Você está na página 1de 28

Vias de Acesso mais

Utilizadas na Cirurgia
Vascular

Rossi Murilo da Silva


Ivanésio Mer/o
Car/os José de Brito

. REGIÃOCERVICAl
u VIA DEACESSOAOS VASOSSUBCLÁVIOS
11 VIA DEACESSOSUPRAClAVICUlAR
VARIAÇÕESTÉCNICASDAS VIAS DEACESSOÀ SUBCLÁVIA
VASOSAXilARES
BRAQUIAl NO TERÇOMÉDIO DO BRAÇO
.
. BRAQUIAl AO NíVELDA PREGADE FlEXÃO
ARTÉRIARADIAL AO NíVELDO PUNHO
.. ARTÉRIAUlNAR AO NíVELDO PUNHO
EXPOSiÇÃODA AORTAE SEUSRAMOS
VIA DEACESSOÀ AORTATORÁClCA
VIA DEACESSOÀ AORTAABDOMINAL
. EXPOSIÇÃODA AORTASUPRA-RENAL
EXPOSIÇÃODOS VASOSILÍACOS
VASOSFEMORAISAO NíVELDO TRíGONOFEMORAl
I EXPOSIÇÃOMEDIAl DOSVASOSPOPLÍTEOS
INFRAGENICUlARESE SEUSRAMOS
EXPOSIÇÃOPOSTERIORDOSVASOSPOPlíTEOS
.. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

-- -
Seção I
CAPíTULOSBÁsICOS

Na cirurgia vascular a escolha de uma via de acesso ade-


quada pode estabelecer o prognóstico de uma patologia.
Hoje, já consolidamos alguns acessos aos vasos, des-
critos inicialmente por Fiole e Delmas, em 1917.1
A exposição e a individualização dos vasos de forma
técnica e segura necessitam de uma via de acesso ade-
quada, o que diminui o trauma cirúrgico.
O conhecimento da anatomia de uma determinada
região do corpo é um pressuposto na realização de qual-
quer via de acesso através dos tecidos, objetivando os
vasos-alvo. É necessário conhecer as possíveis variações ana- Fig. 4-2. Zonas
tõmicas dos vasos e suas mais freqüentes apresentações.2 cervicais descritas por
Monson.
Os princípios técnicos de um acesso cirúrgico ba-
seiam-se em alguns aspectos, tais como: os pontos anatõ-
micos de referência, a posição do paciente, a incisão e os secção e de seus limites, e o posicionamento do paciente
planos de dissecção. O cirurgião que dominar esses 4 as- visando a superficialização das estruturas do pescoço.
pectos conseguirá realizar uma boa diérese. Talvez pu- Posição do paciente. A posição do paciente deve ser o de-
déssemos sintetizar bem uma via de acesso ideal, pelo
cúbito dorsal, com os braços posicionados ao longo do
que é expresso na frase do cirurgião Ross Dunn: "If you
corpo sobre a mesa cirúrgica. Colocação de 1 coxim circu-
can bloodywellseeit, you can bloodywell do it".3
lar tipo "rolo", macio, sobre os ombros, fazendo com que
O objetivo desse capítulo é justamente descrever as
h::yauma pequena elevação do tropco. A cabeça deverá fi-
principais vias de acesso utilizadas na cirurgia vascular
car em discreta hiperextensão, apoiada em coxim circun-
(Fig. 4-1).
ferencial, tipo "rodilha" e virada para o lado oposto ao da
. ---..-- região a ser operada. Esta posição deve ser confortável e
REGIÃO CERVICAL somente realizada após manipulação anestésica (Fig. 4-3).
--- --- - --- - -- - ---
CARÓTIDA E SUA BIFURCAÇÃO Pontos anatômicos de referência. Os pontos anatõmicos
que auxiliam na incisão são o processo mastóide, a inci-
A carótida tem seu tr::yeto em 3 regiões anatõmicas, des- sura jugular (fúrcula esternal), o ângulo da mandíbula, a
critas por Monson et al.4 A zona I estende-se da base do cartilagem tireóide e, principalmente, o músculo ester-
pescoço até uma linha imaginária que passa paralela- nocleidomastóideo.
mente a 1 cm da clavícula. A zona 11vai da linha imaginá-
Incisão. A incisão é realizada sobre a borda medial do
ria a 1 cm acima da clavícula até o ângulo da mandíbula.
E a zona 111limita-se do ângulo da mandíbula até a base músculo esternocleidomastóideo, de forma oblíqua, com
do crânio (Fig. 4-2). uma curvatura posterior proximal, ao nível do lobo da
No acesso à carótida e sua bifurcação são necessários orelha, direcionando-se para a mastóide, que tem por ob-
o conhecimento dos planos anatõmicos da região cervi- jetivo a dissecção em plano mais proximal da carótida in-
cal, os pontos de referência que indicam os locais da dis- terna e, ainda, sair da região do nervo hipoglosso. A dis-
secção na borda do esternocleidomastóideo (ECM) apre-
senta vantagens sobre a incisão na projeção da pulsatili-

Fig. 4-3. Posição do


Fig. 4-1. Principais paciente e incisão na
vias de acesso aos região cervical -
vasos. zona 11.
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

Fig.4-6.
Fig. 4-4. Rebatimento Individualizaçãodo
lateral do ECM com nervo vago e
exposição da veia apresentação da
jugular interna. carótida interna.

dade, devido ao menor número de pequenas estruturas forme descrito por Hertzer.6 A rotina na dissecção dos 3
arteriais e venosas, que exigem as suas ligaduras, e que, segmentos da carótida evita as lesões indesejáveis. A
ocasionalmente, provocam processos hemorrágicos, tor- carótida comum deve ser liberada dos tecidos conjunti-
nando a dissecção medial mais tediosa (Fig. 4-4).5 vos frouxos, que estão na sua face póstero-Iateral, com o
Os planos anatômicos podem ser de forma cirúrgica devido cuidado para não lesar o nervo vago, reparando a
divididos em superficial e profundo pelo músculo ester- artéria com a fita vascular. A carótida interna pode ser
nocleidomastóideo. No superficial, pele, subcutâneo, dissecada em seu plano mais róstero-Iateral, acompa-
músculo platisma e fáscia cervical superficial. No subcutâ- nhando o tronco da carótida comum, até um nível mais
neo, às vezes, é necessário fazer a ligadura da veia jugular proximal, com individualização da carótida, evitando o
externa e rebater os ramos nervosos cervicais transversos. nervo laríngeo superior. A carótida externa é mobilizada
A fáscia cervical faz uma bainha para o músculo esterno- e dissecada até um pouco além do primeiro ramo, que é
cleidomastóideo que, no seu terço proximal, é mais tênue. a artéria tireóidea superior. O nível proximal da libera-
O músculo é rebatido lateralmente, com exposição da veia ção das carótidas interna e externa é habitualmente o
jugular interna, onde se observa uma importante tributá- nervo hipoglosso, cordão nervoso, facilmente identifica-
ria, que é a veia facial, e a alça cervical, que é responsável do na dissecção do ângulo proximal da incisão.
pela inervação dos músculos infra-hióideos. Esta veia é Somente após dissecção, individualização e reparo
normalmente ligada, permitindo a mobilização da veia da carótida comum, interna e externa, é que fazemos a
jugular interna. O nervo pode ser rebatido ou seccionado mobilização do seio carotídeo. Inicialmente, o vértice da
sem maiores conseqüências (Figs. 4-5 e 4-6). bifurcação da carótida deve ser anestesiado com xilocaí-
Após estas manobras, a dissecção pode ser desenvol- na 1%, para evitar reflexos decorrentes da inervação do
vida. Um cuidado importante na dissecção da carótida é glossofaríngeo. O seio carotídeo apresenta 2 importantes
com o nervo vago, localizado entre aveia jugular interna receptores: o barorreceptor e o quimiorreceptor, que, em
e a carótida comum, em um plano mais profundo, sendo suas manipulações, podem levar a bradicardia e hipoten-
o nervo mais comumente lesado nessa via de acesso con- são, comprometendo o ato cirúrgico.
A restauração dos planos anatômicos da região deve
ser precedida de drenagem fechada por sucção, para evi-
tar formação de hematomas e monitorizar um eventual
sangramento. A síntese ocorre em planos musculares
através da fáscia do músculo esternocleidomastóideo, do
músculo platisma e da pele.
Algumas alternativas técnicas podem ser tomadas
para uma abordagem mais proximal da carótida interna.
Normalmente, é possível fazer uma exposição adicional
de 2 ou 3 cm da carótida interna. Quando o procedimen-
to é eletivo, a intubação deve ser a nasal, o que facilita a
Fig. 4-5. Secção e subluxação da mandíbula.
ligadura da veia facial
para exposição da 1. Ressecção do processo mastóide: a ressecção é reali-
bifurcação carotídea. zada com serra elétrica, junto com a inserção do mús-
Seção I
CAPíTULOS
BÁSICOS

culo esternocleidomastóideo, que será rebatido dis- 5. Acesso retrojugular: tais alternativas técnicas têm
talmente. No momento da osteotomia deve-se ter cui- sido preteridas nas cirurgias eletivas, por apresenta-
dado com o nervo facial, que tem sua concavidade na rem alta taxa de morbidade. O procedimento endo-
face medial do processo mastóide. vascular tem mostrado melhores resultados nas lesões
2. Ressecção do processo estilóide: permite o acesso altas no pescoço, onde a:dissecção é mais trabalhosa.
da carótida interna próximo ao canal carotídeo. É
preciso realizar a fratura da ponta do processo estilói- DERIVAÇÃO CAROríDEO-CAROríDEA
de, e o rebatimento do músculo estilóide com afasta- O envolvimento da doença aneurismática no arco aórti-
dor maleável. Um cuidado especial deve ser tomado co compromete a circulação cerebral em razão das suas
com 'a mobilização do XII par craniano e sua divisão. ongens.
Um pouco mais proximal, observamos o nervo glos- O tratamento endovascular do aneurisma que atinge
sofaríngeo. A hemostasia deve ser rigorosa e com a esse segmento aórtico pode necessitar de uma derivação
utilização do bisturi bipolar.7 carotídeo-carotídea prévia ao recobrimento da origem da
3. Secção do músculo digástrico: a porção posterior do carótida.
músculo digástrico deve ser seccionada perpendicu- Freqüentemente são utilizadas duas incisões ântero-
larmente às suas fibras, expondo a origem da veia ju- laterais: uma doadora e outra receptora. Apesar de não
guIar interna, o músculo estilo-hióideo, o nervo glos- infl.uenciarem hemodinamicamente, as incisões são rea-
sofaríngeo, além do segmento mais distal da carótida lizadas em níveis diferentes. Com área doadora em um
interna (Figs. 4-7 a 4-9). plano mais inferior que a área receptora (Fig. 4-11).
4. Subluxação da articulação temporomandibular (ATM): A posição do paciente e a técnica de acesso já foram
a subluxação da ATM cria um espaço anatômico, que descritas nesse capítulo. A derivação é feita com enxerto de
o cirurgião utiliza no acesso alto da carótida interna PTFE com reforço externo através de um túnel na região
(Fig. 4-10).8.9 retrofaríngea para diminuir o tamanho da ponte (Fig. 4-12).

Fig. 4-9. Rebatimento


proximal do músculo
Fig. 4-7. Secção do estilo-hióideo para
músculo digástrico no exposição da carótida
acesso alto da interna junto à base
carótida interna. do crânio.

Fig. 4-8. Exposição do


nervo hipoglosso, do Fig. 4-10. Subluxação
nervo glossofaríngeo da ATM para
e do músculo exposição alta da
estilo-hióideo. carótida interna.
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

V4

V3

V2

V1

Fig.4-U
Fig. 4-11. Incisões Segmentações da
cervicais combinadas. artéria vertebral da
origem até a artéria
basilar.

qüentemente, a artéria tireóidea inferior está posiciona-


da transversalmente, devendo ser ligada. Com o rebati-
m'ento lateral do músculo escaleno anterior, a artéria ver-
tebral é identificada. Nessa manobra deve-se ter o cuida-
do de não lesar o nervo frênico (Figs. 4-14 e 4-15).
Para a exposição dos segmentos V2 e V3, é necessá-
rio alargar a incisão no sentidoproximal (Fig. 4-16).

Fig. 4-12. Derivação


carotídea-carotídeo
retrofaríngea com
PTFE.

VERTEBRAL
As artérias vertebrais ascendem na região cervical através
de um conduto osteomuscular formado pelos forames
transversos das vértebras cervicais e, entre os forames, Fig. 4-14. Acesso
supraclavicularpara a
pela cobertura musculotendinosa da musculatura espinal. vertebral. Mobilização
A exposição da artéria vertebral no pescoço requer o da bainha carotídea.
conhecimento da divisão em 4 segmentos proposto por Secção do músculo
Berguer.IO omo-hióideo e da
veia jugular externa.
O segmento (VI) vai da origem da subclávia até a en-
trada da artéria no forame transverso de C6. O segmento
(V2) é interósseo, e estende-se do forame transverso de
C6 até o forame transverso de C2. O terceiro segmento
(V3), limita-se do forame transverso de C2 até a base do
crânio. O segmento intercraniano (V4) compreende a por-
ção que vai da membrana atlantoccipital até a artéria
basilar (Fig. 4-13).
O acesso cervical anterior, semelhante ao utilizado
para a exposição da carótida, é suficiente para abranger
os 3 primeiros segmentos da vertebral (VI, V2 e V3). A
incisão deve ser alargada, estendendo-se do processo mas-
tóideo até a incisura jugular. A exposição da vertebral,
\ Fig. 4-15. Após
mobilizaçãoda
bainha, afastamento
da gordura
segmento VI, é alcançada próxima à clavícula. Após a dis- pré-escalênicapara
secção da bainha carotídea e a secção do músculo orno- exposição da artéria
hióideo, o feixe carotídeo é rebatido medialmente. Fre- vertebral.
Seção I
CAPíTULOSBÁsICOS

téria transversa do pescoço ou cervical transversa, e arté-


ria supra-escapular) e a artéria torácica interna.ll,12
A segunda porção da artéria subclávia, a posterior, si-
tua-se posteriormente ao músculo escaleno anterior. Um
único ramo arterial é encontrado neste segmento, o tron-
co costocervical (artéria intercostal suprema e artéria
Fig. 4-16. Acesso ao cervical profunda).
segmento V3 da A terceira porção da artéria subclávia é a lateral e es-
vertebral entre (1 e
tende-se desde a borda lateral do músculo escale no ante-
(2 para ligadura. É
necessário rebater o rior até a borda lateral da primeira costela.
músculo elevador da A veia subclávia começa na margem lateral da pri-
escápula e palpar o meira costela, em seqüência à veia axilar. Tem como tri-
processo transverso butária aveia jugular externa, e, ao nível da borda medial
de (1.
do escaleno anterior, une-se à veia jugular interna, para
formar a veia braquiocefálica.
Uma opção no acesso ao segmento V2 tem sido a O ducto torácico começa no abdome, originando-se
possibilidade da técnica endovascular, já que esse segmen- da cisterna do quilo. Tem trajeto ascendente, penetran-
to é intra-ósseo e seu acesso cirúrgico é complexo, princi- do rio tórax através do hiato aórtico do diafragma, até o
palmente no controle de hemorragia. medias tino superior. Direciona-se para esquerda, acom-
O controle hemorrágico do segmento V3 é mais fa- panhando a margem do mesmo lado do esôfago. Se-
cilmente atingido com a ligadura da artéria no espaço en- gue-se até o processo transverso da 7~ vértebra cervical,
tre os processos transversos de C1 e C2. curvando-se de forma látero-posteÍ'ior ao feixe carotídeo,
O acesso ao segmento V4, intracraniano, é realizado chegando à borda medial do músculo escaleno anterior,
onde desemboca na veia braquiocefálica esquerda, ou em
pelo neurocirurgião.
1 das 2 veias que a formam.
-- --
VIA DE ACESSO AOS VASOS SUBCLÁVIOS
VIA DE ACESSO SUPRACLAVICULAR
--
A via de acesso aos vasos subclávios pode apresentar al- Posição do paciente. Decúbito dorsal, com a cabeça ro-
gumas variações de incisão, dependendo do segmento dada para o lado oposto. O braço ao longo do tronco
que se deseja atingir, assim como do lado a que se direci- provoca uma depressão no ombro. Um coxim interesca-
ona o tratamento.
pular pode ajudar a fazer esta depressão.
Uma revisão anatômica da região é necessária, toman-
Incisão cutânea. Realizada a 1 cm acima da borda supe-
do conhecimento das principais estruturas supraclavicula-
rior da clavícula, tendo sua origem ao nível da articulação
res e subesternal que abrangem os vasos subclávios.
esternoclavicular, direciona-se lateralmente em uma ex-
A artéria subclávia direita origina-se do tronco bra-
tensão que varia de 8 a 10 cm (Fig. 4-17).
quiocefálico, posteriormente à articulação esternoclavi-
cular direita. Dirige-se para cima e lateralmente, curvan-
do-se ligeiramente para trás do músculo escaleno ante-
rior e, na borda lateral da primeira costela, continua-se
como artéria axilar.
A artéria subclávia esquerda nasce da croça da aorta,
ligeiramente posterior à carótida comum esquerda. As-
cende até o pescoço e, a seguir, arqueia-se lateralmente
de forma similar à artéria subclávia direita.
Para fins descritivos, é comum dividir a artéria sub-
clávia em 3 porções com relação ao músculo escaleno an-
terior.
Fig. 4-17. Incisão
A primeira porção da artéria subclávia é a medial, que para acessar a
se tende da sua origem até o músculo escaleno anterior. segunda porção da
Os ramos arteriais deste segmento são a artéria verte- subclávia
bral, o tronco tireocervical (artéria tireóidea inferior, ar- (supraclavicular).
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

-- - - --.
\ .
\. VARIAÇÕES TÉCNICAS DAS VIAS DE
ACESSOÀ SUBCLÁVIA
- -- -- - ---
TORACOTOMIA ÂNTERO-LATERALESQUERDA
Principalmente para a exposição do 12 segmento da arté-
ria subclávia esquerda e também da origem da carótida
Fig.4-18. comum esquerda.
Secçãodo músculo Normalmente a via de acesso é anterior, através do 42
esternocleidomastóideo. ou 52 espaço intercostal. Na mulher, realiza-se na região
Ampliação do campo inframamária.
operatório com melhor
visibilidadedas Posição do paciente. Decúbito dorsal. Colocação de co-
estruturas. xim sob a escápula esquerda, com elevação do hemitórax
de aproximadamente 20°.
Planos anatômicos de referência. A incisão cutânea apro- Pontos de referência. Borda lateral do esterno, linha axi-
funda-se pelo tecido subcutâneo, músculo platisma e fás- lar média, borda superior da costela e espaço intercostal.
cia cervical superficial. Neste plano, visualiza-se a veiaju- Incisão: Incisão curva e transversa, abaixo do mamilo, e,
guIar externa, que pode ser ligada. Medialmente, o mús- na mulher, abaixo da mama, preferencialmente no 52 es-
culo esternocleidomastóideo é observado. A incisão do
paço intercostal (Fig. 4-20).
seu feixe lateral (clavicular) permite acesso mais amplo às
estruturas supraclaviculares (Fig. 4-18). Os prolongamen- Planos anatômicos. Pele, subcutâneo, fáscia do peitoral
tos medial e lateral dependem das estruturas que se de- maior e músculo peitoral maior, que deverá ser divulsio-
seja atingir. nado. Miotomia do músculo intercostal próxima à borda
superior da costela inferior (Fig. 4-21). Nessa secção, em
O músculo omo-hióideo é identificado e seccionado.
plano subjacente, encontramos a artéria e a veia torácica
Observa-se então o coxim adiposo pré-escaleno. Essa mas- interna, que deve ser ligada. Após a abertura da pleura
sa deve ser mobilizada superior e lateralmente, após libe- parietal, o pulmão é visualizado e já deve estar colapsa-
ração de sua face medial e inferior, junto com a abertura do. Com essa exposição é possível observar a pleura me-
da fáscia cervical média, expondo desta forma o músculo diastinal superposta ao arco aórtico. A incisão dessa pleu-
escaleno anterior. Neste plano, observa-se na borda me- ra verticalmente expõe a origem da artéria subclávia es-
dial do músculo escaleno anterior o nervo frênico, que querda (Fig. 4-22).
deve ser dissecado e reparado medialmente de forma
cautelosa. A miotomia do escaleno pode ser realizada TRONCO AXILOSSUBCLÁVIO COM RETIRADA
com bisturi elétrico e o mais proximalmente possível.
DE SEGMENTO DA CLAVíCULA
Visualizam-se a artéria subclávia e seus ramos, que po-
dem ser reparados para facilitar a mobilização da artéria Detalhes técnicos serão discutidos adiante, quando des-
(Fig.4-19).12 creveremos acessos combinados para a artéria axilar.

Fig.4-19.
Escalenotomia.
Isolamento da artéria Fig.4-20. Incisão do
subclávia e reparo 52 ElE. Na mulher,
dos seus principais realiza-sena região
ramos. inframamária.
Seção I
:fI
CAPíTULOSBÁSICOS

Posição do paciente. Decúbito dorsal, com colocação do


coxim interescapular. Hiperextensão do pescoço e rota-
ção para o lado oposto ao do prolongamento clavicular.
Pontos anatômicos de referência. Manúbrio esternal,
processo xifóide e clavícula.
Incisão cutânea. Longitudinal a partir do manúbrio es-
ternal até um dos lados do processo xifóide. Havendo a
necessidade de prolongamento, este será realizado atra-
vés de uma incisão paralela à clavícula, 1 cm acima da sua
Fig. 4-21. Miotomia borda superior, contornando a articulação esternoclavi-
do intercostal junto à cular (Fig. 4-23).
borda superior da
costela. Planos anatômicos. A abertura do periósteo é feita pelo
eletrocautério (Fig. 4-24). Antes da abertura do esterno,
deve-se liberar a face subesternal, de tecidos subjacentes,
evitando lesões do pericárdio. A tunelização posterior é
conseguida com a dissecção digital superior e inferior da
face posterior do esterno (Fig. 4-25). A osteotomia do es-
terno é seguramente realizada pela serra elétrica, deven-
do-se fazer uma hemostasia eficaz da medula óssea, ge-
ralmente responsiva à eletrocoag1Jlação.

Fig. 4-22. Sob a


pleura mediastinal,
observa-se o arco
aórtico e a origem da
artéria subclávia
esquerda.

ESTERNOTOMIA MEDIANA
Utilizada para abordar o tronco braquiocefálico, 1Q seg- Fig.4-23.
mento da subclávia direita e a origem das carótidas co- Esternotomia
muns. A porção torácica da subclávia esquerda também completa.
pode ser abordada por esta via. Prolongamentos
A via de acesso pela esternotomia permite atingir os superiores para
abordagem de ramos
grandes vasos da base, que se originam da croça da aorta supra-aórticos.
ou de veias que confluem em grandes troncos venosos,
que formam a veia cava superior.
A dificuldade técnica do acesso não se restringe ape-
nas à presença de um forte arcabouço ósseo, mas tam-
bém à pouca experiência adquirida pelos cirurgiões vas-
culares. Para as lesões crônicas isquêmicas ou aneurismá-
ticas, alternativas técnicas podem ser utilizadas, inclusive
com procedimentos endovasculares. O conhecimento e
o manuseio desta via são importantes principalmente nas
lesões agudas.
Para uma melhor exposição da artéria subclávia es-
querda (porção intratorácica), tronco braquiocefálico, sub-
clávia direita (I;! porção) e carótida comum esquerda, rea- Fig.4-24. Incisãodo
liza-se uma esternotomia mediana completa, com prolon- periósteo esternal
gamento transversal supraclavicular direito, acima e em realizada com bisturi
elétrico.
paralelo com a clavícula.13
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

Fig.4-27.
Mobilizaçãoda veia
I
1 Fig. 4-25. Tunelização braquiocefálicapara
subesternal após exposiçãoda origem
abertura proximal e da carótidacomum
dista!. esquerda.

o timo remanescente pode ser retirado ou incisado VASOS AXILARES


de forma longitudinal, sem riscos de alterações circulató- .,..- -.. - ---
rias, em razão da nutrição lateral abundante. Atenção maior A exposição dos vasos axilares exige um conhecimento
deve ser dada às veias que drenam para a veia braquiocefá- anatômico vasto dessa região. Estruturas nervosas que se
lica esquerda que, na manipulação, podem lacerar esta encontram nessa área são responsáveis pela função sensi-
veia, levando a um processo hemorrágico intenso. tiva e principalmente motora elo membro superior. Ra-
A veia braquiocefálica esquerda está anteriormente à mos arteriais formam importantes circulações colaterais,
origem do tronco braquiocefálico, o que dificulta o aces- que permitem manter a viabilidade do membro, quando
so a esse vaso. É necessário o envolvimento desta veia com
um segmento da artéria axilar não estiver pérvio, além
uma fita vascular, permitindo sua mobilização proximal das confluências venosas que se fazem nessa região.
e distal.
Os planos musculares que limitam a parede anterior
A aorta ascendente apresenta-se envolvida por uma da axila são duas e têm influência direta sobre a via de
reflexão do pericárdio, que deve ser incisada longitudi- acesso. No plano mais superficial, encontramos o múscu-
nalmente (Fig. 4-26). lo peitoral maior e sua fáscia, e, no plano mais profundo,
A origem da carótida comum esquerda pode ser al- o músculo peitoral menor e a fáscia clavipeitoral. A claví-
cançada em um plano mais profundo e lateral (Fig. 4-27). cula faz com os músculos deltóide e peitoral maior um
Para melhor visualização da bifurcação do tronco bra-
triângulo denominado delto-clavipeitoral, onde habitual-
quiocefálico, o prolongamento da incisão, em direção à mente encontramos a veia cefálica, que aprofundará para
borda superior da clavícula, toma a abordagem mais abran- alcançar a veia axilar.
gente, evidenciando segmentos da carótida comum direi- A artéria axilar inicia-se na borda lateral da primeira
ta e artéria subclávia direita. costela e vai até a borda inferior do músculo redondo mai-
or. Topograficamente, podemos dividi-Ia em 3 segmentos.
O 12vai da borda lateral da li! costela até a borda superior
do músculo peitoral menor, emitindo apenas um ramo ar-
terial, que é a artéria torácica superior. A 2i!porção é a sub-
muscular, coberta pelo músculo peitoral menor e, neste
segmento, libera 2 ramos arteriais, que são as artérias tora-
coacromial e artéria torácica lateral. A 3i!porção compreen-
de o segmento entre a borda inferior do músculo peitoral
menor e a borda inferior do músculo redondo maior.
Este 32 segmento tem uma relação muito próxima com
ramos do plexo braquial. Nesta parte, apresenta 3 ramos:
Fig. 4-26. Exposição artéria subescapular, artéria circunflexa anterior do úme-
da veia
ro e artéria circunflexa posterior do úmero.
braquiocefálica
anteriormente ao A via de acesso aos vasos axilares pode ter diferentes
tronco formas de abordagens: abordagem subclavicular, aborda-
braquiocefálico. gem deltopeitoral, conhecida como acesso de Duval,
Seção I
CAPíTULOSBÁsICOS

abordagem transpeitoral, abordagem subpeitoral e abor-


dagens combinadas, em que há utilização de duas ou mais
abordagens anteriormente descritas. Cada abordagem tem
'i
sua particularidade.l4
A via de acesso subclavicular permite a mobilização --
do 1Q segmento dos vasos axilares. A abordagem deIto-
peitoral permite a exposição, ainda que inadequada, pela
dissecção muscular, de todas as estruturas neurovascula-
res da região axilar. Fig. 4-29.
Outra variante técnica, a transpeitoral, é utilizada pa- Rebatimento do
ra expor artéria e veia axilar, com incisão dos músculos músculopeitoral
maior e secção do
peitoral maior e menor.
músculopeitoral
Estas formas alternativas de acesso aos vasos axilares menor.
são quase exclusivas para um determinado segmento
destes vasos.
A via de acesso subclavicular é utilizada como área culares do músculo peitoral maior podem ser afastadas.
É possível alcançar a veia cefálica em um acesso alto para
de origem na realização de um bypassaxilofemoral. Com
os vasos axilares, habitualmente encontrada entre as mas-
esta via, o segmento inicial da artéria axilar pode ser ex-
sas musculares dos músculos peitoral maior e deltóide.
posto e mobilizado.
Após o afastamento do músculo peitoral maior, atingi-
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com membro su- mos a fáscia clavipeitoral (deltopeitoral) e o músculo pei-
perior do lado a ser tratado colocado ao longo do tronco, toral menor. A abertura da fáscia pá acesso aos vasos axi-
com ligeira flexão do cotovelo. Esta posição é recomen- lares, e para uma melhor mobilização da artéria axilar, a
dada por Kaj ]ohansen e tem a vantagem de fazer com incisão do músculo peitoral menor deve ser feita o mais
que as estruturas vasculares fiquem em seu plano mais alto possível, pela menor quantidade de fibras muscula-
próximo do plano cutâneo.15 res nesta parte do músculo (Fig. 4-29). O ramo toracoa-
Pontos de referência. A cabeça esternal da clavícula, a cromial deve ser ligado para facilitar o acesso. Os ramos
própria clavícula e a depressão formada pelo sulco delto- nervosos desta região devem ser preservados. O reparo
peitoral. da artéria com fita vascular ou vesselloop torna a dissec-
ção menos trabalhosa (Fig. 4-30).
Incisão. Inicia-se lateralmente à cabeça esternal da claví-
Para maior segurança e eficácia no tratamento das
cula, aproximadamente 2 cm abaixo, direcionando para lesões axilares, as vias de acesso combinadas têm melhor
lateral, ligeiramente oblíqua, de tamanho próximo a 8 cm indicação. As duas mais utilizadas são a deltopeitoral sub-
(Fig. 4-28).
clavicular e a subpeitoral axilar. A via de acesso deltopeito-
Planos anatômicos. Na abertura dos planos cirúrgicos ral subclavicular expõe toda a extensão dos vasos axilares.
visualizamos fibras musculares do platisma, que são di- Uma via de acesso combinada muito importante no
vulsionadas, encontrando-se a fáscia muscular do múscu- trauma vascular, por sua abrangência, é a via de acesso
lo peitoral maior. Após a incisão da fáscia, as fibras mus- ao tronco axilossubclávio, descrita por FioUe et Delmas,l

Fig. 4-28. Incisão Fig. 4-30. Reparo da


subclavicular para artéria axilar com fita
axilar direita. vascular.
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

que preconiza este acesso transclavicular, realizando exé-


rese de segmento da clavícula. Uma variante técnica deste
mesmo acesso é a técnica descrita por Sencert I, que rea-
liza a luxação da articulação esternoclavicular, ao contrá-
rio da retirada do segmento da clavícula (Fig. 4-31).
A preferência de um dos autores é a de Fiolle et Del-
mas que descreveremos a seguir.16
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com colocação de
coxim sob a coluna vertebral e na cintura escapular contra-
lateral, permitindo que a espádua a ser manuseada fique li-
vre para movimentação. O pescoço deverá ficar em hipe-
rextensão e rodada para o lado oposto ao da intervenção. Fig. 4-32. Incisão de
Pontos anatômicos de referência. Convexidade da claví- Fiolle e Delmas.
cula, articulação esternoclavicular e músculo esternoclei-
domastóideo e depressão formada pelos músculos peito- Após a retirada do segmento ósseo o membro supe-
ral maior e deltóide. rior deve ser abaixado, fazendo com que ocorra uma
Incisão cutânea. Inicia-se a partir da borda lateral do mús- grande abertura da axila. Com objetivo de visualizar me-
culo esternocleidomastóideo, acompanhando a direção lhor o campo operatório, é realizada a secção do múscu-
da clavícula, sobre sua borda superior, de tamanho apro- lo subclávio, expondo de forma ampla os vasos axilares.
ximado de 8 cm. É possível identificar a veia cefálica, que, após percorrer
A 211segunda incisão tem seu início a 1 cm do limite o plano subcutâneo, desemboca 1)aveia axilar. Em um seg-
medial da primeira incisão. Direciona-se para borda infe- mento mais proximal, observa-se aveia jugular externa alcan-
çando a veia subclávia. O feixe vasculonervoso axilar, envolto
rior do músculo peitoral maior, em um sentido látero-dis-
tal até a axila (Fig. 4-32). pela fáscia axilar, é constituído pela artéria axilar, veia axilar e
pelos nervos que representam as raízes do plexo braquial.
Planos anatômicos. Após liberação do músculo peitoral
Esta via de acesso permite o isolamento de todo o
maior, seccionam-se as fibras musculares no sentido da
incisão cutânea. segmento da artéria axilar, 22 e 32 segmentos da artéria
subclávia e segmento proximal da artéria braquial. A ar-
Após secção muscular, realiza-se a abdução do mem- téria axilar é facilmente observada, principalmente por
bro superior, que facilita a incisão do plano subjacente estar envolvida por 2 cordões nervosos, raízes lateral e
constituído pela fáscia clavipeitoral. É provável encon- medial do plexo braquial, que formam o nervo mediano.
trar, neste campo operatório, o ramo torácico da artéria Na reconstituição dos planos anatômicos, a miorra-
toracoacromial, que deverá ser ligado. fia faz-se necessária para os músculos subclávio e peitoral
Secciona-se o periósteo da clavícula e, com a rugina, maior. A exérese do segmento da clavícula não compro-
descola-se este periósteo. A osteotomia da clavícula pode mete a função do membro superior e não determina qual-
ser realizada com serra elétrica ou, na falta desta, com a quer deformidade estética de importância.
serra de Gigli. Um segmento de aproximadamente 4 cm
de clavícula é retirado.
DERIVAÇÃO AXILOAXILAR
A possibilidade de realização de um bypassaxiloaxilar sob
anestesia local e em um plano superficial facilita o proce-
dimento cirúrgico e está indicada principalmente em
pacientes que não suportariam uma esternotomia para
uma derivação aortoaxilar. Uma outra situação especial é
observada na realização de "alças de axilar" para a pun-
ção em renais crônicos que estejam em hemodiálise e
que já esgotaram alternativas de acessos.
As artérias axilares são expostas através de incisões
infraclaviculares bilaterais (Fig. 4-33).
Os planos anatômicos já foram descritos nesse capí-
tulo. A derivação é realizada com a utilização de um en-
Fig. 4-31. Incisão de xerto sintético (PTFE ou dácron), em plano subcutâneo
Sencert I. (Fig. 4-34).
Seção I
:#'J

CAPíTULOS BÁsICOS

Posição do paciente. Decúbito dorsal, com abdução do


membro superior a ser incisado em 90° com relação ao
tronco, discreta rotação lateral da mão, mantendo-a em
posição supina. Este membro ficará apoiado sobre uma
mesa lateral auxiliar.

Pontos anatômicos de referência. Os pontos anatômicos


que facilitam a realização do acesso correto são o músculo
bíceps braquial. O músculo tríceps braquial e a depressão
formada entre estes 2 músculos, na face medial do braço.
Fig. 4-33. Acesso
axilar subclavicular Incisão cutânea. O relevo do bíceps braquial, especifica-
bilateral com mente sua borda medial, irá orientar-nos no traçado da
posicionamento da incisão cutânea, devendo ser realizado de forma longitu-
equipe cirúrgica.
dinal, com tamanho que varia habitualmente entre 6 e 8
cm (Fig. 4-35A).
Planos anatômicos. No plano subcutâneo é possível ob-
sen:ar a presença da veia basílica, geralmente em um pla-
no mais posterior que o feixe vasculonervoso braquial.
Esta veia tem formação na prega de flexão do cotovelo
através da confluência da veia basílica do antebraço com
"""-- Fig. 4-34. Derivação
a veia mediana basílica (ou veia intermédia basílica), dire-
axiloaxilarcom PTFE. cionando-se para a veia axilar apÓs perfurar a fáscia bra-
quial em seu terço proximal. Observa-se, então, que ela
apresenta um segmento subcutâneo e outro segmento
subfascial, este mais proximal.
BRAQUIAL NO TERÇO--MÉDIO DO BRAÇO
- ---- A incisão fascial é realizada na mesma direção da inci-
o acesso aos vasos braquiais no terço médio do braço é são cutânea. O rebatimento látero-anterior do músculo
simples devido à anatomia da região e pela superficiali- bíceps braquial expõe o feixe vasculonervoso braquial, que
dade de seus elementos, principalmente nos procedi- é composto pelo nervo mediano, artéria braquial e veias
mentos eletivos. No trauma, com a presença do hemato- braquiais (freqüentemente em número de duas veias).
ma, esta anatomia pode-se apresentar um pouco distorci- Da porção mais superficial para a mais profunda, co-
da, mas, pela facilidade da própria via, é possível esten- mo se observa na Figura 4-35B, o nervo mediano é mais su-
der a incisão, o que permite um acesso com maior segu- perficial em um plano ântero-Iateral. A artéria tem um pla-
rança, alcançando segmentos da artéria em que os teci- no mais medial e posterior que o nervo mediano (Fig.
dos estão mais preservados. 4-35C).

-
'--.".' ......

'\
A B c
Fig.4-35.
(A) Braquial - incisão longitudinal na face medial do braço. (B) Disposiçãoanatõmica do feixe vasculonervoso braquial. Reparo do nervo
mediano. (C) Corte transversal. Relaçãodo nervo mediano com as estruturas vasculares.
Capítulo4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

Este tipo de via de acesso é bastante utilizado para dis- Planos anatômicos. É uma via de acesso superficial, que
secção venosa, no trauma vascular e nas oclusões arte- apresenta no subcutâneo as veias superficiais do antebra-
riais agudas dos membros superiores. ço e suas comunicantes, o que normalmente configura
um desenho em forma de '1M",chamado de '1M"venoso
BRAQUIAl AO NíVEL DA PREGA DE FlEXÃO (Fig. 4-37).
Na constituição do '1M" venoso, observamos a veia
o número elevado de procedimentos invasivos, utilizan-
cefálica do antebraço, que tem seu trajeto na borda ra-
do este segmento dos vasos braquiais, vem causando uma
dial; a veia basílica do antebraço, com seu trajeto ulnar; e
maior incidência de complicações, como alterações is-
a veia intermédia do antebraço em seu plano mediano. A
quêmicas, hemorrágicas e tumorais (pseudo-aneurisma). veia intermédia do antebraço bifurca-se em veia intermé-
Em razão da maior utilização dessa via, as complicações
dia cefálica e intermédia basílica, que vão alcançar as
tornam-se mais freqüentes. Esses procedimentos estão
veias tronculares ao nível da prega de flexão do cotovelo.
correlacionados principalmente a métodos diagnósticos
Estas veias podem ser ligadas, caso dificultem a expo-
e terapêuticos da doença coronariana.
sição alargada dos vasos braquiais. A incisão fascial acom-
Esta via de acesso permite a visualização dos ramos
panha o mesmo sentido da incisão cutânea, em seu terço
terminais da artéria braquial: artérias radial e ulnar. Com
médio, uma expansão fascial do músculo bíceps braquial
a extensão da incisão é possível observar a artéria interós-
cobre fortemente o feixe vasculonervoso braquial e a
sea, habitualmente ramo da artéria ulnar, mas que pode
bifurcação da artéria braquial. A palpação do tendão do
apresentar-se como ramo direto da artéria braquial, for-
bíceps braquial auxilia a dissecção e o isolamento desta
mando com a artéria radial e a ulnar uma trifurcação que
bifurcação. O nervo mediano tem um posicionamento
nutre todo o antebraço e mão.
mais superficial e medial. A artéria
, está lateral ao nervo, e
Posição de paciente. Decúbito dorsal, com membro apoi- as veias estão como satélites da artéria (Fig. 4-38).
ado em mesa auxiliar, e uma abdução de aproximadamen-
te 90° com relação ao corpo, realizando uma discreta fle-
xão do cotovelo e mantendo uma supinação da mão.
Pontos anatômicos de referência. A primeira referência
anatômica é a depressão formada entre os grupamentos
musculares anterior e posterior do braço, 4 a 5 cm acima
da prega de flexão do cotovelo. Com a acentuação da fle-
xão do cotovelo é possível palpar a borda medial do ten-
dão do bíceps braquial. E um terceiro ponto de reparo é a
borda medial do músculo braquiorradial, já na porção
distal do braço.
Fig.4-37. Incisão na
Incisão cutânea. Inicialmente longitudinal, sobre a depres- prega de flexão do
são formada entre o bíceps braquial e tríceps braquial, dire- cotovelo e sua
cionando para a linha média da face anterior do antebraço, relação com o "M"
venoso.
o que lembra uma incisão em "S" itálico. O tamanho da in-
cisão varia na média entre 10 a 12 cm (Fig. 4-36).

Fig. 4-38. Exposição


da braquial e sua
Fig. 4-36. Braquial. bifurcação após
Incisão em "s" itálico secção da expansão
para exposição da aponeurótica do
bifurcação da braquial. bíceps braquial.
Seção I
.lI

CAPíTULOSBÁsICOS

A dissecção vascular entre os músculos pronador re- da mão, com objetivo de superficializar a artéria radial,
dondo e o músculo braquiorradial permite a individuali- mantendo-a em supinação e apoiada sobre a mesa auxiliar.
zação da bifurcação da artéria braquial, com reparo dos Pontos anatômicos de referência. Os pontos de referên-
segmentos proximais das artérias radial e ulnar (Fig. cias para a realização da via de acesso são, lateralmente, o
4-39). Esta bifurcação ocorre com freqüência logo abaixo tendão do músculo braquiorradial e, medialmente, o ten-
da prega de flexão, justamente neste espaço intermuscu- dão do músculo flexor radial do carpo, onde se observa
lar ocupado por tecido conjuntivo frouxo. Estas artérias uma goteira no terço distal do antebraço.
são acompanhadas por duas veias de igual nome. Os va-
sos radiais seguem a mesma direção do músculo braquior- Incisão. A incisão é longitudinal acompanhando a borda
radial. Ramos da artéria radial fazem importante circula- do tendão do músculo braquiorradial, de aproximada-
ção colateral com ramos da artéria braquial. mente 5 cm (Fig. 440).
O ramo medial da bifurcação da artéria braquial é Algumas variações da incisão podem ser encontra-
representado pela artéria ulnar, que toma o tr<yeto disto- das, como a incisão semicircular com concavidade me-
medial no antebraço sobre os músculos flexores comuns dial e a incisão em '1", variação técnica freqüentemente
dos dedos. Também é acompanhada de veias de igual utilizada para confecção de FAV.Estas incisões permitem
nome. Seus ramos fazem importante circulação colateral um melhor acesso à veia cefálica, que passa lateralmente
e, principalmente, o tronco das interósseas tem função ao processo estilóide do rádio.
marcante na compensação da circulação da mão, nas le- Com o rebatimento das bordas da ferida operatória,
sões da artéria braquial e ulnar nos traumas. visualiza-se a fáscia antebraquial, que deve ser incisada, ex-
Este tipo de via de acesso é muito utilizado na oclu- pondo o feixe vasculonervoso radial (artéria radial, veias
são arterial de membro superior, pois permite o direcio- radiais e ramo do nervo radial) (Fig. 441).
namento do cateter de embolectomia para cada artéria, e Ao atingir a base do processó estilóide do rádio, a ar-
na realização de FAV para hemodiálise. téria radial inclina-se acentuadamente no sentido pós te-
ro-Iateral, onde pode ser dissecada na tabaqueira anatô-
ARTÉRIA RADIAL AO NíVEL DO PUNHO mica, local de predileção de alguns cirurgiões vasculares
--- para realização de FAV, pela posição mais superficial da
A via de acesso aos vasos radiais ao nível do punho é bas-
tante simples e superficial, ainda que seja subfascial. A
artéria radial no antebraço tem trajeto retilíneo, o que
facilita sua dissecção e isolamento. É uma via muito utili-
zada para a canalização arterial quando se deseja uma
pressão arterial média, durante um procedimento cirúr-
gico, e é a artéria de eleição para a realização de uma fís-
tula arteriovenosa, para hemodiálise. Fig.4-40.Incisãono
níveldo punhopara
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com abdução do acessarasartérias
braço em 90° com relação ao corpo, ligeira hiperextensão ulnare radial.

I
Fig. 4-39.
Individualização da Fig. 4-41. Disposição
braquial. da radial e anatômica do feixe
da ulnar. vasculonervoso radial.
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAV ASCULAR

artéria e íntimo relacionamento com a veia cefálica. Os A artéria ulnar emite um ramo palmar profundo que
limites da tabaqueira anatômica são, lateralmente, os anastomosa com o ramo terminal da artéria radial, for-
músculos abdutor longo do polegar e extensor curto do mando o arco palmar profundo.
polegar e, medialmente, o músculo extensor longo do po-
legar. Ao nível do rádio, a artéria radial emite um ramo --- -- - ---- ---
que é a artéria palmar superficial, que mantém a direção
longitudinal no punho e vai-se anastomosar com o ramo
. -
EXPOSiÇÃO DA AORTA E SEUS RAMOS

terminal da artéria ulnar, formando o arco arterial pal- A exposição aórtica é o maior e mais gratificante desafio
mar superficial. que um cirurgião vascular pode enfrentar. Em estudos da
Esta via de acesso tem sido utilizada para obtenção literatura é descrito que o acesso à aorta infra-renal só é
de segmento da artéria radial, na realização de bypassco- menor que o acesso à artéria femoral.16
ronariano, além da confecção de FAVe nos traumatis- Topograficamente, a aorta é dividida em aorta torá-
mos vasculares desta área. cica e aorta abdominal. A aorta torácica é subdividida
Normalmente a artéria radial está pérvia, mas a con- em aorta ascendente, croça ou arco e aorta descendente.
firmação de que o arco palmar está completo é mandatá- A aorta abdominal é subdividida em aorta supra-renal e
ria, evitando complicações isquêmicas de loja tenar e do infra-renal.
1Q quirodáctilo, território irrigado preferencialmente , O acesso à aorta abdominal pode ser transperitoneal
pela artéria radial. ou retroperitoneal (extraperitoneal). A escolha na reali-
- - ~--- zação do acesso varia pela preferência e experiência pes-
ARTÉRIA UlNAR AO NíVEL DO PUNHO soal da cada cirurgião, assim como em determinadas
condições técnicas em que um a~esso se torne mais indi-
Esta via tem a mesma simplicidade da via de acesso para cado que o outro. Estas condições serão discutidas no
a artéria radial.
momento em que descreveremos estas vias.
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com abdução do O que é importante salientar no acesso à aorta é o co-
membro superior de 90° com relação ao corpo, supina- nhecimento anatômico de cada região e a sua relação com
ção da mão apoiada sobre mesa auxiliar. as estruturas vizinhas.

Pontos de referência. Osso pisiforme e tendão do múscu- Revisão anatômica. A aorta torácica inicia-se a partir do
lo flexor comum superficial dos dedos que formam uma ventrículo esquerdo, tomando o trajeto ascendente, seg-
goteira medial no antebraço. mento este em parte envolvido pela reflexão do pericár-
dio, e emite 2 ramos importantes, que são as coronárias
Incisão. Longitudinal de aproximadamente 5 cm, atra-
direita e esquerda. Relaciona-se intimamente à esquerda
vessando a pele e a fáscia antebraquial.
com a artéria pulmonar e o átrio esquerdo, e à direita,
Planos anatômicos. O rebatimento dos tendões dos mús- com a veia cava superior e a aurícula direita.
culos flexor ulnar do carpo e flexor radial do carpo ex-
A aorta ascendente inicia seu arco ao nível da 2'"cos-
põe a artéria ulnar e o nervo ulnar (Fig. 4-40).
tela, até a junção manubrioesternal, fazendo acentuada
Esta via de acesso tem seu maior emprego nas lesões curvatura no sentido distal. A convexidade deste arco emi-
vasculares traumáticas (Fig. 4-42). te 3 importantes ramos supra-aórticos, que são o tronco
braquiocefálico, a carótida comum esquerda e a artéria
subclávia esquerda. Está situada no medias tino superior
e tem relação com importantes troncos nervosos: nervo
frênico, nervo simpático e parassimpático cardíaco, ner-
vo vago e laríngeo inferior (recorrente). Na concavidade
do arco a relação é com o tronco da artéria pulmonar e
com o brônquio esquerdo e, posteriormente, a relação
com o esôfago e o ducto torácico.
A aorta descendente é assim denominada a partir da
4'" vértebra torácica ou após a emergência da subclávia
esquerda; tem seu tr,yeto retilíneo até o hiato aórtico do
Fig. 442. Disposição diafragma, onde penetra no abdome; ao nível de T12,
anatõmica do feixe emite ramos intercostais importantes e ramos medulares
vasculonervoso ulnar. que nutrem a medula.
.ro
Seção I
CAPíTULOSBÁsICOS

Em sua porção abdominal está mais próxima da veia


cava inferior, fazendo com que seu manuseio seja mais de-
safiante.
No segmento supra-renal, emite ramos viscerais im-
portantes como o tronco celíaco, a artéria mesentérica Fig. 443. Aortas
superior e as renais. No segmento infra-renal, emite a ar- torácica e abdominal.
téria mesentérica inferior e bifurca-se em artérias ilíacas Posiçãodo paciente
com decúbito
comuns direita e esquerda, ao nível de L4.
praticamente lateral e
projeção do membro
VIA DE ACESSO À AORTA TORÁCICA superior sobre o arco
cirúrgico.A incisão
pode variar de espaço
Para o acesso à aorta torácica em seu segmento ascen- intercostal e de
dente e ao nível de croça, a esternotomia mediana é a via ampliação.
mais apropriada, expondo de forma segura e ampla a
aorta e os outros vasos da base.
Para acesso à aorta descendente, a incisão dependerá
da extensão do comprometimento aórtico. Quando se
deseja clampear logo abaixo da origem da artéria subclá-
via esquerda, a toracotomia deverá ser realizada no 52
espaço intercostal, ou através do leito da 6'"costela, após a
retirada desta. Quando a lesão é no segmento mais infe-
rior da aorta, a toracotomia pode ser realizada no 72 ou
82 espaço intercostal; entretanto, o prolongamento da Fig. 444. Incisãodo
músculo serrátil e dos
incisão para a região abdominal pode ser pela linha mé- intercostais para
dia do abdome ou através de uma incisão paramediana. mobilização medial
Atualmente, os procedimentos sobre a aorta torácica das estruturas
torácicas e
têm alcançado bons resultados, justificando-se pelo desen-
abdominais.
volvimento de novos métodos anestésicos, da autotransfu-
são e técnicas cirúrgicas que previnem a paraplegia.
diafragma deve ser incisado de forma circunferencial, man-
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com rotação à di-
tendo uma margem de aproximadamente 2 cm para recons-
reita do tronco, fazendo com que o ombro esquerdo fi-
tituição muscular (incisão radiada).
que quase em ângulo de 90° com a mesa. O membro su-
perior direito ficará estendido sobre a mesa ou na braça- O pulmão é deslocado anteriormente dando um am-
deira auxiliar. O quadril será mantido na posição, permi- plo acesso à aorta descendente.
tindo uma rotação máxima de 30°. O posicionamento do Para o acesso retroabdominal todo o conteúdo abdo-
paciente deverá coincidir sua coluna lombar com o seg- minal, assim como a loja renal, é rebatido medialmente
mento da mesa que faz a elevação, constituindo um pilét. expondo a aorta e seus ramos viscerais (Fig. 4-45).
O membro superior esquerdo ficará apoiado em arco.
Pontos anatômicos de referência. Quinto ou oitavo espa-
ço intercostal esquerdo, músculos paravertebrais e mús-
culo reto do abdome.

Incisão cutânea. A partir da borda lateral do músculo pa-


ravertebral sobre o espaço intercostal correspondente Fig. 445. Incisão
até a borda lateral do músculo reto do abdome. Depen- radiada do diafragma
com mobilização
dendo da via escolhida, a incisão segue pela linha média medial do rim e
do abdome ou pela borda lateral do músculo reto do ab- exposição da aorta
dome (Fig. 4-43). através do 82 espaço
intercostal esquerdo.
Planos anatômicos. A incisão muscular do serrátil anterior, As origens dos ramos
intercostais externos e internos pode ser realizada por bistu- viscerais são
visualizadas.
ri elétrico (Fig. 4-44). É necessária a secção do arco costa!. O
Capítulo4 ...
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAV ASCULAR

VIA DE ACESSO À AORTA ABDOMINAL

o acesso à aorta abdominal, como já foi citado anterior-


mente, pode ser feito através do peritônio ou extraperito-
nealmente (retroperitônio).

ACESSO TRANSPERITONEAL DA AORTA


ABDOMINAL INFRA-RENAL
Posição do paciente. Decúbito dorsal com colocação do Fig. 447. Abertura do
coxim sob os flancos. retroperitônio. Pontos
anatômicos de
Pontos anatômicos de referência. Processo xifóide, sínfi- referência: Veia
se púbica e linha média do abdome. mesentérica inferior e
ângulo duodenojejunal.
Incisão cutânea. A incisão mediana xifopúbica possibili-
ta a dissecção de toda a aorta abdominal até a sua bifurca-
bifurcação da aorta. A abertura do peritônio parietal pos-
ção, bem como alcançar as artérias ilíacas primitivas, in-
terior sobre a projeção das ilíacas possibilita a sua exposi-
ternas e externas (Fig. 4-46). ção até a bifurcação.
Planos anatômicos. Após abertura da cavidade pela li- Algumas alternativas técnicas podem ser utilizadas
nha alba, o conteúdo deve ser mobilizado, sem no entan- para alcançar uma maior mobilização da aorta. A ligadu-
to ser exteriorizado, para que a recuperação do peristal- ra da artéria mesentérica inferior justa-aórtica, principal-
tismo ocorra de forma mais rápida no pós-operatório, di- mente na doença aneurismática~ é freqüentem ente reali-
minuindo o tempo de internação. A mobilização intesti- zada. A reparação cautelosa, com desvio superior da veia
nal é conseguida através do deslocamento proximal do renal esquerda, permite melhor acesso da aorta infra-re-
transverso, rebatimento das alças do delgado medial- nal nos aneurismas de colo mínimo. Em determinadas si-
mente e rebaixamento do sigmóide, permitindo o acesso tuações, a ligadura da veia renal esquerda torna-se neces-
ao peritônio posterior. Os pontos de reparo para abertu- sária, devendo ser realizada em seu terço médio, para que
ra do peritônio posterior são a veia mesentérica inferior a drenagem venosa do rim esquerdo ocorra pelas gona-
e o ângulo duodenojejunal (Treitz) (Fig. 4-47). Os afasta- dais, adrenais e lombares descendentes.
dores semicirculares tipo Ominitrack ou Buck Walter Habitualmente, o ponto anatômico de referência pa-
mantêm o campo operatório relativamente estático, faci- ra dissecação superior da aorta infra-renal é a veia renal
litando o procedimento cirúrgico. esquerda; sendo assim, a ausência desta pode ser um in-
A abertura longitudinal do peritônio posterior expõe dício de que a veia renal esquerda seja retroaórtica, ano-
a aorta abdominal envolta por tecido areolar subjacente malia venosa bem mais diagnosticada hoje pela tomogra-
frouxo que deverá ser liberado. É possível mobilizar a aor- fia computadorizada, deixando de ser uma surpresa de-
ta desde a veia renal esquerda até a bifurcação aórtica. sagradável e trabalhosa para o cirurgiãoP
O acesso transperitoneal das ilíacas é necessário em O acesso transperitoneal pode também ser utilizado
determinadas situações, como, por exemplo, na doença para mobilizar os vasos ilíacos externos. A manobra consiste
oclusiva das ilíacas ou no envolvimento aneurismático da em desviar mediahnente o colo sigmóide no lado esquerdo
e o ceco no lado direito, e proceder à abertura do peritônio
posterior, com fácil exposição dos vasos ilíacos externos.
ACESSO RETROPERITONEAL DA AORTA
ABDOMINAL INFRA-RENAL
Existem diferentes formas de abordagens para a aorta ab-
dominal através do retroperitônio, utilizando-se de inci-
sões oblíquas ou paramedianas.
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com inclinação do
tronco de 45° a 60°. Angulação da mesa visando à abertu-
ra do campo operatório. Manutenção do quadril na posi-
1.... Fig. 446. Aorta
abdominal. Incisão ção horizontal, com colocação de coxim ao longo da re-
xifopúbica. Processo gião dorsal elevada. O membro superior esquerdo ficará
y' xifóide e púbis. apoiado em arco metálico (Fig. 4-48).
"I Seção I
CAPíTULOSBÁsICOS

Fig. 448. Posiçãodo


paciente. Decúbito I
dorsal com rotação
do tronco para
exposição dos arcos
costais.

Pontos anatômicos de referência. Músculo reto do ab-


dome, 121\costela, cicatriz umbilical e sÍnfise púbica.
Incisão cutânea. Ponto médio entre a sÍnfise púbica e a ci-
catriz umbilical. Incisa-se a partir da borda lateral do mús-
v Fig. 4-50. Alternativa
de acesso anterior ou
posterior com relação
ao rim, conforme as
setas.

culo reto do abdome, em direção à ponta da 121\costela,


ou no llQ espaço intercostal esquerdo (Fig. 4-49).
Planos anatômicos. Após a pele e o subcutâneo, incisa-se
a musculatura ântero-Iateral do abdome através das fáscias
e fibras musculares do oblíquo externo, oblíquo interno
e transverso do abdome. Optando pelo espaço intercos-
tal, os músculos intercostais são seccionados.
No nível de extremidade da 121\costela, com cuidado de
não abrir o peritônio parietal, faz-sea mobilização do conteú- Fig. 4-51. Aorta
do abdominal para a linha média. O plano a ser atingido é o abdominal pelo
acesso pré-renal. Rim
do músculo psoas. A liberação deverá ser realizada em planos
e veia renal esquerda
superior e inferior, tendo maior cuidado no segmento inferior em seus leitos.
por causa da fIna estrutura do peritônio nesta região, o que fa-
vorece a abertura inadvertida deste.
Após o afastamento do peritônio, o cirurgião decidi-
rá sobre qual plano ele seguirá (Fig. 4-50). O plano anteri-
or mantém o rim e o ureter no seu leito, mas não mobili-
za a veia renal esquerda (Fig. 4-51). O plano posterior,
através da fáscia lombodorsal, mobiliza para um plano .
ântero-medial o rim, o ureter e conseqüentemente a veia
renal esquerda, permitindo um amplo acesso à aorta ab-
dominal em seu segmento infra-renal (Fig. 4-52).
Fig. 4-52. Aorta
abdominal pelo
acesso retrorrenal.

\ Veia renal e rim


mobilizados
medialmente.

EXPOSiÇÃO DA AORTA SUPRA-RENAL

Fig. 449. Acesso TRANSPERITONEAL


retroperitoneal da
aorta. Incisão através o cirurgião vascular deve estar familiarizado com a abor-
dos músculos planos dagem subdiafragmática da aorta abdominal. Em deter-
do abdome, em sua minadas situações em que a dissecção do segmento infra-
parede ãntero-Iateral. renal possa ser mais demorada, ou naqueles casos em que
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

a primeira conduta é interromper o fluxo sanguíneo aór-


tico, o acesso proximal da aorta abdominal tem grande
importância.
Após a laparotomia, traciona-se caudalmente o estô-
mago, visualizando o pequeno omento, que será incisado
longitudinalmente (Fig. 4-53). Em plano profundo, evi-
denciam-se os pilares do diafragma, direcionando-se para
o pilar diafragmático esquerdo, que é dissecado através de
suas fibras. Com o dedo, é possível penetrar nos 2 lados
da aorta, onde se coloca o clampe aórtico em pressão con- Fig. 4-55. Abertura
tra a coluna vertebral (Fig. 4-54). Após essa manobra, se o do retroperitônio
entre a veia
interesse for o segmento infra-renal da aorta, procede-se a mesentérica inferior e
abertura do retroperitônio entre a veia mesentérica inferi- o ângulo de Treitz.
or e o ângulo de Treitz, com reposicionamento do clampe
em região infra-renal (Fig. 4-55).
Alternativa de acesso aórtico transperitoneal é através
da rotação visceral medial. Portanto, a abertura da goteira
parietocólica esquerda é realizada pela linha de Toldt, re-
chaçando o colo esquerdo (Fig. 4-56). Liberação do ângulo
esplênico e das fixações parietais do baço, que juntamente
mobiliza a cauda do pâncreas, expondo a loja renal. O
cirurgião deve decidir pelo acesso anterior ou posterior ao
,
rim. Quando o acesso é posterior, o rim e a supra-renal são
Fig. 4-56. Incisão da
goteira parietocólica
esquerda para
mobilização medial
do conteúdo
peritoneal.

desviados anteriormente. O acesso posterior permite uma


Fig. 4-53. Acesso mobilização mais abrangente da aorta supra-renal, e apre-
transperitoneal senta menor dificuldade técnica na dissecção.
subdiafragmático.
Abertura longitudinal RETROPERITONEAL
do pequeno omento
após tração da Uma abordagem retroperitoneal, que é ampla e que está
grande curvatura do associada a baixos índices de complicação, é o acesso atra-
estômago. vés da 1F ou 10!!costela.

Posição do paciente. Decúbito lateral direito, com rota-


ção horizontal do quadril. O ombro esquerdo ficará com
um ângulo de 60° a 90° com relação à mesa cirúrgica. O
membro superior esquerdo deverá ser apoiado em arco
cirúrgico. E o quadril mantido em posição horizontal, o
máximo possível. Ver Figura 4-48.
Pontos anatômicos de referência. Músculos reto do ab-
dome e paravertebrais. A 10!!e lI!! costelas.
Incisão cutânea. Sobre a projeção da lI!! ou 1Q1!costela até
Fig. 4-54. Secção da a borda lateral do músculo reto do abdome, na face ventral,
membrana do pilar
diafragmático e até a borda lateral dos músculos paravertebrais, na face
esquerdo. Colocação dorsal. Entretanto, se houver necessidade de mobilização
de clampe aórtico. das artérias ilíacas, o prolongamento da incisão na face ven-
Seção I
CAPíTULOS
BÁsICOS

Fig. 4-57. Aorta


retroperitoneal.
Incisões sobre as
projeções costais ou
nos espaços
intercostais das Fig. 4-59. Miotomia
últimas costelas, dos músculos
freqüentemente a intercostais mais
10í! costela ou 0112 ressecção da 1Oí!
espaço. costela.

tral será realizado paralelo ao músculo reto do abdome, posições são freqüentemente decididas, levando em con-
através de uma laparotomia paramediana (Fig. 4-57). sideração a patologia a ser tratada e a tática cirúrgica que
se pretende utilizar.
Planos anatômicos. Após a abertura da pele e do subcu-
tâneo, realiza-se a incisão do periósteo da costela com bis- INCISÃO CHEVRON - ACESSOÀ VEIA PORTA E
turi elétrico. A ressecção da costela deve ser feita pelo SUA FORMAÇÃO, E AS VEIAS RENAIS
plano subperiósteo, utilizando-se do costótomo, próxi- A incisão subcostal bilateral é conhecida como Chevron
mo ao vértice posterior da incisão (Fig. 4-58). ,
(Fig. 4-61). Utilizada nos envolvimentos venosos do an-
Miotomia dos músculos intercostais e abdominais. O dar supramesocólico.18
ponto de reparo para aprofundamento do plano é justa-
mente a extremidade livre da costela.
A exposição através do leito da costela é mais ampla e
proporciona um acesso menos traumático para o pacien-
te (Fig. 4-59).
.J
A gordura pré-peritoneal e o saco peritoneal são mo-
bilizados para um plano medial, após liberação superior
e inferior. Após abertura dos músculos intercostais, um Fig.4-60.Acesso
anterior à aorta
cuidado importante tem que ser tomado com a reflexão retroperitoneal com a
da pleura, para não a lesar ou, no caso de lesão, corrigi-Ia. (
loja renal mantida no
Novamente, o cirurgião deverá escolher entre passar leito. visualizaçãoda
pela frente ou por trás do rim. Para acessar segmentos I veia renal esquerda,
da veia gonadal
mais altos da aorta abdominal, o plano posterior ao rim é
mais apropriado. Para a realização de um bypassaortorre- \ esquerda e da veia
adrenal.
nal, o plano anterior é mais simples (Fig. 4-60). Estas ex-

Fig. 4-58. Ressecção


subperióstica da Fig. 4-61. Incisão de
costela. Chevron.
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

A posição do paciente é o decúbito dorsal com a colo- Pontos anatômicos de referência. Crista ilíaca, borda cos-
cação de um coxim cilíndrico sob os flancos do paciente. tal, músculo reto do abdome, cicatriz umbilical e sínfise
Os planos anatômicos atravessados são pele, tecido púbica.
subcutâneo, fáscia dos músculos largos do abdome, fi-
Incisão cutânea. Oblíqua a partir do ponto médio entre a
bras musculares desses músculos largos (oblíquo exter-
crista ilíaca e a borda costal, em direção ao músculo reto
no, oblíquo interno e transverso) e músculo reto do ab-
do abdome terminando na linha média do abdome, no
dome. A secção muscular é habitualmente realizada por
eletrocautério. Por último, acessa-se a cavidade abdomi- nível do terço proximal da linha entre a cicatriz umbilical
e o púbis (Fig. 4-63).
nal pela abertura do peritônio. O ligamento redondo é
dividido antes da incisão do omento maior, atingindo Planos anatômicos. Após a pele e o subcutâneo, os mús-
dessa forma a retrocavidade dos epíploos. Esse acesso culos planos do abdome são divulsionados, após a inci-
utiliza-se de 2 pontos de reparos: a arcada dos vasos gas- são de suas fáscias correspondentes. Às vezes, é necessá-
troepiplóicos e o colo transverso. As ligações entre a pa- ria a incisão da borda do músculo reto do abdome. Ocor-
rede gástrica posterior e o pâncreas são divididas no pla- re então a exposição da massa adiposa pré-peritoneal;
no adjacente avascular. O mesocolo transverso é seguido neste plano é que se inicia uma dissecção romba do saco
proximamente para o andar superior até a borda inferior peritoneal no sentido inferior e posterior. A mobilização
do pâncreas. Esse plano relativamente avascular pode ter e a contenção do saco peritoneal são prontamente reali-
colaterais inominadas em pacientes com hipertensão por- zadas por afastadores de Deaver, expondo a bifurcação
ta, ou em pacientes com tumor que invadam a junção da dos vasos ilíacos.
veia mesentérica superior com a veia esplênica. Uma vez
Dependendo da configuração estrutural do paciente,
que as superfícies inferiores e posteriores do pâncreas te-
é possível acessar a terminação da, aorta abdominal com
nham sido mobilizadas, o cirurgião pode expor a veia me-
essa via de acesso, principalmente do lado esquerdo.
sentérica inferior, as pequenas veias pancreáticas que dre-
nam na veia esplênica e a veia gastroepiplóica direita que Vasos iliacos externos. Acesso feito paralelo ao ligamen-
drena para a veia mesentérica superior (Fig. 4-62).19.20 to inguinal e sem abertura do peritônio.
Posição do paciente. Decúbito dorsal com colocação de
EXPOSiÇÃO DOS VASOS ILíACOS coxim em região glútea, para elevar ligeiramente a região
inguinal.
A exposição unilateral dos vasos ilíacos é facilmente obti-
da pelo acesso retroperitoneal, em incisão da parede ânte- Pontos anatômicos de referência. Espinha ilíaca ântero-
ro-Iateral do abdome, com mobilização da sua bifurcação. superior, púbis e ligamento inguinal.
As artérias ilíacas iniciam-se a partir da bifurcação da
Incisão cutânea. Oblíqua, paralela ao ligamento ingui-
aorta, ao nível da 4'"vértebra lombar, e medem aproxima-
damente 5 cm. Têm uma relação íntima com as veias ilía- nal, aproximadamente 3 cm acima do mesmo (Fig. 4-64).
cas, e com o ureter que cruza a face anterior da artéria Planos anatômicos. Pele, subcutâneo e músculos planos
ilíaca esquerda. do abdome (Fig. 4-65). Rebatimento proximal do saco pe-
ritoneal. Exposição da artéria ilíaca externa que se encon-
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com colocação de
coxim no flanco do lado a ser acessado. tra lateralmente à veia ilíaca externa (Fig. 4-66).

Fig. 4-62. Exposição


da formação da veia
porta: veia esplênica Fig. 4-63. Incisão
ligada e seccionada,
e veia mesentérica
superior em plano
subepático.
y abdominal para
exposição da
bifurcação dos vasos
ilíacoscomuns.
H, Seção I
CAPíTULOSBÁSICOS

sua extensão. Portanto um segmento arterial dissecado


---- pode-se unir a um outro segmento, fundindo duas vias
de acesso.
O trígono femoral é um espaço subfascial, que é co-
I / nhecido como pelo epônimo de triângulo de Scarpa, e

1
Fig. 4-64. llíaca tem como limite superior o ligamento inguinal; o limite

~
externa, Acesso
extraperitoneaL
medial, a borda lateral do músculo adutor longo e, late-
<""""q Incisão paralela ao
ralmente, a borda medial do músculo sartório. O assoa-
ligamento inguinaL lho é formado pelos músculos iliopsoas e pectíneo. O
teto, pela fáscia lata. O conteúdo é constituído por nervo
femoral, artéria femoral, veia femoral e linfáticos, fre-
qüentemente nesta disposição, no sentido látero-medial
(Fig. 4-67).
O parâmetro para individualização dos vasos femo-
rais pode ser a pulsatilidade arterial, quando esta estiver
presente. Nas doenças oclusivas ou artérias com trombo-
se, a palpação de um cordão no trajeto vascular pode
orientar na dissecção, servindo como referência na pro-
fundidade da ferida operatória (Fig. 4-68).
Fig. 4-65. Miotomia Posição do paciente. Decúbito dorsal. A ligeira abdução
dos músculos largos da coxa relaxa a musculatura da Jegião inguinofemoral,
do abdome e
rebaixamento do o que torna a dissecção menos trabalhosa.
saco peritoneaL

Fig.4-67.
Configuração
anatõmica do trígono
femoral: músculo
sartório, músculo
adutor longo e
ligamento inguinaL
Disposiçãoanatõmica
do feixe
Fig. 4-66. Exposição vasculonervoso
dos vasos ilíacos femoraL
externos,

VASOS FEMORAIS AO NíVEL DO


TRíGONO FEMORAL
- --- -- -- -- - -
A via de acesso aos vasos femorais é incontestavelmente a
mais utilizada pelos cirurgiões vasculares. Vários proce-
dimentos são realizados através desta via, sejam nas situa-
ções isquêmicas crônicas, sejam nas situações emergen-
ciais. Com o crescente desenvolvimento técnico da cirur-
Fig. 4-68. Palpação
gia endovascular, a tendência de um significativo aumen-
do pulso femoral ou
to de utilização desta via de acesso é certa. identificação por
Os acessos aos vasos dos membros inferiores têm deslizamento digital
uma particularidade, que é a incisão linear, permitindo a dos vasos femorais,
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAVASCULAR

Pontos anatômicos de referência. Espinha ilíaca ântero- A dissecção e o isolamento da artéria femoral são rea-
superior, tuberosidade do púbis, músculo sartório, e côn- lizados após a abertura da bainha do feixe, reparando a
dilo medial do fêmur. artéria com fita vascular. A individualização da artéria
Incisão cutânea. A partir do ponto médio da linha for- femoral, com colocação de outra fita vascular, ajuda na
mobilização da femoral profunda, após tração medial
mada entre a espinha ilíaca ântero-superior e a tuberosi-
dos 2 reparos. Na origem da femoral profunda, a dissec-
dade do púbis. Direção longitudinal sobre a linha forma-
ção deve ser cuidadosa, evitando-se a lesão de veias tribu-
da pela espinha ilíaca ântero-superior e o côndilo medial
tárias da veia femoral profunda (Figs. 4-71 e 4-72).
do fêmur (Fig. 4-69).
Outros ramos arteriais da femoral podem ser abor-
Planos anatômicos. Pele e tecido subcutâneo são incisa- dados por esta via. A artéria circunflexa superficial do
dos fortemente ao mesmo tempo. Alguns gânglios linfá- íleo passa através do hiato safeno, assim como as artérias
ticos encontram-se em plano superficial, e o rebatimento epigástrica superficial e pudenda externa superficial de
medial dos mesmos facilita o acesso aos vasos em plano trajetos ascendentes. E, ainda, as artérias pudenda exter-
mais profundo. Em um plano mais medial, é possível dis- na profunda e descendente do joelho.
secar a veia safena magna que penetra no hiato safeno
para alcançar a veia femora!. A abertura da fáscia profun- ACESSO AO SEGMENTO FEMOROPOPLíTEO
da é realizada de forma longitudinal ou ligeiramente arci-
forme com concavidade media!. Esta fáscia, ao nível do (C,:\NAL DOS ADUTORES)
trígono, apresenta orifícios por onde passam vasos e ra- O canal dos adutores também tem um epônimo bem co-
mos nervosos, sendo chamada nesta região de fáscia cri- nhecido dos cirurgiões, que é o canal de Hunter.
vosa. Visualiza-se então o feixe vasculonervoso femoral Este canal e intermuscular situa-se na face medial do
(Fig.4-70). terço médio da coxa. Inicia-se na vértice do trígono fe-

Fig.4-71.
Fig. 4-69. Incisão Mobilização medial
cutânea longitudinal da safena magna e
discretamente dos linfonodos da
oblíqua, a partir do região. A fasciotomia
ligamento inguinal expõe a artéria
sobre o trajeto femoral e a origem
vascular. da femeral profunda.

Fig.4-70. Fáscia Fig. 4-72. Reparo


cribriforme, teto do com fita vascular dos
trígono femoral, onde segmentos proximal e
se observa a veia distal da artéria
safena magna femoral e da origem
perfurando-a. da femoral profunda.
... Seção I
CAPíTULOS
BÁSICOS

moral e termina no hiato do músculo adutor magno. Pos-


sui 3 paredes, tendo uma anteromedial, formada por
uma bainha fibrosa profunda do sartório; uma parede
posterior, formada pelo adutor longo e pelo adutor mag-
no; e uma parede lateral, constituída pelo vaso medial.
Posição do paciente. Posição supina, com rotação lateral
do membro inferior, ligeira flexão do joelho.
Fig. 4-75. Corte
Pontos anatômicos de referência. Músculo sartório, côn- transversal
dilo medial do fêmur e espinha ilíaca ântero-superior. possibilitando avaliar
as relações das
Incisão cutânea. Longitudinal sobre a linha de projeção estruturas vasculares
entre a espinha ilíaca ântero-superior e o côndilo medial, com a musculatura e
acompanhando a margem medial do sartório (Fig. 4-73). com o osso.

Quando o alvo do acesso também é a veia safena


Deve-se iniciar a dissecção proximal da artéria femo-
magna, a incisão deverá ser mais posterior, evitando-se a
ral permanecendo no plano do tecido areolar, com pos-
dissecção extensa da pele, que propicia necrose cutânea.
terior colocação de fita vascular dando continuidade à
Planos anatômicos. No subcutâneo a veia safena magna dissecção até a transição da artéria femoral para artéria
deve ser mobilizada anterior ou posteriormente, para poplítea (Fig. 4-76).
abertura da fáscia superficial, com exposição do múscu-
lo sartório, que também será rebatido medialmente, dei-
EXPOSiÇÃO MEDIAL DOS ,VASOS POPLíTEOS
xando transparecer a fáscia fibrosa que limita o canal dos INFRAGENICULARES E SEUS RAMOS
adutores (Fig. 4-74). Na incisão dessa fáscia deve-se ter
atenção quanto ao nervo safeno e à artéria descendente A artéria poplítea é uma continuação da artéria femoral
do joelho, que perfuram esta fáscia e abandonam este ca- após ultrapassar o hiato tendíneo do adutor magno,
nal. Na Figura 4-75, é possível observar a relação entre as penetrando na fossa poplítea, fazendo uma inclinação la-
estruturas vaSCulares e os planos musculares. teral que contorna o músculo semitendíneo. Desce verti-

- calmente até o músculo poplíteo, onde se divide em arté-


rias tibial anterior e tibial posterior.
O nervo isquiático pode ser encontrado no vértice
Fig. 4-73. Segmento superior da fossa poplítea, antes da sua divisão em nervo
femoropoplíteo. tibial e nervo fibular comum. O nervo tibial desce pela
Incisão sobre a
fossa poplítea, inicialmente sobre a face lateral da artéria
projeção do músculo
poplítea; a seguir, posteriormente a ela; e, terminando,
sartório. Atenção
para a safena magna medialmente à artéria. O nervo tibial penetra no com-
que tem seu trajeto partimento posterior da perna, ao passar abaixo do mús-
subjacente à incisão. culo sóleo, liberando ramos musculares para esta região.

Fig. 4-74. Abertura


do canal dos Fig. 4-76. Reparo
adutores após proximale distal da
rebatimento do artéria femoral.
sartório e da safena Isolamento protegido
magna. do nervo safeno.
Capítulo4
VIASDEACESSO
MAISUTILIZADAS NACIRURGIA
VASCULAR

A veia poplítea é mais superficial com relação à artéria


e recebe freqüentemente a veia safena parva (Fig. 4-77).
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com membro infe-
rior semifetido e com discreta rotação externa.
Pontos anatômicos de referência. Músculos posteriores
da perna, tIôia e depressão formada por estas estruturas
na face medial. A safena magna visível ou palpável tam-
bém é um ponto de referência.
Incisão cutânea. Inicia-se atrás do côndilo medial do fê-
Fig. 4-79. Fasciotomia
mur e será prolongada paralelamente à borda póstero- no mesmo sentido da
medial da tIôia ou posteriormente à veia safena magna incisão cutânea.
(Fig.4-78).
Planos anatômicos. Após abertura da pele, a safena mag-
na é rebatida anteriormente junto com o subcutâneo.
Incisão da fáscia muscular, com exposição do plano mus-
cular do gêmeo medial, que deve ser afastado para um
plano posterior (Fig. 4-79). A miotomia do sóleo aumenta
o campo operatório e permite acessar a bifurcação da po-
plítea. Para dissecção do segmento distal da artéria poplí-
tea, a ligadura da veia tibial anterior facilita a dissecção, Fig. 4-80. Reparo do
inclusive na mobilização da artéria tibial anterior. , segmentoarterial
para superficializar o
Na mobilização dos 2/3 proximais da artéria poplítea, procedimento.
a mobilização da veia poplítea deve ser posterior; entretan-
to, se o segmento almejado for o distal, a mobilização ante-
rior da veia poplítea é recomendada (Fig. 4-80). EXPOSiÇÃO POSTERIOR DOS
VASOS POPLíTEOS

Uma exposição clássica dos vasos poplíteos é a aborda-


gem posterior. Esta via de acesso tem sua utilização ali-
cerçada em algumas indicações, tais como: no aneurisma
de segmento médio, nos cistos da artéria e no aprisiona-
mento da artéria poplítea. Tem como vantagem anatômi-
Fig. 4-77. Poplítea ca a superficialidade das estruturas vasculares e não ne-
distal. Corte
cessitar de secção muscular (Fig. 4-81).
transversal
mostrando o acesso Posição do paciente. Decúbito ventral, com semiflexão
medial e o espaço do joelho, com coxim de apoio na perna.
intermuscular
formado pelo
afastamento posterior
dos gêmeos e pela
abertura do sóleo.

_....-
....-
Fig.4-78. Incisão Fig. 4-81. Corte
mediaI na depressão transversal. Acesso
formada entre o posterior à poplítea
gêmeo medial e a mostra
borda da tíbia. superficialidade das
Cuidado para não estruturas, sem a
lesar a veia safena necessidade de
magna. secção muscular.
Seção I
lI:

CAPíTULOS BÁsICOS

Pontos anatômicos de referência. Depressão entre os musculares. As incisões proximais e distais na face medi-
músculos gêmeos, tendão do semitendíneo e semimem- aI da coxa e da perna são as mais utilizadas ejá foram des-
branoso e prega de flexão do joelho. critas anteriormente. A artéria poplítea média corre pela
fossa intercondilar, estando o seu acesso condicionado à
Incisão cutânea. Em "s" a partir da borda lateral dos ten-
dões dos músculos semitendíneo e semimembranoso, secção dos músculos sartório, reto interno e semitendí-
neo. No plano inferior, torna-se necessária a secção da
com trajeto longitudinal até a prega de flexão do joelho,
cabeça medial do músculo gastrocnêmio, junto a sua in-
onde a incisão passa ser transversal até o nível da depres-
serção no côndilo medial do fêmur. Classicamente esses
são formada entre os 2 músculos gêmeos, seguindo lon-
músculos podem ser divididos pela sua porção tendinosa
gitudinalmente entre eles (Fig. 4-82). dista!. Essas secções são marcadas por fios de cores ou
Planos anatômicos. Após abertura escalonada, a fáscia é texturas distintas, a fim de identificá-Ias no final do pro-
incisada, expondo a veia safena parva e o nervo cutâneo cedimento para a sua reconstrução. A artéria poplítea
posterior da coxa (Fig. 4-83). Em um plano mais profun- média pode ser exposta por 5 a 6 cm. As artérias colate-
do, após a divulsão do tecido adiposo, os nervos tibial e o rais devem ser preservadas. Branchereau20 sugeriu uma
fibular comum encontram-se lateralmente à veia poplí- técnica para a exposição da artéria poplítea média pelo
tea. Com o afastamento da veia e do nervo, a dissecção isolamento do sartório, reto interno, músculo semitendí-
arterial é simplificada (Fig. 4-84). neo e semimembranoso, com um lanço dividindo as
fibras recorrentes desse último músculo. O bloco dos
ABORDAGEM ESTENDIDA MEDIANA PARA OS tendões junto ao periósteo é mobilizado até a crista da
VASOS POPlíTEOS uôia, com utilização de um elevador de periósteo. Após o
O segmento médio da artéria poplítea é raramente abor- procedimento, esse bloco de tendões junto ao periósteo é
dado medialmente. A abordagem posterior oferece me- ressuturado (Fig. 4-85A e B). ,
lhor acesso sem a necessidade de dividir grupamentos Outra forma alternativa de abordagem dos vasos po-
plíteos é o acesso lateral, com retirada de segmento de fi-
bula. Possibilita a abordagem da artéria poplítea e da fibu-
lar. Tem menor utilização que as duas vias já descritas.
Com a necessidade de exposição de ramos da poplí-
tea e da artéria fibular, a miotomia do sóleo é necessária,
e a dissecção lateral aos vasos tibiais posteriores permite
o acesso aos vasos fibulares.

ACESSO AOS VASOS TIBIAIS POSTERIORES AO


NíVEL DE TORNOZELO
Fig. 4-82. Incisão
obedecendo a força O acesso é simples e subfascial, com exposição da artéria
de tensão da pele. tibial posterior, em sua porção distal, freqüentemente
Realizadaem forma utilizada como área receptora de bypass.A cirurgia de
de "s" na prega de mercado, que consiste na arterialização do arco venoso
flexão do joelho.

Fig. 4-83. No plano Fig.4-84.


subcutâneo, Individualização da
observa-se a veia artéria poplítea após
safena parva junto deslocamento lateral
com o nervo sural dos nervos tibial e
perfurando a fáscia. fibular comum.
Capítulo 4
VIAS DEACESSOMAIS UTILIZADASNA CIRURGIAV ASCULAR

Fig. 4-85. (A) Incisão estendida para acesso


media I aos vasos poplíteos. União das incisões
proximal e distal para o segmento
femoropoplíteo. (8) Reparo marcado e
individualizado das tenotomias realizadas sobre
A B a "pata de ganso".

profundo, também pode ser realizada por esta via de ACESSO AOS VASOS FIBULARES
acesso, utilizando-se a veia tibial posterior. A abordagem medial da artéria fibular, já foi comentada
Posição do paciente. Decúbito dorsal, com rotação late- no tópico sobre a via de acesso à artéria poplítea infrage-
nicular.
ral do membro inferior a ser incisado.
O acesso lateral aos vasos fibulares apresenta um obs-
Pontos anatômicos de referência. Maléolo medial, ten- táculo anatômico, que é a própria fíbula, que obrigatoria-
dão do músculo sural (tendão de Aquiles). mente tem de ser retirada neste acesso. Apesar da facilida-
de de sua retirada, este acesso é pouco utilizado.21,22
Incisão cutânea. Realizada no ponto médio entre o ma-
léolo medial e o tendão, com direção longitudinal proxi- Posição do paciente. Decúbito dorsal, e rotação interna
mal e arciforme distal, de modo a contornar na goteira da perna. ,
retromaleolar (Fig. 4-86). Pontos anatômicos de referência. Fíbula.
Planos anatômicos. Pele e tendão subcutâneo são incisa- Incisão cutânea. Longitudinal sobre a projeção da fíbu-
dos concomitantemente. A fasciotomia obedece a mes- Ia, ao nível em que se programe a correção da lesão.
ma direção da incisão cutânea. As veias tibiais posterio- Planos anatômicos. Pele, subcutâneo e fáscia incisados
res estão mais superficiais, o nervo está mais posterior e a na mesma direção. Afastamento lateral do músculo fibu-
artéria encontra-se anteriormente em plano mais profun- lar longo, expondo a fiôula. A ressecção do segmento da
do (Fig. 4-87). fíbula mostra os vasos fibulares, após a abertura pelo sub-
periósteo (Fig. 4-88).

ACESSO À ARTÉRIA PEDIOSA OU DORSAL DO PÉ


Artérias que são acessadas no trauma e nas derivações in-
frapatelares, na tentativa de preservação dos pés.
Posição do paciente. Decúbito dorsal.
Pontos anatômicos de referência. Sulco que correspon-
Fig. 4-86. Incisão
retromaleolar dos de à projeção intermetatarsiana do 1Q e o 2Q metatarsos.
vasos tibiais Retináculo extensor. Cabeça do 1Q metatarso (Fig. 4-89).
posteriores. Planos anatômicos. Os vasos pedi osos ou dorsais do pé
encontram-se superficialmente, e os cuidados devem ser
tomados durante a incisão cutânea para não os lesar.

Fig. 4-88. Exposição


lateral dos vasos
Fig.4-87. Exposição fibulares após a
dos vasos tibiais retirada de segmento
posteriores. da fíbula.

..
Seção I
m
CAPíTULOSBÁsICOS

15. Johansen K, Banayk D, et ai. Temporary intraluminal shunts:


resolution of a management dilemma in complex vascular
injuries. J Trauma 1982;22:395-401.
16. Rossi M. Vias de acesso mais utilizadas em cirurgia vascular.
In: Brito CJ. (Ed.). Cirurgia vascular. Rio de Janeiro: Revinter,
2002. p. 77-104.
17. Trout HH, Giodano JM. Anomalies of the inferior vena cava. J
VascSurg 1986;3:924.
18. Yeo CJ, Cameron JL, Lillernore KD, et ai.
Pancreaticoduodenectomy for cancer of the head of the
pancreas: 201 patients. Ann Surg 1995;221 :721-729.
Fig. 4-89. Incisão
19. Henderson JM, Warren WD, Milikan WJ, et ai. Distal
cutânea sobre o sulco splenorenal shunt with splenopancreatic disconnection: a
intermetatarsiano 4-year assessment. Ann Surg 1989;210:332-339.
para abordagem da 20. Branchereau A, Ondon'Dong F. Extended medial approach to
artéria dorsal do pé. the popliteal artery without muscular division. Ann Vasc Surg
1989;3:77-80.
21. ElkinDC,KellyRP.Arteriovenous aneurysm: exposure of the
tibial and peroneal vessels by resection of the fibula. Ann Surg
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1945; 122:529-545.
22, Dardick H, Dardick I, Veith FJ. Exposure of the tibioperoneal
1. Fiolle J, Delmas J. Oécouvertedes vaisseauxprofondsparades arteries by a single lateral approach. Surgery 1974;75:377.
voies d'accés larges. Paris: Masson et Cie, 1940. 23. Snell RS. Anatomia humana. 2. ed. Rio de Janeiro: Medsi,
2. Nascimento-Silva JLC.Anatomia médico-cirúrgica do sistema 1984.
vascular. In: Brito CJ. (Ed.). Cirurgia vascular. Rio de Janeiro: 24. Testut L. Traité O"anatomie humaine. V.2. 4. ed. Paris: Octave
Revinter, 2002. p. 25-76. Doin, 1900. ,
3. Stoney,RonaldJ, Effeney,DavidJ. Comprehensive vascular 25. International Anatomical Nomenclature Commttee. Nomina
exposures. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1998. anatõmica. 5. ed. México: Medsi, 1984.
4. Mouson DO, Saletta JD, Frecark RJ.Carotid and vertebral 26. Petroianu A. Anatomia cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara
trauma. J Trauma 1969:987-999. Koogan, 1999.
5. Crawford ES,DeBakey ME, et aI. Thrombo-obliterative disease 27. Haimovici H, ErnestCB, Berguer R. Exposiçãocirúrgica dos vasos.
of the great vesselsarising from the aortic arch. J Thorac In: Haimovici. (Ed.). Cirurgia vascular: principios e técnicas.4. ed.
Cardiovasc Surg 1962;43:38. Rio de Janeiro: Di-LivrosEditora Ltda, 2000. p. 351.
6. Hertzer NR, Felaman BJ, Beven EG,Tucker HM. A prospective 28."Valentine RJ, Wind GG. Anatomy of commonly exposed
study of the incidence of injury to the cranial nerves during arteries. In: Rutherford RB. (Ed.). Vascular surgery. 5. ed.
carotid endarterectomy. Surg Gynecol Obstet 1980; 151 :781. Philadelphia: WB Saunders, 2000. p. 48-60.
7. Goldsmith MM 3d, Postma DS, Jones FD. The surgical 29. Ballard JL, Killeen JD. Anatomy and surgical exposure of the
exposure of penetrating injuries to the carotid artery at the vascular system. In: Moore W. (Ed.). Vascular surgery.
skull base. Otalaryngol Head Neck Surg 1986;95:278-284. Philadelphia: WB Saunders, 1998. p. 44-66.
8. Fisher DF, Clagett GP,Parker JI, et ai. Mandibular subluxation 30. Ristow AV. Traumatismos vasculares dos membros. Urgências
for high carotid exposure. J Vasc Surg 1984;1 :727-733. vasculares. 1. ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica Ltda, 1983.
9. Simonian GT. Pappas PJ, Padberg FTJr, et ai. Mandibular p.19-61.
subluxation for distal internal carotid exposure: technical 31. Madden JL. Atlas de técnicas cirúrgicas. 2. ed. São Paulo:
considerations. J VascSurg 1999;30: 1116. Livraria Roca, 1987. p. 212-351.
10. RossiM, Brito CJ, Cury RCP.Principais vias de acesso utilizadas 32. Rutherford RB.Atlas de cirurgia vascular. Técnicas e
no trauma vascular. In: RossiM. (Ed.) Trauma vascular. Rio de exposições básicas. 1. ed. Rio de Janeiro: Di-Livros Editora
Janeiro: Revinter, 2006. p. 58-73. Ltda, 1998.
11. Netter, Frank H. The head and neck. In: Netter, Frank H. (Eds.). 33. Valentine RJ,Wind GG. Anatomic exposures in vascular
Atlas of human anatomy. Hanover: Library of Congress surgery. 2nd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins,
Catalog, 1997. p. 28. 2003.
12. Hall-Craggs ECB.The upper limb. In: Hall-Craggs. (Ed.) 34. Mattox KL, Hieshberg A. Access control and repair techniques.
Anatomy. Baltimore: Williams & Wilkins, 1995. Capo64, p. In: Rich NM. (Ed.). Vascular trauma. 2. ed. Philadelphia:
160. Saunders, 2004. p. 137-164.
13. Cherry Jr KJ, McCullough JL, et ai. Technical principies of direct 35. Bismulth H. Les anastomoses porto cavestronculaires.
innominate artery revascularization: a comparison of Techniques chirurgicales. Appareil digestif. Encyl Med Chir
endarterectomy and bypass grafts. J Vasc Surg 1989;9:718. Paris 2006:408.
14. Haimovici H. Arterial circulation of the extremities. In: 36. RichNM, Spencer FC. Vascular trauma. Philadelphia: WB
Schwartz CJ, Werthessen NT, Wolf A. (Eds.) Structure and Saunders, 1978.
function of the circulation. V.1. New York: Plenum Press, 38. Fisher DF Jr, Fry WJ. Collateral mesenteric circulation. Surg
1980. p. 425-85. Gynecol abstet 1987; 164:487.

Você também pode gostar