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Metodologias Inovadoras

para a Educação
Aprendizagem dos alunos e o uso/exposição as
tecnologias digitais

Valéria de Souza Marcelino


Cassiana Barreto Hygino Machado
Sumário
1- Como o estudante aprende? .................................................................................................... 3
1.1 - Considerações acerca da aprendizagem baseadas na Neuroeducação............................ 3
2- Como atrair a atenção dos alunos e melhorar sua aprendizagem? ......................................... 6
Referências .................................................................................................................................... 8
1- Como o estudante aprende?

Certamente os docentes já conheceram na sua formação inicial, diversos teóricos da


Psicologia Cognitiva. Dentre eles, pode-se citar Piaget com seus estágios de
desenvolvimento (sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório
formal); Ausubel com a aprendizagem significativa e Vygotsky com sua teoria da zona
de desenvolvimento proximal (ZDP), a qual representa o potencial de desenvolvimento
de cada pessoa.

A Neurociência e a Psicologia Cognitiva investigam como a aprendizagem ocorre e


quais fatores influenciam este processo. A diferença entre elas está no método utilizado:
a primeira utiliza experimentos comportamentais e aparelhos como os de ressonância
magnética e tomografia, os quais permitem observar alterações ocorridas no cérebro
durante seu funcionamento. A Psicologia Cognitiva não desconsidera esse
funcionamento cerebral, mas observa e analisa os significados, se baseia em evidências
indiretas para explicar como as pessoas percebem, interpretam e utilizam os
conhecimentos adquiridos (SALLA, 2012).

De acordo com Alfred Scholl, Piaget relata fatos descobertos pela neurociência tempos
depois. Hoje é possível dizer que a teoria da educação fundamenta a neurociência e
vice-versa (SCHOLL-FRANCO, 2012).

Portanto, a fim de compreender como os estudantes aprendem é importante que os


docentes tenham em sua formação inicial e continuada conhecimento dos estudos
produzidos por estas áreas.

1.1 - Considerações acerca da aprendizagem baseadas na


Neuroeducação

Hardiman e Denckla (2009) explicam que o novo campo denominado neuroeducação


pretende conectar as pesquisas dos neurocientistas com a prática dos professores. Elas
afirmam que a nova geração de educadores, obrigatoriamente, precisará levar em
conta o conhecimento gerado por pesquisas das Neurociências, ao planejar e
desenvolver seus projetos de ensino e de aprendizagem.

O educador trabalha com aprendizagem, processo que depende do funcionamento


cerebral. Quando o estudante aprende há uma remodelação do sistema nervoso (SN),
principalmente das conexões que ocorrem no cérebro. Desta forma, pode-se perceber
a importância dos professores conhecerem um pouco do funcionamento do SN e do
cérebro no âmbito da aprendizagem. A figura 1 mostra como são dadas as conexões
cerebrais para a atenção.

Figura 1: como o cérebro aprende

A aprendizagem é o processo pelo qual as experiências mudam ou remodelam o


Sistema Nervoso Central (SNC) e desta forma, mudam o comportamento do indivíduo.
Estas mudanças ocorrem devido a processos de adaptação e plasticidade neural, que
começam a ocorrer desde a fase embrionária e avançam até o final da vida de uma
pessoa. Sendo o cérebro a porção mais importante do SNC pode-se afirmar que esta é
a parte do corpo envolvida diretamente no ato de aprender (COSENZA, GUERRA, 2011;
SCHOLL-FRANCO, 2017).

O cérebro atua na interação do organismo com o meio externo e coordena funções


internas. O cérebro recebe informação por meio dos órgãos dos sentidos pelas vias
sensoriais, retém e armazena essas informações e consegue acessá-las em larga escala.
O cérebro ainda analisa as informações recebidas e transmite essas informações de
diferentes formas, seja pensando, falando, desenhando, movimentando e também
através de todas as formas de criatividade (COSENZA, GUERRA, 2011; SCHOLL-FRANCO,
2017).

O SNC funciona por meio de dezenas de bilhões de células, os neurônios. Ele está ligado
a todos as partes do corpo constituindo assim o sistema nervoso periférico. Os impulsos
nervosos partem do cérebro para o corpo e vice-versa, sendo importante ressaltar que
o cérebro e o corpo estão quimicamente interligados por substâncias, como os
hormônios e os peptídeos, que são liberados no corpo e conduzidos para o cérebro
pela corrente sanguínea. Estas substâncias químicas atuam nas sinapses, as quais são
pontos onde dois neurônios se conectam e transmitem sinais ou impulsos nervosos.
(COSENZA, GUERRA, 2011).
As informações que os estudantes recebem do meio externo passam por esse processo,
provocando as já citadas mudanças ou remodelações no SNC e se transformam em
conhecimentos, como mostra a figura 2.

Figura 2: remodelações no SNC e a aprendizagem

Para que todo esse processo de transmissão e recepção de impulsos nervosos aconteça
e o cérebro do estudante aprenda, a função prioritária é a atenção. Não basta que o
discente esteja olhando para o professor ou para o quadro com as explicações para
que ele esteja prestando atenção na aula. Pode ser que esteja pensando em coisas
totalmente diversas. Enfim, se ele não está prestando atenção no que é dito, nenhuma
das informações será processada e não ocorrerá a aprendizagem de fato (COSENZA,
GUERRA, 2011).

Segundo a neurocientista Leonor Guerra mesmo que o aluno esteja prestando atenção
e entenda no momento da aula o que está sendo dito, para continuar se lembrando
da informação após sair da sala de aula, é necessário que essa tenha alguma
relevância para ele. Para que haja alguma remodelação, o aluno precisa continuar
pensando sobre o assunto. Por isso, a utilidade de retomar o conteúdo em sala ou por
meio de outras atividades (GUERRA, 2015).

A remodelação das conexões entre os neurônios vai ocorrendo a cada dia. Durante o
período de sono esse pensamento é reprocessado. Os neurônios que entram em
atividade ao reprocessar essa informação produzem proteínas que vão participar da
remodelação do SN. Então, existe um tempo biológico para que a aprendizagem
aconteça. O professor precisa repassar o conteúdo, perguntar ao estudante para
verificar se ele realmente aprendeu e dar tempo para que ele de fato apreenda aquela
informação (GUERRA, 2015).

Cabe ressaltar que a atenção só é mantida por um período curto e que o grau da
atenção é modulado pela motivação. Sendo, portanto, a motivação e a emoção outro
fator fundamental para promoção da aprendizagem. O professor precisa motivar e
emocionar seu aluno com conteúdos relevantes e significativos para sua vida.

Diversos são os fatores que possibilitam que um conhecimento possa ser armazenado
ou retido de forma temporária (memória de curto prazo) ou de forma duradoura
(memória de longo prazo).

Diante destas observações são listadas algumas ações que podem fazer parte da
prática docente a fim de promover a aprendizagem de forma mais efetiva, são elas: a
resolução de problemas; ação e exploração; construção própria; atividades criativas e
desafios; atividades lúdicas; atividades prazerosas e reforço positivo (SCHOLL-FRANCO,
2017). A figura 3 apresenta uma pirâmide com atividades facilitadoras da
aprendizagem.

Figura 3: atividades facilitadoras da aprendizagem

Destaca-se, dessa forma, a importância da motivação, da atenção e de um tempo


biológico mínimo para que a aprendizagem ocorra de forma mais efetiva. Além da
utilização de diferentes atividades durante o processo de aprendizagem.

2- Como atrair a atenção dos alunos e melhorar sua


aprendizagem?

A cada dia tem se tornado mais desafiador atrair a atenção dos alunos tendo como
concorrentes os smatphones e outras tecnologias.

Nesse sentido é necessário promover mudanças na educação, é preciso que o docente


reflita sobre sua prática. A formação é uma boa ferramenta, mas não a única, nem
apenas ela, mas deve ser acompanhada de mudanças no ambiente em que os
professores trabalham (Imbernón, 2016, p. 145). Acima de tudo é fundamental que os
docentes estejam dispostos e empenhados a pensar sobre sua prática. É importante
conduzir os professores ao entendimento de que a manutenção de uma prática
pedagógica tradicional, pautada na transmissão de conteúdos descontextualizados,
não será capaz de promover melhorias essenciais no processo de ensino e
aprendizagem.

De acordo com Porlán e Rivero (1998), os professores são os únicos que podem fazer
evoluir o modelo de ensino dominante, o que justifica a investigação de suas
concepções e seus modelos de ensino.

Sendo assim, percebe-se que o modelo de ensino desejável para promover a formação
de um estudante crítico e que participe de forma ativa da construção do seu
conhecimento requer que o professor adote uma prática diferente da tradicional.

O papel do professor em um modelo de ensino mais adequado, que forme um aluno


mais crítico e que seja ativo na construção de seu conhecimento nada tem relação
com o docente que detém o saber científico e que transmite esses conhecimentos para
seus discentes. Este professor precisa atuar como um colaborador do processo de ensino
e aprendizagem.

Para tal, seria bom que os professores conhecessem e utilizassem metodologias de


ensino diferenciadas, por exemplo, pautadas na investigação. Nesse modelo de ensino,
o estudante desenvolve atividades investigativas e o docente auxilia nas atividades, de
forma a favorecer a construção do conhecimento. As atividades, para se atingir tal
objetivo, devem ser de diferentes tipos, tais como, a problematização, a
conscientização de ideias prévias, a exposição a outras fontes de informação,
questionadas, reelaboradas e aplicadas a outros contextos. A figura 4 mostra diferentes
atividades para o aprendizado.

Figura 4: Atividades diversificadas para a aprendizagem

Diante do exposto é fundamental, conhecer os mecanismos cerebrais que


desencadeiam a aprendizagem e conhecer novas metodologias de ensino, que
tenham por finalidade transformar as aulas tradicionais em aulas mais dinâmicas, que
possam promover a motivação e, consequentemente, a aprendizagem por parte dos
estudantes.

Referências
COSENZA, R.; GUERRA, L. B. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto
Alegre: Artmed, 2011.

GUERRA, L. “O educador é quase um neurocirurgião”, 2015. Entrevista. Disponível em:


http://porvir.org/o-educador-e-quase-um-neurocirurgiao, acesso em 05/12/2016.

HARDIMAN, M. E DENCKLA, M.B. (2009). The Science of Education: Informing Teaching


and Learning through the Brain Sciences. Disponível
em:http://www.dana.org/news/cerebrum/detail.aspx?id=23738.Acessoem 05/12/2016.

IMBERNÓN, F. Qualidade do ensino e formação do professorado: uma mudança


necessária. São Paulo: Cortez, 2016.

SALLA, Fernanda. Neurociência: Como ela ajuda a entender a aprendizagem. Revista


Nova Escola, São Paulo: Editora Abril, 2012. n.253, p.48-55.

SCHOLL-FRANCO, A. Troca de informação - Revista Ciência Hoje. 2012. Entrevista.


Disponível em: http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3974/n/
troca_de_informacao/Post_page/29. Acesso em 28/03/2017.

SCHOLL-FRANCO, A.XI Curso de Formação Continuada em Neuroeducação. Rio de


janeiro: UFRJ, 23 a 27/01/2017. Curso presencial.

PORLÁN, R.; RIVERO, A. El conocimiento de losprofesores: uma proposta enel área de


ciencias. Sevilha: Diáda, 1998.

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