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INTRODUÇÃO
A insuficiência venosa crônica dos membros A recanalização de veias profundas
inferiores (IVCMI) é a incapacidade de trombosadas causa a incompetência das
manutenção do equilíbrio entre o fluxo de válvulas superficiais e isto leva ao refluxo.
sangue arterial que chega ao membro inferior Podem-se desenvolver varicosidades como
e o fluxo venoso que retorna ao átrio direito, conseqüência do aumento da pressão venosa e
decorrente da incompetência do sistema do fluxo transmitido das veias profundas para
venoso superficial e/ou profundo. Esta as superficiais, principalmente pelas veias
incapacidade acarreta um regime de perfurantes. A maioria dos casos são seqüelas
hipertensão venosa que crônica e tardiamente tardias da trombose venosa profunda, isto é, a
leva as alterações de pele e subcutâneo chamada síndrome pós-trombótica, usada
características da IVC. genericamente para definir, embora nem
Esta hipertensão venosa crônica ocorre em sempre corretamente, a IVC profunda.
função da incompetência das válvulas venosas Epidemiologia
superficiais, profundas ou, ainda, de ambos os Cerca de 10 a 20% da população do mundo
sistemas. desenvolvido possui veias varicosas ou algum
Dois mecanismos são importantes no grau de insuficiência venosa superficial ou
aparecimento da IVC: a obstrução ao fluxo profunda dos membros inferiores1 . A IVC
venoso de retorno (trombose venosa profunda) acomete de 2 a 7% da população e a
e o refluxo do sangue venoso através de um prevalência da maior complicação da IVC, a
sistema valvular venoso incompetente. úlcera de estase venosa crônica, atinge de 0,5
a 2% da população (Tabela I).
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Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em; URL: http://www. lava.med.br/livro
Insuficiência Venosa Crônica Newton Júnior.
Fisiopatologia:
A mais comum causa de IVC é a trombose
venosa iliofemoral. Cerca de 85% dos
pacientes com trombose venosa profunda
prévia, documentada podem desenvolver úlcera
venosa nos próximos 10 anos2 . A recanalização
das veias trombosadas restaura a perviedade,
mas há perda, da competência das válvulas no
local, que transmitem a alta pressão venosa
para segmentos mais distais. Este aumento da Figura 1 - Representação esquemática da
pressão transmite-se às veias perfurantes, adesão leucocitária ao endotélio liberando
que após dilatação perde a competência então substâncias inflamatórias. Observe o
valvular ocasionando fluxo reverso. Esta empilhamento das hemácias.
hipertensão venosa atingindo veias mais distais
A estes processos segue-se a formação de
é transmitida às vênulas e à microcirculação da
tecido de granulação, proliferação de capilares
pele e do tecido celular subcutâneo, através de
e fibroblastos e, finalmente, cicatrização da
dois mecanismos intrínsecos: perda do reflexo
ferida por formação de tecido cicatricial.
veno-capilar e alteração da bomba muscular da
Clinicamente este processo leva a
panturrilha.
lipodermatosclerose, atrofia e na forma mais
Estas alterações de fluxo sangüíneo causam grave, a ulcerações onde os mecanismos
extravasamento de fluidos e acúmulo peri - compensatórios não são suficientemente
capilar de depósitos de fibrina (manguitos de capazes de reparar a lesão.
fibrina) que alteram o metabolismo entre os
Classificação
compartimentos extra e intravascular. Os
capilares encontram-se dilatados, alongados, A classificação mais utilizada atualmente é a
tortuosos e com as paredes afiladas e o chamada CEAP (1994). É mais completa pois
endotélio apresenta superfície irregular e aborda, além do critério clínico e anatômico, o
alargamento dos espaços interendoteliais. Pelo etiológico e o fisiopatológico e, através de um
prolongado e aumentado extravasamento sistema de pontuação, classifica a gravidade
ocorre alargamento dos espaços pericapilares clínica e a incapacidade para o trabalho. É uma
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ETIOLÓGICO
Congênita EC
Primária EP - causa indeterminada
Secundária ES - pós-trombótica; pós-traumática e
outras.
ANATÔMICO
Segmento Veias Superficiais (As)
1 Telangiectasias/Veias reticulares
2 Safena interna acima do joelho
3 Safena interna abaixo do joelho
4 Safena externa
5 Não safenas
Figura 2a - Aspecto clínico da insuficiência venosa crônica
Segmento Veias Profundas (Ap) grave com edema, hiperpigmentação, lipodermatoesclerose
6 Veia cava inferior e principalmente as ulcerações que são mais freqüentes na
7 Veia ilíaca comum região do maléolo medial, embora na figura do lado
esquerdo, a ulceração alcançou também a face lateral da
8 Veia ilíaca interna
perna direita devido a gravidade da IVC
9 Veia ilíaca externa
10 Pélvis-gonadal, ligamento largo, etc..
11 Veia femoral comum
12 Veia femoral profunda
13 Veia femoral superficial
14 Veia femoral poplítea
15 crural-tibial anterior, tibial posterior,
peroneira
16 muscular - gastrocnêmio, sóleo
Segmento Veias Perfurantes (Aperf)
17 coxa
18 perna
Figura 2b - Aspecto clínico da insuficiência venosa crônica
FISIOPATOLÓGICO grave com edema, hiperpigmentação, lipodermatoesclerose
e principalmente as ulcerações que são mais freqüentes na
Refluxo FR
região do maléolo medial, embora na figura do lado
Obstrução FO esquerdo, a ulceração alcançou também a face lateral da
Refluxo e Obstrução FR,FO perna direita devido a gravidade da IVC .
DIAGNÓSTICO
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O exame físico, embora, revele a presença da região que se pretende estudar. Com este
IVC, não é suficiente para localizar e exame, obtém-se a análise não-invasiva do
quantificar os defeitos funcionais e tempo de reenchimento venoso, e com isto
anatômicos. Para a adequada caracterização e a incompetência do sistema venoso
conduta torna-se necessária a utilização de superficial ou profundo. São técnicas que
exames subsidiários. proporcionam uma seleção inicial dos
Exames subsidiários pacientes.
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REFERÊNCIAS
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Versão preliminar Insuficiência venosa crônica Newton de Barros Jr.
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Versão prévia publicada:
Nenhuma
Conflito de interesse:
Nenhum declarado.
Fontes de fomento:
Nenhuma declarada.
Data da última modificação:
13 de outubro de 2000.
Como citar este capítulo:
Barros Jr N. Insuficiência venosa crônica. In. Pitta GBB,
Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e Cirurgia Vascular:
guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003.
Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Sobre o autor:
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