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DIREITO PENAL

Nova Lei de Abuso de Autoridade n. Lei 13.869/2019


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NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE LEI N. 13.869/2019

INTRODUÇÃO

Continuando a aula anterior...

Art. 7º São direitos do advogado:


II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de tra-
balho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao
exercício da advocacia; (Redação dada pela Lei n. 11.767, de 2008).
III – comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando
estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que
considerados incomunicáveis;
IV – ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exer-
cício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a
comunicação expressa à seccional da OAB;
V – não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado
Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pelo Estado, e, na sua falta,
em prisão domiciliar.

A sala de Estado Maior é a sala onde o advogado deve ficar preso se for prisão cautelar,
preventiva. É semelhante à prisão especial (Art. 295), destinada para aqueles que têm ensino
superior. Para o advogado, é uma espécie de sala com condições dignas, que não lembra
uma prisão comum.
O art. 7-B traz a violação desses direitos dos advogados. O advogado também tem direito
de acesso aos autos. Se esse direito de acesso aos autos for violado, não é crime do Art.7-B,
pois não está previsto nesse rol, portanto, é crime que está abarcado pela lei de abuso de
autoridade.

Art. 42. A Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a
vigorar acrescida do seguinte art. 227-A:
5m

Os crimes em espécie, previstos no ECA, vão do art. 228 ao art. 244-B, os artigos 227 e
226 trazem os regramentos gerais sobre todos os crimes. Tem-se um regramento geral no
227-A para todos os crimes previstos no Estatuto da criança e do Adolescente (ex.: pornogra-
fia infantil, corrupção de menores).
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Art. 227-A. Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei n. 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei (ECA), praticados
por servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência.

A lei de abuso altera o ECA e infere que haja a perda do cargo. Nos casos de crimes com
abuso previstos no ECA, é necessário que haja reincidência, ou seja, se um indivíduo comete
um crime do ECA com abuso de autoridade, prevalece o ECA, não a Lei de Abuso. Esse artigo
foi inserido no Eca pela Lei de Abuso. (art. 227-A)

Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso, independerá da pena
aplicada na reincidência.

Art. 41. Alteração da Lei 9296 - Lei de interceptação telefônica teve o Artigo 10 alterado, que passa
a vigorar com a seguinte redação:
10m

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou tele-
mática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com
objetivos não autorizados em lei.

- Houve a inclusão de escuta ambiental, a qual não era considerada crime, mas
com a nova lei de abuso de autoridade, passou a ser crime.

Gravação clandestina: é quando um indivíduo grava o outro em uma ligação. É prova


lícita, apesar de ser uma gravação clandestina.

Interceptação x Escuta x Gravação ambiental

- Escuta é quando um terceiro grava a comunicação entre dois indivíduos com o


conhecimento de um deles.
- Interceptação é quando um terceiro grava a comunicação sem o conhecimento de
nenhum dos indivíduos.
- Gravação ambiental: é a gravação do ambiente em que os indivíduos se encon-
tram, não eletrônica. É uma prova válida.
- Escuta ambiental: é quando um dos indivíduos carrega consigo um aparelho
gravador e um terceiro indivíduo escuta a conversa.
- Interceptação ambiental: é quando se coloca a escuta sem o conhecimento de
nenhum dos participantes. Promover uma escuta ambiental não era crime, mas
passou a ser com a nova lei de abuso de autoridade.

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anose multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista no caput deste artigo com objetivo
não autorizado em lei.

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Art. 40. O art. 2º da Lei n. 7.960 (Lei de prisão temporária), de 21 de dezembro de 1989, passa a
vigorar com a seguinte redação: (alterações não substanciais, pois colocaram em lei entendimentos
que já vigoravam).
Art. 2º § 4º-A O mandado de prisão temporária conterá necessariamente o período de duração da
prisão temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser
libertado.
15m

- Já funcionava assim. Normalmente o juiz colocava de antemão a informação


da data de soltura do preso, agora, porém, está descrito em lei, por conta da
lei de abuso.

§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia


deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em
liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação
da prisão preventiva.

- Prisão temporária tem prazo de 5 dias prorrogado por mais 5 e, se for crime
hediondo, 30 dias prorrogados por mais 30.

§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.

- Também já era realizado dessa forma. O dia da prisão já contava como dia de
cumprimento independente do horário da prisão, ou seja, se a prisão ocorrer às
20h da noite, após a meia noite já é contado como segundo dia. Vale observar
que para prender é necessário que haja mandado judicial, mas para soltar não
é necessário. Sendo assim, o delegado não precisa de mandado judicial. Esse
entendimento já prevalecia, não sendo necessário alvará para soltura, pois quem
produzia o alvará era a própria autoridade policial.
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DISPOSIÇÕES GERAIS DA LEI N. 13869/2019


Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha
sido atribuído.

Dessa forma, entende-se que não é necessário estar em horário de serviço para praticar o
abuso. Também não é necessário ser um servidor efetivo, basta exercer função pública.
Os crimes de abuso de autoridade devem ser necessariamente praticados por agentes
públicos, portanto, são considerados crimes próprios aqueles que exigem qualidade especial
do sujeito ativo, que aqui significa ser agente público.
20m

ATENÇÃO
Um particular pode cometer crime de abuso de autoridade quando em concurso de pessoas
com agente público, logo é possível o concurso de agentes nos crimes de abuso de autoridade.
Essa é uma jurisprudência sedimentada da lei antiga que se manteve na nova lei.

Lembre-se:
Crime próprio – exige qualidade do sujeito ativo.
Concurso de agentes – agente público juntamente com o particular.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Circunstância incomunicáveis

Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

- Fundamenta o concurso de agentes no crime de abuso. Por ser uma circunstância


elementar do delito de abuso, é possível a comunicação para o particular, con-
forme determina o art. 30 do Código Penal.
25m

Definição do sujeito ativo

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:
I – servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II – membros do Poder Legislativo;
III – membros do Poder Executivo;
IV – membros do Poder Judiciário;

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V – membros do Ministério Público;


VI – membros dos tribunais ou conselhos de contas.
30m
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão
ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Legislação - Wallace França.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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