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Prefácio.

Nunca imaginei como seria viver ao lado de pessoas tão diferentes de mim. Nunca conseguir
imaginar que podia existir pessoas tão opostas uma das outras, oposta não no sentido de ser
simpática e ignorante, mais no sentido de paixão e ternura, poder e crença.
Mais a vida nos reserva bastante surpresa, e só descobrimos elas quando já estamos com nossa
vida bem vivida, quando já passamos por tudo e achamos que não mais pode acontecer na
nossa vida. Mais a vida é bela, e eu só quero é viver-la em paz!

BOOK I

1. A Transa Misteriosa.

Eu estava passeando pelas ruas da cidade maravilhosa, conhecendo cada ponto turístico que
me foi recomendado. Copacabana era, e ainda é, uma cidade glamorosa, cheia de turistas vindo
de todos os lugares do mundo.
Eu havia chegado a cinco dias, e estava aqui para morar com minha tia, minhas aulas
começariam dentro de quatro dias, e minha tia havia me proposto a ideia de que eu deveria sair
e conhecer os pontos mais belos e visitados por todos. Copacabana era o bairro mais famoso de
todo o Rio de Janeiro, pelo calçadão e pela praia que vivia lotada de gente. Ipanema também
era, tinha uma das praia mais belas de todo o Rio, no posto 8, se não me falha a memória, era o
ponto onde homossexuais frequentavam, e o que eu achei mais incrível, era que o preconceito
não era demonstrado de forma explicita, não que o preconceito não existi-se, pelo contrario, o
preconceito existe em todo lugar, mais cada lugar, cada bairro, estado e país, tem uma forma
diferente de expressar certo preconceito pelas pessoas.
Já se passavam das dez e meia da manhã, e o sol estava bem alto, a ponto de te deixar
bronzeado em minutos. O suor escorria por minha face avermelhada pelo sol, eu usava um
óculos escuros, e uma bermuda azul com uma havaiana. Estava andando pelo calçadão de
Copacabana vendo as pessoas que iam e vinham correndo ou andando de bicicletas, eu andava
meio destra ido, olhando para todos os lados sem nem ao menos ver quem vinham em minha
direção, quando sentir que alguém havia me abraçado, eu apenas levei um susto, sem entender
nada, até quando eu ouvir a voz da pessoa que estava me abraçando.
“André! Quanto tempo cara. O que você faz aqui no Rio?”
“ Elisa? Como.. mais como? Eu não vejo você a tantos anos...” – Elisa era uma amiga de escola
que eu tinha, ela havia estudado comigo na quarta série do ensino fundamental. Ela era loira dos
olhos azuis, um pouco mais baixa do que eu.
“ pois é menino, eu moro aqui no Rio desde de... dois mil, não é? Mais me conta o que você faz
aqui no Rio?” – Elisa havia parado de me abraçar, e eu fui reparar um pouco mais nela, e nisso
me veio toda a história de minha vida na qual eu havia passado junto com ela. Me lembrei de
quando eu e ela matávamos aula para ir com alguns amigos à alguma festa.
Elisa sempre foi uma das melhores amigas que eu já tive, ela sabia de toda a minha vida,
mesmo ela sando uma mulher, eu preferia contar tudo da minha vida à ela do que a algum amigo
homem meu, pois eu confio mais nelas do que neles, não por se tratar de poucos amigos, mais
porque homens só querem saber de sexo, e mulheres de carinho e amor, algo que eu também
gostava, e as vezes achava que isso era estranho, pois eu não sabia se homem, homens de
verdade podia sentir isso. A única referencia de “homem” que eu tinha, era do meu pai, e
particularmente, não era a melhor referencia que se podia ter, pois ele era muito agressivo.
“Eu estou morando aqui agora, vim pra cá, tem uns quatro dias.”
“ Sério? Ai, eu tô tão feliz, então a gente vai poder sair como antes e vamos aprontar muito, eu
vou te mostrar cada canto do Rio, você vai ficar louco. Mais me conta uma coisa, como andam
as coisas lá em Fortaleza? Faz tanto tempo que não vou lá...” – Luiza estava muito alegre, ela
falava pelos cotovelos, ela segurou meu braços e me puxou pra eu andar junto com ela pelo
calçadão.
“ Continua do mesmo jeito, não mudou em nada. Mais porque você veio morar aqui no Rio
Elisa? Você saiu da nossa escola sem nem ao menos se despedir de mim.” – nessa hora foi
como se estivesse passando um filme na minha cabeça. Eu estava chegando na escola numa
segunda feira e Elisa não estava na escola, eu achei estranho pois ela sempre era a primeira a
chegar, no dia seguinte a mesma coisa, na quarta o nome dela havia sido cortado da chamada,
o que me fez ir perguntar a professora o porque o nome dela ter sido cortado, e a professora
havia me dito que Elisa tinha saído da escola, isso me deixou super triste e zangado ao mesmo
tempo. Me perguntei o porque dela ter saído da escola assim, sem nem se despedir.
“ E... André essa é uma longa história, mais como você vai morar aqui no Rio, eu acho que terei
tempo para lhe contar melhor toda a história depois, mais agora me diga está namorando?
Solteiro? E Cláudia ? Você ficou namorando ela por quanto tempo?”
“ nossa mais você não sabe fazer uma pergunta de cada vez não?? “ – eu rir depois de falar
isso, pois desde a época em que eu estudava com a Elisa, ela era desse jeito, sempre fazendo
várias perguntas e uma atrás da outra sem nem ao menos dar tempo da pessoa respirar.
“ você me conhece André...”
Eu e Elisa ficamos andando pela praia de Copacabana, Ipanema e Leblon durante horas, eu
estava muito feliz de ter re-encontrado ela, pois eu estava me sentido muito sozinho, sem
nenhum amigo. Elisa me mostrou cada lugar onde eu poderia me encontrar com ela, lugares
onde ela sempre estava, lugares onde se tinham ótimas vistas, lindas paisagens. Mais eu estava
sentindo um aperto no peito, tudo aquilo era incrível, era lindo, me deixa super feliz, mais não
tinha como eu esquecer do lugar onde eu havia nascido, onde eu havia morado durante a minha
vida quase toda. A saudade era incontrolável.

Depois de conhecer cada canto da cidade do Rio de Janeiro junto com Elisa, eu fui pra minha
casa. Eu morava com minha tia em botafogo, bem pertinho de Copacabana, era só atravessar
um túnel. Cheguei em casa e minha tia estava sentada na sala a minha espera.
“ André por onde você andou menino? Eu já estava preocupada com você!” – minha tia era
daquelas que faziam tempestade em copa d' água, e olha que foi ela mesma que pediu pra eu
sair pra conhecer a cidade.
“ Desculpa tia, é que eu encontrei uma amiga minha e...”
“ que amiga André?” – minha tia me perguntou de um modo desconfiado como se não tivesse
acreditando que eu realmente havia encontrado uma amiga minha.
“ Uma amiga minha lá de Fortaleza, a Elisa, aquela que estudo comigo e que depois saiu da
escola sem nem ao menos se despedir, lembra?” – minha tia sabia perfeitamente que era Elisa,
pois antes de Elisa ter saído da escola ela tinha ido lá em casa algumas vezes enquanto minha
tia estava lá, passando uns dias em Fortaleza, e quando Elisa saiu da escola, minha tia também
sentiu a falta dela, pois minha tia havia gostado muito dela.
“ Mais como assim? A Elisa está aqui no Rio também?” – minha tia estava com uma cara de
surpresa, só que ela estava mais surpresa do que eu, em saber que Elisa estava morando no
Rio durante todo esse tempo. Mais havia uma coisa que estava martelando minha cabeça, se
Elisa estava aqui no Rio durante todo esse tempo, porque ela não me disse nada? Por que ela
não me ligou pra dizer onde estava? Por que não se despediu de mim na escola? Era estranho,
será que a rincha que ela tinha com minha ex- namorada tinha alguma coisa haver com isso?
Pois o que eu me lembro era que Elisa e Cláudia não suportavam uma a outra.
“ Eu também fiquei surpreso tia. Mais eu estava andando pela praia de Copacabana que ela me
encontrou, e pode acreditar eu também estou sem entender nada até agora.”
Depois disso eu fui para meu quarto enquanto minha tia continuava na sala, pensando, em quê
é que eu não sei, mais com certeza deveria ser alguma coisa relacionada a Elisa, e eu não
queria pensar nisso, eu queria pensar em outras coisa, em coisas que não pode-se de jeito
algum me lembrar de Fortaleza, e lembrar de Elisa me fazia lembrar de Fortaleza também. Mais
como pensar em outras coisa, sem pensar do lugar onde você viveu por anos? Do lugar onde
você viveu grandes amores? Do lugar onde você viveu grandes alegrias ao lado de sua família?
Família. Essa palavra me trazia dor, angustia. Por que? Porque toda vez que eu pensava em
família, e creio que isso aconteça com todas as pessoas, você sempre irá ter uma noção básica
de família e quando você tem essa noção, você lembra dos elementos que formam uma família,
que seria uma mãe, um pai e um filho. E lembrar de mãe, me lembrava da minha, e lembrar da
minha, vinha a imagem de minha mãe deitada naquele caixão tão pálida, tão fria... A dor em meu
peito aumentou, e fez com que eu sentisse uma vontade grande de gritar.
Mãe, uma coisa tão boa de se falar, um carinho tão grande de se sentir, mais como sentir tudo
isso se sua mãe se foi para sempre? Quem eu iria chamar de mãe agora? Quem iria me dar
carinho? E quando chega-se meu aniversário? Quem seria a primeira pessoa a entrar no meu
quarto e dizer: “ como o meu filho está ficando crescidinho?”. Eu queria minha mãe ali do meu
lado, eu queria abraça-la, senti-la novamente, mais nada disso era possível. Eu nunca mais veria
minha mãe novamente. Nunca mais poderei dizer a ela as coisas que andam acontecendo
comigo.
Depois de tanto chorar, me sentir cansado, não queria mais ficar andando pela casa e muito
menos queria ver alguém ou falar com alguém, a única coisa que eu queria era cair na minha
cama e dormir, dormir e talvez não acordar mais, pois eu não sei se conseguiria viver em um
mundo no qual eu não tinha mais pra que lutar. Perder minha mãe foi a coisa mais difícil de
minha vida, e eu não tinha mais força pra lutar contra essa dor que estava me martelando a mais
de um mês, a mais de um mês que minha mãe havia partido. Finalmente peguei no sono...

No dia seguinte acordei bem cedo, eu queria fazer alguma coisa que me mante-se bastante
ocupado para não pensar e nada que pode-se me manter triste ou chorando pelos cantos
lembrando da morte de minha mãe ou da cidade onde eu morava. Resolvi me matricular em
algum curso, eu queria tentar só mais isso, se eu não consegui-se me manter afastado de
tristezas e depressões eu me trancaria no meu quarto e esperaria a morte vim me buscar.
Assim que sair do meu quarto e fui em direção a cozinha, eu sentir o aroma de um delicioso
café sendo preparado, e assim que entro na cozinha minha tia já está preparando a mesa para o
nosso café da manhã.
“ Bom dia André!” – minha tia me cumprimentou assim que ela me viu entrando na cozinha.
“ Bom dia Tia!” – eu puxei uma cadeira junto a mesa para me sentar enquanto minha tia pegava
a garrafa de café.
“ o que você vai fazer hoje? “ – minha tia perguntou quando eu pegava um pedaço de bolo de
maracujá.
“ eu tava pensando em ver algum curso pra eu fazer na parte da manhã, pra não ficar sem
fazer nada, o que a senhora acha?”
“ acho uma boa ideia. E eu estava pensando a mesma coisa. E você já pensou que curso
deseja fazer?”
“ ainda não sei direito, acho que um de informática ou de idiomas seria bom, o que a senhora
acha?” – perguntei assim que vi a cara de minha tia quando eu falei que queria fazer de
informática.
“ bom de idiomas eu até concordo, mais de informática eu não sei não, acho que você vai ficar
muito viciado nisso, e pode até querer abandonar os estudo por causa da informática” – minha
tia falava de informática como se fosse alguma coisa de extremo perigo e vicioso, como as
drogas.
“ Mais a informática não é só a internet como a senhora deve está pensando, curso de
informática também vai me ensinar como mexer em determinados sistemas ou configurações de
programas, além de manutenção de computadores qualquer coisa que esteja ligado a
computadores”. – minha tia não pareceu ter sida convencida, mais disse que o curso que eu
escolhe-se fazer estava de bom grado pra ela, desde que isso não vá me interferir em alguma
coisa de escola no futuro.
Depois do café, peguei minha carteira que se encontrava em cima da mesinha de centro da
sala, e sair, fui no shopping de botafogo pra ver se tinha alguma coisa nas lojas que me
agradasse, mais não encontrei nada que me fizer-se para na vitrine ou entrar na loja.
Depois de muito andar pelo Shopping, eu resolvi ir em Copacabana pra ver se encontrava por
lá algum curso que pode-se me chamar a atenção. Andei por toda toda a Copacabana até
encontrar um CCAA que ficava na esquina da santa clara com a nossa senhora de Copacabana.
Não havia mais vagas para o curso intensivo de inglês, mais havia para o de espanhol. Resolvi
fazer minha matricula. Quando ia saindo me esbarrei em um cara que aparentava ter a mesma
idade que eu ( 17/18 ).
“ Desculpa cara, eu não havia te visto, foi mal” – me desculpei enquanto pegava minha
identidade e CPF que havia caído no chão.
“ Não esquenta com isso cara, eu também estava distraído.” – ele era da minha altura, moreno,
olhos castanhos claro, cabelos espetados, um físico atlético. Não reparei muito nele, e nem
perguntei o nome dele, afinal de contas eu estava querendo sair dali e ir ver a Elisa, queria saber
o que mais eu poderia fazer aqui pra ocupar o meu tempo. Quando eu ia saindo o cara que se
esbarrou em mim veio correndo ao meu encontro:
“ Desculpa mesmo por ter esbarrado em você, é que eu não estava prestando muito atenção,
mais você vai fazer cursos aqui também?” – me deu uma vontade louca de ser mal-educado
nessa hora, de dizer pra ele que eu estava ali pra fazer compras, afinal de contas o que uma
pessoa faz num lugar que oferece cursos de idioma?
“ vou sim, vou fazer de Espanhol” – ao dizer isso percebo que ele abri um largo sorriso, não
entendi nada, mais esperei pra ver se ele ia falar mais alguma coisa.
“ legal, eu também vou fazer o curso de espanhol, espero que a gente caia na mesma turma
agora deixa eu ir que ainda tenho que fazer minha matricula na escola. Valeu cara, até mais”
Fiquei me perguntando o porque dele ter falado deixa eu ir, se quem tava me prendendo era
ele. Mais deixei isso pra lá, e resolvi ir pró local onde Elisa havia me dito que estaria se por
acaso eu fosse procurar-la pra conversar ou alguma coisa do tipo.
Encontrei Elisa em frente a um quiosque do posto 8 em Ipanema, ela está sentada sozinha
tomando um ICE.
“ Oi Elisa, essa hora tomando Ice?? Você é uma cachaceira da boa hein?” -- falei me sentando
ao lado dela.
“ Que nada André, eu só estou tirando a ressaca de ontem” – ela riu do que disse, e depois me
ofereceu um gole de sua ICE.
“ me diga, desde quando se tira ressaca tomando Ice?” disse entregando pra ela a Ice depois
de ter tomado um gole.
“ desde.. desde sempre!” – caímos na risada com o que ela havia dito. Elisa me fazia sentir
bem, me fazia relembrar a época em que nós dois estudávamos juntos, a época em que ela ia lá
em casa, e ao pensar nisso, me veio uma ideia.
“ Elisa vamos lá em casa?” – Elisa me olhou espantada.
“ André eu estou bebendo, mais não estou bêbada e nem afim de fazer sexo.” – fiquei
espantado com o que ela disse, como ela poderia achar que eu queria transar com ela? Ela era
gostosa sim, e muito mais eu não estava pensando nisso, não ainda.
“ não é pra transar, é que minha tia quer te ver novamente, e acho que te dar umas bolachas na
cara por você ter ido embora sem nem ao menos se despedir dela” – ela me olhou por alguns
minutos como se estivesse me analisando, até que ela consente com a cabeça e rir, eu fico sem
entender nada, mais acho melhor não perguntar o motivo da risada.
Ficamos ali por mais uns dez minutos, até a Elisa acabar com a terceira ou quarta garrafa de
ICE. Elisa não chegou a ficar bêbada, pois Ice é uma bebida que não deixa a pessoa
embriagada com tanta facilidade.

Chegamos na minha casa e minha tia não estava, Elisa pediu pra usar o banheiro, enquanto
ela estava no banheiro eu aproveitei pra fazer um lanche pra gente comer enquanto via um filme
que havíamos pegado numa locadora aqui perto de casa.
Quando eu estava terminando de fazer uns hamburguês a Elisa aparece na cozinha.
“ pensei que você havia morrido lá dentro do banheiro.”
“ muito engraçadinho, você sabe muito bem que quando a gente bebe de mais, uma hora tem
que sair tudo né?” – Elisa abriu a geladeira como se já fosse de casa e retirou um pouco de água
pra beber.
“ é... também, quem manda beber tanto?!”
“ e... nem vem com essa. E desde quando o senhor sabe cozinhar?” – eu não queria que ela
fizesse essa pergunta, pois a resposta faria com que eu lembra-se de minha mãe, pois eu tive
que aprender a cozinhar logo apos a morte dela.
“desde sempre” – mentir, mais acho que ela não ficou muito convincente com o tom da minha
voz, mais acho também que ela percebeu a mudança repentina de minha voz que estava
exuberante para um tom de tristeza e amargura.
“ Acho que uma hora dessas teremos que ter algumas conversas de esclarecimento, não é
mesmo? “ – ela me perguntou enquanto colocava a jarra de água de volta a geladeira.
“ acho que não temos nada para esclarecer além da sua vinda inesperada para cá sem nem se
despedir dos amigos, não é mesmo?” – retruquei sabendo onde ela queria chegar.
“ isso também, mais você sabe muito bem do que estou falando, e você não vai escapar assim
tão fácil não viu mocinho?” – ai, como eu detestava quando alguém me chama de mocinho ou de
senhor, até parece que eu tenho 15 ou 35 anos de idade, ninguém nunca ver que eu tenho 18
anos não???
“ eu não sei mesmo do que você está falando Elisa, agora vamos mudar de assunto?” – falei já
ficando impaciente com essa conversar.
“ não senhor, a gente pode até parar de falar sobre isso agora, mais você vai me dizer o que
aconteceu durante esse tempo em que eu estive fora, porque deve ter acontecido alguma coisa
muito séria pra você está triste toda vez que tocamos em assuntos sobre Fortaleza.”
“ você não parou pra pensar que pode ser saudade o que eu estou sentindo?” – perguntei me
virando pra olha-la.
“ não, não acho que pode ser meramente saudade, acho que tem mais alguma coisa nessa
história, pois saudade a gente supera depois de uns dias, mais você já está aqui a quanto
tempo? Quatro dias? E ainda sente saudade de fortaleza?” – ai, mais quando Elisa queria pegar
no pé de alguém ela pegava mesmo, isso já tava enchendo o saco. Eu sou um cara normal, que
tenho sentimentos que sou fraco pra algumas coisas, como esconder o que eu sinto. O que tem
de mais nisso? Será que não posso pelo menos uma vez na vida sentir uma tristeza? Eu tenho
que ficar todo tempo rindo?
“ Elisa, por favor vamos mudar de assunto?” – Ela ia abrir a boca pra falar mais alguma coisa,
mais o celular dela começou a tocar. Fui salvo pelo gongo. Elisa saiu da cozinha e foi pra sala
pra atender o seu telefonema.
Fiquei na cozinha terminando de preparar o nosso lanche, mais fiquei pensando em como tudo
eu poderia contar pra ela sobre a morte de minha mãe sem nem ao menos me causar tanta dor.
Como contar detalhes de um lugar ao qual eu sentia tanta saudades e contar sobre a morte de
alguém sem sofrer tanto? Por que existem tantas perguntas e nenhuma resposta pra elas? A
vida nos preservar muitos surpresas nas quais são reveladas em vendavais de alegria e tristeza,
de sofrimento e amargura, de amor e paixão.

Depois de termos lanchado e assistido ao filme, ficamos conversando sobre muitas coisas do
Rio, na verdade fiquei ouvindo tudo, pois não conhecia nada do Rio e Elisa não parava de falar.
Ela havia ficado um pouco mais solta, na verdade, bem mais solta depois que atendeu aquele
telefonema, ela não disse quem havia ligado pra ela, e eu também não perguntei pois eu não
tinha direito nenhum em saber, mais fiquei muito curioso pra saber que havia ligado pra ela e o
que essa pessoa havia dito pra ela pra ela ter ficando tão contente.
Minha tia chegou e viu eu e Elisa na sala conversando, minha tia não reconheceu Elisa, o que
já era de se esperar, minha tia já estava ficando de idade e não era tão fácil assim recolher
alguém que não se via a tanto tempo, mais pra mim, não por eu ser jovem, mais por guardar
muito bem a fisionomia das pessoas que convivem comigo, ela não havia mudado em nada,
continuava a mesma garota de anos atrás.
“ Oi André, oi amiga do André, tudo bem?” – minha tia falado dando pequenos beijinhos na face
de Elisa. Eu estava me segurando pra não rir, e vi que Elisa também estava segurando o riso.
“ Tia, a senhora não reconhece essa minha 'amiga'?” – perguntei entre os dentes, pois eu sabia
que se eu abrisse a boca pra falar alguma coisa acabaria caindo na risada.
“ Eu deveria reconhecer??” – minha tia perguntou encarando a face avermelhada de Elisa que
estava fazendo um esforço maior que eu para não cair na risada. Elisa parecia um pimentão de
tão vermelha que estava. Eu não via a hora em que ela acabaria caindo na gargalhada.
“ dona Sílvia senhora não me reconhecendo?” – Falou Elisa já não aguentando de tanto rir, eu
não aguentei mais e tive que rir, minha tia ficava olhando pra gente sem entender nada.
“ gente mais vocês estão rindo do quê? Meu pai-do-céu! Eu perdi alguma coisa?” – eu não
conseguia parar de rir e responder a pergunta de minha tia, eu já estava sentindo dores em todo
o meu estômago de tanto que eu estava rindo.
“ Dona Sílvia a senhora não está me reconhecendo? Sou eu Elisa!” – não sei como Elisa
conseguiu se identificar, ela não parava de rir enquanto falava.
“ Não acredito! É você mesma?! Minha nossa menina como você cresceu! Eu pensei que você
estava brincando quando disse que havia encontrado ela na praia, André” – minha tia falava tudo
enquanto abraçava Elisa, na verdade esmagava, pois Elisa fazia algumas caras de dores
enquanto minha tia estava abraçando.
“ Na verdade foi eu que encontrei ele, a senhora sabe como o André é um tapado pra reparar
as coisas...” – assim que ouvir esse comentário, rapidamente parei de rir e fiquei sério encarando
as duas, que ao me olharem começaram a rir, e eu cai na risada junto com elas.

Elisa e minha tia ficaram conversando durante muito tempo, tempo o suficiente que deu até pra
Elisa ficar para o almoço e jantar. Eu não participei da conversa, os assuntos dela eram muito
femininos, elas viam novelas e comentavam sobre cada ator que elas achavam que era um
pedaço de mal caminho, eu me sentia enjoado só de ouvir a conversa delas, por isso resolvi sair
da sala depois que elas começaram a falar sobre namoro, vi que a conversa poderia piorar mais
ainda, então me retirei indo para meu quarto. Fui ler o livro A CABANA que eu havia ganhado de
minha tia assim que cheguei ao Rio. O livro era muito bom, porém as vezes me deixava confuso,
tinha uma narrativa um pouco complicada de se entender as vezes, e sempre me fazia refletir
sobre o modo como eu pensava em Deus.
Não sei bem se conseguir ler mais do que quatro paginas do livro naquela noite, pois acabei
pegando no sono, e só acordei no dia seguinte pela manhã, quando sentir alguém por os pés em
cima do meu corpo na altura de minha cintura. Quando reparei quem era, fiquei assustado e me
levantei as pressas, nesse movimento brusco que fiz, a pessoa que estava deitada comigo
acordou, vi que ela estava nua, e que sorria pra mim. Eu não estava entendendo nada, como ela
havia parado ali? Quando ela entro em meu quarto e eu não percebi? Geralmente eu tenho o
sono leve e sempre acordava quando ouvia uma agulha cair no chão.
“bom dia gatinho” – Elisa falou enquanto se espreguiçava e me olhava sorridente.
“ Elisa o que você faz aqui no meu quarto e ainda por cima nua?” – por mais que eu estivesse
super assustado, eu podia negar que ver ela nua me deixava extremamente desconfortável pois
não era assim que eu imaginava um dia ver ela pelada. Maginava que rolaria um xaveco de
minha parte pra ela, mais eu não lembro de nada da noite passada, é como se alguma coisa
tivesse apagado minha memória.
“ o que foi? Vai me dizer que não lembra de nada do que aconteceu ontem?” – ela me
perguntou agora um pouco zangada como se estivesse se decepcionada.
“eu... eu não lembro de nada, o que aconteceu? Porque...? Porque...? “ – ela me olhava e fazia
umas caras estranha como se ela era que não estava intendendo nada.
“ André eu não acredito que você não lembra de nada do que aconteceu ontem. Você fez de
tudo para que eu dormi-se aqui com você, a sua tia deixou numa boa, e eu ia dormi no quarto
dela, só que você ofereceu seu quarto pra mim e disse que ia dormir no sofá, e no meio da noite
você entrou aqui e... você sabe o resto...” – não, isso não era verdade, eu não havia feito isso, a
única coisa que eu lembro era que eu tinha deixado ela e minha tia conversando na sala e vim
para meu quarto ler o livro A CABANA e depois.... eu não lembro de mais nada depois disso. O
que está acontecendo aqui meu Deus? O que eu fiz ontem a noite pra não ter lembrado de
nada?
“ você não está falando a verdade, diga que isso é apenas uma brincadeira Elisa!” – eu olhava
pra ela esperando que ela começa-se a rir e dizer que estava brincando, mais ela não fez, ao
invés disso ela se levantou, e começou a pegar as roupas dela que estavam no chão, e eu fiquei
hipnotizado, pois eu nunca a tinha visto e nua, e vê-la daquele jeito, mesmo que zangado e
declarando que eu havia transado com ela, estava me deixando maluco já, doido pra você com
quê a declaração dela se prontifica-se a ser executada nesse exato momento, De repente ela
para e me olha.
“ Você deveria ter vergonha disso!” – ela fala isso e eu fico confuso, não entendo nada do que
ela está falando.
“ do que você está falando?”
“ Você disse que não lembra de nada, mais já está excitado ai, você tem muita cara de pau
mesmo!” – quando ela disse que eu estava excitado, foi que eu me dei conta de que estava
totalmente pelado, assim como ela, tratei logo de pegar o lençol que estava em cima da cama e
me cobrir.
Elisa se vestiu muito rapido que nem vi, quando dei por mim ela já estava abrindo a porta de
meu quarto e saindo, pensei em segui-la pra saber direito o que realmente estava acontecendo
mais eu ainda estava muito excitado e não podia sair daquele jeito do meu quarto, vai que minha
tia já acordou e me pega saindo do quarto daquele jeito?
Não sei o que aconteceu, não sei como aquilo pôde acontecer, acho muito estranho e sei que
alguma coisa de muito errado aconteceu pra eu não poder lembrar de nada do que aconteceu
entre eu e Elisa. Se eu não gostei de transar com ela? Acho que qualquer homem iria gostar,
mais como posso gostar de transar com uma garota se não lembro de nada do que aconteceu?
Só sei que depois disso minha amizade com ela pode ter ido por água abaixo, tudo por um
simples deslise meu, um descuidado que eu nem mesmo sei como não me precavi.

Depois de alguns minutos sentado na beira de minha cama pensando em como tudo aquilo
pôde acontecer, eu resolvi me levantar e ir tomar um belo banho, talvez assim eu fica-se um
pouco mais relaxado. Me excitação já havia passado, mais não me saia da memória a imagem
de Elisa nua em cima de minha cama e andando pelo meu quarto. Também não saia de minha
cabeça o motivo pelo qual eu não conseguia me lembrar de nada.
Minha tia veio arrumar meu quarto enquanto eu ainda estava no banho. Eu ouvia que ela
cantava uma música da Vanessa da Mata, uma música que se chamava NOSSA CANÇÃO.
“foi você, a razão e o porque, de nascer essa canção assim...” – só sei de quem é a música e o
nome porque minha tia vivia ouvindo essa música e ela amava Vanessa da Mata.
2.

Fiquei o restante daquele dia sem sair de casa e nem sem falar com Elisa. Eu ligava pra ela,
mais ela não me atendia. Minha tia nada falou, ela agia como se não tivesse acontecido nada, o
que eu realmente queria acreditar, mais como Elisa disse, minha tia sabia do que havia
acontecido, pensei em perguntar pra minha tia sobre o que aconteceu na noite passada depois
que eu fui me deitar, mais com certeza ela iria falar muita coisa no meu ouvindo, sobre minha
falta de responsabilidade.
Eu não sabia o que fazer, não sabia se seguia minha vida normalmente e esquecer que eu
havia trasando com Elisa ou se eu iria procurar ela pra esclarecer o que havia acontecido, pra
tentar entender o que realmente aconteceu. Resolvi procurar ela, isso eu tenho certeza que não
iria me matar, que iria tirar um peso enorme de minha cabeça, com certeza iria me deixar mais
calmo, iria ajudar a entender tudo o que havia acontecido, mais pra isso eu precisava acha-la, eu
não tinha o numero do telefone dela, a única coisa que eu sabia era os locais onde ela
costumava frequentar e onde sempre estaria, não dependendo da hora, ela sempre estaria
nesses locais.
Fui a um pequeno quiosque onde havia encontrado ela no dia anterior. Ela não estava.
Perguntei para um dos atendente se ela havia ido ali, e eles não souberam me responder.
Resolvi ir a uma boate que ficava aberta na parte da tarde para aqueles clientes que não tinham
tempo pra se divertir a noite por causa do trabalho, eu sabia que lá havia uma pequena chance
de encontra-la, pois ela mesma havia me dito que não frequentava muito, mais que por ventura
poderia está lá algumas vezes. Infelizmente lá ela também não estava.
Não encontrei Elisa em lugar algum nos quais ela havia me indicado pra ir caso eu quiser-se
falar com ela, eu já estava ficando preocupado ela, não sabia se ela estava bem, se tinha
acontecido alguma coisa com ela. Resolvi tomar uma água em um quiosque na orla de
Copacabana, enquanto eu tomava a água eu olhava para o mar tentando descobrir algum local
que eu ainda não tivesse ido e que talvez ela poder-se está lá, quando sinto alguém colocar uma
mão em cima de meu ombro.
“ O que você faz aqui sozinho cara? Parece até que você se perdeu de alguém.” – eu
reconheci na hora aquele cara, quando olhei ele, era aquele cara que havia se esbarrado comigo
quando eu fui fazer minha matricula no curso de idiomas.
“ eu estou tomando uma água. E porque eu pareço perdido? Por acaso qualquer pessoa que
esteja sozinha num quiosque está perdido?” – eu fui meio grosso com ele, mais ele não pareceu
se intimidar com isso. Mais o jeito dele estava me deixando com uma certa curiosidade. Ele age
como se ele já me conhece-se a muito tempo.
“ ei calma, não precisa ser grosso” ele riu e depois se calou quando viu que eu ainda
continuava com a cara fechada.
Ele se sentou em uma cadeira de frente pra minha e ficou olhando o mar assim como eu.
Ficamos em silêncio durante minutos longos, ninguém falava nada, só olhávamos para o mar, e
aquilo me fazia esquecer de tudo, e ao mesmo tempo me trazia uma alegria e uma tristeza
constante. Alegria de esta morando com minha tia em um lugar lindo, maravilhoso onde todas as
pessoas são encantadoras. Triste pois sentia saudades de minha mãe, saudades dos meus
amigos, saudades de todas as pessoas que eu deixei lá em fortaleza. De repente sentir uma
lagrima rolar pelo meu rosto.
Quando dei por mim, alguém estava limpando o meu rosto. Quando me virei pra ver quem era,
era ele que estava limpando, levei um baita susto, nunca um homem teve essa “aproximação”
toda comigo, mais como eu tava muito triste, não briguei com ele, só retirei a mão dele do meu
rosto, ele entendeu e ficou calado sentado ao meu lado agora, me olhando como se estivesse
esperando que eu falasse alguma coisa.

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