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A prescrição da pretensão punitiva , prevista no Código


Penal, consiste na perda do direito Estatal de punir o acusado de um
crime em razão do decurso do tempo, e tem como consequência a
extinção da punibilidade  (CP, art. 107, IV 1 ).

Se a Ação Penal ainda  não teve sentença transitada em julgado, o


prazo prescricional punitivo deve ser calculado,
necessariamente,  segundo a pena máxima cominada ao crime descrito
na inicial. A pena máxima prevista para cada ato ilícito faz parte de uma
“faixa temporal” que indica qual é o lapso prescricional, conforme
artigos 109 e 110, CP.

Diz-se retroativa a prescrição quando, com fundamento na pena


aplicada na sentença penal condenatória com trânsito em julgado para o
Ministério Público, ou para o querelante, o cálculo prescricional é refeito
retroagindo-se, partindo-se do primeiro momento para sua contagem, que
é a data da denúncia ou queixa. Encontra fundamento no parágrafo 1º do
art. 110 do CP.A prescrição retroativa superveniente ou intercorrente
ocorre depois do trânsito em julgado para a acusação ou do improvimento
do seu recurso, tomando-se por base a pena fixada na sentença penal
condenatória.

A prescrição antecipada ou virtual não encontra previsão legal,


tendo em vista que trata-se de uma construção doutrinária e
jurisprudencial, tem como fundamentos à economia e falta de interesse
processual. Ela seria verificada ainda em sede de inquérito policial, ou
seja, antecipadamente, sendo regulada pela provável pena em concreto
que seria estabelecida pelo magistrado por ocasião da condenação. O
Superior Tribunal de Justiça se posicionou contrário a esta criação
jurisprudencial ao editar a Súmula 438: “é inadmissível a extinção da
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em
pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo
penal”.

A pretensão executória se dá a partir do trânsito em julgado da


sentença penal condenatória e pela pena in concreto. A sua ocorrência
gera a perda do Estado de executar a pena imposta ao condenado, diante
do transcorrer do prazo prescricional estipulado. Ainda que o condenado
fique livre do cumprimento da pena, a prescrição da pretensão executória
não afasta os efeitos secundários da sentença condenatória, como, por
exemplo, a reincidência.
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No Concurso Material ocorre quando o agente, através de mais de


uma conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, ainda que
idênticos ou não. Logo, o agente deve ser punido pela soma das penas
privativas de liberdade. É imprescindível que o juiz, ao somar as penas,
individualize cada pena antes da soma. Exemplo: Três tentativas de
homicídio em Concurso Material. Neste caso, o magistrado deve,
primeiramente, aplicar a pena para cada uma das tentativas e, no final,
efetuar a adição. Somar as penas antes da individualização viola,
claramente, o princípio da individualização da pena, fato que pode anular
a sentença.

Na hipótese da sentença cumular pena de reclusão e detenção, a de


reclusão deverá ser cumprida primeira.

O Concurso Formal ocorre quando o agente mediante uma conduta


(ação ou omissão) pratica dois ou mais crimes, ainda que idênticos ou
não. Aplica-se a pena mais grave, aumentada de 1/6 até 1/2, e somente
uma das penas, se iguais, aumentada de 1/6 até 1/2. Aplicam-se as penas,
cumulativamente, se a ação ou omissão for dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos.

A doutrina denomina crime formal perfeito quando se aplica a pena


do crime mais grave com aumento. O crime formal imperfeito ocorre
quando há somatória das penas.

O resultado pode ser heterogêneo quando o resultado é diverso. Ex.


Atropelo duas pessoas, uma se fere levemente e a outra morre. E
homogêneo quando o resultado é idêntico. Ex. Atropelo duas pessoas e as
duas se ferem levemente.

O Crime Continuado ocorre quando o agente, reiteradamente,


mediante mais de uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo, ação e lugar.
De acordo com Fernando Capez, há o crime continuado comum – sem
violência ou grave ameaça - no qual se aplica a pena do crime mais grave
aumentada de 1/6 a 2/3 ou o crime continuado específico – com violência
ou grave ameaça – no qual se aplica a pena mais grave aumentada até o
triplo. No entanto, se a aplicação da regra do crime continuado, a pena
resultar superior à que restaria se somadas as penas, aplica-se a regra do
concurso formal (concurso material benéfico).
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Ação Penal Pública é o instrumento utilizado pelo Ministério


Público para postular ao Estado a aplicação de uma sanção decorrente de
uma infração penal. Divide-se a ação penal pública em incondicionada e
condicionada. Segundo o artigo 24 do Código de Processo Penal o
Ministério Público atua de duas formas:

De forma incondicionada, quando age por seus próprios


impulsos, sem necessitar de representação ou requisição; e

De forma condicionada, quando por representação do


ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. Não há
desistência após feita representação ou requisição.

Ação Penal Privada é toda ação movida por iniciativa da vítima ou,
se for menor ou incapaz, por seu representante legal. Ela pode ser de
exclusiva iniciativa privada, personalíssima ou subsidiária da pública. As
de exclusiva iniciativa privada são as promovidas perante queixa do
ofendido ou quem tenha a qualidade para representá-lo.

A privada personalíssima só aceita que a própria vítima, e mais


ninguém, proponha a ação.

A subsidiária da pública advém quando a vítima ou representante


legal ajuizarem a ação, porquanto o Ministério Público não ofereceu
denúncia no prazo legal estipulado (perante esgotamento do prazo para
oferta da denúncia, conforme previsto no artigo 38 do Código de
Processo Penal).

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