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Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Ano letivo 2019/2020


Farmacoterapia l
Quarta feira (18h30-20h)

Hipertensão Arterial, Insuficiência


Cardíaca e Fibrilhação Auricular
Resolução de Casos Clínicos
Docente:
Professor Doutor João Rocha
Discentes:
Andreia Teixeira (69085); Daniel Baltazar (68760); Eurico Rodrigues (8125); Joana Marques (69238); Mariana Hipólito (69063); Rita
Rosado (69087)
Caso Clínico 1

Farmacoterapia l - Hipertensão Arterial, Insuficiência Cardíaca e Fibrilhação Auricular


Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
- Homem de ascendência africana de 61 anos.
- Hipertensão arterial há 5 anos, diabetes e hipercolesterolémia há 10 anos, consumo de tabaco há 25
anos, estilo de vida sedentário e regime alimentar pouco equilibrado.
- Terapêutica habitual: sinvastatina (20 mg/dia), metformina (850 mg, 2x/dia), verapamilo (200 mg/dia
L.P.) e clorotalidona (50 mg/dia).
- Após realização do ECG, foi diagnosticado com fibrilhação auricular, tendo-lhe sido prescrita medicação.
- Passados 5 anos (aos 66 anos) após o diagnóstico de fibrilhação auricular, apresentava queixas de falta
de ar quando fazia pequenos esforços, assim como de queixas de pernas inchadas.
- Inicialmente, há aproximadamente 6 meses quando os sintomas começaram, só eram evidenciados
aquando de esforços moderados, sendo que actualmente estão presentes em repouso.

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
O doente foi submetido a um exame ecocardiográfico, tendo sido obtido o seguinte resultado:

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
1. Analise as características que condicionariam a escolha da terapêutica anti-hipertensora e dê a sua
opinião relativamente à terapêutica escolhida e atualmente seguida pelo doente.

Sem FA - BCC - BCC


Dihidropiridínicos - Diuréticos Tiazídicos
ou Análogos

Ascendência
negra
Condicionantes da
escolha da
terapêutica
Diabetes Mellitus

IECAS e ARAS menos


recomendados para indivíduos
Associar um ARA (menor
de ascendência negra, devido
à maior probabilidade de efeito, logo ajustar dose) a um
angioedema! BCC ou a um diurético tiazídico

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
1. Analise as características que condicionariam a escolha da terapêutica anti-hipertensora e dê a sua
opinião relativamente à terapêutica escolhida e atualmente seguida pelo doente.

Terapêutica anti-hipertensora

Verapamilo – Bloqueador dos canais de cálcio não-dihidropiridínico - Fenilalquilaminas


Afeta a condução elétrica do coração, mas como o doente não tem FA, altera-se para
um BCC di-hidropiridínico.

Clorotalidona – Diurético Tiazídico (atua ao nível do túbulo distal)

Das tiazidas que mais reduz o colesterol! Monitorizar interação com metformina.

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Caso 1
1. Analise as características que condicionariam a escolha da terapêutica anti-hipertensora e dê a sua
opinião relativamente à terapêutica escolhida e atualmente seguida pelo doente.

Sinvastatina – Estatina - antidislipidémico


É importante monitorizar interação com Verapamilo - inibidor do CYP 3A4 - uma vez
que a Sinvastatina também é metabolizada por este citocromo. Pode-se trocar por
Fluvastatina.

Metformina – Biguanida - antidiabético


É importante monitorizar interação com Verapamilo, uma vez que pode reduzir a
eficácia da Metformina!

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Caso 1
2. Tendo em conta as indicações preferenciais e contra-indicações das classes farmacológicas para
tratamento da HTA, sugira uma nova possível abordagem terapêutica, de acordo com as guidelines
relevantes mais atuais (considerando uma fase antes do diagnóstico de fibrilhação auricular, apenas
considerando HTA).

Problemas do doente
HTA Indicações:
-Terapêutica para HTA
Diabetes
- Anti-diabético
Hipercolesterolémia - Anti-dislipidémico

Contra-indicações:
Indivíduo afro-descendente, havendo uma maior
produção de renina e, consequentemente, possível
ocorrência de angioedema, risco este que poderá ser
agravado se for utilizado um IECA.
Normas de Orientação Terapêutica HTA

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Caso 1
2. Tendo em conta as indicações preferenciais e contra-indicações das classes farmacológicas para
tratamento da HTA, sugira uma nova possível abordagem terapêutica, de acordo com as guidelines
relevantes mais atuais (considerando uma fase antes do diagnóstico de fibrilação auricular, apenas
considerando HTA).
Novas possíveis abordagens
Indivíduos Afro-Descendentes Terapêutica atual

Sinvastatina
BCC dihidripiridínico (amlodipina 5
(anti-dislipidémico)
Combinação terapêutica de um BCC mg/dia) + ARA (losartan 50 mg/dia)
não di-hidropiridínico com um
Metformina ou
diurético tiazídico ou um ARA
(anti-diabético oral)
Diurético tiazídico (clorotalidona 12,5-
Doente diabético Verapamilo 50 mg/dia) + ARA (losartan 50 mg/dia)
(BCC não-dihidropiridínico)

Clorotalidona Sinvastatina (20 mg/dia)


Combinação terapêutica de um IECA ou
ARA com um BCC ou um diurético
(diurético tiazídico)

Metformina (850 mg 2x/dia


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Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.
• Analise as vantagens e desvantagens da terapêutica escolhida.
• Refira as principais reações adversas esperadas nesta terapêutica.

Sinvastatina (20 mg/dia)

✔ Antidislipidémico 2ª geração (estatina) - 1ª linha!


✔ Inibe a Hidroximetilglutamil CoA redutase (HMG-CoA redutase).

Interações Medicamentosas:
Efeitos adversos: - Verapamilo
- GI (diarreia, náuseas e vómitos) - Diltiazem
- Dores musculares, miosite, rabdomiólise - Varfarina
- Tonturas - Barbitúricos
- Reações de hipersensibilidade (rash) - Antibióticos
- Amiodarona

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.
• Analise as vantagens e desvantagens da terapêutica escolhida.
• Refira as principais reações adversas esperadas nesta terapêutica.

✔ Antidiabético oral
Metformina (850mg 2x/dia)
✔ Pertence à classe das biguanidas (aumenta ação da insulina nos
tecidos periféricos

Efeitos adversos:
Interações Medicamentosas:
- Acidose lática
- Digoxina
- Anorexia
- Verapamilo
- GI (diarreia, náuseas, vómitos)
- Varfarina
- Sabor metálico
- Diuréticos tiazídicos
- Diminuição da absorção de vit. B12 e folato

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.
• Analise as vantagens e desvantagens da terapêutica escolhida.
• Refira as principais reações adversas esperadas nesta terapêutica.

Verapamilo (200mg/dia) ✔ BCC não hidropiridínico (fenilalquilaminas)


✔ Antiarrítmico classe IV

Efeitos adversos:
Interações Medicamentosas:
- Bradicardia
- Digoxina
- Hipotensão
- AAS
- Bloqueio A-V
- Anticoagulantes orais (ex: dabigatrano,
- Fadiga
apixabano)
- Rubor e edema
- Bloqueadores beta (ex: nebivolol, timolol)
- GI (obstipação)

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.
• Analise as vantagens e desvantagens da terapêutica escolhida.
• Refira as principais reações adversas esperadas nesta terapêutica.
✔ Diurético tiazídico
Clorotalidona (50mg/dia) ✔ Terapêutica para a HTA
✔ Reduz o volume extracelular (devido ao efeito diurético) e tem
um efeito vasodilatador direto

Efeitos adversos: Interações


-Alterações metabólicas (hiperglicemia, - Cefaleias e tonturas Medicamentosas:
hiperuricemia, alterações do perfil lipídico) - Hipotensão postural - Digoxina
-Desequilíbrios de eletrólitos - Parestesias - Varfarina
(hiponatrémia, hipocaliémia, - Impotência - Metformina
hipomagnesémia, - Alterações da visão -Bloqueadores beta
hipercaliémia - risco de osteoporose) (fotossensibilidade) (ex: nebivolol,
- Alterações hematológicas timolol, propanolol)
- Alterações GI - Amiodarona
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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.

Sugestão de alteração à terapêutica:

Substituição do verapamilo por um


bloqueador beta (ex: bisoprolol)
Doente desenvolveu FA + minimização
de interações medicamentosas

Adição de um ARA (ex: losartan)

Remoção do diurético
clorotalidona Ficamos com BB (bisoprolol) + ARA (losartan)

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.

Sugestão de alteração à terapêutica:

Assume-se que LVEF > 40%

De forma a controlar a FC

- Manter bloqueador beta


(bisoprolol)
- Não adicionar digoxina (usada
em estados mais graves)

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.

Sugestão de alteração à terapêutica:

De forma a prevenir a ocorrência de AVC

Score 2

Adicionar um anticoagulante oral


NOAC (ex: dabigatrano)

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Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.

Sugestão final de alteração à terapêutica:

Sinvastatina (20 mg/dia)

Metformina (850 mg 2x/dia)

Bisoprolol (começar com 1,25 mg/dia e


aumentar gradualmente para 10mg/dia) Monitorizar se a dose
máxima recomendada
é bem tolerada!
Losartan (50 mg/dia)

Dabigatrano (110 mg 2x/dia)


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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.

Vantagens Desvantagens Principais reações adversas

Bisoprolol e Losartan: A monitorização torna-se Bisoprolol:


terapêutica de 1º linha para difícil, uma vez que o doente tonturas e cefaleias, bradicardia;
HTA + FA; está a ser medicado com Losartan:
vários fármacos; hipotensão grave, hipercaliémia,
Dabigatrano: minimiza o risco
de AVC, hemorragias e insuficiência renal aguda;
embolismo. Agravamento dos efeitos Dabigatrano:
adversos. efeitos GI’s (dor abdominal, diarreia,
dispepsia, náuseas).

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Caso 1
3. Considerando o diagnóstico de fibrilhação auricular, analise a terapêutica até esse momento e avalie
a necessidade de alteração terapêutica. Sugira as alterações à terapêutica (adição, substituição ou
remoção) mais indicadas para este doente e para as várias componentes da doença.
• Indique quais os parâmetros a ser avaliados neste doente para monitorização da terapêutica.

✔ Medição dos níveis de glicémia em jejum;


✔ Medição dos níveis de colesterol total, LDL, HDL e
triglicéridos;
✔ HbA Ic;
✔ Eletrólitos
✔ Hemograma;
✔ Pressão arterial;
✔ Monitorização da IC através de exames complementares
cardíacos (ecocardiograma, eletrocardiograma);
✔ Monitorização da função renal.

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Caso 1
4. Após as manifestações de dispneia e edema dos membros inferiores e consequente realização dos
exames de ecocardiografia refira que doença poderá ter sido diagnosticada e classifique a doença de
acordo com as guidelines relevantes.

Sintomas Doença
Falta de ar Exame ecocardiográfico
Pernas inchadas (edema periférico) Insuficiência
Left Ventricular Ejection
Reduzida tolerância ao exercício Cardíaca Fraction (LVEF) = 38%
Fadiga

Insuficiência
Cardíaca com
fração de ejeção
reduzida

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Caso 1
4. Após as manifestações de dispneia e edema dos membros inferiores e consequente realização dos
exames de ecocardiografia refira que doença poderá ter sido diagnosticada e classifique a doença de
acordo com as guidelines relevantes.

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
4. Após as manifestações de dispneia e edema dos membros inferiores e consequente realização dos
exames de ecocardiografia refira que doença poderá ter sido diagnosticada e classifique a doença de
acordo com as guidelines relevantes.

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
5. Tendo em conta as características do doente e as suas comorbilidades, indique os fármacos
indicados em primeira linha e sugira um esquema terapêutico ideal para este doente.

Tratamento de 1ª linha Os IECA´s não são


Hipertensão Arterial - IECA recomendados em
- BCC doentes de ascendência
- Diuréticos Tiazídicos africana
Diabetes Mellitus
Comorbilidades

- ARA
Os BCC não di-
hidropiridíncos não são
Hipercolesterolémia recomendados para
doentes com HFrEF.

Fibrilhação Auricular
Tratamento de 1ª linha
- IECA
Insuficiência Cardíaca - Bloqueadores β
- Antagonistas da aldosterona

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5. Tendo em conta as características do doente e as suas comorbilidades, indique os fármacos
indicados em primeira linha e sugira um esquema terapêutico ideal para este doente.

Inibidor do fator IIa


Hipertensão Arterial

Dabigatrano 150
Diabetes Mellitus tipo II
Comorbilidades

mg 2x/dia

Hipercolesterolémia

Fibrilhação Auricular Necessário terapia anticoagulante


oral (NOAC ou inibidor da
vitamina K) para prevenir AVC em
Insuficiência Cardíaca doentes com FA

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
5. Tendo em conta as características do doente e as suas comorbilidades, indique os fármacos
indicados em primeira linha e sugira um esquema terapêutico ideal para este doente.

Bisoprolol (máx. 10 mg/dia


Hipertensão Arterial
depois de aumento gradual
de dose)
Diabetes Mellitus tipo II ou
Comorbilidades

Digoxina 0,25 mg/dia

Fibrilhação Auricular Bloqueadores β e a Digoxina


são recomendados em casos de
Fibrilhação Auricular e Insuficiência
Insuficiência Cardíaca Cardíaca com LVEF < 40%

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
5. Tendo em conta as características do doente e as suas comorbilidades, indique os fármacos
indicados em primeira linha e sugira um esquema terapêutico ideal para este doente.

Bisoprolol (máx. 10 mg/dia


Hipertensão
Escolhe-se Bisoprolol Arterial
(bloqueador β) uma vez que depois de aumento gradual
também está indicado no tratamento da HTA de dose)
ou
Diabetes Mellitus tipo II
Comorbilidades

Digoxina 0,25 mg/dia


Se a dose de Bisoprolol for baixa, procede-se à adição de Digoxina!

Fibrilhação Auricular Bloqueadores β e a Digoxina


são recomendados em casos de
Fibrilhação Auricular e Insuficiência
Insuficiência Cardíaca Cardíaca com LVEF < 40%

Farmacoterapia l - Hipertensão Arterial, Insuficiência Cardíaca e Fibrilhação Auricular


Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
5. Tendo em conta as características do doente e as suas comorbilidades, indique os fármacos
indicados em primeira linha e sugira um esquema terapêutico ideal para este doente.

Esquema terapêutico Monitorizar se a dose


máxima recomendada
Bisoprolol (começar com 1,25 mg/dia e é bem tolerada!
Tratamento da FA, IC e HTA aumentar gradualmente para 10mg/dia)

Tratamento da IC e HTA Losartan 12,5 mg/dia

Prevenção de AVC em caso de FA Dabigatrano 150 mg 2x/dia


Substituto da
metformina. Esta não
Tratamento Hipercolesterolémia Sinvastatina 20 mg/dia está indicada para
casos de IC (risco de
acidose láctica).
Tratamento da Diabetes Mellitus Glibenclamida 5 mg 2x/dia

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
5. Tendo em conta as características do doente e as suas comorbilidades, indique os fármacos
indicados em primeira linha e sugira um esquema terapêutico ideal para este doente.

Esquema terapêutico Apelar à alteração


do estilo de vida!

Terapêutica Terapêutica Não


Farmacológica Farmacológica

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
6. Considerando que o doente se mantém
sintomático após terapêutica inicial e que o
ecocardiograma apresenta agora um valor de
LVEF=32% indique qual a próxima abordagem
de primeira linha. Indique que medidas de
minimização de risco e monitorização da
terapêutica devem ser implementadas.

LVEF = 32% ≤ 35%

Adicionar antagonista MR
(recetor dos mineralocorticóides)

Espironolactona
(diurético poupador de potássio)

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Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Caso 1
6. Considerando que o doente se mantém sintomático após terapêutica inicial e que o ecocardiograma
apresenta agora um valor de LVEF=32% indique qual a próxima abordagem de primeira linha.

Tratamento da FA, IC e HTA Bisoprolol (máx. 10 mg/dia)


Nova
abordagem
terapêutica de Tratamento da IC e HTA Losartan 12,5 mg/dia Depois de aumento
1ª linha: gradual de dose!

Prevenção de AVC em caso de FA Dabigatrano 150 mg 2x/dia

Tratamento Hipercolesterolémia Sinvastatina 20 mg/dia

Tratamento da Diabetes Mellitus Glibenclamida 5 mg 2x/dia

Tratamento da IC e HTA Espironolactona 25 mg/dia

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6. Indique que medidas de minimização de risco e monitorização da terapêutica devem ser
implementadas.

Medidas de minimização de risco: Monitorização da terapêutica:

Alteração do estilo de vida!

- Medição da pressão arterial;


- Eletrocardiograma;
- Dieta saudável - Ecocardiograma (avaliar LVEF);
(rica em frutos e vegetais e pobre em gorduras); - Análise do perfil lipídico;
- Exercício físico regular
- Ionograma (avaliação dos níveis de potássio);
(30 a 60 min, 4 a 7 dias por semana);
- Ingestão reduzida de sal; - Função renal (microalbuminúria, creatina, ureia);
- Ingestão reduzida de álcool - Função hepática;
(máx. 2 bebidas por dia); - Medição dos níveis de glicémia;
- Cessação de hábitos tabágicos; - INR (avalia efeito anticoagulante).
- Perda de peso.
.
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Caso 1
7. Considerando a necessidade de novo
escalonamento da terapêutica e de acordo com os
resultados do eletrocardiograma, qual considera ser
uma opção de primeira linha para esta fase?

Após terapêutica o doente queixava-se ainda


de dispneia em repouso e edema dos
membros inferiores.
Foi repetido o ecocardiograma tendo-se
obtido: LVEF a 32%.
Foi realizado um ECG que revelou:
- ritmo sinusal;
- frequência cardíaca de 75 bpm;
- intervalo QRS normal,
- sem alterações da repolarização
ventricular.

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7. Considerando a necessidade de novo escalonamento da terapêutica e de acordo com os resultados
do eletrocardiograma, qual considera ser uma opção de primeira linha para esta fase?
Depois de aumento
gradual de dose!
Tratamento da FA, IC e HTA Bisoprolol máx. 10 mg/dia

Tratamento da IC e HTA Losartan 12,5 mg/dia


Adição de Ivabradina!

Prevenção de AVC em caso de FA Dabigatrano 150 mg 2x/dia

Deve ser realizada monitorização


Tratamento Hipercolesterolémia Sinvastatina 20 mg/dia regular da ocorrência de fibrilhação
auricular nos doentes tratados com
Ivabradina!
Tratamento da Diabetes Mellitus Glibenclamida 5 mg 2x/dia

Tratamento da IC Ivabradina 5 mg 2x/dia


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8. Indique um possível terapêutica ocasional a ser instituída para resolução de episódios agudos de
edema dos membros inferiores.

Edema periférico

- IC pode ser acompanhada de edemas


periféricos (redução do débito cardíaco);
- Os BCC reduzem a entrada de cálcio nas
células musculares lisas e podem causar
vasodilatação coronária e periférica.

Os diuréticos são aconselhados para melhorar os sintomas relativos ao edema periférico, reduzindo os
sintomas em poucas horas, ao contrário dos IECAs e bloqueadores β que podem demorar meses.
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8. Indique um possível terapêutica ocasional a ser instituída para resolução de episódios agudos de
edema dos membros inferiores.

Possível terapêutica para resolução Esta terapêutica pode ter alguns efeitos adversos:
de edema dos membros inferiores: - Aumento da diurese, implicando uma desequilíbrio
electrolítico;
- Uso constante de diuréticos pode reduzir o volume de
Diurético da ansa sangue e diminuir o débito cardíaco (a função renal e
(ex: furosemida) possível ocorrência de hipotensão devem ser vigiados);
- A ativação da sistema renina-angiotensina-aldosterona
Diurético tiazídico e do sistema nervoso simpático em resposta à diurese,
(ex: hidroclorotiazida) pode piorar a IC.

Uma vez que os efeitos adversos são comuns, esta terapêutica deve ser utilizada com cuidado e deve ser
ajustada de acordo com as necessidades individuais do doente ao longo do tempo!

Farmacoterapia l - Hipertensão Arterial, Insuficiência Cardíaca e Fibrilhação Auricular


Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado
Bibliografia
• 2018 ESC/ESH Guidelines for the management of arterial hypertension
• NICE: National Institute for Heath and Care Excellence, Hypertension in adults: diagnosis and
Hypertension in adults: diagnosis and management management, 24 August 2011
• Normas de Orientação Terapêutica, Ordem dos Farmacêuticos
• 2016 ESC Guidelines for the management of atrial fibrillation developed in collaboration with
EACTS
• 2016 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure
• NICE: National Institute for Heath and Care Excellence, CHRONIC HEART FAILURE: National
clinical guideline for diagnosis and management in primary and secondary care, August 2010

Farmacoterapia l - Hipertensão Arterial, Insuficiência Cardíaca e Fibrilhação Auricular


Andreia Teixeira, Daniel Baltazar, Eurico Rodrigues, Joana Marques, Mariana Hipólito, Rita Rosado

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