreito e se aceleram a alta velocidade, antes de se chocarem
contra uma tela recoberta de fósforo. A tela se torna fluorescente no ponto em que o
feixe eletrônico se choca e proporciona assim uma indicação visual para radar, sonar,
rádio, na tela de televisão, monitor, etc.

Em geral, um TRC possui as seguintes partes ou eletrodos:

Filamento;
Cátodo;
Grade de controle;
Anodo de focalização e aceleração;
Placas de deflexão horizontal e vertical;
Tela fluorescente.
144 Capítulo 12 - Osciloscópios

Fig. 12.2 - Esquema de um Tubo de Raios Catódicos

Filamento: É o elemento responsável pela energia calorífica necessária ao


desprendimento de elétrons no cátodo.
Consiste de um fio trançado, de resistência adequada, alojado no interior do cátodo. Ao
se aplicar nas extremidades do filamento uma tensão CA, normalmente de 6,3 V,
este se incandesce, por efeito Joule, que aquece o cátodo que o recobre.
Catodo: É o elemento responsável pela emissão dos elétrons (cerca de seis bilhões de
elétrons por segundo são emitidos).
Consiste de um cilindro metálico recoberto de óxidos especiais, que emitem elétrons
quando aquecidos . Possuem um alto potencial negativo.
Grade de Controle: É o elemento que regula a passagem de elétrons procedente do
cátodo em direção ao anodo.
Consiste de um cilindro metálico com um orifício circular no fundo, rodeia o anodo.
Possui o potencial menor que anodo. Quando se controla o potencial desta grade
verifica-se um aumento ou diminuição do brilho da imagem.
Anodo de Focalização e de Aceleração: Possuem forma cilíndrica com pequenos
orifícios para a passagem do feixe de elétrons. Possuem um alto potencial positivo (em
relação ao cátodo), a fim de que os elétrons sejam acelerados a uma grande
velocidade, o que tornará a tendência de se deslocarem em feixe muito maior que a
tendência a se divergirem .
Entre os ânodos de focalização e o de aceleração existe um campo
eletrostático que atua como uma lente biconvexa, convergindo o raio a um determinado
ponto. Este efeito também é observado quando um raio de luz passa por uma lente
biconvexa.
Esta lente eletrônica atua na distância focal do raio.

OBS: O conjunto formado pelo filamento, cátodo, grade de controle e os ânodos de


ocalização e o de aceleração ormam o que se chama de “canhão eletr nico”

Placas de Deflexão Horizontal e Vertical: Caso não existisse um sistema defletor do


raio eletrônico, este incidiria no centro da tela , ficando imóvel naquele ponto. Que
utilidade teria? Nenhuma.
Mas, como se sabe, todos os pontos da tela são alcançados, e isto se deve ao sistema
defletor do raio de elétrons.
Todo o princípio de funcionamento da deflexão do raio está baseado no princípio da
deflexão eletrostática.
Princípio da Deflexão Eletrostática: A Fig. 12.3 mostra um elétron (com massa m e
carga e), dirigindo-se com velocidade VO , perpendicular ao campo E.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 145

Fig. 12.3

A trajetória de um elétron que entrou num campo elétrico uniforme, possue um


movimento análogo ao de um projétil lançado horizontalmente no campo sob a ação da
gravidade terrestre. O elétron possui carga negativa; como carga de sinais opostos se
atraem, este se movimentará em direção a placa positiva, segundo a horizontal (x) e a
vertical (y).
Quando o elétron sai do espaço entre as placas, ele continua o seu movimento
(desprezando a gravidade terrestre) em linha reta, tangente à parábola no ponto (X 1,
X2). Como temos vários elétrons com a mesma trajetória, temos na verdade um feixe de
elétrons.
No osciloscópio, a deflexão eletrostática emprega duas placas defletoras
montadas em ângulo reto entre si.
Quando não há campo elétrico entre as placas de cada par, o feixe de elétrons
incide no centro geométrico da tela. Se for aplicado uma diferença de potencial (ddp) a
um par de placas, o feixe se deslocará para a placa com o potencial positivo e este
desvio será tanto maior quanto maior for a d.d.p. aplicada as placas. Se for invertida a
polaridade das placas, logicamente, a deflexão do feixe se dará inversamente,
obedecendo às mesmas leis. Estas considerações são válidas tanto para placas
horizontais quanto para placas verticais, sendo que cada uma deve atuar independente
uma da outra.
Se aplicarmos a um dos pares de placas uma tensão periódica, por exemplo
uma tensão senoidal, o ponto na tela se deslocará continuamente (na vertical ou
horizontal). Se a freqüência de tensão aplicada for baixa, poderemos ver o ponto se
movendo na tela. Se, por outro lado, a freqüência for muito alta ou mesmo superior a
“ ersist ncia do olho humano”, o ser aremos na tela uma linha, mesmo que na
verdade se trate de um ponto se movendo rapidamente.

Tela Fluorescente: A tela é o estágio final de todo processo executado pelo


osciloscópio, pois é nela que se visualizam as imagens que serão posteriormente
analisadas. Ela pode ser circular ou retangular, com dimensões variadas que
dependem da necessidade da aplicação. São de vidro e cujo o interior se deposita um
material fluorescente, como o fósforo ou o sulfeto de zinco, que ao receberem o
impacto do feixe de elétrons emitem luz. Os materiais fluorescentes possuem outras
características que é a da fosforescência que faz com que os material continue a emitir
luz mesmo depois da extinção do bombardeamento dos elétrons. O intervalo que
permanece a fosforescência é chamado de persistência do fósforo. A intensidade
luminosa emitida pela tela é denominada de luminância e depende dos seguintes
fatores:
146 Capítulo 12 - Osciloscópios

N.º de elétrons que bombardeiam a tela;


Energia com que os elétrons atingem a tela, que por sua vez dependem da
aceleração dos mesmos;
Tempo que o feixe permanece no mesmo ponto da tela, que depende da
varredura;
Características do fósforo (dadas pelo fabricante).

Portanto, alterando este fatores, podemos ter um traço luminoso com mais ou
menos brilho, ser mais ou menos persistente e ainda ter cores diferentes.
o caso de uma tela de um oscilosc io, o s oro de melhor o ção é o “ ”,
pois possui alta luminância e média persistência.

12.4 - Tipos de Osciloscópios Analógicos

Existem no mercado, os tipos mono traço, duplo traço e duplo feixe.

A diferença entre eles é explicada a seguir:

Mono Traço: É o osciloscópio que possue apenas uma entrada vertical,


conseguentemente, apenas uma base de tempo. (osciloscópios antigos).

Duplo Traço: É o osciloscópio que possue dois canais de entradas verticais, com uma
base de tempo apenas. (é o mais usual no mercado).

Duplo Feixe: É o osciloscópio que possue dois canais ou mais entradas verticais e
duas bases de tempo independentes. É um osciloscópio duplo no mesmo gabinete.
A Fig. 12.4 apresenta o diagrama de blocos de um osciloscópio analógico duplo traço.

12.5 - Funcionamento Básico do Osciloscópio


Duplo Traço

Observando o diagrama de blocos da Fig. 12.4, poderemos analisar a função


dos blocos principais, orientando praticamente dessa forma o leitor, com relação ao
funcionamento básico.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 147

Fig. 12.4 - Diagrama de um Osciloscópio Duplo Traço

Descrição dos blocos

Atenuador: É a primeira etapa de qualquer osciloscópio, e portanto é o circuito que


recebe o sinal que se deseja visualizar.
Tem por finalidade igualar a elevada impedância das pontas de prova do
osciloscópio, que possuem valores típicos de 1 M a 10 M , à baixa impedância dos
pré-amplificadores verticais. Outra função que o atenuador cumpre é a de diminuir a
amplitude do sinal de entrada quando esta tem um valor excessivo que ponha em
perigo a fidelidade do sinal. isto é, quando pode produzir-se distorção.
Pré-amplificador Vertical: Logo após os atenuadores, em seqüência teremos os pré-
amplificadores. Esse circuito é que define a sensibilidade de um osciloscópio, por
conseguinte é um limitador da resposta de freqüência do instrumento.
Amplificador Vertical: Situado na parte final, esta etapa leva ao TRC o sinal a ser
visualizado, fornecendo potência para a deflexão vertical no tubo de raios catódicos.
Chave Duplo Traço: Esta chave permite poder visualizar dois sinais simultaneamente
na tela do TRC; é um comutador eletrônico que atua nas funções chopper ou
alternation, que quer dizer sinais recortado (freqüências baixas) e sinal alternado
(freqüências altas).
148 Capítulo 12 - Osciloscópios

Bloco DL (Delay Line): É o bloco de linha de retardo. O ponto de início da varredura


horizontal e o ponto do sinal que queremos utilizar como início da visualização no TRC,
do sinal que se quer estudar devem chegar ao tubo de raios catódico ao mesmo tempo.
Se assim não fosse, o osciloscópio não poderia representar corretamente a informação
da tensão, pois esta ficaria defasada no tempo.
Se observarem o diagrama de blocos ver-se-á que os atrasos no percurso do
sinal vertical são menores que os do sinal horizontal. Efetivamente, o sinal presente no
pré-amplificador vertical aplica-se por um lado ao amplificador vertical e dele às placas
de deflexão vertical do tubo de raios catódicos. Por outro lado, aplica-se ao circuito de
disparo, o qual liga o gerador de rampa, e o sinal dele obtido aplica-se ao amplificador
horizontal cuja saída vai às placas de deflexão horizontal do tubo. O percurso é neste
caso maior e portanto o início da varredura horizontal começará posteriormente ao
instante selecionado do sinal vertical.
Para evitar tudo isto ter-se-á de igualar os tempos que a informação demora a
percorrer as etapas vertical e horizontal do osciloscópio, para o que bastará
acrescentar uma etapa de atraso no circuito vertical, de modo a que ambos os sinais (o
vertical e o horizontal) cheguem ao tubo ao mesmo tempo.
Circuitos de Base de Tempo: Circuito de disparo, bases de tempo e gerador de
rampa: Os circuitos de base de tempo e gerador de rampa de um osciloscópio têm por
finalidade conseguir que as tensões aplicadas às placas de deflexão vertical do tubo de
raios catódicos apareçam na tela como função do tempo.
Dado que em todo o sistema de coordenadas se representa o tempo sobre a
coordenada horizontal X, o circuito de base de tempo e gerador de rampa deve intervir
sobre as placas de deflexão horizontal, que são as que controlam o feixe de elétrons
sobre o eixo de simetria horizontal da tela.
O circuito de base de tempo e gerador de rampa deve fazer deslocar o spot
periodicamente e com velocidade constante na direção horizontal, sobre a tela, no
mesmo sentido da escrita, isto é, da esquerda para a direita, e voltar o mais
rapidamente possível à sua posição original, e assim sucessivamente.
Para efetuar esta varredura, o circuito gerador de rampa fornece às placas de
deflexão horizontal uma tensão em dente de serra.
Sincronismo (Trigger): O sincronismo é selecionável pela chave que pode estar na
posição normal, TV ou posição EXT. REDE ou INT. recebendo o sinal respectivamente
da entrada horizontal aplicado externamente, da freqüência da rede local ou sinal
apanhado do vertical internamente, o envia ao circuito disparador de Schmitt (Detetor) e
ao gerador de impulso, que geram impulsos sincronizados com o sinal de entrada,
conforme podemos observar na Fig. 12.5.

Fig. 12.5

Amplificador Horizontal: Podemos destacar ao amplificador horizontal, a


característica de elevação de potência no sinal do gerador dente de serra,
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 149

possibilitando assim a visualização no TRC, tendo em vista a excitação das placas de


deflexão horizontal.
O osciloscópio tem o objetivo de apresentar as formas de onda na sua tela e
através delas analisarmos os seus parâmetros.

12.6 - Formas de Ondas

Os perfis de onda básicos incluem as senóides e varias ondas não senoidais,


como as ondas triangular, quadrada e outras. Ver Fig. 12.6.

Fig. 12.6

12.7 - Amplitude

A amplitude é uma característica de todas as formas de onda, normalmente é


dada em volts pico a pico nas medições com o osciloscópio; a amplitude considerada
total é a de pico a pico; na Fig. 12.7 podemos ver as diversas formas de onda e suas
amplitudes.
150 Capítulo 12 - Osciloscópios

Fig. 12.7

Na Fig. 12.8 vemos uma senóide com os seus parâmetros.

Fig. 12.8

12.8 - Freqüência

O período é o tempo tomado por um ciclo do sinal, caso este seja repetitivo.
Neste caso tem uma freqüência definida com o número de vezes que um sinal é
repetido por segundo. A freqüência é medida em Hertz = 1 ciclo/seg. Ver Fig. 12.9 e
Fig. 12.10.
1 F = Freqüência e T = Período
F
T
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 151

Fig. 12.9

Fig 12.10

Tempo de Subida (Rise Time): Os parâmetros dos pulsos são importantes, pois são
aplicados nos circuitos digitais e também podemos analisa-los como vemos na Fig.
12.11. O tempo de subida de um pulso e sua largura, definem o ciclo de trabalho

Fig. 12.11

Fase de uma Onda: O conceito de fase é baseado no seno dos ângulos entre 0 e
360 , ao mesmo tempo podemos ver se uma onda está adiantada ou atrasada em
relação a uma referência. Ver Fig. 12.12 e Fig. 12.13. Neste caso, a corrente está
atrasada em relação a tensão.

Fig. 12.12 Fig. 12.13

Figuras de Lissajous: Para medidas de fase e de freqüência pelas Figuras de


Lissajous se necessita de uma senóide desconhecida, aplicada em um canal, que
apresentará as diferenças de fase e freqüências com relação a senóide de referência
conhecida, aplicada no outro canal do osciloscópio. Ver Fig. 12.14.
152 Capítulo 12 - Osciloscópios

Fig. 12.14

12.9 - Operação de um Osciloscópio Analógico

Fig. 12.15 - Identificação dos Controles


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 153

DESCRIÇÃO DOS CONTROLES DO OSCILOSCÓPIO

CONTROLE FUNÇÃO
1 e 13 AC-GND-DC Chave de três posições que opera como descrito:
AC - Bloqueia a componente DC do sinal de entrada.
GND - Abre a passagem do sinal e aterra a entrada
vertical. Isto coloca o traço numa posição que pode
ser usada como referência zero quando estiver
efetuando medição DC.
DC - Entrada direta da componente AC e DC do
sinal, simultaneamente.
2 e 14 VOLTS/DIV Chave do atenuador vertical para canal 1, ajuste de
sensibilidade vertical.
4 e 16 VARIABLE VOLTS/DIV VARIABLE - Ajuste fino da sensibilidade do canal 1.
deixe este botão sempre na posição CAL para
manter o atenuador vertical calibrado.
5 CH1-DUAL-CH2 CH1 - Seleciona o canal 1.
DUAL - Botão para traçar os dois canais: CH1 e
CH2.
CH2 - Seleciona o canal 2.
Existe outro Knob em alguns modelos, que CH1 - Somente canal CH1.
tem a mesma função: (DUAL = CHOP ou ALT - São mostrados os sinais do canal CH1 e do
ALT). canal CH2, alternadamente.
CHOP - Os sinais de CH1 e CH2 são chaveados em
seqüência.
ADD - Os sinais de CH1 e CH2 são adicionados
algebricamente.
CH2 - Somente canal CH2.
3 e 15 POSITION/PUSH POSITION - Ajuste de posição vertical.
INVERT CONTROL INVERT CONTROL - Quando puxado para a
posição INVERT a polaridade do sinal é invertido.
11 HOLD/OFF Controle de sincronismo de um sinal complexo.
CONTROL
17 EXT.IN-CONECTOR Entrada de sinal de sincronismo externo.
12 LEVEL Ajuste fino de sincronismo horizontal.
10 SOURCE SELEC Seleção de sinal para sincronismo:
CH1 - Sincroniza com o sinal do canal 1.
CH2 - Sincroniza com o sinal do canal 2.
LINE - Sincroniza com a freqüência de AC (60 Hz).
EXT - Sincroniza com um sinal de uma fonte externa
qualquer.
9 COUPLING-SELECTOR Seleção de freqüência:
AC - Sinal sincronizado e acoplado no circuito.
HF-REJ - Sinal sincronizado acima de 50 KHz.
TV - Sinal sincronizado somente para medidas em
televisão.
DC - Sincronizado somente para circuito DC.
21 SLOPE SELECTOR Sincroniza o osciloscópio na subida ou descida do
sinal.
6 SEC/DIV SWITCH Botão para a seleção do tempo da varredura
horizontal.
23 SWEEP MODE AUTO - Uso normal para qualquer medição.
NORMAL - O feixe só aparece quando existe sinal
na ponta 1 ou 2.
SINGLE/RESET - O feixe só aparecerá quando for
154 Capítulo 12 - Osciloscópios

pressionado o botão SINGLE.


8 POSITION CONTROL Ajuste da posição horizontal.
7 VARIABLE/PULL VARIABLE - Ajuste fino da largura da forma de
X 10 MAG onda.
X 10 MAG - Nesta posição o tempo do sinal na tela
será multiplicado em 10 vezes.

12.10 - Entradas e Conexões do Osciloscópio

Existem muitos tipos de osciloscópios. Descrever todos os comandos de todos


os tipos de osciloscópios existentes seria inviável. Entretanto, com o conhecimento de
alguns controles, que consideraremos como sendo básicos, é possível operar diversos
osciloscópios.

Os controles e entradas do osciloscópio podem ser divididos em cinco grupos:

Controle da fonte de alimentação;


Controles de ajuste do traço ou ponto na tela;
Controles e entrada de atuação vertical;
Controles e entrada de atuação horizontal;
Controles e entrada de sincronismo.

12.11 - Controle da Fonte de Alimentação

Interruptor: Sua função é interromper ou estabelecer a corrente no primário do


transformador. Sua atuação, normalmente, é acompanhada por uma lâmpada piloto
que serve de aviso visual sobre a situação do circuito (ligado ou desligado).
Normalmente, este interruptor se encontra acoplado junto do potenciômetro de controle
de brilho.
Comutador de Tensão: Sua função é selecionar a tensão de funcionamento do
osciloscópio (127/220V). Permite utilizar o instrumento sem a necessidade de recorrer a
um transformador abaixador ou elevador de tensão. Atualmente a comutação é
automática, comutação DUAL.

12.12 - Controles de Ajuste do Traço ou Ponto na Tela

Brilho ou Luminosidade: É o controle que ajusta a luminosidade do ponto ou do traço.


O controle do brilho é feito por meio de um potenciômetro, situado no circuito da grade
de controle do TRC, mediante o qual se regula o potencial desta grade.
Deve-se evitar o uso de brilho excessivo sob pena de se danificar a tela.
Foco: É o controle que ajusta a nitidez do ponto ou traço luminoso. O ajuste do foco é
conseguido mediante a regulagem de um potenciômetro que regula a polarização do
eletrodo de enfoque.
O foco deve ser ajustado de forma a se obter um traço fino e nítido na tela.

OBS.: Os ajustes de brilho e de foco são ajustes básicos que devem ser feitos sempre
que se for usar o osciloscópio.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 155

Iluminação da Retícula: Permite que se ilumine o quadriculado ou as divisões na tela


(Nem todos os osciloscópios possuem).

12.13 - Controles e Entrada de Atuação Vertical

Entrada de Sinal Vertical: Nesta entrada é conectada a ponta de prova do


osciloscópio. As variações de tensão aplicadas aparecem sob forma de figura na tela.
Chave de Seleção de Modo de Entrada (CA-CC): Esta chave é selecionada de acordo
com o tipo de forma de onda a ser observada. Em alguns osciloscópios esta chave
possui três posições (CA-0-CC ou AC-GND-DC). Esta posição adicional é usada para a
realização de ajustes do traço do osciloscópio em algumas situações. Por exemplo:
Quando se deseja uma referência na tela.
Chave Seletora de Ganho (V/Div): sta cha e ermite que se “aumente” ou que se
“diminua” a am litude de ro eção na tela do oscilosc io altura da imagem
Posição Vertical: Permite movimentar a imagem para cima ou para baixo na tela. A
movimentação não interfere na forma da figura projetada na tela.

12.14 - Controles de Atuação Horizontal

Chave Seletora de Base de Tempo: É o controle que permite variar o tempo de


deslocamento horizontal do ponto na tela.
Através deste controle é possível reduzir ou ampliar horizontalmente na tela a figura
nela projetada.
Em alguns osciloscópios esta chave seletora tem uma posição identificada
como EXT (externa) o que possibilita que o deslocamento horizontal pode ser
controlado por circuito externo ao osciloscópio, através de uma entrada específica.
Quando a posição externa é selecionada não há formação do traço na tela, obtendo-se
apenas um ponto. Como exemplo, para vermos a figura de Lissajous.
Posição Horizontal: É o ajuste que permite controlar horizontalmente a forma de onda
na tela. Girando o controle de posição horizontal para a direita o traço move-se
horizontalmente para a direita e vice-versa. Assim como o controle de posição vertical,
o controle de posição horizontal não interfere na forma da figura projetada na tela.

12.15 - Controles e Entrada de Sincronismo

São controles que se destinam a fixar a imagem na tela. Estes controles são
utilizados principalmente na observação de sinais alternados.

Os controles de sincronismo são:

Chave seletora de fonte de sincronismo;


Chave de modo de sincronismo;
Controle de nível de sincronismo.

Chave Seletora de Fonte de Sincronismo: Seleciona onde será tomada o sinal de


sincronismo para fixar a imagem na tela do osciloscópio.
Normalmente, esta chave possui três posições, pelo menos: (CH1, REDE e EXTERNO)
156 Capítulo 12 - Osciloscópios

POSIÇÃO CH1: O sincronismo é controlado pelo sinal aplicado ao canal 1.


POSIÇÃO REDE: Realiza o sincronismo com base na freqüência da rede de
alimentação do osciloscópio (60 Hz). Nesta posição consegue-se facilmente
sincronizar na tela sinais aplicados na entrada vertical que sejam obtidos a partir da
rede elétrica. Como exemplo, medindo uma fonte AC.
POSIÇÃO EXTERNO: Na posição externo o sincronismo da figura é obtido à partir
de outro equipamento externo conectado ao osciloscópio. O sinal que controla o
sincronismo na posição externo é aplicado a entrada de sincronismo.

Chave de Modo de Sincronismo: Normalmente esta chave tem duas ou três posições:
(AUTO, NORMAL + e NORMAL ).

AUTO: Nesta posição o osciloscópio realiza o sincronismo automaticamente, com


base no sinal selecionado pela chave seletora de fonte de sincronismo.
NORMAL +: O sincronismo é positivo, ajustado manualmente pelo controle de
nível de sincronismo (TRIGGER), de modo que o primeiro pico que apareça na tela
seja o positivo.
NORMAL : O sincronismo é negativo, também ajustado manualmente, entretanto,
o primeiro pico a aparecer é o negativo.

Controle de Nível de Sincronismo (Trigger): É um controle manual que permite o


ajuste do sincronismo quando não se consegue um sincronismo automático. Tem
atuação nas posições NORMAL + e NORMAL .

12.16 Pontas de Prova

As pontas de prova são utilizadas para interligar o osciloscópio aos pontos de


medida.

Fig. 12.16 - Apresenta Dois Tipos

Uma das extremidades da ponta de prova é conectada a uma das entradas do


osciloscópio através de um conector e a extremidade livre serve para conexão aos
pontos de medida.
A extremidade livre possui uma garra jacaré, denominada de terra da ponta de
prova, que deve ser conectada ao terra do circuito e uma ponta de entrada de sinal,
que deve ser conectada no ponto que se deseja medir.

Existem vários tipos de pontas de prova:

Ponta de prova direta, atenuadora, demoduladora, etc.

Ponta de prova 1:1 (Direta);


Ponta de prova 10:1 (Atenuadora);
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 157

Ponta detectora (Demodula o sinal de RF modulado).

A ponta de prova 1:1 se caracteriza por aplicar à entrada do osciloscópio a


mesma tensão ou forma de onda que é aplicada a ponta de medição.
A ponta de prova 10:1 entrega ao osciloscópio apenas a décima parte da
tensão aplicada a ponta de medição. As pontas de prova 10:1 permitem que o
osciloscópio consiga observar tensões dez vezes maior que a sua capacidade. Por
exemplo: Um Osciloscópio que permite leitura de tensões de 50 V com ponta de prova
1:1, com ponta de prova 10:1 poderá medir tensões de até 500 V (10x50 V). Existem
pontas de prova que dispõe de um botão onde se pode selecionar 10:1 ou 1:1.
Dependendo da posição deste botão, a ponta, apresentará mais ou menos
capacitância.

12.17 - Compensando a Ponta

Antes de usar uma ponta passiva você precisa compensa-la para balancear
suas propriedades elétricas com um osciloscópio em particular. Você deve adquirir o
hábito de compensar a ponta toda vez que for utilizar o osciloscópio. Uma ponta mal
ajustada pode fazer com que as suas medições sejam menos precisas. As Fig.
12.17, Fig. 12.18 e Fig. 12.19 mostram o que acontece com as ondas medidas quando
você utiliza uma ponta que não for devidamente compensada.
A maioria dos osciloscópios têm um sinal de referência de onda quadrada
disponível em um terminal no painel frontal, usado para compensar a ponta. A seguir,
os passos para compensar uma ponta.

Conectar a ponta a um conector de entrada CH1;


Conectar a ponta de prova ao sinal de compensação de ponta CALL 5 V;
Ajuste a amplitude VOLTS/DIV e SEC/DIV para visualizar o sinal onda quadrada,
conforme mostra a Fig. 12.17;
Fazer os devidos ajustes na ponta para que os cantos da onda fiquem quadrados.

Para ajustar a ponta, insira uma chave de fenda no orifício indicado,


observando o sinal na tela do osciloscópio, gire o parafuso do trimmer suavemente até
a onda ficar bem quadrada (Veja as Fig. 12.17, Fig. 12.18 e Fig. 12.19).

SINAL PARA AJUSTE DE RESPOSTA DA PONTA E VERIFICAÇÃO


DE AMPLITUDE

F = 1 KHz Amplitude = 5 VPP

Fig. 12.17 Fig. 12.18 Fig. 12.19


Ajuste Correto Ajuste Incorreto Ajuste Incorreto
158 Capítulo 12 - Osciloscópios

12.18 - Medidas de Tensão

Volts por Divisão (Volts/Div): Este controle é muito utilizado durante a análise de
circuitos. Girando o botão VOLTS/DIV, você pode alterar a amplitude do sinal mostrado
na tela do osciloscópio; sempre que possível aumente a amplitude do sinal, com
amplitude maior a leitura fica mais precisa.
Tela do Osciloscópio: A tela do osciloscópio está dividida por uma grade que tem oito
quadrados na vertical e dez na horizontal e cada quadrado está dividido por cinco
divisões menores. Ver Fig. 12.21 e Fig 12.22.
A amplitude de um sinal medido é obtida contando quantas divisões a forma
de onda preenche no sentido vertical e multiplicando pelo fator indicado pelo controle
de amplitude VOLTS/DIV (Fig. 12.21 e Fig. 12.22). Para qualquer sinal alternado, o
resultado será sempre em ( VPP ) volts pico a pico.
A Fig. 12.20 apresenta um exemplo de como se medir volts pico a pico de uma
onda senoidal.

Fig. 12.20

Calculando a Amplitude do Sinal:

Fig. 12.21
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 159

Fig. 12.22

12.19 - Medidas de Freqüência

Posição e Segundos por Divisão: O controle de posição horizontal move a forma de


onda para esquerda ou para direita.
A configuração de segundos por divisão (geralmente escrito SEC/DIV) deixa
você selecionar a taxa a qual a forma de onda é desenhada na tela (também conhecida
como configuração da base de tempo ou velocidade de varredura). Esta configuração é
o fator de escala. Por exemplo, se a configuração é de 10 s, cada divisão horizontal
representa 10 s e a largura total da tela representa 100 s (dez divisões). Alterar a
configuração SEC/DIV permite a você olhar a intervalos de tempo maiores ou menores
do sinal.
Como na escala VOLTS/DIV vertical, a escala SEC/DIV horizontal pode ter
tempo variável, permitindo a você configurar a escala de tempo horizontal dentre as
configurações descritas.

Calculando a Freqüência do Sinal: Nos osciloscópio digitais esta tarefa é muito fácil,
porque basta um simples toque em um botão para a freqüência ser mostrada na tela.
Nos osciloscópios análogos, a fórmula F 1 Tseg tem que ser utilizada
para calcular a freqüência do sinal.
Siga os passos abaixo para calcular a freqüência:

1 - Ajuste o controle SEC/DIV para que um ou dois ciclos seja mostrado na tela;
2 - Posicione a chave (VARIABLE) na posição CALL ou desligada;
3 - Posicione o botão (x 10 MAG) na posição OFF desligado.

Após estes procedimentos você já pode conectar a ponta do osciloscópio no


ponto a ser medido e ler o período de um ciclo.

A Fig. 12.23 e a Fig 12.24 apresenta um exemplo.

Calculando a Freqüência: F 1 Tseg .


160 Capítulo 12 - Osciloscópios

Fig. 12.23 Fig. 12.24

12.20 - Visualizações das Telas e seus Respectivos


Controles

Fig. 12.25 - A Tela não Apresenta Nenhuma Tensão de Entrada nas Deflexões
Vertical e Horizontal

Fig. 12.26 - A Tela Apresenta Apenas a Tensão na Entrada Horizontal


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 161

Fig. 12.27 - A Tela Apresenta as Tensões dos Canais 1 e 2,


Sincronizado no Canal 2

Fig. 12.28 - A Tela Apresenta as Tensões dos Canais 1 e 2,


Sincronizado no Canal 1

Fig. 12.29 - Forma de Onda de um Sinal de Vídeo Composto

Fig. 12.30 - A Tela Apresenta Esta Forma de Onda, Sincronizado


no Canal 2 e Modo TV-H
162 Capítulo 12 - Osciloscópios

Fig. 12.31 - A tela Apresenta as Duas Formas de Onda Simultaneamente


Aplicadas nos Canais 1 e 2, Visualizados no Modo DUAL

Fig. 12.32 - A Tela Apresenta as Duas Formas de Onda Somadas,


Algebricamente Visualizadas no Modo ADD

Fig. 12.33 - Painel do Osciloscópio, Apresentando a Função de


Sincronismo (TRIGGER)

Fig. 12.34 - A Tela Apresenta uma Forma de Onda sem Sincronismo


(Trigger Mau Ajustado)
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 163

Fig. 12.35 - A Tela Apresenta o Traço Horizontal Fora de Posição


(Descentralizado)

Fig. 12.36 - Painel do Osciloscópio, Apresentando o Modo de


Ajuste da Rotação do Traço

OBS.: Alguns osciloscópios possuem este ajuste, trace rotation.


13 OSCILOSCÓPIO
DIGITAL

13.1 - Introdução

O osciloscópio é um instrumento de medida que permite visualizar em tempo


real a amplitude de uma tensão elétrica variável no tempo. O osciloscópio é de todos os
instrumentos o de maior utilidade e complexidade, designadamente devido à
necessidade de associar à medição a dimensão do tempo. Os osciloscópios
atualmente existentes no mercado dispõem de diversos canais de leitura simultânea,
em geral dois ou quatro, podendo ser de tipo analógico ou digital. É uma ferramenta
essencial em qualquer indústria eletrônica ou laboratório que utilize sinais elétricos nas
pesquisas.
Os osciloscópios digitais são os de maior funcionalidade, permitindo
designadamente somar e subtrair sinais entre canais, calcular valores médios, máximos
e mínimos, determinar períodos e freqüências de oscilações dos sinais, imprimir ou
transferir para um computador o conteúdo do visor, etc. Os osciloscópios são dotados
de uma ponta de prova por canal, cujos terminais devem ser ligados em paralelo com o
elemento cuja tensão aos terminais se pretende medir.

13.2 - Funcionamento do Osciloscópio Digital

Os osciloscópios podem ser analógicos ou digitais. Os primeiros trabalham


diretamente com o sinal aplicado que uma vez amplificado, desvia um feixe de elétrons
em sentido vertical, proporcional ao seu valor.
Os osciloscópios digitais utilizam-se previamente de um conversor
Analógico/Digital para armazenar digitalmente o sinal de entrada, reconstruindo este
sinal na sua saída.
A Fig. 13.2 apresenta um diagrama de blocos do osciloscópio digital que tem a
mesma função do osciloscópio analógico, porém usando outra tecnologia.
Quando se conecta a ponta de prova do osciloscópio digital a um circuito, a
seção vertical se ajusta à amplitude do sinal da mesma forma que seria em um
osciloscópio analógico.
O conversor analógico/digital do sistema de aquisição de dados faz a
amostragem do sinal em intervalos de tempo e converte o sinal de voltagem contínua
em valores digitais chamados de amostras.
Na seção horizontal um sinal de relógio (clock) determina quando o sinal
provindo do conversor A/D se torna uma amostra. A velocidade deste relógio se
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 165

denomina velocidade de amostra e é medida em amostra por segundo, conforme


vemos na Fig. 13.1.

Fig. 13.1

Fig. 13.2 - Diagrama de Blocos de um Osciloscópio Digital.

O valores digitais amostrados se armazenam em uma memória como pontos


do sinal. O número de pontos do sinal utilizado para reconstruir a imagem do sinal na
tela se chama registro.
O módulo de disparo determina o começo e o final de pontos do sinal no
registro.
O módulo de visualização recebe os pontos dos registros, que são
armazenados na memória, para serem exibidos na tela do osciloscópio
Dependendo da capacidade do osciloscópio, podemos ter recursos adicionais,
sobre os pontos amostrados.
Fundamentalmente, um osciloscópio digital é usado de forma similar a um
analógico; para se poder fazer as medidas se necessita ajustar a amplitude e a base de
tempo, comandos que intervem no disparo.
166 Capítulo 13 - Osciloscópio Digital

13.3 - Métodos de Amostragem


Para sinais de baixa freqüência, os osciloscópios digitais podem perfeitamente
reunir mais pontos do que os necessários para se reconstruir posteriormente o sinal na
tela do osciloscópio. No obstante, para altas freqüências (dependerá da máxima
velocidade do equipamento) o osciloscópio pode não recolher amostras suficientes e
então pode-se recorrer a uma destas técnicas:

Interpolação: Estima-se um ponto intermediário do sinal baseado no ponto anterior e


posterior.

Amostra por Tempo Equivalente: Quando o sinal é repetitivo é possível fazer


amostras do ciclo em diferentes partes do sinal para depois se reconstruir o sinal
completo.

13.4 - Amostragem em Tempo Real com Interpolação

O método padrão de amostra dos osciloscópio digitais é fazer a amostra em


tempo real, quando o osciloscópio reúne os pontos suficientes para reconstruir o sinal.
Para sinais não repetitivos a parte transitória de um sinal é o único método válido de
amostragem.
Os osciloscópios utilizam a interpolação para melhor visualizar sinais que são
mais rápidos que a velocidade de amostragem.

Existem basicamente dois tipos de interpolação:

Linear: Conecta os pontos amostrados com linhas retas.

Senoidal: Conecta os pontos amostrados com curvas segundo um processo


matemático, de forma que os pontos intermediários são calculados para realinhar os
espaços entre os pontos reais da amostragem. Usando este processo, é permitido
visualizar sinais com grande precisão dispondo de poucos pontos de amostragem,
conforme mostra Fig. 13.3.

Fig. 13.3
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 167

13.5 - Amostragem em Tempo Equivalente

Alguns osciloscópio digitais utilizam este tipo de amostragem. O sinal repetitivo


é reconstruído capturando uma pequena parte de cada ciclo.

Existem dois tipos básicos:

Amostragem seqüencial: Os pontos aparecem da esquerda para a direita em


seqüência para formar o sinal.

Amostragem aleatória: Os pontos aparecem aleatoriamente para formar o sinal.


Vejamos a Fig. 13.4.

Fig. 13.4

13.6 - Características mais Importantes dos


Osciloscópios Digitais

Baseando-nos na taxa de amostragem podemos dividir os osciloscópios


digitais em dois tipos:

Osciloscópios Digitais de Tempo Real: Projetados para monitoração de sinais de


evento único (single shot), ou seja, que ocorrem apenas uma vez. A tecnologia de
sobreamostragem (taxa de amostragem em torno de 5 a 10 vezes a largura de banda)
garante que com apenas uma seqüência de amostras de alta densidade (uma única
aquisição ( um único evento de trigger) seja possível a reconstrução do sinal na tela
com alto nível de detalhamento. Os osciloscópios digitais enquadram-se nesta
categoria, visto que sua taxa de amostragem é de 1 GS/s, que representa 10 vezes o
valor da largura de banda dos mais antigos, por exemplo, que é de l00 MHz.

Osciloscópios Digitais de Tempo Equivalente: Projetados para monitoração de


sinais repetitivos muito rápidos. Não demandam alta taxa de amostragem, pois devido à
repetição do sinal sendo amostrado, podem ser feitas várias aquisições do mesmo
sinal, em instantes de tempo diferentes (vários eventos de trigger), sendo cada
aquisição composta de algumas amostras do sinal. Ao final, todas as amostras
168 Capítulo 13 - Osciloscópio Digital

adquiridas nos diversos ciclos de aquisição são processadas de modo a recompor o


sinal na tela. Como exemplo, um osciloscópio digital que tenha taxa de amostragem de
100 MS/s e largura de banda de 200 MHz, significa que o mesmo opera em tempo real
até freqüências da ordem de 20 MHz (aproximadamente 1/5 da taxa de amostragem), e
após isso passa a operar em tempo equivalente.

Profundidade de Memória: Como o osciloscópio digital trabalha com amostragem do


sinal, necessita de uma memória para armazenar os diversos pontos adquiridos para
formar a imagem na tela. Portanto o parâmetro profundidade de memória é o número
de pontos que o osciloscópio pode armazenar (para compor uma forma de onda).
Quanto maior o número de pontos armazenados, melhor a definição do sinal
recomposto na tela. A escolha da profundidade de memória está diretamente ligada à
complexidade do sinal: se o sinal a ser analisado for uma senóide bem comportada, um
comprimento de memória de 500 pontos é suficiente; porém, para tentar encontrar
anomalias de temporização em sinais digitais complexos, um grande comprimento de
memória será requerido. Como exemplo típico, alguns osciloscópios digitais possuem
um comprimento de memória de 2500 pontos, que associado à sua taxa de
amostragem, são suficientes para analisar a maioria dos eventos transientes abaixo de
l00 MHz encontrados na prática.
Quanto ao trigger, é fácil deduzir que em um osciloscópio analógico, um sinal
single shot (que requer um único evento de trigger) só aparecerá na tela do
osciloscópio em um pequeno intervalo de tempo, que depende da persistência do
fósforo. Portanto uma análise detalhada do sinal torna-se difícil neste caso.
Já em um osciloscópio digital, uma vez “triggado”, o sinal single shot poderá
ficar na tela o tempo que o usuário necessitar, bem como ser transferido para um
computador ou impressora, já que o mesmo agora é um conjunto de números binários
armazenados em memória. Outra vantagem do osciloscópio digital é que se existirem
eventos infreqüentes muito rápidos, chamados “glitches”, existe o modo de detecção
chamado Detecção de Picos, que permite capturar estes “glitches” durante a
visualização de sinais em longos períodos de tempo. No osciloscópio analógico, estes
eventos de alta velocidade podem ser perdidos devido à fraca intensidade de elétrons
que se chocarão com o fósforo.
Conforme já comentado, com osciloscópios digitais existe a possibilidade de
extrairmos uma forma de onda diretamente para uma impressora ou para um arquivo
em PC para posterior análise. Isto é possível através das interfaces de comunicação
que podem acompanhar o osciloscópio (paralela, GPIB e RS-232), e do software
chamado Wavestar, para análise de formas de onda em PC.
14 ANÁLISE DE SINAIS

14.1 - Analisador de Espectro

O osciloscópio tem como função analisar uma forma de onda no domínio do


tempo. Melhor dizendo, ele apresenta em função do tempo a onda captada na sua
entrada vertical. Mas, se ao invés de desejarmos saber qual é a forma da onda de um
sinal, e o porquê da sua forma, utilizaremos o analisador de espectro, pois ele analisa a
forma de onda em função do domínio da freqüência. Ver Fig. 15.1.

Fig. 14.1

Para análise perfeita desta forma de onda lembremos da teoria da Série de


Fourier, a qual diz que qualquer forma de onda pode ser construída através de sinais
senoidais de diferentes freqüências, amplitude e fase; qualquer sinal pode ser
decomposto em senóides.
A forma de onda em um osciloscópio, apresenta o resultado da super posição
da onda senoidal fundamental com seus harmônicos.
Com a utilização do analisador de espectro podemos separar essas ondas,
analisar dirtorções da rede elétrica, (harmônicos) interferência eletromagnética e
diversas aplicações em telecomunicações, como desvio de freqüências, fase e
amplitude da portadora, inspeção de Rádio Fantasma, formas de diversas modulações
como AM, FM e bandas laterais e modulações digitais, etc.
170 Capítulo 14 - Analise de Sinais

Fig. 14.2 - Sinal Senoidal com Harmônicas.

Existem dois tipos de analisadores de espectro. O tipo F.F.T. que tem a


tecnologia oriunda das técnicas da Série Fourier (Fast Fourier Transform) e o tipo
super heterodino que tem a tecnologia de um rádio receptor, utilizando conversores
de freqüências. Ver Fig. 15.3.

Fig. 14.3 - Diagrama de Blocos do Analisador do Tipo


Heterodino.

14.2 - Princípios Básicos de Operação

Para o início dos trabalhos, o técnico deverá tomar alguns cuidados como:

a) Preparar o sinal a ser analisado.


b) Preparar o equipamento de medida.
c) Interpretação correta dos resultados obtidos.

Independentemente do tipo e marca do analisador de espectro ele possui


normalmente três controles básicos:
Nível de referência, freqüência e Span/divisão, Fig. 15.4.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 171

Fig. 14.4 - Painel Frontal do Analisador de Espectro.

14.3 - Funções dos Controles do Painel

Controle de Nível de Referência: Varia o nível do sinal de modo a produzir uma


varredura de deflexão vertical completa na tela do instrumento. Ver Fig. 14.5 e Fig.
14.6.

Fig. 14.5 - Ruído Fig. 14.6 - Modulação

Controle de Freqüência: Varia a base de deflexão horizontal, no domínio da


freqüência. Há dois modos de ajuste para a freqüência.

a) Freqüência central: Adota o centro da tela como referência da medida.


b) Freqüência de partida: Adota o início da varredura, no canto esquerdo da tela.

Controle de Span: Varia a largura do espectro de freqüência apresentada na tela.

O analisador de espectro pode ser acionado para funcionar como um rádio


receptor de LHF, VHF ou UHV, dependendo da sua banda passante.

14.4 - Principais Características

Para o Engenheiro ou Técnico saber escolher um analisador de espectro para a


compra, é necessário compreender certos parâmetros, que descrevemos a seguir:

Faixa de Freqüência: Deverá ser capaz de analisar a freqüência fundamental e seus


harmônicos. Ver Fig. 14.7 e Fig 14.8.
172 Capítulo 14 - Analise de Sinais

Fig. 14.7 - Freqüências Baixas para Fig. 14.8 - Medidas de Harmônicos


Banda-base e FI. de 50 GHz e Superior

Precisão: Deverá ser capaz de ter baixo índice de erro em amplitude e freqüência,
neste caso, precisão absoluta e precisão relativa. Ver Fig. 14.9.

Fig. 14.9 – Precisão

Resolução - RBW (Resolution Bandwidth): Deverá ser capaz de distinguir dois sinais
da mesma amplitude.
Sensibilidade: É a capacidade do instrumento em detectar e medir sinais de baixa
amplitude, como ruído, KTB (Constante de Boltzman, temperatura e largura da banda).
Distorção: É a capacidade de não introduzir distorções internas não lineares. Ver Fig.
14.10.
Faixa Dinâmica - Dynamic Range: É a razão máxima entre dois níveis de dois sinais
simultâneos. Ver Fig. 14.11.

Fig. 14.10 - Distorção Fig. 14.11 - Faixa Dinâmica

A seguir podemos ver as telas dos tipos de analisadores de espectro com


imagens típicas como exemplo:
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 173

14.5 - Analisador F.F.T. (Fast Fourier Transform)

Característica: Apresenta as portadoras no domínio das freqüências e seus


harmônicos simultaneamente.

Fig. 14.12 - Analisador Fourier

14.6 - Analisador Superheterodino (Conversor)

Característica: Apresenta as portadoras no domínio da freqüência e banda de


freqüência da principal.

Fig. 14.13 - Analisador de Varredura

14.7 - Aplicações do Analisador Espectral

As Fig. 14.14 e Fig. 14.15 apresentam as diversas telas do analisador


espectral.
Na Fig. 14.14 é analisada uma onda senoidal pura e na Fig. 14.15 uma
portadora modulada em amplitude com as duas bandas laterais.

Fig. 14.14 Fig. 14.15


174 Capítulo 14 - Analise de Sinais

Para aplicações em freqüências acima de 100 MHz, os analisadores de


espectro substituem sobremaneira os osciloscópios, na determinação de amplitudes,
freqüências e fases de sinais nas faixas de VHF, UHV e SHF.

14.8 - Medição da Razão de Ondas Estacionárias

Quando se trata do teste de transmissores, é fundamental a análise do


sistema em si, como casamento de impedância entre o transmissor, a linha de
transmissão e a antena.
Um dos aspectos mais importantes é a de medida da razão de ondas
estacionárias, comumente chamada de R.O.E., que indica a percentagem de energia
efetiva gerada por um transmissor, irradiada pela antena. Um exemplo típico, quando a
R.O.E. é de 3,0, isto quer dizer que apenas 75 % de energia é irradiada pela antena,
sendo refletidos 25 % da energia; por outro lado, quando o R.O.E. é igual a 5,0 apenas
56 % é irradiada, retornando 44 % pela linha até o transmissor, podendo até romper o
cabo coaxial ou danificar o transmissor. Quanto maior for a R.O.E., maior será a perda
(atenuação) do cabo e menor será o ganho do sistema.
Em inglês normalmente é escrito S. W. R., que corresponde a Standing Wave
Ratio.

14.9 - Razão de Voltagem da Onda Estacionária (VSWR)

Quando uma linha de transmissão termina com uma carga diferente a da


impedância característica da linha, estarão presentes na linha uma onda refletida e
uma onda incidente. A soma das ondas refletida e da incidente em cada ponto da linha,
origina diferentes valores de voltagem (rms) eficaz em pontos diferentes da linha.
Um voltímetro colocado em cada ponto da linha de transmissão indica uma
voltagem (rms) que varia de ponto para ponto da linha, conforme mostrado na Fig.
14.16.
A razão entre o maior e o menor valor rms da linha é denominada de razão de
voltagem da onda estacionária (VSWR). Os maiores e os menores valores de rms são
medidos em pontos diferentes da linha separados por uma distância igual a um quarto
de comprimento de onda.

Fig. 14.16
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 175

Fig. 14.17
Igualmente, medições de valores rms de corrente em cada ponto da linha
origina valores diferentes em cada um desses pontos, conforme mostrado na Fig.
14.17.
A razão entre o menor e o maior valor de corrente rms é denominada de razão
de corrente da onda estacionária (ISWR).
O VSWR e o ISWR são iguais. Freqüentemente, o SWR é utilizado em lugar
dos termos VSWR e ISWR.

14.10 - Razão de Onda Estacionária


A melhor condição para a transmissão de potência a uma carga por uma linha
de transmissão, é aquela em que os valores máximo e mínimo de corrente e de
voltagem rms são iguais.
O SWR é uma indicação da proximidade em que nos encontramos da
condição ótima para transmissão de potência a uma carga. Quanto mais próximo o
SWR estiver do 1:1, maior segurança estará o sistema. Ao determinar o SWR, é
estabelecida uma razão em que se toma primeiro a quantidade maior.

Experiências de laboratório e de campo provam que:

ZL
SWR =
Z0

Onde SWR é uma medida de discordância entre as impedâncias da carga e a


linha. Como em todas as razões, SWR também pode ser representado como uma
fração, de outra forma.

VRMS MAX I RMS MAX


SWR = =
VRMS MIN I RMS MIN

L
A impedância característica é dada pela fórmula: Z0 =
C
Onde L = indutância da linha e C = capacitância da linha.
176 Capítulo 14 - Analise de Sinais

14.11 - Impedância Característica (Z0)

A impedância característica de uma linha de transmissão é aquela que


apresenta no seu extremo, um conjunto teoricamente infinito.
Como exemplo, temos o cabo coaxial tipo RG11 S/U, tem a impedância
característica ( Z 0 ) igual a 75 Ω.
Isto quer dizer, que em qualquer ponto do cabo, teremos sempre a mesma
impedância.

A Figura abaixo mostra um antena de transmissão AM com a sua linha de transmissão


e respectivas ondas de reflexão.

14.12 - Rendimento de um Sistema em Função da R.O.E.


O rendimento de um sistema, isto é, a percentagem de energia que
efetivamente é irradiada pela antena, em função da R.O.E. do sistema, é dado por:

Fórmula Empírica

2
η = Rendimento em % = 1 − R.O.E. − 1 × 100
R.O.E. + 1
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 177

Para evitar cálculos desnecessários, apresentamos na Tabela 14.1 a


correspondência direta entre diversos valores de R.O.E. e de rendimento.

Tabela 14.1
R.O.E. (SWR) Rendimento (%)
1,00 100
1,50 96
2,00 89
2,50 82
3,00 75
3,50 69
4,00 64
4,50 60
5,00 56
10,00 33
20,00 18
50,00 8
∞ 0

(*) Os valores do rendimento foram aproximados para números inteiros.

14.13 - Medidor de R. O. E.
A medição da razão de ondas estacionárias é facilmente feita com um
pequeno aparelho chamado de “medidor de R.O.E.” ou refletômetro; na Fig. 14.18
apresentamos o aspecto típico desse medidor; na realidade, em alguns transmissores
sofisticados, o medidor de R.O.E. já está incorporado ao equipamento, dispensando o
uso de um aparelho adicional.
Existe no mercado medidor de R.O.E. analógico e digital.

Fig. 14.18 - Tipo de um Medidor de R.O.E. Analógico

A utilização do medidor de R.O.E. é extremamente simples, devendo ser


observada esta seqüência:

a) Desconecte o cabo coaxial que liga a antena ao transmissor desatarraxando o


conector coaxial correspondente.
178 Capítulo 14 - Analise de Sinais

b) Introduza o medidor de R.O.E. entre o transmissor e a antena.


A seguir apresentamos um exemplo ilustrativo. Suponhamos que o medidor de
R.O.E. esteja indicando o número 2.
Nesse caso diz-se que estamos com R.O.E. = 2; consultando a Tabela 15.1
podemos verificar o rendimento da instalação; no caso, para R.O.E. = 2, η =
89 % portanto, 11 % de energia que sai do transmissor é refletida.
c) Siga as instruções do manual do equipamento utilizado.

14.14 - Medidor Digital de Relação de Onda


Estacionária

No mercado da instrumentação, está aparecendo com grande eficiência e


precisão, o medidor digital de relação de onda estacionária, (SWR).
Este tem uma característica ímpar, visto que em um mesmo aparelho; podemos
medir SWR, perda de retorno (RL) e a distância até a falha.
A entrada de dados é feita através de um teclado numérico. Ele possue como
saída um display, que é um visor de cristal líquido (LCD) o qual fornece uma indicação
gráfica da SWR ou RL, na faixa de freqüência selecionada.
A medição da distância até a localização da falha é realizada através do
software tools, que armazena os dados obtidos na medição e poderá ser utilizado
através de um cabo serial, até uma porta de um microcomputador.
Este instrumento é muito utilizado em Transmissor Rádio Base de Telefonia
Celular. A operação deste instrumento pode ser dividido em três funções.
Funções comuns, domínio de freqüência e domínio do tempo (depende do
modelo utilizado).
• As Funções Comuns: São funções de definição de opções e escalas
generalizadas.
• As Medições na Função Domínio da Freqüência: Podem medir a perda de
retorno (RL), a relação de onda estacionária (SWR) e perda no cabo (CL)
efetuadas em uma faixa de freqüência selecionável.
• As Medições na Função Domínio da Distância: Conhecida como distância até a
falha (DTF) são efetuadas em uma faixa de distância selecionável, localizando
assim descontinuidades na linha de transmissão.
Na Fig. 14.19 podemos ver um display apresentando a função de janela
retangular, com a perda de retorno em decibéis versus distância até a falha.

Fig. 14.19

• Perda de Retorno: É a medida de atenuação da potência refletida absorvida ou


irradiada.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 179


• Fig.14.19 a - Diagrama de ligação Fig 14.19 b - Wattimetro Bird Thruline

• A medição da relação de tensão de onda estacionária (ROE ou VSWR - Voltage


Standing Wave Ratio) tem sido desde há muito considerada como o indicador mais
universal da saúde dos sistemas de transmissão.Com o medidor Wattimetro Bird
Thruline pode-se medir a potência do transmissor e o seu ROE sem interromper a
linha de transmissão.Embora seja possível utilizar instrumentos de precisão de
medição de reflexão, tais como analisadores de rede vetoriais para fazer medições
de alta qualidade em sistemas inativos, a medição da VSWR num sistema
funcionando em operação é tipicamente realizada através da utilização de
dispositivos de medição direcionais inseridos na linha de transmissão. Quando se
usa um medidor de potência direcional para a medição VSWR, o valor é calculado
baseado nos valores de potência direta e refletida e inserida em algumas fórmulas
já definidas.

14.15 - Medidor de Intensidade de Campo

Este equipamento permite determinar a intensidade relativa do sinal irradiado


por uma antena.
Muitos medidores de R. O. E. são acoplados a um medidor de intensidade de
campo.
Este instrumento é muito útil, por exemplo, para se verificar o diagrama de
irradiação de uma antena, isto é, saber a intensidade relativa para cada direção em
torno da antena.
Quando da instalação de uma antena receptora, seja essa para faixas de VHF,
UHF ou SHF, há necessidade de medir o campo elétrico de recepção, que vai ser
apresentado pela máxima deflexão do galvanômetro, no caso de analógico ou em
dígitos, no caso de digital; normalmente esta grandeza é dada em milivolts ou
microvolts, dependendo do sistema.
TRANSDUTORES

15 E
SENSORES

15.1 - Introdução

Os transdutores são dispositivos que transformam uma energia a um efeito


correspondente a um sistema.

TRANSDUTORES
PASSIVO ATIVO
Necessita de tensão de alimentação Não necessita de tensão de alimentação

O transdutor converte sinais correspondentes a pressão, força, deslocamento,


temperatura etc em sinais elétricos analógicos.
Existem no mercado, diversos tipos de transdutores, com diversas finalidades
e aplicações, como: Balanças de precisão, termômetros eletrônicos, controles
automáticos de temperatura, pressão e vazão em caldeiras industriais, etc.

Tabela 15.1 - Tipos de Transdutores


TIPO APLICAÇÃO
Dispositivo Potenciométrico Pressão, Deslocamento
Tira Extensométrica Força, Torque, Deslocamento
Tipo Pirani Vazão e Pressão de Gases
Termistor (NTC) Temperatura
Efeito Hall Fluxo Magnético, Corrente Elétrica
Termopar Temperaturas
Cristal Piezoelétrico Som, Vibração
Capacitivo - (Eletreto) Som, Vibração

Citamos abaixo alguns exemplos práticos de transdutores e os seus princípios


de operação.

a) Dispositivo Potenciométrico: Uma força externa posiciona o elemento móvel de


um potenciômetro variando a sua resistência.
b) Tira Extensométrica (strain-gages): A resistência elétrica de um fio metálico é
modificada pela força externa de tração ou compressão.
c) Tipo Pirani: A resistência de um filamento aquecido é variada pela transferência
de calor para um gás.
d) Termistor: A resistência não linear varia em certos óxidos metálicos ao ser
aquecida como exemplo: PTC e NTC.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 181

e) Efeito Hall: Geração de uma DDP em uma superfície semicondutora, quando o


fluxo magnético interage com uma corrente.
f) Termopar: DDP gerada através de uma junção de metais diferentes quando a
junção é aquecida (chromel, allumel, constantan, cobre).
g) Cristal Piezoelétrico: DDP gerada quando uma força externa é aplicada a certos
cristais como o quartzo.

Transdutores e Sensores Térmicos: Esses componentes mudam suas características


elétricas de acordo com a temperatura. Podemos destacar alguns:

• Termistores
• RTD's
• Sensores integrados
• Termopares

A seguir, podemos ver uma tabela que apresenta as características dos


principais transdutores.
Não abordaremos aqui as características dos termistores, RTD's e sensores
integrados. Vamos aqui fazer apenas um quadro comparativo entre esses
componentes, visto que os termopares são os mais utilizados na indústria.

TERMOPAR VANTAGENS DESVANTAGENS

• Alta potência; • Não linear;


• Simples; • Baixa voltagem;
• Rústico; • Requer Referência;
• Barato; • Estabilidade mínima;
• Ampla variedade; • Percepção mínima.
• Ampla faixa de
temperatura

RTD VANTAGENS DESVANTAGENS

• Mais estável; • Caro;


• Mais exato; • Requer fonte de
• Mais linear que energia;
o termopar. • Pequena ∆R;
• Baixa resistência
absoluta;
• Auto aquecimento.
182 Capítulo 15 - Transdutores e Sensores

TERMISTOR VANTAGENS DESVANTAGENS

• Alta saída; • Não linear;


• Rapidez; • Faixa de temperatura
• Medida ôhmica limitada;
nas duas vias; • Frágil;
• Requer fonte de
energia;
• Auto aquecimento.

SENSOR I.C. VANTAGENS DESVANTAGENS

• Mais linear; • Temperatura maior


• Alta saída; que 200° C;
• Barato. • Requer fonte de
energia;
• Lento;
• Auto aquecimento;
• Configuração
limitada.

15.2 - Par Termoelétrico e PT 100

É um par de metais que se baseia no princípio térmico. Esse princípio diz que
quando dois fios compostos de materiais dissimilares são juntos em ambas
extremidades, e uma dessas extremidades é aquecida, existe uma corrente contínua
que circula no circuito termoelétrico.
Todos os metais dissimilares mostram esse efeito. As combinações mais
comuns de dois metais são mostradas nas tabelas. O Instituto Americano de Padrões
Nacionais (ANSI) identificou e padronizou certos tipos de termopares e deu a cada um,
uma letra de designação. Para cada tipo se definem varias coisas como tipos de metais
usados, faixa de temperatura usada, código de cores, etc.
Na Fig. 15.1 vemos um par termoelétrico e a junção fria de referência.

Fig. 15.1 - Método Clássico de Utilização do Termopar


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 183

Termopar: Os termopares são sensores de maior uso industrial para a medição de


temperatura.
Eles cobrem uma faixa bastante extensa de temperatura que vai de − 200 a
2300° C aproximadamente, com uma boa precisão e repetitividade aceitável, tudo isto a
um custo que se comparado com outros tipos de sensores de temperatura são mais
econômicos.

Teoria Termoelétrica: O fenômeno da termoeletricidade foi descoberto em 1821 por


Seebeck, quando ele notou que em um circuito fechado formado por dois condutores
metálicos e distintos A e B, quando submetidos a um diferencial de temperatura entre
as suas junções, ocorre uma circulação de corrente elétrica.
A existência de uma força eletro-motriz no circuito é conhecida como Efeito
Seebeck, e este se produz pelo fato de que a densidade de elétrons livres num metal,
difere de um condutor para outro e depende da temperatura.
Quando este circuito é interrompido, a tensão do circuito aberto (Tensão de
Seebeck) torna-se uma função das temperaturas das junções e da composição dos
dois metais.
Denominamos a junção na qual está submetida à temperatura a ser medida de
“junção de medição” (ou junta quente) e a outra extremidade que vai se ligar no
instrumento medidor de “junção de referência” (ou junta fria). Ver Fig. 15.1.
Quando a temperatura da junção de referência é mantida constante, verifica-se
que a F.E.M. térmica é uma função da temperatura, pois conhecendo-se a temperatura
de referência e a F.E.M. gerada, determina-se a temperatura da junta de medição.

Definição de Termopar: O aquecimento de dois metais diferentes com temperaturas


diferentes em suas extremidades, gera o aparecimento de uma F.E.M. (da ordem de
mV). Este princípio conhecido como efeito Seebeck propiciou a utilização de
termopares para a medição de temperatura.
Para pequenas mudanças na temperatura, a tensão Seebeck é linearmente
proporcional a temperatura:
e ab = α × ∆T

Onde α (Coeficiente Seebeck), é a constante de proporcionalidade.


Normalmente uma das junções chamada “junção quente”, está sujeita a temperatura
que está sendo medida, enquanto a outra junção, chamada “junção fria”, está mantida
a uma temperatura constante conhecida. Ver Fig. 15.2.

Fig. 15.2

Grupos de Termopares: Podemos dividir em três grupos distintos.

a) Termopares de base metálica ou básicos;


b) Termopares nobres ou base de platina;
c) Termopares novos.
184 Capítulo 15 - Transdutores e Sensores

Os termopares básicos são os de maior uso industrial, tem o custo baixo,


porém maior incidência de erro, são os que possuem base metálica.

Tipos de Junções Metálicas: Existem vários tipos de junções utilizadas nos


termopares, cada tipo com suas características, polarizações e aplicações; como
exemplo apresentamos três tipos.

Tipo T: Composição = cobre (+) e constantan (−).


Faixa de utilização = − 200° a 350°.
Tipo J: Composição = ferro (+) e constantan (−).
Faixa de utilização = − 40° a 750°.
Tipo K: Composição = cromel (+) e alumel (−).
Faixa de utilização = − 200° a 1200°.

Termopares Nobres: São aqueles cujas as ligas são constituídas de platina. Possue
um custo elevado, porém uma alta precisão. Como exemplo o tipo S, R e B.
Termopares Novos: São aqueles cujas ligas são constituídas de materiais novos,
ainda não normalizados.

Como exemplo temos o tipo N, que contem os metais nicrosil/nisil que é


formado de níquel + cromo + silício e níquel + silício. Ver o gráfico da Fig. 15.3.

Fig. 15.3

PT100:

Temperatura é um dos parâmetros físicos mais medidos na atualidade,


existindo diferentes sensores para esta aplicação, sendo que os RTD´s (Resistance
Temperature Detector) são os mais utilizados. Apresentamos um exemplo com as
características básicas de um dos sensores mais comum de temperatura do tipo RTD,
o PT100, sendo este um dos mais utilizados quando se refere à medição de
temperatura.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 185

o
Especificações. O PT100 oferece uma grande precisão sendo de + 0,2 C e
o o
opera em uma faixa de -260 C A +962 C. Feito de platino e com resistência de 100
o
ohms a 0 C, é conhecido por ter uma alta estabilidade e resposta rápida fazendo com
que ele possa ser utilizado em diferentes aplicações relacionadas com temperatura.
Sua forma varia de acordo com o precesso de produção, podendo ser de platina
do tipo flat-film ou wire-wound. Além do formato, uma grande diferença entre eles é que
o flat-film é utilizado em aplicações onde se exige um tamanho manor.
O seu funcionamento é simples, como sua resistência é proporcional de acordo
com a temperatura, aplicando uma corrente conhecida por ele, se obtém uma tensão
de saída que vai variar com a temperatura. O conhecimento da relação entre
temperatura e resistência é fundamental para a sua aplicação.
O PT100 pode ser conectado utilizando 2, 3 ou 4 fios de acordo com a
aplicação. Quando utilizado com dois fios, sua exatidão pode ser prejudicada por causa
da resistência ser aplicada em serie com ele.

Fig. 15.4 - PT100 com 2 fios (Fonte: Data Sheet - 5)

Quando utilizado com 3 fios, permite um compensação para a resistência do fio,


o único inconveniente é que os fios conectores devem ter a mesma características.

Fig. 15.5 - PT100 com 3 fios (Fonte: Data Sheet - 5)


186 Capítulo 15 - Transdutores e Sensores

Quando utilizado com 4 fios, elimina a possibilidade de queda de tensão, a qual


poderia acontecer somente com 2 fios.

Fig 15.6 - PT100 com 4 fios (Fonte: Data Sheet - 5)

Aplicações:

Como já foi visto, o PT100 é muito utilizado, a seguir será apresentado algumas
de suas utilizações.
O Mini MCR-SL-PT100-UI-200 é um transdutor de temperatura isolado produzido
pela PHOENIX CONTACT, que utiliza um PT100 de 2, 3 ou 4 fios, com a possibilidade
de configuração de sinal de saída, temperaturas a ser medidas, sistema de conexão e
diferentes tipos de avaliação de erros.

15.3 - Sensores
Como todos sabemos, a automação industrial está diretamente ligada a
engenharia dos dias de hoje, e os sensores são extremamente úteis em tais projetos. O
propósito deste capítulo é apresentar um resumo sobre sensores identificando seus
mais variados tipos e especifica-los para cada aplicação. Daremos uma maior atenção
aos sensores de proximidade e fotoelétricos, tendo em vista sua vasta utilização em
todos os setores industriais.
O uso de sensores permite por exemplo, que um robô possa interagir com o
ambiente que o rodeia de uma forma flexível. Isto não acontece nas operações pré-
programadas onde um robô é ensinado como proceder para realizar tarefas repetitivas
através de um conjunto de funções programadas. Apesar do último caso ser o mais
predominante nos robôs industriais, o uso da tecnologia dos sensores introduz nas
máquinas um maior nível de inteligência para lidar com o seu meio e é objeto de uma
pesquisa intensa no campo da robótica.
Um robô que possa sentir e ver como o homem, é mais fácil de treinar para
realizar tarefas complexas e requer, ao mesmo tempo, mecanismos de controle menos
rígidos e atentos que os das máquinas pré-programadas.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 187

Um sistema sensorial, é também mais facilmente adaptável a uma maior


variedade de tarefas, atingindo desta forma um maior grau de universalidade e que no
limite se repercutirá em custos de produção e de manutenção menores.
Funções: Fundamentalmente as funções dos sensores utilizados em robôs podem se
dividir em duas categorias: de estado interno e de estado externo.
Os sensores de estado interno, tratam essencialmente da detecção de
variáveis como por exemplo a localização das articulações do(s) braço(s) e não será
objeto de desenvolvimento neste livro. Os externos, por outro lado, tratam da detecção
de variáveis como distância, proximidade e tato.
Os sensores externos podem ser classificados como sendo ou não de contato.
Como o nome indica, os primeiros reagem com o contato físico como o toque, o
momento das forças, o deslizar, enquanto que os últimos se baseiam nas variações
acústicas e das radiações eletromagnéticas.

SENSORES EXTERNOS:

A seguir apresentamos um resumo dos principais tipos de sensores externos.

Sensores de Proximidade: Podemos afirmar que os sensores de distância estimam a


distância entre o sensor e um determinado objeto, já os sensores de proximidade tem
geralmente uma saída binária que indica a presença de um objeto a uma distância pré-
definida.
Sensores de Distância: Um sensor de distância tem a capacidade de medir a distância
entre um ponto de referência (normalmente outro sensor) e os objetos no campo de
atuação do sensor. Estes tipos de sensores são usados na navegação dos robôs e no
desvio de obstáculos, onde a sua utilização consiste no estimar das distâncias para os
objetos mais próximos, em aplicações onde a localização e a forma desses objetos é
necessária.
Sensores de Toque: Os sensores de toque, são utilizados para obter informação
relativa ao contato entre o(s) braço(s) do robô e os objetos do meio que o(s)
circunda(m). A informação de toque pode ser usada, por exemplo, para a localização e
reconhecimento de objetos, bem como para controlar a força exigida pelo(s) braço(s)
num determinado objeto.
Sensores de Força e de Momento: Os sensores de força e de momento, são usados
principalmente para medir as forças de reação geradas durante a interação do robô
com outros objetos. As abordagens mais usuais para conseguir obter essas forças são
as utilizações de sensores do pulso ou os sensores das junções nos braços.

15.4 - Sensor de Proximidade, Indutivo e Capacitivo

É um dispositivo que provoca uma mudança elétrica em um circuito, como


resultado da aproximação de um material, sendo ele metal (sensor indutivo ou sensor
capacitivo).

Princípio de Funcionamento: O sensor de proximidade é constituído principalmente


de três blocos de circuitos descritos abaixo:

• Circuito oscilador LC;


• Avaliador de sinais;
• Amplificador chaveado.
188 Capítulo 15 - Transdutores e Sensores

O circuito oscilador gera um campo de alta freqüência eletromagnética


alternada. O campo é emitido na face sensora do sensor. Os limites desse campo
eletromagnético passam a ser os limites da distância sensora, ou seja, qualquer
material que entrar nesse campo (metal no caso de sensores indutivos) vai alterar a
freqüência gerada pelo circuito LC reduzindo a oscilação. O avaliador de sinais detecta
essa redução e converte esse sinal em um sinal de chaveamento.

Tipos: Abordaremos os principais tipos de sensores de proximidade, o sensor indutivo


e o capacitivo. O sensor indutivo é um dispositivo sensor de metal e o capacitivo
detecta todos os materiais, incluindo líquidos e pó.

• Indutivo x Capacitivo: Os sensores de proximidade indutivo e capacitivo possuem


circuitos semelhantes. Porque os sensores indutivos só detectam os metais e os
capacitivos detectam todos os materiais?
Essa pergunta pode ser respondida, se atentarmos para o fato que os
sensores para serem ativados precisam de uma alteração em seu sinal de
operação.

1) Indutivos: A voltagem, a queda de tensão em um indutor é dada pela fórmula


di
VL = L × . Para que ocorra uma diferença nesta corrente I, é necessário que
dt
um metal (condutor) seja introduzido no campo.

Sensor de Proximidade Indutivo: São equipamentos eletrônicos capazes de detectar


a aproximação de peças, componentes, elementos de máquinas, etc, em substituição
às tradicionais chaves de fim de curso. A detecção ocorre sem que haja o contato físico
entre o acionador e o sensor, aumentando a vida útil do sensor por não possuir peças
móveis sujeitas a desgastes mecânicos. Ver Fig. 15.7.
Funcionamento: O princípio de funcionamento baseia-se na geração de um campo
eletromagnético de alta freqüência, que é desenvolvido por uma bobina ressonante
instalada na face sensora.
A bobina faz parte de um circuito oscilador, que em condição normal
(desacionada), gera um sinal senoidal. Quando um metal aproxima-se do campo, este
por correntes de superfície (Foulcault), absorve a energia do campo, diminuindo a
amplitude do sinal gerado no oscilador.
A variação de amplitude deste sinal é convertida em uma variação contínua,
que comparada com um valor padrão, passa a atuar no estágio de saída.

Fig. 15.7
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 189

2) Capacitivos: A voltagem, a queda de tensão em um capacitor é dada pela fórmula


dv
VC = C × . Diferente do sensor indutivo, para que ocorra uma diferença na
dt
tensão V, não será necessário exclusivamente que um metal (condutor) seja
introduzido no campo, já que qualquer outro material vai agir como um dielétrico,
alterando o campo da mesma forma.

Sensor de Proximidade Capacitivo: Os sensores de proximidade do tipo capacitivos


são equipamentos eletrônicos capazes de detectar a presença ou aproximação de
materiais orgânicos, plásticos, pós, líquidos, madeiras, papéis, metais, etc.

Funcionamento: O princípio básico de funcionamento baseia-se na geração de um


campo elétrico, desenvolvido por um oscilador controlado por capacitor. O capacitor é
formado por duas placas metálicas, carregadas com cargas elétricas opostas,
montadas na face sensora, de forma a projetar o campo elétrico para fora do sensor,
formando assim um capacitor que possui como dielétrico o ar. Quando um material
aproxima-se da face sensora, ou seja, do campo elétrico, o dielétrico do meio se altera,
alterando também o dielétrico do capacitor frontal do sensor. Como o oscilador do
sensor é controlado pelo capacitor frontal, quando aproximamos um material, a
capacitância também se altera, provocando uma mudança no circuito oscilador. Esta
variação é convertida em um sinal contínuo, que comparando com um valor padrão,
passa a atuar no estágio da saída. Ver Fig. 15.8.

Fig. 15.8

3) Outros Tipos de Sensores:

a) Sensores Ultra-sônico e Óptico: O princípio básico do funcionamento do


sensor ultra-sônico, é através de um emissor e um receptor. O emissor emite
uma onda ultra-sônica em uma determinada freqüência e distância conhecida,
até o receptor. Quando um objeto interfere no campo do sinal ultra-sônico, o
tempo de transmissão é modificado, atuando assim o sensor. O sensor de
proximidade óptico atua de forma parecida só que ao invés de emitir uma sinal
ultra-sônico, este emite um raio de luz.
b) Sensor Fotoelétrico: Este tipo de sensor, é muito utilizado no mercado devido
a sua facilidade de adaptação aos mais diferentes tipos de aplicações.
Os sensores fotoelétricos, também conhecidos por sensores ópticos, têm
a função de manipular a luz de forma a detectar a presença do acionador, que
na maioria das aplicações é o próprio produto.
c) Funcionamento: O seu princípio é baseado na transmissão e recepção de luz
infravermelha (invisível ao ser humano), que pode ser refletida ou interrompida
por um objeto a ser detectado. Ver Fig. 15.9.
190 Capítulo 15 - Transdutores e Sensores

Os fotoelétricos são compostos por dois circuitos básicos: um


responsável pela emissão do feixe de luz, denominado transmissor, e outro
responsável pela recepção do feixe de luz, denominado receptor.

Fig. 15.9

O transmissor emite e envia o feixe de luz através de um fotodiodo, que


gera flashes, com alta potência e curta duração, para evitar que o receptor
confunda a luz emitida pelo transmissor com a iluminação ambiente.
O receptor é formado por um fototransistor sensível a luz, que em
conjunto com um filtro sintonizado na mesma freqüência de pulsação dos
flashes do transmissor, faz com que o receptor entenda apenas a luz vinda do
transmissor.

4) Tipos:

a) Sistema por Barreira: O transmissor e o receptor estão em unidades


separadas e devem ser dispostos um frente ao outro, de modo que o receptor
possa constantemente receber a luz do transmissor. O acionamento da saída
ocorrerá quando o objeto a ser detectado interromper o feixe de luz. Veja
Fig. 15.10 e Fig. 15.11.

Fig. 15.10 - Barreira para 10 m.

Fig. 15.11 - Barreira para 1 cm: Devido a grande potência de luz


emitida, o alinhamento entre o transmissor e receptor torna-se
muito simples.
Neste exemplo o seu feixe de luz atravessa até 8 toalhas de
papel. Este modelo quase não exige manutenção devido ao
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 191

poderoso feixe de luz, que permite a operação do sensor até com


acúmulo de poeira nas lentes.

b) Sistema por Difusão (Fotosensor): Neste sistema o transmissor e o receptor


são montados juntos na mesma unidade. Sendo que o acionamento da saída
ocorre quando o objeto a ser detectado entra na região de sensibilidade e
reflete para o receptor o feixe de luz emitido pelo transmissor. Veja Fig. 15.12.

Fig. 15.12 - Fotosensor para 0,5 m e 1 mm.

c) Sistema Refletivo: Este sistema também apresenta o transmissor e o receptor


em uma única unidade. O feixe de luz chega ao receptor somente após ser
refletido por um espelho prismático, e o acionamento da saída ocorrerá
quando o objeto a ser detectado interromper este feixe. Veja Fig. 15.13.

Fig. 15.13 - Refletivos com Filtro para 5 m.

O espelho prismático permite que o feixe de luz refletido para o receptor


seja paralelo ao feixe transmitido pelo transmissor, devido as superfícies
inclinadas a 45°, o que não acontece quando a luz é refletida diretamente por
um objeto, onde a luz se espalha em vários ângulos.
A distância sensora para os modelos refletivos é em função do tamanho
(área de reflexão) e, o tipo de espelho prismático utilizado. Veja Fig. 15.14.

Fig. 15.14 - Espelho Prismático.

A seguir apresentamos os detectores de transparência e objetos


brilhantes, que são muito utilizados na indústria.
192 Capítulo 15 - Transdutores e Sensores

d) Detecção de Transparência: A detecção de objetos transparentes, tais como:


garrafas de vidro, vidros planos, etc; podem ser detectados com a angulação
do feixe em relação ao objeto, ou através de potenciômetros de ajuste de
sensibilidade, mas sempre aconselha-se um teste prático.
A detecção de garrafas plásticas tipo PET, requerem sensores especiais
para esta finalidade. Veja Fig. 15.15.

Fig. 15.15 - Detecção de Objetos Transparentes: Este modelo foi


especialmente desenvolvido para detectar objetos transparentes, tais como:
garrafas plásticas (PET) de bebidas; e devido ao seu sistema exclusivo de
lentes, pode detectar seguramente os objetos, sem sinais falsos.

e) Detecção de Objetos Brilhantes: O sistema refletivo é utilizado na detecção


de objetos brilhantes ou superfícies polidas, tais como: engradados plásticos
para vasilhames, etiquetas brilhantes, etc; cuidados especiais são tomados,
pois o objeto neste caso pode refletir o feixe de luz e acionar erradamente
alguns dispositivos. Confundindo o receptor que não aciona a saída,
ocasionando uma falha de detecção. A fim de evitar que isto ocorra,
aconselha-se utilizar um dos métodos descritos a seguir.

15.5 - Introdução à Medição Eletrônica de Pressão

Antes de iniciarmos o estudo da medição eletrônica de pressão, faremos uma


pequena revisão.
2
Pressão: É a força aplicada na superfície de um corpo e é medida em Kg/cm ;
Pressão Atmosférica: É o peso exercido pela força da gravidade na atmosfera;
2
Ao nível do mar ⇒ 1,033 Kg/cm
Pressão Absoluta: É a pressão abaixo do nível do mar, (Vácuo perfeito);
Pressão Manométrica: É a pressão comparada com a atmosférica;
2
Se a pressão manométrica é inferior a zero, ou a 1,033 Kg/cm , tem-se o vácuo
e é medido em mmHg ou inch/Hg.

Manômetros: Na indústria são encontrados equipamentos que medem a pressão de


um gás, vapor ou líquido; são os manômetros, os quais são calibrados como referência
a pressão atmosférica.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 193

Existem dois tipos de manômetros:

• Manômetro Composto: Mede pressões negativas e positivas.


• Manômetro, também chamado de ALTA: Mede pressões positivas.

5
1 bar = 10 Pa;
1 polegada de mercúrio = 2,54 cm/Hg;
1 centímetro de mercúrio = 0,3937 polegadas de mercúrio;
2
Pressão = Pascal (Pa); lbf/in = psi = 6,894757 Kpa.

Todos os transmissores e transdutores de pressão convertem uma pressão


aplicada em um sinal elétrico de saída padronizado. Este sinal é enviado à
Computadores de Processo, PLC (Controladores Lógicos Programáveis), Controladores
de Processo, Registradores e Indicadores de painel ou outros dispositivos que
interpretam este sinal para indicar, registrar e/ou controlar a pressão do processo que
está sendo monitorado.
O sinal de saída mais utilizado em aplicações industriais é o de 4-20 mA com
circuito de 2 fios (loop de corrente). Outros sinais utilizados são 1-5 V, 0-5 V, 0-10 V
(circuito de 3 fios) e 0-100 mV (circuito de 4 fios).
Por simples convenção, um Transmissor de Pressão fornece o sinal de saída
de 4-20 mA com circuito a 2 fios (loop de corrente) enquanto um Transdutor de Pressão
fornece o sinal de saída em tensão com circuito de 3 ou 4 fios. Isto pode criar um pouco
de confusão e ambigüidade e consideramos ser útil a observação de que sensores de
pressão de aplicação geral são habitualmente referidos como transdutores de pressão.
No vocabulário metrológico o Transdutor de Medição é todo dispositivo que
fornece uma grandeza de saída que tem uma correlação com a grandeza de entrada e
o Sensor é um elemento de medição que é diretamente aplicado à grandeza a medir.
A principal e mais importante característica destes instrumentos é que,
independentemente o tipo ou modelo, o sinal de saída é linear. Isto significa que o sinal
de saída é diretamente proporcional à pressão aplicada.

Linearidade: Alguns transmissores produzidos são instrumentos com faixa de medição


fixa, e são parcialmente especificados pela faixa de medição e tipo de sinal de saída.
Por exemplo, um transmissor com faixa de medição de 0-100 psi e 4-20 mA de sinal de
saída, irá produzir uma saída de 4 mA a 0 psi e 20 mA a 75 psi. Ver a Fig. 15.16.

Fig. 15.16 - Linealidade


194 Capítulo 15 - Transdutores e Sensores

Precisão: É a diferença existente entre a curva característica real e a ideal expressa


em percentagem da faixa de medição do transmissor. Na determinação da precisão são
considerados os desvios de linearidade, histerese e repetibilidade. A maioria dos
transmissores tem menos que 0,25 % de desvio de linearidade. Ver Fig. 15.17.

Fig. 15.17 - Precissão

Quando avaliar e comparar precisão, observe e considere que existem muitas


metodologias de cálculo e análise à influência e existência de compensação dos efeitos
de temperatura. O ambiente industrial raramente oferece as condições ideais de
laboratório que podem ter sido consideradas na determinação da precisão informada.

Aplicações: Exemplo de alguns modelos e características:

Transmissores de Pressão Standard: Transmissores de uso geral oferecendo


precisão de ±0,5 % ou ±0,25 %. Aplicações sistemas hidráulicos e pneumáticos.

Transmissores com Membrana Frontal: Ideal para aplicações em meios de medição


com alta viscosidade ou contando sólidos em suspensão oferecendo precisão de ±0,5
% ou ±0,25 %.

Transmissores de Pressão Intrinsecamente Seguros: Aplicado em áreas


classificadas com risco de explosão. Eles requerem o uso associado de uma barreira
de segurança intrínseca.

Transmissores de OEM: Instrumentos com classe de precisão de ±0,5 % e sem ajuste


de zero. Aplicado para uso geral. Eles são uma alternativa de baixo custo aos
transmissores industriais.

Sensores de OEM: Fornece um sinal de saída em mV e são dedicados para


aplicações OEM seriadas.

Transmissores Tipo Sonda para Medição de Nível: Montagem de topo e operação


submersa com aplicação na medição de nível por pressão hidrostática.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 195

CONVERSÃO DE UNIDADES DE PRESSÃO – ATM

ATM = atmosfera
Pascal = Pa = Newton/metro² = N/m²
kgf/cm² = kgf/cm²
Ibf/In² = psi = Ibf/in²
Torr = Torriceli = mmHg
1 bar = 1 e 5 Pa = 750,062 Torr
Mca = Metros de coluna d`água.
PROCESSAMENTO

16 DIGITAIS
DE SINAIS

16.1 - Filtros Digitais

Para o estudo de processamento digital de sinais é imprescidível revisarmos


os filtros digitais.

a) Filtros Digitais: Processamento Digital de Sinais (DSP) oferece melhor


flexibilidade, maior performance (em termos de atenuação e seletividade), melhor
tempo e estabilidade e menor custo de produção do equipamento que as técnicas
analógicas tradicionais. Adicionalmente, um maior número de circuitos
microprocessados estão sendo disponibilizados com técnicas DSP a custos
efetivos: um exemplo disto é a difusão de estações base celulares com DSP.
Componentes disponíveis hoje permitem estender DSP da banda base para
freqüências intermediárias (FI). Isto torna DSP útil para sintonia e seletividade de
sinal, e conversão para freqüência superiores e inferiores (modulação/
demodulação).
Estas novas aplicações de DSP resultam de avanços obtidos na filtragem
digital. Este capítulo fará um “overview” de filtragem digital indicando conceitos os
quais podem ser estendidos para processamento de banda base em
processadores digitais de sinais programáveis.
b) Conceitos de Filtragem Digital: Um filtro digital é um convolutor em amplitude
discreta e tempo discreto. A teoria da transformada de Fourier estabelece que a
convolução linear de duas seqüências no domínio do tempo é o mesmo que a
multiplicação das duas seqüências espectrais correspondentes no domínio da
freqüência. Filtragem é em essência a multiplicação do espectro do sinal pela
resposta no domínio da freqüência do filtro a um impulso. Por exemplo, para um
filtro passa baixa ideal, a parte da banda do espectro do sinal que passa é
multiplicada por um e a parte filtrada é multiplicada por zero.
c) Filtros Analógicos, Filtros Digitais Baseados em “Software” e Filtros Digitais
Baseados em “Hardware”: Devido o modo que os filtros analógicos e digitais são
fisicamente implementados, um filtro analógico é mais eficiente tanto em tamanho
quanto potência; no entanto mais sensível aos componentes, que sua contrapartida
digital; se ele pode ser implementado diretamente de alguma forma. Em geral,
quando a freqüência do sinal cresce, a disparidade na eficiência também cresce.
Características de aplicações onde filtros digitais são mais eficientes em
tamanho e potência que os filtros analógicos são: fase linear, atenuação de banda
de parada muito grande, ripple na banda de passagem muito baixo, resposta do
filtro programável ou adaptável, filtros que precisam manipular fase e filtros com
fatores de corte muito pequenos (o fator de corte de um filtro é a razão da largura
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 197

da banda passante do filtro mais a largura da banda de transição pela a largura da


banda passante do filtro). Microprocessadores de sinais digitais de uso geral,
atualmente dispositivos comuns, são usados em uma larga faixa de aplicação e
podem implementar filtros digitais moderadamente complexos na faixa da
freqüência de áudio. Muitos algoritmos padrões de processamento de sinais,
incluindo filtros digitais s o disponí eis em pacotes de “software” para
processadores digitais de sinal. Como resultado, o custo de desenvolvimento de
“software” tri ial uando amorti ado so re grandes uantidades.
A arquitetura de microprocessadores de sinais digitais é normalmente
otimizada para realizar o cálculo de uma soma de produtos com dados de RAM ou
ROM. Eles não são otimizados para alguma função DSP específica. Entretanto,
para obter desempenho para taxas de amostragens maiores, um filtro digital
necessita de um hardware projetado para desempenhar a função de filtragem na
freqüência de amostragem desejada. Alguns filtros digitais com hardware
específico podem amostrar até taxas de aproximadamente 75 MSPS (Mega
samples per second). Alta performance é possível para grande volume de
aplicações pela limitação da faixa de parâmetros. Em contrapartida à arquitetura de
filtros otimizados é oferecida uma linha de filtros configuráveis e programáveis.
Estes produtos possuem função específica, com arquitetura otimizada e
parâmetros programáveis.
d) Diferenças Conceituais - Domínio da Freqüência x Domínio do Tempo:
Pensando sobre filtros analógicos, muitos engenheiros se sentem confortáveis no
domínio do tempo. Por exemplo, a operação de um filtro RC passa-baixa pode
facilmente ser imaginada como um capacitor se carregando e se descarregando
através de um resistor. Analogamente, é fácil imaginar como um filtro ativo de retro-
alimentação negativa usa deslocamento de fase como uma função da freqüência, a
qual é uma operação no domínio do tempo.
Um filtro digital é melhor conceitualizado no domínio da freqüência. A
implementação do filtro simplesmente realiza a convolução da resposta do impulso
no domínio do tempo com o sinal amostrado. Um filtro é projetado com uma
resposta ao impulso no domínio da freqüência, a qual é tão próxima da resposta
ideal desejada como pode ser gerada, dadas as restrições de implementação. A
resposta ao impulso no domínio da freqüência é então transformada em uma
resposta ao impulso no domínio do tempo, o qual é convertido para os coeficientes
do filtro.

Detecção e Correção de Erros:

a) Ruídos e Distorção, Controle e Recuperação de Erros, Códigos de


Correção: Ruído e distorção são características intrínsecas aos canais de
transmissão ou meios de armazenamento, independentes do sinal ser analógico ou
digital.
Os ruídos são sinais aleatórios que tendem a degradar o desempenho do
canal, e podem ser:
1) Ruído Branco: Espécie de chiado incoerente, com nível DC nulo e
distribuição espectral constante. Também é conhecido como ruído Gaussiano,
ruído térmico e ruído aleatório ou randômico.
2) Ruído Impulsivo: Chamado também de transiente. Gerado normalmente por
equipamentos eletro-mecânicos (muito comum em centrais telefônicas com
relês). Se apresentam ao ouvido humano como pequenos estalos.
Caracteriza-se pelo fato de não ser prognosticável e variar muito em
198 Capítulo 16 - Processamento Digitais de Sinais

amplitude, freqüência e periodicidade de ocorrência. Segundo recomendações


do CCITT não deve haver mais do que 15 desses eventos em 15 minutos.

b) Distorção: As distorções são mudanças sistemáticas na forma de onda produzidas


pelas características do canal (impedância, capacitância, resposta em freqüência,
etc.). Elas podem ser:

1) Distorção por Atenuação: Também conhecido como distorção de amplitude,


consiste na perda de energia e diminuição da relação sinal/ruído, dificultando
a recuperação da informação.
2) Distorção por Retardo: Também conhecida como distorção de fase. Deve-se
ao fato do sinal ser mais retardado em algumas freqüências do que em outras.
É mais crítico quando utilizando sinais digitais, pois um sinal digital pode ser
representado como uma soma de vários harmônicos de sinais analógicos.
3) Deslocamento de Freqüência: Consiste na alteração (em poucos Hz) de
todas as freqüências geradas.

c) Erros: As várias formas de distorção e ruído geram alterações nos sinais


transmitidos, e no caso de sinais digitais, nos bits transmitidos, que levam a
identificação errada de seu valor. Canais de transmissão ou meios de
armazenamento com taxas de erro de menos de um bit em 106 bits são
considerados como bons. Se a taxa estiver entre 1/105 e 1/106, razoável, e maior
que 1/106, não satisfatório, entretanto estes valores dependem da aplicação.
Um erro, entretanto, mesmo ocorrendo a cada um milhão, pode gerar grandes
complicações para os dados digitais. Portanto são utilizados métodos de detecção
e correção destes erros. Veremos a seguir alguns exemplos destes métodos:

1) Bit de Paridade: Consiste na inclusão de um bit ao final de cada caracter.


Este bit será igual a 1 se nos n primeiros bits do caracter existir um número
ímpar de 1, e 0. Caso contrário (paridade par), ou vice-versa para paridade
ímpar. Este método é chamado também PARIDADE VERTICAL ou VRC
(Vertical Redundancy Checking). Normalmente utilizado com caracteres
ASCII, apresenta uma eficiência de 87,5% (máxima) e não detecta mais de um
erro por caracter.

Fig. 16.1

2) LRC (Longitudinal Redundancy Check) ou HRC (Horizontal Redundancy


Check): Utilizado com qualquer código binário, consiste em um caracter
“acumulador” para um loco de caracteres.
O caracter LRC pode ser gerado com paridade par ou ímpar. O LRC é
acumulado tanto na transmissão como na recepção de um bloco. Esta
acumulação é denominada BCC (Block Check Caracter).
3) CRC (Cyclic Redundancy Check): É o sistema mais eficiente para detecção
de erros. É um processo matemático que gera um caracter de redundância por
bloco, que também é chamado de BCC. Neste processo o BCC é obtido pelo
resto da divisão de dois polinômios, um que representa o valor binário do
bloco multiplicado (deslocado) pelo número de bits do BCC e um outro padrão
(gerador) que possui um bit a mais que o BCC. O receptor realiza o mesmo
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 199

processo na recepção, utilizando como dividendo o polinômio representativo


do bloco recebido, inclusive com BCC, e o divisor é o polinômio gerador. Se o
resto desta divisão for nulo, não houve erros na transmissão.

16.2 - Interface GPIB, RS485 e RS232


Interface RS-232-C: A conexão de tipos diferentes de circuitos, requer algum tipo de
interface.
O padrão mais comum da indústria eletrônica EIA é o RS-232-C.
Neste padrão, o nível lógico 1, corresponde a 12 Volts e o nível lógico zero é
a tensão de + 12 Volts.
Para que haja compatibilidade entre os padrões RS-232 e TTL há de se utilizar
a interface, que pode ser a nível de corrente ou tensão, conforme a Tabela 16.1.

Tabela 16.1
TTY Nível Malha de RS-232-C TTL
Corrente
Marca Alto 20 mA 12 V +5V
Espaço Baixo 0 mA + 12 V 0V

A Fig. 16.2 e Fig. 16.3 apresentam os diagramas básicos de uma interface


conversora de RS-232-C para TTL e nível TTY para TTL respectivamente.

Fig. 16.2 - Malha de Tensão

Fig. 16.3 - Malha de Corrente 20 mA


OBS.: TTY Teletipo.

A interface de padrões de sinal e conversores pode ser construído com o uso


de saída de coletor aberto ou saída de três estados. Este assunto é estudado na
disciplina de Eletrônica.
Interface GPIB: É uma interface paralela de alta velocidade IEEE-488 que tem como
sigla, GPIB ou também chamada de HPIB.
É uma técnica de transmissão de dados paralelo originalmente desenvolvida
pela Hewlett-Packard e aceita pela IEEE como um protocolo padrão para a
comunicação digital.
O GPIB é recomendado para usos diversos e é compatível a múltiplos
instrumentos a serem conectados via General Bus para o PC através de um simples
conector.
200 Capítulo 16 - Processamento Digitais de Sinais

É utilizado para transferir dados na taxa de 1 Mbyte/segundo, dependendo do


hardware e cabos.
A maior desvantagem do GPIB é que ele adiciona substancialmente o alto
custo do instrumento.
Com esta interface podemos por exemplo imprimir os dados armazenados no
PC, capturados por uma sonda de um osciloscópio digital, ou transferir esta aquisição
de dados para a rede intranet.

Interface RS-485: É uma interface que tem o padrão de comunicação EIA-485, bem
definido com várias aplicações em comunicação multi-ponto, Half-Duplex. É o maior
protocolo elétrico utilizado em redes Fieldbus, pois alcança grandes distâncias em alta
velocidade de comunicação e baixa EMI; este padrão é o mais utilizado nas indústrias
que utilizam automatização. Normalmente utiliza-se conversores do padrão RS-232 que
é Full-Duplex e comunicação ponto a ponto, para o padrão RS-485, compatibilizando
desta forma o sistema.

Interface IEEE-488: É uma interface digital de instrumentação programada, e tem


como base a comunicação digital de 8 bits em via paralela, cujos níveis lógicos
possuem níveis TTL. É eficiente para comunicações de até 20 metros de distância.
TÉCNICAS DE MEDIÇÃO

17 DE
FIBRAS ÓPTICAS

17.1 - Introducão

A transmissão de sinais elétricos por condutores metálicos, tem sido usada há


mais de um século. Nos últimos anos, a tecnologia de telecomunicações teve um
notável avanço com a transmissão simultânea de 10.800 canais de conversação
telefônica, por um único par de condutores coaxiais.
As características físicas dos cabos com condutores de cobre, fazem a
atenuação aumentar na razão da raiz quadrada da freqüência dos sinais elétricos. Com
o incremento da largura de banda de transmissão, as distâncias entre as repetidoras
diminuirão proporcionalmente.
Além disso, campos eletromagnéticos e eletrostáticos podem perturbar sinais
conduzidos por cabos metálicos.
A transmissão de sinais de telecomunicações por cabos de fibra óptica oferece
diversas vantagens distintas neste sentido.
Em lugar de uma portadora elétrica de CA usa-se luz com um comprimento de
onda na região infravermelha.
Visto que a freqüência da luz é muito elevada, a largura da faixa do sinal é
muito pequena, comparada com a largura disponível, ou seja, mesmo com uma largura
de faixa do sinal de algumas centenas de MHz a relação largura de faixa do sinal /
5
freqüência da portadora ainda é menor que 10 .
Por conseguinte, a atenuação que ocorre ao longo do meio de transmissão é
determinada exclusivamente pela freqüência da luz infravermelha, sem consideração
da faixa de largura do sinal. A atenuação dependente da freqüência do sinal, que
ocorre em condutores metálicos, deixa de existir.
Pelo fato da fibra óptica ser um não-condutor, não há possibilidade de indução
de qualquer tensão estranha por campos eletromagnéticos ou eletrostáticos, que
possam perturbar o sinal.
Isto significa também que cabos de fibras ópticas vizinhas não podem interferir
(diafonia), garantindo um desacoplamento perfeito entre circuitos adjacentes. Além
disso, o transmissor e o receptor são galvanicamente separados.
As fibras ópticas podem ser recomendadas como meio de transmissão ideal
em todos os casos onde fortes interferências são prováveis de ser encontradas, por
exemplo em sistemas de alta tensão ou estradas de ferro.
As informações a seguir descrevem as vantagens de sistemas de
comunicação por fibras ópticas comparados com sistemas convencionais.
202 Capítulo 17 - Técnicas de Medição de Fibras Ópticas

17.2 - Vantagens das Fibras Ópticas sobre Sistemas de


Telecomunicações Convencionais

Grande largura de banda;


Baixa atenuação;
Grandes distâncias entre repetidoras;
Atenuação independente da largura de banda da transmissão;
Praticamente imune a influências do meio ambiente (água, irradiações, etc...);
Imunidade a interferências eletromagnéticas;
Não gera campos eletromagnéticos;
Insensível a relâmpagos;
Seguro em contato com condutores de alta tensão;
Sem problemas de aterramento, cabo não metálico;
Grande segurança contra escuta;
Cabos leves e diâmetro reduzido;
Disponibilidade ilimitada de matéria prima.

Não é, no entanto, somente no campo de telecomunicações, particularmen-te


em sistemas de longa distância e faixa larga, que estas qualidades específicas de
fibras ópticas estão abrindo vastas possibilidades, apesar da sua grande importância
neste setor.
A utilização de fibras ópticas no campo das indústrias também é muito
importante e atrativa. Nesta área a imunidade a interferências causadas por campos
eletromagnéticos, o isolamento de altas tensões e a segurança contra escuta são
fatores que asseguram às fibras ópticas vantagens quando usadas nas conexões de
processamento de dados e terminais remotos e entre computadores de processos e
pontos de medição remotos ou dispositivos de monitoração.
Algumas áreas onde sistemas de comunicação por fibras ópticas poderão ser
empregados são listados a seguir.

17.3 - Aplicações de Fibras Ópticas em Sistemas de


Comunicações

Redes de telecomunicações.

1. Circuitos interurbanos;
2. Conexão entre redes locais;
3. Conexão de assinantes.

Redes de comunicação em ferrovias;


Redes de distribuição de energia elétrica;
Redes de transmissão de dados e fac-símile;
Redes de distribuição de sinais de radiodifusão e televisão.
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 203

17.4 - Constituição da Fibra Óptica

A fibra é constituída de um núcleo de sílica, comumente chamado de vidro,


com uma casca de sílica ou plástico, tendo logo em seguida um revestimento de
silicone para proteção. Na fabricação da fibra, a colocação deste revestimento primário
de silicone se dá logo em seguida ao puxamento.
A luz fica confinada ao núcleo em razão da diferença dos índices de refração
núcleo-casca. Para se estabelecer esta diferença, o núcleo da fibra normalmente é
dopado com GeO 2 (dióxido de germânio) e SiO 2 (dióxido de silício), para aumentar
um pouco o índice de refração do núcleo.
Para comunicações, as fibras têm que possuir algumas características como:
baixa atenuação, baixa dispersão e resistência mecânica adequada.
Existe no mercado, cabos ópticos simples, com apenas o núcleo e a casca e
outros com proteção mecânicas.

Na Fig. 17.1 podemos ver uma fibra típica com proteções mecânicas.

Fig. 17.1 - Cabo de Fibra.

17.5 - Tipos de Fibras Ópticas

Normalmente as fibras são classificadas quanto ao perfil do índice de refração


e em função de ser a transmissão de luz mono ou multimodal.

No mercado atual podemos ter:

Fibra multimodo índice degrau;


Fibra multimodo índice gradual;
Fibra monomodo.

Fibra Multimodo Índice Degrau: Apresenta dois índices de refração, um para o núcleo
e outro para a casca, variando abruptamente. São fibras grossas com núcleos variando
de 100 m até 850 m.
Possuem baixa capacidade de transmissão, com atenuações maiores que 4
dB/km chegando até dezenas de dB/km, tendo uma banda passante entre 10 e 30 MHz
x Km e seu uso principal é a transmissão de dados, em curtas distâncias.
São as mais fáceis de serem fabricadas e possuem uma grande capacidade
de captar energia luminosa. Na Fig. 17.2 podemos ver o seu comportamento.
204 Capítulo 17 - Técnicas de Medição de Fibras Ópticas

Fig. 17.2 - Fibra Índice Degrau.

Fibra Multimodo Índice Gradual: Apresenta o núcleo com índice de refração variável.
O índice de refração vai diminuindo a partir do eixo central da fibra até a casca. A
variação do índice de refração em função da sua posição na fibra se aproxima de uma
parábola:
Suas dimensões típicas são para o núcleo de 50 m, 62,5 m e 100 m e
para a casca, de 125 m e 140 m.
São fibras de média para alta capacidade de transmissão com
atenuações que variam desde 1 dB/Km até 6 dB/Km e com a faixa passante de
centenas de MHz x Km e seu uso principal é em sistema de telecomunicações. Na Fig.
17.3 podemos ver o seu comportamento.

Fig. 17.3 - Fibra Índice Gradual.

Fibra Monomodo: É uma fibra que difere das anteriores pelas dimensões que são bem
menores e pela elevada capacidade de transmissão.
Seu núcleo está em torno de 10 m de diâmetro e a casca normalmente mede
125 m.
A fibra monomodo caracteriza-se como um guia de onda cujas dimensões e
comprimentos de onda da luz incidente, na existência de um único modo de
propagação guiado.
É uma fibra com elevada capacidade de transmissão e suas atenuações
típicas são menores que 1 dB/Km e sua banda passante é na ordem de giga Hz x Km,
aumentando sempre com novas tecnologias que surgem.
É a fibra mais difícil de ser fabricada, por isso é de custo alto. Na Fig.
18.4 podemos ver o seu comportamento.

Fig. 17.4 - Fibra Monomodo.


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 205

17.6 - Atenuação nos Cabos Ópticos

O parâmetro mais crítico e medido na fibra é o da atenuação.


Esta perda de sinal é identificado graficamente pelas janelas correspondentes
aos comprimentos de onda.

17.7 - Comprimentos de Ondas Operacionais

A atenuação do sinal é um dos critérios mais importantes para cabos de


telecomunicação. Para fibras ópticas este coeficiente depende muito do comprimento
de onda e apresenta três mínimos distintos, que o gráfico da Fig. 17.5 mostra.

Fig. 17.5 - Gráfico de Atenuação da Fibra.

1 Janela: Esta janela situa-se na região infravermelha próxima, com um comprimento


de onda entre 820 a 840nm. Esta faixa é atualmente a mais usada devido a boa
disponibilidade de semicondutores emissores e receptores nesta faixa.
2 Janela: Esta cobre a faixa de 1.150 a 1.330 nm. Nesta faixa as distorções do tempo
de propagação causadas pelo próprio material são mínimas.

3 Janela: Esta faixa é centrada ao redor de 1.600 nm. Embora a atenuação absoluta
da fibra apresente o seu valor mais baixo nesta faixa, ela não esta sendo usada
atualmente devido à alta falta de componentes semicondutores utilizáveis.

17.8 - Objetivo das Medições


Normalmente fibras ópticas, assim como cabos de fibras ópticas são medidos
pelos seguintes motivos:

Com o intuito de fornecer dados necessários a projetistas de sistemas de


comunicações ópticas. As principais características necessárias neste caso são
atenuação e largura de banda / dispersão.
206 Capítulo 17 - Técnicas de Medição de Fibras Ópticas

Controle de qualidade em processo de manufatura. Durante o processo de


fabricação de fibras e cabos ópticos, algumas grandezas são medidas como forma
de monitoramento e controle de processo.
Instalação e manutenção de cabos de fibras ópticas, como forma de garantir que o
cabo não seja danificado durante e após o manuseio.
Definição de características e propriedades dos fibras ópticas. É importante
analisar a relação existente entre projeto e manufatura de fibras e cabos,
estudando-se os desvios para que os processos possam ser melhorados.

17.9 - Tipos de Medições


As grandezas medidas em um cabo ou fibra óptica podem ser classificadas de
acordo com a finalidade e complexidade das medições.

Medições em Laboratório: Normalmente, os equipamentos utilizados para medições


em laboratórios são complexos, possuem grande precisão e exigem treinamento
específico para operação.
As grandezas medidas são destinadas, na sua maioria, a caracterização de
fibras durante processo. Entre as grandezas medidas, podemos citar:

Dispersão cromática;
Largura de banda;
Comprimento de onda de corte;
Diâmetro do campo modal;
Características geométricas;
Atenuação espectral (comportamento da atenuação variando-se o comprimento de
onda do luz).

Medições em Campo: As medidas realizadas em campo tem por finalidade verificar se


as condições de instalação do cabo afetaram seu desempenho. A grandeza monitorada
normalmente é a atenuação (em uma ou mais janelas). Os equipamentos são portáteis,
de operação simples e executam os testes em um intervalo de tempo menor que os
equipamentos de laboratório.

17.10 - Atenuação

A perda, em um determinado comprimento de onda, em uma fibra qualquer, é


definida como:

P1
Perda = 10 log
P2

Sendo:
P1 Potência na extremidade de entrada da luz;
P2 Potência na extremidade de saída da luz;
De maneira genérica, atenuação pode ser definida como:
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 207

10 log P1 ( )
( )
L P2 ( )

Sendo:
L = Comprimento da fibra (km);
( ) Atenuação para um determinado comprimento de onda (dB/km);
Existem três métodos usuais para a medição de atenuação:

Método de corte (CUTBACK);


Método da inserção;
Reflectometria óptica (OTDR);

Método do Corte: É um método amplamente utilizado para medir perdas em fibras


ópticas.
O equipamento é composto de um sistema de lançamento de sinal e um
detector.
Mede-se a fibra inteira para todos os comprimentos de onda desejáveis. Em
seguida, corta-se um pequeno pedaço de fibra, e repete-se a medida obtendo-se o
valor de potência emitida pela fonte.
Um diagrama do equipamento utilizado é mostrado na Fig. 17.6.

Fig. 17.6 - Diagrama do Equipamento de Medição de


Atenuação (Método do Corte).

Quando levantamos a curva de atenuação em função do comprimento de


onda, obtemos o perfil demonstrado no Fig. 17.7, também conhecido como atenuação
espectral.
208 Capítulo 17 - Técnicas de Medição de Fibras Ópticas

Fig. 17.7 - Curva Típica de Atenuação Espectral.

A análise da curva obtida permite obter informações sobre a fibra, tais como
impurezas e contaminações que afetam o desempenho do sistema.

Método de Inserção: Este método é muito similar ao método de corte. No entanto, não
é necessário o corte de alguns metros de fibra.
O diagrama de execução do teste é mostrado na Fig. 17.8:

Fig. 17.8 - Execução de Ensaio de Inserção.

Este teste normalmente é executado quando as extremidades da fibra já estão


conectorizadas e não há possibilidade de haver corte do mesmo (cabo instalado).
Como existem duas conexões que são ignoradas durante a realização da
medição de referência, ocorre um erro, que pode vir a ser significante dependendo da
precisão desejada. Este é um dos métodos de mais fácil execução, porém não é o mais
preciso.

Reflectometria Óptica: O equipamento utilizado para a execução deste ensaio é


conhecido como reflectômetro óptico no domínio do tempo (OTDR), e seu diagrama é
mostrado na Fig. 17.9.

Fig. 17.9 - Diagrama de um OTDR.


Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 209

O teste pode ser efetuado tendo acesso a uma única ponta da fibra.
O OTDR emite pulsos de luz de curta duração. Estes pulsos são parcialmente
refletidos na fibra, devido a microimperfeições características do material.
A intensidade do pulso que retorna fornece subsídios para o cálculo do valor
de atenuação, assim como o tempo de trânsito do pulso fornece o comprimento da
fibra.
O OTDR fornece uma curva ATENUAÇÃO x COMPRIMENTO do fibra,
permitindo uma análise mais completa que nos outros métodos.

17.11 - Medição por OTDR

Acessórios: Para que seja possível efetuar medidas com um OTDR, faz-se necessário
o uso de alguns acessórios:

a) Descascador de Fibra: Retira a camada de acrilato ou silicone que recobre a


fibra, utilizado quando a fibra ainda não está conectorizada.
b) Clivador: Realiza a clivagem, ou seja, faz com que a fibra seja cortada
perpendicularmente a seu eixo, e com uma superfície de corte regular e plano.
Também utilizado quando a fibra não está conectorizada.
c) Fibra de Lançamento: Existe uma região, a partir do lançamento do sinal no
OTDR, conhecida como zona morta. Nesta zona morta, que varia de algumas
dezenas à centenas de metros, dependendo do ajuste do equipamento, não há
precisão da medida indicada pelo equipamento.
Para evitar este efeito, conecta-se uma fibra entre o equipamento e a fibra a ser
medida, conforme mostrado na Fig. 17.10.
d) Alinhador Mecânico: As fibras após decepadas e crivadas, devem ser conectadas
para a realização de medidas. Para isto, utilizam-se os alinhadores. Existem
diversos tipos de alinhadores, sendo que um dos mais utilizados possui uma
ranhura em forma de V, e um sistema de fixação do fibra. Estes alinhadores são
conhecidos como V-GROOVES.
e) Líquido Casador de Índice de Refração: Faz-se necessário o uso de um líquido
casador de índice de refração, com o intuito de reduzir as perdas na conexão
mecânica por dispersão da luz.

Fig. 17.10 - Utilização de Fibra de Lançamento.

Curvas Obtidas por Reflectometria: A curva típica de atenuação de uma fibra pode
ser observada na Fig. 17.11.
A escala de distância na parte de baixo é calculada pelo tempo que a luz leva
para retornar. Apesar do pulso ótico ser rápido e a eletrônica responder rapidamente, o
sinal recebido de várias dezenas de metros de fibra próxima ao instrumento não é útil;
210 Capítulo 17 - Técnicas de Medição de Fibras Ópticas

essa é a chamada zona morta. A intensidade de sinal declina gradualmente através de


comprimentos ininterruptos de fibra. A inclinação da queda indica perda na fibra.
Os picos na inclinação indicam pontos onde a luz é refletida de volta para a
fonte. O maior pico no gráfico da Fig. 17.11 é reflexão da extremidade da fibra. O
próximo pico mais alto é reflexão de um conector. Observe cuidadosamente e você
poderá ver que o sinal logo após o conector está ligeiramente mais baixo do que estava
antes; essa queda mede a perda no conector. As emendas mecânicas da mesma
forma refletem alguma luz de volta para o instrumento e têm alguma perda, apesar de
tanto a perda como a reflexão serem menores neste exemplo. A outra descontinuidade
mostra a perda de uma emenda de fusão (ou de uma dobra aguda na fibra), que não
reflete luz de volta para o instrumento. Quebras ou outras falhas nas fibras também
aparecem em gráficos OTDR, tal como conectores ou a extremidade da fibra neste
exemplo.

Fig. 17.11 - Gráfico OTDR

A principal atração do OTDR é sua conveniência e habilidade de indicar falhas


em cabos remotamente. Ele só requer acesso a uma extremidade da fibra em
segmentos de cabo de até dezenas de quilômetros de comprimento. A medida do
tempo de quanto a luz leva para viajar do instrumento até um ponto na fibra e de volta
pode localizar falhas e junções na fibra. Isso é inestimável se você tem que descobrir
onde uma fibra está quebrada em um cabo longo. Basta plugar seu OTDR em uma
extremidade do cabo e enviar um pulso de luz por ele. Se você vir uma curva
declinando suavemente, o cabo está OK, mas se existe uma queda grande e abrupta
na curva, a fibra está danificada. O instrumento pode localizar uma quebra com
precisão de metros, exceto na zona morta. Como são amplamente utilizados em
medidas de campo, os OTDRs são normalmente acondicionados para esse tipo de
utilização. Eles também vêm com poder computacional interno, o que pode acrescentar
informações consideráveis à tela e permitir que você amplie áreas de seu interesse e
meça perdas diretamente. Muitos podem ser interligados diretamente com
computadores pessoais.
É preciso ter cuidado na interpretação das medidas de perda dos OTDRs
porque eles não são tão precisos quanto as medidas diretas de atenuação. Um
problema são as variações na fração de luz refletida de volta para o instrumento. A
emenda de duas fibras com graus diferentes de espalhamento contrário pode dar
resultados espúrios. Em uma direção, a emenda adquire um “ganho”, com o
espalhamento contrário adicional fazendo ela aparentar ter aumentado a intensidade do
Instrumentação Eletrônica - Eng. Arilson Bastos 211

sinal. Na outra direção, a emenda aparenta ter perda adicional, porque menos do sinal
está sendo retornado para o instrumento. Os OTDRs devem também ser casados com
a fibra sendo testada, tanto em comprimento de onda como em diâmetro de núcleo,
para melhorar sua precisão.
Os OTDRs têm provado serem inestimáveis na localização de falhas em fibras,
otimização de emendas ou inspeção de falhas de fabricação de fibras e cabos.
Entretanto, é importante compreender suas limitações.

17.12 - Analisadores de Fibras Ópticas

Os instrumentos que temos descrito até agora são direcionados principalmente


para uso em campo. Outras medidas são efetuadas no laboratório ou fábrica para
controle de qualidade, pesquisa e desenvolvimento, e caracterização das fibras. Os
instrumentos chamados analisadores de fibras efetuam muitas dessas medidas
especiais, tais como diâmetro de campo de modo e abertura numérica. Instrumentos
especializados também medem outras quantidades, tais como dispersão espectral ou
características de uma pré-forma de fibra. Entretanto, poucas pessoas encontrarão tais
instrumentos.
Os analisadores de fibras ópticas efetuam muitas medidas necessárias em
fábricas ou laboratórios.
A análise do curva permite identificar irregularidades em fibras ópticas. As
curvas da Fig. 17.12 e Fig. 17.13 mostram duas fibras que apresentam problemas.

Fig. 17.12 e Fig. 17.13 - Curva de Fibras que Apresentaram Problemas.

Os defeitos mais comuns observados em reflectometria são:

Perda Localizada de Potência (Degrau): Normalmente são causados por


dobramentos na fibra ou danos no cabo. (Fig. 17.12 e Fig. 17.13)

Atenuação Elevada em um Trecho do Cabo: É percebido por uma parte da curva que
apresenta inclinação maior que o restante. Pode ser causado por curvatura acentuado
do cabo em um longo trecho.

Conexões e Emendas: São percebidas nas curvas como se fossem degraus.


212 Capítulo 17 - Técnicas de Medição de Fibras Ópticas

Falta de Uniformidade: A curva pode apresentar-se totalmente irregular, como se


osse uma “escada”.

17.13 - Aferição

Uma maneira de garantir que o OTDR esteja sempre efetuando medições


corretas é a aferição e calibração periódica, preferencialmente por uma entidade
reconhecida pelo lnmetro.
Esta solução garante que os resultados sejam corretos, mas é de
periodicidade longa (1 ano, 6 meses).
Para que possa haver a garantia de que o equipamento não oferece variações
em períodos menores, é interessante que haja um monitoramento constante.
Este monitoramento pode ser efetuado medindo-se uma mesma fibra (fibra
padrão) e comparando o valor obtido com o histórico para o equipamento.
Este conceito torna-se mais interessante à medida que aumenta a quantidade
de equipamentos utilizados. Os dados de atenuação da fibra padrão podem indicar a
tendência de degradação do equipamento, e até fornecer subsídios para comparações
entre diferentes OTDR's.
INSTRUMENTOS

18 ELETRÔNICOS UTILIZADOS
EM TELECOMUNICAÇÕES

18.1 - Instrumentos Analógicos e Digitais

Vemos abaixo, diversos equipamentos eletrônicos de medida, e suas


características típicas, cedidos gentilmente pela “MINIPA” SA.

Fig. 18.1 - Multímetro Analógico Fig. 18.2 - Multímetro Digital


ET-202 ET-1502

Fig. 18.3 - Alicate Amperímetro


Analógico - ET-3001 Fig. 18.4 - Alicate Amperímetro
Digital - ET-3810

Fig. 18.5 - Terrômetro Analógico Fig. 18.6 - Megômetro Digital


MTR-1505 M1-2650
214 Capítulo 18 - Instrumentos Eletrônicos Utilizados em Telecomunicações

Fig. 18.7 - Fasímetro - MFA-850 Fig. 18.8 - Seqüencímetro - MFA-860

Fig. 18.9 - Capacímetro Digital


Portátil - MC-152 Fig. 18.10 - Tacômetro de Contato
Digital - MDT-2245

Fig. 18.11 - Luxímetro Digital


MLM-1332 Fig. 18.12 - Decibecímetro Digital
MSL-1352A

Fig. 18.13 - Dosímetro MSL-1370

Fig. 18.14 - Ponta Lógica - MP2800


Instrumentação Eletrônica - Prof. Arilson Bastos 215

Fig. 18.15 - Osciloscópio Digital Fig. 18.16 - Fonte Digital Simétrica


M02025 MPC-303D

Fig. 18.17 - Gerador de Áudio Fig. 18.18 - Gerador de Funções


MG-809 MFG-4202

Fig. 18.20 - Osciloscópio Analógico


Fig. 18.19 - Pontes LCR Portátil
MO-1251
MX-1001

Fig. 18.22 - Analisador de


Fig. 18.21 - Década Capacitiva Espectro Digital - MSA-810
CU-410A

Fig. 18.23 - Medidor de Potência Fig. 18.24 - Fonte Ótica - MLS-6110


Ótica - MPM-6210
216 Capítulo 18 - Instrumentos Eletrônicos Utilizados em Telecomunicações

Fig. 18.25 - Analisador de Energia Fig. 18.26 - Scope-Meter - MS-83


ET-5050

Fig. 18.27 - Pair Master Lan Fig. 18.28 - Wire Master Lan Tester
Tester

Fig. 18.29 - Tone Generator


Fig. 18.30 – Tone Receiver

RJ-45 Tester: Verifica as ligações dos 8 condutores de cabo de interconexão não


energizados terminados com os conectores plug RJ-45. Verifica as fiações ponto a
ponto dos cabos de par trançado.

Fig. 18.31 - RJ-45 Tester Fig. 18.32 - HUB Tester

Testador de Cabo LAN: Instrumento digital portátil, para teste de cabos LAN tipo Par
Trançado sem Blindagem.

Fig. 18.33 - Testador de Cabo LAN - LCT-400


INSTRUMENTAÇÃO

19 ELETRÔNICA
VIRTUAL

19.1 - Introdução e Função de Cada Instrumento

Quando o engenheiro resolve projetar um circuito eletrônico, naturalmente ele


deverá dispor de componentes e equipamentos de medida para a montagem prática e
seu respectivo teste de funcionamento.
Sabemos todos, que algumas vezes é necessário alguns ajustes no circuito
para um pleno funcionamento acontento, visto que na prática todos os parâmetros
entram no sistema, e acabam comprometendo de uma forma ou de outra o êxito do
projeto.
Hoje em dia, todos os projetos profissionais, que exigem custos, são
submetidos a um teste virtual; minimizando assim, despezas adicionais com
componentes substituídos e a aquisição de instrumentos para a medida. Logo após a
montagem através dos softwares específicos, existem os testes de funcionamento,
como rendimento, distorções etc, com a instrumentação virtual.
Quando o circuito satisfizer sobremaneira ao autor do projeto, aí sim, se faz a
montagem definitiva com os componentes reais e seus testes respectivos com os
equipamentos de medidas reais.
Para o curso básico de eletrônica, existe no mercado o software Eletronics
Workbench.
Para projetos e testes em telecomunicações, existem softwares específicos.
O EWB é um laboratório Eletrônico Virtual, que permite construir e simular
circuitos eletrônicos analógicos e ou digitais, sendo de grande utilidade para os
estudantes.
Possui uma interface de fácil acesso e compreensão, substituindo com muitas
vantagens as experiências em laboratórios convencionais, uma vez que, não existe o
risco de danificar equipamentos destinados aos ensaios e medidas de circuitos ou
componentes.
Atualmente o EWB é dividido em três pacotes, com o nome de: Multisim,
Ultiboard e Ultiroute

EWB Multisim: Ele reduz o tempo de desenvolvimento e auxilia seus usuários a


produzir circuitos de alta qualidade. Esta poderosa ferramenta oferece toda a avançada
funcionalidade requerida para desenvolver projetos, desde a especificação até a
produção. E pelo fato do Multisim ser tão fácil de usar, é possível produzir projetos com
ele no mesmo tempo que se leva para instalar e configurar a maioria dos outros
programas. É uma ferramenta completa para projetos de sistemas que oferece captura
de esquemas, um abrangente banco de dados de componentes, simulação SPICE,
simulação e entrada de VHDL/erilog, recursos de RF, características de pós-
218 Capítulo 19 - Instrumentação Eletrônica Virtual

processamento e perfeita integração com o EWB UltiBOARD para layout de PCI. É uma
ferramenta para projetos fácil de usar que oferece a funcionalidade avançada
necessária para projetos de alta qualidade, e está disponível em configurações para
satisfazer todos os níveis de projetistas
A Fig. 19.1 mostra os instrumentos para medições e análise disponíveis:

Fig. 19.1

Apresentamos alguns instrumentos:

Multímetro Digital: Permite medidas de corrente e tensão AC e DC, resistência ôhmica


e decibéis. Ver Fig. 19.2.

Fig. 19.2

Amperímetros e Voltímetros: Também estão disponíveis na barra de seleção de


componentes no ícone indicadores. Isto é muito útil quando deseja-se inserir em um
determinado circuito vários voltímetros ou amperímetros.
Estes indicadores podem medir tensões ou correntes AC/DC, permitindo
também o ajuste da sensibilidade dos mesmos. Ver Fig. 19.3.

Fig. 19.3

Gerador de Funções: Fornece formas de onda senoidal, triangular e quadrada,


possibilitando o ajuste da freqüência e amplitude. Ver Fig. 19.4.

Fig. 19.4
Instrumentação Digital - Eng. Arilson Bastos 219

Osciloscópio de 2 Canais: Permite medir simultaneamente dois pontos distintos de


um circuito qualquer e comparar as diferenças de fase e amplitude entre os mesmos.
Possui ainda ajustes da base de tempo horizontal e calibração vertical, permitindo
também o ajuste de deslocamento dos eixos X e Y (X POS e Y POS). Ver Fig. 19.5.

Fig. 19.5

Bode Plotter: Permite analisar a resposta de freqüência de um circuito e, medir a


relação entre amplitudes e variações de fase. Ver Fig. 19.6.

Fig. 19.6

Gerador de Palavras Digital: Gerador digital de 8 bits com clock interno e 16 colunas.
Ver Fig. 19.7.

Fig. 19.7

Analisador Lógico: Permite a análise de sinais lógicos, possuindo 8 canais com


ajuste da base de tempo. Ver Fig. 19.8.

Fig. 19.8
220 Capítulo 19 - Instrumentação Eletrônica Virtual

Conversor Lógico: Permite a conversão de um circuito lógico para uma tabela verdade
ou diagrama; uma tabela verdade para uma expressão Booleana e vice-versa. Ver Fig.
19.9.

Fig. 19.9
Na Fig. 19.10 vemos um exemplo de um circuito, e análise com os
instrumentos.

Fig. 19.10

Outros Simuladores:

Mathlab: software para projetos eletrônicos.


Genesys: Completo software para projetos de microondas e RF.
Orcad Pspice: A/D Simulador Spice analógico e digital.
Orcad PSpice Optimizer: Software para otimização do projeto analógico.
Simplorer: Simulação de circuitos de potência (fontes, motores e sistemas eletro-
mecânicos).
Celplanner: Software para telefonia celular, irradiação de antenas.
Proteus: É um software para projetos eletrônicos.
Bibliografia 221

Bibliografia

GECZY, Steven - Basic Electrical Measurements - Prentice-Hall, Inc., 1984.


STOUT, Melville B. - Basic Electrical Measurements - Prentice-Hall, Inc.,
1974.
PRENSKY, Sold & CASTELLUCIS, Richard L. - Electronics
Instrumentations - Prentice-Hall, Inc., 1982.
MENDONÇA, Alexandre & ZELENOVSKY, Ricardo, PC - Um Guia Prático
de Hardware e Interfaceamento - Ed. Interciência, 1996.
MEDEIROS F , S. - Fundamentos Básicos de Medidas Elétricas - Ed.
Guanabara Dois.
Analisadores de Espectro - Revista Saber Eletrônica - São Paulo, nov e
dez, 2000.
Consultas a Internet Sites: http://www.minipa.com.br/ - http://www.hp.com/ -
http://www.tektronix.com/
Grupo P.E.T. - Engenharia Elétrica - Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul - Centro de Ciências Exatas e Tecnologia - Departamento de
Engenharia Elétrica. http://www.del.ufms.br/tutoriais/oscilosc/oscilosc.htm
COOPER, W. - Eletronic Instrumentation and Measurements Technics.
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