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Processo Civil 3

Aula 15 – 04/06

Artigo 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá


agravo nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias [admitido o recurso, então, não
cabe agravo].
§ 1º O agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido. § 2º
- A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem, não dependendo
do pagamento de custas e despesas postais. O agravado será intimado, de imediato, para
no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, podendo instruí-la com cópias das peças
que entender conveniente [isso quando era agravo de instrumento, mas hoje não é mais,
não precisaria das cópias]. Em seguida, subirá o agravo ao tribunal superior, onde será
processado na forma regimental.
§ 3º O agravado será intimado, de imediato, para no prazo de 10 (dez) dias
oferecer resposta [repetiu a parte do parágrafo 2]. Em seguida, os autos serão remetidos
à superior instância [também o parágrafo 2 já disse], observando-se o disposto no art.
543 deste Código e, no que couber, na Lei nº 11.672, de 8 de maio de 2008. [O
parágrafo 2 talvez merecesse ficar apenas pela primeira frase].
§ 4º No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o
julgamento do agravo obedecerá ao disposto no respectivo regimento interno, podendo
o relator: I - não conhecer do agravo manifestamente inadmissível ou que não tenha
atacado especificamente os fundamentos da decisão agravada; II - conhecer do agravo
para: a) negar-lhe provimento, se correta a decisão que não admitiu o recurso; b) [dar
provimento ao agravo e] negar seguimento ao recurso manifestamente inadmissível,
prejudicado ou em confronto com súmula ou jurisprudência dominante no tribunal; c)
dar provimento ao recurso, se o acórdão recorrido estiver em confronto com súmula ou
jurisprudência dominante no tribunal.
Esse dispositivo, casado co o 557 tenta respeitar a verticalização das decisões.
Sempre aqui é uma decisão monocrática. Nesse caso há sempre o direito da parte
de provocar a manifestação do órgão colegiado, através do agravo.
Artigo 545. Da decisão do relator que não conhecer do agravo, negar-lhe
provimento ou decidir, desde logo, o recurso não admitido na origem, caberá agravo, no
prazo de 5 (cinco) dias, ao órgão competente, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art.
557.
É um agravo interno, que antigamente era chamado de agravo regimental.

Embargos de divergência.

Eles apareceram, num primeiro momento no artigo 496 do Código de Processo


Civil. Somente cabem embargos de divergência quando o sujeito já está no STF e no
STJ.
Há vários recursos no Brasil para tentar equalizar o pensamento. Existem os
embargos infrigentes, para equalizar dissidência dentro de uma turma. Tem o recurso
especial fundado na alínea c do III doa RT constitucional do recurso especial. Ele tem a
função de equalizar as decisões de tribunais diferentes. Os embargos de divergência
ficam no meio do caminho. Eles tentam equalizar as divergências entre as turmas do
tribunal. Eles se preocupam com a decisão do tribunal (STF e STJ) como um todo.
Artigo 546: É embargável a decisão da turma que: I - em recurso especial,
divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão especial; Il - em recurso
extraordinário, divergir do julgamento da outra turma ou do plenário. Parágrafo único -
Observar-se-á, no recurso de embargos, o procedimento estabelecido no regimento
interno.
Há seis turmas dentro do STJ. Para que eu consiga ter, em tese, a possibilidade
de aviar embargos de divergência, é preciso: 1- que o STJ esteja julgando um recurso
especial; 2- que a decisão seja de turma (ex: recurso especial repetitivo, que o
julgamento é de sessão, não cabem embargos de divergência); 3- apetrechar a petição do
embargo com uma decisão de outra turma, sessão ou corte especial, em recurso especial,
que, com o mesmo tema, tenha chegada a uma decisão diferente da que eu tive no meu
recurso especial. A decisão que serve de paradigma deve ser sempre em recurso especial
(STJ).
Será que se pode pegar a decisão de uma mesma turma mas com alteração
substancial na composição da turma, para embasar a petição de embargos de
divergência? Isso já foi aceito. Mas, hoje, STF e STJ, entendem que as duas decisões a
serem comparadas devem ser mais ou menos do mesmo tempo, e por isso, de duas
turmas diferentes.
Além disso, temos que ver se o plenário ou uma sessão já se inclinou para uma
posição ou outra. Só posso entrar com embargos de divergência se ainda houver a
divergência. Se a sessão ou o plenário já assentaram sobre a tese, não adianta eu achar
uma decisãozinha de outra turma, já vencida, para entrar com os embargos de
divergência.
Além disso tudo, deve ser juntada a cópia do acórdão paradigma. E também
deve ser feito o cotejo analítico, não só com base na ementa. Você tem que pegar dados
dos votos e do relatório que provem a semelhança entre esse acórdão e o seu caso.
Quem é competente no STJ para julgar esse recurso? Essa questão é fácil quando
a questão divergente está dentro das turmas de uma mesma sessão. Mas e quando a
divergência está em turmas vinculadas a sessões diferentes? Nesses casos, somente a
corte especial vai poder julgar.
Já no STF, hoje uma espécie de esvaziamento de decisões turmárias em sede de
recurso extraordinário. Mas mesmo aqui, a decisão deve ser da turma,
Além disso, a decisão deve ser colegiada da turma, não vale decisão monocrática
de um ministro representando a turma. Para isso eu tenho que tirar um agravo da
decisão monocrática para que a turma se manifeste. Aí sim posso opor os embargos de
divergência.

Artigo 557: O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível,


improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal
Superior.
§ 1º-A - Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou
com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o
relator poderá dar provimento ao recurso. § 1º - Da decisão caberá agravo, no prazo de
cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver
retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo,
o recurso terá seguimento.
§ 2º - Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal
condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do valor
corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao
depósito do respectivo valor.
Aula 16 – 06/06

Artigo 558. O relator poderá, a requerimento do agravante (só no agravo), nos


casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem
caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil
reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o
pronunciamento definitivo da turma ou câmara. Parágrafo único - Aplicar-se-á o
disposto neste artigo as hipóteses do artigo 520 (apelação). Pedir para atribuir efeito
suspensivo.

Ação rescisória.

Ação rescisória é um meio de impugnação de decisão judicial. Mas isso o


recurso e o mandado de segurança também são. A diferença é que a ação rescisória é o
meio de impugnação de decisão judicial que hostiliza uma sentença transitada em
julgado. E essa sentença deve ser válida. A ideia de nulidade ocorre só durante o
processo. Depois do trânsito em julgado, a sentença não pode ser mais nula, ela se trona
válida. Eu ataco por meio de ação rescisória uma sentença válida. Também existem as
sentenças inexistentes (sentença penal proferida por um juiz da vara de família). Mas a
ação rescisória não serve para esses casos, porque elas não precisam ser hostilizadas por
ação rescisória.
Nulidade processual só é um fenômeno que pode ser arguido dentro do processo.
Depois do fim do processo não há que se falar em nulidade. O trânsito em julgado
valida toda e qualquer nulidade não declarada (vício) no curso do processo. Se não foi
declarada, não existe no processo.
O Código de Processo Civil concebe a ação rescisória para atacar sentença que
seja de mérito. Em princípio faz todo o sentido. A ação rescisória, desde a origem, veio
marcada com a história da apelação. As causas de apelação e de ação rescisória . se não
houver sentença de mérito, eu não precisaria lançar mão da AR. Porque o sujeito pode
entrar de novo com a mesma pretensão no poder judiciário em uma nova ação.
A coisa julgada é uma garantia constitucional. E a ação rescisória desconstitui
essa garantia. Exatamente por isso ela deve ser considerada com parcimônia.
A sentença que delibera sobre condições da ação é uma sentença de mérito. A
sentença que decide sobre legitimidade de partes, por exemplo, é uma sentença de
mérito. Mas o código diz que não é. Mas por isso eu deixo de entrar com a ação
rescisória nesses casos? Não.
Artigo 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida
quando: I - se verificar que foi dada por prevaricação [pratica ou deixa de praticar ato de
seu ofício em benefício próprio], concussão ou corrupção do juiz (artigo 319 e seguintes
do código penal); II - proferida por juiz impedido [artigo 134 do Código de Processo
Civil; é só impedimento, suspeição não gera rescindibilidade, porque preclui] ou
absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da
parte vencida [a parte vencedora ou seu advogado age com dolo, no sentido civil, em
detrimento da parte vencida], ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei [as
duas partes estavam de conluio; nesse caso quem é o legitimado? O MP ou o terceiro
prejudicado – artigo 129 e 487]; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal
disposição de lei [não existe, em termos de ação rescisória, nada parecido a pré-
questionamento – é possível que haja várias decisões sobre determinada situação,
aplicando a mesma lei de diversas formas diferentes; se a interpretação dos tribunais é
controvertida ao tempo do trânsito em julgado, não cabe ação rescisória, nesse caso,
ressalvado o fato de se tratar de matéria de natureza constitucional – súmula 343 do
STF]; VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal
ou seja provada na própria ação rescisória; VII - depois da sentença, o autor obtiver
documento novo [velho; é documento que já existia ao tempo do processo e], cuja
existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso [sabia que existia, mas não tinha
meios para obtê-lo], capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII -
houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou
a sentença [artigo 352 diz que a confissão deve ser único fundamento; se eu desisto de
uma ação o juiz extingue o processo sem julgamento de mérito, não caberia rescisória, o
legislador quis dizer renúncia ao direito em que se funda a ação; os tribunais vão dizer
que quando se trata de transação a hipótese não é de ação rescisória porque a atividade
do juiz é meramente homologatória, deveria se usar a ação anulatória do artigo 486]; IX
- fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;
§ 1º - Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando
considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. § 2º - É indispensável, num como
noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o
fato.
Há uma voz corrente dizendo que a sentença proferida em processo cautelar não
transita em julgado. Se não, não poderia se tirar uma ação rescisória. O professor e
Pontes de Miranda entendem que cabe sim ação rescisória de sentença de processo
cautelar. Mas há ainda muita discussão na doutrina.

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Artigo 485. IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da


causa; § 1º - Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando
considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. § 2º - É indispensável, num como
noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o
fato.
Essas são as duas possibilidades de ação rescisória fundada em erro de fato, mas
é preciso que não tenha havido controvérsia anterior sobre o fato.
Artigo 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for
meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral [os
atos jurídicos em geral são anulados], nos termos da lei civil. Ninguém chaga a o que
seja “atos judiciais que não dependem de sentença”. Pode haver alguma situação em que
atos de parte dependem de sentença, mas essa sentença vai ser meramente
homologatória. Mas isso vai entrar em contradição aparente com o inciso VIII do 485
(transação; a transação é ato de parte que o juiz homologa por sentença). Esse artigo
acaba por fazer com que isso seja uma ação anulatória e não rescisória. O problema é
que a distribuição de uma ação anulatória é normal e começa no primeiro grau de
jurisdição. A ação rescisória começa obrigatoriamente num tribunal.
O juiz examinou o mérito e homologou por sentença, cabe ação rescisória. Se o
juiz apenas homologou a transação, apenas com os elementos externos (capacidade para
transacionar, objeto transacionável), nesse caso seria ação anulatória. Invadiu mérito ou
se valeu da transação para dar uma sentença de mérito, cabe ação rescisória.
Exemplo: artigo 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode
ser revogada: I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita; II - por
ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir o único
fundamento.
Outra parte da doutrina diz que a homologação por sentença nos processos de
jurisdição contenciosa, essa sim pode ser objeto de ação rescisória. Mas quando fosse
homologação por sentença em processos de jurisdição voluntária, aí seria objeto de ação
anulatória.
Mas a matéria ainda é controversa. Em sede jurisprudencial, prevalece a
primeira tese. Se o juiz olhou o mérito da transação, cabe rescisória. Se não, não cabe, aí
seria anulatória.
Artigo 487. Tem legitimidade para propor a ação: I - quem foi parte no processo
ou o seu sucessor a título universal ou singular; II - o terceiro juridicamente interessado;
III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a
intervenção; b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.
Artigo 488. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos
essenciais do art. 282, devendo o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;
[a rescisória vai obrigar o judiciário a agir em três partes: primeiro é um exame de
admissibilidade de acordo em tese com os requisitos do 485 caput e incisos. O segundo
passo é o juízo rescindente, quando eu quero matar a decisão anterior; visa a
desconstituir a sentença anterior ou o acórdão anterior. Algumas vezes eu preciso, não
só matar a sentença, mas preciso de outra decisão; é o juízo rescisório]. Nem sempre o
juizo rescisório é necessário e outras vezes ele nem é possível. Ex: sentença que
ofendeu a coisa julgada, nesse caso não é necessário. Ex: sentença anterior perpetrou
violação literal disposição da lei (que impunha ao magistrado a realização de certa
prova, por exemplo), nesse caso o processo vai ter que caminhar lá para baixo para
realizar a prova e só depois poderá ser proferido novo juízo, o juízo rescisório não é
possível. Outro exemplo: ação rescisória porque a sentença foi proferida por juiz
incompetente. A parte tem que pedir o juízo rescisório quando possível, é necessário
formular o pedido de juízo rescisório.
II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a
título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou
improcedente. (Artigo 494 Julgando procedente a ação [os pedidos], o tribunal
rescindirá a sentença, proferirá, se for o caso, novo julgamento e determinará a
restituição do depósito; declarando inadmissível ou improcedente a ação [não fala da
unanimidade de votos], a importância do depósito reverterá a favor do réu, sem prejuízo
do disposto no art. 20). Unânime é sempre um conjunto de decisões plurais no mesmo
sentido. Pressupõe, no mínimo, duas pessoas. Se um ministro, monocraticamente,
declarar inadmissível uma ação rescisória? Nesse caso não é decisão unânime, então, o
professor entende que o dinheiro deve voltar ao autor.
Parágrafo único - Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao
Município e ao Ministério Público.
Os beneficiários da justiça gratuita também não recolhem no início, mas se eles
perdem, eles têm essa obrigação. Mas a multa fica suspensa até quando e se ele deixar
de ser pobre.
Artigo 490. Será indeferida a petição inicial:
I - nos casos previstos no art. 295;
II - quando não efetuado o depósito, exigido pelo art. 488, II. Uma coisa é eu
não fazer o depósito, outra coisa é eu fazer um depósito insuficiente. Se o depósito é
inexistente, o magistrado pode e deve indeferir. Mas mesmo assim o magistrado pode
determinar que a parte complete a petição inicial. isso é da essência do princípio da
instrumentalidade do processo. Só se, no prazo da lei para emendar, o sujeito não
trouxer o depósito, aí sim a petição inicial da ação rescisória será indeferida.
Artigo 491. O relator mandará citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a
15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) para responder aos termos da ação [isso
altera um pouco a ideia que temos de prazo, e esse prazo fica a critério do juiz. Fazenda
Pública e litisconsortes com diferentes advogados que possuem prazos especiais, como
ficam? Há acórdão para tudo quanto é gosto. A ideia era de que não coubesse o prazo
especial para eles porque já há a maleabilidade do prazo, além de correr o risco de
ofender ao princípio da duração razoável do processo]. Findo o prazo com ou sem
resposta, observar-se-á no que couber o disposto no Livro I, Título VIII, Capítulos IV e
V [instrução probatória].
Artigo 492. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator
delegará a competência ao juiz de direito da comarca onde deva ser produzida, fixando
prazo de 45 (quarenta e cinco) a 90 (noventa) dias para a devolução dos autos.
Artigo 493. Concluída a instrução, será aberta vista, sucessivamente, ao autor e
ao réu, pelo prazo de 10 (dez) dias, para razões finais. Em seguida, os autos subirão ao
relator [irão ao relator, não subirão; subirão dá ideia de recurso…], procedendo-se ao
julgamento: I - no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, na
forma dos seus regimentos internos; II - nos Estados, conforme dispuser a norma de
Organização Judiciária. Normalmente as ações rescisórias são julgadas por órgãos
robustos, porem, cada lei de organização judiciária vai determinar isso.
Artigo 495. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos,
contados do trânsito em julgado da decisão. Esse prazo é decadencial, de caducidade.
Mas como contamos esse prazo?
Quando eu entro com recurso e ele não é conhecido/admitido, a sentença
transitou em julgado. Se eu ingresso com um REsp e ele não é conhecido, o acórdão
anterior transitou em julgado. Ou seja, esse prazo começa a contar depois de 15 dias da
data da decisão. Mas tem várias situações em que no STF demoram muito para
conhecer do recurso e o sujeito perderia o prazo para a rescisória. Aí o STF dá uma
decisão de não cabimento, mas diz que o prazo da rescisória seria contado da decisão do
STF. Se o recurso for manifestamente improcedente ou manifestamente incabível o
prazo será contado 15 dias após o último acórdão. Mas se for nessas situações especiais,
o prazo, apesar de não cabível o recurso, começará a ser contado da decisão do STF.
Se um acórdão que tem três capítulos, são três decisões. Eu recorri de uma delas
para o STJ. Eu me conformei com as outras duas. O STJ depois de muito tempo
manteve a decisão. Aí eu quero rescindir. A minha rescisória perante as duas decisões
que eu não recorri vai ser diante do TJ do acórdão do TJ. E da parte que eu recorri ao
STJ, a ação rescisória seria no STJ. Aconteceria uma cisão de competência. Inclusive
para efeitos de prazo de rescisória. Da parte que já transitou em julgado, inclusive,
caberia execução, e execução definitiva.
Toda a minha atividade, como autor da rescisória, tem que ser desenvolvida
dentro desse prazo (petição, depósito etc.).

Mandado de segurança

A história do mandado de segurança no Brasil começa mais ou menos com a


edição da lei 221. Que foi a primeira lei no Brasil a atribuir uma garantia do cidadão
contra o Estado. Essa lei concebia a proteção de uma tutela liminar contra o Estado. E
os juízes começaram a usar muito isso e o legislador cortou a tutela liminar. Passou a
ser uma proteção jurisdicional infértil.
Como esse instrumento não era mais útil, Ruy Barbosa começo a emplacar a tese
do HC mais genérico, mais robusto. Aí cortaram dizendo que o HC é só para o direito
de ir e vir. Depois disso ele escreveu uma tese chamada: a posse dos direitos pessoais.
As ações possessórias sempre foram dotadas de proteção liminar, historicamente. Ação
possessória para defesa de direitos pessoais. E por isso teria proteção liminar.

Aula 18 – 18/06

A ideia de posse dos direitos pessoais não emplacou no STF. Aí a sociedade


civil ficou sem nenhuma espécie de remédio contra a administração pública.
O mandado de segurança foi criado em 1934 visando à proteção de direito certo
e incontestado contra atos de arbítrio da administração pública. Começou-se a utilizar o
mandado de segurança como irmão do HC, por falta de uma lei regulamentadora. Essa
lei só saiu dois anos depois, em 1936.
Em 1937, Estado Novo, o mandado de segurança continuou a valer, mas não
mais contra ato do presidente.
Em 1946, a constituição restaurou aquele caráter do mandado de segurança,
depois regulado pela lei 1533. E esta lei lhe deu a conformação atual. E depois sofreu
uma grande reforma pela lei 4348/64.
Mandado de segurança é uma ação constitucional. Pela própria natureza e pela
própria história, ele é uma ação de natureza sumária, porque, pelo menos em tese, ele
deve ter uma resposta rápida. Isso reporta àqueles processos sumários chamados
processos sumários determinados, para discernir dos processos sumários
indeterminados.
Os processos sumários indeterminados (274 do Código de Processo Civil) são
processos que concentram os atos em poucos momentos processuais. Eles podem ser
apelidados também de processos plenários rápidos. O juiz vai procurar abreviar as
formas. Surgiram com uma bula papal do Papa Clemente V.
No processo sumário determinado, o conteúdo probatório é limitado ao juiz. O
juiz só pode certo tipo de matéria ou certo tipo de prova. No caso específico da ação de
mandado de segurança, o processo é sumário determinado, nesse sentido, porque o juiz
não tem ampla liberdade para examinar a prova. Ele só pode provar através de prova
documental pré-constituída. Todas as outras estão interditadas. Se houver necessidade
de qualquer outro tipo de prova o juiz deve dizer que pelo mandado de segurança não é
possível; o autor deve procurar um processo ordinário.
É uma ação que, segundo terceiros, possui uma sentença mandamental. O
professor diz que uma sentença mandamental é uma sentença condenatória de obrigação
de fazer infungível.
Impetrante é o autor e autoridade impetrada é o réu, a autoridade coatora.
Se houver risco de perda do objeto pela demora do processo pode ser dada
liminar. Deve haver fundamentação na concessão ou não dessa liminar.
Pelo desenho da lei 12.016/09, é como se houvesse uma espécie de litisconsórcio
entre a PJ de Direito Público e a pessoa da autoridade coatora.
Artigo 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo [antigamente era direito certo e incontestável], não amparado por habeas corpus
ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física
ou jurídica sofrer violação [MS repressivo ou ordinário] ou houver justo receio de sofrê-
la [MS preventivo] por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça.
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou
órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os
dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do
poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. [é que algumas vezes
o poder público delega certas atividades. Ex: diretor do CEUB].
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista
e de concessionárias de serviço público.
§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer
delas poderá requerer o mandado de segurança.
Ainda que seja muito intrincado o entendimento da lei sobre o eventual direito
subjetivo do cidadão, desde que a parte traga todos os elementos fáticos necessários
para dar a certeza do direito, é possível a impetração de mandado de segurança.
A garantia constitucional de MS tem pertinência com direitos do indivíduo e por
isso a PJ não poderia entrar com MS. A jurisprudência e depois a lei, entenderam o
contrário e hoje é possível o MS de pessoa jurídica.
Não existe a possibilidade de dar um MS genérico. O MS preventivo acerta
determinada situação, previne uma específica situação.
Artigo 2. Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de
ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser
suportadas pela União ou entidade por ela controlada. [Isso é para fins de determinação
da competência; basta o elemento financeiro].
Artigo 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos
120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
Artigo 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições
idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito
originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado
judicialmente.
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-
se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.
Artigo 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais,
impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio
eletrônico de autenticidade comprovada.
§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama,
radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata
ciência pela autoridade.
§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis
seguintes.
§ 3o  Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão
observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.
Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; [e sem
efeito suspensivo? Em tese cabe; mas não parece que o sistema brasileiro tenha
consagrado o MS como substitutivo do efeito suspensivo; onde estaria o abuso da
autoridade judicial por não ter dado o efeito suspensivo?]
III - de decisão judicial transitada em julgado.
Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela
lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a
primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em
repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a
fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a
exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o
cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do
documento para juntá-las à segunda via da petição.
§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a
ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.
§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato
impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.
§ 4o (VETADO)
§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo artigo 267 da
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
§ 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo
decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.
Art. 7o  Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a
segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10
(dez) dias, preste as informações; 
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo,
ingresse no feito; 
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso
seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou
depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

Aula 19 – 20/06

Art. 7o  Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:


I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a
segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10
(dez) dias, preste as informações;
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo,
ingresse no feito;
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso
seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou
depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica [é uma espécie
de contracautela, caso você ganhe a liminar e venha a sucumbir na decisão final]. No
mais das vezes coincide com antecipação de tutela. O provimento de efeito liminar em
MS depende desses dois fundamentos, não basta só que um deles esteja presente. São
necessários os dois. É necessário que o magistrado diga por que ele entende que o
fundamento é relevante ou não e que o ato impugnado pode resultar, ou não, a ineficácia
da medida. O fundamento é relevante é aquele que balança a cabeça do magistrado em
favor da pretensão. Esse depósito não é executável imediatamente pelo só fato de o
impetrante vir a sucumbir.
§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar
caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de
1973 - Código de Processo Civil. Se for juízo de segundo grau e o relator denegar,
também cabe o agravo, mas não será de instrumento, será só agravo.
§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de
créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a
prolação da sentença. Liminar é sempre uma medida precária e pode ser revogada pelo
próprio juiz, fundamentadamente. Ela pode ser cassada pelo fato de ser nula, de conter
vício processual. A sentença substitui a eventual liminar. Se ela for no mesmo sentido o
impetrante continua com a segurança. Se for contrária, aquela liminar, que até então
tinha vida, deixa de ter, e o impetrante perde a segurança. E quando cai a liminar ela cai
desde quando foi dada porque ela nunca se estabeleceu por ela mesma, ela é precária.
§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.
§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste
artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os artigos 273 e 461 da Lei n o
5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio
ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante
criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3
(três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem. A hipótese não é nem de
caducidade nem de perempção. Aqui é simplesmente a liminar que vai perder a eficácia.
Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da
notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham
subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da
União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia
autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros
necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e
defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder. Esse prazo não é nem
processual, não deveria estar nessa lei. Se não for cumprido esse prazo, não acontece
nada no processo.
A primeira defesa apresentada é pela autoridade impetrada de próprio punho. Só
que, pode ser que tenha sido deferida uma liminar. Se esse o caso, é possível pedir-se a
suspensão dessa medida, e ainda não se fala em agravo de instrumento. O órgão
público, pode, por meio de seus representantes judiciais, requerer ao presidente do
tribunal a suspensão da liminar deferida.
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não
for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando
decorrido o prazo legal para a impetração.
§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e,
quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber
originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão
competente do tribunal que integre.
§ 2o  O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da
petição inicial. É após o despacho positivo da petição inicial. É para evitar a carona no
processo
O parágrafo 5 do artigo 6 deveria estar aqui nesse artigo.
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o
juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo
improrrogável de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão
conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30
(trinta) dias.
Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do
oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o
inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art.
4o desta Lei.
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.
§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo
grau de jurisdição. [remessa necessária].
§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.
§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada
provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.
§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em
sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração
direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente
às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.
MS não é substitutivo de ação de cobrança, mas muitos MS tem vocação
patrimonial. Aquelas prestações que venceram no curso do processo podem ser
executadas. Não podem ser cobrados valores pretéritos no MS. Para cobrar esses outros
valores é necessária uma outra ação, de outra natureza., uma ação de procedimento
ordinário.
Art. 15.  Quando, a requerimento [que não tem natureza de recurso] de pessoa
jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão
à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual
couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a
execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo,
no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua
interposição. 
§ 1o  Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere
o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal
competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. 
§ 2o  É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1 o deste artigo,
quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se
refere este artigo. 
§ 3o  A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas
ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o
julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. 
§ 4o  O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo
liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência
na concessão da medida. 
§ 5o  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única
decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares
supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Aula 20 – 25/06

Artigo 15. Continuação. Este agravo aqui é como se fosse uma espécie de
oportunidade para a parte impetrante. Sem efeito suspensivo.
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão (PJ de Direito Público) ou provido o
agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao
presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou
extraordinário.
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1 o deste artigo,
quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se
refere este artigo.
§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações
movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o
julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. 
§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar
se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na
concessão da medida. Essas duas expressões são novidade dessa lei. Não havia esses
elementos antes.
§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única
decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares
supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. Para simplificar o
procedimento.
Artigo 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a
instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.
Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar
caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre.
Artigo 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos
recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do
julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas,
independentemente de revisão. Nota taquigráfica é uma velharia absurda nos tempos
atuais.
Artigo 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância
pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e
recurso ordinário, quando a ordem for denegada.
Artigo 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem
decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus
direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. Não é muito claro quando o MS decide ou
não o mérito. Muitas vezes não sabemos se o tribunal examinou ou não o mérito.
Para chegar a esse resultado a nossa inicial deve ter sido elaborada de maneira
adequada. Todo MS necessariamente tem de partir da compreensão do impetrante. Você
deve começar o MS falando quem é a autoridade coatora. Logo depois já fala do ato
coator.
Artigo 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos
terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.
§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão
que se seguir à data em que forem conclusos ao relator.
§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias.

Artigo 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos


120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
Artigo 24. Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Litisconsórcio.
Artigo 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de
embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem
prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé. Súmula 512 do STF e
105 do STJ. Não cabe a condenação em honorários advocatícios em MS ao impetrante
que perder sem ter má-fé. Era essa a tese. Era uma garantia. Hoje já em qualquer caso
não se paga por causa desse artigo. Mas o professor tem uma tese pela responsabilidade
objetiva do Estado de ressarcir os danos causados ao administrado. Se ele causou um
dano (ato coator) e para repará-lo (através do MS) eu precisei gastar dinheiro com
advogado, é razoável pedir esse valor a título de reparação. Mas essa tese ainda não foi
testada no poder judiciário.
Artigo 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em
mandado de segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação daLei
no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis. Crime de desobediência é praticado
por agente privado e não por funcionário público. No máximo caberia prevaricação, mas
não a desobediência.

O MS coletivo, e outros institutos, atendem no Brasil a um subsistema diferente:


tutela coletiva de direitos. Esse subsistema é representado pela lei de ação popular, pela
lei de ação civil pública, pela lei de improbidade administrativa e uma parte do CDC.
Esse subsistema autoriza a pensar um uma teoria geral dos direitos coletivos e os
processos para defender esses direitos.
Algumas peculiaridades.
A legitimidade é peculiar. O Direito brasileiro tentou trazer a legitimidade da
tutela de direitos individuais para a tutela dos direitos coletivos. Não funcionou. E
também trouxe uma válvula de escape se não desse certo: o MP, na generalidade dos
casos. O MP brasileiro é o mais poderoso do mundo. Em nenhum outro país que tenha
uma constituição, o existe alguma instituição parecida com o MP, principalmente
quanto à sua atividade civil.
Nos EUA há o conceito de representatividade adequada para a legitimidade. No
direito brasileiro já está legalmente definido. A questão da representatividade no Direito
brasileiro não é a mais bem elaborada possível.
Execução no processo coletivo. Execução coletiva ou a execução singular em
um processo coletivo.
Coisa julgada no processo coletivo. A coisa julgada opera inter partes. Os limites
subjetivos da coisa julgada são bem marcados. No processo coletivo quais serão os
limites subjetivos? Quem serão os atingidos pela decisão? Qualquer outro cidadão ou
outra associação pode se munir de novas provar para aviar nova ação com a mesma
pretensão. Coisa julgada secundum eventum provationes.

Aula 21 – 27/06

A participação do MP nessas ações é sempre uma coisa complicada. Ele se


apresenta como legitimado em alguns casos, ainda que ele não fosse aparentemente.
Essas lei fazem parte de um mesmo sistema, mas cada lei se aplica a coisas
diferentes. O MP tem casado duas leis diferentes com âmbito de validade distinto e cria
uma terceira ação diferente das duas originais.
Temos de tentar identificar todos os espaços que cabem a uma ação e a outra
ação.
Ação Civil pública (lei 7347).
Artigo 1. Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as
ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
I - ao meio-ambiente (o que se encaixar nesse conceito é meio ambiente; o meio
ambiente é bem coletivo, mas algumas pessoas se apropriam dele e usam indevidamente
[225 da Constituição Federal, o meio ambiente é um bem]);
II - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
(tudo, em última análise, pode ser objeto da ACP, porque são conceitos bem amplos,
bem gerais);
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo (isso diz que nos itens
anteriores já estava se tratando de interesses difusos ou coletivos, e está certo).
Direitos/interesses difusos: quando eu busco proteger um direito que não é apropriável
individualmente, mas que pertence a todos. Direito coletivo: uma parcela da sociedade
civil é ligada por uma relação jurídica base. No momento da defesa do direito eu não
posso nominar essas pessoas, mas eu consigo fazer isso depois se necessário. Direitos
individuais homogêneos: são identificáveis desde sempre, apropriáveis individualmente,
mas que são, em si, próximos com relação a suas origem e com relação aos seus efeitos.
Cada pessoa em si tem o seu próprio direito, mas toda uma comunidade foi lesada, a
origem do dano é comum (um único ato que gerou a multiplicidade de lesões
individuais). (CDC, artigo 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo
único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos
difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código,
os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe
de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III -
interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de
origem comum).
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística.
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que
envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem
ser individualmente determinados.
Esse artigo é uma fábula, em termos de dificuldades teóricas:
O MP estava valendo-se da ACP para ingressar com pretensões de natureza
tributária, visando a evitar a cobrança desse tributo. Depois o MP entrava com ação
visando a correção do FGTS. E aí, depois veio o parágrafo único, para evitar que o MP
entrasse com essas ações.
Consumidor. Se houver um direito individual homogêneo não de consumo, o
MP pode atuar? Não pode. Mas a jurisprudência tem permitido. Mesmo quando se trata
de direitos que não são do consumidor pode ter relevância e ultrapassar os interesses das
partes. É o argumento que tem permitido o MP entrar com esse tipo de ação.
Outra questão. Pelo fato de que ele inaugurou um sistema novo no Brasil, não
havia um desenho de prescrição. Isso gerou uma séria dúvida jurisprudencial. Alguns
doutrinadores e parcela da jurisprudência diziam que ela era imprescritível. Outra
vertente diz que é o prazo geral, que é de 10 anos. E ainda existe outro argumento que
diz que são 5 anos de prazo.
Dano moral coletivo. O dano moral é uma dor que você sente em relação a uma
lesão qualquer, é uma dor intestina que você tem decorrente da prática de um ato contra
você. Eu não sei se consigo mensurar ou verificar essa dor comum. Estou diante de uma
impossibilidade de aferição do dano moral coletivo. Mas, cada vez mais, no Brasil, se
institucionaliza o dano moral coletivo.
Artigo 2. As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as
ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
objeto.
Será que é competência funcional? A competência funcional só indica a divisão
do trabalho entre juízes quanto a um mesmo processo. Não tem nada a ver com
território. Mas ele quis dizer que a competência era absoluta. Outro problema: “serão
propostas no foro do local onde ocorrer o dano”. Ex: algum desses problemas, listados
no artigo 1, envolve a União ou o MPF, no foro da localidade, que pode ser uma cidade
do interior que nem tem juiz federal, quem será o competente? O juiz local ou o juiz
federal? Todo mundo acreditava que se não houvesse juiz federal, o juiz competente
seria o juiz estadual e o recurso iria para o TRF competente. Depois o STF decidiu que
não seria assim e que a competência deveria ser de juiz federal e a súmula do STJ que
trazia o primeiro entendimento foi cancelada.
Quando o dano extrapolasse os limites de um estado, o competente deveria ser o
MPF, e não um MPE.
Quando eu tenho uma ação coletivo, eu tenho que limitar os efeitos da decisão a
essas pessoas que eu não sei quem são. Isso aparece hoje na lei 9494, artigo 2, embora
esteja já escrito no artigo 16 da 7347. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes,
nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Lei 9494, artigo 2-A. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo
proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus
associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da
ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. Parágrafo único.
Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial deverá obrigatoriamente
estar instruída com a ata da assembleia da entidade associativa que a autorizou,
acompanhada da relação nominal dos seus associados e indicação dos respectivos
endereços.
Lei 7347.
Artigo 3. A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
Artigo 4. Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando,
inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Isso não é cautelar, está mais para antecipação de tutela. E é necessário que
assim aconteça.

Aula 22 – 09/07
(cheguei atrasado)

ACP

Artigo 9. Tem a ver com a atividade intestina do MP.


Artigo 11. O que interessa é perceber que esse preceito cominatório aqui vai ter
uma regência no artigo 12, parágrafo 2, que não é adequada. A multa existe para que o
sujeito se sinta constrangido desde logo a preservar a situação do estado do processo
antes de uma eventual lesão. Essa interpretação é burra, sobretudo em ações que tem por
objetivo a proteção do meio ambiente ou da saúde pública. O que rege esse tipo de
situação é o princípio da precaução.
Artigo 14. Atribuição de efeitos recursais ope iudices. O juiz que diz se o
recurso terá ou não efeito suspensivo.
A ACP não é uma ação penal. É uma ação civil com forte coloração
administrativa. Seria uma ação semipenal.
Na ACP, por força do empréstimo que houve do CDC, há duas tutelas. Eu não
posso confundir a tutela de direitos coletivos com a tutela coletiva de direitos
(individuais homogêneos). Nessa segunda hipótese não faz muito sentido pensar na
execução desse artigo (15).

Ação Popular
Ainda dentro do sistema de tutela de direitos coletivos. Essa leinasce num
período delicado da história do Brasil, mas a ação popular, ação do povo, vem desde o
Direito Romano e também desde a constituição de 1934.
Ela foi regulamentada em 1965. Essa lei de AP é a primeira lei no Brasil que
cuida da nulidade e caracteriza a anulabilidade de atos administrativos no Brasil. Havia
toda uma preocupação em flagrar o administrador público corrupto.

(bateria do computador acabou e não anotei o final)

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