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Objetivos
• Compreender o corpo como construção social.
• Identificar a importância assumida pelo discurso e pelas práticas médicas
nas sociedades modernas.
• Analisar em que medida as práticas médicas reafirmaram hierarquias no
contexto brasileiro.
Conteúdos
• O corpo como objeto de análise social.
• Biopoder e poder disciplinar em Foucault.
• O poder médico.
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UNIDADE 2 – CORPO, SABER MÉDICO E BIOPOLÍTICA
1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar nossa segunda unidade de estudo. Você está
preparado?
Na unidade anterior, vimos como a Sociologia nos propor-
ciona um olhar diferenciado sobre a saúde, levando em conta
as desigualdades socioeconômicas e as diferenças de gênero e
“raça”.
Nesta unidade, vamos abordar as práticas e os discursos
médicos a partir de um referencial que se centra no corpo como
categoria de análise sociológica. Em seguida, estudaremos como
os saberes médicos se institucionalizaram nas sociedades mo-
dernas como um discurso pretensamente neutro, dada a sua
legitimidade científica, e acabaram por embasar formas históri-
cas de controle do corpo e subjetividades. Trata-se, portanto, de
uma unidade autocrítica sobre o campo da saúde e suas relações
com a organização social.
Para nosso objetivo, vamos nos apropriar sociologicamen-
te da obra do filósofo Michel Foucault (1926-1984), um estudio-
so da Medicina social e de mecanismos de poder criados por ela
nas sociedades modernas. Na visão do autor, o corpo e a vida
surgem como objeto privilegiado do saber médico, transforman-
do de forma radical a maneira com a qual a sociedade lidou com
ele.
Vamos começar?
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pdf/physis/v14n2/v14n2a06.pdf>. Acesso em: 9 set.
2014.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Analisar o corpo como objeto sociológico implica:
I - Considerá-lo como uma totalidade orgânica definida por suas qualida-
des inatas e sem fortes ligações com o contexto social.
II - Compreender como ele foi alvo de tecnologias de poder na moderni-
dade que o disciplinaram segundo normas sociais.
III - Conceber inúmeras possibilidades de seus usos, de acordo com as dis-
tintas sociedades que o produzem.
IV - Acreditar que não há limites biológicos para o corpo, posto que ele é
única e exclusivamente produto da sociedade.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas
propostas:
1) b.
2) c.
3) a.
4) d.
5) d.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da segunda unidade, na qual entramos
em contato com a discussão sobre os vínculos entre organização
social, corpo e políticas de saúde. Por meio das obras de Michel
Foucault, abordamos como as sociedades modernas constituem
tecnologias de poder de disciplinamento dos corpos e de gestão
da vida (biopoder). Vimos também como o surgimento de ambos
estava atrelado ao saber médico, notadamente, vinculado com
uma emergente Medicina social.
Nesta unidade, pudemos entender como as políticas pú-
blicas de saúde baseiam-se não apenas em pressupostos neu-
tros científicos. Historicamente, a Medicina social foi fundamen-
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELUCHE, R. O corte da sexualidade: o ponto de viragem da Psiquiatria Brasileira no
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