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DE ACESSOS
VASCULARES
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO 4 AVALIAÇÃO DO DÉBITO DO ACESSO
VASCULAR (QA) 41
COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
AO CATETER COMO ACESSO
VASCULAR PARA HEMODIÁLISE 122
INFECÇÃO 122
INTRODUÇÃO
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7
1
INTRODUÇÃO
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Todos nós, enfermeiros com responsabilidades na Os desafios são cada vez maiores, pois a maioria
prestação de cuidados na área da hemodiálise, reco- dos doentes com IRCT são idosos com comorbilida-
nhecemos a importância do acesso vascular para o des, associadas sobretudo a Diabetes e a Insuficiência
sucesso e eficácia deste tipo tratamento, aos doen- Vascular Periférica, possuindo um património vascu-
tes com Insuficiência Renal Crónica Terminal (IRCT). lar muito deteriorado.
Temos assistido nos últimos anos a uma grande Este manual aborda os diferentes tipos de acessos
evolução técnica e científica dos materiais e equipa- vasculares arteriovenosos (Fístula Arteriovenosa e
mentos que contribuem para um tratamento altamen- Prótese Arteriovenosa) e os acessos venosos
te eficaz e biocompatível, que resultam numa melho- (Cateter Provisório e de Longa Duração), pretenden-
ria significativa da qualidade de vida destes doentes. do ser apenas um guia de orientação para os enfer-
Contudo, relativamente aos acessos vasculares, a meiros que diariamente cuidam destes doentes.
mesma evolução não se tem verificado.
Não existem verdades absolutas e cada caso é um
Cada vez mais, os cuidados a ter com os acessos caso, mas a experiência ensina-nos que ter linhas
vasculares assumem uma importância crucial na sua orientadoras diminui em muito a possibilidade de
manutenção e durabilidade, e são uma responsabilidade erro na execução de qualquer tarefa.
de todos nós.
Este é o nosso contributo.
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O ACESSO VASCULAR
PARA HEMODIÁLISE
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2
O ACESSO VASCULAR PARA
HEMODIÁLISE
O acesso à circulação sanguínea é vital em muitos As complicações relacionadas com o AVH são
ramos da Medicina. Na área da Nefrologia, a realiza- responsáveis por 25% dos internamentos e 50%
ção de tratamentos de hemofiltração, hemodiafiltra- dos custos hospitalares ao Insuficiente Renal Cróni-
ção ou hemodiálise, implica a extracção e reinfusão de co Terminal (IRCT) em programa de hemodiálise. O
um elevado volume de sangue, com a necessidade de acompanhamento dos acessos vasculares inicia-se
fluxos sanguíneos superiores a 350 ml/min. no caso na sala de hemodiálise com a intervenção dos en-
da hemodiafiltração, numa base periódica de três vezes fermeiros na avaliação e canulação do acesso vascu-
por semana. lar. A equipa de enfermagem deve estar atenta para
a identificação de sinais e sintomas que sugerem
O principal objectivo de um AVH é proporcionar problemas com o acesso vascular. Uma identificação
um tratamento eficiente, promovendo o máximo de precoce, o registo e a transmissão de informação ao
conforto para o doente. A obtenção de um AVH de médico residente, promove uma actuação atempada
fácil construção, prático de utilizar, durável, livre de por parte do nefrologista responsável pelo doente.
complicações e resistente à infecção, tem sido um
grande desafio dos profissionais na área da Nefrolo-
gia e Cirurgia Vascular.
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AS GUIDELINES DA NATIONAL KIDNEY
FOUNDATION - DIALYSIS OUTCOMES
QUALITY INITIATIVE, 2006, RECOMENDAM
UMA TAXA DE PREVALÊNCIA DE FAV COMO
ACESSO VASCULAR NO DOENTE COM IRCT
SUPERIOR A 65%. A MÉDIA NACIONAL DO
UNIVERSO NEPHROCARE PORTUGAL É DE
63%, NO ENTANTO É DE SALIENTAR UMA
GRANDE HETEROGENEIDADE REGIONAL.
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2
TIPOS DE ACESSOS
VASCULARES PARA HEMODIÁLISE
Os AVH podem ser classificados como acessos As guidelines NKF-DOQUI na área dos AVH preco-
temporários ou permanentes. A utilização do acesso nizam a construção preferencial de FAV em detri-
temporário deve cingir-se a curtos períodos (prefe- mento das próteses vasculares e a restrição máxima
rencialmente não superiores a uma semana) e/ou no uso de cateteres de longa duração, apenas em
numa situação de emergência com indicação para doentes cujo património vascular não permite uma
tratamento dialítico imediato. Como dispositivo é abordagem cirúrgica, para construção de um acesso
utilizado o cateter provisório de duplo lúmen. O uso vascular arteriovenoso.
do cateter de longa duração implantado via percutânea
numa veia central (preferencialmente na veia jugular Para a construção de um AVH são preferidas as
interna direita, preservando o património vascular veias do membro superior não dominante, depois
do membro superior esquerdo do doente) para a as do membro dominante e em último recurso as
construção de um acesso vascular arteriovenoso, dos membros inferiores. Na abordagem cirúrgica,
deve ser preferido mesmo quando transitoriamente. as veias distais são sempre utilizadas como primeira
Os acessos vasculares permanentes para o tratamento opção, permitindo dispor de maior comprimento de
de hemodiálise podem ser arteriovenosos (Fístula veia e preservar as veias proximais para futuras
Arteriovenosa - FAV - ou Prótese Arteriovenosa) ou intervenções.
venosos (Cateter de Longa Duração).
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Anastomose
Arteriovenosa
Veia
Arteria
Veia
Arteria
Enxerto
Enxerto
Arteriovenosa
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ACESSOS VASCULARES
ARTERIOVENOSOS
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FÍSTULA ARTERIOVENOSA
PRÓTESE ARTERIOVENOSA SINTÉTICA
MATURAÇÃO DO ACESSO VASCULAR ARTERIOVENOSO PARA HEMODIÁLISE
AVALIAÇÃO DO ACESSO VASCULAR
CANULAÇÃO DO ACESSO VASCULAR
FIXAÇÃO DAS AGULHAS
REMOÇÃO DAS AGULHAS E HEMOSTASE
MODO DE ACTUAÇÃO NA CANULAÇÃO DE ACESSO ARTERIOVENOSO PARA
HEMODIÁLISE
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS ARTERIOVENOSOS
OUTRAS COMPLICAÇÕES
ENSINO AO DOENTE COM ACESSO VASCULAR ARTERIOVENOSO
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3
FÍSTULA ARTERIOVENOSA
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LOCALIZAÇÃO DA FAV
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3
FÍSTULA ARTERIOVENOSA
CONSTRUÇÃO DA FAV
Anastomose termino-terminal
(Fim da artéria com o fim da veia): permite um me-
nor fluxo sanguíneo através do acesso.
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LATERO-LATERAL LATERO-TERMINAL
TERMINO-LATERAL TERMINO-TERMINAL
Fig. 1 - Anastomoses
21
3
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PRÓTESE
ARTERIOVENOSA SINTÉTICA
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3
MATURAÇÃO DO ACESSO
VASCULAR ARTERIOVENOSO
PARA HEMODIÁLISE
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A falência primária pode ser causada por uma das assim uma fixação aos tecidos adjacentes. Este
seguintes situações: processo está concluído após a redução do edema e
do eritema (induzido pela cirurgia), possibilitando a
Anastomose muito pequena, reduzindo o fluxo palpação do seu trajecto e uma canulação facilitada,
de sangue na FAV; sem riscos de hematomas ou pequenas lacerações
dos tecidos. No entanto, existem defensores da sua
Desenvolvimento de uma estenose entre a anas- utilização imediata com o objectivo de evitar a
tomose e a FAV; utilização de um acesso provisório.
Veias acessórias (colaterais) a absorver o fluxo As canulações prematuras da FAV estão associadas
arterial, reduzindo a pressão da FAV; a infiltrações/hematomas com consequente compres-
são dos tecidos adjacentes aos vasos, resultando
Dimensão reduzida do vaso venoso (< 2 mm). na falência precoce do acesso vascular.
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3
MATURAÇÃO DO ACESSO
VASCULAR ARTERIOVENOSO
PARA HEMODIÁLISE
VANTAGENS DESVANTAGENS
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VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PRÓTESE ARTERIOVENOSA
VANTAGENS DESVANTAGENS
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AVALIAÇÃO DO
ACESSO VASCULAR
> Aneurisma;
SENTIR O FRÉMITO E O DIÂMETRO DO
VASO: ESTE DEVE ARTERIALIZAR LOGO
> Edema;
APÓS A CIRURGIA E ESTA ARTERIALIZAÇÃO
> Estenose; DEVE SER EVIDENTE EM DUAS SEMANAS.
> Hematoma.
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Fig. 3 - Observação do acesso arteriovenoso Fig. 4 - Palpação do acesso arteriovenoso
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AVALIAÇÃO DO
ACESSO VASCULAR
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Após a primeira semana de construção da FAV, deve-se O papel do enfermeiro é de extrema importância,
garrotar ligeiramente o membro acima da anastomose uma vez que este tem a possibilidade de observar o
e avaliar a estabilidade e solidez da parede do vaso membro do acesso vascular sem as agulhas canuladas,
venoso. identificando mais facilmente qualquer alteração. A
experiência na canulação do acesso vascular também
Uma maturação atrasada (superior a 8 semanas) ou permite reconhecer determinados sinais identificativos
com complicações, exige uma reavaliação por doppler do mau funcionamento do acesso vascular.
ou angiografia de intervenção (maturação assistida),
com possível encaminhamento para a consulta de O quadro seguinte apresenta os aspectos principais
cirurgia vascular e eventual reintervenção. em que deve incidir a avaliação da equipa de enfer-
magem. São apresentados os sinais e sintomas das
A abordagem do enfermeiro passa pela avaliação do complicações mais frequentes no desenvolvimento
acesso vascular antes da canulação. É fundamental dos acessos vasculares.
que a equipa de enfermagem esteja atenta a pequenos
sinais e sintomas que justifiquem um alerta para o
acompanhamento directo da equipa de acessos
vasculares em articulação com o médico residente e
o Nefrologista, para a reavaliação do acesso e posterior
encaminhamento para a consulta de cirurgia vascular,
se necessário.
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AVALIAÇÃO DO
ACESSO VASCULAR
SEM COMPLICAÇÕES
OUVIR
(Auscultação Sopro pouco audível e contínuo Sopro pouco audível
com estetoscópio) (Diástole e Sístole) e contínuo (Diástole e Sístole)
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COM COMPLICAÇÕES
OUVIR
Sídrome de roubo: FAV com sopro
(Auscultação Sopro muito audível e descontínuo (Sístole) muito forte
com estetoscópio)
Prótese: Frémito e/ou pulso forte no local Síndrome de roubo: Avaliar pulsos
da estenose. Fraca circulação sanguínea na bilaterais e identificar diferenças.
SENTIR Comparar temperatura, força,
prótese, que se apresenta maleável, com amplitude do movimento de ambos
irregularidades e possível os membros e dor no membro do
desenvolvimento de aneurismas acesso vascular
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3
CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
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NA OBSERVAÇÃO, O ENFERMEIRO DEVE: NA AUSCULTAÇÃO, O ENFERMEIRO DEVE:
> Comparar os dois braços, despistando a existência > Ouvir um sopro contínuo, decrescente e sem in-
de equimoses, descoloração, soluções de continui- termitências, identificando a direcção do fluxo
dade ou eritema; sanguíneo;
> Observar a localização da anastomose; > O som do fluxo arterial deve ser pulsátil e o do
fluxo venoso deve ser mínimo ou inexistente.
> Identificar a existência de aneurismas e/ou vasos
colaterais de grandes dimensões;
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CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
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AGULHAS PARA CANULAÇÃO DO ACESSO VASCULAR
ARTERIOVENOSO
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CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
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É RECOMENDÁVEL:
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3
CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
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A orientação da canulação recomendada nas FAV e O QUADRO SEGUINTE APRESENTA AS CONSI-
próteses arteriovenosas é: DERAÇÕES RELATIVAS À UTILIZAÇÃO DO ACESSO
ARTERIAL E DO ACESSO VENOSO:
> Canulação do segmento arterial retrógrada ou
anterógrada, tendo em conta as características
ACESSO ARTERIAL ACESSO VENOSO
físicas do acesso vascular para hemodiálise;
> Canulação do segmento venoso anterógrada. Se ocorrer uma infil- Ajuda a desenvolver
tração, o sangue não é o fluxo na veia;
No caso do doente possuir um cateter, um dos ramos forçado para os tecidos;
deste pode ser utilizado, no entanto não é consensual
a utilização do acesso arteriovenoso para fazer a saída
A pressão arterial
de sangue do doente para a bomba de sangue ou o Uma infiltração em
retorno do sangue dialisado para o doente. (pré–bomba de sangue)
conjunto com a força da
indica-nos se o acesso
BS pode provocar um
tem um bom débito
hematoma maciço;
(≤-200 mmHg);
Impossibilidade
Baixo risco de de utilizar o acesso
complicações. novamente até o hema-
toma estar resolvido.
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CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
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AVALIAÇÃO DO DÉBITO DO ACESSO VASCULAR (QA)
A avaliação do fluxo sanguíneo pode ser feito de Um dos principais factores de influência da clearance
forma directa através dos métodos de diluição de ureia é a velocidade da bomba de sangue (VBS)
térmica, solução salina, solução de contraste ou com a e consequente volume de sangue dialisado em cada
monitorização do circuito extracorporal através de ultra- sessão. A velocidade da bomba de sangue depende
-sons. A avaliação indirecta pode ser realizada através da capacidade do acesso vascular, da forma como
da pressão interna e a sua relação inversa arterial foi puncionado e do calibre das agulhas utilizadas
média (mais indicado nas próteses arteriovenosas). na canulação.
A pressão venosa também é um indicador directo,
podendo ser avaliada de forma estática através da NO TRATAMENTO DE HEMODIAFILTRAÇÃO É
pressão da câmara venosa do CEC ou de forma FUNDAMENTAL QUE O ACESSO VASCULAR
dinâmica através da monitorização das pressões PROPORCIONE UM DÉBITO PARA A BOMBA DE
intradialíticas. No entanto, este processo revela SANGUE SUPERIOR A 350 ML/MIN.
lacunas relacionadas com a resistência do diâmetro
das agulhas e fenómenos de recirculação associados É RECOMENDÁVEL QUE A VBS NÃO ULTRAPASSE
à técnica de canulação, realizada com proximidade OS 500 ML/MIN, DEVENDO A CADA DOENTE SER
dos locais de canulação. AJUSTADO O DÉBITO DE SANGUE CONSOANTE
AS PRESSÕES VENOSA E ARTERIAL DO ACESSO
VASCULAR.
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3
CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
44
ÂNGULOS DE CANULAÇÃO DE ACESSOS ARTERIOVENOSOS
Fig. 11 - Canulação com 250 de inclinação
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CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
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TÉCNICA ROPE LADDER, ROTATING SITES
OU TÉCNICA DE ESCADA
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CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
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CANULAÇÃO EM BOTOEIRA
Fig. 14 - Ínício
Fig. 15 - Um ano depois
Fonte: Trabalho Botoeira
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CANULAÇÃO
DO ACESSO VASCULAR
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IMPORTANTE!
A ZONA DAS CANULAÇÕES NÃO PODE
ESTAR COBERTA COM LENÇÓIS OU CO-
BERTORES. ESTA ÁREA TEM QUE ESTAR
SEMPRE VISÍVEL. O ENSINO AO DOENTE
É IMPORTANTÍSSIMO PARA ASSEGURAR
ESTE ASPECTO.
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FIXAÇÃO DAS AGULHAS
> O enfermeiro deverá certificar-se de que a pele do > A fixação da agulha não deve ser demasiado aper-
doente no local do acesso vascular está limpa e tada, pois por vezes pode ser responsável pela
seca (sem loções ou cremes), antes de proceder redução do débito de sangue e também originar
à fixação das agulhas; pressões venosas elevadas. Isto verifica-se mais
frequentemente em acessos vasculares muito
> Deve ser segura por um adesivo que seja eficaz, superficiais.
mas que por outro lado não cole demasiado, pelo
risco de danificar os tecidos ao ser removido no
final do tratamento;
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IMPORTANTE!
ASSEGURAR QUE AS AGULHAS ESTÃO
CORRECTA E SEGURAMENTE FIXAS.
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FIXAÇÃO DAS AGULHAS
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Fig. 17.1- Aplique uma tira de Fig. 17.2- Aplique uma segunda Fig. 17.3- Tal como na Figura Fig. 17.4- Aplique uma segunda
adesivo (2 cm de largura) com tira sobre as asas fixando à pele 17.1, aplique uma tira de tira sobre as asas fixando à pele
a superficie colante para cima, e uma terceira tira de adesivo adesivo(2 cm de largura) com e uma terceira tira de adesivo
sob as asas da agulha; vire as fixando com segurança o tubo a superfície colante para cima, fixando com segurança o tubo
pontas da fita e cole cada uma à pele (assegurando-se que sob o tubo, imediatamente à pele (assegurando-se que
sobre as asas formando um esta cobre pelo menos 2/3 do acima das asas da agulha; vire esta cobre pelo menos 2/3 do
“U” e fixando-as à pele. perímetro do tubo). as pontas da fita e cole cada perímetro do tubo).
uma sobre as asas formando
um “V” e fixando-as à pele.
Fig. 17.5- Aplique uma tira Fig. 17.6- Aplique uma segunda Fig. 17.7-Coloque uma tira Fig. 17.8- Coloque uma segun-
de adesivo, com a superfície tira de adesivo fixando com de adesivo com a superfície da tira de adesivo fixando com
colante virada para baixo, sobre segurança o tubo à pele colante para baixo, asseguran- segurança o tubo à pele (asse-
as asas, contornando a superfí- (assegurando-se que esta cobre do-se da sua adequada/boa gurando-se que esta cobre pelo
cie inferior destas (Borboleta) e pelo menos 2/3 do perímetro aderência às “asas” da agulha, menos 2/3 do perímetro do
fixe as pontas à pele. do tubo). colando/prendendo de seguida tubo). Coloque uma terceira tira
as suas pontas (fita adesiva) ligeiramente sobre a primeira
à pele. de modo a melhorar a fixação
e proteger o local de canulação
(o adesivo tem que ser estéril,
ou em alternativa usar um meio
estéril de protecção do orifício).
Tiras “Paralelas”.
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3
REMOÇÃO DAS AGULHAS
E HEMOSTASE
Fig. 18 - Remoção das agulhas Fig. 19 - Pressão apenas após a retirada a agulha
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A técnica de remoção da agulha é tão importante > Técnica de canulação e remoção da agulha:
como a da inserção. Ambas desempenham um papel
fundamental na hemostase. • Posição da agulha (retrógada ou anterógrada);
FACTORES QUE INFLUENCIAM A HEMOSTASE: • Técnica de canulação (bisel virado para cima
ou para baixo);
> Tipo de pele do doente;
• Ângulo de inserção da agulha;
> Tipo de acesso vascular (FAV ou prótese arterio-
venosa); • Rotação da agulha;
• Superfície cortante.
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3
REMOÇÃO DAS AGULHAS
E HEMOSTASE
A remoção das agulhas e a hemostase são etapas > Exerça pressão durante 10-12 minutos, sem deixar
muito importantes relativamente à preservação do de sentir o frémito;
acesso vascular:
> Após a hemostase, aplique os pensos de protecção;
> O adesivo deve ser removido cuidadosamente para
prevenir a deslocação das agulhas; > Após colocar os pensos, verifique o frémito e utilize
o estetoscópio para verificar o sopro.
> A retirada da agulha deve ser realizada com um mo-
vimento suave e único; A hemostase deverá ser realizada de forma a:
> Aplique a compressa dobrada no local e remova a > Garantir a diminuição do risco de formação de
agulha com um ângulo similar ao da inserção; hematoma após a remoção das agulhas;
> Nunca exerça pressão no local sem a agulha estar > Garantir o fluxo do acesso vascular.
completamente removida;
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O STAFF DA UNIDADE DE HEMODIÁLISE DEVE
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3
REMOÇÃO DAS AGULHAS
E HEMOSTASE
60
A HEMOSTASE EM DOIS TEMPOS DISTINTOS É
FORTEMENTE RECOMENDADA NAS PRIMEIRAS
CANULAÇÕES DE UM ACESSO ARTERIOVENO-
SO, DURANTE A FASE DE MATURAÇÃO.
61
3
REMOÇÃO DAS AGULHAS
E HEMOSTASE
62
Fig. 21 - Palpação do acesso arteriovenoso Fig. 22 - Desinfecção do local de canulação com a
solução alcoólica preconizada na instituição
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3
MODODEACTUAÇÃONACANULAÇÃO
DO ACESSO ARTERIOVENOSO PARA
HEMODIÁLISE
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Fig. 23 - Limpeza com compressa em movimento Fig. 24 - Canulação de FAV (ângulo de 20 0 a 35 0)
circular do centro para a periferia
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3
MODODEACTUAÇÃONACANULAÇÃO
DO ACESSO ARTERIOVENOSO PARA
HEMODIÁLISE
> 2 LUVAS EM NITRILO COM DIFERENTES TAMA- > 2 LUVAS EM NITRILO COM DIFERENTES TAMA-
NHOS (S, M, L E XL); NHOS (S, M, L E XL);
> 1 CAMPO DOBRADO (40X50 CM); > 1 LUVA EM LÁTEX TAMANHO L (PARA O DOENTE
REALIZAR A HEMOSTASE);
> 8 TIRAS ADESIVAS (2X13 CM);
> 6 COMPRESSAS EM NÃO TECIDO (5X5 CM);
> 4 COMPRESSAS EM NÃO TECIDO (5X5 CM).
> 2 PENSOS ADESIVOS (5X7 CM).
66
Os procedimentos técnicos para a canulação de > DESINFECÇÃO DO LOCAL DE CANULAÇÃO
uma FAV ou uma prótese arteriovenosa, respeitan- COM A SOLUÇÃO ALCOÓLICA PRECONIZADA
do as regras de assépsia e as preocupações padrão, NA INSTITUIÇÃO E RESPEITO PELOS TEMPOS
incluem: DE ACTUAÇÃO APRESENTADOS, LIMPANDO
COM AS COMPRESSAS EM MOVIMENTO CIR-
> AVALIAÇÃO DA TENSÃO ARTERIAL E PULSO CULAR DO CENTRO PARA A PERIFERIA.
DO DOENTE;
67
3
MODODEACTUAÇÃONACANULAÇÃO
DO ACESSO ARTERIOVENOSO PARA
HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
Aplicar uma ligeira pressão (garrote) a montante, Facilita a turgência do vaso sanguíneo
quando o acesso é uma FAV
Avaliar o acesso, definir os locais de canulação Agulhas de maior calibre favorecem o fluxo de
e escolher o calibre das agulhas de canulação sangue em acessos vasculares com bom débito
(14G, 15G, 16G ou 17G)
Abordar a FAV com a agulha, de modo a formar um Ângulos menores aumentam o risco de destruição
ângulo entre 20O a 35O e, no caso de uma prótese, das estruturas superficiais dos acessos
de 45O. Respeitar o limite mínimo de 5 cm para
o afastamento entre a canulação da porção arterial Ângulos maiores aumentam o risco de perfuração
e a canulação da porção venosa das estruturas profundas do acesso vascular, pelo
bisel da agulha
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Fig. 25 - Observação do acesso arteriovenoso Fig. 26 - Auscultação do acesso arteriovenoso
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3
MODODEACTUAÇÃONACANULAÇÃO
DO ACESSO ARTERIOVENOSO PARA
HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
Técnica de escada
Técnica de botoeira: Canulação exclusiva de FAV,
com o mesmo ângulo e no mesmo local, em cada
Técnica de botoeira
sessão depois de removido o tecido cicatricial
Fixar a agulha à superfície da pele no melhor ângulo Confirmar a orientação da agulha dentro do acesso,
de inserção na posição desejada, centrada no lúmen do vaso
Proteger o local de inserção da agulha com uma Prevenção de infecção do acesso vascular
compressa ou adesivo esterilizado arteriovenoso
Confirmar o sucesso da canulação com uma seringa Realizar aspiração e posterior introdução suave do
de 10 cc preenchida com cloreto de sódio 0,9% conteúdo da seringa, testando a permeabilidade da
agulha inserida no acesso vascular
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Fig. 29 - Desinfecção da Fig. 30 - Abertura do set Fig. 31 - Desinfecção do Fig. 32 - Limpeza com
superfície da base de de ligar local de canulação com a compressa em movi-
trabalho solução alcoólica preconi- mento circular do centro
zada na instituição para a periferia
Fig. 33 - Preparação das Fig. 34 - Colocação das lu- Fig. 35 - Canulação de FAV
agulhas de canulação vas em nitrilo esterilizadas (ângulo de 200 a 350)
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3
MODODEACTUAÇÃONACANULAÇÃO
DO ACESSO ARTERIOVENOSO PARA
HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
Iniciar a bomba de sangue a uma velocidade não Preencher o circuito de linha e o dialisador com
superior a 100/150 ml/min, até o sensor de sangue sangue, iniciando o tratamento e garantindo
o reconhecer no CEC a estabilidade hemodinâmica do doente
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Fig. 36 - Canulação de FAV Fig. 37 - Fixação das agulhas Fig. 38 - Fixação da agulha com
com adesivo adesivo
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3
MODODEACTUAÇÃONACANULAÇÃO
DO ACESSO ARTERIOVENOSO PARA
HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
Reinfundir o sangue presente no CEC para o doente Remover o sangue do CEC para o doente,
após o tratamento estar finalizado, com uma VBS finalizando o tratamento e garantindo
não superior a 100/150 ml/min a estabilidade hemodinâmica do doente
74
Fig. 41 - Reinfusão de Fig. 42 - Final da rein- Fig. 43 - Remoção das Fig. 44 - Pressão ape-
sangue pelo acesso fusão do sangue agulhas nas após a retirada a
venoso agulha
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3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
76
INFECÇÃO
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3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
> Colocação de penso estéril em contacto com o Fig. 48 - Secar cuidadosamente o antebraço e de
local de inserção. seguida as mãos
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EFICÁCIA DOS AGENTES DE HIGIENE NA
REDUÇÃO DE BACTÉRIAS NAS MÃOS
99.0 2.0
Esfregagem
à base de álcool
Redução bacteriana
(70% Isopropanol)
90.0 1.0
Sabão
antimicrobiano
(4% Clorexidina)
0.0 0.0
Baseline Sabão normal
Adaptado de: Hosp Epidemiol Infect Control, 2nd Edition, Philadelphia: Lippincott & Williams,1999.
79
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
Para a desinfecção do local do AVH é preconizada a utilização da solução com álcool 70o e clorhexidina a 2%.
A acção combinada de duas soluções anti-sépticas garante uma elevada cobertura ao diferentes agentes infec-
ciosos.
80
As diferentes abordagens relativamente à canulação arteriovenosa e ao manuseamento de um cateter devem
garantir o cumprimento de todas as medidas preconizadas pela Guideline sobre higiene e controlo de Infecção
(PT-CG-29-02)
FAV E PRÓTESES
81
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
A utilização dos diferentes agentes anti-sépticos deve ser feita tendo em conta a sua aplicação, a dose, modo
de utilização e respeitando os seus tempos de actuação.
TEMPO DE
PRODUTO APLICAÇÃO DOSEAMENTO CONTACTO FREQUÊNCIA
IODOPOVIDONA Embeber
Pele compressa 60 segundos n/a
82
PRODUTO MODO DE UTILIZAÇÃO QUEM
DETERGENTE-DESINFECTANTE Molhar as mãos com água, seguida de aplicação de uma dose Todo
de produto. Proceder de acordo com instruções de lavagem o pessoal
PARA MÃOS (ver poster de lavagem/desinfecção das mãos)
83
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
IMPORTANTE!
NUNCA CANULE UM ACESSO ARTERIOVE-
NOSO QUE APRESENTE SINAIS INFECCIO-
SOS.
84
HEMORRAGIA DURANTE O TRATAMENTO DIALÍTICO
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3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
INFILTRAÇÃO/HEMATOMA
A infiltração geralmente só ocorre no início do trata- No caso de já ter sido administrada a anticoagulação
mento, durante a reinfusão do líquido de lavagem. inicial, o local deve ser vigiado para avaliar se a agulha
O hematoma pode ocorrer durante a canulação ou deve ser retirada imediatamente ou permanecer até
em qualquer momento do tratamento dialítico. Em ao final do tratamento. Se não existir aumento da
ambas as situações, a causa pode estar associada a infiltração/hematoma, a agulha deve permanecer.
uma canulação fora do vaso sanguíneo, fragilidade do No entanto, se estes aumentarem, a agulha deve
AVH, um movimento brusco do membro do acesso ser retirada imediatamente e em ambas as situações
por parte do doente ou a deslocação de uma agulha deve ser feita aplicação de frio tópico.
motivada por uma incorrecta fixação, provocando
um extravasamento de líquido de lavagem ou sangue A aplicação de frio deve ser feita durante 20 minu-
para o espaço extravascular. tos, alternando com períodos sem aplicação de frio
com a mesma duração, para prevenir a vasoconstri-
Em caso de extravasamento durante a canulação, a ção provocada pelo frio, que poderá pôr em causa o
agulha deve ser retirada e feita compressão digital funcionamento do AVH.
no local da canulação. Se o hematoma for muito
volumoso, deve ser solicitada uma avaliação médica Nos dias que alternam com os de tratamento, deve
para eventual aspiração. ser aplicada uma camada fina de pomada heparinóide
na zona afectada.
86
RECIRCULAÇÃO
87
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
No caso da FAV não estar muito desenvolvida, pode o posicionamento das agulhas deve ser verificado e
posicionar-se a agulha arterial na direcção do fluxo se possível distanciado. Se esta situação já foi veri-
sanguíneo, favorecendo um maior débito de sangue. ficada, então o acesso deve ser avaliado através de
outros meios directos.
A recirculação pode ser um indicador da diminuição
do fluxo sanguíneo, podendo ser avaliada através de
um módulo existente nas máquinas de hemodiálise
Fresenius Medical Care denominado Blood Tempera-
ture Monitor (BTM), cujo método de avaliação tem
por base a diluição térmica.
88
% DE RECIRCULAÇÃO DIAGNÓSTICO ACÇÃO
Recirculação Pulmonar
Inferior a 10% Canulação do acesso correcta
Acesso vascular sem pro-
blemas de recirculação
A recirculação é agravada pela presença de estenose na veia do acesso vascular, devendo ser valorizadas as
variações na pressão venosa do acesso vascular. Um processo rápido de identificação passa pela colocação
de um dedo exercendo uma ligeira pressão entre a agulha do acesso arterial e a agulha do acesso venoso,
resultando em caso de recirculação numa diminuição rápida da pressão arterial do acesso.
89
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
ESTENOSE
90
Esta complicação pode no entanto ocorrer em qualquer Sinais sugestivos de existência de estenose no acesso
ponto do trajecto da fístula, podendo ser identificada vascular:
por uma diminuição abrupta do frémito, dando lugar
a um distinto pulsar. > Coagulação do CEC mais de duas vezes no espaço
de um mês;
A presença de estenoses conduz, a montante, ao
desenvolvimento de aneurismas por dificuldades de > Dificuldade na canulação do AVH;
escoamento do fluxo sanguíneo, devido à diminuição
do diâmetro do vaso. > Hemorragia no local de inserção das agulhas e
hemostase prolongada;
91
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
92
Avaliação de Qa de um novo doente com FAV ou Avaliação do Qa num doente com prótese arteriove-
prótese arteriovenosa nosa e recomendações:
Avaliação do Qa de um novo doente que dê entrada na > Superior a 600 - determinação dentro de 1 mês;
clínica deve ser feita na sua primeira semana
de tratamento, se o acesso vascular o permitir. Se > Valor inferior a 600 - repetição na hemodiálise
o acesso vascular estiver numa fase de maturação, seguinte, se o valor se mantiver deve ser comuni-
deve ser avaliada a sua funcionalidade para a realização cado ao Nefrologista/Médico Residente.
desta determinação.
93
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
Outras avaliações podem ser programadas por Há necessidade de estudos padronizados em larga
médicos ou enfermeiros e justificadas por algum sinal escala para determinar se a angioplastia para correcção
de mau funcionamento do acesso, como: dificuldade de lesões apenas hemodinamicamente significativas
na canulação, alterações significativas no local do (com baixo fluxo e recirculação ou pressões elevadas)
acesso (aneurismas) e diminuição do Kt/V. é superior à correcção de todas as estenoses supe-
riores a 50%.
Esta disfunção pode ser observada por Doppler, o
que permite localizar e quantificar o grau de estenose. A estenose pode ser tratada por angioplastia percu-
A identificação das estenoses centrais só é possível tânea com balão, com ou sem colocação de stent.
através de angiografia, técnica que permite o trata-
mento endovascular e o prolongamento da vida do Muitas variáveis têm sido estudadas no uso da
acesso arteriovenoso. Angioplastia Percutânea Transluminal (PTA), incluindo
o tipo de balão utilizado, a pressão de insuflação e o
A estenose do acesso arteriovenoso pode ser tratada tempo que o balão deve permanecer insuflado.
cirurgicamente por reposição do segmento estenóti-
co por bypass. A angioplastia está indicada quando a
estenose é superior a 50% do diâmetro.
94
Outras tentativas de salvar o acesso vascular in-
cluem o uso de Stent como o SMART (Shape Memory TODOS OS ESFORÇOS SÃO DIRECCIONADOS
Alloy Recoverable Tecnology) e o STENT GRATF, que PARA DETECTAR A DISFUNÇÃO DO ACESSO
é um avanço do stent convencional, compreendendo VASCULAR ANTES QUE A TROMBOSE
um enxerto sintético tubular suportado internamen- ACONTEÇA.
te por um stent.
95
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
Segundo PONCE (2002), a trombose dos acessos Os cuidados pós-operatórios são também factores
vasculares é a etiologia mais frequente de perda do cruciais para o sucesso e preservação do funciona-
acesso vascular, com incidência na prótese pelo mento dos acessos vasculares, especialmente em
menos cinco vezes superior à das FAV. doentes idosos, hipotensos ou arterioscleróticos.
A trombose pode ocorrer no período pós-operatório A trombose tardia também ocorre após anos de uso
imediato, normalmente associado a FAV de baixo satisfatório.
fluxo inicial. De acordo com COLAÇO e SANTOS
(1997), “O não desenvolvimento primário de uma O súbito desaparecimento do frémito/sopro, geral-
FAV ou de trombose precoce, devem-se à anatomia mente logo após uma sessão de hemodiálise, é um
vascular inapropriada (vasos de pequeno calibre, alerta de que algo de errado aconteceu com a FAV.
artérias calcificadas, veias fibrosadas), problemas
com a técnica cirúrgica ou utilização demasiado Esta trombose está também relacionada com baixo
precoce do acesso”. fluxo de sangue no acesso, associado normalmente
à presença de estenose no trajecto do vaso a jusante da
Analisando cada um destes aspectos, torna-se anastomose, ou em veias centrais ao nível da veia
importante um estudo prévio com eco-doppler ou subclávia ou do tronco venoso braquio-cefálico, que
artériografia da rede vascular, permitindo assim a pode ser verificada pelo aumento da pressão venosa
escolha dos vasos mais apropriados. Por outro lado, dinâmica (superior a 150 mmHg, para um Qb de
parece ser consensual que a conveniente maturação 200 ml/m com agulhas 15G), aumento do tempo de
da FAV e o fluxo regular de sangue são essenciais hemostase e veias sempre dilatadas, mesmo depois
para manter um acesso vascular funcional. de elevado o braço. A pressão venosa dinâmica só é
aplicável nas próteses arteriovenosas.
96
O hipofluxo do acesso está ainda relacionado com O simples exame físico com as mãos é útil e impor-
outros factores como hipotensão arterial, hipovolémia tantíssimo para avaliar a disfunção de um acesso
e compressão excessiva durante a hemostase. Além vascular. Esta técnica é cada vez mais importante,
disso, hematomas, roupas apertadas sobre o braço reconhecida e fundamental na prevenção de compli-
da FAV e o acto de dormir sobre o mesmo, propiciam cações, com vista à diminuição da morbilidade e
a trombose. mortalidade dos hemodialisados.
A trombose da FAV pode ser evitada se forem tomadas Pode estar indicado o tratamento cirúrgico, ou trom-
as medidas adequadas, nomeadamente através de bectomia, mas este é frequentemente mal sucedido,
medicação anticoagulante, identificação e correcção correndo-se o sério risco de perda da FAV.
de eventuais estenoses.
97
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
SÍNDROME DE ROUBO
98
Nos casos mais graves podem surgir zonas de Nas situações de síndrome de roubo, o exame com
isquémia e necrose. doppler das artérias distais à anastomose revela uma
curva de pressão monofásica, de baixa intensidade,
Esta situação pode ser despistada precocemente, normalizando as suas características quando se tapa
através da observação regular do braço da FAV e da o acesso por compressão.
valorização de qualquer sintoma que o doente possa
apresentar, sugestivo de síndrome de roubo. A angiografia é outro método muito útil para a abor-
dagem destas situações, sendo particularmente
importante quando a avaliação clínica e o doppler
DOR NA EXTREMIDADE DO MEMBRO DO fazem suspeitar a existência de lesão obstrutiva
ACESSO ARTERIOVENOSO EM REPOUSO arterial localizada a nível proximal ou anastomótico,
DURANTE O TRATAMENTO, É UM SINAL DE permitindo nestes casos não só a identificação da
ALERTA E DE ENCAMINHAMENTO PARA A lesão, mas também a sua terapêutica por métodos
CIRURGIA VASCULAR. endovasculares.
99
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
ANEURISMA E PSEUDOANEURISMA
100
Fig. 50 - Aneurismas localizados nas canulações arterial e venosa
Fonte: Trabalho Botoeira
101
3
COMPLICAÇÕES DOS ACESSOS
ARTERIOVENOSOS
102
OUTRAS COMPLICAÇÕES
Esta complicação ocorre quase sempre em FAV ou Todo o doente diabético deve ser alertado para esta
prótese arteriovenosa proximais. complicação e os profissionais de saúde devem estar
sensibilizados para o encaminhamento precoce do
O tratamento desta insuficiência cardíaca secundária doente para o cirurgião.
ao acesso arteriovenoso consiste na redução do fluxo
através da bandagem da veia ou a construção de outro
acesso arteriovenoso de menor fluxo, seguido de
laqueação do acesso de alto débito pré-existente.
103
3
ENSINO AO DOENTE
COM ACESSO VASCULAR
ARTERIOVENOSO
Após a construção do acesso vascular, os cuidados Não deve dormir sobre o membro do acesso vascular,
prestados pela equipa de enfermagem devem asse- evitando o compromisso prolongado da circulação.
gurar que durante a sessão de hemodiálise o doente
coloca o braço do acesso vascular bem apoiado, de
modo a permitir uma boa circulação periférica.
104
Deve ser orientado para informar os médicos ou en-
fermeiros que o braço em questão não deve ser usado OS DOENTES DEVEM SER SENSIBILIZADOS
para flebotomias, cateterizações ou avaliações da A CONTACTAR IMEDIATAMENTE O HOS-
tensão arterial, pois qualquer uma destas manobras PITAL/UNIDADE DE HEMODIÁLISE NO
pode danificar permanentemente o acesso. CASO DE:
105
CATETER DE HEMODIÁLISE
TEMPORÁRIO E DE LONGA
DURAÇÃO
106
MODO DE ACTUAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO
DOENTE COM CATETER COMO ACESSO VASCULAR PARA HE-
MODIÁLISE
107
4
CATETER DE HEMODIÁLISE
TEMPORÁRIO E DE LONGA
DURAÇÃO
Quando se impõe a necessidade de tratamento A facilidade de utilização deste acesso contrasta com
substitutivo renal urgente e devido à relativa facilida- a eficácia dialítica obtida, possibilitando fluxos
de de implantação percutânea em veia central e à sanguíneos mais reduzidos que um acesso arterio-
segurança que oferece ao doente, o cateter de hemodi- venoso, bem como o elevado risco de infecção
álise soluciona diversos problemas dos insuficientes associado à forte manipulação de um acesso vascular
renais. Este acesso venoso central de duplo lúmen, central.
que deve ser implantado preferencialmente através
da veia jugular interna direita, representa um exce- O cateter venoso central de longa duração, manu-
lente acesso vascular temporário, podendo também facturado em material bio-compatível, com cuff em
ser utilizado como acesso de longa duração. Dacron, foi desenhado e desenvolvido para perma-
necer dentro do organismo humano por um extenso
Embora as guidelines da NKF-DOQI preconizem a período de tempo. Pode ser implantado nas veias
restrição máxima na utilização do cateter como acesso jugular, subclávia e femural através de um túnel
vascular, a maioria dos doentes inicia o tratamento subcutâneo que assegura a colocação ideal do
dialítico com este acesso, utilizando-o de forma cateter, facilita a sua fixação e ajuda a reduzir a taxa
provisória durante o período de maturação do acesso de infecção. Em última instância, pode ser colocado
arteriovenoso (FAV ou prótese arteriovenosa). É im- na veia cava inferior através do implante percutâneo
plantado de forma permanente em crianças, doen- translombar.
tes com diabetes e doença vascular periférica grave,
obesidade mórbida ou com um campo vascular esgotado
para a construção de um acesso arteriovenoso.
108
Fig.1 - Cateter de longa duração tunelizado
109
4
MODO DE ACTUAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO DOENTE COM CATETER COMO
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
110
SET DE LIGAR: SET DE DESLIGAR:
> 2 Luvas em nitrilo com diferentes tamanhos > 2 Luvas em nitrilo com diferentes tamanhos
(S, M, L e XL); (S, M, L e XL);
> 1 Campo dobrado (30x25 cm); > 1 Campo envolvente (50x50 cm);
111
4
MODO DE ACTUAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO DOENTE COM CATETER COMO
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
Os procedimentos técnicos para manuseamento de cate- > Qualquer alteração sugestiva de infecção deve ser co-
ter venoso central, respeitando as regras de assepsia e as municada de imediato ao Médico;
preocupações padrão, são:
> O local de inserção percutânea do cateter deve ser exa-
> Posicionar o doente em dorsal com a cabeceira baixa minado antes da realização do penso, que não deve
e com rotação da cabeça para o lado oposto da colo- conter apósitos;
cação do cateter, no caso da localização subclávia ou
jugular; > A desinfecção da pele deve ser feita com solução alco-
ólica preconizada na instituição e respeitar os tempos
> Avaliar a tensão arterial e pulso do doente; de actuação, limpando com as compressas em movi-
mento circular do centro para a periferia;
> A manipulação para uso do cateter só deve ser efec-
tuada pela equipa de enfermagem da Unidade de > A temperatura corporal deve ser avaliada antes do
Hemodiálise; início e depois do final do tratamento, podendo ser
avaliada durante o tratamento caso se justifique. Se
> A equipa de enfermagem é responsável pela manu- houver hipertermia, deverá ser comunicada de ime-
tenção e viabilidade do cateter na sala de hemodiálise; diato ao Médico;
> Durante o manuseamento do cateter deve ser evitada > Todos os manuseamentos do cateter durante o trata-
a exposição da entrada dos lúmens do cateter ao ar; mento devem ser feitos recorrendo à técnica asséptica
cirúrgica.
> O penso de cobertura do local de inserção do cate-
ter deve ser substituído no início de cada tratamento
ou segundo o protocolo da Unidade de Hemodiálise
(mas sempre realizado em tempo útil para uma even-
tual intervenção terapêutica);
112
Fig. 2 - Vigilância dos Fig. 3 - Abertura do set Fig. 4 - Colocação das Fig. 5 - Colocação do
parâmetros vitais de ligar cateter luvas de nitrilo estere- campo dobrado para ma-
lizadas nuseamento do cateter
113
4
MODO DE ACTUAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO DOENTE COM CATETER COMO
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
114
Fig. 10 - Preparação do Fig. 11 - Colocação do Fig. 12 - Colocação das Fig. 13 - Colocação do
material esterilizado cloreto de sódio 0,9% luvas de nitrilo esterili- campo de tratamento
para ligar para lavagem dos zadas
lúmens do cateter
115
4
MODO DE ACTUAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO DOENTE COM CATETER COMO
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
Desinfectar novamente os pontos de conexão Assegurar que os ramos do cateter são sempre
do cateter manipulados com assepsia
Iniciar a bomba de sangue a uma velocidade Preencher o circuito de linha e o dialisador com
não superior a 150 ml/min, até o sensor de sangue sangue, iniciando o tratamento e garantindo
o reconhecer no CEC a estabilidade hemodinâmica do doente
116
Fig. 18 - Remoção do Fig. 19 - Conexão das li- Fig. 20 - Fixação das Fig. 21 - Protecção do
recirculador colocado nhas do CEC ao cateter linhas do CEC com cateter com o campo
entre as linhas do CEC adesivo ao campo de do tratamento
tratamento
117
4
MODO DE ACTUAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO DOENTE COM CATETER COMO
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
Vigiar todo o tratamento dialítico, através da moni- Prevenir acidentes e complicações relacionadas
torização hemodinâmica do doente, da evolução com o tratamento dialítico, assegurando a eficácia
do tratamento e funcionamento do acesso vascular do mesmo
Reinfundir o sangue presente no CEC para o doente Remover o sangue do CEC para o doente,
após o tratamento estar finalizado, com uma VBS finalizando o tratamento e garantindo
não superior a 150 ml/min. a estabilidade hemodinâmica do doente
118
Fig. 24 - Colocação das luvas Fig. 25 - Aplicação de solução Fig. 26 - Desinfecção com Fig. 27 - Preparação do cloreto
limpas alcoólica no recirculador solução alcoólica dos locais de de sódio 0,9% para lavagem
conexão do CEC com o cateter, dos lúmens
aguardando 30 segundos para
actuação
Fig. 28 - Abertura de compres- Fig. 29 - Aplicação da solução Fig. 30 - Aplicação de solução Fig. 31 - Colocação das luvas
sas esterilizadas para o campo alcoólica desinfectante na tam- alcoólica desinfectante nas de nitrilo esterilizadas
pa do frasco do lock utilizado compressas
na clínica
Fig. 32 - Aspiração do cloreto Fig. 33 - Preparação da solução Fig. 34 - Desconexão do CEC Fig. 35 - Lavagem do lúmen
de sódio a 0,9% para lavagem de lock do cateter com cloreto de sódio 0,9%
dos lúmens
119
4
MODO DE ACTUAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO DOENTE COM CATETER COMO
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
Desinfectar novamente os pontos de conexão Assegurar que os ramos do cateter são sempre
do cateter manipulados com assepsia
120
Fig. 36 - Aplicação do lock no lúmen do Fig. 37 - Continuação da aplicação do lock Fig. 38 - Retirar a seringa e colocar a tampa
cateter (introdução num tempo superior a no lúmen do cateter (introdução num de um ramo
8 segundos) tempo superior a 8 segundos)
Fig. 39 - As terminações do cateter nunca Fig. 40 - Colocação das tampas de luer-lock ou Fig. 41 - Protecção dos ramos do cateter com
devem estar desprotegidas obturadores nas pontas dos ramos do cateter uma bolsa adesiva feita em material de penso
121
4
MODO DE ACTUAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO DOENTE COM CATETER COMO
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
PROCEDIMENTO COMENTÁRIO
Os lumens dos cateteres devem permanecer SEMPRE protegidos quer por tampas, quer por meio de seringas.
122
APÓS A FINALIZAÇÃO DO TRATAMENTO,
OS CUIDADOS RELATIVOS AO CATETER
PRECONIZAM A INTRODUÇÃO DE UMA
SOLUÇÃO DE LOCK EM AMBOS OS SEUS
RAMOS, COM OBJECTIVO DE MANTER A
PERMEABILIDADE DOS MESMOS DURAN-
TE O INTERVALO DOS TRATAMENTO, DE-
VENDO SER REMOVIDA ANTES DE UMA
NOVA UTILIZAÇÃO DO CATETER. AS SO-
LUÇÕES FREQUENTEMENTE UTILIZADAS
SÃO A HEPARINA E O CITRATO DE SÓDIO,
DEVENDO SER APLICADAS CONFORME O
PROTOCOLO DE CADA UNIDADE DE HE-
MODIÁLISE.
123
4
COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
AO CATETER COMO ACESSO
VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
INFECÇÃO
As complicações relacionadas com o cateter como Segundo o Access Guidelines publicado pela KDOQI,
acesso vascular para hemodiálise estão relacionadas entre 46% a 62% dos doentes submetidos ao progra-
com a sua permeabilidade, redução do fluxo sanguíneo ma de hemodiálise são portadores de S. aureos.
ou presença de infecção. Estas situações podem A evolução para sépsis ocorre em cerca de 10%
ocorrer de forma precoce ou tardia. Os sinais de dis- dos casos diagnosticados através de hemoculturas
função podem ser: e com isolamento do agente infeccioso na porção
terminal do cateter.
> Fluxos de sangue inferiores a 300 ml/min;
O risco de infecção está relacionado com o tipo de
> Pressão arterial < a -250 mmhg; acesso, sendo que em média são identificadas 4,6
infecções por 1000 sessões de hemodiálise, e 18,4
> Pressão venosa > a 250 mmhg; por 1000 sessões de hemodiálise com cateteres
permanentes. A prevenção é feita através da utilização
> Kt/V inferiores a 1,2. de técnica asséptica em todos os procedimentos,
construção precoce de um acesso permanente,
Os sinais de disfunção mais tardios são a incapaci- vigilância e despiste de sinais e sintomas de infecção.
dade de aspirar dos ramos do cateter e os alarmes
frequentes de pressões, após tentativas de lavagem A origem precoce da infecção de um cateter pode estar
ou reposicionamento do doente, indiciando a obstrução relacionada com o incumprimento da técnica assép-
do acesso vascular. tica cirúrgica durante a sua colocação, enquanto que
as complicações infecciosas tardias estão principal-
mente relacionadas com o manuseio do cateter em
sala de diálise, sem o cumprimento das regras refe-
ridas anteriormente.
124
NO CATETER DE CURTA DURAÇÃO SEM “CUFF”, POR ESTAR TUNELIZADO, O CATETER DE
A INFECÇÃO PODE DESENVOLVER-SE NO LONGA DURAÇÃO PODE DESENVOLVER
LOCAL DE INSERÇÃO DO CATETER COM UMA INFECÇÃO LOCALIZADA NO TÚNEL
A PRESENÇA DE SINAIS INFECCIOSOS DE INSERÇÃO COM A PRESENÇA DE SI-
(RUBOR, CALOR, EDEMA E/OU EXSUDADO), NAIS INFECCIOSOS PRESENTES NO TÚNEL
SUBCUTÂNEO, COM INDICAÇÃO PARA A
PODENDO SER ACOMPANHADO DE SINAIS
RETIRADA IMEDIATA DO CATETER CASO
SISTÉMICOS COMO A ELEVAÇÃO DA TEM-
EXISTA FEBRE E/OU ALTERAÇÃO HEMOD-
PERATURA CORPORAL (≥380) E LEUCOCI-
INÂMICA. CASO NÃO ESTEJAM PRESENTES
TOSE. ESTES SINAIS DE ALARME, AGE-SE EM
CONFORMIDADE NA OBTENÇÃO DE UM
A INFECÇÃO SISTÉMICA PODE TRADUZIR-SE NOVO ACESSO VASCULAR, ANALISANDO
EM LEUCOCITOSE E FEBRE, QUE PODE O TÚNEL E IDENTIFICANDO AS POSSIBI-
AUMENTAR DURANTE O TRATAMENTO, LIDADES DE COLOCAÇÃO DE UM NOVO
PODENDO APRESENTAR SINAIS DE INFECÇÃO CATETER NA MESMA VIA OU NUM LOCAL
NO LOCAL DE INSERÇÃO DO CATETER. O DIFERENTE.
CATETER DEVE SER RETIRADO NO FINAL
DO TRATAMENTO DIALÍTICO. NA OBSERVAÇÃO, EM CASO DE SUSPEITA
DE INFECÇÃO DO TÚNEL, É RECOMENDÁVEL
EXERCER UMA LIGEIRA PRESSÃO DESDE O
LOCAL DE FIXAÇÃO (CUFF), ATÉ AO LOCAL
QUANDO O CATETER NÃO É RETIRADO, DE INSERÇÃO DO CATETER, COM O OBJEC-
PODEM SER UTILIZADAS SOLUÇÕES AN- TIVO DE DETECTAR ALGUMA EXSUDAÇÃO.
TIBIÓTICAS (ANTIBIOTIC LOCK) PARA PRE-
VENIR OU CONTROLAR UMA INFECÇÃO.
125
4
COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
AO CATETER COMO ACESSO
VASCULAR PARA HEMODIÁLISE
As disfunções mecânicas imediatas do cateter estão As complicações podem estar associadas à formação
associadas a uma má técnica durante a colocação ou de trombos na ponta final do cateter ou na parede
a um mau posicionamento, provocando uma dobra do vaso ao longo do seu comprimento, com o risco
no cateter (kinking) ou a coagulação intra-luminal. O de entrar na circulação sistémica provocando um
mau posicionamento também pode originar um flu- acidente trombo-embólico.
xo inconstante e inadequado durante o tratamento.
Estas disfunções requerem um reposicionamento
do cateter ou a substituição imediata. No caso da
trombose intra-luminal é necessária a administração
de um fibrinolítico.
126
HIPERTENSÃO VENOSA E
ESTENOSE
127
4
ENSINO AO DOENTE COM CA-
TETER COMO ACESSO VASCU-
LAR PARA HEMODIÁLISE
O doente é o principal interveniente na preservação > Evite que o cateter entre em contacto com água,
do acesso vascular. O ensino da equipa de enfermagem protegendo-o durante a sua higiene;
tem por objectivo a permanência deste tipo de acesso
com o mínimo de complicações, garantindo que o > Compreender a importância do uso de uma más-
doente: cara cirúrgica para prevenção da entrada de mi-
croorganismos na circulação sanguínea;
> Mantenha o penso do cateter limpo e seco;
> Identifique sinais de infecção e notifique a equipa
> Assegure que a pele em redor do local de inserção médica e de enfermagem da Unidade de Hemo-
do cateter está limpa e que o penso é refeito em diálise;
todas as sessões de hemodiálise;
> Compreender a relação entre o fluxo sanguíneo e
> Possua bolsas de protecção de reserva em casa a eficácia dialítica, o objectivo de Kt/V definido e
para poder substituir em caso de acidente; monitorize a cada sessão o resultado final do seu
tratamento.
> Não retire as tampas do cateter, pois a exposição
ao ar aumenta o risco de infecção;
128
129
VIGILÂNCIA DOS ACESSOS
VASCULARES NA UNIDADE
DE HEMODIÁLISE
130
COORDENAÇÃO DE ACESSOS VASCULARES NA UNIDADE DE
HEMODIÁLISE
131
5
COORDENAÇÃO DE ACESSOS
VASCULARES NA UNIDADE DE
HEMODIÁLISE
A estratégia para a coordenação dos acessos vascu- A coordenação inicia-se na sala de hemodiálise com
lares passa pelo envolvimento de todos os profissio- a intervenção dos enfermeiros na avaliação e canu-
nais com o objectivo de preservar os acessos vascu- lação do acesso vascular. Como referimos inicial-
lares arteriovenosos, reduzir o número de cateteres mente, a equipa de enfermagem deve estar atenta
de longa duração e da taxa de incidência de infecção a sinais e sintomas que sugerem problemas com o
relacionada com o AVH. acesso vascular. Uma identificação precoce, o regis-
to e a transmissão de informação ao médico residen-
O estabelecimento de processos de comunicação te promove uma actuação atempada por parte do
eficientes que promovam uma coordenação entre as Nefrologista responsável pelo doente (organigrama
equipas para a resolução dos problemas do doente, da coordenação de acessos vasculares).
garantindo a identificação dos acessos problemáti-
cos e planeamento da vigilância e soluções adequa- A estrutura recomendada para a equipa de coorde-
das, o registo de todas as incidências relacionadas nação de acessos vasculares inclui um nefrologista,
com os acessos e apresentação dos resultados ao um enfermeiro e uma administrativa, actuando em
staff da unidade, são os principais objectivos da equi- interacção com a equipa de enfermagem e médica,
pa de coordenação de acessos vasculares. na definição individualizada de soluções para cada
acesso vascular.
Em cada Unidade de Hemodiálise devem ser imple-
mentados protocolos de canulação do acesso vascu-
lar, prestação de cuidados ao doente com cateter e
prevenção da infecção, com realização de acções de
formação e implementação de projectos de inves-
tigação, com o objectivo de melhorar a utilização e
monitorização dos acessos vasculares.
132
ORGANIGRAMA DA COORDENAÇÃO DOS ACESSOS
VASCULARES
EQUIPA DE COORDENAÇÃO
DE ACESSOS VASCULARES
NEFROLOGISTAS
133
5
CLASSIFICAÇÃO DOS ACESSOS
VASCULARES PARA
HEMODIÁLISE
134
A aplicação deste protocolo pretende que todo o staff A identificação dos doentes com cateter é importante
da Unidade de Hemodiálise, de forma tranversal, iden- para que o enfermeiro faça precocemente o planea-
tifique o tipo de acesso vascular (arteriovenoso ou ve- mento dos cuidados a prestar. Para a equipa de coor-
noso). A classificação da facilidade de canulação e da denação de acessos vasculares é fundamental que os
qualidade do acesso vascular arteriovenoso permite ao doentes com cateter, bem como os doentes com acesso
profissional compreender se as suas competências são vascular arteriovenoso em fase de maturação, estejam
adequadas para a abordagem do acesso vascular. A devidamente referenciados. Isto permite um acompa-
partilha de experiências entre os diferentes elementos nhamento directo por parte da equipa, informando o
da equipa é importante, no entanto cada enfermeiro enfermeiro da necessidade da avaliação do acesso re-
deve ter consciência das suas capacidades na canula- centemente construído.
ção de um acesso vascular. Cabe ao enfermeiro coor-
denador da equipa de acessos vasculares adequar as O bom senso, a prática e os conhecimentos científicos
competências dos seus elementos aos acessos vascula- da profissão de enfermagem, potenciados pela experi-
res existentes. Desta forma, é importante classificar os ência adquirida através da prática profissional na área
acessos vasculares que se encontram a ser canulizados da Nefrologia, permitem a tomada de decisões que vão
pelas primeiras vezes, os acessos recentes ou revistos, muito além de protocolos institucionalizados. Este pro-
com dificuldade na canulação e com hematoma recente tocolo tem como objectivo definir acções e estabelecer
(<15 dias) e os acessos vasculares com problemas na uma referenciação para médicos, enfermeiros e equipa
canulação, com um Qa inferior a 400 (FAV) ou a 600 de acessos vasculares, promovendo um necessário
(prótese arteriovenosa) e dificuldade na hemostase. acompanhamento dos acessos vasculares dos doentes
Nestes casos, é fundamental a comunicação ao médico pertencentes a uma Unidade de Hemodiálise.
para o desenvolvimento de um trabalho multidisciplinar
atempado para a resolução dos problemas relacionados
com o acesso vascular do doente e eventual encaminha-
mento para a consulta de cirurgia vascular.
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CONSIDERAÇÕES
FINAIS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Como já foi dito, o acesso vascular é um dos facto- É fundamental que a actuação do enfermeiro privilegie
res mais importantes no sucesso da eficácia do tra- a adopção das melhores práticas de hemodiálise,
tamento dialítico. adequando-as da melhor forma à sua prática diária.
139
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1Cattedra di Nefrologia Università di Brescia, Brescia, 2Divisione di Nefrologia e Dialisi, Cremona and 3Divisione di Nefrologia e
> Correspondence and offprint requests to: Dr. Giuliano Brunori, Chair and Department of Nephrology,
University and Spedali Civili; Piazza Ospedale 1, 25123 Brescia, Italy. Email: gcbrunori@hotmail.com .
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- Orgão Oficial da Regional do Rio de Janeiro/ Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
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Título
Manual de Acessos Vasculares
Design e Paginação
Grey Group
Edição
Fresenius Medical Care
Coordenação
Direcção de Enfermagem
Direcção de Comunicação
Revisores
Direcção de Enfermagem
Maria de Jesus Salgueiro (Enfermeira-Chefe na Clínica NephroCare Lumiar)
Telmo de Carvalho (Enfermeiro na Clínica NephroCare Lumiar)
Filomena Vieira (Enfermeira-Chefe na Clínica NephroCare Braga e Comissária)
Impressão
xpto
Tiragem
300 exemplares
Ano
Janeiro de 2011