Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
3
I
Cultura e mercado: olhares, lugares e possibilidades de uma
literatura infantil e juvenil
7
II
Cartografias da literatura de receção infantil e juvenil
19
III
Literatura infantil e juvenil, leitores e competência literária
33
IV
Em busca de um compromisso com a leitura e a literatura
57
Referências bibliográficas
77
Anexo
Recursos online para localizar a Leitura e a Literatura Infantil e
Juvenil
91
***
***
Nota de Abertura sobre a segunda edição
Fernando Azevedo
1
2
Introdução
4
“The more we believe that children are limited in various
ways, the more we deprive them of experiences that might
make them less limited. If we believe that children have
short attention spans, we won’t expose them to long
books; if we believe they cannot understand complicated
language, we will give them only books with limited
vocabularies; if we believe they are susceptible, we will
keep them away from interesting books that may contain
potentially dangerous ideas or attitudes; and if we believe
they like only certain kinds of books, we will not give
them access to other kinds. Deprived of the experience of
anything more than the little we believe them capable of,
children often do learn to be inflexible, intolerant of the
complex and the unconventional.”
Peter Nodelman (1992: 35-36)
5
6
CAPÍTULO 1
Cultura e mercado:
Olhares, lugares e possibilidades de uma literatura infantil e
juvenil
1
A este propósito, cf. Peter Hunt (1994: 6-7 e 20-26).
Regina Zilberman (2003) realça que o parco reconhecimento de que a
literatura infantil goza deriva, em larga medida, de um silenciamento imposto
pela ideologia dominante do mundo dos adultos à voz, aos objectos culturais e
às formas de expressão do mundo das crianças. Produzido e analisado à luz do
olhar dos adultos, o produto literário recebe, frequentemente, os atributos do
seu receptor: a menoridade e o estatuto de “ainda não literatura” (Lypp, 1977:
8), razão pela qual o seu estudo, em contexto académico, é, por vezes, olhado
com uma certa desconfiança (Lesnik-Oberstein, 2004: 1).
7
contextos, sujeita a um certo conjunto de condicionantes
pragmáticas negativas (Sánchez Corral, 1995), decorrentes de
uma não clara definição do seu objeto de estudo e de
investigação.
Historicamente submetida a preocupações de natureza
educativa, enfatizadoras do seu valor de uso2, em detrimento da
sua perceção como arte, a literatura de potencial receção leitora
infantil tem sido objeto, mais recentemente, de uma certa
contaminação por textos que, marcados pelos traços de uma
literatura de âmbito acentuadamente comercial e popular,
conduzem a um afastamento desta do chamado núcleo canónico
da literatura e uma sua aproximação às margens ou à periferia do
sistema semiótico literário (Lluch, 2003). De facto, têm surgido,
no mercado editorial, numerosos textos que, prevendo um
público leitor alargado, com comportamentos interpretativos de
natureza imediata e tendencialmente gastronómica 3, originam
2
Peter Hunt (1994: 81) sublinha que, por vezes, no contexto de comunidades
interpretativas que não parecem partilhar saberes nos domínios da teoria e da
crítica literárias, se regista uma tendência para definir valorativamente os
textos com base em argumentos que se prendem com aquilo que Roland
Barthes (1970) definiu como a sua legibilidade. Esta argumentação, que se
correlaciona intimamente com questões de controlo dos limites da
interpretação e com técnicas pelas quais esse poder é exercido e/ou partilhado
com o leitor, pode conduzir a tentativas de limitação das possibilidades
interpretativas do texto, pela activa redução da sua dimensão polifónica a uma
dimensão tendencialmente monológica. Aliás, esta argumentação é
vulgarmente sustentada no pressuposto, empiricamente não fundamentado, de
que a criança, quando sujeita a procedimentos formais de escolarização,
constitui uma tabula rasa e, nessa perspectiva, não possuirá os saberes e as
competências para lidar adequadamente com usos da linguagem que se
afastam de uma concepção predominantemente representativo-conceptual.
Refletindo acerca da dicotomia arte e educação, Maria Nikolajeva (2005: xii)
sublinha que a intenção pedagógica ou ideológica é frequentemente mais
explícita na literatura infantil do que na literatura, em geral, mas que esta
intenção é mais um assunto de grau e não tanto de natureza.
3
Graciela Montes (Machado e Montes, 2003: 32-33) realça que a estratégia da
fragmentação, criadora da ilusão de novidade, é levada a cabo com intuitos
8
objetos estilisticamente simplificados, caracterizáveis por uma
fortíssima anulação dos matizes simbólico, polissémico e pluri-
isotópico que singularizam a linguagem com a marca do estético.
Este facto, paralelamente a uma certa confusão entre os conceitos
de audiência e de qualidade, tem feito com que a literatura de
receção infantil seja, em determinados contextos, entendida como
sinónimo de cultura popular e objeto de valorização diferenciada 4
quando comparada com os textos atribuídos ao âmbito de uma
cultura dita erudita ou elevada.
A agravar este estado de coisas, o mercado editorial
destinado à infância, em particular para uma faixa etária em que a
criança ainda não é leitora autónoma, é frequentemente inundado
por toda uma panóplia de objetos que, podendo revelar-se úteis
em determinados contextos sob os pontos de vista didático e ou
lúdico, não pertencem, de facto, ao domínio da literatura,
entendida como sistema semiótico. Estes objetos para crianças, a
que Ana Maria Machado (Machado e Montes, 2003: 74) chama
de “libros para niños”, incluem, entre outros, livros para colorir,
livros para o banho, livros-jogo, dicionários e enciclopédias.
Assim, uma das questões com que se debate a crítica
literária contemporânea relativamente à chamada literatura
infantil é, como assinalámos noutro lugar (Azevedo, 2004), a da
5
Para uma análise das implicações de uma concepção da intencionalidade
autoral, cf. David Couzens Hoy (1978: 11-40).
6
Graciela Montes (Machado e Montes, 2003: 90-91) sublinha que a
associação à literatura do atributo infantil funciona frequentemente como uma
forma totalitária de controlo social. As normas e convenções dominantes no
mercado editorial conduzem, muitas vezes em nome de supostas boas
intenções, a uma interferência e condicionamento do processo criativo da
escrita. Neste sentido, Ana Maria Machado (Machado e Montes, 2003: 91)
refere que esta designação constitui, em larga medida, uma forma de poder,
imposta por aqueles que o detêm aos que não têm acesso a ele (as crianças).
10
Todavia, esta é a expressão consagrada e, apesar de a não
considerarmos idealmente feliz, não deixaremos de explicitar
que, na linha das palavras da escritora brasileira Cecília Meireles
(1984), a entenderemos doravante na aceção de literatura de
potencial receção infantil:
7
Luís Sánchez Corral (1995: 94) defende que a adequação da literatura aos
interesses psicológicos, cognitivos e vitais da criança jamais poderá implicar
sacrificar as circunstâncias pragmáticas e textuais do texto literário.
8
De facto, como sublinha Ana Maria Machado (Machado e Montes, 2003: 91)
“literatura infantil debería ser, sería, en rigor, aquella literatura que puede ser
leída también por los niños, y no exclusivamente por los niños. Entonces, seria
la literatura que incluye a los niños y no la que excluye a los adultos.”
9
Catherine Tauveron (2004: 256) explica que o leitor experiente frui quando o
texto derroga as suas expectativas, ao passo que o leitor ainda não
familiarizado com uma memória textual extensa e com as estratégias de
diálogo com o texto interage com ele sob formas frequentes de usurpação: “il
ne dispose pas de scénarios textuels étendus, il n’est pas disponible pour
l’aventure et cependant il pratique le vababondage sans bussole.”
11
literatura de receção infantil, a relação de diálogo leitor-texto é
frequentemente indireta ou assimétrica (Nikolajeva, 2005: xv), na
aceção em que decisiva e ativamente intervêm aí os mediadores
adultos (Cerrillo, 2004; Cerrillo, Larrañaga e Yubero, 2002;
Lluch, 2003; Yubero, Larrañaga e Cerrillo, 2004;). Regina
Zilberman (2003: 52) assinala a unilateralidade deste processo,
bem como a superioridade e a presença maciça do adulto: ele é,
com efeito, o responsável pela criação, edição, distribuição e
circulação dos textos, controlando, em larga medida, igualmente
o seu consumo.
A este respeito, Anne Lundin (2004) alerta-nos para o papel
decisivo e ideologicamente relevante exercido pelos mediadores
nos espaços simbólicos, por excelência, de promoção do livro e
da leitura: as bibliotecas. Se frequentemente os bibliotecários são
concebidos como intermediários neutros cujo envolvimento com
o processo e o produto criativo tende a ser percebido como
periférico, na realidade, pela escolha e promoção de
determinados livros e leituras, pela forma como, por vezes
implicitamente, eles guiam o olhar das crianças através da cultura
do material impresso e dos valores que esse material exibe, os
mediadores detêm um importante e decisivo papel na
determinação social e coletiva daquilo que são as práticas de
interação com os textos e daquilo que, de facto, configura uma
literatura válida:
10
Tratando-se de uma literatura que prevê, entre os seus receptores, sujeitos
em idade evolutiva, partilhamos com Ângelo Nobile (1992: 18-19) a opinião
de que a designação deste destinatário não parece constituir uma categoria
objectiva e perspectivável segundo um único ponto de vista, principalmente se
tivermos em conta os contributos pluridisciplinares de saberes como a
psicologia, a sociologia, o direito, etc. Para uma reflexão aprofundada acerca
da concepção adultocêntrica da criança e a concepção da mesma enquanto ser
produtor activo de cultura, cf. Edmir Perrotti (1990).
11
Gemma Lluch (2003: 33) sublinha que é ao receptor adulto que se dirigem
alguns dos paratextos mais importantes, como, por exemplo, os catálogos, os
discursos metatextuais publicados na imprensa ou a informação que aparece
nas capas dos livros, uma vez que, suscitando a criação de determinados
horizontes de expectativas, estes elementos funcionam como um lugar
privilegiado de uma estratégia de acção sobre o público.
13
ajudando-a a construir individual e socialmente os seus
significados.
Este objeto estético possui algumas peculiaridades: desde
logo, o facto de não conhecer fronteiras (Zilberman, 2003).
Sendo uma construção eminentemente social (Lajolo, 2005), ele
não parece ser determinado por um tema, género ou forma
específica.
Se a elevada carga afetiva (Cerrillo, 2003) constitui um dos
traços dominantes desta escrita, por vezes, é também comum
neles a presença do humor12, aspetos que, frequentemente, são
dados a ler através do maravilhoso 13. Além disso, este objeto
incorpora, no caso da escrita de receção potencial pelos mais
novos, frequentemente uma componente icónica, que dialoga e
interage signicamente com o texto verbal. Mais do que mera
ilustração, esta componente icónica, na medida em que supõe
uma leitura simultaneamente intelectual e emocional (Demougin,
2004), constitui um elemento susceptível de auxiliar
decisivamente o leitor a participar cooperativamente no texto e a
transformá-lo de acordo com as suas experiências 14.
12
Para uma análise do humor enquanto experiência cognitiva e emancipadora,
cf. Jean Perrot (2000).
13
De acordo com a teoria de Dieter Richter e Johannes Merkel (1974), o
maravilhoso pode ser lido como uma forma simbólica de
transformação/superação de uma realidade socialmente vivida como opressiva.
Rosie Jackson (2001) sublinha que o maravilhoso constitui uma transgressão
tolerada, na acepção em que, não provocando os seus elementos nenhuma
reacção particular nas personagens ou no leitor, essa construção ficcional
possibilita estabilizar a ordem social, ao reduzir ao mínimo a necessidade de
intervenção humana num mecanismo cósmico organizado segundo um
princípio de benevolência.
14
De facto, se para um leitor ainda pouco experiente a componente icónica
pode fornecer-lhe pistas que o auxiliem a organizar a informação e a estimular
o imaginário, no caso de um leitor já experiente, essa componente, num
processo de diálogo sígnico com o texto verbal, pode originar uma expansão
do leque de interpretações potenciais do texto. Aliás, são muitas as situações
em que a peculiar relação de interaccionismo sígnico manifestado entre essas
14
Esta maleabilidade de balizas, decorrente, em larga medida,
da natureza experiencial que a criança manifesta com a literatura,
poderia consubstanciar uma elevada criatividade, mas aquilo que
sucede é que a literatura infantil não chega a propor técnicas e
recursos próprios de expressão literária, limitando-se, a maior
parte das vezes, a apropriar-se, do ponto de vista técnico e
temático, dos resultados alcançados pela literatura sem
destinatário infanto-juvenil explícito15. É aliás essa assimetria na
relação criança / adulto que, frequentemente, e em complemento
às manifestações do polissistema cultural, origina processos de
manipulação e reconfiguração simbólica dos textos ao universo
dos leitores menos experientes ou ainda em processo de
desenvolvimento.
16
Esta dimensão ganha elevada visibilidade na transformação dos textos do
folclore nos chamados contos de fadas lidos às e pelas crianças, processo pelo
qual os novos textos são objecto de readaptação em função da sua audiência.
17
18
CAPÍTULO 2
Cartografias da literatura de receção infantil e juvenil
17
Se, por definição, os cânones são constituídos por textos, na realidade, eles
constroem-se sempre, como sublinhou Wendell V. Harris (1998: 56), a partir
do modo como esses textos são lidos. Neste sentido, eles são sempre
construções convencionais: a preservação de certos textos e a sua promoção a
objectos explícitos de rememoração faz-se segundo os paradigmas dominantes
na memória do sistema semiótico literário, isto é, em função do valor e da
ideologia de uma dada cultura e de acordo com a pervivência desses textos no
âmbito de uma memória colectiva, para a qual contribuem, em larga medida,
22
naquilo que, de forma exponencialmente elevada, sintetizaria a
sua excelência ou, na perspetiva dos seus críticos, a cultura
dominante, os cânones literários possibilitam constituir marcos de
referência comuns para um profícuo estabelecimento da
comunicação, seja a um nível intersubjetivo, seja a um nível de
uma polifonia intradiscursiva.
De facto, perante a acentuada defectividade de referentes
socioculturais e simbólicos imprescindíveis para o agir e o
interagir comunitários – referimo-nos ao conhecimento das
metanarrativas fundacionais de uma cultura e à fertilização de
quadros de referência intertextuais, fundamentais para a
funcionalidade semiótica da competência literária – , a definição
explícita e assumida de um cânone literário de receção infantil e
juvenil poderia ser lida como um ato simbólico capaz de
contrariar alguma marginalização de que esta literatura, por
vezes, tem padecido18.
Além disso, à luz da uniformidade sincrónica e temática
que, relacionada com o fenómeno mais lato da globalização 19,
tende a homogeneizar os produtos culturais que, nos últimos
anos, vêm sendo oferecidos pela cultura dos adultos às crianças
(Lluch, 2000), a determinação de um conjunto de textos, com
reconhecido e inequívoco valor literário e cultural, poderia
23
potenciar a manifestação de um efetivo espaço pluricultural,
contrariando essa ausência de referentes compartilhados.
Se é verdade que as crianças, pela sua ainda reduzida
experiência de interação com textos, parecem encontrar na
literatura infantil, independentemente do grau de inovação que
ela manifeste, os lugares para uma iniciação à ludicidade do
estranhamento e da surpresa, espera-se que esses textos as
auxiliem a desenvolver e a aprofundar a sua competência
literária, facto que só poderá ser adequadamente conseguido se
eles, não reiterando excessivamente experiências semióticas já
conhecidas dos seus leitores, contribuírem, de facto, para um
alargamento do conhecimento dos seus quadros de referência
intertextuais.
Neste sentido, é nossa opinião que um cânone literário de
receção infantil deveria incluir não só os textos aos quais as
comunidades interpretativas sincrónica e diacronicamente
existentes outorgaram valor20, e que coincidem, aliás, com
aqueles que constituem, no fundo, o património de uma memória
coletiva, mas também todos os outros que, concretizando
mecanismos geradores de linguagens sempre novas, mantêm a
sua capacidade de modelizar os realia. São aliás estes textos que,
partindo frequentemente do magma seminal representado pelos
temas, motivos e estilemas do património da memória coletiva e
recontextualizando-os ou transformando-os, por meio de
processos de reapropriação e manipulação/diálogo intertextual,
atuam, em larga medida, como catalisadores dos sistemas
20
O conhecimento da tradição é fundamental para que a possibilidade de gozar
e de fruir com a inovação – mesmo que esta, frequentemente, seja representada
apenas por uma recontextualização do já dito ou do já conhecido – possa ter
lugar sem rupturas na comunicação. Neste sentido, partilhamos com Jonathan
Culler (1998) a opinião de que as humanidades não devem prescindir dos
textos canónicos, uma vez que, quando objecto, por exemplo, de leituras
críticas, estes se podem revelar poderosos desmistificadores das ideologias
vigentes.
24
semióticos culturais, incentivando uma renovação criativa dos
mesmos.
Nesta perspetiva, um cânone literário de receção infantil
seria constituído pelos clássicos (Azevedo, 2013), na aceção que
lhe atribui Italo Calvino (1994), sendo que, pelas razões supra
enunciadas, em particular a sua relação de conexão direta com o
próprio funcionamento semiótico da cultura (Even-Zohar, 1999),
ele jamais poderia ser assimilado a uma entidade definitivamente
conclusa e encerrada à entrada nele de novos textos
ressemantizadores, em termos de forma de expressão e/ou em
termos de forma de conteúdo, dos códigos e convenções já
instituídas (McGillis, 2003).
Mas será que a instituição de um cânone literário de
receção infantil e juvenil é absolutamente imprescindível?
Roderick McGillis (2003) opina que, dada a natureza
predominantemente elitista e exclusionária dos cânones e,
principalmente, o seu carácter eminentemente local e temporário,
é preferível encontrar na Teoria o campo para a fundamentação e
as práticas hermenêuticas. Esta opção metodológica permitiria
abrir o campo dos estudos literários a novas formas de
textualidade que, relevantes no campo artístico e especificamente
no contexto da receção infantil, são, pelo seu carácter mais
híbrido e/ou de contacto com outras linguagens, por vezes
recusadas pelos estudos da crítica dominante na academia. Além
disso, evitando os prejuízos decorrentes de uma hierarquização
do valor literário, ela asseguraria igualmente a possibilidade de
explorar distintas realidades e avaliar o modo como interatuam os
paradigmas culturais das diferentes comunidades, bem como a
perceção que os múltiplos leitores têm deles.
25
2.2 Intertextos fundamentais na constituição de um cânone
literário de receção leitora infantil e juvenil
21
Basta pensarmos, a este respeito, no papel imprescindível desempenhado
pelos códigos cinésico, proxémico e paralinguístico, em complemento ao
policódigo literário.
22
Acerca da contradictio in terminis, que representa a utilização do vocábulo
literatura oral, cf. Vítor Manuel de Aguiar e Silva (1983: 137-144).
26
correlacionando-se a sua concretização frequentemente com
fatores de ordem mágica ou ritual, estas unidades semióticas
caracterizam-se por reiterarem, com reduzidas modulações, os
esquemas semânticos e formais prescritos pelo respectivo
policódigo.
Todavia, a cuidadosa proposta de veredas, muitas delas
plurissignificativas, na floresta densa dos símbolos, que tantos
textos da literatura tradicional oral exibem, associada a
surpreendentes analogias não motivadas entre as palavras
permitem concretizar uma arte que, em determinados momentos,
se aproxima de uma certa cosmogonia e que, por essa sua
dimensão mágica e, em larga medida, alquímica, capaz de propor
outros sentidos que não aqueles que configuram o imediato e o
utilitário, foi objeto de uma reapropriação por parte da literatura
infantil. De facto, à literatura tradicional oral, a escrita literária
para a infância foi buscar, entre outros aspetos, o acreditar na
possibilidade de superação dos limites, quaisquer que eles sejam,
por meio de processos que, afirmando conceptualmente o direito
à imaginação23, o concretizam ora pela faculdade da
simbolização, ora pela subtração da palavra a usos
exclusivamente utilitários e imediatos.
Nesta perspetiva, lendas, mitos, fábulas e contos,
concretizando uma visão inusitada dos eventos e frequentemente
transgressora dos limites impostos pela racionalidade ou pelo
conhecimento dos quadros de referência do mundo empírico e
histórico-factual, permitem presentificar o Outro e mostrar que,
graças à natureza simbólico-conotativa do mundo possível criado
pelo texto, o Outro mantém uma comunhão íntima e dialógica
23
Analisando a evolução diacrónica da difusão dos contos populares na
Europa dos séculos XIX e XX, Teresa Colomer (2000) sublinha que a difusão
do folclore constituiu a principal arma de defesa para a presença da fantasia na
escrita literária para a infância, tendo sido determinante para a libertação dos
textos de preocupações didáctico-moralizantes.
27
com o Eu. Esta abertura explícita de horizontes24, que na escrita
literária para a infância se concretiza frequentemente pela
presença ostensiva do maravilhoso (Todorov, 1990), representa
simultaneamente um estímulo a uma cooperação interpretativa
ativa por parte dos seus recetores.
De igual modo, também rimas, lengalengas, trava-línguas,
aliterações, isto é, elementos textuais que, procedendo a
associações inusitadas e inesperadas de vocábulos, transgridem
frequentemente o semantismo de usos utilitários da língua,
sublinhando o sentido de trans-racionalidade da linguagem e
originando, pelas suas numerosas sugestões fónico-icónicas, uma
visão da língua como entidade que encontra na sua dimensão
lúdica uma das suas funções essenciais, concretizam essa
presença do Outro, que, neste caso, se revela por um reclamar
explícito do direito à imaginação. São, de facto, numerosas as
situações nas quais o humor nasce da presença ostensiva do
absurdo e do nonsense.
Teresa Colomer (1999: 39-44) aponta os seguintes aspetos
que a literatura infantil recupera das manifestações literárias de
transmissão oral e que contribuem para a familiarização da
criança com os códigos e as convenções da linguagem literária:
1. a relação com estímulos sonoros e motores,
nomeadamente a voz, o ritmo, a melodia, a entoação e o
movimento;
2. o vínculo afetivo de jogo e de descoberta do prazer da
execução articulatória, da repetição, da recriação a partir da
memória;
3. o prazer que advém de interagir ludicamente com os
outros e os vínculos sociais da fruição do domínio da palavra e da
24
Reflectindo acerca do papel do imaginário, a que atribui traços de cognição
e de afectividade, José Barata Moura (2002: 23-24) considera que este pode
auxiliar à concretização de uma educação para a alteridade crítica.
28
fruição da transgressão de determinadas normas sociais e/ou de
configuração do mundo, em que destacam, por exemplo, os
relatos de anfiguris ou do mundo ao contrário.
Brincar com as palavras e com a acumulação de
significantes, descobrir o valor afetivo e expressivo das rimas e
dos ritmos, desconstruir as palavras em sílabas e trauteá-las,
procurar novas associações, surpreender-se com novos usos,
representa, no fundo, uma possibilidade de conhecer um outro
lado das coisas, um lado criativo que permite à criança sonhar e
jogar: libertada da rotinização das experiências semióticas,
geradoras da estereotipia e do lugar-comum, a palavra readquire a
sua força ilocutiva e a sua capacidade perlocutiva. De facto,
fecundada por aproximações inusitadas de semas e
interconectando-se com uma dimensão fónico-icónica, a palavra
retoma a sua essência multívoca, tornando-se capaz de permitir
ao seu utilizador reconhecê-la como corpo vivo, manuseável na
sua multimodalidade afetiva e expressiva.
Neste sentido, Georges Jean (s/d: 40) dirá que a poesia é
sensualidade, dado que supõe uma voluptuosidade intensa no dito
e no não dito do texto, e Fernando Gómez Martín (1993)
reclamá-la-á como um direito da criança:
No fundo, diremos que esta presença da alteridade, que a
literatura ostensivamente exibe a nível das formas de expressão e
das formas de conteúdo, questiona a possibilidade de
compreensão da pessoa humana como um ser exclusivamente
unidimensional, desafiando concomitantemente o sujeito que
interage com os seus textos a assumir um elevado grau de
cooperação interpretativa. Efetivamente, causando estranheza e
obrigando o recetor a olhar e a efetuar um esforço cognitivo para
reconduzir essa desfamiliarização a padrões de compreensão e de
aceitabilidade, a literatura exige uma postura ativa de
preenchimento dos seus múltiplos e polifuncionais espaços em
branco. É, pois, em larga medida, graças a esta “rutura
cognitiva”, que os textos literários estabelecem com os seus
29
recetores, que eles possibilitam a conquista de um pensamento
autónomo e divergente, na aceção que lhe atribui Luís Sánchez
Corral (1995).
Neste sentido, a literatura proporciona uma consciência e
uma destreza metalinguística e metatextual que nenhum outro
tipo de textos pode assegurar.
Se os elementos da literatura tradicional oral constituem,
assim, uma espécie de magma seminal para processos de
transformação e de recriação posteriores, eles configuram-se
também funcionalmente como elementos de elevada relevância
no processo da comunicação literária.
Sendo detentora de uma ainda não muito alargada
competência enciclopédica, a criança, em função da comunidade
sociocultural em que se integra e de que partilha as experiências,
possui algum saber acumulado da sua interação com textos da
literatura tradicional oral, fruto, ora da sua pertença a uma
comunidade onde o contador de histórias tem ainda o seu lugar,
ora do seu contacto com produtos televisivos que recuperam e
frequentemente ressemantizam alguns desses macrotextos. Neste
sentido, o seu reencontro com imagens, símbolos, convenções,
temas ou estilemas, já seus conhecidos, por via desses processos
de partilha comunitária de uma memória coletiva, auxilia a
criança a cooperar interpretativamente com o texto.
No fundo, podemos dizer que a satisfação pelo reencontro
do parcialmente já conhecido permite à criança exercitar, com
sucesso, uma leitura gastronómica do texto, dimensão
fundamental para que, à medida que for adquirindo maior
experiência, possa exercitar leituras de outros níveis e interagir
com textos progressivamente mais complexos e ludicamente
abaladores das suas expectativas pré-definidas.
Deste modo se compreende a importância e a necessidade
de um contacto precoce com textos literários de qualidade, isto é,
textos que, consubstanciando uma palavra intensificada pelas
marcas da poeticidade e da literariedade (García Berrio, 1994),
30
possibilitem um treino adequado da imaginação. De facto, o texto
literário de qualidade é aquele que, graças a uma organização
complexa e intensa da linguagem, mantém incessantes
potencialidades subversivas face aos códigos, assegurando aos
seus recetores a possibilidade de aí encontrarem, a cada nova
leitura, novos espaços para a aventura hermenêutica. Neste
sentido, ele caracteriza-se pela sua capacidade de opor resistência
a uma codificação definitiva e unívoca.
Se é verdade que as crianças, pela sua ainda reduzida
experiência de interação com textos, parecem encontrar na
literatura infantil, independentemente do grau de inovação que os
textos manifestem, os lugares para uma iniciação à ludicidade do
estranhamento e da surpresa, espera-se que esses textos auxiliem
as crianças a desenvolver e a aprofundar a sua competência
literária, facto que só poderá ser conseguido se eles, não
reiterando excessivamente experiências semióticas já conhecidas
dos seus leitores, contribuírem, de facto, para um alargamento do
conhecimento dos seus quadros de referência intertextuais.
Neste sentido, é nossa opinião que um cânone literário para
a infância deverá incluir não só os textos aos quais as
comunidades interpretativas sincrónica e diacronicamente
existentes outorgaram valor estético e que coincidem, aliás, com
aqueles que constituem, no fundo, o património de uma memória
coletiva, mas também todos os outros que, concretizando
mecanismos geradores de linguagens sempre novas, mantêm a
sua capacidade de modelizar os realia, independentemente dos
seus contextos de produção e de receção. São aliás estes textos
que, partindo frequentemente do magma seminal representado
pelos temas, motivos e estilemas do património da memória
coletiva e transformando-os, por meio de processos de
reapropriação e manipulação/diálogo intertextual, atuam, em
larga medida, como catalisadores dos sistemas semióticos
culturais, incentivando uma renovação criativa dos mesmos.
31
Se os fenómenos de homeorrese do sistema semiótico
literário são, em função da reduzida experiência de interação com
textos que a criança leitora manifesta, praticamente
desconhecidos do âmbito da literatura de receção infantil, tal não
significa que as construções semióticas favorecedoras do
desenvolvimento da sua competência literária não concretizem
(alguns) mecanismos geradores de linguagens inovadoras.
Neste sentido, um cânone literário para a infância, se
procura ser suficientemente estimulador para a emergência de um
leitor progressivamente autónomo e crítico, deverá permitir ao
jovem leitor conhecer, com deleite e voracidade, os intertextos
fundamentais do património de uma memória coletiva, de modo a
que a possibilidade de gozar e de fruir com a inovação – mesmo
que esta seja representada apenas por uma recontextualização do
já conhecido ou do já dito - possa ter lugar sem ruturas de
comunicação.
32
CAPÍTULO 3
Literatura infantil e juvenil, leitores e competência literária
25
John Setephens e Robyn McCallam (1998) analisam as estratégias
ideológicas subjacentes ao reconto de histórias da literatura infantil,
34
aceites nas comunidades socioculturais de que fazemos parte,
sobressaem a explicitação da presença do Outro, o
reconhecimento da sua natureza potencialmente polifónica, o
respeito por ele e a sua aceitação – porquanto elemento
frequentemente co-definidor do próprio sujeito da enunciação e
do seu mundo – , articulados com a explicitação da superioridade
dos valores do bem sobre o mal, do amor sobre o ódio e da
justiça sobre a injustiça 26.
Mostrando o Outro, permitindo ao leitor percebê-lo, a
literatura assegura aos seus leitores, igualmente, a possibilidade
de refletir acerca do modo como eles têm vindo social, cultural e
antropologicamente a construir essas visões. Neste sentido, ela
proporciona à criança cuja competência enciclopédica está ainda
em fase incipiente de formação um alargamento do seu horizonte
de expectativas e a oportunidade de crescimento e de expansão da
sua capacidade de diálogo com outras culturas e com sistemas de
valores alternativos ao seu: por ela, a criança é sensibilizada para
a existência positiva da diferença, compreendendo que o mundo
pode ser percebido de múltiplas formas, formas essas que, apesar
da sua diferença e diversidade, são igualmente legítimas e
importantes na própria definição do homem e no seu processo de
estabelecimento de relações intersubjetivas. De facto,
presentificando o Outro, dando-o a conhecer e, permitindo que o
sublinhando que aquelas que têm por base importantes metanarrativas, por
vezes as reescrevem à luz de novas configurações ideológicas.
26
Uma das estratégias retórico-discursivas utilizadas, nas narrativas literárias
para a infância, de modo a assegurar esta intensificação e clara dicotomização
entre valores positivos e valores negativos é conseguida através da
caracterização das personagens: as personagens negativas, para além dos seus
traços ideológicos disfóricos, recebem frequentemente designações e
qualidades culturalmente negativas, as quais, reforçando-se mutuamente,
contribuem, como demonstrou Susan Robin Suleiman (1983), para uma
explícita polarização dos dados em jogo, fazendo com que essas personagens
sejam olhadas pelos seus leitores como uma espécie de personagens-tipo.
35
leitor, familiarizando-se com ele, experiencie a natureza e a
amplitude das emoções humanas (van Peer, 1994), a literatura
alia à sua dimensão estética uma vertente projetiva de abertura à
possibilidade da mudança, manifestando um potencial educativo
que, de modo algum, é despiciendo 27.
A competência literária ensina também que num texto
literário, concebido como complexa organização semiótica,
jamais existe informação que possa ser considerada excedentária
ou suplementar (Lotman, 1975). Apresentando-se como
organização sígnica dotada de elevada complexidade formal e
significativa, onde todos os elementos, mesmo os aparentemente
mais contingentes ou insignificantes, se podem tornar portadores
de dimensões semânticas múltiplas e diversificadas, ao leitor é-
lhe reconhecido um importante papel enquanto co-construtor
ativo dos significados textuais.
Outra das relevantes funções que se reconhece à interação
do sujeito com textos literários é a do acesso à partilha de uma
memória cognitiva e cultural (Nobile, 1992), a qual, unificando
uma comunidade, a projeta no futuro. De facto, por meio da
interação com textos literários os sujeitos não apenas evocam a
27
É neste sentido que, procurando dar resposta aos desafios de uma sociedade
crescentemente globalizada, onde a diversidade, sob os pontos de vista
cultural, linguístico, socioeconómico, religioso ou outros, cada vez mais se
torna omnipresente, que os investigadores enfatizam o papel da literatura para
crianças e jovens no fomento e desenvolvimento de uma educação
multicultural (Tiedt & Tiedt 1986; Cavanaugh 1995; Morgado & Pires, 2010).
Todavia, como adequadamente nos alerta Vivian Yenika-Agbaw (2003), num
ensaio publicado na revista English Leadership Quarterly, a partilha com as
crianças de textos que abordem temáticas de natureza multicultural pode, em
função dos objectivos que se pretendam atingir, implicar juízos valorativos
acerca das práticas do grupo cultural em questão. E isto pode acontecer
porque, dada a crescente iliteracia cultural, os mediadores e/ou as próprias
crianças poderão não compreender experiências culturais com as quais não se
encontram familiarizados. Daqui decorrem, em larga medida, muitas das
preocupações que enformam a investigação que se realiza actualmente no
campo da tradução da literatura de recepção infanto-juvenil.
36
experiência cultural do passado, como igualmente a reproduzem
de uma forma que contextualizará e estruturará a experiência
presente dos leitores. Este é um aspeto particularmente relevante
dadas as múltiplas implicações que possui na capacidade de
manuseamento funcional da competência enciclopédica do
sujeito. É, com efeito, o domínio mais ou menos alargado do
conhecimento da memória do sistema semiótico literário,
concretizado na capacidade de interpretação das relações
polifónicas e intertextuais que os textos incessantemente
estabelecem entre si (Mendoza Fillola, 1999; Tauveron, 2002;
Mendoza Fillola e Cerrillo, 2003), que habilitará o leitor a poder
fruir muitas das linhas de leitura que a construção textual
potencialmente sugere, antecipando, com sucesso, informações
que não são dadas como explícitas 28. De facto, dado que as
construções culturais se encontram intimamente interconectadas,
funcionando alguns elementos, por vezes, como uma espécie de
hipertexto alimentador de referentes intertextuais, os quais, uma
vez contextualizados, se podem tornar portadores de novas
valências semânticas e pragmáticas, compreende-se que a
fertilização e expansão dos quadros de referência intertextuais
constitua uma importante ferramenta potencializadora da
capacidade de sucesso no domínio da leitura e, nessa óptica, seja
28
A este propósito, e tendo presente a afirmação de Charles Wilkie (1999:
135), segundo a qual a intertextualidade tem que ser, de algum modo,
enfatizada, Jesus Díaz Armás (2003) assinala o papel desempenhado pela
ilustração, referindo que ela pode constituir-se como meio de expandir a
possibilidade de evocações e reestruturações a nível dos referentes
intertextuais, em particular, quando a criança não conhece os hipotextos ou
apenas os conhece mediatamente, por exemplo, através de processos de
tradução intersemiótica. Neste sentido, quando a ilustração funciona como
uma espécie de texto icónico, ela pode revelar-se um elemento fortemente
relevante na expansão das possibilidades interpretativas do texto literário, ao
concretizar ou ao sugerir, por meio de outras linguagens e em relação de
interacção semiótica com a linguagem verbal, linhas de leitura susceptíveis de
fertilizarem a pluri-isotopia do texto verbal.
37
concebida como o objetivo central na formação literária
(Mendoza Fillola, 2003).
Carecendo de uma perspetiva histórica e temporal que lhe
permita pôr em questão o universo representado, é a literatura
que possibilitará ao leitor ainda pouco experiente criar e alargar o
seu horizonte de expectativas, adquirindo as ferramentas
conceptuais e gnosiológicas para aprender a interagir
criticamente com os mais diversos produtos da indústria cultural,
protegendo-se contra os abusos simbólicos do poder. Assim, uma
das funções da literatura infantil e juvenil é a de oferecer à
criança o acesso ao imaginário humano configurado pela
literatura, mas também a de lhe permitir conhecer os modelos
narrativos e poéticos próprios da literatura da sua cultura. Regina
Zilberman (2003) sublinha, a este respeito, os seus papéis na
prevenção do leitor enquanto dissidente da literatura e arte do seu
tempo e/ou mero consumidor passivo de uma cultura
despersonalizada.
É também neste sentido que Glena Davis Sloan (1991)
enfatiza a importância de um contacto ativo da criança com
textos literários: permitindo familiarizá-la com ferramentas
comunicativas produzidas para dar sentido à experiência pessoal
e coletiva e para explorar os limites e/ou as possibilidades
expressivas da linguagem, o sujeito adquire não só o sentido de
pertença a uma comunidade de leitores, compartilhando textos e
interpretações, como, igualmente, passa a dispor de um saber que
lhe permite, de modo consciente, decidir se quer exercer ou não o
seu direito à aventura individual sobre a linguagem. Jacqueline
Held (1987) sublinha a importância de fomentar a adesão afetiva
da criança a textos onde a magia da recriação lúdica da
linguagem se manifeste, suscitando oportunidades para que,
configurando-se como agente ativo, ela possa manusear não
apenas usos utilitários e comunicacionais da linguagem, mas
também aqueles que se afastam de uma conceção
predominantemente representativo-conceptual e que adquirem,
38
por meio de investimentos simbólicos variados, uma significação
afetiva e eminentemente imaginativa:
39
conhecimento dos mecanismos semióticos da sua gestação:
referimo-nos ao conhecimento de macroestruturas técnico-
discursivas e microestruturas retórico-estilísticas, em particular,
aquelas que mais diretamente se relacionam com os detalhes das
seleções afetivas e estilísticas dos vocábulos. É, aliás, esta
capacidade para perceber e activar informação não totalmente
explícita, explorando activamente múltiplos sentidos segundos,
que, em larga medida, distingue os comportamentos
interpretativos de natureza “crítica” dos de natureza “ingénua” ou
“gastronómica” (McGillis, 1996) e possibilita, como sublinhou
Nelly Novaes Coelho (2000), passar de uma leitura horizontal a
uma leitura vertical. Neste sentido, Fernanda Irene Fonseca
(2000), numa reflexão acerca dos objetivos explicitamente
visados pelo ensino da língua materna, enfatiza a importância da
competência literária no desenvolvimento global da competência
linguística e discursiva do sujeito e na sua consciencialização
acerca do funcionamento da língua.
Assim perspectivado, o contacto ativo com textos literários
possibilita àqueles que com eles interagem, seja enquanto leitores
dos textos, seja enquanto ouvintes de uma leitura realizada por
outros, aceder ao conhecimento e fruição da cultura, entendida
quer numa perspetiva de bens simbólicos, quer numa perspetiva
de ferramentas de conhecimento e de ação29. É também nesta
óptica que Peter Hunt (1994: 17) responde à questão: porquê
estudar literatura infantil?
29
Para uma análise detalhada dos conceitos de cultura como bem simbólico
(“culture-as-goods”) e como ferramenta (“culture-as-tools”), cf. Itamar Even-
Zohar (2010).
40
leading edge of the trends towards image-and-word, rather
than simply written word. In conventional literary terms,
their numbers acknowledged classic texts; in popular
culture terms, they are central. They are probably the most
interesting and experimental of texts, in that they use
mixed-media techniques which combine word, image,
shape, and sound.”
Educação Pré-Escolar
Ensino Básico
44
pessoal, obras para leitura integral e expressar afetivamente a sua
leitura dos textos.
A importância da escolha do corpus textual é
explicitamente assumida pelos programas (Reis, 2009) e justifica
a sua constituição enquadrada pelo Projeto Curricular de Turma
ou pelo Projeto Educativo de Escola, sendo os seus critérios
prioritários os seguintes: a representatividade e qualidade dos
textos, a integridade das obras, a diversidade textual, a progressão
e a intertextualidade.
Assume-se que no 6º ano se deverá atribuir maior atenção
ao texto literário. A sua leitura deverá “intensificar a curiosidade
e o desejo de pensar e de conhecer” (Reis, 2009: 102), permitindo
aos alunos solidificar hábitos de leitura e constituírem-se como
membros de uma comunidade de leitores.
A conceção de leitura que aqui se defende, intimamente
interconectada com um contacto dos alunos com um leque
variado de textos pertencentes ao património da literatura
universal para a infância ou ao património da literatura
(portuguesa, de expressão portuguesa, ou estrangeira) visa
auxiliar o aluno a adquirir um determinado sentido crítico e
responsabilidade para traçar o seu próprio percurso como leitor. 8
Mais uma vez remete-se a sugestão de textos e de autores
para as listagens elaboradas, com regularidade, pelo Plano
Nacional de Leitura, e disponíveis na respetiva webpage.
Defende-se que a educação literária dos alunos do 2º Ciclo
deverá privilegiar a diversidade na qualidade, reservando-se para
momentos mais adiantados do currículo o acesso a títulos
inscritos no elenco dos textos chamados canónicos. Os
programas, na linha das orientações gerais já explicitadas
anteriormente, sublinham a liberdade e a autonomia concedida ao
professor, quer no que respeita à seleção dos títulos quer no que
concerne às atividades a desenvolver com vista às orientações
específicas de leitura.
45
No que respeita à organização programática para o 3º Ciclo,
os programas consideram que os alunos já possuem um elenco
pessoal de leituras, relacionado quer com os seus interesses
pessoais quer com as atividades e leituras escolares realizadas
anteriormente, pelo que se esperará, neste ciclo, que os alunos se
posicionem enquanto leitores de obras literárias, situando-as em
função de grandes marcos temporais e geográfico-culturais,
reconhecendo aspetos relevantes da linguagem literária e
estabelecendo relações entre a experiência pessoal e textos de
diferentes épocas e culturas.
Quanto aos descritores de desempenho, os programas
apontam, entre outros aspetos, para a capacidade de ler por
iniciativa e gosto pessoal, aumentando progressivamente a
extensão e a complexidade dos livros e outros materiais
selecionados, exprimir opiniões e problematizar sentidos face a
um texto lido ou ouvido, analisar e explorar processos
linguísticos e retórico-discursivos utilizados pelo autor na
construção de um texto literário, reconhecer e valorizar relações
de diálogo intertextual estabelecidas entre um texto e os seus
contextos, assim como apreciar uma obra enquanto objeto
simbólico no plano do imaginário individual e coletivo.
A escolha dos corpora, segundo critérios de
representatividade e qualidade dos textos, integridade das obras,
diversidade textual e a progressão (Reis, 2009: 136-137), deverá
permitir a criação de oportunidades múltiplas para que os alunos
possam aceder a diferentes e significativas experiências de
contacto com os textos, tornando-se sujeitos autónomos na
capacidade de agir na e pela língua, bem como na construção e
partilha de uma cultura literária. Pela sua relevância na formação
do sujeito, os programas consideram indispensável que os textos a
selecionar para leitura integral sejam incluídos no Projeto Curricular
de Turma.
À leitura é atribuído o papel de ajudar o aluno a consolidar
o seu próprio percurso enquanto leitor e a sua autonomia face ao
46
conhecimento. Neste sentido, sugere-se que a instituição escolar
deve proporcionar ocasiões e ambientes favoráveis ao exercício
da leitura, permitindo ao aluno, dentro da sala de aula ou em
atividades orientadas a partir dela, contactar com uma variedade
de textos onde encontrará respostas às suas inquietações,
interesses e expectativas. No campo da educação literária, em
particular, os programas sublinham a importância da promoção
da “leitura de textos de qualidade que abarquem a variedade que
a literatura apresenta, bem como a diversidade cultural e de
experiências que ela elabora” (Reis, 2009: 139).
No fundo, a perspetiva que os programas assumem é a de
familiarizarem o aluno com produções textuais de qualidade
literária, ensinando-o a ler, de forma arguta e crítica, os textos.
52
forma indireta, para uma certa desresponsabilização do Estado
pela qualidade do ensino.
É neste sentido que Magda Soares (2003), num estudo em
que aborda o tratamento didático de que são alvo os textos da
literatura infantil e juvenil em manuais escolares brasileiros, se
refere a uma escolarização inadequada da literatura. Também
Marisa Lajolo (2005) tece duras criticas relativamente ao modo
como a literatura infanto-juvenil e, em particular, a poesia, são
objeto de tratamento pela Escola e pelos seus principais
dispositivos pedagógicos.
Não possibilitando dar uma resposta apropriada a questões
fulcrais como o porquê e o para quê estudar um texto literário em
contexto pedagógico, os manuais escolares de língua portuguesa
para o 1º ciclo do Ensino Básico não parecem contribuir, de
facto, para a formação de verdadeiros leitores, isto é de leitores
com capacidade para apreciar e fruir o espaço de liberdade e de
subversão instaurado no e pelo texto literário.
Numa intervenção ocorrida no âmbito do colóquio Sujeitos
Leitores e Ensino da Literatura, Catherine Tauveron (2004)
assinala os equilíbrios difíceis entre a leitura imposta e a chamada
levitação subjetiva, concluindo que a frequente ausência de uma
forte e consistente formação em estudos literários por parte dos
professores os leva ora a confundir os direitos do texto e os
direitos do professor e, por via das formas de interrogar o texto,
que comummente orientam as interações pedagógicas, a impor a
sua interpretação, ora a permitir a concretização de leituras
subjetivas e fortemente abusivas do texto literário, não
proporcionando ao aluno as condições para o estabelecimento de
um diálogo efetivo e produtivo entre o leitor e o texto.
53
based on the literary elements of the author’s writing
style.” (May, 1995: ix).
30
Num ensaio acerca da leitura literária na escola, Marisa Lajolo (2005) alerta-
nos contra o idealismo ingénuo e o imediatismo de determinadas técnicas e
soluções milagrosas, as quais, lidando frequentemente, de forma superficial,
com aspectos essenciais da questão, passam ao largo das zonas profundas do
conflito. Fanny Abramovich (2004), reflectindo acerca do tratamento
metodológico da literatura infantil em manuais escolares brasileiros, sugere
que o aluno, ao invés de preencher fichas de leitura, que usualmente procuram
registar detalhes sem importância, trabalhe com tudo o que uma história
possibilita: as emoções que provoca, as sensações que mobiliza, a tristeza ou a
alegria que desencadeia, os horizontes que abre, as portas que fecha, a forma
inovadora ou não como o tema é tratado, as relações intertextuais que
possibilita, partilhando, no fundo, as opiniões pelas quais um livro pode ser
amado ou detestado.
31
Ainda que a leitura possa, de acordo com Magda Soares (2004), ser avaliada
em função de interesses diversos (interesses utilitários, para as classes
desfavorecidas, alternativas de expressão e de comunicação, para as classes
favorecidas), o papel das bibliotecas, entendidas como efectivos espaços de
leitura e não apenas como locais para uma mera consulta, afigura-se hoje
fundamental para o surgimento de comunidades de leitores qualificados fora
de um espaço estritamente académico. Nesta perspectiva, Edmir Perrotti
(1990a) enfatiza a importância das bibliotecas e dos centros de cultura na
54
Ora, esta redefinição dos lugares e dos papéis terá que
fazer-se, em larga medida, graças à ação do docente. De facto,
configurando-se os manuais escolares frequentemente como uma
espécie de script de autoria alheia, para cuja composição os
professores não foram chamados ou consultados (Lajolo, 2005), e
comportando eles graves lacunas naquilo que respeita ao fomento
de uma adequada promoção da leitura e da educação literária, é o
docente que, desempenhando o papel de mediador, por
excelência, da relação aluno-texto, deverá explicitar perante os
alunos as estratégias adequadas à sua correta operacionalização e
consecução. Tal implica, a necessidade de ele possuir um
conhecimento profundo acerca da língua e do funcionamento dos
seus diversos dispositivos estilísticos e retóricos, dominando
também as formas de a transformar pedagogicamente em objeto
explícito de ensino e de aprendizagem. Todavia, é também
imperioso que o professor seja ele próprio um bom leitor, que não
apenas gosta de ler, como lê regularmente, exercitando essa
atividade cultural com intensidade e qualidade32. De facto,
implicando a leitura, em larga medida, a manifestação de
comportamentos atitudinais, pelos quais se busca, perante a
insatisfação com o mundo, outras realidades, a sua promoção
efetiva supõe, da parte dos mediadores, uma adesão ao texto e à
33
Enquanto actividade eminentemente cultural susceptível de se desenvolver
genuinamente, a leitura supõe a existência de modelos, protagonizados pelos
mediadores. Neste sentido, Ana Maria Machado (Machado e Montes, 2003:
12) propõe que a resposta relativa às técnicas para fomentar a adesão ao livro e
à leitura seja substituída por uma outra: que podem as crianças fazer para que
os adultos leiam mais?
56
CAPÍTULO 4
Em busca de um compromisso com a leitura e a literatura
34
Num relatório relativo à implementação de um currículo baseado na
literatura, Richard Allington et al (1995: 18) realçam a elevada importância do
apoio dos pares (outros professores) e dos conselhos directivos das escolas na
planificação colectiva e avaliação desta metodologia de trabalho.
35
Esta actividade corresponde a uma partilha colectiva da informação acerca
da obra, usualmente presente nos catálogos das editoras ou nas contracapas
dos livros, e destinada a suscitar a curiosidade e a voracidade do leitor para o
texto em causa. Funciona, pois, como um mecanismo criador de horizontes de
expectativas (Cross, 1999: 14-17).
59
para além da possibilidade de contactar com literatura autêntica,
também um alargamento dos conhecimentos, em termos de
quadros de referência, e um aumento da fluência de leitura e de
vocabulário, elementos com um impacto assumidamente positivo
na proficiência da leitura (Wojciechowski & Zweig, 2003):
36
Reflectindo acerca dos processos de auto-escolha, por parte de crianças
ainda pouco experientes nos processos de interacção com textos, Mary Jo
Fresch (1995: 127) enfatiza a necessidade de o professor dever evitar solicitar
às crianças listagens dos títulos já lidos, sob pena de tal pedido poder vir a
interferir na motivação para a leitura, ao pôr em causa, por exemplo, o direito
do leitor a abandonar um texto sem o ter terminado de ler.
O acesso, sem constrangimentos, aos livros impede igualmente que os mesmos
possam ser rotulados segundo níveis de dificuldade, já que tal procedimento
poderá limitar o processo de auto-escolha por parte das crianças, e que a sua
leitura, ao contrário do que costuma suceder em contexto pedagógico,
comporte processos de validação exterior e/ou de avaliação escolar. Ler por
prazer é uma actividade intrinsecamente pessoal que não só não necessita de
justificação como não deve constituir objecto de avaliação.
60
literatura, pode fazer-se igualmente através de outras estratégias,
tais como:
Pela leitura de obras integrais, propostas pelo
professor e/ou pelos alunos, aspeto que,
posteriormente, poderá originar a constituição de
círculos de discussão e de partilha coletiva das
emoções e afetividades que os textos sugerem aos
seus leitores. Neste domínio, parece-nos
extremamente relevante a partilha e discussão de
obras de literatura infantil premiadas, pois, para
além de assegurar ao aluno um alargamento do seu
conhecimento acerca de textos e autores,
fertilizando e expandido o seu conhecimento dos
quadros de referência intertextuais, este saber
permitir-lhes-á igualmente estimular a curiosidade
pela descoberta e partilha de outros produtos
culturais.
Pela leitura e valorização partilhada de textos
criativos construídos pelos próprios alunos.
Pelo recenseamento de histórias do património da
comunidade local onde a escola está inserida,
processo que pode ser aproveitado para estimular o
desenvolvimento de relações afetivas com os
diversos membros da comunidade, construindo
autênticos fóruns de partilha de saberes e tradições.
Pela leitura partilhada com os adultos, em ambiente
familiar, de textos recomendados pelo professor
e/ou escolhidos pelos alunos a partir de baús
literários presentes na sala de aula ou na biblioteca.
Pelo incentivo à criação e manutenção de diários de
leitura, que, grosso modo, funcionam como registos
de uma memória vivencial e afetiva relativamente
61
aos textos cuja leitura mais seduz e agrada os
membros de uma comunidade interpretativa.
Numa palavra, por meio de uma vivência em que todos os
atores (alunos, pais, professores e agentes culturais)
experimentem uma interação ativa com a leitura e a literatura e,
nesse sentido, percebam a sua relevância enquanto elementos
aglutinadores e potenciadores da prática educativa.
Ora, para a construção de uma tal comunidade de leitores
concorre também a exercitação, a nível curricular, de saberes e de
competências de natureza motivacional e metacognitivas. Neste
domínio, julgamos importante que o acesso à interação com
textos literários seja, sempre que possível, adequadamente
mediado por atividades de pré-leitura, as quais permitirão
auxiliar a criança a ativar o seu conhecimento prévio acerca do
assunto, despertando a sua curiosidade antes da aventura,
propriamente dita, começar. No domínio destas atividades são de
realçar as estratégias de exploração dos elementos paratextuais,
com particular destaque para o texto gráfico/icónico da capa, o
título da obra, a autoria, etc, elementos estimuladores da
configuração de um determinado horizonte de expectativas, e
que, uma vez associados a questões de ativação estratégica da
informação37, podem auxiliar o aluno a mais fácil ou
adequadamente interpretar o texto.
Também os guias de antecipação podem cumprir
adequadamente esta função. Esta atividade é constituída por um
conjunto de asserções relativas ao texto que vai ser lido e em
relação às quais o leitor é solicitado a manifestar a sua opinião
para, a partir daí, estimulando-se o diálogo e a partilha acerca da
37
Valerie Ellery (2005: 146) sugere que o aluno seja solicitado, por exemplo, a
ler o título da obra ou o parágrafo inicial e a indicar outra obra similar a esta
ou que estabeleça relações com outros textos que abordem a mesma temática.
62
temática da obra objeto de análise, confirmar e/ou expandir o seu
ponto de vista com a leitura posterior desse texto. Pensados para
proporcionar um fórum de discussão prévio à leitura da obra,
intrinsecamente mobilizador da competência enciclopédica dos
alunos, estes guias asseguram, além disso, ao professor, um
precioso conhecimento relativamente às crenças e saberes dos
seus alunos, ajudando-o a tomar decisões em termos da sua
prática educativa (Yopp & Yopp, 2001: 20).
De igual modo, também os questionários prévios à leitura
da obra, construídos para auscultar a opinião dos alunos
relativamente à temática objeto de análise podem revelar-se
interessantes atividades de pré-leitura. Tal como a atividade
anterior, estes questionários podem ser preenchidos após a leitura
e a eventual alteração das respostas constituir motivo para
momentos posteriores de partilha e de reflexão. O diálogo pela
leitura e com a leitura pode, nesta medida, tornar-se um elemento
aglutinador das práticas pedagógicas, gerando momentos
produtivos de escrita e de aprendizagens significativas.
A cesta literária38 constitui uma outra interessante e
estimulante atividade capaz de despertar a curiosidade dos
leitores, motivando-os para a obra que vai ser lida e auxiliando-
os, concomitantemente, a efetuar inferências suscetíveis de
preencher os espaços em branco do texto. Convidados a interagir
38
Uma variante desta actividade é o “Book Bits” (Yopp & Yopp, 2001). Neste
caso, os alunos interagem não com objectos e adereços significativos no
contexto da obra que vão ler, mas com enunciados, cuidadosamente escolhidos
por forma a estimular o diálogo e a formulação de hipóteses interpretativas,
tendo sempre por base o princípio de que, no caso do texto literário, a relação
leitor-texto é necessariamente regulada pela obediência ao protocolo da pluri-
isotopia ou da plurissignificação. Esta actividade, se for desenvolvida
progressivamente, permite igualmente ao aluno ir tomando consciência da
noção de círculo hermenêutico, na acepção em que as hipóteses interpretativas
formuladas na parte deverão ser confirmadas pelo todo.
63
com objetos e adereços significativamente relevantes no contexto
da obra que vai ser lida, os alunos, para além da familiarização
com o sentido de pertença a uma comunidade de leitores (Cairney
e Langbien, 1989), desenvolvem igualmente a sua competência
narrativa, uma vez que lidarão com esses objetos percebendo-os
como intrinsecamente geradores de programas narrativos
potenciais.
Os mapas semânticos e os mapas de contrastes podem ser
utilizados como atividades suscetíveis de enriquecimento
vocabular e de ativação/organização dos saberes já possuídos
pelos alunos relativamente a um tema dado. Se no caso dos
mapas de contrastes se procura que os alunos explicitem aspetos
eufóricos e aspetos disfóricos relativos a uma temática a
trabalhar, facilitando, deste modo, a organização das ideias e
estimulando o contributo das experiências pessoais para a
construção do conhecimento, os mapas semânticos funcionam de
acordo com a técnica do “brainstorming”: determinada(s)
palavra(s) pode(m) ser encarada(s) como elemento(s) gerador(es)
de atributos, os quais, uma vez devidamente organizados,
auxiliam os alunos a organizar a informação e a estar atentos aos
indícios disseminados ao longo do texto que vão ler. Nesta
perspetiva, eles podem revelar-se uma preciosa ajuda na
integração de nova informação e na reestruturação de informação
já existente.
Podemos, assim dizer, que o lúdico abre as portas à
interpretação cooperativa e imaginativa e à leitura voluntária. De
facto, graças a estas atividades, o processo que antecede a leitura
e a própria leitura parecem tornar-se numa verdadeiro jogo de
negociação de sentidos entre o leitor e o texto, por meio do qual
aquele contribui para a leitura deste com as suas crenças,
ideologias, sentimentos e conhecimentos acerca do mundo.
Se ler é essencialmente comunicar, torna-se fundamental
aprender a conversar com livros (Magalhães, 2006). Neste
domínio, e principalmente quando a criança ainda não é um leitor
64
já experiente nas aventuras dos bosques da ficção, as atividades
durante a leitura podem revelar-se importantes ferramentas
conceptuais e gnosiológicas, capazes de guiar os seus olhares
para a deteção de detalhes importantes na emergência da pluri-
isotopia, convidando-os a interagir com o texto e a cruzar
informação deste com saberes acerca do mundo empírico e
histórico-factual. Algumas das atividades que se podem realizar
neste âmbito são, por exemplo, os círculos literários, os mapas
literários e de personagens, as teias de personagens ou ainda os
quadros de sentimentos e de contrastes, os quais, construídos
coletivamente com os alunos, os auxiliam a estabelecer
cartografias orientadoras da sua interação com o texto.
Os clubes de leitura (Azevedo e Martins, 2011) são
constituídos por pequenos grupos de cinco ou seis pessoas, que,
partilhando tarefas e responsabilidades, se reúnem para discutir
uma obra por todos lida. Ruth Yopp & Hallie Yopp (2001)
sublinham a mais-valia desta atividade na promoção de respostas
pessoais face à literatura e na partilha com os outros de um
diálogo com o texto.
Os mapas literários, de preenchimento individual durante a
leitura e de posterior partilha com a turma, auxiliam o leitor a
detetar e a refletir criticamente acerca de pormenores da
organização do texto. Eles podem incluir itens como os nomes
das personagens, os símbolos, as questões que a obra suscita no
leitor, os temas abordados, etc. A construção destes mapas
permite ao leitor não apenas envolver-se ativamente na
negociação de sentidos, identificando elementos importantes e/ou
interessantes, como também suscitar o diálogo acerca da obra,
seja este escrito ou oral.
No caso das chamadas teias de personagens, esses mapas
destinam-se a auxiliar os alunos a caracterizar as personagens e
as relações estabelecidas entre elas, devendo explicitar as
situações e/ou os eventos nas quais as personagens intervêm.
65
Uma outra interessante atividade capaz de promover
respostas pessoais face à leitura, integrando além disso também a
dimensão escrita é a dos diários. Como assinalam Yopp e Yopp
(2001), esta atividade permite que a criança, negociando os
sentidos, se aproprie do texto e expresse a sua adesão afetiva face
ao mesmo: dividido em duas colunas, uma delas citando o
momento textual considerado significativo ou relevante e a outra
a reação pessoal do leitor face ao extrato, o diário motiva a
interação leitor-texto, auxiliando a criança a construir os seus
significados.
Os registos de leitura, que funcionam como uma espécie de
breve recensão crítica do texto, associada a uma avaliação afetiva
e justificada do mesmo, podem, pela possibilidade de partilha
mais estruturada das respostas do leitor face ao texto, revelar-se
atividades efetivas na promoção de um pensamento crítico e
reflexivo. Estes registos de leitura, bem como os diários,
integrados num processo autêntico de partilha de
correspondência, podem permitir desenvolver e consolidar a
escrita e todo um conhecimento decorrente da posse e domínio de
uma competência retórica e pragmática.
No fundo, aquilo que estas atividades enfatizam é a
necessidade de os alunos serem incentivados a experimentar uma
relação afetiva com os textos, verbalizando e partilhando, com os
colegas, as razões emotivas e afetivas pelas quais um texto pode
ser amado ou detestado. Tal implica ter a oportunidade, graças à
sua ação docente, de poder exprimir:
as emoções que a leitura provocou
as sensações que vivenciou perante a leitura do texto
os horizontes que o texto abriu
as portas que ele fechou ao seu leitor
a forma (inovadora ou não) como o tema foi tratado
as relações intertextuais que permitiu estabelecer
66
Depois da leitura e porque importa confirmar antecipações,
reorganizar ideias iniciais e, eventualmente, reagir de um ponto
de vista pessoal, relacionando personagens e acontecimentos com
a própria experiência ou a de outras pessoas ou a de outras
leituras, poderá revelar-se profícuo a exercitação de atividades de
pós-leitura. De entre estas, podem-se assinalar, por exemplo, a
construção criativa de um texto, entendendo este numa aceção
ampla e não restrita à componente verbal, a reescrita do mesmo,
com uma eventual modificação, em função dos destinatários
selecionados, da sua força ilocutória e respetivos efeitos, e/ou a
preparação para uma partilha posterior das leituras efetuadas,
graças à identificação, na história lida, de elementos relevantes
suscetíveis de negociação dialógica futura.
A partilha de citações estimuladoras pode constituir
igualmente uma interessante atividade de pós-leitura. Neste caso,
e após a leitura da obra, os alunos deverão revisitá-la por forma a
selecionarem o(s) trecho(s) que consideraram mais interessante
ou estimulante. Após uma partilha coletiva desse(s) momento(s),
o diálogo emerge e a conversa acerca dos livros e daquilo que os
leitores consideraram mais estimulante proporciona a todos os
participantes uma aprendizagem acerca da obra em questão, as
suas técnicas de construção e de apelo à cooperação interpretativa
do leitor, além de fomentar a consolidação de uma comunidade
de leitores.
Os organizadores da ação podem revelar-se um interessante
instrumento capaz de ajudar os alunos a compreender a
organização de uma obra e a proceder, posteriormente, a uma
reescrita adaptada da mesma.
Motivar para a leitura passa também por criar, em contexto
pedagógico, um ambiente propício à sua fruição, na linha daquilo
que são as sugestões de tantos programas de promoção do livro e
da leitura apresentados na webpage do Plano Nacional de Leitura.
Irene C. Fountas e Gay Su Pinnell (2001) enfatizam a
necessidade de implementar, por exemplo, em contexto de sala
67
de aula, workshops de leitura, com uma duração de 60 minutos
por dia, cinco vezes por semana, não deixando de encorajar os
alunos a lerem todas as noites cerca de 20 a 30 minutos. Numa
oficina desta natureza, e após atividades de pré-leitura, o
professor deverá preparar uma mini lição 39, a que se seguirá um
momento de leitura independente, fruto das próprias opções e
escolhas do aluno, e uma posterior partilha coletiva das opiniões
e interpretações. Estas oficinas podem igualmente ser
enriquecidas por atividades como a leitura guiada e o estudo da
literatura.
No caso da leitura guiada, a leitura silenciosa é feita em
pequenos grupos (3 a 8 alunos), homogéneos sob o ponto de vista
das competências e habilidades leitoras, que leem um mesmo
texto, escolhido pelo professor.
No caso do estudo da literatura, os grupos têm já uma
natureza heterogénea e partilharão reflexões e interpretações
relativas a um tema, personagem ou obra, previamente conhecida
e lida pelos vários membros do grupo. Nesta situação, o professor
iniciará, em pequeno grupo, os alunos no domínio de técnicas
específicas de análise e de interpretação de textos de modo a
proporcionar-lhes a possibilidade de realização de leituras
bastante mais complexas e subtis do que as que, sem a
intervenção do professor, eles poderiam materializar.
Sempre que possível, e por forma a promover o
desenvolvimento de um raciocínio crítico, os alunos devem ser
convidados a interpretar as dificuldades encontradas, traçando
39
A mini lição é preparada pelo professor por forma a facilitar aos alunos a
interpretação daquilo que estão a ler, ganhando capacidade para compartilhar
com os outros as suas leituras. Pode referir-se a aspectos que vão desde alguns
conselhos relativos à escolha de livros até a noções ligadas à natureza e
características dos géneros literários, funcionamento do processo da
comunicação literária, etc. No fundo, representa a intervenção do professor
como orientador/tutor das aprendizagens realizadas pelos alunos.
68
estratégias de melhoria, por meio de uma cooperação com os
outros.
O objetivo global destas oficinas de leitura é o de suscitar
uma construção coletiva dos significados, fomentando e
consolidando a existência de comunidades interpretativas. Além
disso, graças à atividade da leitura independente, os alunos
podem tornar-se leitores que leem por prazer, manifestando os
comportamentos típicos deste leitor, desde a escolha dos próprios
textos até à reflexão e partilha coletiva daquilo que leram.
Ativamente envolvidos nas próprias aprendizagens, segundo um
princípio triplo de autonomia, variedade e sistematicidade, os
alunos têm a oportunidade de adquirir e de desenvolver
estratégias efetivas de leitura suscetíveis de assegurar um
comprometimento com a leitura e a literatura de forma eficaz e
perene. De facto, como sublinham Irene C. Fountas e Gay Su
Pinnell (2001: 41), nestas oficinas, os alunos aprendem a ler
lendo e não apenas ouvindo coisas acerca da leitura:
69
A literatura pode ser uma força poderosa nas nossas vidas.
Ela pode fazer-nos pensar, interrogar-nos, desafiar-nos, seduzir-
nos, mas também permitir que nos emocionemos e, viajando nos
inumeráveis e misteriosos bosques da ficção, permitir que
descubramos novas e interessantes coisas, incluindo pontos de
vista diversos relativamente aos nossos. Nesta perspetiva, ela é
uma experiência humanizante profundamente enriquecedora que
nos pode mudar para sempre. Esta é uma das razões pelas quais, a
nosso ver, a escola jamais se pode alhear de um projeto
sistemático, reflexivo e intencional de formação de leitores
literários.
71
analisadas as relações de diálogo entre a literatura
tradicional e a literatura para crianças, bem como é
efetuada uma reflexão atenta e cuidada sobre os
géneros literários da LIJ, na sua articulação com a
leitura e a formação de hábitos leitores. A obra inclui
ainda atividades de autoavaliação e bibliografia
complementar para que o aluno possa aprofundar as
matérias tratadas.
* Calvino, I. (1994). Porquê Ler os Clássicos? Tradução de José
Colaço Barreiros. Lisboa: Teorema.
Ensaio fundamental para a dilucidação do conceito de
clássico e para a compreensão da sua importância
num cânone pessoal de leituras.
* Cerrillo, P. C. (2007). Literatura Infantil y Juvenil y Educación
Literaria. Hacia una Nueva Enseñanza de la Literatura.
Barcelona: Octaedro.
Obra muito pertinente onde, a par da dilucidação do
conceito de competência literária, o autor analisa o
papel da literatura infantil e juvenil na formação da
educação literária dos seus leitores. A obra inclui
ainda um capítulo dedicado ao cânone literário e ao
papel que os clássicos aí desempenham, bem como
preciosas indicações metodológicas para a formação
de bons mediadores. É também estabelecida uma
relação entre a literatura infantil e juvenil, a leitura e
a escrita. A obra inclui uma bibliografia selecionada
sobre estas temáticas.
* Cerrillo, P. C.; Larrañaga, E. & Yubero, S. (2002). Libros,
Lectores y Mediadores. La Formación de los Hábitos Lectores
como Proceso de Aprendizaje. Cuenca: Universidad de Castilla-
La Mancha.
72
Obra extremamente útil que inclui uma
fundamentação teórica do âmbito da psicologia e
preciosos conselhos para se ser um bom mediador da
leitura e da literatura infantil e juvenil, em função da
faixa etária do destinatário. A obra inclui uma vasta
bibliografia em língua castelhana sobre hábitos
leitores e animação à leitura.
* Cervera, J. (1991). Teoría de la Literatura Infantil. Bilbao:
Ediciones Mensajero.
Obra muito importante para um conhecimento global
e alargado do conceito e implicações da designação
de literatura infantil, na sua articulação com a leitura
e com os projetos educativos.
* Ewers, H.-H. (2009). Fundamental concepts of children’s
literature research. Literary and sociological approaches. New
York and London: Routledge.
Obra muito relevante para uma análise dos principais
conceitos da investigação em literatura infantil: a
especificidade do processo da comunicação literária
para as crianças, a relevância do mediador, as
questões de adaptabilidade/adequação dos textos aos
leitores pouco experientes, o mercado editorial para a
infância e os mecanismos não explícitos da
construção de determinados objetos de consumo para
a infância, a semiótica da literatura infantil e juvenil.
* Griswold, J. (2006). Feeling like a kid. Childhood and
children’s literature. Baltimore: The Johns Hopkins University
Press.
Obra de leitura muito agradável onde o autor,
recorrendo a exemplos dos clássicos e dos contos de
73
fadas, sintetiza os principais aspetos que definem a
literatura lida por crianças.
* Nikolajeva, M. & Scott, C. (2000). The Dynamics of
Picturebook Communication. Children’s Literature in Education,
31(4), 225-239.
Artigo da revista Children’s Literature in Education
onde, de forma sintética, são explicadas e justificadas
muitas das características dos álbuns narrativos de
potencial receção leitora infantil e juvenil, assim
como a mais-valia da sua presença em contexto
pedagógico.
* Nikolajeva, M. & Scott, C. (2006). How Picturebooks Work.
New York – London: Routledge.
Obra fundamental para a compreensão, detalhada, das
relações de diálogo intersemiótico entre os códigos
verbais e os códigos icónicos e plásticos nos álbuns
para a infância. A obra, para além da definição do
estado da arte relativa a este domínio, analisa
múltiplas situações, desde o papel dos paratextos a
questões de metaficionalidade e de diálogos
intertextuais que estas obras, pelo seu carácter
poliédrico, frequentemente apresentam.
* Nodelman, P. (2008). The Hidden Adult. Defining Children’s
Literature. Baltimore: The Johns Hopkins University Press.
Obra muito pertinente, onde o autor, definindo a
literatura infantil como género literário, explica as
relações entre ela e a literatura sem destinatário
explícito, socorrendo-se, para o efeito, da análise
detalhada de seis obras, de língua inglesa, publicadas
nos últimos 200 anos, com destaque para Alice’s
Adventures in Wonderland, de Lewis Carroll.
74
* Ogle, D. (2002). Coming Together as Readers. Arlington
Heights, Il: SkyLight-Pearson Education.
Obra profundamente relevante para a formação de
comunidades leitoras, desde o jardim-de-infância, até
às comunidades locais, passando pelas práticas em
sala de aula. Fundamentada nos direitos do leitor, da
International Reading Association, a obra apresenta
relevantes sugestões e exemplos, bem como um
elevado número de referências para aprofundamento
futuro.
* Pires, M. L. B. (s/d). História da Literatura Infantil
Portuguesa. Lisboa: Vega.
Obra já com alguns anos, mas importante para o
conhecimento da literatura infantil portuguesa desde
as origens (contos populares, romances de cavalaria,
obras pedagógicas, catecismos, relatos de viagens,
exemplários, fábulas, literatura de cordel e teatro
medieval) até ao século XX. Inclui referências aos
vários géneros literários.
* Shavit, Z. (2003). Poética da Literatura para Crianças. Lisboa:
Caminho.
Obra fundamental para a compreensão da natureza
ambivalente de grande parte dos textos literários de
potencial receção leitora infantil e juvenil. Contém
igualmente um capítulo sobre os processos de
adaptação dos clássicos ao gosto dos mais jovens.
75
76
Referências bibliográficas
78
CERRILLO, P. (2003). Literatura infantil y competencia literaria:
hacia un ámbito de estudio y investigación propios de la
literatura infanto-juvenil (LIJ). In F. L. Viana, E. Coquet,
Eduarda e M. Martins (Coord.), Leitura, literatura infantil
e ilustração. Investigação e prática docente (pp. 73-81).
Braga: Centro de Estudos da Criança - Universidade do
Minho.
CERRILLO, P. (2004). O papel do mediador na formación
lectora, Boletín galego de literatura, 32 (2), 15-31.
CERRILLO, P.; LARRAÑAGA, E. e YUBERO, S. (2002).
Libros, lectores y mediadores. La formación de los hábitos
lectores como proceso de aprendizaje. Cuenca: Ediciones
de la Universidad de Castilla-La Mancha.
CERVERA, J. (1991). Teoría de la literatura infantil. Bilbao:
Mensajero.
COELHO, N. N. (2000). Literatura infantil. Teoria, análise,
didáctica. São Paulo: Moderna.
COLOMER, T. (1995). La adquisición de la competencia
literaria. Textos, 4. Barcelona: Graó Educación.
COLOMER, T. (1999). Introducción a la literatura infantil y
juvenil. Madrid: Síntesis.
COLOMER, T. (2000). La formació i renovació de l’imaginari
cultural: l’exemple de «La Caputxeta Vermella». In G.
Lluch (Ed.), De la narrativa oral a la literatura per a
infants. Invenció d’una tradició literaria (pp. 55-93).
Alzira: Bromera.
CROSS, P. E. (1999). The effect of book talks on the listening
comprehension of first grade students. A project presented
to the College of Education in partial fulfilment of the
requirements for the degree Master of Arts in Education.
San Diego: San Diego State University.
CULLER, J. (1998). El futuro de las humanidades. In Enric Sullà
(Org.) El canon literario (pp. 139-160). Madrid: Arco
Libros.
79
CULLINAN, B. E. (2003). La lectura en el aula: ideas y
estrategias de enseñanza para la formación de lectores.
México: Trillas.
DEMOUGIN, F. (2004). Lecture d’images et (re)positionnement
du lecteur. In A. Rouxel & G. Langlade (Dir.) Le sujet
lecteur. Lecture subjective et enseignement de la littérature
(pp. 317-328). Rennes: Presses Universitaires de Rennes.
DÍAZ ARMÁS, J. (2003). Aspectos de la transtextualidad en la
literatura infantil. In A. Mendoza Fillola e P. C. Cerrillo
(Coord.) (2003), Intertextos: aspectos sobre la recepción
del discurso artístico (pp. 61-97). Cuenca: Ediciones de la
Universidad de Castilla-La Mancha.
DIOGO, A. A. L. (1994). Literatura infantil. História, teoria,
interpretações. Porto: Porto Editora.
ELLERY, V. (2005). Creating strategic readers. Techniques for
developing competency in phonemic awareness, phonics,
fluency, vocabulary, and comprehension. Newark:
International Reading Association.
EVEN-ZOHAR, I. (1999). Factores y dependencias en la cultura.
Una revisión de la teoría de los polisistemas. In M. Iglesias
Santos (Org.), Teoría de los polisistemas (pp. 23-52).
Madrid: Arco Libros.
EVEN-ZOHAR, I. (2010). Papers in Culture Research. Tel
Aviv: Unit of Culture Research, Tel Aviv University.
Documento online disponível em:
http://www.tau.ac.il/~itamarez/works/books/EZ-CR-
2005_2010.pdf
FISH, S. (1980). Is there a text in this class? The authority of
interpretive communities. Cambridge-Mass.: Harvard
University Press.
FONSECA, F. I. (2000). Da inseparabilidade entre o ensino da
língua e o ensino da literature. In Didáctica da língua e da
literatura. Actas do V congresso internacional de didáctica
80
da língua e da literatura (6 a 8 de Outubro de 1998) (pp.
37-45). Coimbra: Almedina.
FRESH, M. J. (1995). Self-selected books of beginning readers:
standing before the smorgasbord. In M. Sorensen & B.
Lehman (Ed.), Teaching with children’s books. Paths to
literature-based curriculum (pp. 121-128). Urbana:
National Council of Teachers of English.
GARCÍA BERRIO, A. (1994). Teoría de la literatura. (La
construcción del significado poético). Madrid: Cátedra.
GÓMEZ DEL MANZANO, M. (1987). El protagonista-niño en
la literatura infantil del siglo XX. Incidencias en el
desarrollo de la personalidad del niño lector. Madrid:
Narcea.
GÓMEZ MARTÍN, F. E. (1993). Didáctica de la poesía en la
educación infantil y primaria. Guía práctica para la
enseñanza de la lírica a los niños. s/l: Editorial Cincel.
GUILLORY, J. (1993). Cultural capital – the problem of literary
canon formation. Chicago: The University of Chicago
Press.
GUTHRIE, J. T. & WIGFIELD, A. (Ed.) (1997). Reading
Engagement. Motivating readers through integrated
instruction. Newark: International Reading Association.
HARRIS, W. V. (1998). La canonicidad. In E. Sullà (Org.), El
canon literario (pp. 37-60). Madrid: Arco Libros.
HELD, J. (1987). Los niños y la literatura fantástica. Función y
poder de lo imaginario. Barcelona – Buenos Aires –
México: Paidós.
HOY, D. C. (1978). The critical circle. Literature, history, and
philosophical hermeneutics. Berkeley – Los Angeles –
London: University of California Press.
HUNT, P. (1994). Criticism, theory & children’s literature.
Oxford and Massachusetts: Blackwell.
HUNT, P. (2003). Exploding the canon: children’s literature and
the revolution in criticism. In Á. Cano Vela e C. Pérez
81
Valverde (Coord.), Canon, literatura infantil y juvenil y
otras literaturas (pp. 21-30). Cuenca: Ediciones de la
Universidad de Castilla-La Mancha.
HUNT, P. (Ed.) (1990). Children’s Literature. The development
of criticism. London and New York: Routledge.
JACKSON, R. (2001). Lo «oculto» de la cultura. In D. Rosas
(Org.), Teorías de lo fantastico (pp. 141-152). Madrid:
Arco Libros.
JEAN, G. (s/d). Na escola da poesia. Lisboa: Instituto Piaget.
KERMODE, F. (1998). El control institucional de la
interpretación. In E. Sullà (Org.), El canon literario (pp.
91-112). Madrid: Arco Libros.
KRISTO, J. V. & GIARD, M. H. (1995). A sense of balance: a
first-grade literary community. In B. Bosma & N. D. Guth
(Ed.), Children’s literature in an integrated curriculum: the
authentic voice (pp. 110-127). New York – Newark:
Teachers College Press/International Reading Association.
KÜMMERLING-MEIBAUER, B. (Ed.) (2014). Picturebooks:
Representation and Narration. New York – London:
Routledge.
LAJOLO, M. (2005). Do mundo da leitura para a leitura do
mundo. São Paulo: Editora Ática.
LLUCH, G. (2000). Dels narradors de contes a Walt Disney: un
camí cap a l’homogeneïtzació. In G. Lluch (Ed.), De la
narrativa oral a la literatura per a infants. Invenció d’una
tradició literaria (pp. 17-53). Alzira: Bromera.
LLUCH, G. (2003). Análisis de narrativas infantiles y juveniles.
Cuenca: Ediciones de la Universidad de Castilla-La
Mancha.
LOTMAN, I. M. (1975). La structure du texte artistique. Paris:
Gallimard.
LOTMAN, I. M. (1992). La semiosfera. L’asimetria e il dialogo
nelle strutture pensanti. Venezia: Saggi Marsilio.
LUNDIN, A. (2004). Constructing the canon of children’s
82
literature. Beyond library walls and ivory towers. New
York & London: Routledge.
LYPP, M. (1977). Einleitung. In M. Lypp (Org.), Literatur für
kinder (pp. 7-12). Gottingen: Vandenhoeck und Ruprecht.
MACHADO, A. M. (2003). Panorama de la literatura infantil
brasileña. In A. M. Machado & G. Montes. Literatura
infantil. Creación, censura y Resistencia (pp. 73-78).
Buenos Aires: Editorial Sudamericana.
MACHADO, A. M. e MONTES, G. (2003). Literatura infantil.
Creación, censura y Resistencia. Buenos Aires: Editorial
Sudamericana.
MAGALHÃES, M. L. (2006). A aprendizagem da leitura. In F.
Azevedo (Coord.), Língua Materna e Literatura Infantil.
Elementos nucleares para Professores do Ensino Básico
(pp. 73-92). Lisboa: Lidel.
MAY, H. P. (1995). Children’s literature & critical theory.
Reading and writing for understanding. New York –
Oxford: Oxford University Press.
MAZAURIC, C. (2004). «Les moi volatils des guerres perdues».
La lecture, construction ou déconstruction du sujet ? In A.
Rouxel & G. Langlade (Dir.), Le sujet lecteur. Lecture
subjective et enseignement de la littérature (pp. 179-189).
Rennes: Presses Universitaires de Rennes.
McGILLIS, R. (1996). The nimble reader. Literary theory and
children’s literature. New York: Twayne Publishers.
McGILLIS, R. (2003). What literature was: the canon becomes
ploughshare. In Á. Cano Vela e C. Pérez Valverde
(Coord.), Canon, literatura infantil y juvenil y otras
literaturas (pp. 31-42). Cuenca: Ediciones de la
Universidad de Castilla-La Mancha.
MEIRELES, C. (1984). Problemas da literatura infantil. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira.
MENDOZA FILLOLA, A. (1999). Función de la literatura
infantil y juvenil en la formación de la competencia
83
literaria. In P. C. Cerrillo e J. García Padrino (Coord.),
Literatura infantil y su didáctica (pp. 11-53). Cuenca:
Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha.
MENDOZA FILLOLA, A. (2003). Los intertextos: del discurso a
la recepción. In A. Mendoza Fillola e P. C. Cerrillo
(Coord.), Intertextos: aspectos sobre la recepción del
discurso artístico (pp. 17-60). Cuenca: Ediciones de la
Universidad de Castilla-La Mancha.
MENDOZA FILLOLA, A. e CERRILLO, P. C. (Coord.) (2003).
Intertextos: aspectos sobre la recepción del discurso
artístico. Cuenca: Ediciones de la Universidad de Castilla-
La Mancha.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (1997). Orientações
Curriculares para o Pré-Escolar. Lisboa: Departamento de
Educação Básica / Ministério da Educação.
MORGADO, M. & PIRES, M. N. (2010). Educação
Intercultural e Literatura Infantil. Vivemos num Mundo
sem Esconderijos. Lisboa: Colibri.
MOSS, J. F. & FENSTER, M. F. (2002). From literature to
literacy. Bridging learning in the library and the primary
grade classroom. Newark: International Reading
Association.
MOURA, J. B. (2002). Para uma ontologia do imaginário. In A.
Mesquita (Coord.), Pedagogias do imaginário. Olhares
sobre a literatura infantile (pp. 20-25). Porto: Asa.
NIKOLAJEVA, M. & SCOTT, C. (2006). How picturebooks
work. New York – London: Routledge.
NIKOLAJEVA, M. (2005). Aesthetic approaches to children’s
literature. An introduction. Maryland – Toronto – Oxford:
The Scarecrow Press.
NOBILE, A. (1992). Literatura infantil y juvenil. La infancia y
sus libros en la civilización tecnológica. Madrid: Ministerio
de Educación y Ciencia – Ediciones Morata.
NODELMAN, P. (1992). The pleasures of children’s literature.
84
NewYork: Longman.
PERROT, J. (Dir.) (2000). L’humor dans la littérature de
jeunesse. Actes du colloque d’Eaubonne, Institut Charles
Perrault, 1-3 février 1997. Paris: In Press Éditions.
PERROTTI, E. (1990). A criança e a produção cultural. In R.
Zilberman (Org.), A produção cultural, para a criança
(pp.9-27). Porto Alegre: Mercado Aberto.
PERROTTI, E. (1990a). Confinamento cultural, infância e
leitura. São Paulo: Summus.
PILKINGTON, A, E. (1991). Poetic effects: a relevance theory
perspective. In R. D. Sell (Ed.), Literary pragmactics (pp.
44-61). London: Routledge.
PIRES, M. L. B. (s/d). História da literatura infantil portuguesa.
Lisboa: Vega.
POSLANIEC, C. (2002). Vous avez dit «littérature» ? Paris:
Hachette.
POSLANIEC, C. (2004). Donner le goût de lire. Des animations
pour faire découvrir aux jeunes le plaisir de la lecture.
Paris: Editions de la Martinière.
RAMOS, A. M. (2010). Literatura para a Infância e Ilustração.
Leituras em Diálogo. Porto: Tropelias & Cª.
RANDVIIR, A. (2004). Mapping the world: towards a
sociosemiotic approach to culture. Tartu: Tartu University
Press.
REIS, C. (Coord.) (2009). Programas de português do ensino
básico. Lisboa: Ministério da Educação – Direcção-Geral
de Inovação e Desenvolvimento Curricular.
RICHTER, D. e MERKEL, J. (1974). Marchen, phantasie und
soziales lernen. Berlin: Basis Verlag.
RIFFATERRE, M. (1973). Estilística estrutural. São Paulo:
Cultrix.
ROSER, N. L. & MARTINEZ, M. G. (Ed.) (1995). Book talk and
beyond. Children and teachers respond to literature,
Newark: International Reading Association.
85
RUDELL, R. B. & UNRAU, N. J. (1997). The role of responsive
teaching in focusing reader intention and developing reader
motivation. In J. T. Guthrie & A. Wigfield (Ed.), Reading
Engagement. Motivating readers through integrated
instruction (pp. 102-125). Newark: International Reading
Association.
SÁNCHEZ CORRAL, L. (1995). Literatura infantil y lenguaje
literario. Barcelona-Buenos Aires-México: Paidós.
SANTA, C. M. (1997). School change and literacy engagement:
preparing teaching and learning environments. In J. T.
Guthrie & A. Wigfield (Ed.), Reading Engagement.
Motivating readers through integrated instruction (pp. 218-
233). Newark: International Reading Association.
SCHMIDT, S. J. (1987). La comunicación literaria. In J. Antonio
Mayoral (Org.), Pragmática de la comunicación literaria
(pp. 195-212). Madrid: Arco/Libros.
SHAVIT, Z. (1999). The double attribution of texts for children
and how it affects writing for children. In S. L. Beckett
(Ed.), Transcending boundaries. Writing for a dual
audience of children and adults (pp. 83-97). New York and
London: Garland Publishing.
SHAVIT, Z. (2003). Poética da Literatura para Crianças.
Lisboa: Caminho.
SIPE, L. R. (1998). How Picture Books Work: A Semiotically
Framed Theory of Text-Picture Relationships. Children’s
Literature in Education, 29 (2), 97-108.
SLOAN, G. D. (1991). The child as critic. Teaching literature in
elementary and middle schools. New York-London:
Teachers College Press/Columbia University.
SLOAN, G. D. (1995). Questions of definition. In M. Sorensen &
B. Lehman (Ed.), Teaching with children’s books. Paths to
literature-based curriculum (pp. 2-9). Urbana: National
Council of Teachers of English.
86
SOARES, M. (2003). A escolarização da literatura infantil e
juvenile. In A. A. M. Evangelista, H. M. B. Brandão & M.
Z. V. Machado (Org.), A escolarização da leitura literária.
O jogo do livro infantil e juvenil (pp. 17-48). Belo
Horizonte: Autêntica.
SOARES, M. (2004). As condições sociais da leitura: uma
reflexão em contraponto. In R. Zilberman & E. T. da Silva
(Org.), Leitura. Perspectivas interdisciplinares (pp. 18-29).
São Paulo: Editora Ática.
SPERBER, D. & WILSON, D. (1986). Relevance.
Communication and cognition. Oxford: Blackwell.
STEPHENS, J. & MCCALLAM, R. (1998). Retteling stories,
framing culture. Traditional story and metanarratives in
children’s literature. New York & London: Garland
Publishing.
STEPHENS, J. (1992). Language and ideology in children’s
fiction. London & New York: Longman.
SULEIMAN, S. R. (1983). Authoritarian fictions. The
ideological novel as a literary genre. New York: Columbia
University Press.
TATAR, M. (1993). Off with their heads! Fairy tales and the
culture of childhood. Princeton – New Jersey: Princeton
University Press.
TAUVERON, C. (2004). Droits du texte et droits des jeunes
lecteurs: un équilibre instable. In A. Rouxel & G. Langlade
(Dir.), Le sujet lecteur. Lecture subjective et enseignement
de la littérature (pp. 255-266). Rennes : Presses
Universitaires de Rennes.
TAUVERON, C. (Dir.) (2002). Lire la littérature à l’école.
Pourquoi et comment conduire cet apprentissage
spécifique? De la GS au CM. Paris: Hatier.
TIEDT, P. & TIEDT, I. (1986). Multicultural teaching. Boston:
Allyn & Bacon.
87
TODOROV, T. (1990). Introduction à la littérature fantastique.
Seuil: Paris.
van PEER, W. (1994). Emotional functions on reading literature.
In R. D. Sell & P. Verdonk (Ed.), Literature and the new
interdisciplinarity. Poetics, linguistics, history (pp. 209-
220). Amsterdam – Atlanta: Rodopi.
VARDELL, S. M. (1995). Thematic units: integrating the
curriculum. In M. Sorensen & B. Lehman (Ed.), Teaching
with children’s books. Paths to literature-based curriculum
(pp. 129-136). Urbana: National Council of Teachers of
English.
WATSON, V. (1992). The possibilities of children’s fiction. In
M. Styles, E. Bearne & V. Watson (Ed.), After Alice.
Exploring children’s literature (pp. 11-24). London:
Cassell.
WILKIE, C. (1999). Relating texts: intertextuality. In P. Hunt
(Ed.), Understanding children’s literature (pp. 130-137).
London and New York: Routledge.
WOJCIECHOWSKI, L. & ZWEIG, D. (2003). Motivating
student reading through read-alouds and home school
independent reading. An action research project submitted
to the graduate faculty of the School of Education in partial
fulfillment of the requirements for the degree of Master of
Arts in Teaching and Leadership. Chicago – Illinois: Saint-
Xavier University & SkyLight.
YENIKA-AGBAW, V. (2003). Outside teachers: children’s
literature and cultural tension, English Leadership
Quarterly, 26 (2), 7.
YOPP, R. & YOPP, H. (2001). Literature-based reading
activities. Ma: Allyn & Bacon.
YUBERO, S., LARRAÑAGA, E. y CERRILLO, P. C. (2004).
Valores y Lectura. Estudios multidisciplinares. Cuenca:
Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha.
ZILBERMAN, R. (2003). A literatura infantil na escola. São
88
Paulo: Global Editora.
89
90
Anexo: Recursos online para localizar a Leitura e a
Literatura Infantil e Juvenil
91
Children's Historical Literature Disseminated throughout
Europe
Plataforma fundada com o patrocínio do programa Cultura
2000, da Comissão Europeia, para facultar um acesso
digital aberto às coleções de literatura infantil.
http://www.bookchilde.org/
Ricochet-jeunes.org (Suiça)
Plataforma de informação sobre leitura e literatura
francófona para crianças e jovens. A plataforma é
propriedade do l'Institut suisse Jeunesse et Médias ISJM.
www.ricochet-jeunes.org
93
Blogues e Webpages
História do Dia
Página onde se pode encontrar todos os dias uma história
nova de António Torrado. Há ainda um arquivo através do
qual podem ser consultadas todas as histórias publicadas
anteriormente nesta página.
http://www.historiadodia.pt/pt/index.aspx
95
Revistas da especialidade
96
recursos para download, um fórum para discussão, além de
ligações e anúncio de eventos relevantes nestas áreas.
http://www.imaginaria.com.ar/
E-mail: imaginaria@gmail.com
Peonza (Espanha)
Revista de literatura infantil, com periodicidade trimestral,
dirigida a professores e bibliotecários com comentário
crítico de novidades, notícias do mundo dos livros,
estratégias de animação à leitura e números temáticos.
E-mail: peonza@peonza.es
http://www.peonza.es/revista.html
98
Entidades Promotoras da Leitura e da Literatura Infantil e
Juvenil
Casa da Leitura
Portal de seleção de leituras literárias para um público
infanto-juvenil concebido pela Fundação Calouste
Gulbenkian. A Casa da Leitura, nos seus distintos níveis de
leitura, oferece a recensão de mais de 1400 títulos de
literatura para a infância e juventude, organizados segundo
faixas etárias e temas, com actualização periódica,
desenvolvendo igualmente temas, biografias e bibliografias.
Tem como public-alvo preferencialmente pais, educadores,
professores, bibliotecários e outros mediadores.
http://www.casadaleitura.org/
101
IRA – International Reading Association (Estados Unidos)
Associação norte-americana de promoção da literacia e da
literatura, com importantes publicações e recursos,
acessíveis on-line, nestes domínios.
http://www.reading.org/
104
PROLER – Programa Nacional de Incentivo à Leitura do
Ministério da Cultura Brasileiro
O PROLER é um projeto de valorização social da leitura e
da escrita vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e ao
Ministério da Cultura do Brasil. Fundado em 1992,
desenvolve iniciativas de promoção da leitura,
especialmente voltadas para a formação do educador-leitor.
Articula e promove acções, visando despertar o interesse e
a consciência acerca da leitura.
http://www.bn.br/proler/
Morada: Sede Nacional do PROLER – Casa da Leitura
Rua Pereira da Silva, 86, Laranjeiras
CEP: 22221-140 – Rio de Janeiro – RJ
Brasil
Tel: 2557-7437
Fax: 2556-6730
E-mail: proler@bn.br
105
PNBE – Programa Nacional Biblioteca da Escola (Brasil)
Criado pelo Ministério da Educação e Cultura em 1997, o
PNBE adquire e distribui livros de Literatura Infanto-
Juvenil e de referência aos estudantes e às escolas de
Ensino Fundamental da rede pública.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&vi
ew=article&id=12368&Itemid=575
E-mail: cogeam@mec.gov.br
106