Você está na página 1de 9

CAPíTULO I

História da Cirurgia
Vascular

Car/os José de Brito


Ivanésio Merlo

- ---
, Seção I
CAPíTULOS
BÁsICOS

A primeira referência à ligadura de um vaso estaria assi- O caso de Hallowell ficaria desconhecido, não fosse
nalada na literatura hindu, onde a descrição da ligadura John Hunter ter ouvido sobre ele e escrito para Lambert.4
do cordão umbilical aparece no "Sutra St'Hana", um dos Em sua resposta, Lambert mostrou uma grande esperan-
6 volumes do tratado de medicina sânscrita aparecido ça que as lesões vasculares e os aneurismas pudessem ser
em 1500 a.C. I tratados com manutenção da permeabilidade arterial, evi-
O papiro de Ebers escrito cerca de 2000 a.C. foi um tando os problemas surgidos com as ligaduras. Referia-se
dos primeiros a se referir aos aneurismas das artérias pe- ao caso de um paciente que tinha ficado com problemas
riféricas e já ousava recomendar um tratamento cirúrgi- funcionais, após ligaduras proximal e distal para trata-
co: "trate com uma faca e queime com fogo de forma que mento de um aneurisma. Lambert fez o seguinte comentá-
ele não sangre muito".2 rio em sua carta a Hunter: "...tenho a esperança de que a
Antyllus, que viveu em torno do século II da era cris- sutura do ferimento na artéria possa ser bem-sucedida; se
tã, foi um dos pioneiros no que se refere ao tratamento assim for, isso será, certamente preferível à ligadura do
dos aneurismas. Seus escritos não chegaram até nós, mas tronco do vaso...Se for demonstrado pela experiência que
Oribasius, que viveu no século IV, descreveu o tratamento uma grande artéria, quando lesada, pode ser reparada por
essa forma de sutura, sem se tornar obstruída, isto seria
recomendado por Antyllus: ligadura das artérias que en-
tram e saem do aneurisma, com abertura do saco e tam- uma importante descoberta na cirurgia."4
ponamento. Antyllus não ressecava o saco aneurismático O progresso, após a operação de Hallowell, foi retar-
e prevenia para o grande risco dessa prática. A mortalida- dado, neste campo da cirurgia, pelas conclusões do traba-
de era muito alta por hemorragia e por infecção. lho experimental de Asman,4 que foram desastrosamente
Após essas tentativas iniciais, a atuação direta sobre mal interpretadas pelos cirurgiões da época. Aquele autor
os troncos vasculares ficou esquecida por muitos séculos, publicou em 1773 os resultados que tinha obtido, empre-
pelo menos no ocidente, havendo, contudo, referências gando a técnica de Lambert-Hanowell, para reparar la-
de que o filósofo e médico árabe Avicenna I realizasse a cerações experimentalmente produzidas em pequenas
ligadura dos troncos vasculares por volta do ano de 980. artérias de cães, chegando à conclusão de que os vasos
Foi Ambroise Parél (1510-1590) que retomou a técni- assim tratados eram conduzidos, sistematicamente, à
ca da ligadura, executando-a nos grandes vasos dos am- obstrução. A infecção da ferida operatória, presente em
putados, durante o cerco da cidade de Landrecies por todos os casos, o pequeno calibre das artérias usadas e as
volta do ano de 1543. Para um aneurisma, Paré recomen- imperfeições da técnica não foram valorizados como sen-
dava a aplicação de uma ligadura proximal, mas não do a causa dos fracassos sistemáticos e, dessa forma, o
aconselhava a abertura do saco, pelo perigo de hemorra- método foi relegado ao abandono durante muitos anos,
gia grave e fatal. Declarou que os aneurismas que ocorriam desencor.yando todos os esforços com o objetivo de man-
nas partes internas do corpo eram incuráveis.2 ter ou restabelecer a continuidade vascular.
Andrea Vesalius (1514-1564), contemporâneo e ami- Em dezembro de 1785, John Hunter operou um ho-
go de Paré, foi, provavelmente, o primeiro a descrever mem de 45 anos, portador de um aneurisma de poplítea.
um aneurisma da aorta torácica e abdominaI.3 Expôs a artéria através de uma incisão na face ântero-inter-
A técnica da ligadura de troncos arteriais para o tra- na da coxa. A artéria foi isolada no canal de Hunter, e diver-
tamento de lesões vasculares levou, naturalmente, como sas ligaduras, colocadas na parte proximal ao aneurisma.
era de se esperar, a resultados algumas vezes bons, mas, Essa operação foi descrita no London Mediml journal em
em outras vezes, desastrosos, conduzindo dessa forma o 1786. O paciente evoluiu bem mas, posteriormente, mor-
espírito dos cirurgiões a concluir que a melhor solução reu de febre. Após o óbito, Hunter examinou a extremida-
seria a manutenção da permeabilidade arterial. de e verificou que não havia supuração, e que a cirurgia
Lambert (1756) foi o primeiro a sugerir técnica para não tivera influência na morte do paciente. Hunter reco-
reparar uma ferida arterial, mantendo a luz vascular.4 Em mendava a cirurgia nos estágios iniciais, quando o aneuris-
1759, Hallowell, operando um aneurisma da artéria ma ainda fosse pequeno. Hunter foi um grande estudioso
umeral - que havia resultado acidentalmente de uma san- da patologia arterial, e suas contribuições. estão em um
gria -, empregou a técnica sugerida por Lambert, fechan- importante museu que ele deixou para o Royal College of
do a abertura arterial, com suas bordas mantidas unidas Surgeons of England.5
e evertidas provisoriamente por um alfinete de ponta A técnica de Hunter permaneceu como padrão, até
curva, que foi substituído por uma ligadura de fio inab- que, em 1888, Rudolph Matas deu mais um importante
sorvível. O enfermo ficou curado. Esse acontecimento passo na evolução dos princípios da moderna cirurgia
foi, sem dúvida, um passo fundamental e marca o início vascular com a criação da técnica de endoaneurismor-
da cirurgia arterial restauradora.1 rafia.
Capítulo 1
HISTÓRIADA CIRURGIAVASCULAR

A técnica de Matas6 foi mais um avanço no caminho homem, por volta de 1906, em um caso de aneurisma de
da restauração vascular, pois curava o aneurisma com poplítea. Restaurou a continuidade da artéria com um seg-
uma interferência na circulação colateral muito menor mento de veia não dissociada dos tecidos vizinhos, opera-
que a simples ligadura das artérias eferentes e aferentes ção que denominou "arterioplastia venosa", mas que na
ao aneurisma. Essa técnica foi realizada, pela primeira realidade se constitui no primeiro enxerto venoso in situo
vez, de maneira curiosa, por uma solução de necessidade Nesse mesmo ano, encontramos referência, aliás pes-
durante a cirurgia de um aneurisma da artéria braquial, simista, à cirurgia arterial no tratamento das lesões ate-
ocasionada por um ferimento de arma de fogo. O pacien- roscleróticas no homem. Delbet declarava no Congresso
te foi inicialmente tratado por Matas com uma ligadura de Lisboa que: "A cirurgia vascular é fácil nos pacientes
no terço superior da artéria braquial, acima do aneuris- que possuem boas artérias; assim mesmo sua utilidade é
ma, tendo a pulsatilidade desaparecido de imediato. duvidosa. Ela é impossível quando as artérias estão lesa-
Alguns dias após, entretanto, a pulsatilidade foi reapare- das, isto é, nas circunstâncias em que o enxerto prestaria
cendo, e o aneurisma voltou a ser tão grande e tão dolo- auxl1io."1
roso como antes da operação. Duas semanas depois, Em 1907, Lexer7 relatou um enxerto venoso humano
Matas decidiu reoperar, tendo em vista uma ligadura da bem-sucedido, tendo sido o pioneiro dos enxertos veno-
artéria distal ao aneurisma. Quando retirou o garrote, sos livres.1 Em 1913, Pringle7 relatou 2 enxertos venosos
após executar a ligadura, observou que o aneurisma não para o tratamento de aneurisma da artéria poplítea e
se tinha alterado. Voltou ao garrote e decidiu ressecar o aneurisma da artéria umeral.
aneurisma, o que se mostrou impossível, pela firme ade- Foi no início do século XX que o gênio de Carrel es-
rência aos tecidos vizinhos. Fez, então, uma ampla aber- tabeleceu, em diversos trabalhos experimentais,9-14 bases
tura no saco e retirou o conteúdo. Observou 3 orifícios
sólidas e até hoje válidas para a cirurgia arterial e, em
por dentro do saco. Introduzindo cateteres, viu que um particular, para o emprego dós enxertos arteriais. Em
deles correspondia à artéria braquial proximal, já ligada,
publicação de 1907,10 recomendava para o bom resulta-
outro à artéria braquial distal também já ligada. Fechou, do da cirurgia arterial, incluindo a utilização dos enxer-
então, com pontos apenas o 32 orifício e ficou surpreso tos, os seguintes cuidados: 1. assepsia mais rigorosa que
quando, após retirar o garrote, havia sangramento pelos aquela usada na época em cirurgia geral; 2. hemostasia
2 orifícios, correspondentes às artérias já ligadas. Con- temporária com a utilização de fio de linho, para evitar o
cluiu que deveria haver importantes colaterais entre a ar- traumatismo endotelial causado pelas pinças empre-
téria antes da ligadura e o interior do saco. Suturou então
gadas na ocasião; 3. cuidado para que nenhum fragmen-
os 2 orifícios, e o paciente evoluiu muito bem. Foi, dessa to de tecido adventicial se interpusesse entre as bordas da
forma - por uma solução de expediente -:, dado um gran- sutura vascular; 4. tratamento dos vasos com pinças deli-
de passo para a moderna cirurgia vascular. cadas; 5. uso de agulhas finas para as suturas.
Foi somente em 1886, portanto, 127 anos após o caso Em 1912, Carrel foi contemplado com o Prêmio
de Hallowell, que Postempski4 relatou à Socieqade Italia- Nobel de Medicina "em reconhecimento a seus trabalhos
na de Cirurgia o segundo caso de uma sutura arterial la- em suturas vasculares e transplantes de vasos sanguíneos
teral no homem.
e órgãos".7
Murphy,7 em 1897, usou pela primeira vez no ho- Embora, já em 1896, ]aboular tenha previsto o uso
mem a sutura terminoterminal de uma artéria no trata-
dos enxertos na aterosclerose periférica no homem e
mento de um aneurisma traumático da artéria femoral, Leriche,15 em 1923, tenha sugerido a ressecção e enxerto
empregando um tipo de sutura invaginante, desenvolvi- conio meio de restaurar a circulação periférica, somente
da por ele próprio em experimentação animal. em 1947, Cid dos Santos16 introduziu a técnica da endar-
Em 1896,]aboular em trabalho experimental, usan- terectomia. Em 1951, Outdot15 relatou um caso bem-su-
do auto-enxertos arteriais em cães, previa, com o aperfei- cedido em que o segmento aortoilíaco obstruído foi res-
çoamento dessa técnica, seu uso nos tratamentos dos secado e a continuidade arterial rest~belecida com um
aneurismas, dos traumatismos vasculares e da ateroscle- enxerto aórtico homólogo.
rose periférica no homem. Pode ele, então, ser conside- Segundo Barker,17 apesar de a técnica da endarterec-
rado como tendo sido, provavelmente, o primeiro a refe- tomia ter sido descrita por Cid dos Santos, em 1947, so-
rir a possibilidade do uso de enxertos no tratamento da mente após as publicações de Wylie,18em 1951, e Barker
aterosclerose humana. e Cannon,19 em 1953, é que esse procedimento teve seu
O primeiro enxerto venoso foi colocado em uma arté- uso popularizado nos Estados Unidos.
ria carótida por Gluck,7 em 1898, sendo que Goyannes1 é É interessante notar que, apesar de a cirurgia arterial
tido como o primeiro a usar um enxerto venoso no para os traumatismos ter sido deseilVolvida muito antes,
Seção I
CAPíTULOSBÁsICOS

parece que no período de guerra ela sofreu pequena evo- ríodo satisfatório de sobrevida. A maioria das ligaduras
lução, sendo ultrapassada pela cirurgia aplicada às doen- foi na aorta proximal, mas algumas foram proximais e
ças dos vasos. Assim é que a prática das ligaduras nos distais, e outras só distais.
ferimentos arteriais estava ainda em uso no começo da A primeira ligadura de aorta bem-sucedida foi feita
Guerra da Coréia, quando, em abril de 1952, os mais re- por Matas,24 em 9 de abril de 1923. Matas usou um cadar-
centes avanços da cirurgia arterial na prática civil foram ço de algodão em 2 ligaduras na aorta proximal até o
aplicados às lesões traumáticas, abrindo uma nova era no desaparecimento completo da pulsação no aneurisma.
tratamento dessas lesões.16 No 92 dia observou volta da pulsação no aneurisma, com
Prosseguindo a evolução da cirurgia nas doenças ar- frêmito e pulsos nas femorais. Em um ano, a pulsatilida-
teriais, em 1950, Holden20 ressecou a artéria femoral e a de do aneurisma foi diminuindo até cessar. O paciente
substituiu por enxerto venoso autólogo da femoral su- viveu um ano e meio e veio a falecer por causa não rela-
perficial invertida, com anastomoses terminoterminais. cionada ao aneurisma. Na necropsia verificou-se que to-
Em 1948, Kunlin16 introduziu o princípio do bypasse, das as artérias dos membros inferiores estavam permeá-
em 1951,21 publicou sua experiência com o uso de 17 veis, e que a oclusão da aorta não era completa. Como os
enxertos venosos longos de safena interna e femoral su- maus resultados da ligadura eram devidos à oclusão
perficial, padronizando técnica para o seu uso em bypass abrupta da aorta ou, na maioria das vezes, a hemorragias
nas obstruções segmentares de artéria femoral superfi- que advinham da ligadura, que provocava necrose e rup-
cial. Foi a partir da experiência de Kunlin que a técnica tura da parede aórtica, os cirurgiões passaram a pesqui-
do bypassfoi reconhecida como sendo de grande utili- sar formas de ligadura que não rompessem a aorta ou
dade no tratamento das obstruções crônicas, por ser de uma maneira de obter uma ligadura ou oclusão do aneu-
simples execução, provocando pequena destruição de va- risma, que se fizesse de forma progressiva, possibilitando
sos de circulação colateral. o desenvolvimento de circulação ~olateral.
Embora para as artérias periféricas o tratamento das Nessa mesma linha de raciocínio, Brooks,25 obser-
lesões traumáticas, anellrismáticas e oclusivas tenha evo- vando a evolução de um caso operado que apresentava
luído bastante até o fim da década de 1940, para as lesões completa ausência de pulso na femoral esquerda e pulso
do território aortoilíaco, soluções satisfatórias só apare- muito fraco na direita, fez a seguinte observação: "É, en-
ceram mais lenta e tardiamente. tão, minha opinião, que a ausência de pulso nas artérias
Para os aneurismas aortoilíacos, as primeiras tentati- femorais, associada a um aneurisma da aorta abdominal,
vas seguiram o mesmo caminho imaginado para os peri- pode, com toda probabilidade, ser interpretada como
féricos. Em primeiro lugar, foi tentada a ligadura. A pri- um sinal de que a aorta abdominal pode ser ocluída, sem
meira ligadura de aorta foi feita em 1817, por Sir Ashtley sério risco de gangrena das extremidades." Esse bom re-
Cooper.22 O paciente sobreviveu por 40 horas. A indica- sultado "era evidentemente conseqüente a uma circulação
ção foi um aneurisma iliofemoral esquerdo. A quarta li- colateral previamente desenvolvida. Até essa época os
aneurismas aórticos eram escassamente detectados. Em
gadura de aorta feita para tratar um aneurisma i1iofemo-
ral direito foi realizada por um cirurgião brasileiro, Cân- 1940, Bigger26 inicia o seu artigo dizendo: "Aneurismas
da aorta abdominal reconhecíveis na clínica ocorrem
dido Borges Monteiro, Visconde de ltaúna, até então com
a maior sobrevida, de 10 dias, ocorrendo o óbito por he- infreqüentemente, mas o fato de que Kampmeier tenha
morragia devida à infecção. O caso publicado na revista conseguido coletar 65 casos comprovados de aorta e 3 de
The Lancet teve repercussão internacional. Os detalhes aneurismas celíacos nos prontuários do "Charity Hospi-
dessa honrosa contribuição de um brasileiro à história da tal" & Nova Orleans, em um período de 30 anos, indica
medicina podem ser encontrados em "Doenças Vascula- que eles não são extremamente raros." Algumas outras
res", publicado em 1983 sobre o 242 Congresso Brasilei- frases desse artigo de revisão revelam a precariedade do
ro de Angiologia.23 tratamento nessa época: "até essa data todas as formas de
tratamento levaram a resultados pobr~s ..:' e 'Julgando
Elkin,22 em 1940, reportou os 24 casos de ligadura de
aorta feitas até então. O sexto caso foi o primeiro feito pela literatura, somente um pequeno núrp.ero de cirur-
giões tem achado que um ataque direto sobre os aneuris-
por um aneurisma da aorta abdominal, sendo realizado
mas da aorta abdominal éjustificável, e é preciso admitir
por McGuire em 1868. O paciente sobreviveu 11 horas.
Para se ter uma idéia das dificuldades da época, só b 52 que os resultados obtidos pela intervenção cirúrgica.têm
sido desencor;:yadores".
caso de ligadura, feito em 1856, foi realizado sob aneste-
sia. Os 4 primeiros foram feitos sem anestesia, sendo que Os cirurgiões prosseguiram no aperfeiçoamento da
a ligadura praticada por Monteiro foi feita em residência. ligadura aórtica, usando tiras de algodão, borracha, seda
Dos 24 casos, apenas 5 foram bem-sucedidos com um pe- ou fitas de prata, alumínio ou tântalo, mas os casos de

.
Capítulo 1
HISTÓRIADA CIRURGIAVASCULAR

necrose sob a ligadura com hemorragia continuaram fre- cie exposta do saco aneurismático. Dois meses após, a
qüentes. Os problemas isquêmicos na medula e nos massa aneurismática tinha sido reduzida em 2/3 do ta-
membros inferiores também contribuíam para os resulta- manho, ao exame clínico. Albert Einstein foi operado
dos desastrosos.27 Os maus resultados das ligaduras da por essa técnica por Rudolph Nissen, em dezembro de
aorta levaram os cirurgiões a procurar técnicas que não 1948. Foi usado celofane para recobrir a maior parte do
produzissem hemorragia no local da ligadura ou que aneurisma, mas não todo ele, pois a mobilização da parte
provocassem uma obliteração gradual da aorta, ou do posterior do aneurisma foi considerada muito perigosa.
aneurisma, permitindo o desenvolvimento da circulação Em 18 de outubro de 1955, Einstein morreu de ruptura
colateral. As atenções foram, então, dirigidas para uma do aneurisma. Foi-lhe oferecida uma ressecção com en-
observação de Page28 que, usando celofane para envolver xerto de cadáver, mas ele recusou a cirurgia.32
o rim de cachorros a fim de produzir hipertensão, com- Em 1950, Lowenberg33 reportou 2 casos em que usou
provou as propriedades irritantes dessa substância com enxertos de pele, em vez de celofane, para reforçar a pa-
fibrose secundária. O polietileno foi o que mostrou uma rede aneurismática. O primeiro paciente morreu 3 me-
melhor indução à fibrose. Envolvendo as ligaduras com ses e 23 dias após a cirurgia de ruptura do aneurisma. No
o polietileno, provocava-se uma fibrose que protegia a 22 caso, 16 meses após a cirurgia, o paciente estava bem,
parede da aorta contra a ruptura e produzia, com o tem- o aneurisma menor e quase não pulsátil.
po, uma constrição progressiva da luz aórtica.29 Em 1949, Robert Gross,34 de Boston, relatou enxer-
A idéia de coagular o conteúdo do aneurisma, usan- tos homólogos, usados em coarctação de aorta torácica e
do a introdução de um fio metálico, foi materializada tetralogia de Fallot. A partir dessa ocasião, vários gran-
pela 1!lvez por Moore, em 1864, e por Corradi, em 1879, des hospitais mantiveram bancos de artérias, usando téc-
esse último usando uma corrente galvânica para esquen- nicas, então, desenvolvidas, de "preservação de artérias
tar o fio. A maioria das tentativas foi em aneurismas torá-
removidas de indivíduos jovens que faleciam de trauma
cicos, e seus resultados, inconclusivos e imprevisíveis.27 ou doenças não malignas. Estava aberto o caminho para
Blakemore,30 em 1938, usou o método de aramiza- a moderna cirurgia da aorta. Em 1951, Outdot35 publi-
ção do aneurisma da aorta abdominal, com a passagem cou a primeira ressecção de uma bifurcação de aorta trom-
de uma corrente elétrica pelo fio, a fim de aquecê-Io e bosada, usando na reconstituição um enxerto homólogo.
provocar a coagulação do conteúdo do aneurisma. Em Logo essa técnica seria aplicada aos aneurismas da aorta
1951, ele reportou um caso com bom resultado, em que a abdominal.
coagulação do aneurisma foi feita em 2 tempos, para per- Em 2 de março de 1951, Schafer36 ressecou um aneu-
mitir o desenvolvimento da circulação colateral. Descre- risma da aorta abdominal e restabeleceu a circulação
veu outro método para fazer a cirurgia em um só tempo, usando um enxerto homólogo. Enquanto a aorta e as ilía-
associando a coagulação parcial do aneurisma pela ara- cas estavam clampeadas, a circulação foi mantida através
mização, com a ligadura proximal da aorta, usando uma de 2 shunts de polietileno. Com 29 dias de operado, o
banda de borracha, envolvida em polietileno, ~ que pro- paciente faleceu de uma hemorragia intra-abdominal ma-
duziria uma oclusão progressiva, permitindo que a circu- ciça. Logo após, em 29 de março do mesmo ano, Dubost,37
lação colateral se desenvolvesse. através de um acesso toracoabdominal esquerdo com
A endoaneurismorrafia foi pouco usada para os ressecção da 11!l costela e abordagem extraperitoneal,
aneurismas de aorta abdominal. DeTakats,27 em 1952, es- também ressecou um aneurisma abdominal usando en-
tranha que esse método, tão usado em aneurismas peri- xerto homólogo para a restauração vascular. Cinco me-
féricos, tivesse apenas 5 casos descritos até então. O ses após, o paciente mostrava-se em perfeitas condições.
procedimento bem-sucedido de Bigger26 foi realizado em Graças ao bom resultado da cirurgia, Dubost passou para
aneurisma traumático em um paciente jovem e, portan- a história como o primeiro a ressecar um aneurisma da
to, com uma aorta normal. Nos aneurismas verdadeiros, aorta abdominal com sucesso.
o problema da obliteração da aorta proximal acarretava Em 1953, DeBakey38 reportou a ressecção de 7 aneu-
os mesmos riscos da ligadura pura e simples desse seg- ris mas da aorta abdominal, tendo também utilizado en-
mento aórtico, que, como já vimos anteriormente, mui- xertos homólogos. O acesso foi pela linha mediana, trans-
tas vezes não era bem-sucedida.
peritoneal. A evolução dos enxertos tornou ainda mais
Outra idéia que surgiu foi a de reforçar a parede do eficaz a ressecção dos aneurismas. O grande passo que
aneurisma para impedir ou, pelo menos, retardar a rup- sepultaria os enxertos homólogos foi a publicação, em
tura. Em 1948, Yeager31 publicou um caso em que, após 1952, de Voorhees39 na qual relatava o emprego do
expor 80% da superfície do aneurisma, suturou várias Vynion N, para restabelecer a continuidade da aorta em
tiras de polietileno, cobrindo completamente a superfí- cães. DeBakey, no seu artigo anteriormente citado, já se
Seção I
CAPíTULOSBÁsICOS

referia a essa publicação e dizia: "Embora esses enxertos dopróteses como nos processos de colocação e fixação,
preservados tenham provado ser satisfatórios, uma pró- mas os problemas e o sucesso a longo prazo ainda estão
tese plástica, como a descrita por Voorhees, tem vanta- para ser estabelecidos.
gens definitivas." Atualmente com grande número de pacientes trata-
Com os trabalhos de Voorhees ficou demonstrado dos de aneurismas de aorta, tanto abdominal quanto
como o plástico podia ser usado com bons resultados, torácica, as indicações, os resultados e as complicações já
substituindo segmentos arteriais. O conceito de enxerto estão bem estabelecidos. Para maiores detalhes, procu-
artificial poroso tinha nascido. Mesmo com outros mate- rar nos capítulos "Endopróteses" e "Aneurismas da aorta
torácica - Tratamento endovascular".
riais utilizados, persistia o problema de que essas pró te-
ses eram difíceis de manusear, suas extremidades tinham O tratamento dos aneurismas da aorta abdominal
de ser dobradas para evitar o esgarçamento pela sutura, também evoluiu para técnicas laparoscópicas assisti-
não tinham elasticidade e acotovelavam com facilidade. das49.5oou totalmente laparoscópicas.51.53 Os primeiros a
Esses problemas foram resolvidos em 1955, quando realizarem uma ressecção de aneurisma da aorta abdomi-
Edwards40 introduziu em prótese de náilon o princípio nal só por técnica laparoscópica foram Dion et al.54A ex-
da corrugação (crimPing). Os enxertos corrugados ti- periência ainda é limitada, mas os resultados mostram-se
nham elasticidade, eram maleáveis, fáceis de serem ma- promissores.
nuseados e mantinham sua forma, dificultando o acoto- No que se refere à cirurgia para as doenças obstruti-
velamento. Outros materiais foram utilizados como o vas carotídeas a primeira foi feita por Carrea et al., em
orlon por Hufnagel,41 em 1955, o teJlon por Harrison42 1951, mas só foi relatada em 1955. A porção inicial da
em 1958, e o dácron por ]ulian,43 em 1957, Szilagyi44 e carótida interna foi ressecada, sendo a circulação restabe-
DeBakey,45 em 1958; esse se mostrou o mais durável e re- lecida por uma anastomose entre~a carótida externa ho-
sistente dos tecidos, sendo até hoje largamente utilizado. molateral e a extremidade distal da carótida interna sec-
Em 1976 foi relatada a primeira aplicação clínica de uma cio nada. 55
nova pró tese não tecida, mas resultante de uma expansão A cirurgia mais reconhecida como sendo aquela que
do material, o tetraclorofluoroetileno expandido ou marcou o início da moderna cirurgia de carótida foi reali-
PTFE.46 Foi o desenvolvimento dessas próteses plásticas zada por Eastcott et al., em maio de 1954,56 em uma mu-
que permitiu que um grande número de aneurismas da lher de 66 anos, que vinha desde dezembro do ano ante-
aorta abdominal fosse ressecado, pois eram facilmente rior sofrendo ataques isquêmicos transitórios. Até o dia
disponíveis em vários calibres e formas, e seus resultados da cirurgia tinha sofrido 33 desses ataques, sempre com
no território aortoilíaco mostraram-se excelentes. amaurose à esquerda, acompanhada, por vezes, de hemi-
Outro passo importante, que tornou a ressecção des- paresia direita e afasia, com recuperação completa no
ses aneurismas mais segura, foi a técnica publicada por período de 10 a 30 minutos. Foi ressecado um segmento
Creech,47 em 1966, onde dizia que as maiores dificulda- de 3 cm da carótida interna, seguido de anastomose dire-
des no tratamento desses aneurismas residia nó ato da ta entre a carótida comum e a interna. A temperatura da
ressecção do aneurisma. Propôs, então, a não ressecção paciente foi reduzida para 28°C por resfriamento exter-
do saco aneurismático, que seria aberto com a sutura das no, não tendo sido usado anticoagulante. Os sintomas
lombares por dentro: a aplicação da antiga idéia de Matas neurológicos desapareceram após a cirurgia.
da endoaneurismorrafia. Incisões circulares seriam fei- Em 1975, DeBakey publicou57 um caso, com acompa-
tas na aorta proximal e distal, e a prótese, colocada por nham~nto de 15 anos, de um paciente que havia sido ope-
dentro do aneurisma. Aí está o exemplo de uma técnica rado em agosto de 1953 com a utilização de endarterec-
antiga, retomada e complementada com a moderna téc- tomia para remover uma lesão aterosclerótica que se ini-
nica disponível das pró teses plásticas. Quando da publi- ciava na bifurcação e abrangia os 2 cm iniciais da carótida
cação, Creech disse já usar essa técnica há cerca de 5 anos. interna e origem da externa. Foram injetados 15 mg de
Esta tornou-se a técnica padronizada para a aneurismec- heparina diretamente na carótida interna. O paciente vi-
tomia da aorta abdominal. Com alguns aperfeiçoamen- nha sofrendo há 2 anos e meio de episódios com hemipa-
tos técnicos e também quanto às vias de acesso, permane- resia esquerda e problemas na fala. O paciente morreu
ce, em essência, a mesma técnica até os dias atuais. de doença aterosclerótica coronariana em agosto de 1972,
O último grande passo foi dado por Parodi,48 que, sem ocorrência das crises isquêmicas cerebrais transitó-
em 1991, publicou a técnica de colocação endoluminal rias, após a cirurgia.
da prótese aórtica através da femoral, um procedimento Em 1956, Cooley58 et alopublicaram o caso de um ho-
bem menos agressivo do que a cirurgia convencional. Es- mem de 71 anos que se queixava de ruído em sua orelha
sa técnica tem tido progresso importante, tanto nas en- esquerda sincrônica com os batimentos cardíacos, che-
i
I
I
..t
Capítulo 1
HISTÓRIADA CIRURGIAVASCULAR

gando a interferir com o sono. Tinha vertigens quando admissão até a cirurgia. Todos os reparos foram feitos
se sentava ou ficava de pé. Em março de 1956, o paciente com seda 5.0. A anastomose direta foi possível em 65%
foi operado com prévio esfriamento do crânio, imerso dos casos e nos restantes foi usado enxerto venoso autó-
em gelo picado por 30 minutos. Um shunt externo de logo e, como 2~ opção, enxerto arterial homólogo con-
polivinil com agulhas nas extremidades foi usado para servado. A localização mais freqüente foi na braquial,
manter a circulação durante o clampeamento. Usando in- femoral superficial e poplítea. Alguns pacientes morre-
cisão transversa no bulbo carotídeo, uma placa ateroscle- ram em pouco tempo de outras causas que não a lesão ar-
rótica foi retirada por tromboendarterectomia (a inter- terial. Dos 72 analisados, o índice de amputação foi de
rupção do fluxo carotídeo durou 9 min). Após a cirurgia, 11,1%. O grande sucesso dos reparos arteriais na Guerra
o ruído na orelha esquerda desapareceu, mas ocorreu da Coréia, com relação à 2~ Guerra Mundial, deveu-se a
moderada paresia no lado direito e alguma dificuldade vários fatores, como o progresso nas técnicas de cirurgia
na fala. Esses sintomas desapareceram após 12 horas, vascular, reposição sanguínea e anestesia, bem como ao
permanecendo uma discreta fraqueza na mão esquerda. uso de antibióticos. Outro fator de grande importância
Com esses relatos pioneiros, estavam lançadas as bases foi a rapidez do atendimento com o uso freqüente de he-
para a moderna cirurgia da carótida. licópteros.6o
Quanto ao reparo arterial nos traumatismos, apesar Tipo semelhante de conduta foi usado durante a
de as bases das suturas e anastomoses arteriais já terem Guerra do Vietnã por Rich e Hughes.64 No Vietnã o tempo
sido bem estabelecidas no início do século por Carrel, entre o ferimento e o atendimento foi ainda mais reduzido
com algumas poucas exceções, ele não foi utilizado du- pelo largo emprego do helicóptero. Outro grande avanço
rante a 1~ Guerra Mundial. O medo da infecção e seus e- foi a existência de grande número de cirurgiões com ex-
feitos desastrosos sobre as suturas vasculares tornou proi- periência em cirurgia vascular. O índice de amputações
bitivo O uso do reparo arterial durante a guerra. 59Ape- não foi melhor que aquele da G"uerra da Coréia, porque
nas no início da guerra - como nesse período o uso de se, por um lado, o atendimento rápido era uma vanta-
projéteis de baixa velocidade causava danos arteriais limi- gem, por outro, ele fazia com que chegasse vivo aos hos-
tados - cirurgiões alemães, usando as técnicas já descri- pitais um grande número de feridos que, em qualquer
tas de reparo arterial, foram bem-sucedidos em mais de das guerras precedentes, teriam morrido antes de chegar
100 casos.60 ao local de atendimento. Portanto, casos muito mais gra-
ves eram observados.60
Apesar de progressos importantes terem sido feitos
entre as 2 Guerras Mundiais no campo da cirurgia arte- No hospital Walter Reed foi estabelecido um registro
rial reparadora, os resultados obtidos durante a 2~ Guer- geral para documentar e analisar todos os ferimentos vas-
ra foram desalentadores.61 DeBakey e Simeone, após a culares tratados nos hospitais militares durante a Guerra
análise de 2.471 casos, afirmaram que nenhum outro do Vietnã.
procedimento, além da ligadura arterial, era aplicável à Toda essa grande experiência em trauma vascular é
maioria dos traumatismos vasculares que chegavam ao hoje utilizada nos ferimentos em civis que se tornam ca-
cirurgião militar. da vez mais freqüentes nos dias de hoje, especialmente
O uso do reparo arterial durante as 2 Guerras Mun- nas grandes cidades.
diais foi ocasionalmente utilizado, só vindo a ser usado
como terapêutica programada durante' a Guerra da
Coréia. ]ahnke e Howard62 relataram a experiência de 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
hospitais militares móveis no período de abril a setembro
de 1952. A técnica preferida foi sempre a anastomose 1. Maia MCM. Enxerto arterial.Tese para provimento efetivo da
direta boca a boca. Quando havia tensão na anastomose, Cátedra de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da
Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil.
um enxerto venoso autólogo de safena interna ou cefálica 1955.
era usado. Os anticoagulantes não foram empregados. 2. Thompson JE. Earlyhistory of aortic surgery. J Vasc Surg
Nos 58 casos que entraram no programa, a incidência de 1998;28:746-52. .
amputação foi de 10,3% comparada de forma extrema- 3. Garrison FH.An introduction to the history of medicine.
mente favorável aos resultados obtidos na 2~ Guerra, Philadelphia: WB Saunders Co Ltda, 1929. p. 217.
com 48% de amputações. 4. Schumacker Jr HB.Arterial suture technique and grafts: past,
present and future. Surgery 1969;65:432.
Hughes63 analisou 79 casos de traumatismos em 5. perry MO. John Hunter - triumph and tragedy. J Vasc Surg
grandes artérias durante a Guerra da Coréia. O tempo 1993;17:7-14.
decorrido entre o ferimento e a chegada ao hospital foi 6. Matas R.Traumatic aneurysm of the left brachial artery. M
em média 5,8 h com um período adicional de 4,2 h da News Phila1888 Oct 27;53:462.
Seção I
CAPíTULOS
BÁSICOS

7. DaleWA, CharlesCT.AutogenousVeinGrafts - and related 32. Cowen Jr, Graver lM. The ruptured abdominal aneurysm of
aspectsof peripheralarterialdisease.Springfield,lIIinois- Albert Einstein. Surg Gynec & Obst 1990;170:455.
Publisher,1959. p. 3-8. 33. lowenberg EL. Aneurysm of the abdominal aorta - Report of
8. JaboulayM, BriauE.Recherches expérimentalessur Ia suture two casestreated by "Cutis Grafting". Angiology 1950; 1:396.
et Ia greffe artérielle.LyonMéd 1896;81:97. 34. Gross RE, Bill ]r AH, Peirce EC /I. Methods for preservation and
9. CarrelA. la transplantationdesveineset sesapplications transplantation of arterialgrafts - Observations on arterial
chirurgicales.PresseMéd 1905;105:843. grafts in dogs - Report of transplantation of preserved arterial
10. CarrelA. Thesurgeryof blood vesselspreservedin cold grafts in 9 human cases. Surg Gynec & Obst 1949;88:689.
storage.Bulilohns HopkinsHosp 1907;18:28. 35. Outdot J. la greffe vasculaire dans les thromboses du
11. CarrelA. Heterotransplantationof blood vesselspreservedin carrefour aortique. PresseMed 1951 ;59:234.
cold storage.1 ExperMed 1907;9:226. 36. Schafer PW, Hardin CA. The use of temporary polythene
12. CarrelA. Resultsof the transplantationof blood vessels, shunts to permit occlusion, resection and frozen homologous
organsand limbs.lAMA 1908;51:1662. graft replacement of vital segments. Surgery 1952;31: 186.
13. CarrelA. Resultatseloignésde Iatransplantationdesveines 37. Dubost C, Allary M, Deconomos N. Resection of an aneurysm
sur lesarteres.Revde Chir 1910;41:987. of the abdominal aorta - Reestablishment of the continuity by
14. CarrelA. Graft of the venacavaon the abdominalaorta. Ann a preserved human arterial graft, with result after five months.
Surg 1910;52:462. Arch Surg 1952;64:405.
15.Allen EV,BarkerNW,HinesJr EA.Peripheralvasculardiseases. 38. DeBakey ME, Cooley DA. Surgical treatment of aneurysm of
3rd ed. Philadelphia:WB SaundersCo, 1962. p. 847. abdominal aorta by resection and restoration of continuity
16. HaimoviciH. Historyof arterialgrafting. 1 CardiovascSurg with homograft. Surg Gynec & Obst 1953;97:257.
1963;4:152. 39. Voorhees AB, Jaretski A, Bkakemore AH. The use of tubes
17. BarkerWF.Peripheralarterialdisease.In: Seriesmajor constructedfrom Vynion N cloth in bridging arterial defects.
problemsin clinicalsurgery.Philadelphia:WB SaundersCo, Ann Surg 1952;135:332.
1966.v. 4, p. 2. 40. Edwards WS, Tapp JS. Chemically treated nylon tubes as
18.Wilie E, KerrE,DaviesO. Experimentaland clinicalexperiences
arterial grafts. Surgery 1955;38:61;
with useof fascialata appliedas a graft about major arteries 41. Hufnagel CA, Rabil P.Replacement of arterial segments,
after thromboendarterectomyand aneurysmorrhaphy.Surg utilizingfiexibie orlon prostheses. Arch Surg 1955;70: 105.
Gynec&Obst1951;93:257. 42. HarrisonJH. Synthetic material as vascular prostheses. Amer 1
19. BarkerWF,CannonJA. An evaluationof endarterectomy.Arch
Surg 1958;95:3.
Surg 1953;66:488.
43. Julian OC, Deterling Jr RA, Su HH, et aI. Dacron tube and
20. HoldenW. Reconstructionof femoralartery for arteriosclerotic
bifurcationarterial prosthese producedto specification.
thrombosis.Surgery1950;27:417.
Surgery 1957;41 :50.
21. KunlinJ, Bitry-BoélyVM, BeaudryM. Treatmentof arterial
44."SzilagyiE.An elastic dacron arterial substitute. SurgC/inNorth
ischemiaby long veingrafts. Révde Chir 1951;70:206.
Am 1959;39: 1523.
22. ElkinDC Aneurysmof the abdominalaorta. Treatmentby
45. DeBakey ME, Cooley DA, Crawford ES,et aI. Clinical
ligation.Ann Surg 1940;112:895.
application of a new flexible knitted dacron arterial substitute.
23. Souza LC Contribuição para a História da evolução da cirurgia
Arch Surg 1958;77:713.
vascularno Brasile seupatrono. In: BritoCJ,MayallRC,
Pinto-Ribeiro A. Doençasvasculares-
Anaisdo 24° Congresso 46. Campbell DC, Books DH, Webster MW, et aI. The use of
Brasde Angiologia.
RiodeJaneiro:Ed.Teatral,
1983.,. expanded microporous polytetrafluoroethylene for limb
p. 219-24. salvage: a preliminary reporto Surgery 1976;79:485.
24. MatasR. Ligationof the abdominalaorta. Reportof the 47. Creech O. Endo-aneurysmorrhaphy and treatment of aortic
ultimate result,one year,five monthsand ninedaysafter aneurysm. Ann Surg 1966;64:935.
ligationof the abdominalaorta for aneurysmat the 48. ParodiJC,PalmazJC,BaroneHD.Transfemoralintraluminal
bifurcation.Ann Surg 1925;81:457. graft implantation for abdominal aortic aneurysms. Ann Vasc
25. Brook B. Ligationof the aorta. A clinicaland experiemental Surg 1991;5:491.
study.lAMA 1926;87:723. 49. Kolvenbach R. Hand-assisted laparoscopic abdominal aortic
26. BiggerIA. Thesurgicaltreatment of the abdominalaorta - aneurysm repair. Semin LaparoscSurg 2001;8(2):168-77.
Reviewof theliteratureandreportof two cases, one 50. Chiu KM, lin TY, Huang PH, Chu SH. Hand-assisted
apparently successful. Ann Surg 1940;112:879. laparoscopic surgery for abdominal aortic aneurysm. 1 Formos
27. DeTakatsG, MarshallMR.Surgicaltreatment of Med Assoc 2004; 103(9):724-6.
arterios-clerotic aneurysms of the abdominal aorta. Arch Surg 51. Javeliart I, Coggia M, Di Centa I, Kitzis M, et aI. Total
1952;74:307. laparoscopic abdominal aortic aneurysm repair with
28. Page IH. Theproductionof persistentarterialhypertensionby reimplantation of the inferior mesenteric artery. 1 Vasc Surg
cellophaneperinephritis.lAMA 1939; 113:2046. 2004;39(5):1115-7.
29. BlakemoreAH. Progressiveconstrictiveocclusionof the 52. Coggia M, Javeliart I, Di Centa I, Alfonsi P,Colacchio G, et aI.
abdominalaorta with wiring and electrothermiccoagulation. Totallaparoscopic versus conventional abdominal aortic
Ann Surg 1951;133:447. aneurysm repair: a case-control study. 1 Vasc Surg
30. BlakemoreAH, BarryGK.Electrothermiccoagulationof aortic 2005;42(5):906-10.
aneurysms.lAMA 1938;3:1821. 53. ludemann R, Swanstrõm lL. Totally laparoscopic abdominal
31. Yeager GH,CowleyA. Studieson the useof polytheneasa aortic aneurysm repair. Semin LaparoscSurg
fibroustissuestimulant.Ann Surg 1948; 128:509. 1999;6(3): 153-63.
Capítulo 1
HISTÓRIADA CIRURGIAVASCULAR

54. Dion YM, Gracia CR, Ben EI, Kadi HH. Totally laparoscopic 59. Bernheim BM. Blood-vesselsurgery in the war. Surg Gynec &
abdominal aortic aneurysm repair. J Vasc Surg Obst 1920;30:564-7.
2001 ;33(1): 181-5. 60. Rich NM, Spencer FC. Historical aspects of vascular trauma. In:
55. Barker WF. A History of vascular surgery. In: Moore W. (Ed.). Rich NM, Spencer FC. Vascular trauma. Philadelphia: WB
Vascular surgery. 5th ed. Philadelphia: WB Saunders Co, 1998. Saunders Co, 1978. p. 3-21.
p.1-19. 61. DeBakey ME, Simeone FA. Battle injuries of the arteries in
56. Eastcott HHG, Pickering GW, Rob CG. Reconstruction of World War 11.An analysis of 2.471 cases. Ann Surg
internal carotid artery. Lancet 1954 nov 13:994-6. 1946;123:534.
57. DeBakey ME. Successful carotid endarterectomy for 62. Jahnke EJ,Howard JM. Primary repair of major arterial injuries.
cerebrovascular insufficiency - Nineteen-Year Follow-up.JAMA Arch Surg 1953;66:646-9.
1975;233:1083-85. 63. Hughes CW. Acute vascular trauma in Korean War casualties-
58. Cooley DA, AI-Naaman YD, Carton CA. Surgical treatment of An Analysis of 180 cases. Surg Gynec & Obst 1954;99:91-100.
arteriosclerotic occlusion of common carotid artery. J 64. Rich NL, Hughes CW. Vietnam vascular registry: a preliminary
Neurosurg 1956; 13:500-6. report. Surgery 1969;65:218-226.

Você também pode gostar