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Unidade II
ANÁLISE DO AMBIENTE E FORMULAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS
O tema deste capítulo é a forma como os gestores, sejam eles de uma organização pública ou
privada, podem perceber e utilizar a seu favor as incertezas do ambiente que circunda sua organização
– o ambiente organizacional de negócios. Esta não é uma tarefa simples. Pode ser difícil por inúmeras
razões. Primeiramente, o ambiente de negócios engloba diversas variáveis relevantes que atuam
simultaneamente na organização e o problema está justamente nesta diversidade. O segundo
problema encontra‑se na complexidade que surge desta diversidade, pois muitas destas variáveis estão
inter‑relacionadas. Por exemplo, uma mudança tecnológica pode mudar a natureza do trabalho que,
consequentemente, muda o estilo de vida que, por sua vez, mudará os hábitos de consumo para diversos
produtos, criando oportunidades para algumas e novas organizações enquanto obrigará a algumas a
sair do mercado. Portanto, entender estas conexões é de fundamental importância para que o gestor
possa ter um plano estratégico adequado para o ambiente de negócios dele. Para terminar, existe a
questão da frequência e velocidade das mudanças no ambiente de negócios. Mais do que nunca, o
ritmo de mudanças tecnológicas, a velocidade da comunicação e fluxo de informação global exigem
constantes e rápidas respostas e mudanças ao ambiente de negócios.
fatores de impacto na organização tem que ser considerados em sua plenitude. Esses modelos
são organizados em uma série de “camadas“ que serão detalhadas ao longo do capítulo e estão
esboçadas na figura a seguir:
Macroambiente de negócios
Competidores e mercado
Organização
ambiente interno
Competidores e mercado
Indústria (ou setor de atuação)
Macroambiente de negócios
Essas camadas funcionam como uma espécie de funil, onde uma análise é feita do aspecto mais geral
para o mais especifico ou vice‑versa (conhecidos como Top‑Down ou Down‑Up Analysis). A camada mais
geral é conhecida como macroambiente de negócios e consiste em uma abordagem ampla dos fatores
que afetam quase todas as organizações em diferente intensidade. É muito importante entender como
mudanças no macroambiente provavelmente causarão impacto na organização. Um bom ponto inicial pode
ser fornecido por um modelo chamado Pestel, que pode ser usado para identificar futuras tendências nos
ambientes Político, Econômico, Social, Tecnológico, Ambiental (no termo original, em inglês, Environment)
e Legal que circundam a organização. Esta análise oferece uma ampla quantidade de dados que possibilitam
identificar as agentes‑chave para a mudança necessária. Naturalmente, eles diferem dentre cada industria,
setor e país. Consequentemente, eles terão impactos diferentes em cada organização.
Como parte deste macroambiente de negócios, a próxima camada é pertinente a uma indústria ou
setor. Este se refere a um grupo de organizações que produzem os mesmos produtos ou prestam os
mesmos serviços. A Análise Estrutural da Indústria, conhecida como modelo das Cinco Forças Competitivas,
de Porter, e o conceito de “ciclos da competição de mercado” podem ser úteis para entender como as
dinâmicas no modo de competir estão mudando, tanto na indústria especifica como ao redor dela.
O ambiente interno é o nível de ambiente dentro da organização composto de sua estrutura, seus
processos, suas áreas. Sua análise, essencial para se avaliar os pontos fortes e fracos da organização,
refere‑se aos fatores internos: os recursos que aplica e os ativos intangíveis que considera, desde sua
estrutura de trabalho até os aspectos humanos, materiais, tecnológicos, de mercado e financeiros.
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Unidade II
O modelo Pestel categoriza as influências ambientais em seis fatores principais: político, econômico,
social, tecnológico, ambiental e legal. Estes fatores não são independentes uns dos outros. Muitos
estão conectados.
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ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
Os fatores listados no Pestel são de valores limitados se eles forem vistos apenas como uma lista
de influências. É importante identificar um número de fatores‑chave direcionadores de mudança, que
são as prováveis forças a afetar a estrutura de uma indústria (setor ou mercado). Ainda que, com toda
a certeza, ocorrerão mudanças no ambiente externo de negócios da maioria das organizações, será o
efeito combinado de apenas alguns desses fatores que terão de fato importância – e não todos os fatores
separadamente. Zip3demonstra um bom exemplo de direcionadores‑chave que estão aumentando o
nível de globalização de alguns setores.
Mercado
– Clientes globais
– Transferência de
marketing
– Necessidades
similares dos clientes
Competição
– Competidores globais
– Interdependência
– Altas taxas de
importação e
exportação
Existe uma tendência mundial de globalização cada vez maior dos mercados. A atual crise
econômico‑financeira demonstrou isso ao impactar o mundo inteiro em um intervalo de tempo
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Unidade II
infinitesimal. Na maioria dos mercados, as necessidades e preferências dos clientes estão tornando‑se
cada vez mais similares. McDonald`s é um bom exemplo disso, uma vez que seu cardápio‑padrão é
oferecido em quase todos os países do mundo com grande sucesso. Com a globalização dos mercados,
as organizações que operam em mercados internacionais tornam‑se clientes globais e procuram
fornecedores que podem operar globalmente. O desenvolvimento da comunicação global e de canais
de distribuição tem conduzido a globalização (um exemplo óbvio é a internet). Como consequência,
este movimento permite o aparecimento de oportunidades de mercado como uma transferência de
marketing para um nível global. Políticas de marketing, marcas, identidades e campanhas publicitárias
podem ser desenvolvidas em nível mundial. Este esforço gera demanda global e novas expectativas para
os clientes, além de possibilitar redução de custo de marketing.
A globalização dos custos pode fornecer uma vantagem competitiva, pois algumas organizações terão maior
acesso e\ou estarão mais cientes dessas vantagens que alguns competidores. Este é o caso de grandes indústrias em
que grandes volumes de um produto‑padrão são requeridos para estabelecer economias de escala. Existe também
a possibilidade de se construir vantagens de custo por meio da experiência adquirida em operações de larga escala.
Outra possibilidade de se obter vantagens de custo está nas eficiências de uma fonte central de abastecimento por
fornecedores de baixo custo (fornecedor de um requisito necessário é fonte para todas as unidades de operação).
Os custos específicos de um país, como mão de obra ou taxa de câmbio, incentivam as organizações a procurar
globalmente, por baixo custo nestes quesitos, como meios para reduzir os custos a um nível melhor que seus
competidores (por exemplo, Índia usada como central de call center de empresas americanas e europeias). O alto
custo de desenvolvimento de produtos também incentiva mais as organizações a operarem com menos produtos
ou a prestarem menos serviços – mas com alcance global – do que absorver custos de uma linha de produtos
maior para uma escala geográfica de atuação menor.
As atividades dos governos mundiais também tendem a direcionar ainda mais a globalização dos
mercados. As políticas de comércio, a criação dos blocos econômicos, o incentivo ao mercado aberto, o
reconhecimento da importância das nações emergentes (G20) são ações visando operações globais.
A dinâmica das mudanças no ambiente externo está aumentando a competição global, que, por sua
vez, incentiva a busca por mais mercados e mais globalização. Se os níveis de importação e exportação
entre os países é alto, isto aumenta a interação entre os competidores em uma escala mais global. Se um
mercado está competindo globalmente, isto tende a pressionar os competidores a uma globalização maior,
principalmente se eles já operam globalmente, o que pode gerar vantagem competitiva para seu negócio.
Pestel mostrou como podemos analisar e identificar os fatores que influenciam mais diretamente o ambiente
geral competitivo ou macroambiente de uma organização. A relativa importância desses fatores e o impacto
combinado deles no ambiente competitivo diferem entres países. Um exemplo da importância deste contexto na
competição global é providenciado por Michael Porter no seu livro A vantagem competitiva das nações. O que
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ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
se tornou conhecido como o “diamante de Porter” sugere que existem algumas razões inerentes que definem o
porquê de algumas nações serem mais competitivas que outras. Este é outro exemplo de como o impacto dos
fatores do ambiente externo de negócios podem ter um caráter estratégico.
Estratégia,
estrutura e
rivalidade da
organização
Características
específicas do Características da
país demanda
Indústrias
relacionadas e de
suporte
Porter sugere que a base nacional de uma organização tem um papel muito relevante para criar
vantagem competitiva em uma escala global. A base doméstica fornece características nas quais as
organizações são capazes de construir e expandir para atingir tal vantagem.
Algumas características específicas do país ajudam a explicar a base de vantagem competitiva em um nível
nacional. Elas fornecem vantagens iniciais que são, subconsequentemente, desenvolvidas para gerarem novos
fatores mais avançados de competição. Por exemplo, na Suécia ou no Japão, onde por lei e por costumes, é
difícil demitir a mão de obra e, portanto, um esforço maior na automação das organizações tem sido feito.
Observação
O diamante de Porter tem sido usado em diversas formas. Em nível nacional, ele tem sido empregado por
governos para considerar políticas a serem seguidas para incentivar o desenvolvimento de vantagem competitiva
em suas indústrias. Já que o argumento é que, em essência, as características da competição doméstica deveriam
gerar alguma vantagem em um sentido mais amplo, a implicação é que a competição deveria ser encorajada em
nível nacional, em vez de serem protegidas da competição externa. Entretanto, os governos podem promover
tais vantagens utilizando‑se de meios para, por exemplo, garantir altas expectativas no desempenho dos
produtos, desenvolver padrões de segurança ou ambientais ou, ainda, incentivando a cooperação vertical entre
compradores e fornecedores em nível nacional, o que poderia gerar inovação.
As organizações também usam o diamante de Porter como um meio para tentar identificar a extensão
em que eles podem desenvolver as vantagens domésticas para criar uma vantagem competitiva ante os
outros no fronte global.
aumenta ao tornar os gestores mais perceptivos em relação às forças presentes no ambiente que são
realmente importantes para seu negócio. Eles devem desenvolver e avaliar as estratégias (os planos de
contingência) para cada cenário. E, naturalmente, devem monitorar o ambiente para acompanhar como
ele está se desenrolando para o ajuste apropriado das estratégias e planos.
Em resumo, os cenários são especialmente úteis onde é importante ter uma visão estratégica de longo
prazo, onde existe um número limitado de fatores‑chave influenciando o sucesso daquela determinada
estratégia e onde existe um alto grau de incerteza sobre tais influências.
Esse ambiente refere‑se ao mercado de atuação pelo qual a organização é influenciada, assim como
o influencia. O raio de alcance deste tipo de ambiente abrange atuais e potenciais setores de atuação,
concorrentes, clientes e fornecedores.
Há fatores de relevância, como a concorrência atual e potencial, além do perfil dos fornecedores e
sua capacidade de fornecimento, evolução e sazonalidade da demanda, de produtos e de novos produtos,
participação nos segmentos, preços relativos, pontos de venda, prazos de entrega, negócios perdidos,
cancelamentos de contratos, perfil dos compradores, usuários ou demandantes, seu comportamento no
momento de decidir pela compra, seu poder de compra e valor a eles agregado pelos produtos e diversos
outros que devem ser levados em consideração.
O impacto das mudanças no ambiente externo de negócios situa‑se nas mudanças das forças
competitivas da organização e de sua indústria ou setor. A teoria econômica define indústria como
“um grupo de firmas que geram produtos que são substitutos próximos uns dos outros”. Este conceito
pode ser estendido, incluindo para o serviço público, com a ideia de setor (saúde, educação, serviços
sociais). Do ponto de vista da perspectiva do gerenciamento estratégico, é útil para os gestores de
qualquer organização entender as forças competitivas que agem entre as organizações do mesmo setor,
já que elas é que determinam a atratividade desse setor e os meios de como cada organização pode
competir. Isto pode providenciar a tomada de decisões importantes a respeito da estratégia de produtos
e mercados e a respeito da entrada ou saída de determinadas indústrias ou setores.
É importante lembrar que as fronteiras de uma indústria podem mudar com o passar do tempo
como, por exemplo, com a convergência de setores que antes eram distintos, como telecomunicações,
computação e entretenimento. Uma convergência pode ser constatada quando setores que eram
anteriormente separados começam a sobrepor‑se em termos de atividades, tecnologias, produtos e
clientes (BERGHE; VERWEIRE, 2000). Existem dois tipos de força que podem alavancar convergência. Elas
podem ser originadas em decorrência do sistema de fornecimento, no qual as organizações começam a
comportar‑se como se houvesse conexões entre setores distintos como, por exemplo, no serviço público
(Ministério da Cultura e Esporte). Uma convergência deste tipo pode ser iniciada por fatores externos ao
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Unidade II
ambiente de negócios como, por exemplo, por meio de uma legislação que possa favorecer ou impedir
a convergência, como o ocorrido com os serviços financeiros em diversos países.
O segundo tipo de convergência pode ser originada pelas forças do mercado (demanda), no
qual os clientes começam a se comportar como se diferentes produtos fossem “um”. Eles passam a
substituir produtos uns pelos outros (por exemplo, TVs e PCs), ou eles passam a ver links entre produtos
complementares que eles querem que se tornem um só (desejam que estes produtos passem a ser uma
venda casada: laptop com DVD, celular com internet). Abaixo, serão analisadas as forças que determinam
a competição e a atratividade de cada indústria ou setor.
Entrantes potenciais
Concorrentes na
indústria
Fornecedores Clientes
Rivalidade entre
as empresas
existentes
Produtos substitutos
Ao usar este modelo para entender as forças competitivas, é fundamental ter em mente os
seguintes pontos:
• O modelo deve ser usado no nível das unidades estratégicas de negócios e não no nível
da organização como um todo, devido à diversidade das operações e dos mercados da
maioria das organizações (por exemplo, uma companhia aérea tem estratégias diferentes
para turistas e viajantes a negócios, assim como para rotas de curta e longa distância,
locais de fluxo sazonal etc.).
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ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
• As cinco forças não são independentes uma das outras. Acontecimentos e pressões de uma direção
podem iniciar mudanças em outras, em um processo dinâmico no qual as bases de competição
alteram‑se constantemente. Por exemplo, novas organizações que possam estar enfrentando um
bloqueio nos meios tradicionais do mercado podem cortar o canal de distribuição tradicional e
vender diretamente aos clientes finais, o que, por sua vez, ocasionará uma mudança profunda na
comercialização dos produtos.
Ao estar consciente dessas recomendações, o modelo das cinco forças é um ponto de partida
extremamente útil para entender as forças competitivas de um setor.
A ameaça de novos entrantes dependerá das barreiras para se entrar em um determinado mercado.
Esses são fatores que devem ser superados pelos novos entrantes, caso eles venham a competir com
sucesso. Eles devem ser vistos como atrasos para a entrada no mercado e não como barreiras permanentes
para determinados entrantes potenciais. Eles podem deter alguns potenciais entrantes, mas não outros.
Algumas barreiras típicas são:
• Capital de entrada: Varia de acordo com o grau tecnológico e escala de produção (por
exemplo, uma “ponto.com” exige quase nenhum capital em comparação com uma mineradora).
A globalização pode deixar algumas organizações vulneráveis, à medida que o custo de capital é
baixo (por exemplo, EUA com juros de 0,25% X Brasil com juros de 8,75%).
• Lealdade do cliente ou fornecedor: É difícil entrar em um setor se nele existe uma ou mais
organizações que conhecem bem o setor e que possuem um bom relacionamento com clientes e
fornecedores‑chave.
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Unidade II
• Experiência: Pioneiros de um setor adquirem experiência antes que os outros. Isto pode originar
vantagens em termos de custos e/ou uma lealdade dos clientes/fornecedores (fenômeno
relacionado com o conceito de “curvas de experiência”). Naturalmente, esta experiência torna‑se
menos valiosa à medida que os ciclos de vida dos produtos estão encolhendo.
• Retaliação esperada: Se uma organização acredita que a retaliação de uma empresa existente
será grande caso ela entre no mercado, isso é uma barreira significante. Em mercados globais, esta
retaliação pode acontecer em diferentes pontos ou localidades.
• Diferenciação: trata‑se de um produto considerado pelo consumidor como algo de maior valor
do que o da concorrência. A linha de produtos pode criar diferenciação, caso os clientes prefiram
comprar pacotes aos produtos separadamente.
A substituição reduz a demanda para uma “classe” particular de produto à medida que os
clientes mudam para as alternativas, podendo até deixar tal produto ou serviço obsoleto. Isto vai
depender de um aspecto: se o substituto oferece um maior beneficio ou valor percebido pelos
consumidores. A substituição pode ter diversas formas:
• Produto por produto: Por exemplo, o e‑mail substituindo serviços postais. Pode acontecer por
intermédio de convergência de setores. Existem também as organizações que são complementares,
o que significa que eles possuem produtos ou serviços que fazem com que algum outro seu
produto torne‑se mais competitivo e vice‑versa (Por exemplo, sistema de reservas de companhias
aéreas, hotéis e locação de carros). Os complementares levam a substituição de produtos atuais
por gerações novas em ambas as organizações com certa regularidade, como, por exemplo, ocorre
entre Intel e Microsoft em seus chips e softwares.
• Substituição genérica: ocorre quando produtos ou serviços competem por receita disponível.
Por exemplo: móveis competem com televisores e utensílios domésticos nas despesas destinadas
ao imóvel, que, por sua vez, compete com carro, férias etc.
As próximas duas forças podem ser consideradas juntas, pois elas podem ter efeitos similares na
limitação da liberdade estratégica de uma organização e nas margens (e assim, na atratividade) desta
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ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
organização. Coletivamente, eles representam a rede de valores em que a organização opera. O poder
relativo de uma organização perante seus clientes e fornecedores influenciam diretamente no lucro de
diferentes partes do setor de atuação (manufatura, distribuição, fornecimento etc.).
O poder dos clientes será alto quando as seguintes condições estivem presentes:
• O custo de troca de fornecedor é baixo e envolve pouco risco como contratos de longo prazo
ou requerimentos de aprovação do fornecedor.
Rivalidade competitiva
As quatro forças anteriores refletem diretamente na rivalidade entre uma organização e seus
mais diretos concorrentes, que são organizações com produtos e serviços similares direcionados para
o mesmo grupo de clientes. Existe uma série de fatores que interferem no grau de rivalidade em um
determinado setor:
e os participantes menores têm que se acomodar a esta situação (por exemplo, tentando evitar
chamar a atenção dos dominantes para não ter o risco de retaliação).
• Taxa de crescimento do setor: a ideia de ciclo de vida sugere que o estágio de desenvolvimento
de um setor é importante em termos de comportamento competitivo. Por exemplo, em situações
de crescimento, uma organização espera alcançar seu crescimento por meio do crescimento do
mercado, enquanto em situações em que o mercado está maduro, este crescimento tem que ser
atingido por meio da absorção da fatia de mercado de concorrentes. A figura a seguir resume
algumas condições que podem ser esperadas em diferentes estágios do ciclo de vida, segundo
McGahan (2000).
Saturação de
Usuários / Poucos: Usuários aumentando e Cresce a compra usuários. Diminuição de
compradores Pioneiros testam testando os produtos ou seletiva. Confiança no uso.
o produto. serviços. retorno do cliente.
Vários
competidores.
Entrada de Briga por mercado.
Características Redução de preços Saída de alguns
competidores. Dificuldades para
do mercado Poucos em busca de competidores.
Disputa por fatia de adquirir mercado
competitivo competidores. volume. Distribuição
mercado. Produtos foco em baixo
Crise de seletiva.
idênticos. custo.
competidores mais
fracos.
• Alto custo fixo: pode provocar guerra de preços e margens baixas, caso o setor exceda a demanda
quando a capacidade de fornecimento torna‑se maior que o mercado. Se esta capacidade extra
puder ser adicionada apenas em grandes incrementos (como por exemplo, muitas manufatureiras
que produzem em lotes), a organização que toma tal atitude cria um excesso de produtos no
mercado no curto prazo e aumenta a competição. Por essa razão, em muitos setores, os concorrentes
colaboram na construção de unidades de produção de propriedade conjunta com objetivo de evitar
excesso de capacidade produtiva. Eventualmente os concorrentes colaborarão para reduzir os custos
fixos. Este movimento permite que estas organizações criem barreiras para potenciais participantes
ou permitem o desenvolvimento de novos produtos e\ou serviços (Ex: Gol e Latam podem unir‑se
para patrocinar o desenvolvimento de uma nova aeronave pela Embraer com um custo menor ao
possibilitar um volume maior de produção pela Embraer, motivando sua participação no projeto).
• Barreiras de saída: a dificuldade em sair do mercado pode fazer com que organizações fiquem
em atividade por um tempo maior que o desejado ou economicamente possível. Novamente,
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• Diferenciação: pode, mais uma vez, ser muito importante. No mercado de commodities, por
exemplo, no qual os produtos ou serviços são homogêneos, não há o que evite a fuga do cliente
para os concorrentes, o que aumenta a competição no mercado.
As cinco forças de Porter podem ser usadas para obter ideias das forças e fatores que atuam
no ambiente setorial de uma unidade de negócios, que necessita uma atenção especial para o
desenvolvimento de um plano estratégico. O modelo deve ser usado como mais do que uma simples
lista de fatores. As questões que seguem abaixo ajudam a focar nas implicações dessas forças para
a organização:
• Alguns setores são mais atrativos que outros? Esta era a ideia original do modelo sob o argumento
de que a atratividade (em termos de potencial de lucro) de um setor existe quando as forças de
Porter são fracas.
• É provável que as forças mudarão de perspectiva? Como? Por exemplo, a telefonia no Brasil era
pública e um monopólio, com serviços caros e de baixa qualidade. A privatização do mercado
permitiu o desenvolvimento do mercado, com aumento da qualidade e redução de custos e,
consequentemente, crescente concorrência. Ou seja, o mercado, que tinha altas barreiras de
entrada, com alto poder do comprador e fornecedor, passou a perdeu gradativamente estas
três forças.
• Quais são as forças e fraquezas da organização em relação às forças que importam para ela?
Como os concorrentes diretos situam‑se perante essas forças?
• O que os gestores podem fazer para influenciar as forças que afetam sua unidade de negócios?
Podem‑se criar barreiras de entrada? Aumentar o poder sobre os compradores e fornecedores?
Encontrar meios de diminuir a rivalidade? Essas questões são fundamentais para lidar com a
estratégia competitiva.
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Unidade II
A vantagem competitiva de uma empresa pode ser corroída devido à presença das forças mencionadas
acima e/ou os concorrentes conseguem dar um jeito de superar as forças adversas. Este processo de
erosão pode ser acelerado por mudanças no ambiente externo de negócios como tecnologia, globalização
ou legislação. Portanto, a vantagem competitiva pode ser temporária, embora a rapidez com que ela
ocorra seja diferente entre setores ao longo do tempo. As organizações tendem a responder a esta
erosão na sua posição perante a concorrência, criando o chamado “ciclo de competição” (D`AVENI;
GUNTHER, 1995).
Organização Novo participante
Amplifica o ataque
Sem resposta para outros mercados
A ilustração mostra que o ciclo pode levar a uma escalada na competição a um novo nível.
Os vários movimentos e contramovimentos resultaram em um participante conduzindo a
competição para mercados adjacentes. Para organizações de atuação global, os movimentos e
contramovimentos das organizações e seus concorrentes podem ocorrer em diversas localidades
simultaneamente e um entendimento amplo de uma competição de pontos múltiplos tem que
ser plenamente entendida.
A velocidade em que esses ciclos se movem é de vital importância para uma organização. Se o
processo é relativamente devagar, existirão significantes espaços de tempo quando a competição em
um setor se acalma para um padrão estabelecido e outra escalada na competição. Em contraste, quando
a validade do ciclo é muito rápida, acontece a chamada “hipercompetição”.
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ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
A análise setorial pode vir a ser muito geral para fornecer um entendimento detalhado da
competição do mercado. Seriam Ferrari e Gurgel concorrentes, disputando o mesmo mercado no setor
automobilístico? Em um determinado setor, podem existir muitas organizações onde cada uma tem
atributos diferentes e competem com uma base diferente. Este é o conceito dos grupos estratégicos.
Porém, a competição ocorre em muitos mercados que não estão confinados nas fronteiras de atuação
do setor e, com absoluta certeza, existirão diferenças importantes nas expectativas e necessidades
dos diversos grupos de clientes. Este é o conceito de segmento de mercado. O que conecta estes dois
assuntos é o entendimento do que os clientes valorizam.
São organizações dentro de um setor com características estratégicas similares, isto é, seguem
estratégias parecidas ou competem em um mesmo formato. Essas características diferem daqueles
outros grupos estratégicos que participam do mesmo setor como, por exemplo, o Pão de Açúcar, o
Seven Eleven e a Quitanda do Português. Estes são três grupos estratégicos diferentes. Existem muitas
características que distinguem os grupos estratégicos, mas elas podem ser agrupadas em duas categorias
principais (PORTER, 1980):
Quais dessas características são especialmente relevantes para um determinado setor precisa ser
entendido em termos de história e desenvolvimento daquele setor assim como os fatores que influenciam
aquele ambiente. Este conceito é útil no planejamento estratégico em diferentes aspectos:
• Ajuda a entender quem são os concorrentes mais diretos de qualquer organização. Também ajuda
a focar na base do modelo de competição dos concorrentes de cada grupo estratégico e como eles
diferem de um grupo para o outro.
• As necessidades do cliente podem variar por diversas razões. Teoricamente, qualquer um desses
fatores poderia ser usado para identificar segmentos de mercado. Entretanto, em termos práticos, é
importante considerar quais as bases de segmentação são mais importantes em qualquer mercado
(geografia, idade, receita, frequência de compra, status etc.) e o mais indicado é considerar o uso
de diferentes bases de segmentação para ajudar no entendimento das dinâmicas de tal mercado
e como elas estão mudando.
• O market share relativo tem que ser considerado. As organizações que possuem maior experiência
atendendo a um segmento de mercado específico devem não ter somente baixos custos, mas
também relacionamentos sólidos que são difíceis de quebrar. O que os clientes valorizam varia
entre segmentos e, portanto, os “produtores” buscarão construir sua vantagem em segmentos
onde ele possui mais força.
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ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
Embora o conceito de segmento de mercado seja útil, os gestores pecam a serem realistas sobre o
modo como os mercados são segmentados e quais as consequências desta segmentação. Os consumidores
valorizam diversos atributos dos produtos e\ou serviços, porém, em diferentes escalas. Do ponto de
vista dos fornecedores potenciais, é importante identificar quais são as características de particular
importância de um devido segmento. Essas características são conhecidas como fatores críticos de
sucesso e as organizações devem atendê‑las em sua plenitude para poder deixar a concorrência para
trás. É essencial ver o valor requerido por meio dos olhos do cliente. Embora isto pareça uma declaração
óbvia, não é fácil alcançar por diversas razões, entre elas:
• As organizações podem não ser capazes de desvendar a complexidade que elas vivenciam em
seus mercados. Frequentemente elas possuem uma vasta quantidade de dados a respeito do
comportamento, preferências e padrões de compra do cliente, mas falta capacidade de tirar
conclusões adequadas para esses dados coletados.
• É frequente as organizçãoes gerarem alguma confusão sobre quem é seu cliente estratégico.
Mas o reverso também ocorre. Muitas manufatureiras podem estar distantes de seu cliente final
por muitos intermediários – outras manufatureiras e distribuidores. Embora esses sejam clientes
estratégicos, existe o risco da organização não saber o que confere valor ao produto para o
consumidor final. Eles não estão em contato com o que realmente move a demanda por seus
produtos ou serviços.
Os conceitos e modelos discutidos até aqui permitem que os fatores do ambiente externo, setor e
competidor e mercado sejam identificados e analisados. A questão crítica é como este entendimento
guiará as escolhas e decisões estratégicas. Até aqui, foi possível usar ferramentas para identificar
oportunidades e ameaças da organização. Porém, para que a organização possa realmente fazer as
escolhas estratégicas coerentes, os pontos fortes e fracos da organização precisam ser identificados. Este
é o próximo tema em questão: o ambiente interno organizacional.
Resumo
Nesta unidade analisamos o ambiente externo geral, abordando as
forças macroambientais que investigam as questões amplas do universo
social, econômico e político, além de sua influência no setor de atuação,
com o objetivo de identificar ameaças e oportunidades do seu mercado.
Exercícios
Questão 1. Para que uma organização consiga traçar sua estratégia de forma correta, vários instrumentos
são utilizados, dentre eles a análise do macroambiente, que investiga as questões amplas do universo social,
econômico e político, além da influência no setor de atuação analisado, com o objetivo de identificar ameaças
e oportunidades o seu mercado de atuação. Um dos instrumentos de análise mais utilizados é o modelo Pestel,
que categoriza as influências ambientais em seis fatores principais: Político, Econômico, Social, Tecnológico,
Ambiental (do inglês Environment) e Legal. Tal modelo permite analisar e identificar os fatores que influenciam
mais diretamente o ambiente geral competitivo, ou o macroambiente, de uma organização. Considerando o
assunto, correlacione a primeira coluna com a segunda e depois responda ao que se solicita.
A correlação da primeira coluna com a segunda oferece a sequência indicada pela alternativa:
A) 1, 2, 3, 4, 5, 6.
B) 2, 3, 4, 5, 6, 1.
C) 4, 5, 6, 1, 2, 3.
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ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
D) 3, 4, 5, 6, 1, 2.
E) 6, 5, 4, 3, 2, 1.
Justificativa geral: a correta correlação é a apresentada pelo quadro abaixo, o que corresponde ao
oferecido pela alternativa D.
Questão 2. (PUC − PR 2010) Michael Porter desenvolveu um modelo que ajuda os gestores a
avaliarem a concorrência em seu setor. Esse modelo é denominado “as cinco forças da concorrência
dos setores econômicos” ou “as cinco forças de Porter”, como ficou popularmente conhecido. Os gestores
de uma determinada organização chegaram à conclusão de que a indústria na qual esta organização
compete não é atrativa. Sabe-se que eles utilizaram o modelo das cinco forças de Porter para chegar
a essa conclusão. As assertivas a seguir apresentam algumas possíveis análises que os gestores
podem ter realizado e que teriam contribuído para a conclusão sobre o nível de atratividade da
indústria. Diante disso, assinale a alternativa que apresenta apenas as assertivas que contribuem para
a conclusão de uma alta intensidade da força competitiva e que, portanto, são responsáveis pela
baixa atratividade da indústria:
I – Os clientes são poucos e compram grandes volumes, porém não se preocupam com a qualidade
do que compram.
II – Os fornecedores não têm produtos diferenciados, assim como a troca de fornecedor não
representa custos elevados.
III – O setor está crescendo lentamente, porém há muitos concorrentes no setor e os custos fixos
destes são altos.
IV – As redes de distribuição dos concorrentes são fortes, e os concorrentes possuem patentes sobre
processos e produtos importantes.
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Unidade II
A) I e II, apenas.
B) I, apenas.
C) I, III e IV, apenas.
D) I, II, III e IV.
E) I, II e III, apenas.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: se os custos fixos dos concorrentes são elevados pode haver guerra de preços e
margens baixas, caso o setor exceda a demanda quando a capacidade de fornecimento torna-se
maior que o mercado.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: em muitos setores as organizações têm detido o controle sobre fornecedores ou canais
de distribuição. Às vezes isto decorre da propriedade vertical e, eventualmente, decorre apenas da
lealdade do fornecedor, mediante a longa relação ou o poder do comprador. O poder de uma patente
remete à barreira de entrada conhecida como legislação ou às ações de um governo: são restrições legais
de competição que variam desde proteção a patentes, passando pela regulamentação de mercado, até a
direta intervenção do governo. Isso faz com que o mercado se apresente pouco atrativo.
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