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MATERIALISMO DIALÉTICO
Baseado em Demócrito e Epicuro sobre o materialismo e em Heráclito sobre a
dialética (do grego, dois lógos, duas opiniões divergentes), Marx defende o materialis
mo
dialético, tentando superar o pensamento de Hegel e Feuerbach.
A dialética hegeliana era a dialética do idealismo (doutrina filosófica que nega a
realidade individual das coisas distintas do eu e só lhes admite a idéia), e a dialética
do
materialismo é posição filosófica que considera a matéria como a única realidade e que
nega a existência da alma, de outra vida e de Deus. Ambas sustentam que realidade
e
pensamento são a mesma coisa: as leis do pensamento são as leis da realidade. A real
idade
é contraditória, mas a contradição supera-se na síntese que é a verdade dos momentos
superados. Hegel considerava ontologicamente (do grego onto + logos; parte da me
tafísica,
que estuda o ser em geral e suas propriedades transcendentais ) a contradição (antítes
e) e a
superação (síntese); Marx considerava historicamente como contradição de classes
vinculada a certo tipo de organização social. Hegel apresentava uma filosofia que
procurava demonstrar a perfeição do que existia (divinização da estrutura vigente); Marx
apresentava uma filosofia revolucionária que procurava demonstrar as contradições inte
rnas
da sociedade de classes e as exigências de superação.
Ludwig Feuerbach procurou introduzir a dialética materialista, combatendo a
doutrina hegeliana, que, a par de seu método revolucionário concluía por uma doutrina
eminentemente conservadora. Da crítica à dialética idealista, partiu Feuerbach à crítica d
a
Religião e da essência do cristianismo.
Feuerbach pretendia trazer a religião do céu para a Terra. Ao invés de haver Deus
criado o homem à sua imagem e semelhança, foi o homem quem criou Deus à sua imagem.
Seu objetivo era conservar intactos os valores morais em uma religião da humanidad
e, na
qual o homem seria Deus para o homem.
Adotando a dialética hegeliana, Marx, rejeita, como Feuerbach, o idealismo, mas,
ao contrário, não procura preservar os valores do cristianismo. Se Hegel tinha ident
ificado,
no dizer de Radbruch, o ser e o deve-ser (o Sein e o Sollen) encarando a realida
de como um
desenvolvimento da razão e vendo no deve-ser o aspecto determinante e no ser o asp
ecto
determinado dessa unidade.
A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da
realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas,
a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é
contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição
externa, mas unidade das contradições, identidade: a dialética é ciência que mostra como
as contradições podem ser concretamente (isto é, vir-a-ser) idênticas, como passam uma n
a
outra, mostrando também porque a razão não deve tomar essas contradições como coisas
mortas, petrificadas, mas como coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em
e
através de sua luta. (Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N.
Coutinho, 1979, p. 192). Os momentos contraditórios são situados na história com sua
parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo, considerado
como unilateral é recaptado e elevado a nível superior.
Marx acusou Feuerbach, afirmando que seu humanismo e sua dialética eram
estáticas: o homem de Feuerbach não tem dimensões, está fora da sociedade e da história, é
pura abstração. É indispensável segundo Marx, compreender a realidade histórica em suas
contradições, para tentar superá-las dialeticamente. A dialética apregoa os seguintes
princípios: tudo relaciona-se (Lei da ação recíproca e da conexão universal); tudo se
transforma (lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante); as muda
nças
qualitativas são conseqüências de revoluções quantitativas; a contradição é interna, mas os
contrários se unem num momento posterior: a luta dos contrários é o motor do pensament
o
e da realidade; a materialidade do mundo; a anterioridade da matéria em relação à
consciência; a vida espiritual da sociedade como reflexo da vida material.
O materialismo dialético é uma constante no pensamento do marxismo-leninismo
(surgido como superação do capitalismo, socialismo, ultrapassando os ensinamentos
pioneiros de Feuerbach).
MATERIALISMO HISTÓRICO
Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das
sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente
econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a
infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em
si, a
superestrutura, representaria as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas,
jurídicas,
etc). A propósito, Marx escreveu, na obra A Miséria da filosofia (1847) na qual esta
belece
polêmica com Proudhon:
As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas.
Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a
maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos
dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo
industrial.
Tal afirmação, defendendo rigoroso determinismo econômico em todas as
sociedades humanas, foi estabelecida por Marx e Engels dentro do permanente clim
a de
polêmica que mantiveram com seus opositores, e atenuada com a afirmativa de que ex
iste
constante interação e interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social:
da mesma maneira pela qual a infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre
os reflexos
desta, embora, em última instância, sejam os fatores econômicos as condições finalmente
determinantes.
EXISTENCIALISMO
O que Marx mais critica é a questão de como compreender o que é o homem. Não
é o ter consciência (ser racional), nem tampouco ser um animal político, que confere a
o
homem sua singularidade, mas ser capaz de produzir suas condições de existência, tanto
material quanto ideal, que diferencia o homem.
A essência do homem é não ter essência, a essência do homem é algo que ele
próprio constrói, ou seja, a História. A existência precede a essência ; nenhum ser
humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, qu
e
é construído a partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra. Assim com
o
o homem produz o seu próprio ambiente, por outro lado, esta produção da condição de
existência não é livremente escolhida, mas sim, previamente determinada. O homem pode
fazer a sua História mas não pode fazer nas condições por ele escolhidas. O homem é
historicamente determinado pelas condições, logo é responsável por todos os seus atos, p
ois
ele é livre para escolher. Logo todas as teorias de Marx estão fundamentadas naquilo
que é
o homem, ou seja, o que é a sua existência. O Homem é condenado a ser livre.
As relações sociais do homem são tidas pelas relações que o homem mantém com a
natureza, onde desenvolve suas práticas, ou seja, o homem se constitui a partir de
seu
próprio trabalho, e sua sociedade se constitui a partir de suas condições materiais de
produção, que dependem de fatores naturais (clima, biologia, geografia...) ou seja,
relação
homem-Natureza, assim como da divisão social do trabalho, sua cultura. Logo, também
há
a relação homem-Natureza-Cultura.
POLÍTICA E ECONOMIA
OPINIÕES DE LEITORES
Conversamos com professores de história do Colégio Pedro II - Unidade Humaitá II
e também com políticos e jornalistas brasileiros através da Internet, pedindo suas opi
niões
sobre o Manifesto Comunista. Seguem as melhores:
O Manifesto na época em que foi lançado foi de grande importância. Certamente
se eu fosse viva na época, aderiria às idéias de Marx e Engels. Embora fosse um docume
nto
a favor do proletariado, o Manifesto fez a elite repensar seus métodos e é de grande
importância até hoje.
BEATRIZ, professora de história CPII
Sou fã de carteirinha de Marx. A frase final me sensibilizou muito. O Manifesto é
meu livro de cabeceira, desde que o li pela primeira vez no 2º grau. Sempre que po
sso,
trabalho textos de Marx com meus alunos. O Manifesto foi de grande importância, po
r Ter
sido um alerta, que chamou a atenção de todos à exploração do trabalho.
ELENICE, professora de história CPII
O Manifesto é atualíssimo. O li pela primeira vez há 30 anos e estou sempre
relendo. O Manifesto conclama a união dos operários que aceitam tudo pelo emprego a
lutar pelos seus direitos. Hoje com a crise, vemos que vários países do sudeste asiáti
co
aceitam quaisquer condições de trabalho, sendo uma concorrência desleal aos trabalhado
res
que lutam por seus direitos. Todos (até a elite) deveriam se unir pelos trabalhado
res, que
merecem ter seus direitos respeitados, embora o neoliberalismo queira acabar com
isso.
HELOISA SABOYA, professora de história CPII
Li o Manifesto pela primeira vez aos 15 anos e fiquei fascinado. É um dos mais belo
s e
utópicos documentos jamais escrito pelo homem.
JUCA KFOURI, jornalista CNT
Também fui aluno do Pedro II. Mas os tempos eram outros; vivíamos sob ditadura
militar. Assim, li o Manifesto praticamente às escondidas. Na época achei o máximo até
porque ainda sabia pouco sobre a vida e achava que o mundo iria se tornar social
ista. É
certamente o melhor texto escrito por Marx (ainda hoje acho aquele início muito bo
m: um
espectro onda a Europa...); o Manifesto merece ser lido dentro de um contexto hi
stórico em
que a maioria das doenças sobrevivia em condições miseráveis. Certamente o movimento
contribuiu para que o capitalismo evoluísse, e a democracia também. No entanto, como
sistema político, o comunismo se inclui certamente entre as maiores barbáries da
humanidade (e o pior é que muita gente, entre os quais eu mesmo, deram respaldo pa
ra essa
barbárie).
GEORGE VIDOR, jornalista O GLOBO e GLOBONEWS
Li o Manifesto, pela primeira vez, em minha viagem de guarda marinha, em 1960.
Naquela época, o mundo assistindo à ascensão de movimentos de libertação nacional, ou
revoluções socialistas, por toda a parte, a emoção da luta pela utopia estava ali na esq
uina.
O Manifesto era apenas um instrumento de trabalho e educação. Hoje, nos parâmetros
hegemônicos, as releituras nos obrigam a reconhecer uma extrema atualidade quando
se
considera o texto a partir do diagnóstico do quadro social e político. A emoção da utopi
a
fica balançada, no entanto, pela constatação que a classe operária - sujeito fundamental
da
transformação revolucionária prevista por Marx foi, enquanto setor determinante do
desenvolvimento capitalista, bem mais vulnerável do que o se poderia imaginar em r
elação
às manobras de cooptação que lhe forma impostas pelo regime que tinha por objetivo
derrocar. A nós cabe fazer o ajuste da formulação teórica, considerando tudo o que já havi
a,
no Manifesto, de previsão quanto ao desenvolvimento universal do capitalismo. Tudo
o
que lá já havia, por exemplo, quanto ao que conhecemos da fase atual de globalização do
capital.
MILTON TEMER, jornalista e deputado federal PT
O Manifesto Comunista é o mais influente panfleto da era moderna. Suas
premissas e conclusões são discutíveis, mas como mobilizador de opinião pública ele
atingiu seus objetivos. Não vamos esquecer que Karl Marx era um teórico, mas também um
ativista. Ele escreveu o Manifesto com a finalidade de "agitar" e organizar as m
assas. Seu
impacto é de fazer inveja a publicitários, pois o Manifesto tem slogans inesquecíveis
como:
proletários do mundo, uni-vos.
CAIO BLINDER, jornalista O GLOBO e GNT
TEXTO COMPLEMENTAR:
O ENREDO DE MARX E ENGELS