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O PAPEL DA REVISTA A INFORMAÇÃO GOYANA

NO PROLONGAMENTO DOS TRILHOS DA


ESTRADA DE FERRO GOYAZ.

Larissa Silva e Artiaga – Universidade Federal de Goiás


A ESTRADA DE FERRO GOYAZ

• A chegada dos trilhos ao estado de Goiás, se deu na década de


1910, com a construção do ramal entre Araguari (MG) e Catalão (GO).
A construção da Estrada de Ferro Goyaz visava integrar
economicamente o estado, localizado na região central do país, ao
sudeste produtor de café.

• De acordo com Borges (1990), a obra ferroviária constituía um


desejo antigo de parte dos grupos políticos goianos, que almejavam
minar a influência política dos grupos oligárquicos com os quais
antagonizavam.

Ainda sob vigência do regime imperial, o então presidente da província de
Goyaz,Joaquim de Almeida Leite Moraes, enviou um relatório ao governo,
expondo possíveis vantagens para o centro-oeste e para o Brasil do
prolongamento da Estrada de Ferro Mogiana às províncias de Goiás e
Mato Grosso.

Todavia, os trilhos só chegaram ao estado já no século XX. As causas da


demora envolvem principalmente as disputas entre as oligarquias que
dominavam Goiás, além de impasses com Minas Gerais, que reivindicava o
monopólio comercial na região do triângulo mineiro (BORGES, 1990).

Em 1880, o governo imperial publicou o decreto nº 862, que
autorizou a Companhia Estrada de Ferro Alto Tocantins – que
posteriormente viria a se chamar Estrada de Ferro Goyaz – a
construir uma ferrovia que Ligasse Catalão a Palmas, na região
norte, hoje pertencente ao Tocantins.


O mesmo decreto também concedeu à Companhia Estrada de Ferro
Mojiana o direito de prolongar seus trilhos de Jaraguá, onde
encontravam-se paralisados, até Catalão (BRANDÃO, 2005).

Em 1880, o governo imperial publicou o decreto nº 862, que
autorizou a Companhia Estrada de Ferro Alto Tocantins – que
posteriormente viria a se chamar Estrada de Ferro Goyaz – a
construir uma ferrovia que Ligasse Catalão a Palmas, na região
norte, hoje pertencente ao Tocantins.


O mesmo decreto também concedeu à Companhia Estrada de
Ferro Mojiana o direito de prolongar seus trilhos de Jaraguá, onde
encontravam-se paralisados, até Catalão (BRANDÃO, 2005).

Além disso, por meio do decreto nº 862, a Estrada de Ferro Oeste
de Minas também obteve permissão para prolongar seus trilhos de
Perdões até Catalão. A ligação seria benéfica para Goiás, que
poderia comunicar-se diretamente com Rio de Janeiro e São Paulo,
tornando Catalão um importante entroncamento ferroviário
(BRANDÃO, 2005).

Todavia, por interesses econômicos, os trilhos ficaram paralisados
em Araguari (MG), até 1896. “Os grupos econômicos do Triângulo
Mineiro, onde os trilhos da Mojiana se encontravam paralisados,
não pretendiam perder o privilégio de fazer de Araguari um
entreposto comercial de Goiás” Borges (1990, p.60).

Todavia, por interesses econômicos, os trilhos ficaram paralisados em
Araguari (MG), até 1896. “Os grupos econômicos do Triângulo Mineiro, onde os
trilhos da Mojiana se encontravam paralisados, não pretendiam perder o privilégio
de fazer de Araguari um entreposto comercial de Goiás” Borges (1990, p.60).


Segundo Brandão (2005), várias alterações foram feitas no traçado original
da ferrovia, com o objetivo de atender aos interesses mineiros. O decreto nº
6438, de 1907, alterou o ponto inicial da ferrovia, que deveria partir de Formiga
(MG) e ir até Leopoldina, às margens do rio Araguaia.

Por causa das divergências políticas, o trecho entre
Formiga e Catalão só foi concluído na década de 1940.

Com isso, a primeira linha férrea que chegou a Goiás,
partiu de Araguari, como prolongamento da Mogiana.
A construção começou em 1909 e terminou em 1922,
após uma paralisação temporária na região de
Roncador, que incluía o ramal entre Goiandira e
Catalão (BRANDÃO, 2005).
A Informação Goyana

Fundada em 1917 por Henrique Silva, a revista
A Informação Goyana tornou-se um marco na
imprensa goiana por ter sido a primeira
publicação a veicular nacionalmente
informações sobre as potencialidades de
Goiás.

Editada no Rio de Janeiro, A Informação
Goyana circulou entre 1917 e 1935, quando
encerrou suas atividades após a morte de seu
fundador, Henrique Silva.

Entre os principais assuntos abordados pela
revista está justamente o prolongamento dos
trilhos da estrada de ferro em Goiás.
.O assunto “Estrada de Ferro Goyaz” aparece pela primeira vez logo no
primeiro número da revista. O texto salientava a esperança de que os
resultados fossem ainda melhores depois que o estado fosse diretamente
ligado ao porto de Angra dos Reis, fato que não se consumou (OS
MUNICÍPIOS, 1917, p.4).

A primeira referência à disputa entre Goiás e Minas aparece no dia 15


de setembro de 1917, no artigo escrito por Victor de Carvalho Ramos,
intitulado “Uma região desconhecida”.
Percebe-se mediante a análise de discurso do artigo citado acima,
o uso de adjetivos e palavras de significação negativa no contexto,
como por exemplo, “malgrado”, “má ideia”, “arrastando”, etc, como
forma de reforçar o quanto a contribuição de Goiás era positiva para a
economia do país e ao mesmo tempo os interesses dos goianos eram
deixados em segundo plano em comparação a Minas Gerais.
A Informação Goyana também fez questão de enfatizar seu
pioneirismo na imprensa, ao ter iniciado os protestos contra as
alterações propostas pelos mineiros no traçado da ferrovia. Em artigo
publicado no dia 15 de abril de 1919, além de reforçar sua participação
em defesa dos interesses goianos, a revista teceu duras críticas ao
então ministro da viação e obras públicas, Afrânio de Melo Franco e ao
então presidente Delfim Moreira, que na interpretação do periódico,
priorizavam Minas Gerais.
Com o passar do tempo, as próprias dificuldades financeiras da
Companhia Estrada de Ferro Goyaz contribuíram para que os conflitos
entre Goiás e Minas por causa do prolongamento dos trilhos cessasse.
Ademais, a introdução do modal rodoviário no país, com a expansão
das estradas de rodagem como alternativa, fez com que o trem
perdesse o protagonismo aos poucos (POLONIAL, 1995).
CONCLUSÃO
Em síntese, a partir da análise de discurso dos artigos publicados na revista A
Informação Goyana, entre os anos de 1917 e 1920, verificamos que surge como
elemento ideológico subjetivo presente no discurso de defesa dos direitos dos
goianos no processo de prolongamento dos trilhos da Estrada de Ferro Goyaz, a
necessidade de formação da identidade do povo goiano, que sob o ponto de vista
da revista, só poderia ser realizada por meio da estrada ferro, elemento material
responsável pela integração do estado à nação por meio dos transportes.
Dessa forma, qualquer tipo de posicionamento que atrapalhasse a
evolução dos trilhos em Goyaz, era interpretado pela revista, do ponto
de vista ideológico, como uma ameaça à divulgação de uma imagem
positiva sobre Goiás. Por conseguinte,qualquer ação de oposição ao
prolongamento dos trilhos, era encarada pelo periódico como um fator
de manutenção da concepção de “estado atrasado”.

REFERÊNCIAS
BOATOS sobre a mudança da estrada de ferro goyaz. A Informação Goyana. Ano III, Vol. II, n. IX. Rio de Janeiro, 1919. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=176648&pesq=> Acesso em 13 dez. 2019
<

BORGES, Barsanufo Gomides. O despertar dos dormentes. Goiânia, Cegraf/ UFG, 1990.

BORGES, Rosana Maria Ribeiro. Pensamentos dispersos, hegemonias concentradoras: discursos jornalísticos e movimentos de territorialização no
cerrado. Tese apresentada à Linha de Pesquisa “Espaço e Práticas Culturais” do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação
em Geografia, Área de Concentração “Natureza e Produção do Espaço”, do Instituto de Estudos Socioambientais da
Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2013.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. Atlas, 4a edição, São Paulo, 2002.

CHAUL, Nasr Fayad. Caminhos de Goiás: da construção da decadência aos limites da modernidade. Goiânia: UFG, 1997.
ESTRADA de ferro goyaz. A Informação Goyana. Ano II, Vol. I, n. VIII. Rio de Janeiro, 1918. Disponível em
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=176648&pesq= > Acesso em 13 dez. 2019.

GALVÃO, Edismar Gomes. A produção textual de Henrique Silva no jornal O Paiz e em a Informação Goyana como projeto de
memória: a escrita de si e a recepção dos leitores 1890-1935. 2017. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Goiás,
Goiânia.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 5a edição, São Paulo, 2003.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise do discurso: princípios e procedimentos. Campinas, São Paulo. Pontes, 6ª edição, 2005.
POLONIAL, Juscelino. A estrada de ferro e a urbanização de Anápolis (1907-1935). 1995. Dissertação (Mestrado em História) – Programa
de pós-graduação em História – Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

UMA REGIÃO desconhecida. A Informação Goyana. Ano I, Vol. I, n. II. Rio de janeiro, 1917. Disponível em
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=176648&pesq= > Acesso em 13 dez. 2019.
CONTATO

Larissa Silva e Artiaga <larissaartiagajornalismo@gmail.com>

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