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HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

É um processo que visa a conferir eficácia a um ato judicial estrangeiro.


Qualquer provimento, inclusive não judicial, proveniente de uma autoridade
estrangeira, só terá eficácia no Brasil após sua homologação pelo Superior
Tribunal de Justiça (art. 216-B do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça).

No Brasil, temos jurisdição nacional concorrente e jurisdição nacional


exclusiva. O que for exclusivo só pode ser julgado pela justiça brasileira, ou
seja, o judiciário não aceita decisões oriundas de outros países, (circunstancias
exclusivas no CPC, no artigo 23). Porém, aquilo que não for jurisdição nacional
exclusiva, ou seja, for jurisdição concorrente, não versando no artigo 23 CPC,
pode ser julgado pelo judiciário de outro país.

Porém, para conseguir fazer valer uma sentença ou uma decisão


interlocutória do judiciário de outro país aqui no Brasil, tem-se a necessidade
de passar com esse provimento jurisdicional pela homologação de sentença
estrangeira que, não serve somente para sentenças, mas sim para qualquer
decisão judicial e decisões que tenham o status de decisão judicial (exemplo
sentença arbitral – tem que ser homologada. Leading case da arbitragem é
julgamento do STJ – mudou com a emenda 45 – reforma do judiciário, antes
era feita pelo Supremo Tribunal Federal).

QUAIS SÃO OS REQUISITOS DA HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA


ESTRANGEIRA SISTEMA PROCESSUAL CIVIL DO BRASIL?

A homologação de sentença/decisão estrangeira é um procedimento


jurisdicional, porém, não para julgar o mérito (a HSE não analisa o mérito, a
justiça do que foi decidido), mas sim, os REQUISITOS para que se permita a
exequibilidade dessa sentença em território nacional. Ou seja, não se rediscute
aquilo que foi julgado pelo outro judiciário. → é apenas para DAR
EXEQUIBILIDADE NO BRASIL PARA UM PROVIMENTO JURISDICIONAL DE
OUTRO PAÍS. → A previsão constitucional se dá pela alínea “i” do inciso I do
artigo 105. (julgamento do STJ – mudou com a emenda 45 – reforma do
judiciário, antes era feita pelo Supremo Tribunal Federal).
OBS: Após a mudança de competência do STF para o STF, ditou-se, também,
uma resolução para tratar do assunto, a qual, posteriormente, foi substituída
por uma alteração do Regimento Interno do STJ, o qual dispõe sobre a HSE e
a concessão de exequatur a carta rogatória a partir do artigo 216-A.

OBS²: Homologação de sentença estrangeira e exequatur a carta rogatória são


a mesma coisa, praticamente. A diferença é que Sentença Estrangeira tem
uma questão já decidida e a carta rogatória terá um exequatur, um ‘cumpra-se’
necessário para essa decisão interlocutória – não é uma sentença num
processo que já terminou. O mecanismo é o mesmo.

Quanto a natureza jurídica, A NATUREZA JURÍDICA É DE AÇÃO,


tendo em vista que o artigo 105, inciso I da CF ele trabalha com a competência
originária do STJ, que são ações de competência originária. Ainda, tem o artigo
960 do CPC/15, que dispõe o procedimento dessa ação, o qual fala: “Art. 960.
A homologação de decisão estrangeira será requerida por AÇÃO de
homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido
contrário prevista em tratado.”. Neste mesmo artigo, também fala a respeito de
“homologação de DECISÃO estrangeira”, já deixando claro que não se trata
apenas de sentença, desde que presente os requisitos.

HOMOLOGAÇAO PARCIAL

A HSE é passível de decisão parcial, pois, pode haver detalhes daquela


decisão estrangeira que não são acolhidas pelo nosso sistema. Ou seja, serão
acolhidas apenas matérias homologáveis/contidas no nosso ordenamento
jurídico brasileiro.

TUTELA DE URGÊNCIA

É possível a tutela de urgência neste procedimento, para, por exemplo,


aquelas ações de condenação pecuniária, onde a parte contrária começa a
dilapidar o seu próprio patrimônio, justamente para não fazer frente a essa
divida cuja exequibilidade está sendo verificada no STJ. A tutela de urgência
surge para proteger a futura execução dessa sentença.
DIVÓRCIO CONSENSUAL FEITO NO ESTRANGEIRO

O nosso sistema jurídico admite que tenha força sem precisar


homologar.

Uma sentença que decretam divórcio consensual lá fora pode ser


utilizada num processo em que algo esteja sendo discutido. O magistrado irá
analisar no caso concreto a verificará a eficácia daquela decisão.

Se não for decisão consensual, se for uma imposição, que tenha


necessidade de uma execução, aí precisará da homologação no STJ.

REQUISITOS DA HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Os requisitos estão estabelecidos no artigo 963 do CPC e, também, no


Regimento Interno do STJ, sendo estes:

A sentença deve:

1. Ser proferida por autoridade competente: aqui, a autoridade não é a


autoridade que seria competente no Brasil, mas sim, a autoridade
competente que, naquele país, é reconhecida como juiz natural para
julgar tal caso; competência jurisdicional local precisa ser respeitada
como primeiro requisito de homologação;
2. Ser precedida de citação regular, ainda que verificada revelia: as formas
de citação são várias, bem como existem em outros países do mundo.
Aqui, o importante é que, segundo a Lei daquele país, a citação tenha
ocorrido. Não tem problema se o réu ficou revel, mas a situação tem que
ter ocorrido de maneira válida a luz do ordenamento jurídico onde foi
proferida a decisão;
3. Ser eficaz no país em que foi proferida: as vezes, naquele país a
sentença foi proferida e, por força de outra lei do país, não é mais eficaz.
Com isso, a pessoa não poderá tentar homologar para executar no
Brasil, pois, a ideia da homologação de sentença estrangeira é uma
cooperação, de forma que você possa executar aqui no Brasil alguma
coisa que você poderia executar fora do país também. Isso soaria como
se o sistema tentasse derrubar a barreira da internacionalidade; se não
vale mais no exterior, não faz sentido homologar para que faça valer no
Brasil;
4. Não ofender a coisa julgada brasileira: como dito anteriormente, existem
casos em que o processo pode tramitar aqui no Brasil e pode tramitar no
exterior, que são as hipóteses de jurisdição nacionais concorrentes
(artigos 21 e 22 do CPC). Quando isso acontece, se tiver coisa julgada
material no Brasil, não pode homologar uma decisão estrangeira que
divirja dessa coisa julgada material que já existe aqui, justamente porque
um dos requisitos para a homologação é que a decisão estrangeira não
ofenda a coisa julgada que já está formada no Brasil.
5. Estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense
prevista em tratado: essa tradução é feita por tradutores oficiais, que
encontramos na junta comercial, a não ser que haja dispensa em tratado
internacional.
6. Não conter manifesta ofensa à ordem publica: isso significa que a
sentença que você quer homologar não pode conter algo que o nosso
ordenamento jurídico recuse. Essa é a ideia que a decisão que você
esta homologando não fira a ordem publica brasileira;

HOMOLOGAÇÃO E A JURISDIÇÃO INTERNA

Como já mencionado, os artigos 21 e 22 do CPC estabelecem a


jurisdição nacional concorrente, e essas são: causas, lides, demandas, que
podem ser julgadas tanto pelo judiciário brasileiro como pelo judiciário
estrangeiro, de maneira que se for julgada pelo judiciário estrangeiro não
haverá problemas em homologar essa decisão pela justiça brasileira para que
seja executada no pais.

Haverá casos fora destes artigos que nem pelo Brasil podem ser
julgados, só podem ser julgados lá fora. Para serem analisados e executados
aqui no Brasil dependerá da jurisdição nacional exclusiva, pois, os itens do
artigo 23 do CPC são chamados de jurisdição nacional exclusiva. São
circunstancias, fatos e discussões jurídicas, lides, e não podem ser apreciadas
pelo judiciário de outro país. E, com isso, não serão homologadas que tratem
destes termos. Não sendo do artigo 23, pode sim ser feita a homologação. Seja
jurisdição concorrente ou numa hipótese que nem seria de competência da
justiça brasileira, pois, as partes são de fora, ou a obrigação deve ser cumprida
lá fora, local de laboração de contrato estrangeiro. Pode homologar desde que
não fira o artigo 23.

Na hipótese de ter um processo tramitando no Brasil e outro no exterior,


o mesmo caso (quando tem a jurisdição nacional concorrente, não há
litispendência entre os processos. A ação pode tramitar lá fora e aqui no Brasil
perante o judiciário brasileiro. Isso, claro, na jurisdição concorrente, em que,
nos termos dos artigos 21 e 22 do CPC é possível). Ainda, como há esses dois
processos tramitando, irá valer, apenas, aquele que primeiro tiver força de
coisa julgada aqui no Brasil – prevalece a que transitar em julgado primeiro no
Brasil = se a que está tramitando aqui transita em julgado você não consegue
homologar a estrangeira, pois, irá ferir a coisa julgada que já se formou aqui no
BR. Por outro lado, se conseguir o transito em julgado no exterior, enquanto
aqui está correndo a ação ainda, e você pede a homologação desta que já foi
julgada, PODE! Quando a homologação desta for feita ela terá força de coias
julgada aqui. Se tem força de coisa julgada no BR, essa coisa feita pela
decisão estrangeira se transforma num pressuposto processual negativo, e fará
com que o processo que esteja tramitando seja extinto sem resolução do
mérito por força da coisa julgada.

PROCEDIMENTO

O procedimento em si é bastante simples, pois, como mencionado, o


que se verifica são os requisitos para a homologação. Não se pretende e nem
se pode julgar novamente o mérito já decidido pela justiça estrangeira.

Com isso:

 Petição inicial ao STJ, direcionada a presidência do tribunal;


 Admite-se pedido de tutela provisória: se necessário. Ou uma tutela de
urgência, para impedir o perecimento daquilo que virá a ser o objeto do
cumprimento de sentença;

... depois, o STJ recebe o pedido, distribui para os órgãos internos e manda
citar a parte contrária ↓
 Citação da parte contrária – 15 dias (úteis) para contestar: conforme
sistema do CPC;
 Revelia ou réu incapaz = curador especial: Em regra, revelia por si só
não caracteriza a nomeação de curador especial, pois, deve haver a
revelia + citação ficta (por edital ou por hora certa). Contudo, o
regimento interno do STJ é diferente quando se trata da revelia para
nomeação de curador especial, pois, tendo revelia, automaticamente
será nomeado um curador especial. Revelia ou réu incapaz, nomeiam,
automaticamente, curador especial. Tudo isso, obviamente dada a
importância deste procedimento
 Contestado o pedido, o processo será julgado: não contestado o pedido,
já passa, automaticamente, para decisão, e irá acontecer de maneira
mais rápida;
 MP se manifesta: dada a importância, o MP se manifesta. É um custos
legis aqui, ou seja, fiscal da Lei.
 Execução na vara federal competente: Uma vez homologada, você terá
uma certidão de homologação daquela sentença estrangeira/decisão
interlocutória estrangeira e poderá se valer dela para executar isto
perante o juízo competente. Aqui, o juízo competente, nos termos do
artigo 109 da CF, não é o juízo estadual, é o juízo FEDERAL
TERRITORIALMENTE COMPETENTE.
Basicamente, você pega as regras de competência territorial do
CPC e aplica para a justiça federal. Então, em regra, foro do domicílio do
réu ou executado. Ou seja, pega a certidão de homologação e protocola
na VARA FEDERAL do local de domicílio do réu. Salvo se aplicável
alguma outra regra específica de competência territorial nos termos do
CPC. Caso não haja, é o artigo 46 do mesmo códex, porém, na Justiça
Federal. Aqui você poderá ter uma decisão contra um particular, que não
envolva a união, mas sim, tramitara perante a justiça federal.

DESFECHO:
Então, a homologação de sentença estrangeira é o mesmo
procedimento usado para a concessão de exequatur a cartas rogatórias que
tragam decisões interlocutórias para cumprimento no Brasil.

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