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Universidade de São Paulo

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Curso de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo Dedico este trabalho
Aos que ainda não usufruíram as regalias das
medidas
Resumo da Tese de Doutorado
que minorariam os efeitos das inundações em
SISTEMÁTICA INTEGRADA PARA CONTROLE DE seus bairros.
INUNDAÇÕES EM SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS
URBANAS Aos que vieram de Estados distantes em
ESTUDO DE CASO: A Bacia do Córrego Pirajuçara, busca de trabalho,
sob o enfoque da integração de obras com ações de que construíram nossa metrópole e hoje
educação e percepção ambiental. habitam sua periferia invisível, clandestina,
Maria de Sampaio Bonafé Ostrowsky perversa, real.
Orientadora:
Aos que já se foram, tragados pela violência
Prof ª Dr ª Élide Monzeglio
Janeiro de 2000 das águas,
ou que com elas se contaminaram.

Aos que ainda têm esperanças de ter


condições dignas de vida.

RESUMO
O trabalho analisa as estruturas vigentes
de controle de inundações, para o
desenvolvimento de novas alternativas,
tomando como cenário a Região
Metropolitana de São Paulo.
Desenvolve uma análise das causas e
conseqüências dos problemas gerados pelas
inundações e das soluções adotadas para o
seu controle. Propõe uma Sistemática
Integrada que estabelece uma nova visão das
relações entre os fatores intervenientes no
fenômeno e as medidas adotadas para
minimizá-lo. Enfatiza a importância do PREÂMBULO
enfoque multidisciplinar e da Integração das
Ações, da Educação Ambiental, do Controle de Enquanto imagens feéricas e milionárias
Uso e Ocupação do Solo, e da Percepção brilhavam nos céus do mundo todo na
Ambiental como instrumento fundamental comemoração antecipada da virada do século
para o estabelecimento das diretrizes. e do milênio, numa outra parte deste mesmo
mundo, imagens da miséria e da impotência,
Toma como estudo de caso a Bacia do ante a retirada também antecipada de
Córrego Pirajuçara, para que os conceitos ali pessoas de suas moradas,
aplicados sejam estendidos para as outras destruídas pelas inundações, sem o ano
sub-bacias, possibilitando a integração e velho, nem o novo.
melhoria do planejamento estratégico e da
gestão das questões das inundações. Gera um Hoje, ainda chove muito em toda a região
Sistema de Informações Geográficas, para o Sudeste do País.
planejamento, monitoramento, avaliação e Os noticiários reservam grande espaço ao
atualização das ações. assunto ‘enchentes’.
Conclui a urgência da integração entre Jornalistas correm atrás dos técnicos e dos
os setores envolvidos no controle de políticos à procura de explicações, de
inundações e a experimentação de modelos culpados e de matérias para o assunto da
para a concretização das estruturas semana.
propostas.
Governantes sobrevoam as regiões inundadas
e prometem soluções e verbas minguadas,
pois as grandes, explodiram no ar fazendo
fulgurarem os céus sob os aplausos dos que
puderam voltar para casa no primeiro dia do
ano novo.

Amanhã, quando o sol brilhar, estas cenas


irão se apagando da memória da cidade, junto
às últimas gotas d’água.

Esta é a imagem de uma história que


continuará pautando as notícias que se

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agravam ano a ano, se não nos posicionarmos ORAÇÃO A UM RIO
ante a relação predatória das cidades para Maria Bonafé Ostrowsky, - 1997
com os recursos naturais, das cidades para Rio nosso,
com os cidadãos e dos cidadãos para com os nasces no mais puro dos recantos
refletes noite e dia o céu dourado e prateado.
outros cidadãos. Respeitado seja o vosso nobre leito,
bendito o teu caminho
Que a presença do sol ilumine a realidade, mesmo ainda pequeno, frágil e transparente,
neste emaranhado de relações que permeiam trazes a nós o sangue puro e cristalino
e decidem sobre as questões das inundações, que alimenta nosso ninho
e perpetua nossa espécie.
para que, nas chuvas do amanhã, os novos Rio nosso,
caminhos propostos atenuem as dimensões perdoa por nossa gente,
dos danos por elas causados. pela sabedoria em gerações acumulada,
É o que se pretende trazer à luz com este por toda engenharia para confinar teu leito,
trabalho. ajustar teu curso, grilar teus quintais
e aprisionar-te a correnteza
que hoje murmura nos umbrais
da mortalha de concreto.
São Paulo, 5 de janeiro de 2000. Rio nosso,
perdoa por nossos pobres,
de toda sorte de pobreza,
de corpo, d’alma, de amor,
dos que carregam tuas águas
com tanto tipo de impureza,
e como se fosse pouco,
com aquilo que não lhes serve,
te obstruem e amaldiçoam a correnteza,
fazendo com que transbordes
Rio nosso,
perdoa nosssa cidade
que invadiu tua morada,
maculou tua pureza,
destruindo assim,
a unidade da natureza,
que abriga parte de um povo
ligado em guerra e riqueza,
que de ator, passa a vítima
de toda a calamidade.

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SISTEMÁTICA INTEGRADA PARA enfocando uma de suas sub-bacias, no caso, a do
córrego Pirajuçara.
CONTROLE DE INUNDAÇÕES EM SUB-
BACIAS HIDROGRÁFICAS URBANAS. A RMSP é uma área de 8.051 Km2 composta por 39
Estudo de caso: a Bacia do Córrego Pirajuçara municípios, cerca de 18 milhões de habitantes, com alto
sob o enfoque da integração de obras com índice de adensamento urbano, e cuja ocupação e
ações de educação e percepção ambiental. expansão ocorre de forma rápida e quase sempre
apartada do planejamento urbano. Nesse ambiente, a
O texto apresenta um resumo dos aspectos incidência das cheias freqüentemente se transforma em
fundamentais da tese, bem como sua estrutura e eventos de inundações de áreas ocupadas pelo homem,
sumário. com contornos trágicos. Em uma metrópole dessa
proporção, o controle de inundações é de fundamental
INTRODUÇÃO importância.

Os maiores problemas de inundação na RMSP


A ocupação desordenada e predatória das bacias
concentram-se basicamente ao longo de seus drenos
hidrográficas, principalmente das várzeas e encostas,
principais (os rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros) que
altera diversos componentes do ciclo hidrológico. A
recebem águas dos drenos de suas sub-bacias que, por
rápida urbanização, sem o necessário planejamento,
sua vez, recebem as águas de seus afluentes.
modifica o processo de infiltração de água no solo e
promove a impermeabilização da bacia hidrográfica. Em
São Paulo tem investido enormes recursos em obras de
decorrência, durante as chuvas, aumenta o escoamento
drenagem urbana, cujos resultados nem sempre têm
da água pela superfície, elevando as vazões acima da
sido os esperados. As causas desse aparente fracasso
capacidade da rede de drenagem.
são muitas, mas uma das principais é a falta do enfoque
multidisciplinar e integrado para a solução/minimização
Assim, o fenômeno natural das cheias passa a ser
dos problemas. A falta de ações consistentes para a
temido por sua face mais perversa – a inundação de
resolução destes problemas dificulta ainda a obtenção
áreas ocupadas pelo homem e os danos que acaba
de verbas para a adoção das medidas necessárias que
causando. A percepção negativa que a população tem do
possam minimizar os danos causados à cidade e seus
rio e seu entorno faz com que este seja apenas o
habitantes. Outro fator a ser considerado é a dificuldade
depositário de lixo, entulho e esgotos e também o
de se obterem dados atualizados e confiáveis e
grande vilão nas épocas de cheias. Esse quadro é
planejamento sistêmico integrado.
observado em várias áreas de alta concentração urbana
e se agrava quando incide em países com menos
De modo geral, as inundações vêm sendo tratadas de
recursos para enfrentá-lo.
forma isolada e pontual, ou seja, dada uma região com
problemas de inundação, desenvolve-se um projeto
Neste estudo aborda-se a questão tomando como
específico, sem levar em conta o fato de que o espaço
cenário a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP

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em que se processa o regime hídrico é muito mais maior poder de influência, e não seria diferente quando
amplo: são pequenos drenos, veios principais, as sub- se tratam de recursos para controle de inundações.
bacias, formando enfim a grande bacia hidrográfica da
região. São Paulo não age de forma integrada, seja entre os
poderes envolvidos, seja entre governos e demais
As soluções isoladas não consideram a bacia como um setores da sociedade. Os estudos apontam ainda que,
todo e assim sendo, as inundações migram de um lugar em diversas situações, nem mesmo entre setores do
para outro, transferindo os problemas para outras mesmo poder público ocorre essa integração.
regiões e em muitos casos, paradoxalmente,
aumentando as perdas e os danos envolvidos. No fluxo atual do controle de enchentes, após a
ocorrência de mais uma previsível inundação, em
Porque as coisas não funcionam? Essa intrigante decorrência da pressão social e conforme os recursos
questão, considerando o bom nível dos profissionais disponíveis, decide-se adotar medidas, normalmente de
envolvidos com o assunto das enchentes, os diversos impacto, sem que sejam observados aspectos relevantes
Planos de extremo apuro técnico desenvolvidos e os de planos integrados, mesmo porque estes inexistem.
recursos financeiros aplicados, que não foram poucos, foi Tais medidas, ao serem implantadas, já não
o ponto inicial e a motivação principal dos estudos. representam mais o conjunto de necessidades do trecho
urbano e da população, quer pela demora em serem
Em geral, planos e projetos dos governos em geral: implementadas, quer pela própria alteração da ocupação
partem do descrédito histórico pelo muito a que se urbana.
propõem e pelo pouco que realizam, pretendem ter uma
importância, abrangência e influência muito maior que a Nos períodos compreendidos entre as inundações, os
permitida pela suas atribuições (ou força, ou setores de planejamento desenvolvem ainda outras
competência política) e, apesar do longo histórico de propostas, em geral, desconhecendo ou ignorando os
fracassos, ainda pretendem, isoladamente, ser projetos desenvolvidos por outros setores. Esses projetos
considerados como a única alternativa para solução de nem sempre são implementados, pois acabam
todos os males; não é raro ainda que, para terem preteridos pelas medidas que se optam por implantar no
sucesso, exijam, previamente, uma enormidade de período que se suceda a mais outra inundação, e assim
ações que, naturalmente, serão executadas por algum por diante, criando um círculo vicioso de desperdício e
órgão fora da esfera de poder daquele governo que pouca eficácia.
aprovará o plano.
Por outro lado, os principais atores desse drama, ou seja,
Outro aspecto interessante é o contexto social e sua a população - moradores e não moradores que se
influência nas decisões políticas de aplicação de recursos relacionam com o espaço por meio do comércio,
nas metrópoles brasileiras, que é um fator decisivo em indústria, serviços, escolas, etc. –, principalmente os de
relação ao direcionamento de maiores recursos menor poder aquisitivo, são constantemente tratados
financeiros para atendimento a regiões e grupos com

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como meros coadjuvantes, quando não como agentes Por inúmeros outros fatores, até mesmo políticos, nem
passivos do processo. sempre os dados técnicos são os principais itens
considerados para tomada de decisão e,
Nenhum desses fatores é novidade nos estudos e inevitavelmente, dispor de informações, apenas, não
preceitos de controle de inundações. Vislumbra-se, evita o drama das áreas inundadas, o que não invalida,
porém, a possibilidade de uma ruptura nesse processo, e obviamente, a necessidade da existência e da
é justamente isso que se irá procurar demonstrar ao importância dos Sistemas de Informações.
longo deste trabalho.
Pelas razões expostas, a hipótese central desta tese é a
Demanda-se, naturalmente, uma mudança de postura de possibilidade de melhoria no processo de controle de
todos os envolvidos, munícipes, setores organizados da inundações, mediante o desenvolvimento e adoção de
sociedade e órgãos de governo em relação a essa um novo modelo teórico e geração de instrumentos que
questão. Isso poderá ser obtido por meio de técnicas de tragam um enfoque integrado da questão das cheias
educação e de reeducação, da modificação do fluxo urbanas e suas conseqüências.
vigente, de forma a racionalizar o uso de recursos de
todas as áreas envolvidas e, principalmente, da Adotou-se como objeto de estudo-padrão a sub-bacia do
integração dos processos, das pessoas e das entidades córrego Pirajuçara, integrante à bacia do Alto Tietê, em
envolvidas, de forma a tornar cada um de seus função de ter um alto grau de urbanização (90% da
componentes, parte inseparável de um todo. área) com predominância de população de baixa renda,
possuir trechos que são inundados em época de
A adoção de ações integradas e de medidas de enchente causando paralisação em uma área estratégica
racionalização facilita a compreensão global dos do sistema viário que faz a interligação da capital com o
problemas e aproxima setores envolvidos. A cone sul e oeste e atravessar três municípios (Taboão da
sistematização e a avaliação periódica realimentam o Serra, Embu e São Paulo).
processo e permitem que se obtenha um melhor
ordenamento da expansão urbana, elemento A partir dos dados levantados, foi possível também,
fundamental para o equilíbrio do ecossistema. descrever, cronologicamente, as medidas adotadas
pelos governos, órgãos da sociedade civil e pelos
Para suporte à tomada de decisão, é necessário o cidadãos para enfrentar as inundações, bem como
desenvolvimento dos chamados ‘Sistemas de analisar a forma de atuação dos governos envolvidos e
Informações Geográficas’ (SIG), os quais permitem que detectar a necessidade de mudança no enfoque da
os órgãos de planejamento disponham de informações questão do controle das inundações, dando ênfase
consistentes e atualizadas que facilitam a constante especial ao trabalho conjunto dos setores e aplicação de
reavaliação, e, conseqüentemente, a melhoria dos ações integradas e concomitantes.
processos.
Os dados levantados e mapeados possibilitaram que,
tomando como referência o material bibliográfico e

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humano consultados, fossem elaboradas proposições e
recomendações sobre medidas que poderão ser tomadas Um instrumento importante utilizado no
em relação à bacia, com vistas ao controle de desenvolvimento da tese é a pluridisciplinaridade
inundações. aplicada na sua estruturação. Exemplo disso, o seu
projeto gráfico, que aplica conceitos de percepção,
Dentre todas essas questões, provavelmente, muitas comunicação ambiental e programação visual gráfica,
estão presentes em diversos planos e projetos com o objetivo de ressaltar a importância destas
governamentais já existentes, embora deva ser disciplinas para a sensibilização, desenvolvimento da
ressaltado o fato de que o que faltam nem sempre são percepção e melhoria dos mecanismos de comunicação
planos, mas realizações com resultados positivos. utilizado em textos técnicos e acadêmicos, que ainda se
mantêm sob a égide de antigos paradigmas.
Medidas que abrangem ações integradas para toda a
bacia, podem vir a permitir a elaboração de peças de RESUMO DOS CAPÍTULOS
planejamento (sob o título que melhor convier, até No Capítulo II, arrolam-se alguns conceitos básicos sobre
mesmo o desgastado ‘Plano Diretor’) que auxiliem, os elementos envolvidos na questão das Inundações
efetivamente, a população a conviver com as águas, ou Urbanas: em primeiro lugar, naturalmente, discorre-se
a viver mais adequadamente (ou, no mínimo, a sobre as águas, seguindo-se abordagens sobre as
sobreviver) em situações de inundações. ciências que dela se ocupam, mormente a Hidrologia e
seu ramo específico, a Drenagem Urbana.
A utilização de sistemas de monitoramento e apoio,
como é o caso do Sistema de Informações Geográficas – São destacadas ainda, outras ciências e artes que já são
SIG, desenvolvido e apresentado como parte integrante consideradas elementos complementares ao controle de
desse trabalho, é outro ponto a ser ressaltado como um inundações: especial atenção é dada à questão da
dos meios de melhoria dos processos vigentes. Educação Ambiental (incluindo-se as manifestações
artísticas como pintura, música, teatro), da Percepção
Finalmente, ressalte-se que a questão das inundações é Ambiental e da Comunicação Visual e de outros menos
sempre considerada no contexto da bacia hidrográfica, conhecidos, como o caso da Topofilia, que aborda os elos
tratando-se os problemas de forma integrada, e afetivos entre as pessoas e o meio.
considerando ainda os vínculos hidráulicos da rede de
drenagem e todos os elementos urbanos e ambientais, Ressalta-se que controlar inundações não é tarefa desse
não deixando de lado aqueles relacionados ao ou daquele especialista e que somente o conjunto de
comportamento da população e à percepção ambiental. conhecimentos técnicos, políticos, ambientais e
humanos pode, com alguma chance, compreender e
As conclusões desse estudo, no entanto, poderão ser tornar possível a convivência com esse fenômeno da
estendidas às outras sub-bacias da Bacia do alto Tietê, natureza.
visando minimizar/solucionar os problemas causados
pelas inundações na RMSP.

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A intenção desse breve capítulo é, em primeiro lugar, ocupação do solo, chegando-se enfim à questão das
expor os conceitos básicos dos elementos que serão inundações na região.
abordados no conjunto do trabalho, para depois poder se
aprofundar na questão da Região Metropolitana de São Nesse ponto, discorre-se sobre as medidas já adotadas,
Paulo. os projetos desenvolvidos e a desenvolver, incluindo-se
uma análise comparativa entre projetos municipais e
Em seguida, foi estruturado o Capítulo III para que a estaduais e a dificuldade de integração entre os setores,
questão seja geograficamente colocada e definida: a sejam entre governos ou dentro do mesmo poder
escolha é A Região Metropolitana de São Paulo - RMSP. público.
Para tanto, apresenta-se o histórico do desenvolvimento
da região, o contexto social e político de sua expansão, Pretende-se que, ao final do Capítulo IV, o panorama
as leis e regulamentos que regem a metrópole e aborda- geral da hipótese esteja totalmente definido: da
se a relação desse conjunto com a questão das águas e, impossibilidade, seja qual for o assunto, de que os
mais especificamente, com as cheias. governos envolvidos na problemática da metrópole,
possam resolver, minorar, ou ao menos equacionar,
Procura-se demonstrar que há um claro conflito entre as isoladamente, as questões urbanas da região.
leis e as águas na região. Na verdade, busca-se apenas
demonstrar esse conflito, como que preparando terreno Procura-se demonstrar a seqüência de ações pontuais, a
para o aprofundamento e detalhamento da questão, o recorrência ou repetição dos mesmos problemas,
que irá ser descrito no capítulo seguinte: A Bacia do seguidos de promessas de solução e planos que se
córrego Pirajuçara, o objeto adotado para o estudo de pretendem únicos e definitivos, mostram-se insuficientes
caso, em específico. ou simplesmente fracassam, e assim por diante;
acredita-se que foi possível demonstrar que esse
Reservada para o Capítulo IV, a abordagem da Bacia processo permeia governos nomeados ou eleitos, em
Hidrográfica do Pirajuçara é iniciada com uma cronologia administrações ditas democráticas, e em outras nem
de fatos, colhida junto aos periódicos da região, cuja tanto, não isentando nenhuma esfera de governo.
leitura é imprescindível, ao menos do resumo, de uma
poucas páginas; o levantamento completo está anexado No capítulo sobre a Bacia do Pirajuçara já se pretende
ao trabalho: é quase uma saga, por vezes dramática, por obter afirmações conclusivas, e demonstrar que, mesmo
outras com tons de grotesco e de comédia, passando em uma das maiores metrópoles do mundo ainda
pelo ridículo a que os governantes se expõem quando implantam-se medidas isoladas, pontuais e corretivas e
parecem desconhecer a história da cidade. com grande tendência a resultados pouco significativos.

Seguindo-se ao histórico e, ainda nesse mesmo capítulo, O Capítulo V - Sistema de Informações para a Bacia do
abordam-se as características da bacia: a composição Pirajuçara é uma contribuição que se pretende fazer aos
físico-territorial, geográfica e geomorfológica, sócio- gestores dos processos de controle de inundações: foi
econômica, dentre outros pontos, sobre o uso e desenvolvido um protótipo de um Sistema de

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Informações Geográficas – SIG, a partir do material Novamente, registra-se que não se trata de dissecar,
obtido nos levantamentos, um farto material que era e neste trabalho, as estruturas organizacionais do
ainda é, em grande parte, de desconhecimento dos Município e do Estado de São Paulo, nem se discute a
governos. precisão ou ausência dos manuais, normas e
procedimentos técnicos adotados pelos órgãos
Como o objetivo não é colocar o Sistema em discussão, envolvidos.
nem quais seriam os indicadores mais adequados para a
região, nem mesmo quais deles deveriam compor um O modelo desenvolvido apenas indica, de forma macro,
SIG para as bacias da RMSP, o Sistema não é colocado que há uma grande tendência à ineficiência no fluxo
como ferramenta pronta e acabada para ser utilizada atual e demonstra a possibilidade de melhoria na
como instrumento de controle de inundações. Ao invés qualidade das ações, desde que sejam promovidos
disso, demonstra clara e inquestionavelmente que é ajustes, tanto no enfoque da questão quanto nas
possível que os governos tenham instrumentos técnicas utilizadas pelos órgãos envolvidos.
cientificamente desenvolvidos que, uma vez mantidos
atualizados, auxiliam em muito a melhoria da qualidade Procura-se deixar bastante explícito o caráter técnico do
das ações que possam prevenir os trágicos cenários modelo proposto que, se não desconsidera que
anualmente repetidos na região. mudanças desse teor dependem dos governos, não
despreza o fato de que esses mesmos governos não
Como se utilizam critérios acadêmicos de cálculos e apresentam melhores resultados, no tocante às
medições, envolvendo conceitos de estatística, enchentes, justamente porque fatores políticos,
engenharia, geologia, dentre outras disciplinas, historicamente, têm impedido que o processo seja
requerendo ainda conhecimentos específicos de melhorado.
ferramentas de análise e desenvolvimento de sistemas,
o modelo do SIG desenvolvido contou com a valiosa A partir de uma sistemática como a que se propõe seria
contribuição de técnicos e acadêmicos que, possível detectar, fundamentalmente, o que é
naturalmente, também devem receber os créditos pela importante e o que é desnecessário, permitindo ainda,
tarefa. quase como subproduto, que se melhorem ou que se
eliminem áreas e processos em duplicidade, que se
O SIG proposto para o Pirajuçara coloca a questão da desmanchem ‘feudos’ e áreas ou tarefas com
necessidade do uso de ferramental técnico para o superposição, em conflito, ou francamente
controle de inundações. Abre caminho para que, em desnecessários.
seguida, seja apresentada, no Capítulo VI – Sistemática
Integrada para Controle de Inundações, um modelo Sim, o uso de expressões como ‘reestruturação’,
teórico propondo alterações no fluxo atual das ações das ‘reengenharia’, ‘downsizing’ e outras, criadas
áreas envolvidas na questão das enchentes na RMSP. ocasionalmente e que, eventualmente viram moda,
foram propositadamente evitadas já que, no fundo o que
se propõe é apenas o uso das técnicas adequadas de

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racionalização de processos, seja sob qual denominação
da moda a técnica estiver contida.
CONTEÚDO
Considerando-se como premissas a utilização daquilo
que foi exposto nos Capítulos V e no próprio Capítulo VI, Título:
ou seja, considerando-se a hipótese de implantação de SISTEMÁTICA INTEGRADA PARA CONTROLE DE
um Sistema de Informações Geográficas para a Bacia e INUNDAÇÕES EM SUB-BACIAS
de um tratamento da questão conforme proposto na HIDROGRÁFICAS URBANAS
Sistemática Integrada para Controle de Inundações, ESTUDO DE CASO: A BACIA DO CÓRREGO
seguem-se, no Capítulo VII, as Proposições e Conclusões. PIRAJUÇARA, sob o enfoque da integração de
obras com ações de educação e percepção
É importante lembrar que a adoção das premissas ambiental.
estabelecidas é colocada como enfoque fundamental,
uma vez que as proposições padeceriam justamente da LISTA DE ILUSTRAÇÕES
falta daquilo que se procurou apontar como causa dos
diversos insucessos históricos, constituindo-se em RESUMO/ABSTRACT
verdadeira armadilha para a visão global da questão que
se optou por adotar durante todo o trabalho, já que se PREÂMBULO
transformariam em apenas itens pontuais e isolados. I - INTRODUÇÃO
1. Apresentação
Isso não impede, no entanto, a colocação de 2. Objetivos
proposições, sejam de caráter teórico, direcionadas à 3. Justificativa
aplicação prática ou até mesmo pontuais. Evita-se assim 4. A escolha da Bacia do Córrego Pirajuçara
que o trabalho possa ser mais um daqueles que se 5. Sobre a pesquisa
criticou, onde premissas são colocadas como condição 6. Metodologia
indispensável 7. Análise dos resultados, conclusões e
Nesse mesmo capítulo, a conclusão final do trabalho é recomendações
também apresentada, ou mais propriamente, os 8. Aplicação das proposições
conceitos que lhe dão sustentação são novamente 9. Descrição da tese
expostos, já que apareceram ao longo de todo o corpo
do trabalho e ali se mostram de forma resumida, visando II - INUNDAÇÕES URBANAS
a leitura breve e final do que se pretendeu expor.
Apresenta-se a seguir o sumário dos itens que compõem 1. As águas
a tese. O fenômeno das enchentes
2. Inundações em áreas urbanas
3. Hidrologia e drenagem urbana
4. Urbanização e controle de uso do solo

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5. A questão do lixo, entulho, esgoto e 4.1. Aspectos gerais101
assoreamento 4.2. Aspectos específicos dos municípios da
6. A Percepção Ambiental bacia105
7. A Comunicação Visual 5. O Comitê de Controle de Enchentes do
8. A Educação Ambiental Córrego Pirajuçara
Outros aspectos a serem observados 6. Controle de inundações na Bacia
7. Projetos e obras
III - A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO 7.1. O que já foi feito
1. Sobre as metrópoles 7.2. Estudos para novas obras
2. A estruturação da Região Metropolitana de 7.3. Situação atual das obras em execução
São Paulo na bacia
2.1. A formação da Região Metropolitana 7.4. Ações previstas e/ ou propostas
2.2. A expansão da metrópole
Sobre o zoneamento e os Planos Diretores Outras Ações
3. O controle e uso do solo no Município de São 8.1. O controle do uso do solo e subsolo
Paulo 8.2. O controle da erosão do solo
4.1. Os Planos Diretores 8.3. A questão do lixo
4.2. A Lei de Zoneamento 8.4. A Percepção Ambiental
4.3. O Código de Obras e Edificações 8.5. A Comunicação Visual
4.4. Sobre o subsolo 8.6. A Educação Ambiental
As águas na RMSP 8.7. Outros setores
5.1. Sobre os recursos hídricos no Brasil
5.2. Pequeno retrospecto dos planos de Comentários
recursos hídricos em São Paulo
5.3. O Plano Diretor de Macrodrenagem da V - SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA A BACIA DO
Bacia do Alto Tietê PIRAJUÇARA
5.4. As Leis de Proteção aos Mananciais 1. Conceito
Os conflitos entre a urbanização e as águas na 2. Concepção
RMSP 2.1. Etapa 1- Diagnóstico Físico
2.2. Etapa 2- Diagnóstico Sócio-Econômico
IV - A BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO O SIG para o Pirajuçara
PIRAJUÇARA 3.1. O SIG como instrumento de gestão
1. Histórico65 3.2. Conteúdo do SIG
2. Dados físico-territoriais81 3.3. Geração do modelo tridimensional da
3. Dados sócio-econômicos bacia149
4. Caracterização do uso e ocupação do solo e Software
subsolo101 3. Hardware

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4. Instalação e Execução 3.1. Fluxo atual
3.2. Fluxo proposto
VI - SISTEMÁTICA INTEGRADA PARA CONTROLE DE
INUNDAÇÕES VII - PROPOSIÇÕES E CONCLUSÕES
Reclassificando as medidas VIII - ANEXOS
1. Fluxo de trabalho, premissas e diretrizes IX – BIBLIOGRAFIA
2. Representação gráfica dos fluxos de
trabalho
SISTEMÁTICA INTEGRADA PARA
A análise das causas e conseqüências das inundações
CONTROLE DE INUNDAÇÕES deve ser feita a partir desse quadro. A simples
identificação de causas e conseqüências das inundações,
no entanto, não leva a uma resolução do problema.
FLUXO DE TRABALHO - PREMISSAS E
DIRETRIZES É necessário, também, que outros agentes interfiram no
processo. Assim, a análise técnica deve ser entendida
Os estudos indicam que o cerne da questão é a ausência como mais um elemento condicionante para o
de uma sistematização do fluxo do trabalho que permita equacionamento dos problemas, além da pressão social,
um enfoque integrado da questão das cheias urbanas e que sempre vai existir, e da ‘disponibilidade de
suas conseqüências. Apontam ainda para a necessidade recursos’, que baliza e dá parâmetros para o possível em
de desenvolvimento de um modelo que modifique o relação ao ideal.
fluxo atual tornando cada um de seus componentes
parte inseparável de um todo. Dentro desses grupos devem ser identificados os fatores
que podem provocar o início dos estudos técnicos que
O ponto de partida desse modelo é a diferenciação, já irão levar as ações visando o controle das inundações.
assinalada desde o início deste trabalho, entre a questão
da cheia, considerada como fenômeno natural, e a Esse mecanismo precisa estar preservado e
inundação, entendida como o conflito entre as águas e a sistematizado, independentemente das trocas de
ocupação que o homem faz do solo. Governo. A visão das cheias urbanas como parte de uma
ordem maior (o ciclo da bacia como um todo) e de suas
A avaliação periódica das cheias urbanas permite que se conseqüências desagradáveis (as inundações), não pode
desenvolvam mecanismos de acompanhamento e ser perdida de vista quando se sabe que a cada novo
monitoramento nas ocorrências de inundações. Em episódio, mais vidas e bens podem ser perdidos. As
conjunto com leis que disciplinem o uso do solo e decisões e escolhas políticas das propostas de solução
subsolo favorecem o ordenamento da expansão urbana serão mais acertadas em função da melhor
e posteriormente, servem de base para elaboração de compreensão dos problemas e do grau mais refinado de
Planos Integrados. interação técnica das proposições.

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O que se costuma desenvolver atualmente são diversos
Como pilares que darão sustentação às proposições ‘planos de obras’, ou ‘planos de educação ambiental’, ou
devem ser observados estudos técnicos que tenham por seja, planos de ação para controle de inundações ora
objetivo, medidas de ‘obras’ e ‘ações’ concomitantes, feitos sob a visão técnica de engenheiros, ora sob a ótica
de acordo com a classificação ora proposta. de educadores, algumas vezes patrocinados pela
comunidade ou organizações não governamentais,
Vários setores contribuem para a desejada qualidade outras pelo governo; todos eles, isoladamente, se
técnica, porém, é fundamental a observância da propondo a resolver o problema e, invariavelmente,
interligação e interdependência entre os mesmos. nenhum deles se reconhecendo como partes de um
todo.
Quaisquer desses elementos, isoladamente, não tem o
alcance necessário para que os danos sejam evitados e Para que esse conjunto seja validado é necessário o
ainda perdem força e até mesmo sentido se não for envolvimento, de forma integrada, das áreas de governo
considerado que, nos locais para onde se propõem obras partícipes do processo (transportes, uso do solo, infra-
ou ações de cunho didático, habitam pessoas. estrutura urbana, percepção e cognição ambiental, etc.)
Ter percepção para as necessidades da população e de com a população, seja diretamente ou por meio de seus
como ela interage com seu meio é imprescindível para representantes reconhecidos, com apoio de educadores
que as medidas propostas tenham aceitação e, ao invés e iniciativa privada.
de intervencionistas, sejam percebidas como um
trabalho conjunto entre Estado, iniciativa privada, Pode-se dizer, finalmente, que quaisquer que sejam as
educadores e comunidade. Demanda-se, portanto, que ações adotadas, estas devem ter por objetivo manter o
toda proposta seja permeada pela necessária percepção controle sobre as inundações e, ao mesmo tempo,
ambiental. necessariamente, promover a convivência harmoniosa
da população com as cheias.
A adoção de ações integradas facilita a compreensão
global dos problemas e aproxima setores envolvidos. A Para fins didáticos, foi desenvolvida uma representação
avaliação periódica realimenta o processo e permite que gráfica do fluxo atual e do proposto, conforme figuras
se obtenha um melhor ordenamento da expansão que seguem.
urbana, elemento fundamental para o equilíbrio do
ecossistema. A partir do modelo proposto, foi possível desenvolver
algumas propostas de medidas as quais procuram trazer
Como se sabe, sob o nome de ‘Plano Diretor , costumam o equilíbrio entre os componentes do modelo e devem
ser apresentadas propostas que carecem da visão ser vistas como ponto de partida para as intervenções
holística da bacia conforme defendida ao longo deste que se fazem necessárias visando a minimização dos
trabalho. problemas causados pelas inundações e,
conseqüentemente, a melhoria ambiental da RMSP.

13
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS FLUXOS 4 e 6- Os projetos que detalham as escolhas das
DE TRABALHO medidas que serão adotadas são geralmente pontuais e
consideram apenas a obra isoladamente. Podem mesmo
Fluxo atual ocorrer, para uma mesma bacia, estudos que
proponham intervenções totalmente incompatíveis,
1- O fenômeno das cheias, aliado a ocupação feitos por consultorias contratadas por diferentes setores
desordenada de áreas urbanas, provoca as inundações. dos governos. Ao serem implantadas, já não se sabe se
as medidas irão atender nem mesmo o problema inicial,
2- Os órgãos responsáveis pela análise das causas e tanto em decorrência de alterações no trecho urbano,
conseqüências das inundações não dispõem dos quanto pelos fatores de integração dos setores que não
instrumentos adequados para avaliação. Não há: são considerados nos projetos.
• Avaliação e Reavaliação dos processos de
inundação e das áreas de risco 5 e 7- Normalmente a educação ambiental é uma
• Sistema de Informações Geográficas exigência dos órgãos internacionais de financiamento da
• Sistematização de um fluxo de trabalho – cada obra, cumprida burocraticamente e tendo efeito pontual
inundação é analisada isoladamente e sem e disperso.
considerar o contexto da sub-bacia que pertence
• Planos Diretores que promovam a integração Por fim, não há uma avaliação sistematizada dos
entre setores do mesmo poder público, entre resultados, dificultando a compreensão global dos
governos e dos governos com os setores da problemas e a melhoria do processo.
sociedade e a população.
Por outro lado, ao mesmo tempo em que se analisam
fatores técnicos, ainda que inadequadamente, por falta
de uma legislação e regulamentação do uso do solo e Fluxo proposto:
subsolo, os administradores (do Estado e dos Municípios)
se sujeitam a pressão social e a recursos limitados até Sistemática integrada para controle de
mesmo pela inadequação ou ausência de um inundações em sub-bacias hidrográficas
planejamento para a metrópole. urbanas
1- O fenômeno das cheias, aliado à ocupação
3- Diante desses fatores, a decisão política é tomada desordenada de áreas urbanas, provoca as inundações.
sem que os administradores tenham o suporte técnico
integrado e necessário dos setores envolvidos. Acaba se 2 e 9- Os órgãos responsáveis pela análise das causas e
optando por medidas de impacto, de caráter estrutural, conseqüências das inundações utilizam instrumentos
as quais podem modificar radicalmente e agredir o adequados para avaliação e reavaliação do processo.
espaço urbano, podendo não ser a solução mais Isso decorre da constante reavaliação e melhoria da
adequada no contexto da sub-bacia qualidade das informações sobre a bacia e sobre o

14
histórico das inundações. O enfoque é, sempre, da sub- recursos econômico-financeiros podem ainda ser
bacia como um todo. limitados (já que outros fatores influenciam a questão).
Porém, sendo parte de um planejamento integrado para
3 e 10- Em função dessa análise é possível planejar e re- a metrópole, tendem a ser racionalizados.
planejar a expansão urbana (em função de uma Diante desses fatores, a decisão política é tomada com o
constante reavaliação dos processos e das áreas de suporte técnico integrado e necessário dos setores
risco), obtendo os seguintes produtos: envolvidos.

• Sistema de Informações Geográficas – SIG, uma 6 e 7- Quaisquer que sejam as decisões dos governos, os
importante ferramenta auxiliar na tomada de projetos que detalham as escolhas das medidas que
decisão por acumular o histórico da bacia e serão adotadas devem ser tratados em conjunto,
permitir simulações. considerando, obrigatoriamente:
• Sistematização de um fluxo de trabalho – as • As ‘obras’ (medidas estruturais ou não-estruturais)
inundações passam a ser analisadas sob o conforme a classificação aqui proposta.
enfoque e o contexto das sub-bacias e da bacia da • As ‘ações’, considerando: Controle do Uso do Solo
região. e Subsolo, a Questão do Lixo, a Percepção
• Planos Diretores que promovam a integração Ambiental, a Comunicação Visual, a Educação
entre setores do mesmo poder público, entre Ambiental, dentre outros, bem como a aplicação
governos e dos governos com os setores da do conjunto de Leis e Regulamentações, ou seja, o
sociedade e a população. cumprimento das leis.
• Legislação e regulamentação do uso do solo e
subsolo. Essa integração impede proposições incompatíveis e
melhora a qualidade geral dos projetos, além de otimizar
4- Inevitavelmente, sempre irão existir a pressão social e a utilização de recursos. Ao serem implantadas,
os condicionantes econômico-financeiros influenciando a permitirão a avaliação sistematizada dos resultados e a
escolha de alternativas para controle de inundações. reavaliação do processo como um todo.
Esses fatores afetam em maior em menor grau a decisão Necessariamente, a base dos dados a ser utilizada nos
dos políticos em função de uma série de aspectos, projetos deve ser única, integrada e atualizada.
porém, acredita-se que políticos com melhor qualidade
de informações técnicas tendem a decidir melhor e optar 8- A avaliação dos eventos e a constante reavaliação dos
pelas melhores alternativas. Caso não o façam, sabe-se, processos são feitas considerando-se o histórico de
não será por desconhecimento da situação e sim por ações integradas. Esse processo permite o aprendizado
outros motivos que, como se sabe, também afetam as e o aprimoramento constante das bases de dados e
decisões dos governos. melhora a qualidade das análises técnicas, em
detrimento de avaliações individualizadas e pontuais das
5- Por outro lado, os administradores (do Estado e dos ocorrências de inundações.
Municípios) ficarão menos expostos à pressão social. Os

15
F e n ô m e n o E x p a n s ã o F e n ô m e n o E x p a n s ã o
d a s C h e ia s U r b a n a d a s C h e i a s U r b a n a
1 1 1 1

O c o r r ê n c ia s
d e I n u n d a ç õ e s O c o r r ê n c ia s
d e I n u n d a ç õ e s
1
1

A n á li s e d e A n á l i s e T é c n i c a
P r e s s ã o D is p o n i b il id a d e A v a li a ç ã o /
C a u s a s e d e C a u s a s e
S o c i a l C o n s e q ü ê n c i ad s e R e c u r s o s R e a v a l ia ç ã o C o n s e q ü ê n c ia s
2 2 2 8 2 / 9

P l a n e j a m * e ( nL te o i s e R e g u l a m e n t a ç õ e s d o U s o d o S o l o
D e c i s ã o
d a E x p a S n i s ãt e o m a d e I n f o r m a ç õ e s G e o g r á f ic a s , S i s t e m
P o lí t i c a F lu x o , P la n o s D i r e t o r e s I n t e g r a d o s )
U r b a n a *
3 3 / 1 0

E d u c a ç ã o P r e s s ã o D e c i s ã o D i s p o n ib i li d a d e
P r o j e t o s
A m b i e n t a l S o c i a l P o lí t i c a d e R e c u r s o s
4 5 4 5 4

O b r a s d e A ç õ e s
E n g e n h a r i a E d u c a t i v a s C o n t r o le d o
P r o j e t o s e E d u c a ç ã o P e r c e p ç ã o
6 7 U s o d o S o lo e
O b r a s A m b ie n t a l A m b ie n t a l
S u b - s o lo * *
6 6 6 6

* * A p li c a ç ã o d o C o n ju n t o d e L e i s
e R e g u la m e n t a ç õ e s d a E x p a n s ã o
U r b a n a .
A ç õ e s
I n t e g r a d a s
7

F L U X O A T U A L P A R A C O N T R O L E D E I N U N DS I A S Ç T Õ E EM S Á T I C A I N T E G R A D A P A R A C O N T R O L E D E I N U N
E M S U B - B A C I A S H I D R O G R Á F I C A S U R B A N A S

16
PROPOSIÇÕES E CONCLUSÕES
Com base nos dados levantados, foi proposta uma
“Sistemática Integrada para Controle de Inundações”,
Retomando os objetivos propostos, o trabalho baseada numa sistematização dos fluxos de trabalho,
desenvolveu uma análise das causas e conseqüências permitindo um enfoque integrado das questões relativas
das inundações urbanas e das soluções historicamente às inundações e suas conseqüências. Por esse enfoque,
adotadas para sua minimização. como pilares que darão sustentação às propostas,
devem ser aplicados estudos técnicos que objetivem
A ocupação do solo na Região Metropolitana de São ‘obras’ (medidas estruturais) e ‘ações’ integradas,
Paulo ocorreu através de processos especulativos partes de um todo indissociável. Tais ‘ações’ (medidas
induzindo à ocupação predatória de mananciais, várzeas não estruturais), são, especificamente, controle do uso e
e encostas por uma população socialmente excluída, ocupação do solo e educação ambiental.
confinando e poluindo represas e cursos d’água,
agravando, dentre tantos outros, os problemas das A aplicação desta sistemática envolve mudanças
inundações. profundas nos sistemas de gestão e políticas públicas,
integrando os diferentes setores (saneamento,
Na tentativa de sanar os problemas, foram aplicadas habitação, transporte, educação, saúde, lazer...), através
medidas estruturais, pontuais e pulverizadas que, de práticas participativas e parcerias que integrem, por
aliadas à ausência de políticas, de ações integradas e à sua vez, população, governos (local, estadual e federal),
indefinição de atribuições entre as diferentes esferas iniciativa privada, meios de comunicação, associações
governamentais, foram fatores preponderantes para que religiosas e comunitárias e universidades.
as questões relativas às inundações se agravassem
progressivamente, como se pode constatar com as Foi assumida como estudo de caso, a Bacia do
ocorrências de inundações no início deste ano. Pirajuçara, por apresentar 90% de sua área urbanizada e
amplo leque de problemas sociais e ambientais, com alta
Nesse quadro, o conjunto de leis e regulamentações densidade demográfica, percentual significativo de
sobre o uso e ocupação do solo não é suficiente para um população em favelas, situadas nas várzeas dos
ordenamento da expansão urbana que evite as córregos, sofrendo várias vezes ao ano inundações de
conseqüências danosas das inundações. grandes proporções.

Decorre daí a importância de profundas alterações na Fechar os olhos a essa realidade e adotar posturas
visão que se tem das cheias urbanas, uma vez que, as radicais de ignorar a existência de organismos e
ações adotadas visando o controle de inundações não organizações sociais não oficializadas, não estruturadas
têm obtido os resultados desejados, pois adotam apenas legalmente e, até mesmo, socialmente marginalizadas
‘obras’ (soluções hidráulicas), ficando o uso e ocupação dentro da realidade de uma sociedade como aquela
do solo, enfim, o urbano, sem controle.

17
existente na bacia do Pirajuçara é fechar os olhos ao
mundo real.
PROPOSIÇÕES GERAIS
É ao mundo real, onde esses fatores existem e são
decisivos, para o qual as propostas que se seguem estão Integração entre setores envolvidos no
sendo direcionadas.
controle de inundações
Como medida de ação concreta para aplicação da Como já foi ressaltado , para que as questões da bacia
sistemática integrada na Bacia do Pirajuçara, propõe-se passem a ter um enfoque baseado nas premissas
a escolha de uma micro-bacia para estudo-piloto, colocadas para este trabalho, na busca de melhores
preferencialmente nas áreas das nascentes do Pirajuçara resultados, é necessário que haja a integração entre os
(Embu e Capão Redondo), cuja delimitação exigirá novos setores envolvidos no controle de inundações, onde
estudos. profissionais de múltiplas áreas possam estar envolvidos
em soluções que integrem aspectos hidráulicos e
A partir dos resultados obtidos, o projeto poderá se hidrológicos, arquitetônicos e urbanísticos, de percepção
expandir pelas demais micro-bacias do Pirajuçara ambiental e comunicação visual, sociais, econômicos,
abrangendo, a longo prazo, toda a Região Metropolitana enfim, onde profissionais de diversas áreas trabalhando
de São Paulo. juntos, certamente encontrarão soluções criativas com
alternativas viáveis para a minimização das questões
Apresentam-se a seguir propostas de ações que poderão relativas aos problemas causados pelas inundações.
ser aplicadas na área-piloto.

O envolvimento da Universidade de São


Paulo

Como se sabe, o campus da Universidade de São Paulo –


USP está localizado na sub-bacia do Pirajuçara.

Como também é de conhecimento da comunidade


científica e tecnológica brasileira, e de parcela da
população mais bem informada, no que diz respeito à
Arquitetura e ao Urbanismo, há paradigmas encravados
na maneira de projetar e atuar da maioria dos
profissionais, donde se produz grande quantidade de
trabalhos voltados ao pequeno e elitizado percentual de

18
população de classes dominantes, de maior poder A integração das obras com a realidade
aquisitivo. urbana local
Entende-se, portanto, que o envolvimento da De todos os pontos analisados durante o estudo, o óbvio
Universidade e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e fartamente constatado é que o todo que se tem feito
nas questões em tela é pertinente e necessário. na região em relação ao controle de enchentes são
obras, historicamente, de caráter pontual e sem
O prosseguimento do desenvolvimento do diretrizes de Planos Diretores de Drenagem.
Sistema de Informações e atualização O Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica
constante de dados do Alto Tietê, ainda em fase de elaboração, tem seu
término previsto para o ano 2000. As ações previstas
Como foi exposto, para o desenvolvimento do Sistema para a Bacia do Pirajuçara constituem-se em uma série
de Informações Geográficas para o Pirajuçara, diversos de obras, que deverão ser integradas à realidade urbana
profissionais, de diversas áreas foram envolvidos, sendo local.
que o resultado obtido apresenta um nível de
detalhamento e qualidade de informação acima daquilo Diante do exposto, propõe-se que os seguintes aspectos
que o Estado tem hoje disponível para seus técnicos. adicionais sejam previstos no detalhamento do Plano:

O SIG poderá servir de base para as futuras pesquisas e O aproveitamento múltiplo das áreas
projetos na bacia desde que tenha uma continuidade no usadas para reservatórios de contenção
aprofundamento, aprimoramento e atualização (de
dados da bacia e de programas utilizados). Na realidade, a questão preocupante a ser discutida e
que não faz parte até então das propostas do Plano
Este SIG deverá ser integrado aos trabalhos em Diretor de Macrodrenagem, ou pelo menos, as versões
andamento na Região Metropolitana de São Paulo. Ele atuais do projeto ainda não previram, a integração da
poderá servir como ferramenta para que as ações solução hidráulica com aspectos urbanos e sociais do
propostas se aproximem da realidade. local.

Para implementar novas funções deverão ser ainda O aprofundamento e detalhamento das
mapeados e implementados mais dados
medidas ‘não estruturais’ recomendadas
QUANTO ÀS MEDIDAS DE CONTROLE DE É necessário que sejam detalhadas e aplicadas as
INUNDAÇÕES APLICADAS medidas chamadas de ‘não estruturais’, apenas
recomendadas e enumeradas em muitos planos.

19
A partir das experiências realizadas neste piloto, se bem
sucedidas, poderão ser determinados os usos do solo
compatíveis com a realidade local, com a participação
Tais medidas, tratadas como ‘ações’ conforme efetiva da população, pois só assim poder-se-á garantir
preconizado no Capítulo VI, constituem parte uma continuidade em todo o processo e sua
fundamental da Sistemática Integrada para controle de manutenção.
inundações proposta no presente trabalho, sustentada,
junto às obras, pela Educação Ambiental, Controle do Uma vez testada a eficiência dos conceitos aplicados,
uso do solo urbano e demais técnicas auxiliares ao poderão ser estabelecidas novas diretrizes para as leis
equacionamento global da questão das enchentes. de uso e ocupação do solo, porém, maleáveis de tal
forma a não engessar o processo e gerar as
ESTABELECIMENTO DE DIRETRIZES DE conseqüências perversas que, historicamente se podem
comprovar.
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Para um estudo aprofundado de uso e ocupação do solo, A ocupação das várzeas
será necessário ter os mapeamentos recomendados para
a continuidade do Sistema de Informações Geográficas, Quanto às várzeas, em regiões de alto risco, poderão ser
sendo uma fase posterior à da conscientização adotadas algumas medidas, evidentemente, após uma
ambiental por parte da população. delimitação destas áreas (objeto do item relativo ao uso
do solo).
Assim, poderão ser delimitadas as áreas inundáveis, em
diferentes classes de risco, ou diferentes períodos de As regiões das nascentes do Pirajuçara, Embu e Distrito
retorno, delimitando-se também as áreas de riscos em de Capão Redondo, têm o solo totalmente ocupado por
encostas. arruamentos asfaltados e construções horizontais, sendo
que todos os córregos são ocupados por construções que
Estas medidas deverão ser integradas aos Planos invadem seus leitos, impedindo o acesso e,
Urbanos, devendo também nestes, serem abordados os conseqüentemente, a limpeza dos mesmos.
aspectos de infra-estrutura geral (redes de água,
esgotos, drenagem pluvial, distribuição de gás e energia Lixo e esgoto são lançados diretamente no córrego, fora
elétrica) e sistema viário; sistemas de transportes o lixo jogado nas ruas que também acabam chegando a
urbanos e interurbanos; ele.
traçar planos pequenos para coleta de esgoto, com
pequenas estações de tratamento, em cada micro-bacia, Partindo dos trabalhos de Educação Ambiental realizados
ou mesmo mais de uma por trecho, uma espécie de nas áreas-piloto, juntamente com os moradores das
saneamento condominial. várzeas, pode-se pensar na realocação dos moradores
das áreas de alto risco, procurando áreas onde se
possam, através de construções verticalizadas,

20
acomodar aquela população e liberar as várzeas que É claro que, onde há sistemas eficientes de coleta, renda
poderão ser utilizadas para acomodar parte das águas para comprar sacos de lixo e outros fatores, como em
da chuva por ocasião das enchentes e para atividades de bairros de classes de renda mais elevadas, há menos
lazer da própria população, que se encarregaria de incidência de lixo lançado às ruas.
cuidar para que não houvesse novas invasões.
Os córregos, nos locais de classe de renda mais altos,
Isto só será viabilizado se o trabalho de educação geralmente são canalizados e cobertos, como
ambiental com a população se der de maneira eficiente, historicamente aconteceu. Nos locais onde habita
e se, as construções independerem da morosidade e da população de baixa renda, os córregos correm a céu
burocracia dos poderes públicos. aberto e fica mais fácil o lançamento de lixo, pois,
geralmente, as construções são feitas à sua margem e
Estas atividades poderão ser organizadas através de da própria janela pode-se jogar todo tipo de lixo, até sem
cooperativas e a verba alocada através de que ninguém veja.
financiamentos por entidades internacionais, que muito
se mobilizam quanto às questões de Recursos Hídricos e As indústrias que se implantam nas beiras dos córregos
Meio Ambiente, evidentemente, necessitando do também são responsáveis por lançamento de lixo e
envolvimento das Prefeituras locais. outros materiais.

Sabe-se, porém, que a aplicação de tais medidas requer Não há multas, nem fiscalização, nem policiamento que
estudos mais aprofundados do que aqueles que aqui impeça, tampouco puna os infratores. Os pequenos lixos
foram possíveis de serem realizados, mesmo porque não lançados por habitante, transformam-se numa
foi esse o objetivo precípuo deste trabalho. quantidade diária colossal.

A QUESTÃO DO LIXO Partindo deste princípio, medidas pequenas para


melhoria da coleta do lixo também podem ser
O lixo urbano é um dos grandes problemas para os significativas no total.
sistemas de drenagem, pois quando não lançados
diretamente, acabam chegando ao rio principal, Propõe-se, então, tomando como unidade a pequena
carreado pelo escoamento superficial. sub-bacia para estudo-piloto, as seguintes medidas:

O lançamento de lixo nos rios, nas ruas, nas áreas Quanto à coleta de lixo, usar veículos menores como
públicas pela população, é uma constante em nossas peruas, que poderão adentrar mais facilmente os trechos
cidades, atitude não necessariamente associada à classe e ruelas de difícil acesso, em bairros como os
social ou de renda. Todos os atores sociais e órgãos pertencentes a Capão Redondo, ao invés dos veículos
públicos são igualmente responsáveis. convencionais que são desproporcionais ao tamanho das
ruas.

21
Há experiências bem sucedidas de se comprar o lixo da Essa é uma questão fundamental para a região. É muito
população, ou trocá-lo por alimentos, que poderiam ser freqüente e em grandes volumes, o lançamento de
testadas e adotadas se tivessem sucesso. A compra do entulho no córrego Pirajuçara e seus afluentes. A
lixo, sem dúvida, poderá ser menos onerosa do que a adequação do sistema viário para dificultar o acesso de
limpeza do córrego, das galerias e do que os prejuízos e caminhões às margens dos córregos é uma opção viável,
perdas causados pelas inundações. promovendo bloqueios nas ruas de acesso às margens
dos córregos, impedindo assim que os caminhões de
Mostrar, demonstrar e adotar a reciclagem como fator entulho atinjam estes locais.
importante, criando-se oficinas de reciclagem,
promovendo a venda de material para reciclagem ou O acesso ao rio é viável nas regiões de Taboão da Serra
reciclado, com benefício para a própria população. e Campo Limpo, onde, pelas pesquisas sócio-econômicas
efetuadas, são os lugares com maior percentual de
Devem ser divulgados dados já existentes da produção lançamento de lixo e entulho no córrego.
de lixo por habitante mostrando o custo do lixo,
utilizando-se de medidas comparativas, tais como, A complementação desta medida é, obrigatoriamente, a
quantas cestas básicas poderiam ser adquiridas, quantas de uma fiscalização eficiente que, além dos órgãos
casas poderiam ser construídas, quantas escolas e oficiais, só poderá ser efetivamente feita pelos
hospitais, e assim por diante. moradores, quando conscientizados da importância da
questão.
É necessário fazer com o lixo o que se tem que fazer
com o rio, e com a própria cidade, em termos de Pode-se adotar o recurso da multa para lançamento de
Percepção e Educação Ambiental: mostrar a lixo e entulho no rio, apenas para empresas, indústrias e
responsabilidade dos moradores pela produção de lixo, e locais de maior classe de renda, aliadas à legislação, ou
as relações causa e efeito: lixo jogado no rio causa com acréscimos no IPTU.
assoreamento e o conseqüente transbordamento do
mesmo por ocasião das chuvas; nas ruas, entope as Nos locais mais pobres, a multa é inviável e uma das
galerias, causando os mesmos problemas e assim por soluções, como já se propôs, é comprar o lixo, pagando-
diante. se para que não o joguem no rio.

Como responsável direto pelo assunto, é fundamental a


sensibilização e mobilização da Prefeitura dos municípios
A QUESTÃO DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL
envolvidos, principalmente o de São Paulo, sem a qual,
Uma educação ambiental no sentido da preservação dos
efetivamente, a questão do lixo pouco poderá evoluir.
recursos hídricos, incluindo aí os aspectos de controle de
inundações que se queira eficiente deverá priorizar na
O LANÇAMENTO DE ENTULHO NOS elaboração das diretrizes de sua proposta, os aspectos já
CÓRREGOS citados, como:

22
salientar a diferença de enfoque dos habitantes para de tratamento, inviáveis por exigirem grandes áreas,
com represas e rios. Parece que numa represa ou num inexistentes na região.
lago o lixo que se joga fica lá e nos rios ele ‘vai embora’;
é a questão da relação causa e efeito; a falta desta ajuda O SIG poderá ser também utilizado como ferramenta
a não percepção do que acontece quando se joga sujeira para um projeto de cultura e educação dentro das
no rio. escolas, com o objetivo de prover o cidadão de
A importância da informação por meio de mapas e informações sobre a realidade, sob diversos ângulos,
desenhos ao alcance da população equacionando a teoria com a prática.
Trabalhar no sentido de resgatar a imagem do rio em
ambiente natural e a relação do homem urbano com o A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
rio.
Ter consciência de que os órgãos públicos responsáveis
pelas águas, prefeituras, estado, de certa forma
Estabelecimento de diretrizes para a
reforçam esta imagem negativa de várias formas: Educação Ambiental e demais ações, como
canalizando em galerias fechadas, escondendo os rios ou medidas complementares às obras
deixando suas várzeas abandonadas, o que as torna A Educação Ambiental está diretamente relacionada com
susceptíveis à invasões, como se fosse uma terra de a recuperação de valores éticos, estéticos e espirituais
ninguém sem valor comercial. da sociedade como um todo e com a sua reaproximação
Ter um trabalho de planejamento urbano no sentido de com a Natureza. Os fenômenos naturais devem ser
recuperar a imagem da água e a postura do habitante compreendidos e a percepção de suas influências
em relação a ela; recíprocas, as relações de causa e efeito que atuam nos
trabalhar a questão das áreas públicas e privadas espaços e o perpassar do tempo, condicionam a
possibilidade de um juízo crítico no homem e de seu
Como já se ressaltou, fazer uso de ferramentas de desempenho e das condições ambientais em seu espaço
percepção e educação ambiental são fundamentais para de atuação.
que, junto com as necessárias obras e outras ações
conjuntas, melhorem as perspectivas de bons resultados O aprendizado de vivência ambiental importa no
nos trabalhos de controle de enchentes. estabelecimento de algumas diretrizes. Para transmitir
as informações de modo efetivo é necessário um longo
Espera-se, com isso, não apenas a mudança da imagem processo de percepção, sensibilização e reflexão junto à
do rio, mas uma completa mudança na postura dos população, voltado à construção da cidadania, para que
envolvidos com a questão, sejam governo, técnicos ou possam ser introduzidas as informações específicas
habitantes da bacia. sobre o que se deseja.
A somatória dessas medidas em pequena escala vai É necessário sensibilizar a população, com o auxílio das
permitir a análise comparativa com as grandes estações lideranças locais através de diferentes técnicas de

23
trabalho em grupo, gerando processos reflexivos para Assim, devem ser estimuladas nestes ambientes a
depois informar e não simplesmente, informar. reflexão sobre os valores humanos e as atitudes e
consciências individuais e coletivas que se desejam
A quem se destina desenvolver.

A Educação Ambiental no tocante ao controle de Conceitos a serem trabalhados


inundações é um dos pontos que deve envolver não
somente a população, mas as empresas, os órgãos Alguns conceitos deverão ser trabalhados, utilizando-se
governamentais, as escolas e universidades e a de técnicas específicas. Naturalmente, referem-se as
mídia, os produtores direta e indiretamente do espaço questões sobre recursos hídricos, as águas, as cidades e
urbano, sejam como ocupantes, planejadores, gestores, as inundações:
formadores ou manipuladores de opinião. Sua aplicação a água como um bem escasso e não renovável;
maciça, porém, é geralmente dirigida diretamente à o ciclo hidrológico;
população e deve atuar sobre ela visando obter efeitos os rios e a bacia hidrográfica;
de modificação comportamental. o fenômeno das enchentes como natural;
os rios e suas várzeas;
Ela deve adaptar-se à realidade a que se aplica e como se implanta e funciona uma cidade;
adequar os conceitos de acordo com as questões o fenômeno das enchentes nas áreas urbanas;
cruciais da população envolvida. como funciona o sistema de drenagem;
os fatores que interferem nas inundações:
Diretrizes a serem adotadas • as construções nas várzeas;
• as construções inadequadas nas encostas;
É necessário que se tracem diretrizes de atuação e um • o esgoto;
Plano de Educação Ambiental para toda a bacia e • o lixo;
diretrizes específicas para cada grupo, distinguindo-os • o entulho;
conforme localização e condição social, • a impermeabilização do solo;
preferencialmente unidades de vizinhança dentro de as relações entre causa e efeito nos fenômenos.
pequenas bacias hidrográficas, a partir das nascentes do
córrego Pirajuçara e seus afluentes, no Município de Deverão ser trabalhados também os conceitos:
Embu e Distrito de Capão Redondo. o resgate da imagem negativa do rio através da
dissociação da idéia da enchente como violência por
O papel da empresa, por sua necessidade de parte do rio;
sobrevivência neste mundo globalizado, assimila ampliação da percepção sobre as situações de risco.
rapidamente as novas visões do mundo, sendo o
laboratório para uma nova consciência. Os itens abordados na Comunicação Visual deverão
estar presentes em todas as fases do processo de

24
educação ambiental por meio de filmes, cartazes, • pesquisa sobre tratamento urbanístico de
músicas e arte em geral. várzeas inundáveis e de reservatórios de
contenção, para países de terceiro mundo,
Poderão ser utilizados modelos reduzidos da bacia nas onde as águas de enchente são poluídas com
escolas para a compreensão do fenômeno das enchentes esgotos. Desenvolver tipologia de vegetação
e suas implicações. viável, tratamento urbanístico para estas
áreas, desenhos de reservatórios com usos
As alternativas propostas pela população para solucionar múltiplos, adequando soluções arquitetônicas
os problemas acima expostos também devem ser às necessidades hidráulicas;
consideradas e aplicadas concomitantemente às demais • proposição de alternativas para habitações
medidas propostas. populares realocadas das várzeas na área-
piloto escolhida dentro da Bacia do Pirajuçara
A somatória dessas ações resultará, sem dúvida, numa para regiões próximas, verticalizadas e
melhoria da qualidade de vida em toda a bacia e, utilizando técnicas construtivas inovadoras
conseqüentemente, na minimização dos problemas (com métodos de construção não geradores de
causados pelas enchentes. entulho, tais como aço e madeira) para
mutirões;
PROPOSTAS PARA FUTUROS • estudo sócio-econômico para a população da
TRABALHOS bacia, detalhando o que foi apresentado, para
Nas proposições são elencados aspectos que poderiam aplicação em Educação Ambiental;
ser desenvolvidos dentro dos assuntos de interesse na • pesquisas aplicando conceitos de Percepção
Bacia do Córrego Pirajuçara. Estes trabalhos podem Ambiental em áreas da bacia do Pirajuçara,
também ser pesquisados nos Trabalhos de Graduação utilizando técnicas específicas, obtendo
Interdisciplinar dos alunos de arquitetura e urbanismo da subsídios para projetos de Educação Ambiental
FAUUSP, nas Dissertações e Teses sobre temas que e Comunicação Visual;
viriam a desenvolver e aprofundar os estudos aqui • estudo de propostas de Comunicação Visual
apresentados. São eles: específicas para áreas sujeitas a inundações,
• SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA – SIG, bem como para Educação Ambiental;
com aprofundamento no levantamento de • estudo de alternativas para reciclagem de lixo
dados já detalhados; na região escolhida, pesquisando quantidades
• pesquisa sobre soluções para enchentes diárias produzidas, alternativas de reciclagem
urbanas em outras partes do mundo e em e estudo de áreas na bacia onde seria possível
países de terceiro mundo, mostrando as implantar oficinas para tais atividades.
peculiaridades de cada um e estudando
algumas aplicações para os casos de nossas
regiões metropolitanas ou de áreas específicas;

25
26
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É preciso mudar esse cenário e a ciência e o
Ciência é estudar e experimentar para ver aquilo que desenvolvimento da cidadania são as únicas armas que
será possível realizar. podem modificar essa realidade.
[do lat. Scientia] s.f. 1. Conhecimento (...) 3.
Conjunto organizado de conhecimentos relativos a São Paulo está precisando de seu povo, de seus
um determinado objeto, especialmente os obtidos técnicos, de seus governantes, de solidariedade.
mediante a observação, a experiência dos fatos e
um método próprio. (DICIONÁRIO AURÉLIO, 1996, As populações excluídas, por falta de opções melhores,
p. 125) instalam-se nas várzeas e nos terrenos com pouco valor
imobiliário, com baixa qualidade de vida dando,
O que se procurou durante todo o processo de juntamente com todos os outros setores públicos e
elaboração deste trabalho foi levantar e colocar em privados da sociedade, sua parcela de contribuição à
discussão, utilizando-se de conhecimentos científicos de degradação do meio ambiente.
diversas áreas, a necessidade de interrupção de um
processo histórico recorrente que envolve as políticas e Como paulistana, como brasileira, como arquiteta,
diretrizes da ocupação urbana da Região Metropolitana professora e pesquisadora, sinto-me no dever e,
de São Paulo. certamente, no direito de cobrar seja de quem for, para
que contribua com sua parcela de ajuda na melhoria da
As cidades, parecem ‘viciadas’ em enchentes. São Paulo qualidade de vida dos que dividem comigo esse
já está acostumada. Todo ano as cenas se repetem: lá aglomerado de desordem urbana.
vão os helicópteros com a mídia, com os governantes, os
bombeiros, o pessoal da saúde, do trânsito, as vítimas e Assim, não é possível simplesmente colocar palavras sob
os heróis urbanos. o título ‘Conclusão ‘ e dar minha tarefa por encerrada,
comum nos trabalhos acadêmicos. Ela só está
A TV mostra e o povo assiste ao seu próprio drama, começando. A continuidade e o sucesso dependerão do
passivamente, como diante de mais uma novela. E a empenho, da colaboração e da solidariedade de cada um
mídia não aproveita a oportunidade para Educar, de de nós na construção de um novo cenário urbano, onde
verdade, esse mesmo povo sobre as questões de saúde, o nosso homem tenha condições dignas de vida.
de cidadania , de convivência com o ambiente, e por que
não, com as águas? Este trabalho pretende romper vícios e um deles é o de
que as inundações e suas vítimas, sempre farão parte da
A exclusão social, o desemprego, o abandono e a paisagem de São Paulo.
corrupção da infância e da adolescência são mostrados
na TV e passam, ao vivo, diante dos vidros fechados dos Enquanto houver rio e chuva, haverá enchente.
automóveis que entopem as vias de trânsito, que
submergem nas águas das inundações.

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Temos muito a fazer até solucionar os mais graves
problemas por elas causados.

Com boa vontade, dedicação, cidadania, e,


principalmente, esperança, poderão ser resolvidos
outros tantos males e vícios que incorporamos em nosso
dia-a-dia.

Pois bem, então, mãos à obra, pois hoje ainda chove,


uma chuva intensa, que há muito não cai e está
deixando parte dos sobreviventes sem terem para onde
ir.

E amanhã, quando o sol brilhar, que estas cenas


permaneçam vivas em nossa memória, para que este
seja sim, um ‘Preâmbulo’ para novas realizações.

São Paulo, 5 de janeiro de 2000

Maria de Sampaio Bonafé Ostrowsky.

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