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PLANO SETORIAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

DIAGNÓSTICO (versão preliminar)


Sumário

4. DIAGNÓSTICO ...................................................................................................................... 3
4.1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 3
4.2 PERFIL DO TEMA ............................................................................................................... 6
4.3 REVISÃO DO PLANO ANTERIOR ................................................................................. 10
4.4. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS QUE COMPÕEM O
DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE CURITIBA ..................................... 11
4.4.1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL .............................................................................. 12
4.4.1.1 Pobreza e Extrema pobreza .................................................................................... 14
4.4.1.2 Vulnerabilidade Social ............................................................................................. 20
4.4.1.3 Risco Pessoal e Social .............................................................................................. 34
4.4.2 A POLÍTICA DE CULTURA ................................................................................................ 45
4.4.2.1 Bens e serviços culturais ......................................................................................... 47
4.4.2.2 Diversidade Cultural ................................................................................................ 51
4.4.2.3 Apropriação Social do Patrimônio Cultural ............................................................. 53
4.4.2.4 Cultura e desenvolvimento ..................................................................................... 56
4.4.3 A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ............................................................................................. 61
4.4.3.1 Educação Infantil ..................................................................................................... 63
4.4.3.2 Ensino Fundamental e Médio ................................................................................. 66
4.4.3.3 Inclusão ................................................................................................................... 74
4.4.3.4 Educação Integral .................................................................................................... 79
4.4.3.5 Educação Superior................................................................................................... 82
4.4.3.6 Formação dos Professores da Educação Básica ...................................................... 86
4.4.3.7 Educação de Jovens e Adultos ................................................................................ 91
4.4.4 A POLÍTICA DE ESPORTE, LAZER E JUVENTUDE .............................................................. 95
4.4.4.1 Atividade Física, Esporte e Lazer ............................................................................. 96
4.4.4.2 Juventude .............................................................................................................. 110
4.4.5 A POLÍTICA DE SAÚDE .................................................................................................. 112
4.4.5.1 Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Fatores de Risco .................................... 113
4.4.5.2 Doenças transmissíveis ......................................................................................... 125

1
4.4.5.3 Atenção à Saúde Materno-infantil ........................................................................ 130
4.4.5.4 Prevenção do câncer de colo de útero.................................................................. 138
4.4.5.5 Cobertura Vacinal .................................................................................................. 141
4.4.5.5.1 BCG ................................................................................................................. 142
4.4.5.5.2 Rotavírus Humano .......................................................................................... 143
4.4.5.5.3 Meningocócica C ............................................................................................ 145
4.4.5.5.4 Pentavalente .................................................................................................. 146
4.4.5.5.5 Pneumocócica 10 valente .............................................................................. 148
4.4.5.5.6 Poliomielite .................................................................................................... 149
4.4.5.6 Gastos Públicos em saúde ..................................................................................... 151
4.4.6 A POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ........................................... 156
4.4.6.1 Abastecimento de Água ........................................................................................ 158
4.4.6.2 Segurança Alimentar e Nutricional – Consumo Alimentar ................................... 160
4.4.6.3 Segurança Alimentar e Nutricional – Perfil Nutricional ........................................ 177

2
4. DIAGNÓSTICO

4.1 APRESENTAÇÃO

Em 2004 o IPPUC adequou o Plano Diretor de Curitiba - PD ao Estatuto da


Cidade e em 2015, por meio da Lei nº 14.771 de 2015, promoveu a revisão deste
Plano para orientação e controle do desenvolvimento integrado do Município.

Ao município, principal ente responsável pela promoção da política urbana, cabe


garantir o bem-estar de seus habitantes e a função social da propriedade e da
cidade, por meio de políticas públicas e de participação da sociedade na sua
elaboração, gestão e monitoramento estabelecidos no Plano Diretor - PD.

De acordo com a Constituição Federal, o Estatuto das Cidades e o Plano Diretor


de Curitiba, a função social da cidade engloba o atendimento das necessidades
dos cidadãos referente à qualidade de vida, à justiça social, ao acesso universal
aos direitos sociais e ao desenvolvimento socioeconômico e ambiental, incluindo
o direito à terra urbana, à moradia digna, ao saneamento ambiental, à
infraestrutura urbana, ao transporte, aos serviços públicos, ao trabalho, ao
sossego e ao lazer.

Como instrumento básico e estratégico da política de desenvolvimento urbano


para todos os agentes públicos e privados em Curitiba, o PD define os Planos
Setoriais a serem desenvolvidos: (i) Mobilidade e Transporte Integrado; (ii)
Habitação e Regularização Fundiária; (iii) Desenvolvimento Econômico. (iv)
Desenvolvimento Social; (v) Defesa Civil e Defesa Social; (vi) Desenvolvimento
Ambiental e de Conservação da Biodiversidade; e (vii) Saneamento Básico.

Para ordenar o desenvolvimento urbano, o município estabeleceu objetivos


gerais, dentre os quais, destacam-se os que iluminam a elaboração do Plano
Setorial de Desenvolvimento Social - PSDS: (i) promover a qualidade de vida e
do ambiente; (ii) reduzir as desigualdades e a exclusão social; (iii) promover o
desenvolvimento social, com oportunidade de acesso a bens, serviços e políticas
públicas; e (vii) integrar a política físico territorial e ambiental com a política
socioeconômica. (Lei Nº 14.771, 2015).

3
A Política de Desenvolvimento Social do Município de Curitiba, de acordo com a
Lei Nº 14.771 de 2015, tem por objetivo a gestão de políticas públicas indutoras
do desenvolvimento social que garantam à população o acesso a informação, a
bens e serviços públicos de qualidade e ao exercício pleno da cidadania, visando
à justiça social e, tem como diretrizes: (i) integração e complementariedade dos
planos, programas, projetos e ações entre os diversos órgãos do poder público
e a sociedade civil; (ii) otimização de competências, de recursos locais e do uso
dos equipamentos sociais, considerando o perfil demográfico, densidade
populacional do espaço urbano e a adoção de ações intersetoriais continuadas;
(iii) aprimoramento de mecanismos que viabilizem a reserva de áreas destinadas
à demanda por equipamentos sociais; (iv) execução das políticas sociais
alinhada a normas e padrões de referência definidos pelas instituições nacionais
e internacionais; (v) integração da Política Municipal de Desenvolvimento Social
com as demais políticas públicas de estrutura e desenvolvimento urbano, como
Habitação, Mobilidade, Desenvolvimento Econômico e Ambiental; (vi) equidade
na execução da política social, concentrando seus esforços e investimentos em
áreas que demandem maior atenção, contribuindo para a superação da
desigualdade social; (vii) gestão democrática, visando ampliar a participação da
sociedade no processo decisório, no planejamento e na avaliação das ações
governamentais; (viii) fortalecimento de um modelo de atenção integral ao
cidadão, tendo como pressupostos básicos a interdisciplinaridade e a
intersetorialidade no planejamento e execução das diversas políticas públicas; e
(ix) integração com os municípios da Região Metropolitana de Curitiba no
desenvolvimento das políticas sociais.

Além das diretrizes do Plano Diretor para as Políticas de Desenvolvimento


Urbano e de Desenvolvimento Social, também fundamenta a elaboração deste
Plano, o desenvolvimento social preconizado nas normas constitucionais
brasileiras e nas declarações e acordos internacionais do qual o Brasil é
signatário.

Participaram do processo de elaboração do PSDS as equipes técnicas das


Secretarias/Órgãos da PMC responsáveis pelas Políticas de Assistência Social;
Cultura; Educação; Esporte, Lazer e Juventude; Saúde e Segurança Alimentar

4
e Nutricional, bem como da sociedade, representada no Conselho da Cidade –
CONCITIBA.

Para gerar alternativas consistentes à indução do desenvolvimento social no


município, a análise da política de desenvolvimento social realizou-se em dois
momentos. No primeiro analisou-se a situação de cada uma das políticas
públicas que compõem o PSDS em relação às metas vigentes, acordadas
nacional e internacionalmente, apontando-se os desafios para a década 2020-
2030. No segundo momento, aproximou-se a política de desenvolvimento social
às políticas de infraestrutura e desenvolvimento urbano consubstanciando a
análise socioterritorial da política no município.

Esta análise baseou-se em dados compartilhados por docentes das


Universidades UTFPR e UFPR nos Seminários: Tendências que Influenciam as
Cidades e Políticas Públicas e Desenvolvimento Urbano - Desafios para os
Planos Setoriais na próxima década, organizados pelo IPPUC no segundo
semestre de 2019, nos dados do Censo Demográfico 2010, do Cadastro Único
– CadÚnico de 2019 e o Diagnóstico Comunitário elaborado pelo Setor de
Monitoração na revisão do plano diretor em 2014.

Após análise crítica dos dados elaborou-se os mapas e gráficos que iluminaram
a reflexão nas oficinas com os técnicos representantes das políticas públicas,
caracterizando-se as diferenças intraurbanas e formulando-se os objetivos,
metas e indicadores de impacto para indução do desenvolvimento social no
período 2020-2030.

Discutiu-se o resultado das oficinas com os conselheiros e participantes da


Câmara Temática de Desenvolvimento Social e aprovaram-se no CONCITIBA
os objetivos, metas e indicadores para o desenvolvimento social na próxima
década.

O desempenho de cada política que compõe o desenvolvimento social no


Município de Curitiba, sua evolução histórica e sua comparação com capitais do
mesmo porte populacional selecionadas e uma análise geral dos desafios
operacionais, estruturais e de gestão de cada política a serem enfrentados são
apresentados no item 4.4 e a elaboração e análise de indicadores especializados
e territorializados na escala intraurbana são apresentados no item 4.5.

5
4.2 PERFIL DO TEMA

O direito ao desenvolvimento como um direito humano é reconhecido pela


Constituição brasileira à luz do princípio da dignidade humana, elemento
orientador dos direitos humanos fundamentais. Nesse contexto, o art. 5º, §2º da
Constituição de 1988, assegura a incorporação dos tratados internacionais de
direitos humanos.

O direito humano ao desenvolvimento requer um modelo de desenvolvimento


capaz de enfrentar as iniquidades sociais de toda ordem (gênero, raça, renda,
emprego, acesso universal a bens de consumo coletivo, dentre outros que
marcam nossa sociedade) e de promover a justiça social e urbana. Requer que
as políticas econômicas sejam concebidas como parte do processo de
desenvolvimento social, e que, por sua vez, as políticas sociais, ao definirem seu
público alvo, concebam os grupos mais vulneráveis como sujeitos de direito de
sua intervenção. (SÁTIRO; MARQUES; OLIVEIRA, 2016).

Trata-se, portanto, de trazer a questão da cidadania como eixo central da


formulação de políticas, programas e projetos de desenvolvimento, na
construção de um projeto para a sociedade pautado pela busca de maior
equidade e integração social.

Nesse contexto, o desenvolvimento social é um processo de caráter universal,


equitativo e participativo1, e um direito humano inalienável, assegurado pelo
Estado em igualdade de oportunidades para todos no acesso aos recursos
básicos como educação, saúde, alimentação, habitação, emprego e distribuição
equitativa da renda.

Corroborando com a Declaração da ONU, A CF de 1988 em seu Art. 6° afirma


que

1
Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento da ONU, 1986.

6
“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988).

O marco básico da promoção do desenvolvimento social no âmbito nacional e


internacional é constituído pela Declaração de Copenhague2sobre
Desenvolvimento Social, pelo Programa de Ação da Cúpula Mundial de
Desenvolvimento Social3, bem como pelos instrumentos internacionalmente
acordados sobre Direitos Humanos.

O Programa de Ação da Cúpula Mundial de Desenvolvimento Social está


centrado na erradicação da pobreza, no crescimento do emprego e na integração
social por meio das políticas e programas públicos enquanto responsabilidade
central do Estado, tendo como desafios para o desenvolvimento sustentável a
superação da pobreza e a redução da desigualdade estabelecida no documento
“Transformando o Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável4, o qual os países se comprometeram a apoiar, acompanhar e
impulsionar.

A agenda 2030 estabelece que a sustentabilidade ambiental e a inclusão social


são dimensões estratégicas para o desenvolvimento socioambiental mundial,
que almeja erradicar a pobreza e promover vida digna para todos os habitantes
do planeta, e para tanto, estabelece 17 objetivos e 169 metas a serem
priorizados pelas políticas públicas internacionais até 2030.

2
A Declaração de Copenhague sobre o Desenvolvimento Social realizada em Copenhague na
Dinamarca no ano de 2009 contém 10 objetivos, entre eles os que se incluem: alcançar a
erradicação da pobreza e emprego pleno, a equidade de gênero, ampliar o acesso e a educação,
promover a integração social e aumentar recursos e a cooperação para o desenvolvimento
social.
3O programa está centrado fundamentalmente em três áreas: erradicação da pobreza,

crescimento do emprego e integração social, sendo os principais meios de ação os programas e


políticas e programas públicos, colocando a responsabilidade central do desenvolvimento social
para o Estado, e ainda a participação da população.
4 Em setembro de 2015, representantes dos 193 Estados-membros da ONU se reuniram em

Nova York e reconheceram que a erradicação da pobreza, em todas as suas formas e


dimensões, é o maior desafio global e um requisito para o desenvolvimento sustentável. Ao
adotarem a Agenda 2030, os países comprometeram-se a tomar medidas ousadas e
transformadoras para promover o desenvolvimento sustentável nos próximos 15 anos sem deixar
ninguém para trás.

7
No contexto da Agenda 2030, a Conferência Regional sobre o Desenvolvimento
Social na América Latina realizada em novembro de 20155 aponta que o campo
social não se desenvolve sozinho, mas com a economia, a política, o meio
ambiente, assim como o desenvolvimento social inclusivo e a melhoria das
condições de vida da população são requisitos necessários para assegurar a
prosperidade econômica.

O Conselho Econômico e Social preparou um relatório6 que reconhece o


progresso significativo alcançado no desenvolvimento econômico e social nas
últimas décadas, contudo, ressalta que este desenvolvimento não foi uniforme,
ocorrendo o aumento da desigualdade em muitos países de forma que um
número considerável de pessoas passou a viver em situação de extrema
pobreza ou em condições muito próximas a ela, sendo a falta de moradia7 uma
das manifestações mais cruéis da pobreza, da desigualdade e dos desafios da
acessibilidade à moradia, afetando pessoas de todas as idades, sexo e origem
socioeconômica, além de constituir uma grave violação do direito à moradia
adequada, à segurança pessoal, à saúde à proteção domiciliar e à família.

O relatório aponta a agenda urbana, aprovada em 2016 na Conferência das


Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat
III)8, que tem como objetivo estabelecer um novo paradigma para o
desenvolvimento urbano a fim de aumentar a equidade urbana, a inclusão social,
a participação política e dar uma vida digna para a população urbana por meio
da ligação entre a inclusão social, a democracia participativa e os direitos

5A Conferência foi realizada em Lima, conforme aprovação pela resolução 682 (XXXV) resultante
da trigésima quinta sessão da Cepal de 2014 com objetivo de estimular o debate, o intercâmbio
de experiências e a reflexão conjunta sobre os desafios que os países enfrentam hoje para
avançar e fortalecer processos inclusivos de desenvolvimento social.
6O relatório foi elaborado para subsidiar a 58º sessão da Comissão de Desenvolvimento Social

a ser realizada em 2020, com base nas conclusões de uma reunião do grupo de especialistas
organizado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat),
que ocorreu em Nairóbi, de 22 a 24 de maio de 2019.
7 Para fins do relatório definiu que entre as pessoas que sofrem a falta de moradia estão aquelas

que moram na rua ou em outros espaços abertos, que moram em acomodações temporárias;
que vivem em acomodações extremamente inadequadas ou inseguras, como favelas e
assentamentos informais; e as pessoas que não têm acesso a moradias populares. Definição
proposta pelo grupo de especialistas em sua reunião realizada em Nairóbi, de 22 a 24 de maio
de 2019.
8 Realizada em Quito, de 17 a 20 de outubro de 2016.

8
humanos com o território para tornar as cidades inclusivas9, justas, democráticas
e sustentáveis10.

Nesse sentido o Plano de Desenvolvimento Social toma como fundamental para


reconhecimento das condições objetivas dos territórios em que vivem as
populações indo além da caracterização da pobreza no âmbito das políticas
sociais. As condições objetivas sob o ponto de vista da acessibilidade aos
direitos de cidadania, o acesso à cidade, à riqueza socialmente produzida, que
envolvem não somente seus aspectos formais, mas também e, principalmente,
as diferentes informalidades (KOGA, 2003).

Induzir o desenvolvimento social requer a superação da perspectiva


segmentadora da realidade social, em que as necessidades e as demandas da
sociedade são compartimentadas e selecionadas em públicos-alvo, seja pelas
características etárias, pelas condições de renda ou pela vulnerabilidade e risco
pessoal e social. Aproximar-se do território no âmbito das políticas sociais implica
em um deslocamento de rota e de escala, que se afasta das médias e das
homogeneidades, ao mesmo tempo em que busca articular elementos
estruturantes às expressões manifestadas nas particularidades e singularidades
dos lugares. (KOGA, 2003).

É neste contexto que situa-se o Plano de Desenvolvimento Social e justifica-se


os esforços empreendidos na articulação das políticas de desenvolvimento
social com as de infraestrutura e desenvolvimento urbano enquanto condições
para a realização do bem estar e de vida digna, configurando portanto o
desenvolvimento socioterritorial.

De acordo com Koga (2015), colocar o território em perspectiva remete a,

“conexão entre a multiplicidade de fatores que interferem nas condições de vida dos cidadãos
em determinados lugares, e que configuram os contextos em que se encontram inseridos. O
contexto movimenta o lócus da análise para o campo coletivo, considerando as particularidades
e, ao mesmo tempo, a cidade.” (KOGA, p. 14, 2015).

9
Uma cidade inclusiva é aquela que busca solucionar não apenas a igualdade econômica, mas
também a igualdade social, política e cultural em todos os segmentos da cidade (SAMPATH,
IPEA 2010).
10
Uma cidade é sustentável quando há acesso a um conjunto de direitos: direitos à terra urbana,
à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações (Lei 10.257 de 2001).

9
Tal articulação está ratificada pelo Município de Curitiba no Plano Diretor e no
protocolo de intenções assinados pela Prefeitura Municipal de Curitiba - PMC
com o CIFAL Curitiba11, em setembro de 2019 para capacitação sobre o
desenvolvimento sustentável e o alcance dos ODS.

Quanto à sua estruturação, em Curitiba cada uma das seis políticas implicadas
no Plano Setorial de Desenvolvimento Social observa as diretrizes de atuação
previstas em legislação específica, seja nacional, estadual ou municipal. O Plano
Setorial de Desenvolvimento Social de 2008 é o Plano que congrega as suas
atuações com vistas a uma finalidade comum, convergente com o
Desenvolvimento Urbano. Desta forma, a seguir será apresentada uma breve
avaliação do plano anterior, com vistas a instrumentalizar a elaboração do Plano
Setorial de Desenvolvimento Social 2020-2030.

4.3 REVISÃO DO PLANO ANTERIOR

A primeira versão do Plano Setorial de Desenvolvimento Social para a década


2008-2018 focalizou-se no diagnóstico das políticas de Assistência Social,
Cultura, Educação, Esporte e Lazer, Saúde e Segurança Alimentar e na
apresentação de propostas, ações e resultados esperados no âmbito de cada
política pública na esfera municipal.

A análise dos relatórios de gestão da PMC no período de vigência do Plano


anterior (2008-2018) possibilita identificar, de modo geral, o alinhamento dos
programas, projetos e ações desenvolvidos pelas Secretarias/Órgãos às
propostas do Plano Setorial de Desenvolvimento Social 2008, demonstrando
eficácia no desenvolvimento de suas ações. Contudo, a ausência de metas e
indicadores prejudicam a avaliação de seus impactos sobre a situação anterior
das seis políticas sociais no município.

11
O Centro Internacional de Formação de Autoridades e Líderes – CIFAL Curitiba está no Brasil
desde 2003. É uma iniciativa do Programa de Cooperação Descentralizada do Instituto das
Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa – UNITAR. É responsável por desenvolver
programa de capacitação e promover cooperações técnicas que contribuam para o
desenvolvimento sustentável e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das
Nações Unidas – ODS.

10
Também a construção de propostas de forma setorizada e sem prever a
necessária integração da política municipal de desenvolvimento social com as
demais políticas de estrutura e desenvolvimento urbano, tais como Habitação,
Mobilidade, Desenvolvimento Econômico e Ambiental, conforme previsto no
Plano Diretor (Lei n. 14.771/2015), restringe a análise da efetividade do Plano
anterior no desenvolvimento social do Município.

Nesta perspectiva, as 21 propostas priorizadas no Plano anterior, dentro da ótica


setorizada, permanecem atuais (100% das ações são contínuas), e dialogam
com os destaques do PSDS 2020-2030, demandando das políticas e planos
setoriais correlatos ao Plano, foco em objetivos e metas a serem implementadas,
monitoradas e avaliadas, de forma conjunta e mediante integração com a Política
de Desenvolvimento Urbano; com vistas a alcançar os objetivos da Política de
Desenvolvimento Social, qual seja “gestão de políticas públicas indutoras do
desenvolvimento social que garantam à população o acesso à informação, a
bens e serviços públicos de qualidade e ao exercício pleno da cidadania, visando
à justiça social” (Plano Diretor, Lei n. 14.771/2015).

Se por um lado, observam-se limitações na concepção e desenvolvimento do


plano anterior; por outro lado, identificam-se oportunidades de aprimoramento
para o Plano Setorial de Desenvolvimento Social 2020-2030, a partir dos
aprendizados obtidos.

4.4. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS QUE COMPÕEM O


DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE CURITIBA

Nessa primeira fase do diagnóstico foi elaborada a análise das políticas de


assistência social, cultura, educação, esporte e lazer, segurança alimentar e
nutricional, e saúde do Município, permitindo verificar cada uma em relação às
metas vigentes, acordadas nacional e internacionalmente, com apontamento de
desafios para a década 2020-2030.
Primeiramente foram selecionados indicadores de impacto das políticas públicas
nos documentos de referência: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável –
ODS (Plataforma 2030), Programa Cidades Saudáveis e Planos Nacionais e

11
Municipais, dentre outros, buscando-se o alinhamento por compatibilidade e
validação dos mesmos em conjunto com equipes técnicas das
Secretarias/Órgãos da PMC.

Os indicadores foram sistematizados e apresentados por meio de gráficos,


considerando dois tipos de análise de desempenho: a histórica referente ao
período compreendido entre 2008 e 2018 (conforme disponibilidade de dados) e
multicêntrica para comparação com capitais de mesmo porte populacional.

Posteriormente, foram produzidos os documentos síntese com análise do


desempenho dos indicadores das seis políticas públicas em relação às metas
vigentes com indicação dos desafios de cada uma para a década 2020-2030,
elaborados em conjunto com os técnicos das Secretarias e Órgãos envolvidos.

Esta análise histórica e multicêntrica dos indicadores de cada política do


Desenvolvimento Social permite verificar a evolução das políticas no Município
e sua comparação com capitais de mesmo porte populacional, possibilitando
analisar o desempenho de cada política, e os desafios já observados nesta
análise para a próxima década, detalhados nos subitens 4.4.1 a 4.4.6.

4.4.1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Segundo a Lei Nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal de assistência social visa garantir o acesso da população em situação
de risco e vulnerabilidade aos direitos socioassistenciais, contribuindo para o
desenvolvimento humano. A gestão desta Política no Município de Curitiba é de
responsabilidade da Fundação de Ação Social – FAS.
A Assistência Social, definida pela Constituição Federal de 1988 como direito do
cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva que
visa garantir a proteção social e o acesso aos direitos sociais para a população
em situação de vulnerabilidade e/ou risco social.
A proteção social afiançada pela Assistência Social engloba a proteção às
vulnerabilidades próprias ao ciclo de vida através da oferta de apoio às
fragilidades dos diversos momentos da vida humana, proteção às fragilidades da

12
convivência familiar e a proteção à dignidade humana expressa pela conquista
da equidade, isto é, o respeito à heterogeneidade e à diferença sem
discriminação e apartações, inclui, ainda, a proteção especial contra as formas
predatórias da dignidade e cidadania em qualquer momento da vida e que
causam privação, vitimização, violência e até mesmo o óbito.
A Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS, promulgada sob Nº 8.742 em 1993
e posteriormente alterada pela Lei Nº 12.435/2011, concretizou as diretrizes da
Constituição Federal e organizou a Política de Assistência Social brasileira,
consolidando o Sistema Único de Assistência Social - SUAS como sistema
descentralizado e participativo que organiza a gestão do atendimento prestado
por toda a rede socioassistencial conforme níveis de complexidade (proteção
social básica e especial) para atendimento a situações de vulnerabilidade e risco
social.
A partir da publicação da Norma Operacional Básica do SUAS, inicialmente em
2005, e posteriormente revista em 2012 - NOB/SUAS 2012, delimita-se um
marco qualitativo para a gestão do SUAS, que estabelece os alicerces para sua
organização e define o Plano de Assistência Social como o instrumento de
planejamento estratégico que deve organizar, regular e nortear a execução da
Política de Assistência Social em sua respectiva esfera de atuação em
consonância com os Planos Plurianuais PPA e demais planos, normativas e
legislações locais, observando-se ainda as deliberações das conferências de
assistência social.
Na estruturação dos serviços, programas e projetos de assistência social cabe
ressaltar que as expressões de risco e vulnerabilidade social estão além dos
critérios de renda. Perpassam por essas expressões também as relações e
situações de convívio, de acesso a políticas públicas diversas e de garantias de
direitos e princípios fundamentais.
Conforme explicitado na metodologia, a contextualização da Política de
Assistência Social em Curitiba, assim como das demais políticas públicas que
compõem o Plano Setorial de Desenvolvimento Social, dar-se-á por meio da
análise do desempenho de indicadores previamente selecionados, tomando por
base documentos de referência, nos quais constam metas acordadas
internacionalmente, bem como metas nacionais pactuadas em conferências e
registradas em planos nacionais/ municipais ou similares. A estes indicadores

13
foram agregadas informações provenientes do Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal - Cadastro Único.
O Cadastro Único foi instituído em 2001 como instrumento de identificação e
caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda, visando
possibilitar a integração de programas sociais nas diferentes esferas de governo
– União, estados, Distrito Federal e municípios. No entanto, apenas em 2003
este instrumento foi vinculado ao Programa Bolsa-Família e, a partir de então,
os municípios assumiram a tarefa de cadastrar as famílias, o que foi viabilizado
pela rede da Assistência Social local que se estruturava no âmbito do SUAS.
Desde então, a base cadastral foi ganhando representatividade, chegando a
28.523.266 famílias de baixa renda cadastradas até julho de 2019 no Brasil,
dentre as quais, 121.986 em Curitiba.
Devido à sua abrangência e amplitude de informações registradas, essas
informações são amplamente utilizadas pelo governo federal, estados e
municípios para subsidiar a implementação de políticas públicas capazes de
promover a melhoria da vida dessas famílias.

4.4.1.1 Pobreza e Extrema pobreza

Em que pese o fato de que a pobreza não seja o único critério, é um dos fatores
que mais ocasionam demanda de atendimento para a política de Assistência
Social. No Brasil para conceituar a pobreza tem sido utilizado o enfoque que
estabelece padrões mínimos para a satisfação de necessidades, relacionando-
o à renda. A pobreza e, em maior grau a extrema pobreza, é um dos fatores que
vulnerabilizam as famílias, o que as torna prioritariamente elegíveis para
atendimento pela Política de Assistência Social.
O atendimento prestado pela assistência social está diretamente relacionado ao
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1 “Acabar com a pobreza em todas as
suas formas, em todos os lugares”, mais especificamente a Meta 1.2 de “até
2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e
crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas
dimensões, de acordo com as definições nacionais”.

14
Em 2010, as capitais com menor proporção de indivíduos vulneráveis à
pobreza, ou seja, vivendo com meio salário mínimo mensal per capita, foram
registradas em Curitiba, Porto Alegre e Goiânia, enquanto Manaus, Belém e
Recife apresentam os maiores percentuais, inclusive acima da média nacional,
de 32,56%.
Este indicador tem caráter instrumental para os gestores no desenvolvimento de
políticas públicas, uma vez que sinaliza a pobreza futura segundo parâmetros
nacionais e internacionais (FIGURA 4-001).

FIGURA 4-001 - PROPORÇÃO DE VULNERÁVEIS À POBREZA, EM CURITIBA, BRASIL E


CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010
50

40

30

20
33,26 33,50 32,91

10
13,89 12,70 12,51
7,86
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

FONTE: IBGE/Censo Demográfico ( 2010) – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


(2013).

De 1991 para 2010, Curitiba teve uma redução de 67,76% neste indicador, de
24,38% para 7,86%.
A redução na proporção de vulneráveis à pobreza pode estar associada à
ampliação do sistema de proteção social12, ao dinamismo da economia (renda e
trabalho), dentre outros fatores (FIGURA 4-002).
Nos indicadores relativos à pobreza e extrema pobreza, observa-se diferenças
relativas ao conceito utilizado para definição das mesmas. Como mencionado
anteriormente, o critério mais utilizado para sua definição é a renda, todavia há
variações nos valores utilizados, nacional e internacionalmente, conforme os

12
Sistema de proteção social: compreende os benefícios monetários e serviços em espécie nas áreas de
saúde, previdência, assistência social, segurança alimentar e nutricional, moradia digna, segurança
pública e mercado de trabalho. (Agenda 2030 – ODS – Metas Nacionais dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável – Proposta de Adequação, IPEA 2018)

15
elementos utilizados na análise. Para o alcance das metas previstas nos
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada - IPEA usa como referência o Poder de Paridade de Compra - PPC13,
enquanto no Atlas de Desenvolvimento Humano, também publicado pelo IPEA,
utiliza a renda familiar mensal per capita. Por sua vez, o critério utilizado pelo
Atlas é o mesmo do Ministério da Cidadania para definir a situação de extrema
pobreza e pobreza nacionalmente, que era de renda domiciliar per capita mensal
de até R$ 70,00 e de R$70,01 a R$ 140,00 respectivamente, à época de sua
elaboração (2013).

FIGURA 4-002 - PROPORÇÃO DE VULNERÁVEIS À POBREZA, EM CURITIBA,


1991/2000/2010
80

60

40
24,38
18,82
20
7,86

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (1991), (2000) e (2010) – Atlas do Desenvolvimento


Humano no Brasil (2013)

Considerando que na estruturação das políticas de atendimento nacionais,


estaduais e municipais para esta população é utilizado o critério adotado pelo
Ministério da Cidadania, para esta contextualização da política de Assistência
Social será utilizada a referência do governo federal, que atualmente define a
pobreza e a extrema pobreza como renda familiar per capita mensal de até
R$ 89,00 e de R$ 89,01 a R$ 178,00, respectivamente.
Em 2010, Curitiba é a capital com menor percentual de população vivendo em
situação de pobreza entre as capitais selecionadas, seguida por Goiânia, Belo

13
A paridade do poder de compra - PPC - em inglês, purchasingpowerparity – PPP, é um método
alternativo à taxa de câmbio. Muito útil para comparações internacionais, mede quanto uma determinada
moeda poderia comprar se não fosse influenciada pelas razões de mercado ou de política econômica que
determinam a taxa de câmbio. Leva em conta, por exemplo, diferenças de rendimentos e de custo de
vida. Usa como referência o dólar internacional - PPC$. (IPEA, 2008)

16
Horizonte e Porto Alegre, e também abaixo da média nacional, de 15,20%
(FIGURA 4-003).

FIGURA 4-003 - PERCENTUAL DE POPULAÇÃO VIVENDO EM SITUAÇÃO DE POBREZA,


EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010

20

10

13,04 12,90 13,20

3,80 3,09 3,82


1,73
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Brasil

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2010) – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


(2013).

No período de 1991 a 2010, Curitiba apresentou uma redução de 78,21% neste


indicador (FIGURA 4-004).

FIGURA 4-004 - PERCENTUAL DE POPULAÇÃO VIVENDO EM SITUAÇÃO DE POBREZA,


EM CURITIBA, 1991,2000 E 2010

10
9 7,94
8
7 6,20
6
5
4
3
1,73
2
1
0

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (1991), (2000) e (2010) – Atlas do Desenvolvimento


Humano no Brasil (2013).

Via de regra, ao observar os indicadores listados acima, Curitiba possui um


percentual de redução da pobreza compatível com a meta 1.2 no ODS 1.

17
Todavia, segundo as informações registradas no Cadastro Único, o total de
pessoas cadastradas em situação de pobreza, ou seja, com renda familiar per
capita de até R$ 178,00 (critério atualmente utilizado pelo Ministério da
Cidadania) no mês de julho de 2019 era de 112.469.
A extrema pobreza, da mesma forma se relaciona ao ODS 1, meta 1.1 “Até 2030,
erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, medida
como pessoas vivendo com menos de PPC$ 3,20 (Poder de Paridade de
Compra - PPC) per capita por dia. Segundo o IPEA, a erradicação da pobreza
extrema será atingida quando o percentual da população nesta condição estiver
abaixo de 3%”. Reitera-se que nesta contextualização o indicador teve os valores
de referência adequados aos padrões utilizados nacionalmente pelo Ministério
da Cidadania e pelo próprio IPEA no Atlas de Desenvolvimento Humano no
Brasil, de R$89,00 per capita.
A população vivendo abaixo da linha nacional de extrema pobreza em 2010
contabilizava os menores valores percentuais em Curitiba, Goiânia e Belo
Horizonte, abaixo da média nacional, que era de 6,62 (FIGURA 4-005).

FIGURA 4-005 - PERCENTUAL DA POPULAÇÃO VIVENDO ABAIXO DA LINHA NACIONAL


DE EXTREMA POBREZA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010
10

4,77
3,54 3,75

0,79 0,48 0,54 0,92


0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2010) – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


(2013).

Em Curitiba de 1991 para 2010, a proporção da população vivendo abaixo da


linha da extrema pobreza reduziu 68,83%, enquanto a média do Brasil teve
queda de 64,48% (FIGURA 4-006).

18
As diferenças entre as informações do Censo Demográfico, elaborado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e do Cadastro Único
existem, embora haja compatibilidade entre os dados registrados. Em janeiro de
2018, quando o valor de referência do Cadastro Único para extrema pobreza
passou a ser o de R$ 89,00, o número de famílias totalizava 23.168,
correspondendo a 19,6% do total de famílias cadastradas.

FIGURA 4-006 - PERCENTUAL DA POPULAÇÃO VIVENDO ABAIXO DA LINHA NACIONAL


DE EXTREMA POBREZA, EM CURITIBA,1991/2000/2010
10

1,54 1,41
0,48

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (1991), (2000) e (2010) – Atlas do Desenvolvimento


Humano no Brasil (2013).

Curitiba possui hoje, com base nos dados do Cadastro Único referentes ao mês
de julho de 2019, 27.168 famílias cadastradas em situação de extrema pobreza,
o que representa 22% do total de famílias cadastradas no Cadastro Único.
Apesar da redução do percentual de pessoas em situação de extrema pobreza,
demonstrada pelo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, percebe-se,
com base no Cadastro Único, que no período de 2018 a 2019 o número de
famílias em situação de extrema pobreza aumentou. Desse aumento é possível
conjecturar alguns fatores que podem ter influenciado, como o aumento da taxa
de desemprego e da informalidade, o congelamento dos gastos com políticas
públicas em âmbito federal, a recessão econômica intensa dos últimos anos,
entre outros.
Se os indicadores “percentagem da população vivendo abaixo da linha da
extrema pobreza” fossem comparados apenas com a meta 1.1 do ODS 1, seria
possível afirmar que Curitiba alcançou a meta, uma vez que possuía a época do
Censo, menos de 3% da sua população vivendo abaixo da linha da extrema

19
pobreza. Todavia, não é possível realizar essa afirmação uma vez que os dados
do Cadastro Único em 2019 apontaram um aumento das famílias em situação
de extrema pobreza.

4.4.1.2 Vulnerabilidade Social

A concepção de que a pobreza é multifacetada e se estende para além da renda


traz consigo muitos desafios em sua mensuração. Neste sentido, a combinação
de indicadores de vulnerabilidade e/ou risco social ou ainda a formulação de
indicadores compostos é bastante utilizada nos estudos sobre este tema,
visando abranger mais variáveis e tornar mais específica a caracterização destas
situações.
Neste sentido, para monitorar o alcance do ODS 1, meta 1.4, de “até 2030,
garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os pobres e as
pessoas em situação de vulnerabilidade, tenham acesso a serviços básicos,
novas tecnologias para produção, tecnologias de informação e comunicação,
serviços financeiros e segurança no acesso à terra e recursos naturais”. Devido
ao seu conteúdo, as ações voltadas ao alcance da meta 1.4 convergem com o
alcance do ODS 10 – Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles, e
diretamente com a meta 10.2, de “até 2030, empoderar e promover a inclusão
social, econômica e política de todos, de forma a reduzir as desigualdades,
independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, nacionalidade,
religião, condição econômica ou outra”.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma medida
composta de indicadores de três dimensões - longevidade, educação e renda.
Numericamente o Índice de Desenvolvimento Humano varia de zero (menor) a
um (maior) e as faixas de desenvolvimento são classificadas em: muito baixo (0
– 0,499), baixo (0,500 – 0,599), médio (0,600 – 0,699), alto (0,700 – 0,799) e
muito alto (acima de 0,800).
Dentre as capitais selecionadas para análise, Curitiba, Belo Horizonte, Porto
Alegre e Goiânia, apresentam os maiores índices em 2010, sendo que nenhuma
delas obteve resultados abaixo da média do Brasil, de 0,727 (FIGURA 4-007).

20
FIGURA 4-007 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL - IDHM, EM
CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS – 2010
1,0

0,5
0,810 0,823 0,799 0,805 0,772
0,746 0,737

0,0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

Fonte: IBGE/Censo Demográfico (2010) – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013).

De 1991 para 2010, O IDHM de Curitiba cresceu 28,59%, de 0,640 para 0,823.
Das três dimensões do índice calculado para 2010, a Longevidade foi a que mais
contribuiu para o resultado global de Curitiba, considerado muito alto. Em ordem
de grandeza os resultados para cada uma das dimensões foram: Longevidade
com 0,855, seguida de Renda, com 0,850, e Educação, com índice de 0,768
(FIGURA 4-008).

FIGURA 4-008 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL - IDHM


EM CURITIBA, 1991/2000/2010

1,0
0,823
0,750

0,640

0,5

0,0

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (1991), (2000) e (2010) – Atlas do Desenvolvimento


Humano no Brasil (2013).

21
Em termos gerais, o IDHM ilustra o desenvolvimento humano no município,
todavia, para caracterizar as situações de vulnerabilidade social, é preciso
complementar a análise com outros indicadores.
O Índice de Gini é um instrumento para medir o grau de concentração de renda
em determinado grupo, apontando a diferença entre os rendimentos dos mais
pobres e dos mais ricos, ou seja, demonstra a desigualdade na distribuição da
renda domiciliar per capita. Vale destacar que quanto mais próximo o valor de
um, maior a desigualdade de renda entre os indivíduos.
O Índice de Gini apresentou resultado abaixo da média nacional, de 0,60, em
apenas duas capitais, Curitiba com índice de 0,56, seguida de Goiânia com 0,59
em 2010. A maior desigualdade de renda entre os mais pobres e os mais ricos,
dentre as capitais selecionadas, foi registrada em Recife com 0,68 (FIGURA 4-
009).

FIGURA 4-009 - ÍNDICE DE GINI, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010

1,0

0,5

0,63 0,68
0,62 0,61 0,59 0,61
0,56

0,0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2010) – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


(2013).

Se compararmos a desigualdade na distribuição da renda entre 1991 e 2010,


verifica-se aumento de 1,82% do índice em Curitiba (FIGURA 4-010).

22
FIGURA 4-010 - ÍNDICE DE GINI, EM CURITIBA, 1991/2000/2010

1,0

0,59 0,56
0,55

0,5

0,0

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (1991), (2000) e (2010) – Atlas do Desenvolvimento


Humano no Brasil (2013).

O Atlas de Desenvolvimento Humano tem dentre os indicadores de


vulnerabilidade o percentual de mães chefes de família sem fundamental
completo e com filho menor de 15 anos. No ano de 2010, os menores
percentuais foram registrados em Curitiba, Goiânia e Belo Horizonte. Dentre as
capitais selecionadas destaca-se Manaus, com percentual superior à média
nacional (FIGURA 4-011).

FIGURA 4-011 - PERCENTUAL DE MÃES CHEFES DE FAMÍLIA SEM FUNDAMENTAL E


COM FILHO MENOR DE 15 ANOS EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010

30

20

10 20,34

12,57 12,53 13,47


11,03 10,46
8,97

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2010) – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


(2013).

No período de 1991 a 2010, em Curitiba a representatividade de mães chefes de


família sem fundamental completo e com filho menor de 15 anos cresceu 2,75%
(FIGURA 4-012).

23
FIGURA 4-012 - PERCENTUAL DE MÃES CHEFES DE FAMÍLIA SEM FUNDAMENTAL
COMPLETO E COM FILHO MENOR DE 15 ANOS, EM CURITIBA, 1991/2000/2010

10 9,00 8,97
8,73

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (1991), (2000) e (2010) – Atlas do Desenvolvimento


Humano no Brasil (2013).

Já no Cadastro Único, em julho de 2019, do total de 95.834 mulheres


cadastradas como responsável familiar, 18% (17.593) possuem pelo menos um
filho de até 15 anos e não possuem ensino fundamental completo.
Salienta-se, entretanto, que o indicador não abrange a ocupação dessas
mulheres e nem a composição familiar no sentido da existência de outro membro
da família responsável pelos cuidados com a criança/adolescente. Ainda,
observa-se que o conceito de responsável familiar para o Cadastro Único
significa ser pessoa de no mínimo 16 anos e preferencialmente mulher. (Manual
do Entrevistador do Cadastro Único, 2017).
Trata-se neste aspecto de uma vulnerabilidade em potencial, pois a divisão dos
afazeres domésticos pode prejudicar a formação educacional e profissional
dessas mulheres, e, portanto, é necessária a incidência de políticas públicas nas
áreas da mulher, trabalho, educação e assistência social.
Outro indicador utilizado pelo Atlas é o percentual de jovens (15 a 24 anos) que
não estudam, não trabalham e são vulneráveis em domicílio com renda per
capita inferior a meio salário mínimo vigente em agosto de 2010. Curitiba, Recife
e Porto Alegre apresentam os maiores percentuais, acima da média nacional, de
33,34% (FIGURA 4-013).

24
FIGURA 4-013 - PERCENTUAL DE 15 A 24 ANOS QUE NÃO ESTUDAM, NÃO TRABALHAM
E SÃO VULNERÁVEIS, NA POPULAÇÃO VULNERÁVEL DESSA FAIXA, EM CURITIBA,
BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010
40

30

20
34,02 35,95 34,46 34,55
32,01 32,10 33,43

10

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE/Censo Demográfico 2010; Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

No período de 2000 a 2010, em Curitiba, ainda que este percentual tenha


reduzido 4,64%, continua sendo o maior entre as capitais analisadas (FIGURA
4-014).

FIGURA 4-014 - PERCENTUAL DE 15 A 24 ANOS QUE NÃO ESTUDAM, NÃO TRABALHAM


E SÃO VULNERÁVEIS, EM CURITIBA, 2000/2010

37,70
40 35,95

30

20

10

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2000) e (2010); Atlas do Desenvolvimento Humano no


Brasil (2013).

Ainda, com base no Cadastro Único, Curitiba possui em julho de 2019, um total
de 13.909 pessoas entre 15 e 24 anos que não estudam e não trabalham, com
renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, o que representa 26% do
total de pessoas nesta faixa etária cadastradas no Cadastro Único.

25
Evidencia-se com os dados acima, a necessidade de ampliação da oferta de
serviços, programas e projetos voltados a redução da evasão escolar,
qualificação profissional e oferta de emprego. Fato que corrobora a preocupação
com o indicador é a expectativa de inversão da pirâmide etária, com relação à
razão de dependência. Segundo as projeções do Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES, Curitiba tem em 2019 um
índice de 24% de pessoas idosas dependentes (acima de 60 anos conforme
definido no Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741 de 2003) em comparação a 27,89%
de jovens (0 a 14 anos) na mesma situação. Em 2023, se confirmada a projeção,
a razão de dependência entre jovens e idosos deve se inverter, e passará a
28,19% de idosos e 27,88% de jovens.
A razão de dependência consiste na razão entre o segmento etário da população
definido como economicamente dependente (neste caso, os idosos e jovens) e
o segmento etário potencialmente produtivo (entre 15 e 59 anos de idade).
Valores elevados indicam que a população em idade produtiva deve sustentar
uma grande proporção de dependentes, e, dentre as formas de sustento que se
farão necessárias, destacam-se os encargos assistenciais.
Em 2010, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Curitiba apresentaram os
maiores valores relativos à razão de dependência de idosos, acima da média
nacional, que era de 15,56 (FIGURA 4-015).

FIGURA 4-015 - RAZÃO DE DEPENDÊNCIA DE IDOSOS, EM CURITIBA, BRASIL E


CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010
30

20

22,10
10
17,47 15,92
15,80
12,63 12,87
7,92

0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife

Brasil

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2010); Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013).

26
Entre 2000 e 2010 a razão de dependência de idosos cresceu 29,61% em
Curitiba. No mesmo período, o crescimento no Brasil foi de 17,08% (FIGURA 4-
016).

FIGURA 4-016 - RAZÃO DE DEPENDÊNCIA DE IDOSOS, EM CURITIBA, 2000/2010

20 15,80
12,19

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2000) e (2010); Atlas do Desenvolvimento Humano no


Brasil (2013).

A população idosa é considerada prioritária para atendimento pela Assistência


Social, tendo em vista as peculiaridades e demandas específicas deste grupo
etário, especialmente os idosos vulneráveis e/ ou em situação de
pobreza/extrema pobreza.
Apesar da representatividade do número de idosos na população total, em 2010,
Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte são as capitais que detêm os menores
percentuais de idosos em situação de pobreza. Segundo o Atlas de
Desenvolvimento Humano, são considerados em situação de pobreza os
indivíduos com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo. Os
maiores percentuais foram registrados em Manaus, Belém e Recife estando
acima da média nacional, de 17,21% (FIGURA 4-017).

FIGURA 4-017 - PERCENTUAL DE IDOSOS COM 60 ANOS E MAIS DE IDADE EM


SITUAÇÃO DE POBREZA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010

27
30

20

24,56
10 19,54 18,11

7,94 9,43
6,07 6,12
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2010); Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


(2013).

De 2000 a 2010, em Curitiba, este indicador cresceu 15,84%. Todavia, este dado
deve ser analisado junto com a informação de que no mesmo período o número
total de idosos em Curitiba cresceu 34,49% (FIGURA 4-018).

FIGURA 4-018 - PERCENTUAL DE IDOSOS COM 60 ANOS E MAIS DE IDADE EM


SITUAÇÃO DE POBREZA, EM CURITIBA, 2000, 2010
10

6,07
5,24
5

FONTE: IBGE/Censo Demográfico (2000), (2010); Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


(2013).

O Cadastro Único possui em 2019 45.612 pessoas idosas cadastradas, sendo


que 16.395 possuem renda familiar per capita de até meio salário mínimo,
representando 35% do total de idosos cadastrados. É importante destacar que
de acordo com a projeção do IPARDES a população com 60 anos ou mais, em
Curitiba, em 2019, é de 300.401 pessoas, correspondendo a seis vezes o total
de pessoas idosas cadastradas no Cadastro Único atualmente. Espera-se
assim, um aumento no número de pessoas idosas cadastradas, e potencial

28
público alvo dos serviços da assistência social, caso a qualidade de vida dessa
população não acompanhe a longevidade.
Em relação ao percentual de pessoas acima de 60 anos em situação de
extrema pobreza, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte são as capitais que
se destacam com maiores valores, enquanto Manaus, Belém e Recife
apresentam os menores percentuais, superiores à média nacional, que era de
4,07%.
Cabe destacar que as capitais que apresentam os maiores percentuais de
pessoas idosas em situação de extrema pobreza também se posicionam como
as capitais com maiores percentuais de pessoas idosas em relação ao total da
população, ambos superiores à média nacional (FIGURA 4-019).

FIGURA 4-019 - PERCENTUAL DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE EXTREMA POBREZA COM


60 ANOS OU MAIS DE IDADE, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010

1,0

0,5

15,00 17,32 13,06 13,45


0,0 4,86 4,75 5,23
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

FONTE: MDS/SAGI (Junho de 2019).

É possível analisar a partir do dado acima que, com base no Cadastro Único, um
terço do total dessa população cadastrada é público potencial para acesso ao
Benefício de Prestação Continuada - BPC e, portanto, pode ser considerada em
vulnerabilidade social.
A cobertura das ações voltadas a proteção social no âmbito da política de
assistência social pode ser mensurada através de indicadores que aferem os
percentuais da população que tem acesso aos benefícios de transferência de
renda e demais serviços, programas e projetos desta política.

29
A cobertura dos benefícios de assistência social que compõem o sistema de
proteção social está relacionada ao ODS 1, mais especificamente a meta 1.3 de
“Assegurar para todos, em nível nacional, até 2030, o acesso ao sistema de
proteção social, garantindo a cobertura integral dos pobres e das pessoas em
situação de vulnerabilidade”.
Os benefícios de transferência de renda mais difundidos no país são
provenientes do Programa Bolsa-Família e o BPC, ambos mantidos pelo
Ministério da Cidadania.
O Programa Bolsa-Família é um programa que tem por objetivo contribuir para
o combate à pobreza e à desigualdade no Brasil utilizando-se de três eixos: o
complemento de renda, que é o benefício em dinheiro, transferido diretamente
pelo governo federal, o acesso a direitos, que se dá por meio dos compromissos
das políticas e famílias para garantir o acesso e a permanência nas ações da
educação, saúde e assistência social e a articulação com outras ações a fim de
estimular o desenvolvimento das famílias e contribuir para que elas superem a
situação de vulnerabilidade e pobreza.
Dentre as capitais selecionadas, Curitiba é a capital com menor quantidade de
famílias pobres e extremamente pobres incluídas no Programa Bolsa-
Família, depois de Goiânia. Manaus e Belém por sua vez, são as capitais com
mais famílias beneficiárias (FIGURA 4-020).

FIGURA 4-020 - QUANTIDADE DE FAMÍLIAS POBRES E EXTREMAMENTE POBRES


INCLUÍDAS NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS -
2019

120.000
110.000
100.000
90.000
80.000
70.000
60.000 121.845 124.756
50.000 91.954
40.000
30.000 58.988
20.000 48.197
10.000 30.232 26.953
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas

FONTE: MDS/SAGI (Agosto de 2019).

No período de 2010 a 2019, o número de famílias beneficiárias do Programa


Bolsa-Família teve uma redução de 29% (FIGURA 4-021).
30
FIGURA 4-021 - QUANTIDADE DE FAMÍLIAS POBRES E EXTREMAMENTE POBRES
INCLUÍDAS NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, EM CURITIBA - 2010-2019

50.000 42.747
39.031 37.201
40.000 33.352
30.795 31.236 30.269 31.785 30.232
29.701
30.000

20.000

10.000

FONTE: MDS/SAGI (2010 a 2019).

Como o benefício de transferência de renda do Programa Bolsa-Família está


condicionado à renda familiar per capita, sua cobertura é diretamente
influenciada pela situação econômica em que se encontra o país, razão da
variação encontrada no período expresso no gráfico e de seu crescimento a
partir do ano de 2017.
Em agosto de 2019, Curitiba totalizava 30.232 famílias beneficiárias do
Programa Bolsa-Família. O valor médio do benefício recebido pelas famílias é
de R$ 158,88, o que corresponde a R$ 39.392.946,00 transferidos pelo governo
federal diretamente aos beneficiários com renda familiar per capita mensal de
até R$ 178,00 no período de janeiro a agosto de 2019.
Todavia, no mesmo período, no Cadastro Único havia 41.784 famílias com renda
de até R$178,00 per capita, portanto elegíveis para receberem o benefício do
Programa Bolsa-Família. Em que pese o fato de que a concessão não cabe ao
município, este dado é relevante na medida em que estas famílias apresentam
vulnerabilidades, que acabam sendo atendidas apenas pelos serviços
municipais.
O Benefício de Prestação Continuada – BPC é um benefício assistencial que
garante a transferência mensal de um salário mínimo à pessoa idosa com 65
anos ou mais e à pessoa com deficiência de qualquer idade, inscritos no
Cadastro Único e que comprovem não possuir meios de se sustentar ou de ser
sustentado pela família (renda familiar mensal per capita inferior a um quarto do
salário mínimo), mesmo que não tenha contribuído para a Previdência Social.

31
Dentre as capitais selecionadas, em 2019, Recife, Manaus e Belém se destacam
como as que apresentam maior quantidade de idosos beneficiários do BPC.
(FIGURA 4-022).

FIGURA 4-022 - QUANTIDADE DE IDOSOS BENEFICIÁRIOS DO BPC, EM CURITIBA E


CAPITAIS BRASILEIRAS - 2019

40.000

30.000

20.000 37.696
28.439 28.761
24.038
10.000
15.888 16.156
12.589
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas

FONTE: MDS/SAGI (2019).

Considerando o caráter paliativo (os idosos que acessam o BPC não tiveram
direito a outros benefícios previdenciários) e o critério restritivo utilizado para
acesso ao benefício, este indicador deve ser observado não apenas do ponto de
vista da cobertura do benefício em si, mas também da cobertura dos demais
serviços e benefícios do sistema de proteção social, pois a insuficiência destes
últimos se expressa nos totais do BPC.
Em Curitiba, o número de idosos beneficiários do BPC teve pouca variação no
período de 2015 a 2019, mantendo-se como a terceira cidade com menos
beneficiários dentre as capitais comparadas. O número de idosos beneficiários
do BPC neste período teve queda 0,65%, valor inferior ao crescimento do
número total de idosos no município, de 34,49% (FIGURA 4-023).

32
FIGURA 4-023 - QUANTIDADE DE IDOSOS BENEFICIÁRIOS DO BPC, EM CURITIBA, 2015-
2019

20.000
15.992 16.193 16.158 15.887 15.888
15.000

10.000

5.000

Fonte: MDS/SAGI (2015 a 2019).

Os Idosos com 65 anos ou mais de idade que recebem o Benefício de Prestação


Continuada em Curitiba correspondem a um repasse de R$ 111.826.976,10 aos
beneficiários no período de janeiro a julho de 2019.
Já no caso das pessoas com deficiência, para receberem o benefício de
prestação continuada é necessário ter comprovada a incapacidade para a vida
independente e para o trabalho, além do critério de renda.
Em 2019, Recife, Belém e Manaus são novamente as capitais com maior
quantidade de pessoas com deficiência beneficiárias do BPC. Curitiba, por
sua vez, é a que apresenta o menor número de pessoas com deficiência
beneficiárias do BPC dentre as capitais selecionadas (FIGURA 4-024).

FIGURA 4-024 - QUANTIDADE DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA BENEFICIÁRIAS DO BPC,


EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2019

40.000

30.000

20.000 38.568

25.242 26.960
10.000 22.704
15.378 16.086
12.172
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Capitais Brasileiras Selecionadas

FONTE: MDS/SAGI (2019).

33
Como ocorreu com os idosos beneficiários do BPC, o número de beneficiários
com deficiência pouco variou no período avaliado, e Curitiba se manteve com o
menor valor dentre cidades comparadas (FIGURA 4-025).

FIGURA 4-025 - QUANTIDADE DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA BENEFICIÁRIAS DO BPC,


EM CURITIBA, 2015-2019

15.000
11.945 12.251 12.408 12.207 12.172

10.000

5.000

FONTE: MDS/SAGI (2015 a 2019).

Em julho de 2019, as pessoas com deficiência que recebem BPC em Curitiba


representam um aporte de R$ 85.419.265,56 repassados de janeiro a julho a
esses beneficiários.
Tendo em vista a meta 1.3 do ODS e os indicadores acima se compreende que
Curitiba tem ofertado o acesso ao sistema de proteção social, entretanto a
liberação de benefícios está relacionada a outros critérios, outras políticas
públicas e no caso específico do BPC a governabilidade quanto a sua concessão
corresponde à esfera federal.

4.4.1.3 Risco Pessoal e Social

Consideram-se situações de risco pessoal e social a incidência, ou a


probabilidade de ocorrência, de eventos que devem ser prevenidos ou
enfrentados, como situações de violência intrafamiliar; negligência; maus tratos;
violência, abuso ou exploração sexual; trabalho infantil; discriminação por
gênero, etnia ou qualquer outra condição ou identidade; ou ainda situações que
denotam a fragilização ou rompimento de vínculos familiares ou comunitários,
tais como: vivência em situação de rua; afastamento de crianças e adolescentes

34
do convívio familiar em decorrência de medidas protetivas; atos infracionais de
adolescentes com consequente aplicação de medidas socioeducativas; privação
do convívio familiar ou comunitário de idosos, crianças ou pessoas com
deficiência em instituições de acolhimento ou qualquer outra privação do
convívio comunitário vivenciada por pessoas dependentes (crianças, idosos,
pessoas com deficiência), ainda que residindo com a própria família.
As violações de direitos estão relacionados ao ODS 16 “Promover sociedades
pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o
acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e
inclusivas em todos os níveis”, em especial à meta 16.1, de reduzir
significativamente todas as formas de violência e as taxas de mortalidade
relacionadas, em todos os lugares, inclusive com redução de um terço das taxas
de homicídios de jovens, de negros e de mulheres e, no caso das crianças e
adolescentes, também à meta 16.2, de proteger todas as crianças e
adolescentes do abuso, exploração, tráfico, tortura e todas as outras formas de
violência.
As situações de risco social e pessoal, em especial as relacionadas à
negligência, violência doméstica e/ou outras violências contra crianças,
adolescentes, mulheres e idosos compõem a lista nacional de notificação
compulsória, de forma que sua ocorrência é monitorada através do Sistema
Nacional de Agravos de Notificação - SINAN, mantido pelo Ministério da Saúde
em âmbito nacional.
Os dados aqui analisados se referem ao total de notificações realizadas pelos
serviços situados em Curitiba, o que inclui pessoas residentes ou não na capital
(oriundas da região metropolitana, e outros municípios do Paraná), porém
atendidos no município.
Em 2017 Curitiba apresentava um total de notificações de negligências e
violências contra crianças, adolescentes e jovens até 19 anos superior à
média das capitais selecionadas. No Brasil, essas notificações totalizaram
126.230 (FIGURA 4-026).

35
FIGURA 4-026 - NOTIFICAÇÕES DE NEGLIGÊNCIAS E VIOLÊNCIAS CONTRA CRIANÇAS,
ADOLESCENTES E JOVENS ATÉ 19 ANOS, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS -
2017

8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
7.058
3.000
2.000
1.000 2.289 2.527
1.201 1.278 1.143 1.561
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Capitais Brasileiras Selecionadas

FONTE: Ministério da Saúde/ SINAN NET (2017).

Quando se trata de notificações de violência, os dados precisam ser avaliados


sob dois aspectos: quanto à sua ocorrência, ou seja, os dados totais, e também
quanto ao desvelamento destas situações, tendo em vista que só é possível
tomar conhecimento da ocorrência através da notificação. É consenso que ainda
há muito que se avançar na sensibilização da população e das próprias equipes
que realizam o atendimento direto às vítimas para a necessidade de registrar
não só as situações comprovadas, mas que toda suspeita deve ser reportada e
averiguada. Dessa forma, os dados obtidos relacionados às notificações de
negligência e violência indicam não só a sua ocorrência, mas também a sua
visibilidade e transparência. Em contrapartida, a falta de dados pode indicar não
só a ausência destas ocorrências, mas também o quão veladas essas situações
ainda podem ser.
No período de 2013 a 2015, Curitiba apresentou pouca variação nos totais de
notificações de violência registradas no município, chegando a 31%. A partir do
ano de 2017 o crescimento ficou mais evidente (FIGURA 4-027).
Em Curitiba desde 2003 existe a Rede de Proteção a Criança e ao Adolescente
em Situação de Risco para a Violência, que consiste num conjunto de ações
integradas e intersetoriais, congregando ações de diferentes setores da
Prefeitura Municipal de Curitiba e diversas instituições governamentais e não-
governamentais para prevenir a violência, principalmente a doméstica e sexual,
e proteger a criança e o adolescente em situação de risco para a violência.
Inicialmente voltada ao atendimento de crianças e adolescentes, a Rede de

36
Proteção foi incorporando os segmentos idosos e mulheres vítimas de violência.
A Rede está fundamentada em um sistema de Notificação Obrigatória de toda
forma de violência suspeita ou comprovada contra esses públicos. A partir da
identificação dos sinais de alerta para a possibilidade de estar sofrendo violência,
os casos dos residentes no município passam a ser acompanhados por
profissionais que integram as Redes Locais.

FIGURA 4-027 - NOTIFICAÇÕES DE NEGLIGÊNCIAS E VIOLÊNCIAS CONTRA CRIANÇAS,


ADOLESCENTES E JOVENS ATÉ 19 ANOS, EM CURITIBA, 2013-2017

8.000 7.058
7.000 5.874 6.151
5.702
6.000 5.375

5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0

FONTE: Ministério da Saúde/ SINAN NET (2013-2019).

Em relação a negligência e violência contra idosos, em 2017 Curitiba


apresentava valores superiores às demais capitais selecionadas, seguida de
Belo Horizonte e Recife. No mesmo ano, o Brasil totalizou 20.011 notificações
de negligência e violência contra idosos (FIGURA 4-028).

FIGURA 4-028 - NOTIFICAÇÕES DE NEGLIGÊNCIA E VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS, EM


CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2017

600

500

400

300
502
200 398

100 207
120 133
48 39
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife

Capitais Brasileiras Selecionadas

37
FONTE: Ministério da Saúde/ SINAN NET (2017).

Em Curitiba, o número de notificações de negligência e violência contra idosos


vem apresentando crescimento no período de 2013 a 2017. No tocante a esta
população, o processo de notificação se iniciou depois das crianças e
adolescentes, ganhando expressão à medida que este segmento se torna cada
vez mais representativo, tendo em vista o processo de envelhecimento da
população (FIGURA 4-029).

FIGURA 4-029 - NOTIFICAÇÕES DE NEGLIGÊNCIA E VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS, EM


CURITIBA, 2013-2017

600
502
500
391
367
400
304
300
217
200

100

FONTE: Ministério da Saúde/ SINAN NET (2013 a 2017).

Com relação à Notificação Obrigatória de casos de violência e/ou negligência


percebe-se que Curitiba apresentou números superiores às demais capitais no
que se refere à violência contra o idoso. Porém é preciso ressaltar que há
possibilidade de subnotificação desses casos, inclusive em relação às demais
capitais.
As notificações de violência contra mulheres ocorrem em maior número do
que as notificações de negligência e violência contra idosos, em todas as capitais
selecionadas, com destaque para Curitiba, Recife e Belo Horizonte (FIGURA 4-
030).

FIGURA 4-030 - NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES, EM CURITIBA E


CAPITAIS BRASILEIRAS - 2017

38
2.000

1.500

1.000 1.976
1.790
1.325
500 876
658
274 349
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas

FONTE: Ministério da Saúde/ SINAN NET (2017).

Para atender a mulher vítima de violência, a Prefeitura Municipal de Curitiba


desenvolve, desde 2002, um programa de atenção à mulher em situação de
violência. No decorrer do período analisado, houve um crescimento nas
notificações devido às ações intersetoriais e integradas do município de Curitiba
que resultaram em maior visibilidade ao agravo (FIGURA 4-031).

FIGURA 4-031 - NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES, EM CURITIBA,


2013-2017

1.976
2.000 1.841
1.712
1.469
1.500 1.306

1.000

500

FONTE: Ministério da Saúde/ SINAN NET (2013-2017).

A partir da notificação, por meio de ação intersetorial e integrada, são articulados


o acompanhamento e o monitoramento das vítimas e seus familiares.
Outro público considerado prioritário para atendimento pela assistência social
são os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de
liberdade assistida - LA e de prestação de serviços à comunidade - PSC.

39
Os adolescentes de 12 a 18 anos incompletos, ou jovens de 18 a 21 anos,
autores de ato infracional em cumprimento de medida socioeducativa de
Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade e suas
respectivas famílias demandam o desenvolvimento de uma ação socioeducativa
intersetorial. Partindo-se da concepção de que as medidas socioeducativas
possuem uma dimensão jurídico-sancionatória e uma dimensão ético-
pedagógica, prioriza-se a municipalização dos programas em meio aberto por
meio da articulação de políticas em âmbito local e das redes de apoio nas
comunidades, visando garantir o direito à convivência familiar e comunitária.
Dentre as capitais selecionadas destaca-se Belo Horizonte com valores
superiores às demais, sendo Curitiba a segunda capital com mais adolescentes
atendidos no ano de 2017 (FIGURA 4-032).

FIGURA 4-032 - ADOLESCENTES CUMPRINDO MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS, EM


CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2017

4.000
3.500
3.000
2.500
2.000
1.500 3295

1.000
1665
500 1210 1177
904
362 490
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas

FONTE: MDS/SAGI (Pesquisa de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto de 2018)

Em Curitiba, o número de adolescentes em cumprimento de medidas


socioeducativas apresentou variação de 15% no decorrer do período de 2013 a
2017 9 (FIGURA 4-033).
Independente dos totais de adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa, sua ocorrência indica a necessidade de uma maior atenção e
investimento em ações voltadas a esse público, frequentemente alvo do tráfico
de drogas, exploração e outras formas de violência.

40
FIGURA 4-033 - ADOLESCENTES CUMPRINDO MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS, EM
CURITIBA 2013-2017

2.000
1665
1.527 1.472 1.505
1.447
1.500

1.000

500

FONTE: MDS (Pesquisa de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto 2017) e IMAP


(Relatórios de Gestão 2013 a 2016).

Tratando-se de risco social, destaca-se a situação de rua como decorrência do


rompimento de vínculos familiares e comunitários. As pessoas em situação de
rua são caracterizadas como:

Grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza


extrema, os vínculos familiares fragilizados ou rompidos e a
inexistência de moradia convencional regular. Caracteriza-se pela
utilização de logradouros públicos (praças, jardins, canteiros,
marquises, viadutos) e de áreas degradadas (prédios abandonados,
ruínas, carcaças de veículos) como espaço de moradia e de sustento,
de forma temporária ou permanente, bem como das unidades de
serviços de acolhimento para pernoite temporário ou moradia
provisória. (Decreto federal 7.053, 2009)

Devido às características itinerantes e heterogêneas que esta população


apresenta, obter dados relativos a este segmento é um desafio complexo e
controverso, tanto em relação à quantidade quanto ao perfil.
Os dados utilizados nesta análise são provenientes do Censo SUAS Gestão
Municipal 2016, onde o Ministério da Cidadania indaga aos municípios se há
levantamento do número de pessoas em situação de rua e quantas são. Reitera
a afirmação da dificuldade de obtenção de dados o fato de que na primeira
questão, cerca de 75% das respostas é “não”, ou seja, a maioria dos municípios
não possui levantamento da quantidade de pessoas em situação de rua e,
portanto, não dados para comparação.

41
O mais próximo de um Censo sobre esta população foi realizado em 2009, pelo
então Ministério do Desenvolvimento Social (hoje Ministério da Cidadania), na
pesquisa denominada “I Censo e Pesquisa Nacional sobre a População em
Situação de Rua”, ainda assim, aplicada em 71 cidades e que resultou em 31.922
pessoas contabilizadas. Para esta amostra foram consideradas as cidades com
maior concentração populacional e as capitais, excetuando-se aquelas que já
tinham levantamento semelhante, no caso São Paulo, Belo Horizonte, Porto
Alegre e Recife, razão pela qual, apesar de serem capitais selecionadas, seus
valores não constam no gráfico seguinte (FIGURA 4-034).

FIGURA 4-034 - TOTAL DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO MUNICÍPIO, EM


CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2009

2.000

1.500
2776

1.000

500
563 463
403
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Capitais Brasileiras Selecionadas

FONTE: MDS (Censo e Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, 2009).

Nos dados provenientes do Censo SUAS, em 2016 apenas três capitais


informaram ter levantamento e o número estimado. São elas: Curitiba, com
1.715, Belém com 676, e Manaus com 421 pessoas em situação de rua
identificadas.
Em Curitiba, a série histórica do número de pessoas em situação de rua
informada no Censo apresentou variação de 49%, especialmente devido à
metodologia de coleta de informações utilizada nos anos comparados, pois até
2015 foi utilizado o total de pessoas em situação de rua atendidas e no ano de
2016 foi realizada uma pesquisa municipal sobre a população em situação de
rua em Curitiba (FIGURA 4-035).

42
FIGURA 4-035 - QUANTIDADE DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO MUNICÍPIO, EM
CURITIBA, 2013-2016

4.000 3.491
3.358 3.358

3.000

2.000 1.715

1.000

FONTE: MDS/SAGI (2013-2019).

A partir de 2017 o município vem adotando como referência o número de


pessoas em situação de rua cadastradas no Cadastro Único, que totalizavam
1.549 em dezembro de 2017, sendo 1.048 beneficiárias do Programa Bolsa-
Família.
Com relação à população em situação de rua, a escassez de dados oficiais não
permite afirmar que houve um aumento no número de pessoas nesta condição.
Contudo, os dados do Cadastro Único indicam um aumento do número de
pessoas em situação de rua em Curitiba, haja vista que em julho de 2019 havia
2.294 pessoas nesta situação, e, destas, 1.464 eram beneficiárias do Programa
Bolsa-Família.
Por ter seus vínculos familiares bastante fragilizados e/ou rompidos, a população
em situação de rua é atendida pela assistência social nos Centros de Referência
Especializados de Assistência Social - CREAS, nos Centros Especializados de
referência para População em Situação de Rua - Centros Pop e serviços de
acolhimento institucional, devido à situação de desabrigo.
Os serviços de acolhimento institucional se estruturam segundo o público
atendido, usualmente crianças e adolescentes, idosos, mulheres vítimas de
violência, pessoas com deficiência, adultos e famílias – incluindo-se pessoas em
situação de rua.
Os dados relativos ao número de pessoas em serviços de acolhimento
institucional foram obtidos a partir do Censo SUAS - Acolhimento Institucional
2017, quando os equipamentos públicos e privados que realizam este serviço

43
informaram o total de pessoas acolhidas no serviço no momento do
preenchimento. Entre as capitais selecionadas, destacam-se Belo Horizonte,
Porto Alegre e Curitiba com os totais mais significativos. O Brasil totalizou 8.137
pessoas acolhidas no mesmo período (FIGURA 4-036).

FIGURA 4-036 - TOTAL DE PESSOAS EM SERVIÇO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL


NO MUNICÍPIO, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2017

3.000

2.000

2.599

1.000
1.637 1.769

703 512
411 506
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Capitais Brasileiras Selecionadas

FONTE: MDS/SAGI (2017).


Nota: o total de pessoas considera crianças, adolescentes, idosos, mulheres vítimas de violência,
pessoas com deficiência, adultos e famílias, incluindo-se pessoas em situação de rua acolhidas
no momento do Censo.

A alteração mais significativa neste indicador se refere à composição deste total


de acolhidos, pois em 2013, as crianças e adolescentes eram a maioria,
representando 35% do total de acolhidos, seguidas dos adultos e famílias em
situação de rua e/ou migrantes. Já em 2017, a maioria dos acolhidos eram
pessoas em situação de rua, com 34%, seguido das crianças e adolescentes,
que passaram a representar 31% do total.
Em Curitiba, de 2013 a 2017 observa-se uma redução de 4% no total de pessoas
acolhidas (FIGURA 4-037).

44
FIGURA 4-037 - TOTAL DE PESSOAS EM SERVIÇO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
EM CURITIBA, 2013-2017

2.000 1.873
1.711
1.637
1.534 1.579

1.500

1.000

500

FONTE: MDS/SAGI (2013 a 2017).


Nota: o total de pessoas considera crianças, adolescentes, idosos, mulheres vítimas de violência,
pessoas com deficiência, adultos e famílias, incluindo-se pessoas em situação de rua acolhidas
no momento do Censo.

A partir dos indicadores apontados no decorrer do texto fica evidente a prioridade


de ampliação das ações de cunho preventivo às violações de direitos, em suas
mais variadas formas e com foco nos públicos: infância e juventude, idosos,
pessoas em situação de rua, mulheres e pessoas com deficiência.
Todavia, compreende-se ainda a necessidade de aprimorar a intersetorialidade
entre as políticas públicas municipais a fim de que as famílias sejam atendidas
em sua totalidade de necessidades para o alcance completo das metas do ODS
correlacionadas nesse texto.

4.4.2 A POLÍTICA DE CULTURA

Segundo a lei 14.771 de 2015, a política municipal da cultura tem por objetivo
geral consolidar a dimensão cultural como instrumento para a modificação social
e para o pleno exercício da cidadania.
A Cultura, reconhecida como um direito do cidadão e dever do poder público tem
seu fundamento legal no Artigo 215 da Constituição Federal, fortalecendo-a
como uma política pública. “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
direitos culturais e acesso às fontes de cultura nacional, e apoiará e incentivará
a valorização e a difusão das manifestações culturais”.

45
A cidade de Curitiba, desde o ano de 1974, possui um órgão da administração
indireta, específico para a gestão da política municipal de cultura, a Fundação
Cultural de Curitiba - FCC, que atua em parceria com diversos órgãos da
iniciativa pública, privada e organizações sociais.
O Conselho Municipal de Cultura é atuante desde 2006, fomentando a relação
entre o poder público e a sociedade civil. A cidade possui também o Conselho
do Patrimônio, com duas Câmaras Técnicas: Câmara Técnica do Patrimônio
Histórico, Artístico e Documental e Câmara Técnica do Patrimônio Edificado.
A política de cultura no município conta com uma legislação abrangente e
construída com a participação da sociedade. Constam neste rol leis, decretos,
portarias e instruções normativas, com fácil acesso e disponibilizadas no site da
FCC, bem como seus editais de consulta pública, dentre as quais se destacam
a Lei do Patrimônio Cultural (promulgada em março de 2016, sob o Nº 14.794) e
criação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural - CMPC e do Fundo
Municipal do Patrimônio Cultural - FUNPAC e a Lei de Incentivo à Cultura
promulgada em 1991, implantada em 1993 e revisada com ampla participação
em 2005, deu origem ao Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, uma das mais
importantes ferramentas para a produção cultural da cidade, que opera com
transparência, grande participação e reconhecimento da classe artística.
A Cultura apresenta um caráter reconhecidamente transversal e se constitui
numa importante forma de acesso para superação da pobreza e como
coadjuvante para construção de um desenvolvimento social e econômico
sustentável. Assim, embora não haja dentre os ODS um específico para a
cultura, há possibilidade de realizar aproximações com os ODS existentes, à luz
do previsto no Manual Metodológico: Indicadores UNESCO de Cultura para el
desarrollo:

“En estos momentos en que la comunidad internacional está en vías


de definir una nueva agenda mundial para después de 2015, debemos
lograr que en ella se tenga debidamente en cuenta el poder
transformador de la cultura como motor y catalizador del desarrollo
sostenible” (UNESCO, 2014).

Conforme explicitado na metodologia, a contextualização da Política de Cultura


em Curitiba, assim como das demais políticas públicas que compõem o Plano
Setorial de Desenvolvimento Social, dar-se-á por meio da análise do

46
desempenho de indicadores previamente selecionados, tomando por base
documentos de referência, nos quais constam compromissos acordados
internacionalmente, bem como compromissos e metas pactuados em
conferências e registrados em planos nacionais/municipais ou similares.
Em relação a indicadores para a cultura há uma dificuldade para obter dados
comparáveis entre municípios, sendo a pesquisa que mais se aproxima desta
possibilidade a Pesquisa Básica de Informações Municipais - MUNIC, produzida
pelo IBGE, que teve um suplemento específico para a Cultura no ano de 2014.
Todavia, ela é informativa sobre a existência ou não de estruturas municipais
destinadas à política de cultura, não chegando a quantificar atendimentos ou
tratar de valores a ela relacionados. Ainda, como se trata de pesquisa aplicada
apenas no ano de 2014, não há série histórica, de forma que os dados foram
complementados com informações produzidas pela própria FCC.
Mesmo diante da dificuldade em estabelecer e medir indicadores de impacto na
política de cultura no Brasil há importantes esforços que caracterizam uma busca
por melhor qualificação na estruturação de políticas de cultura. Esses se
relacionam com o formato de gestão que indica maior ou menor compromisso
local com essa política, com a oferta de ações culturais e acesso à população,
com o fomento à produção cultural, e existência de controle social e de
relacionamento com a sociedade, que podem demonstrar o caráter democrático
e de formação de cidadania, papéis imprescindíveis do Estado nessa área.

4.4.2.1 Bens e serviços culturais

No âmbito da política de cultura, a cidade desenvolve programas e projetos para


produção cultural local em cada área da cultura, a saber: artes visuais, cinema,
dança, literatura, música, patrimônio cultural, teatro, circo, moda e gastronomia.
Em todas as linguagens culturais as ações se subdividem em duas vertentes –
a difusão e a formação, proporcionando uma intensa programação de
espetáculos, exposições e atividades e cursos de formação e capacitação nas
diversas áreas de expressão artística oferecidas à população e dirigidas a
públicos de todas as idades.

47
Curitiba conta ainda com a presença de diversas bibliotecas públicas, museus,
teatros e salas de espetáculos, centros culturais, arquivo público, centros de
documentação municipal (especializados na história de Curitiba e em artes
plásticas), cinemas, espaços expositivos, auditórios, salas de exposições, circo
fixo e espaço para circos, casas de leitura e Gibiteca, todos mantidos pela
municipalidade.
No município, característica também de outras capitais, há diversos espaços de
cultura mantidos pelo governo do estado, governo federal e também pela
iniciativa privada, que tem vasta programação em diversos locais da cidade.
A política de cultura do município mantém em seu planejamento anual uma
agenda de grandes eventos, que conta tanto com eventos tradicionais, já
consolidados e que fazem parte do cenário curitibano, quanto com novos
eventos. São mais de 30 grandes eventos realizados pela FCC ou promovidos
por agentes privados e apoiados pela municipalidade por ano.
Essas ações sistemáticas, com calendários que se firmam a cada edição,
apresentam grande potencial tanto na abrangência de público, possibilitando a
ampliação e qualificação da oferta, como para a formação da classe artística,
pois envolvem trocas de experiências e saberes, cursos, palestras, workshops,
congressos com artistas renomados e reconhecidos pela classe. Esse é também
um fator de identidade da cidade, quando consolida e investe nessas ações
estratégicas.
Tais ações, somadas a uma média de 800 ações mensais que acontecem em
espaços da FCC ou tem apoio da política municipal, confirmam a circulação da
cultura nas esferas municipal, estadual, nacional e internacional, movimentando
a área cultural e o mercado editorial, programação visual, design, propaganda,
cinema, artesanato, arquitetura, moda, gastronomia, turismo cultural, dentre
outros, durante todo o ano.
Em relação à diversidade de grupos artísticos existentes no município, a
pesquisa MUNIC no ano de 2014 indagou aos municípios acerca da existência
de grupos artísticos existentes, listando a seguir 20 opções a serem marcadas,
conforme sua modalidade: Teatro, Manifestação tradicional popular, Cineclube,
Dança, Musical, Orquestra, Banda, Coral, Associação literária, Capoeira, Circo,
Escola de samba, Bloco carnavalesco, Artes visuais, Artesanato, Arte digital,
Moda, Gastronomia, Design, Outros. Em todas as capitais, com exceção de

48
Porto Alegre, havia grupos artísticos para cada uma das modalidades nominadas
nesta questão.
Esse potencial mobilizador de várias áreas evidencia a interface da política de
cultura com o desenvolvimento econômico, que ocorre pela via da
movimentação do comércio, de serviços, do turismo, mas sobretudo pela própria
economia da cultura e economia criativa que deve ser fortalecida. É necessário
pensar que se há uma expectativa que vem se realizando, de que a tecnologia
vai substituir milhões de empregos no mundo e há outra expectativa, nem
sempre realizada, de que o ser humano ocupe espaços criativos, que se
desenvolva e não caia na obsolescência, são necessários maiores investimentos
nessa área.
O conjunto das ações ofertadas ou apoiadas pela FCC enriquece a política de
cultura no município, tornando-a bastante abrangente, o que fica demonstrado
através de sua capacidade de atendimento, que apresentou um crescimento
de 45% no período de 2013 a 2018 (FIGURA 4-038).

FIGURA 4-038 - CAPACIDADE DE ATENDIMENTO DAS AÇÕES CULTURAIS OFERTADAS/


APOIADAS PELA FCC, EM CURITIBA – 2013-2018.

2.846.462
3.000.000
2.380.514 2.374.936
2.163.773
1.962.675 1.992.059
2.000.000

1.000.000

FONTE: FCC (2018); IBGE (2010).

O gráfico demonstra o alcance das ações públicas da política de cultura na


cidade de Curitiba. Considerando que a população estimada em 2018 para a
cidade é de 1.917.185 habitantes segundo o IBGE, essa série histórica permite
observar que há uma oferta de ações públicas que pode abarcar toda a
população, inclusive com mais de uma participação. Entre os anos de 2013 e
2018 é possível perceber que há uma estabilidade na capacidade de

49
atendimento, demonstrando que há uma política consolidada e com tendência
de crescimento.
Estes números, todavia, não incluem as participações relativas a variedade de
manifestações culturais reconhecidas como a dos artistas de rua, grandes festas
e apresentações culturais que ocorrem em espaços abertos, atividades e ações
apoiadas pela FCC, além das ações de cultura ofertadas pelo Governo do
Estado, pelo setor privado, por ONGs e os mais variados grupos artísticos
existentes no município e nas diversas linguagens, também não computadas no
gráfico anterior.
Necessário salientar que o número de participações, apesar de demonstrar a
capacidade de atender a cada cidadão curitibano, pode esconder uma grande
fatia de pessoas que não acessam a produção desse bem público, seja pela
questão da pobreza material ou questões subjetivas de exclusão, construídas ao
longo do tempo e produzidas pelas diferenças de classe existentes em nossa
sociedade.
Desta forma, destaca-se a importância do fortalecimento do papel do Estado
diante desse direito constitucional, tanto no acesso à produção cultural
tradicional como no reconhecimento da cultura popular. As ações educativas
nessa área são de grande importância, pois o acesso aliado ao conhecimento
tem poder de romper barreiras, enfrentadas por determinadas classes sociais
alijadas também de outros direitos e que não acessam as diversas políticas
sociais. O acesso concomitante às diversas políticas produz mudanças
significativas e pode proporcionar, a longo prazo, mobilidade social.
De forma indireta, as ações descentralizadas ofertadas/ apoiadas pela FCC
tem impacto no ODS 1 “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em
todos os lugares”, se compreendermos que o acesso ao belo, a espaços de
criatividade, a formação em artes e aos bens culturais produzidos pode ajudar
na formação cidadã e no desenvolvimento de capacidades substantivas que em
última instância desenvolvem o ser humano e proporcionam dignidade.
O gráfico demonstra que mais de 50% das ações estão descentralizadas e
podemos afirmar que há uma tendência ao aumento pela prioridade da ação a
partir de 2017 (FIGURA 4-039).
Diversos esforços estruturantes têm sido implementados. Um dos mais
importantes e que demonstram a consolidação dessa tendência são os editais

50
descentralizados, proporcionando o que foi chamado de Circuito de Difusão
Cultural. Essa ação garante uma oferta qualificada nas áreas de teatro, música,
dança e manifestações culturais, com pelo menos 30 apresentações por regional
(três mensais para cada regional), garantindo acesso ao mesmo conteúdo para
todas as regiões da cidade.

FIGURA 4-039 - PERCENTUAL DE AÇÕES DESCENTRALIZADAS OFERTADAS/APOIADAS


PELA FCC, EM CURITIBA - 2013-2018.

1,0

64% 67%
59% 62%
54% 57%

0,5

0,0

FONTE: FCC (2018).

A descentralização das ações é um dos princípios da política municipal de


cultura, fomentando a circulação e o acesso à arte e a cultura nas Regionais
Administrativas da cidade, inclusive utilizando-se de mais de 500 locais
alternativos (logradouros públicos e espaços parceiros). A descentralização
pode proporcionar o reconhecimento e valorização da diversidade cultural,
sendo que sua consolidação se constitui numa das grandes prioridades da FCC.
Cada região da cidade tem suas especificidades, facilidades e dificuldades para
a oferta e produção de bens culturais, sendo assim a regionalização facilita
pensar os processos de cada local, proporcionando cada vez mais inserção e
inclusão dos cidadãos curitibanos tanto na oferta regionalizada como no acesso
à produção central, onde um percentual dos ingressos são distribuídos nas
escolas, projetos da FAS, SMS E SMELJ dando acesso a diversas pessoas que
usufruem das políticas sociais do município.

4.4.2.2 Diversidade Cultural

51
As ações realizadas em parceria com as demais políticas públicas, em especial
a educação, e voltadas à valorização da diversidade cultural estão relacionadas
ao ODS 4 “Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.”, meta 4.7 de “até
2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades
necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre
outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de
vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma
cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade
cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.”
Valorizar a diversidade cultural, inserindo valores relativos ao respeito e a
igualdade também se relaciona ao ODS 5 “Alcançar a igualdade de gênero e
empoderar todas as mulheres e meninas.”, em especial à meta 5.c, de “Adotar e
fortalecer políticas públicas e legislação que visem à promoção da igualdade de
gênero e ao empoderamento de todas as mulheres e meninas, bem como
promover mecanismos para sua efetivação – em todos os níveis federativos –
nas suas intersecções com raça, etnia, idade, deficiência, orientação sexual,
identidade de gênero, territorialidade, cultura, religião e nacionalidade, em
especial para as mulheres do campo, da floresta, das águas e das periferias
urbanas”.
Em relação à diversidade cultural, a pesquisa MUNIC indagou aos municípios se
promovem, fomentam ou apoiam iniciativa cultural específica para o campo
da diversidade cultural, listando a seguir 13 opções a serem marcadas caso o
município realize ações relativas às seguintes temáticas: pessoa com
deficiência, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, mulheres,
crianças e adolescentes, jovens, pessoas idosas, culturas populares,
comunidades indígenas, comunidades afro-religiosas, comunidades de
descendentes de nacionalidades estrangeiras, comunidades quilombolas,
comunidades ciganas, outras comunidades tradicionais com respostas “sim”
quantificadas (FIGURA 4-040).
Em virtude dos movimentos imigratórios, Curitiba apresenta uma diversidade
étnica que compõe a própria identidade da cidade. Parques, memoriais, bairros,
Unidades de Interesse de Preservação, produção literária e bibliográfica,
culinária, música, dança, artesanato estão por toda a cidade. Festas,

52
celebrações, feiras incluindo as de imigrações recentes são presenças
constantes espalhadas pela cidade, nos tradicionais bairros de ocupação. Esses
espaços e ações são importantes na medida em que preservam e difundem o
patrimônio cultural da cidade.

FIGURA 4-040 - NÚMERO DE TEMÁTICAS ABORDADAS EM INICIATIVAS CULTURAIS


VOLTADAS A PROMOÇÃO DA DIVERSIDADE CULTURAL, EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS – 2014.

FONTE: IBGE (Suplemento Cultura, 2014).

4.4.2.3 Apropriação Social do Patrimônio Cultural

O Patrimônio Cultural pode ser definido como um bem (ou bens) de natureza
material e imaterial considerado importante para a identidade da sociedade
brasileira. Segundo o artigo 216 da Constituição Federal, configuram patrimônio
"as formas de expressão; os modos de criar; as criações científicas, artísticas e
tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; além de conjuntos urbanos e
sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico".
O ODS 11 “tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
resilientes e sustentáveis”, em sua meta 11.4, de até 2030 “Fortalecer as
iniciativas para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do Brasil”

53
reconhece a importância do patrimônio cultural e aponta como indicadores
relevantes a existência de legislação e políticas de patrimônio.
A pesquisa MUNIC monitorou a existência de legislação de proteção ao
patrimônio cultural nos municípios, dividindo-o em patrimônio material e
imaterial. O patrimônio material foi subdividido em patrimônio histórico, artístico,
arqueológico, paisagístico e outros, o que, somado ao patrimônio imaterial,
totalizou seis opções de resposta, com o número de respostas “sim”
quantificadas. (FIGURA 4-041).

FIGURA 4-041 - ÁREAS RELATIVAS AO PATRIMÔNIO CULTURAL (HISTÓRICO,


ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO, PAISAGÍSTICO, IMATERIAL E OUTROS) CONTEMPLADAS
NA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2014.

FONTE: IBGE (Suplemento Cultura, 2014).

Em Curitiba, a gestão do patrimônio cultural tem suas ações concentradas


principalmente em dois órgãos: FCC e Instituto de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba - IPPUC. Ao IPPUC cabe além do acompanhamento de obras
e avaliações de projetos de restauro, o planejamento de programas voltados ao
edificado e às paisagens e conjuntos arquitetônicos, tarefa essa realizada, em
determinadas situações, com o apoio da FCC, que é responsável pelas ações
que envolvem o patrimônio cultural, atuando em três frentes principais:
conservação e preservação, pesquisa e difusão e educação patrimonial.
O acervo do patrimônio cultural do município passa por permanente trabalho de
higienização, conservação e indexação de todos os dados referentes às obras e
aos documentos, permitindo sua disponibilização ao público. O acervo já
catalogado em base de dados é formado por 156.159 itens histórico

54
documentais, localizados no Centro de Documentação Casa da Memória, e
8.329 obras artísticas, pertencentes aos Museus da Gravura, da Fotografia e do
Museu Municipal de Arte - MUMA. O acervo do Museu de Arte Sacra é composto
por 1.580 itens.
A preservação do patrimônio cultural passa necessariamente pelo conhecimento
da importância de determinado bem para uma comunidade. Nesse sentido,
ações de pesquisa e difusão desse patrimônio contribuem para o pertencimento
e a valorização do patrimônio local.
Complementar a esta atuação, os programas de educação patrimonial visam
fornecer subsídios para que a memória seja ativa e imaginativa, para que se
estabeleçam relações, pois os instrumentos de preservação perdem sentido
quando não se obtém a apropriação social do patrimônio, haja vista que é a
sociedade quem deve valorizar a cidade, suas tradições e memórias. Neste
sentido, é preciso que o Patrimônio seja apropriado de forma inovadora e
também criativa, acrescentando outros valores àqueles já existentes.
A partir de 2009 a FCC tem investido na política de patrimônio cultural, buscando
qualificar a gestão do acervo e difusão da educação patrimonial, ampliando o
acesso à história, à memória e ao Patrimônio Cultural do Município.
Este investimento pode ser observado na evolução das ações de preservação,
valorização e difusão do patrimônio material e imaterial (FIGURA 4-042).

FIGURA 4-042 - AÇÕES DE PRESERVAÇÃO, VALORIZAÇÃO E DIFUSÃO DO PATRIMÔNIO


MATERIAL E IMATERIAL, EM CURITIBA, 2013-2018.

700 611
600

500 418
400

300 224 227 239 216


200

100

FONTE: FCC (2013 a 2018).

55
No período de 2013 a 2018 observa-se um crescimento de 173% nessas ações,
que incluem lançamento anual de edital destinado aos inventários e pesquisas
do Patrimônio Imaterial, seminários, exposições, publicações e documentários,
digitalização do acervo e inserção das informações em sistema de dados,
possibilitando a consulta on line, programas voltados para a educação
patrimonial, incluindo-se visitas às exposições históricas e artísticas, roteiros
com temáticas específicas, levando estudantes, turistas e o público em geral a
conhecer a história, a arte e a arquitetura da cidade; processos de tombamento
e registro numa nova perspectiva e conceituação de tratamento das antigas
Unidades de Interesse de Preservação, que passam a ser analisadas em
grandes conjuntos, eixos e roteiros. E ainda um grande programa, denominado
Rosto da Cidade que, entre ações de requalificação de uma área de 2 km² no
centro antigo da cidade, prevê a pintura, o despiche e a recuperação de mais de
duas centenas de imóveis históricos e o restauro de monumentos públicos
localizados em praças.

4.4.2.4 Cultura e desenvolvimento

O ODS 8 preconiza “promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e


sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos”.
A meta 8.3 prevê “a promoção de políticas orientadas para o desenvolvimento
que apoiem as atividades produtivas, geração de emprego decente,
empreendedorismo, criatividade e inovação, e incentivar a formalização e o
crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio de
acesso a serviços financeiros”. Isto posto, leva a meta 8.9, do mesmo ODS, que
é, “até 2030, elaborar e implementar políticas para promover o turismo
sustentável, que gera empregos e promove a cultura e os produtos locais”.
Na pesquisa MUNIC, foi indagado se o município desenvolve programa ou ação
de promoção do turismo cultural, a partir de quatro possibilidades de resposta:
formação de guias e roteiros, divulgação de atrações, calendário de festividades
e/ ou eventos e outro com diversidade das ações voltadas à promoção do turismo
cultural, a partir da soma de respostas “sim” às possibilidades de ações
desenvolvidas listadas na pesquisa (FIGURA 4-043).

56
FIGURA 4-043 - NÚMERO DE AÇÕES VOLTADAS À PROMOÇÃO DO TURISMO
CULTURAL, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2014.

FONTE: IBGE (Suplemento Cultura, 2014).


Nota: foram computadas ações em implantação ou em execução pelo município.

Além do potencial de mobilização, outro fator que contribui para a oferta de ações
da cultura é a capacidade de atração de investimentos privados. Apoiar,
patrocinar e ofertar ações culturais gera valor agregado às marcas. Faz parte da
formação da identidade de alguns setores produtivos se associarem à cultura e
também às questões ambientais, sendo esse um valor cada vez mais profundo,
na medida em que a população vai se conscientizando da importância desses
temas como um direito fundamental e para todos. Pode-se afirmar que é fator de
distinção, o que pode se constituir num grande atrativo, permitindo a captação
de recursos. No entanto, é necessário ressaltar a importância do setor público
nessa área para aumentar o acesso à arte e cultura, reconhecidas como bens
públicos.
A atração de investimentos privados dentro de um contexto inclusivo e criativo
está relacionada ao ODS 8, na meta 8.3 de “promover políticas ordenadas para
o desenvolvimento, que apoiem as atividades produtivas, geração de emprego
decente, empreendedorismo, criatividade e inovação, e incentivar a formalização
e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do
acesso a serviços financeiros”
Curitiba tem um sistema misto de financiamento da cultura, com orçamento
direto, bem como com renúncia fiscal. A lei Municipal de Incentivo à Cultura tem

57
como base a renúncia fiscal de até 2% da arrecadação de Imposto Predial e
Territorial Urbano – IPTU e Imposto Sobre Serviço – ISS.
A seleção dos projetos que contam com o apoio do Fundo e do Mecenato14 é
realizada por meio de editais públicos, com ampla participação social de
entidades ligadas à cultura, da comunidade e da classe artística. Esse formato
possibilita a democratização e assume um caráter republicano diante do
financiamento da produção cultural da cidade, permite o acesso à diversidade
cultural e amplia a oferta, permitindo que novos públicos acessem ações
culturais por meio da contrapartida obrigatória que retorna para a sociedade. Há
ainda editais específicos para profissionais iniciantes, demonstrando um avanço
na busca de simetria entre a classe artística (FIGURA 4-044).

FIGURA 4-044- PERCENTUAL DE RECURSOS CAPTADOS EM RELAÇÃO AO TOTAL


DISPONIBILIZADO PELO MECENATO SUBSIDIADO/PAIC, EM CURITIBA, 2008-2018.

FONTE: FCC (2008 a 2018); SMF (2008 a 2018).

Importante salientar que o conjunto dos diferentes programas e projetos da


política cultural apresenta um grande potencial econômico. Os editais da Lei
Municipal de Incentivo, seja pela Captação de Recursos ou Fundo Municipal,
mobilizam milhões todos os anos fortalecendo a economia criativa e da cultura.
Em 2018 o montante foi de R$18.635.000,00.
A produção cultural é um atrativo para a juventude e pode ser pensada, em
conjunto com as demais políticas municipais, para o alcance do ODS 8, meta
8.6, “de reduzir substancialmente a proporção de jovens sem emprego,
educação ou formação”. A Agência Curitiba, Instituto Municipal de Turismo, e as
ações de mobilização para o mundo do trabalho da Assistência Social são

14
Mecenato consiste no incentivo e patrocínio de artistas e literatos, e mais amplamente, de atividades artísticas e
culturais.

58
potenciais atores da administração pública municipal para integração diante
desse imenso desafio. Algumas ações já são ofertadas na cultura em especial
na área de formação.
A pesquisa MUNIC abordou a temática da capacitação livre ou profissionalizante
em atividades típicas da cultura, listando 14 opções de cursos de formação
promovidos pelo município: artes plásticas, artesanato, cinema, circo, dança,
fotografia, literatura, música, teatro, vídeo, manifestações tradicionais populares,
patrimônio, conservação e restauração, gestão cultural, outras, com o número
de respostas “sim” quantificado (FIGURA 4-045).

FIGURA 4-045 - CURSOS DE CAPACITAÇÃO LIVRE OU PROFISSIONALIZANTE EM


ATIVIDADES TÍPICAS DA CULTURA, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2014.

FONTE: IBGE (Suplemento Cultura, 2014).

Os cursos da FCC têm duração anual e são ofertados nas regionais em parceria
com profissionais de todas as áreas de atuação. Fazem parte desse rol os
workshops, mesas redondas, palestras, trocas de experiências (FIGURA 4-046).
O gráfico demonstra variação no número de ações de capacitação e formação
na área artística com destaque para o ano de 2016, quando houve alteração na
metodologia de contagem, porém foi descontinuada no ano seguinte, para dar
possibilidade às séries históricas.

59
FIGURA 4-046 - NÚMERO DE AÇÕES DE CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA
NAS DIVERSAS ÁREAS ARTÍSTICAS, INCLUINDO AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
POPULARES E AS NOVAS LINGUAGENS CULTURAIS OFERTADAS PELA FCC, EM
CURITIBA, 2013-2018.

FONTE: FCC (2013 a 2018).

Importante ressaltar que esse número se refere a cursos ofertados somente para
os cidadãos, haja vista que os servidores do município participam de outros tipos
de capacitação.
Essa é uma área que tem grande potencial de crescimento com aproximação
das universidades por meio de projetos de extensão universitária nas diversas
áreas do conhecimento.
A política de cultura vem se ressignificando ao longo do tempo, e devido a sua
transversalidade, tem capacidade enorme de crescimento no que diz respeito ao
papel do poder público. É uma política social que tem ações cotidianas em
parceria com as demais políticas sociais, que compõem o Plano Setorial de
Desenvolvimento Social e materializa-se, sobretudo, nas atividades
descentralizadas que acontecem nas administrações regionais, onde as
unidades integrantes das políticas de saúde, da assistência social, esporte e
lazer, ações da segurança alimentar, habitação e fortemente na educação estão
movimentando o vasto mundo da cultura.
Neste sentido, constituem-se prioridades intensificar as ações de Cultura em
espaços de circulação, em especial nos Parques e Praças da cidade e, ainda na
esteira da democratização do acesso, cultivar o princípio da diversidade em
todas as ações da FCC, na perspectiva do fortalecimento do direito à cultura com
prioridade para juventude e velhice, contribuindo com a construção de uma
cidade inclusiva em busca da coesão social.
60
Alguns desafios se apresentam para o aperfeiçoamento da descentralização
como o mapeamento e identificação de todos os espaços que a política de
cultura tem ou se utiliza para as suas ações e apresentações, a construção de
perfis culturais, vocações institucionais como as comunidades tradicionais
existentes no território; identificar, fomentar e estimular as manifestações e
festas populares das Regionais; a formulação de Planos Regionais integrados
(equipamentos da cultura e intersetoriais) com objetivos e metas que atendam
as especificidades de cada região; ter um projeto integrado com a Urbanização
de Curitiba S/A - RBS para o transporte das pessoas, hoje amplamente Utilizado
com as cotas sociais, mas que necessitam de ajustes, e a identificação de
possíveis parceiros como Instituições de Ensino Superior ou polos de ensino
existentes nas Regionais.
Da mesma forma, fortalecer o orçamento da Política de Cultura, do Fundo
Municipal de Patrimônio, viabilizando as ações diretas da FCC e novos editais e
projetos da iniciativa privada, inclusive atualizando a Lei de Incentivo para
fortalecer o Fundo Municipal de Cultura.
A partir do reconhecimento da importância do patrimônio cultural como
repositório da identidade da cidade, o estímulo ao reconhecimento e a
apropriação das referências culturais da memória, bem como conservar e
preservar os bens culturais e patrimoniais é outra prioridade do município para
os próximos anos.
Em sua atuação, a FCC conta com o apoio e a cooperação técnica dos seguintes
órgãos e entidades: Conselho de Arquitetura e Urbanismo – PR, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Câmara Municipal de Curitiba, Tribunal
Regional Eleitoral, além de secretarias e órgãos municipais, como Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e IPPUC, e visando consolidar esta atuação,
também é uma das prioridades implantar um centro de pesquisa e difusão de
trabalhos relacionados ao patrimônio cultural na forma de cursos, seminários e
publicações, por meio de parceria PMC- FCC – UTFPR e École de Chaillot.

4.4.3 A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO

61
Segundo a Lei Nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal de educação tem o dever de garantir o direito ao acesso, à
permanência e à qualidade na educação, conforme as diretrizes, metas e
estratégias contidas no Plano Nacional de Educação - PNE e seus anexos, com
vistas ao exercício e ampliação da cidadania. No Município a gestão desta
política é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação - SME
O atual Sistema Educacional Brasileiro fundamenta-se, basicamente, em três
textos legais: na Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em
1988; na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei N° 9.394/96) e
ainda no Plano Nacional de Educação (Lei N° 13.005/2014). No município
baseia-se, também, no Plano Municipal da Educação (Lei Nº 14.681/2015).
Segundo a Constituição Federal, a educação constitui um direito social que visa
o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania
e sua qualificação para o trabalho. Delimita competências e atribuições, regula
o financiamento e define princípios como pluralismo, liberdade e gestão
democrática.
Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB tem por
finalidade ajustar os princípios enunciados na Constituição Federal para a sua
aplicação. Define a educação como atribuição da família e do Estado, inspirada
nos princípios de liberdade e solidariedade humana. Define, também, a pré-
escola e o Ensino Fundamental como prioritários e gratuitos, além dos níveis e
modalidades que compõem a Educação Nacional e sua forma de organização:
Educação Básica, que abrange Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino
Médio; e a Educação Superior. Delimita, ainda, as competências e
responsabilidades de cada ente federado (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) na oferta da educação em seus diferentes níveis e modalidades,
destacando que eles deverão organizar, em regime de colaboração, seus
respectivos sistemas de ensino. Prioritariamente, compete aos municípios a
Educação Infantil e o Ensino Fundamental; ao Estado, assegurar o Ensino
Fundamental e oferecer prioritariamente o Ensino Médio; à União à organização
do Sistema de Ensino Superior e apoio técnico e financeiro aos demais entes
federados.
No âmbito do município, o Conselho Municipal de Educação de Curitiba - CME,
instituído pela Lei Nº 6.763/2015, alterada pela Lei Nº 12.081/2006, exerce

62
funções normativas, consultivas, deliberativas, fiscalizadoras e de controle social
sobre as instituições de educação básica públicas municipais, garantindo a
participação da sociedade na gestão da educação.
A contextualização da política de educação em Curitiba, assim como das demais
políticas públicas que compõem o Plano Setorial de Desenvolvimento Social,
dar-se-á por meio da análise do desempenho de indicadores previamente
selecionados, tomando por base documentos de referência, nos quais constam
metas acordadas internacionalmente, bem como metas nacionais pactuadas em
conferências e registradas em planos nacionais e municipais ou similares.

4.4.3.1 Educação Infantil

De acordo com o artigo 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LBD N° 9.394/96), a Educação Infantil, considerada como “primeira etapa da
Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de
até cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade”.
A Educação Infantil abrange o atendimento de crianças na faixa etária de zero a
3 três anos em creches, e de crianças de quatro e cinco anos em pré-escolas.
Com a promulgação da Lei Nº 12.796/2013, o controle da frequência de crianças
a partir de quatro anos, pela instituição de ensino, passou a ser obrigatória,
sendo exigida a frequência mínima de 60% da carga horária total (Lei Nº
12.796/2013, Artigo 31).
O Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 4 determina que seja assegurada
educação inclusiva, equitativa e de qualidade, bem como a promoção de
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Estabelece, em
sua Meta 4.2, que seja assegurada até 2030 “a todas as meninas e meninos o
desenvolvimento integral na primeira infância, acesso a cuidados e à educação
infantil de qualidade, de modo que estejam preparados para o ensino
fundamental”.
A Meta 1 do Plano Nacional da Educação - PNE (2014 - 2024), que trata da
Educação Infantil, prevê “Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-
escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de

63
educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta
por cento) das crianças de até três anos até o final da vigência deste PNE” (Lei
Nº 13.005/2014). Reformulada no Plano Municipal da Educação de Curitiba (Nº
2015 – 2025) determina o “atendimento de 100% das crianças de até três anos,
preferencialmente na rede pública, até 2025” (Lei Nº 14.681/2015).
As taxas de frequência da população de quatro e cinco anos e de zero a três
anos a creches ou escolas são os indicadores que possibilitam verificar a
situação do atendimento na Educação Infantil frente às metas vigentes.
No tocante à frequência da população de quatro e cinco anos a creches ou
escolas, dentre as capitais analisadas, Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Belém
estão acima da média brasileira, de 80,1% (FIGURA 4-047).

FIGURA 4-047 - TAXA DE FREQUÊNCIA DA POPULAÇÃO DE 4 E 5 ANOS A CRECHES OU


ESCOLAS, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010.
100
90
80
70
60
50
86,9 84,6 89,6
40 83,5
74,7
67,5
30 61,8
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE (2010).

Segundo dados produzidos pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná -


SEED, com base em Projeções Populacionais (tabulações especiais) do
IPARDES e dados do Censo Escolar, coordenado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas - INEP, órgão do Ministério da Educação - MEC, em 2016,
92,33% da população de quatro e cinco anos estava matriculada em Curitiba.
No que diz respeito à frequência da população de zero a três anos a creches
ou escolas, dentre as capitais selecionadas, apenas Curitiba, Recife, Belo
Horizonte e Porto Alegre obtiveram resultados acima da média nacional no ano

64
de 2010, de 23,6%. Em ordem de grandeza, essas capitais apresentaram os
seguintes resultados percentuais: 39,3; 35,4; 34,8 e 30,1 (FIGURA 4-048).

FIGURA 4-048 - TAXA DE FREQUÊNCIA DA POPULAÇÃO DE 0 A 3 ANOS A CRECHES OU


ESCOLAS, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010.

40

30

20 39,3
34,8 35,4
30,1

10 22,2
18,5
13,1

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE (2010).

De 2000 para 2010, Curitiba apresentou crescimento acima de 100% na taxa de


frequência da população de zero a três anos em creches ou escolas, saltando
de 18,3% para 39,3% (FIGURA 4-049).
Também conforme dados produzidos pela SEED, com base em Projeções
Populacionais (tabulações especiais) do IPARDES e dados do Censo Escolar
realizado pelo INEP, em 2016 45,0% da população de zero a três anos estava
matriculada em Curitiba.

FIGURA 4-049 - TAXA DE FREQUÊNCIA DA POPULAÇÃO DE 0 A 3 ANOS A CRECHES OU


ESCOLAS EM CURITIBA (2000-2010).
80

70

60

50
39,3
40

30
18,3
20

10

65
FONTE: IBGE (2010).

Considerando-se as metas correntes para o atendimento à população de zero a


cinco anos na Educação Infantil, no município os dados apresentados
demonstram avanços no período analisado, tanto no atendimento à população
de quatro e cinco anos que, já em 2016, encontra-se muito próxima da
universalização; quanto no atendimento à população de zero a três anos, ainda
que para este último permaneça o desafio de atingir a meta de 100% firmada no
Plano Municipal de Educação – PME de Curitiba (2015).
Para ampliar a oferta de vagas na Educação Infantil, em atendimento às metas
postas nos documentos citados, várias ações têm sido realizadas pela Rede
Municipal de Ensino - RME de Curitiba. Nos anos de 2017 e 2018 foram
colocados em funcionamento doze Centros Municipais de Educação Infantil -
CMEIs. Para reduzir a demanda por vagas, a PMC tem uma nova proposta de
contratação de instituições privadas ou comunitárias que atenderão,
prioritariamente, crianças de zero a três anos de idade a partir de 2020.
As vagas devem contemplar a execução de todas as atividades e serviços
necessários ao bom atendimento às crianças encaminhadas pelo município. A
contratação prevê 6,4 mil vagas, mantendo assegurado o atendimento das
crianças que já estão matriculadas em instituições contratadas.
Está previsto atendimento, integral ou meio período, à criança que aguarda por
matrícula na RME e a gratuidade total, sendo vedada a cobrança, por parte da
unidade, de qualquer valor financeiro das famílias.

4.4.3.2 Ensino Fundamental e Médio

O direito ao Ensino Fundamental está previsto no artigo 3° LDB N° 9.394/96 que


estabelece “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola,
qualidade da educação ofertada, juntamente com princípios que promulgam o
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, a igualdade, a liberdade para
aprender e ensinar, a convivência entre instituições públicas e privadas, dentre
outros”.

66
O Ensino Médio, definido na LDB como a etapa final da educação básica, tem
duração mínima de três anos e é voltado ao atendimento da população jovem
com idade entre 15 e 17 anos, com forte papel na formação para a cidadania e
para o trabalho. O mercado de trabalho também exerce forte pressão no sistema
educacional, uma vez que passa a exigir maiores níveis de instrução nos vários
ramos de ocupação.
A Meta 4.1 do ODS 4 prevê “Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos
completem o Ensino Fundamental e Médio, equitativo e de qualidade, na idade
adequada, assegurando a oferta gratuita na rede pública e que conduza a
resultados de aprendizagem satisfatórios e relevantes”.
Nessa perspectiva, destacam-se entre as metas dos Planos Nacional e
Municipal de Educação: a Meta 2, referente ao Ensino Fundamental, que intenta
“Universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda a população de
seis a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa
na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE”; a Meta 3,
relacionada ao Ensino Médio, que propõe “Universalizar, até 2016, o
atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final
do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio
para 85%”; e a Meta 7, que corresponde à Qualidade da Educação Básica/Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB e determina “fomentar a
qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria
do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias
nacionais para o IDEB: 6,0 nos anos iniciais do Ensino Fundamental; 5,5 nos
anos finais do Ensino Fundamental; 5,2 no Ensino Médio”.
As taxas de escolarização líquida de pessoas de seis a 14 anos matriculadas no
Ensino Fundamental e de pessoas de 15 a 17 anos matriculadas no Ensino
Médio, bem como os resultados do IDEB para os anos iniciais (4ª série/5º ano)
e anos finais (8ª série/9ºano) do Ensino Fundamental são os indicadores
utilizados para posicionar o atendimento no Ensino Fundamental e Médio face
às metas atuais.
A taxa de escolarização líquida de pessoas de seis a 14 anos matriculadas
no Ensino Fundamental expressa o percentual de pessoas matriculadas na
idade ou faixa etária adequada a esse nível em relação à população nesta faixa
etária. Em 2010, Curitiba apresentou entre as capitais selecionadas a maior taxa,

67
superando os 100%, seguida de Belo Horizonte, Manaus e Porto Alegre, que
ultrapassaram a taxa nacional, de 92,76% (FIGURA 4-050).

FIGURA 4-050 - TAXA DE ESCOLARIZAÇÃO LÍQUIDA DE PESSOAS DE 6 A 14 ANOS


MATRICULADAS NO ENSINO FUNDAMENTAL, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS
BRASILEIRAS - 2010.
110
100
90
80
70
60
50 101,86 103,05
96,48 95,93
85,23 88,80 89,59
40
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE (2010); INEP (Censo Escolar, 2010).

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD realizada pelo


IBGE, em 2013, Curitiba, Belo Horizonte e Recife apresentam os maiores
percentuais de pessoas de seis a 14 anos que frequentam ou já concluíram o
Ensino Fundamental, resultado próximo da média do Brasil, 98,4 (FIGURA 4-
051).
FIGURA 4-051 – PERCENTUAL DE PESSOAS DE 6 A 14 ANOS QUE FREQUENTAM OU
QUE JÁ CONCLUÍRAM O ENSINO FUNDAMENTAL (TAXA DE ESCOLARIZAÇÃO LÍQUIDA
AJUSTADA), EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS -2013

100
90
80
70
60
50 96,10 97,60 97,60 96,40 94,20 96,60 97,10
40
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil
.
FONTE: IBGE/PNAD (2013).

A partir do Censo Demográfico de 2010, o IPARDES projetou, para 2016, uma


população de 230.047 indivíduos em idade entre 6 seis e 14 anos. Conforme

68
dados do Censo Escolar, em 2016, Curitiba apresentava 205.693 estudantes
desta faixa etária matriculados no Ensino Fundamental ou Médio Regular,
gerando um percentual de frequência de 89,4%.
A taxa de escolarização líquida de pessoas de 15 a 17 anos matriculadas
no Ensino Médio expressa o percentual de pessoas matriculadas neste nível
de ensino, na idade ou faixa etária teoricamente adequada, em relação à
população na mesma faixa etária. Em 2010, Curitiba apresentou entre as capitais
a maior taxa, superando Goiânia, Belo Horizonte, Recife e a taxa nacional, de
50,98% (FIGURA 4-052).

FIGURA 4-052 - TAXA DE ESCOLARIZAÇÃO LÍQUIDA DE PESSOAS DE 15 A 17 ANOS


MATRICULADAS NO ENSINO MÉDIO EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS -
2010.
80
70
60
50
40 75,56
65,04 67,09
30 58,70
53,69
20 45,65 42,93
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

FONTE: IBGE (2010); INEP(Censo Escolar, 2010).

Ainda segundo dados da PNAD, em 2013 Curitiba, Goiânia e Belo Horizonte


apresentaram os maiores percentuais de população de 15 a 17 anos que
frequentam o Ensino Médio ou possuem a educação básica completa, resultados
acima da média nacional, 55,3% (FIGURA 4-053).

FIGURA 4-053 - PERCENTUAL DA POPULAÇÃO DE 15 A 17 ANOS QUE FREQUENTAM O


ENSINO MÉDIO OU POSSUI EDUCAÇÃO BÁSICA COMPLETA, EM CURITIBA, BRASIL E
CAPITAIS BRASILEIRAS - 2013.

69
60

50

40

30 58,80 58,50
55,40
47,30 49,70
44,30 42,40
20

10

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE/PNAD (2013).

Segundo dados de projeção do IPARDES, a população de 15 a 17 anos, em


2016, era de 84.525 pessoas. A análise do Censo Escolar para o mesmo ano
demonstra um total de 58.447 estudantes desta faixa etária matriculados no
Ensino Médio Regular, o que representa um percentual de 69,15% da população
em análise.
O artigo 32 da LDB 9.394/96, que trata do Ensino Fundamental com duração de
nove anos, estabelece como objetivo a formação básica do cidadão pautada no
desenvolvimento da capacidade para aprender, por meio do pleno domínio da
leitura, da escrita e do cálculo.
Criado em 2007, o IDEB orienta as políticas públicas para uma educação de
qualidade e reúne informações calculadas a partir de dados referentes à
aprovação escolar e à média de desempenho nas avaliações do Sistema de
Avaliação da Educação Básica - SAEB.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em 2017, Curitiba e Belo Horizonte
apresentam IDEB de 6,4, o maior índice entre as capitais, superando a meta
projetada pelo INEP de 6,2, seguidas de Goiânia e Manaus (FIGURA 4-054).

FIGURA 4-054 - IDEB, ANOS INICIAIS (4ª SÉRIE/5º ANO) NA REDE PÚBLICA (FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL), EM CURITIBA E CAPITAIS - 2017.

70
10
9
8
7
6
5
4 6,2
3 6,4 6,2 6,4 5,9 5,6 5,9 5,3
4,8 4,9 4,9 5,5 5 4,9
2
1
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Recife
Horizonte Alegre

Ideb Observado Metas Projetadas

FONTE: MEC/INEP (2017).

Na série histórica das avaliações com início em 2007, Curitiba parte de 5,1,
alcançando 6,4 em 2017 (FIGURA 4-055).

FIGURA 4-055 - IDEB, ANOS INICIAIS (4ª SÉRIE/5º ANO) NA REDE PÚBLICA (FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL), EM CURITIBA - 2007/2009/2011/2013/2015/2017.
7 6,3 6,4
5,7 5,8 5,9
6
5,1
5

Ideb Observado Metas Projetadas

FONTE: MEC/INEP (2007 a 2017).

Verificando o histórico e metas do IDEB para a rede pública de Curitiba verifica-


se, para os anos iniciais, uma tendência de crescimento, com taxas acima da
meta estabelecida pelo INEP.
Nos anos finais do Ensino Fundamental, em 2017, Goiânia supera a meta de 4,7
com IDEB 5,3, o maior índice entre as capitais, seguido de Curitiba e Manaus,
embora Curitiba não tenha alcançado a meta projetada de 5,2 (FIGURA 4-056).

71
FIGURA 4-056 IDEB, ANOS FINAIS (8ª SÉRIE/9º ANO) NA REDE PÚBLICA (FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL), PARA CURITIBA E CAPITAIS - 2017.
10

4
4,8 5,2 5,3 4,7
2 4,6 4,5 5,1 4,7 4,2
3,9
4,7 4,4 4
3,5

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Recife
Horizonte Alegre

Ideb Observado Metas Projetadas

FONTE: MEC/INEP (2017).

Na série histórica das avaliações com início em 2007, Curitiba mantém o mesmo
resultado até 2013, 4,1, saltando para 4,8 em 2017 (FIGURA 4-057).

FIGURA 4-057 - IDEB, ANOS FINAIS (8ª SÉRIE/9º ANO) NA REDE PÚBLICA (FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL), EM CURITIBA 2007/2009/2011/2013/2015/2017.
6

4 4,6 4,8
4,1 4,1 4,1 4,1
3

Ideb Observado Metas Projetadas

FONTE: MEC/INEP (2007 a 2017).

Complementando o acompanhamento do processo pedagógico desenvolvido


nas unidades educacionais, realizado pelo Departamento de Ensino
Fundamental e Núcleos Regionais da Educação, a Secretaria Municipal da
Educação de Curitiba realiza diversas ações com o objetivo de acompanhar,
redimensionar e desenvolver estratégias que viabilizem uma educação municipal
de qualidade.
Nessa perspectiva, implementou a Prova Curitiba, um sistema de avaliação
formativa de larga escala aplicada nas turmas do 2° ao 9° ano do Ensino

72
Fundamental. Os estudantes são avaliados nas áreas de língua portuguesa,
incluindo produção de texto, e matemática.
Elaborada pela equipe do Departamento de Ensino Fundamental da SME, a
avaliação articula os conteúdos previstos nos componentes curriculares com as
habilidades previstas para cada ano.
Os resultados da Prova Curitiba são amplamente discutidos pelas equipes
pedagógicas e permitem a análise do processo pedagógico, apontando questões
sobre planejamento e currículo, favorecendo reflexões sistemáticas sobre
metodologias e estratégias de ensino.
O Programa Transformando Realidades: Equidade na Educação oferece
tratamento diferenciado para 92 unidades educacionais que apresentam
necessidades de estratégias diferenciadas para garantir a aprendizagem dos
estudantes. Atualmente o programa é desenvolvido em 46 escolas municipais e
46 CMEIs.
Para inserção das unidades educacionais no programa são considerados os
fatores econômicos, políticos e sociais que interferem no percurso escolar dos
estudantes. As escolas participantes recebem valor adicional de 10% no repasse
do Fundo Rotativo e os CMEIs 5%.
Para o desenvolvimento das atividades, os professores passam por formação
específica e contam com um projeto diferenciado de apoio pedagógico para
ministrar as aulas que acontecem no contraturno.
No que se refere aos resultados do programa, das 35 escolas avaliadas em 2017
pelo IDEB, 28 aumentaram o índice de desempenho em relação a 2015 e 68%
delas superaram as metas definidas pelo Ministério da Educação. Das dez
escolas da Rede Municipal de Ensino de Curitiba com maior crescimento no
IDEB, seis participam do programa, conforme índice divulgado em 2018.
No âmbito da SEED é realizada a Prova Paraná, uma avaliação aplicada aos
estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino
Médio, nas áreas de língua portuguesa e matemática, analisando o
conhecimento e a proficiência dos alunos em cada ano.
Elaborada pela SEED e com caráter diagnóstico, é aplicada na Rede Pública de
Educação do Estado do Paraná com o objetivo de identificar dificuldades não
superadas e habilidades adquiridas no processo de ensino e aprendizagem,

73
permitindo ao professor o acompanhamento individualizado do aprendizado dos
alunos.
Assim como ocorre com a Prova Curitiba, os dados são analisados e os
resultados possibilitam à SEED a organização, o planejamento e a definição de
estratégias de ensino em consonância com as situações encontradas, servindo
de base para a organização do trabalho pedagógico nas escolas.
Diante das metas previstas no ODS 4 e Planos Nacional e Municipal de
Educação para o Ensino Fundamental e Médio, no tocante ao acesso e
conclusão na idade certa, a análise dos indicadores permite constatar oscilação
da taxa de escolarização líquida de seis a 14 anos, entre 90% e 100%,
mantendo-se próxima da meta.
No Ensino Médio, a universalização do atendimento escolar para a população
de 15 a 17 anos apresenta-se como uma meta ousada e de difícil alcance,
exigindo dos entes federados políticas públicas inclusivas que favoreçam o
acesso, a permanência e a conclusão desta etapa de ensino.
O IDEB nos anos iniciais do Ensino Fundamental ultrapassa, desde 2015, a meta
prevista no PNE e PME para 2021 (6,0), a mesma projetada pelo INEP. Nos
anos finais do Ensino Fundamental, até 2011, Curitiba alcança as metas
projetadas pelo INEP; contudo, segue distante da meta prevista no PNE e PME
para 2021 (5,5).
Na esfera Ensino Médio, até 2015, os resultados eram obtidos a partir de uma
amostra de escolas. Em 2017, o Saeb passou a ser aplicado a todas as escolas
públicas. O índice obtido em Curitiba foi de 3,9. Como foi a primeira edição de
divulgação, não existe meta projetada para 2017. Se comparada com a média
brasileira, Curitiba está 0,1 acima da média do país.

4.4.3.3 Inclusão

A Constituição Federal de 1988 elegeu como fundamentos da República a


cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. II e III), e como um dos
seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art.
3º, inc. IV). Garante ainda expressamente o direito à igualdade (art. 5º) e trata,

74
nos artigos 205 e seguintes, do direito de todos à educação. Esse direito deve
visar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 205).
Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a igualdade de
condições de acesso e permanência na escola (art. 206, inc. I), acrescentando
que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um (art. 208, V). Portanto, a Constituição garante
a todos o direito à educação e ao acesso à escola. Toda escola, assim
reconhecida pelos órgãos oficiais como tal, deve atender aos princípios
constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem,
raça, sexo, cor, idade, deficiência ou ausência dela.
A LDB (1996), em seu art. 58, caracteriza a Educação Especial como modalidade
de educação escolar, destinada a estudantes com deficiência, transtorno global
do desenvolvimento – TGD e altas habilidades ou superdotação prevendo, nos
parágrafos 1º e 2º, a existência de apoio especializado no ensino regular e de
serviços especiais separados quando não for possível a integração. Destaca,
ainda, no parágrafo 3º, a oferta da educação especial já na educação infantil
(zero a seis anos de idade).
A Meta 4.5 do ODS 4, prevê “Até 2030, eliminar as desigualdades de gênero e
raça na educação e garantir a equidade de acesso, permanência e êxito em
todos os níveis, etapas e modalidades de ensino para os grupos em situação de
vulnerabilidade, sobretudo as pessoas com deficiência, populações do campo,
populações itinerantes, comunidades indígenas e tradicionais, adolescentes e
jovens em cumprimento de medidas socioeducativas (execução de ordem
judicial aos adolescentes autores de ato infracional, previstas no art. 112 do
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Estão previstos seis tipos de
medida socioeducativa: advertência, obrigação de prestação de serviços à
comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. Apesar de
configurarem resposta à prática de um delito, apresentam um caráter
predominantemente educativo) e população em situação de rua ou em privação
de liberdade”.
Também na ótica da inclusão, a Meta 4 - Educação Especial/Inclusiva – dos
Planos Nacional e Municipal de Educação propõe “Universalizar, para a

75
população de quatro a 17 anos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento - TGD e altas habilidades ou superdotação, o acesso à
educação básica e ao atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema
educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
serviços especializados, públicos ou conveniados”.
O percentual de população de quatro a 17 anos com deficiência que frequenta a
escola e o percentual de matrículas de alunos de zero a 17 anos de idade com
deficiência, TGD e altas habilidades ou superdotação que estudam em classes
comuns possibilitam verificar a consecução das metas de acesso desta
população à Educação Básica.
Segundo dados da PNAD, em 2013, 90% da população curitibana de quatro a
17 anos com deficiência frequentam a escola, o maior percentual entre as
capitais analisadas. Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Belém ostentam
resultados acima da média do Brasil, de 85,8%; enquanto Goiânia, Porto Alegre
e Manaus retratam resultados abaixo do nacional (FIGURA 4-058).

FIGURA 4-058 - PERCENTUAL DA POPULAÇÃO DE 04 A 17 ANOS DE IDADE COM


DEFICIÊNCIA QUE FREQUENTA A ESCOLA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS
BRASILEIRAS - 2013.
100
90
80
70
60
50
86,70 89,80 90,00 84,30 84,20 88,90
40 82,10
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

FONTE: IBGE/PNAD (2013).

Em 2018, Recife, com 99,12%, Belém, 98,68% e Belo Horizonte, 94,60% são as
capitais com maiores percentuais de matrículas de alunos da Educação Especial
de zero a 17 anos de idade com deficiência, TGD e altas habilidades ou
superdotação em classes comuns na Educação Básica, com resultados acima
da média nacional (FIGURA 4-059).

76
FIGURA 4-059 - PERCENTUAL DE MATRÍCULAS DE ALUNOS DE 0 A 17 ANOS DE IDADE
COM DEFICIÊNCIA, TGD E ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO EM CLASSES
COMUNS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, NA EDUCAÇÃO BÁSICA, EM CURITIBA, BRASIL E
CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018.
100
90
80
70
60
50 98,68 94,60 99,12
90,58 85,86
40 84,66
73,53
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: MEC/INEP (2018).

Curitiba é a capital com menor percentual neste indicador. Porém, de 2010 a


2018, apresentou crescimento de 111,19%, saltando de 34,82% para 73,53%
(FIGURA 4-060).

FIGURA 4-060 - PERCENTUAL DE MATRÍCULAS DE ALUNOS DE 0 A 17 ANOS DE IDADE


COM DEFICIÊNCIA, TGD E ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO EM CLASSES
COMUNS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, NA EDUCAÇÃO BÁSICA, EM CURITIBA, BRASIL E
CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010-2018.

80 73,53

70 64,75
57,35
60 54,57
48,85
50 41,58 43,78 42,77

40 34,82

30

20

10

FONTE: MEC/INEP (2010-2018).

Tomando por base as metas vigentes, a análise dos indicadores acima retrata
esforços realizados no município em direção à universalização do atendimento
às pessoas com deficiência, bem como avanços na expansão do atendimento
em classes comuns na rede regular de ensino.

77
Na RME, a educação especial tem uma longa história de conquistas e avanços
no que se refere ao atendimento educacional especializado a crianças e
estudantes, público alvo da inclusão escolar.
A partir de 2017 ocorre a ampliação de ações da Educação Especial, quando
novos encaminhamentos são direcionados no sentido de melhorar o
atendimento e a aprendizagem dos estudantes. Tal fator pode ser explicado
pelas diretrizes instituídas pelo Ministério da Educação/Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, a partir da publicação da
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,
que tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de
ensino para promover respostas às necessidades educacionais, garantindo:
•Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a
educação superior;
•Atendimento educacional especializado;
•Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino;
•Formação de professores para o atendimento educacional especializado e
demais profissionais da educação para a inclusão escolar;
•Participação da família e da comunidade;
•Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos
transportes, na comunicação e informação; e
•Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas
(MEC/SECADI, 2008).
A Rede Municipal de Ensino de Curitiba atende crianças e estudantes com
deficiência em classes especiais, Escolas Municipais de Educação Básica na
Modalidade de Educação Especial, salas de recursos de aprendizagem, salas
de recursos para altas habilidades/superdotação, salas de recursos
multifuncionais e Centros Municipais de Atendimento Educacional Especializado
- CMAEEs. Voltados à inclusão e ao direito à educação para todos, a RME
desenvolve, também, os programas de Escolarização Hospitalar e Atendimento
Pedagógico Domiciliar.
No âmbito da SEED a oferta de serviços e apoios especializados disponibilizados
para favorecer o processo de aprendizagem dos alunos com necessidades

78
educacionais especiais ocorre em salas de recursos, Centros de Atendimento
Educacional Especializado, classes especiais, escolas especiais e por meio de
professores de apoio permanente, profissionais intérpretes, professores surdos
de Libras e professores bilíngues.
Com as diretrizes federais para a educação especial também houve o
entendimento, por parte das famílias, de que é um direito do estudante ter
garantida a matrícula no ensino regular, optando, com maior frequência, por essa
modalidade de ensino.

4.4.3.4 Educação Integral

A concepção de educação integral se apresenta, no cenário nacional, como uma


das principais ferramentas no combate aos baixos índices da educação
brasileira, mas traz consigo necessidades de mudanças como reestruturação
dos currículos e projetos pedagógicos, adequações estruturais, formação dos
profissionais envolvidos, oferta de alimentação, dentre outros aspectos.
A Meta 4.7 do ODS 4 prevê “até 2030, garantir que todos os alunos adquiram
conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento
sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o
desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos,
igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não-violência, cidadania
global, e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o
desenvolvimento sustentável”.
Na mesma ótica, a Meta 6 - Educação Integral - dos Planos Nacional e Municipal
da Educação estabelece “Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo,
50% das escolas públicas, de forma a atender pelo menos 25% dos(as)
alunos(as) da Educação Básica”, exigindo maior discussão sobre a ampliação
da jornada escolar na Educação Básica.
Os percentuais de alunos da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio) pública (municipal, estadual e federal) em tempo
integral e de alunos da Educação Básica pública municipal em tempo integral
fornecem elementos para avaliar o estado atual deste tipo de atendimento.

79
Dentre as capitais analisadas, Goiânia, Curitiba, Recife e Belo Horizonte
apresentam percentual de matrículas da Educação Básica, na Rede Pública em
tempo integral, acima da média brasileira que, no ano de 2018 correspondeu a
15,20% (FIGURA 4-061).

FIGURA 4-061 - PERCENTUAL DE MATRÍCULAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA (EDUCAÇÃO


INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO), NA REDE PÚBLICA (MUNICIPAL,
ESTADUAL E FEDERAL) EM TEMPO INTEGRAL, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS
BRASILEIRAS - 2018.
30

20

10 19,83 20,84 21,65 20,14

9,31
6,22 6,69
0
Belem Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: MEC/INEP (2018).

De 2010 a 2018, em Curitiba, o percentual de matrículas em tempo integral na


educação básica cresceu 27,24%, de 16,38% para 20,84% (FIGURA 4-062).

FIGURA 4-062 - PERCENTUAL DE MATRÍCULAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA (EDUCAÇÃO


INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO), NA REDE PÚBLICA (MUNICIPAL,
ESTADUAL E FEDERAL) EM TEMPO INTEGRAL, EM CURITIBA, 2010 – 2018.
30

21,92 21,13 21,06


20,78 20,84
19,91
20 17,57
16,38
13,56

10

FONTE: MEC/INEP (2010-2018).

80
Se consideradas as matrículas em tempo integral da Educação Básica na rede
municipal, em 2018, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Goiânia apresentam
resultados acima da média brasileira, de 17, 43% (FIGURA 4-063).

FIGURA 4-063 - PERCENTUAL DE MATRÍCULAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA (EDUCAÇÃO


INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO), NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL,
EM TEMPO INTEGRAL, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018.
40

30

20 39,22
33,26
27,34
23,39
10
14,09
10,41
0 2,04
Belem Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: MEC/INEP (2018).

De 2010 a 2018 as matrículas em tempo integral na rede municipal apresentaram


crescimento de 13,77%, de 34,47% para 39,22% (FIGURA 4-064).

FIGURA 4-064 - PERCENTUAL DE MATRÍCULAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA (EDUCAÇÃO


INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO), NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL,
EM TEMPO INTEGRAL, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010- 2018.

80
70
60
50 39,66 39,68 39,22
36,79 38,07 38,78
34,47 35,34 35,34
40
30
20
10
0

FONTE: MEC/INEP (2010 a 2018).

Na análise das matrículas em tempo integral na rede municipal, por nível de


ensino, verifica-se que a Educação Infantil ultrapassou a meta do PNE
apresentando índices de 98,5% de crianças atendidas em creches e 72% de
atendimentos em pré-escolas.

81
No Ensino Fundamental, os índices são menores. Nos anos iniciais verifica-se
uma aproximação da meta nacional com 23,6% dos estudantes matriculados em
tempo integral. Em contrapartida, os anos finais e o ensino médio apresentam
índices abaixo da meta, com 2,4% e 0,5% respectivamente.
A ampliação da jornada escolar na Rede Municipal de Ensino de Curitiba tem
como princípio o desenvolvimento de práticas pedagógicas a partir da
integralidade do trabalho educativo. O currículo sistematiza, em seu Projeto
Político Pedagógico, saberes referentes às áreas do conhecimento e às práticas
pedagógicas, distribuídos em uma rotina de nove horas diárias.
O termo prática é concebido enquanto organização didático-pedagógica que tem
como principal objetivo a qualificação de estratégias relacionadas ao vivenciar,
experimentar, testar, refletir, construir, dentre outras, por meio da interação do
aluno com seus pares e professores, com os espaços e tempos escolares, com
os recursos, de maneira a ressignificar os conhecimentos escolares.
Nas escolas de tempo integral são desenvolvidas as práticas de
acompanhamento pedagógico, artísticas, de movimento, de educação ambiental
e de ciências e tecnologias.
A análise dos percentuais de matrículas em tempo integral na rede pública
permite constatar que Curitiba já ultrapassa a meta dos Planos Nacional e
Municipal de Educação. Contudo, se observados os percentuais tanto por
nível/modalidade de ensino, quanto por rede (federal, estadual e privada)
persistem os desafios de expandir o tempo integral nos anos finais do Ensino
Fundamental e no Ensino Médio, âmbitos de atuação prioritária das redes
estadual e federal.

4.4.3.5 Educação Superior

A Educação Superior, assim como as outras modalidades de ensino, deve ser


assegurada a todos os cidadãos nas diferentes áreas de conhecimento. O artigo
45 da LDB preconiza que a “Educação superior será ministrada em instituições
de ensino superior, público ou privadas, com variados graus de abrangência ou
especialização”. Historicamente atribui-se à União o papel regulador,
credenciando e autorizando o funcionamento da Educação Superior federal e

82
privada de graduação e pós-graduação. Para as instituições estaduais essas
atribuições cabem aos Conselhos Estaduais de Educação.
A Meta 4.3 do ODS 4 prevê “Até 2030, assegurar a equidade (gênero, raça,
renda, território e outros) de acesso e permanência à educação profissional e à
educação superior de qualidade, de forma gratuita ou a preços acessíveis”.
Também a Meta 12 dos Planos Nacional (2014-2024) e Municipal (2015-2025)
da Educação, referente ao Ensino Superior, determina “Elevar a taxa bruta de
matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da
população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para,
pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público”.
A taxa bruta de matrículas na Educação Superior e a taxa líquida de
escolarização ajustada da Educação Superior são os indicadores utilizados para
verificar o alcance das metas deste nível de ensino.
A taxa bruta de matrículas representa a razão entre o quantitativo de pessoas de
qualquer idade que frequentam o Ensino Superior e o total geral de pessoas
entre 18 e 24 anos de idade, faixa etária prevista para se frequentar esse nível
de ensino. O indicador se refere exclusivamente às matrículas dos cursos de
graduação em relação à população de referência.
Em 2010, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Porto Alegre apresentam
percentuais acima de 50%, resultados bem acima da média nacional, de 22,8%
(FIGURA 4-065).

FIGURA 4-065 - TAXA BRUTA DE MATRÍCULAS NO ENSINO SUPERIOR, EM CURITIBA,


BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010.

60
50
40
30 59,46 55,92 55,72
48,43 50,64
20 35,75 37,30
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE (2010); INEP (Censo da Educação Superior, 2010).

De 1991 a 2010, a taxa bruta de matrículas no Ensino Superior em Curitiba


cresceu 171%, saltando de 20,92% para 55,92% (FIGURA 4-066).

83
FIGURA 4-066 - TAXA BRUTA DE MATRÍCULAS NO ENSINO SUPERIOR, EM
CURITIBA,1991/2000/2010.

80
70
55,92
60
50
40 32,70
30 20,62
20
10
0

FONTE IBGE (2010); (Censos da Educação Superior, 1991, 2000 e 2010).

Ainda conforme dados da PNAD, em 2013, Porto Alegre, Curitiba e Belo


Horizonte apresentaram taxas brutas acima de 47% (FIGURA 4-067).

FIGURA 4-067 - TAXA BRUTA DE MATRÍCULAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR, EM


CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2013.
50

40

30
49,1 52,7
47,7
20 37,2
32,2 35 35,6

10

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE/PNAD (2013).

De outro lado, a taxa líquida de escolarização ajustada na Educação Superior


representa a proporção da população de 18 a 24 anos de idade que frequenta
ou já concluiu cursos de graduação em relação à população total de 18 a 24
anos. Este indicador busca medir o acesso aos cursos de graduação por aqueles
que se encontram na idade prevista para cursá-los.
Segundo dados da PNAD, em 2013, cinco capitais apresentaram resultados
acima da média nacional, de 20,2%, destacando-se Curitiba e Belo Horizonte
com 35,30% e 29,80%, respectivamente (FIGURA 4-068).

84
FIGURA 4-068 - TAXA LÍQUIDA DE ESCOLARIZAÇÃO AJUSTADA NO ENSINO SUPERIOR,
EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2013.
40

30

20
35,30
30,40 29,80
22,20 23,60
10 19,60 17,80

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

FONTE: IBGE/PNAD (2013).

Como política nacional de expansão da Educação Superior pública, no sentido


de cumprir com o disposto no Plano Nacional de Educação (2014-2024), o
Governo Federal instituiu, por meio do Decreto N° 6.096 SESU/MEC, de 24 de
abril de 2007, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais - REUNI, resultando em um aumento de 905% de
investimentos nas universidades, 63,5% em despesas de custeio e um
acréscimo de 21,9% com pessoal. Com a iniciativa foram abertas 30.000 novas
vagas em cursos de graduação, fortalecendo o compromisso do Ministério da
Educação com a universidade pública, gratuita e de qualidade. (MEC, 2007).
Em atendimento ao disposto na Meta 12 do PNE, a Prefeitura Municipal de
Curitiba implantou, em 2015, em convênio com a União, por meio do Ministério
da Educação, o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB no âmbito do
município. Instituído pela Lei n° 14.712/2015, está voltado à oferta de cursos na
modalidade a distância, mediante a criação e manutenção de Polo de Apoio
Presencial.
Vinculado à Secretaria Municipal da Educação, é uma unidade operacional
criada para o desenvolvimento descentralizado de atividades didático-
pedagógicas e administrativas, nele devendo ser realizadas as atividades
presenciais obrigatórias, segundo a regulamentação da educação à distância no
Brasil -DED/CAPES, com o objetivo de:
I. Proporcionar, por meio de parcerias com Instituições Públicas de Ensino
Superior, credenciadas e autorizadas pelo MEC, a oferta de cursos superiores
nas diferentes áreas do conhecimento.

85
II. Ampliar projetos, pesquisas e extensões que visem ao desenvolvimento
socioeducacional do município, em regime de colaboração com empresas
estatais e Organizações não Governamentais.
O Polo de Apoio Presencial da UAB em Curitiba atende alunos em 15 cursos de
graduação e pós-graduação em parceria com a Unicentro, Universidade Federal
do Paraná - UFPR, Universidade do Norte do Paraná, Universidade Virtual do
Paraná e Universidade Estadual de Ponta Grossa.
De acordo com os dados disponíveis, Curitiba ultrapassa as metas dos Planos
Nacional e Municipal de Educação tanto no que se refere à taxa bruta de
matrículas na educação superior quanto à taxa líquida de escolarização ajustada
na Educação Superior. Persiste, contudo, a necessidade de estudos acerca da
equidade (gênero, raça, renda, território e outros) de acesso e permanência à
educação superior de qualidade, de forma gratuita ou a preços acessíveis.

4.4.3.6 Formação dos Professores da Educação Básica

O artigo 61 da LDB (Nº 9.394/96), ao tratar dos profissionais da Educação Básica


considera dois princípios: efetivo exercício e formação em cursos reconhecidos
em nível médio ou superior, conforme atuação profissional.
A Meta 4.c do ODS 4 determina “até 2030, assegurar que todos os professores
da educação básica tenham formação específica na área de conhecimento em
que atuam, promovendo a oferta de formação continuada, em regime de
colaboração entre União, estados e municípios, inclusive por meio de
cooperação internacional”.
Também as Metas 15 e 16 dos Planos Nacional e Municipal de Educação fixam
metas relativas a formação dos professores.
A Meta 15 – Formação dos Professores – estabelece “Garantir, em regime de
colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no
prazo de um ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos
profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61
da Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os
professores e as professoras da Educação Básica possuam formação específica

86
de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em
que atuam.
A Meta 16 - Formação continuada e pós-graduação de professores – delibera
“Formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores da Educação Básica,
até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos os (as) profissionais
da Educação Básica formação continuada em sua área de atuação,
considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de
ensino”.
Os percentuais de docentes com nível superior/licenciatura e de docentes com
pós- graduação (especialização, mestrado e doutorado) são os indicadores
levantados para verificar a condição atual de alcance das metas da formação
dos docentes da educação básica.
Em 2018, cinco capitais apresentaram percentuais de docentes com nível
superior/ licenciatura na educação básica acima da média do Brasil, de 76,75%,
com destaque para Manaus, Belém e Curitiba, que apresentam os melhores
resultados (FIGURA 4-069).

FIGURA 4-069 - PERCENTUAL DE DOCENTES COM NÍVEL SUPERIOR/LICENCIATURA NA


EDUCAÇÃO BÁSICA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018.
100
90
80
70
60
50
85,71 83,21 88,85
40 77,53 81,09
72,48 73,44
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

FONTE: MEC/INEP (2018).

O percentual de docentes com nível superior/licenciatura na Educação Básica


do município apresenta poucas variações no período de 2010 a 2018. Neste
período, Curitiba apresenta crescimento de 5,38%, com um índice de 78,96
pontos percentuais no início do período avaliado, até chegar em 83,21% em
2018 (FIGURA 4-070).

87
FIGURA 4-070 - PERCENTUAL DE DOCENTES COM NÍVEL SUPERIOR/LICENCIATURA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA, EM CURITIBA, 2010-2018.
100
90 81,76 83,34 83,97 83,34 83,21
78,96 80,33 79,04 80,07
80
70
60
50
40
30
20
10
0

FONTE: MEC/INEP (2010-2018).

Em 2010, Curitiba, com 58,32%; Belém, 42,88%; Porto Alegre, 41,55%; e Recife
com 39,42%, apresentam percentuais de docentes com pós-graduação acima
da média do Brasil, de 38,03% (FIGURA 4-071).

FIGURA 4-071 - PERCENTUAL DE DOCENTES COM PÓS-GRADUAÇÃO


(ESPECIALIZAÇÃO, MESTRADO E DOUTORADO), EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS
BRASILEIRAS - 2018.
60

50

40

30 58,32
20 42,88 41,55 39,82
30,58 31,97 32,63
10

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

FONTE: MEC/INEP (2018).

De 1991 a 2010, Curitiba apresenta um crescimento de 30,14%, variando de


44,81% para 58,32% (FIGURA 4-072).

88
FIGURA 4-072 - PERCENTUAL DE DOCENTES COM NÍVEL PÓS-GRADUAÇÃO
(ESPECIALIZAÇÃO, MESTRADO E DOUTORADO), EM CURITIBA,
2010/2012/2014/2016/2018.

80
70 58,32
60
44,81 46,33 47,20
50 44,13

40
30
20
10
0

FONTE: MEC/INEP (2010 a 2018).

Em 2018, do total de pós-graduações dos docentes da Educação Básica, em


todas as capitais, predomina o percentual de especializações lato sensu, com
valores acima de 78%. Na soma de mestrados e doutorados, Porto Alegre e
Belém destacam-se com 21,41% e 16,17%, respectivamente (FIGURA 4-073).

FIGURA 4-073 - PERCENTUAL DE CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO, MESTRADO E


DOUTORADO NO TOTAL DE PÓS-GRADUAÇÕES DOS DOCENTES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018.

100 3,28 2,48 1,33 1,00 1,78 1,35 3,75 2,52


11,37 6,89 7,47 11,81 8,63
90 12,89 11,72
17,66
80
70
60
50
86,14 91,78 91,54 86,41 90,03 85,76
40 83,83 78,59
30
20
10
0
Belém Belo Brasil Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte

Especialização Mestrado Doutorado

FONTE: MEC/INEP (2018).

No aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem, a formação dos


profissionais da educação possui uma trajetória histórica, sendo ofertados,
anualmente, um número significativo de cursos, palestras, oficinas, seminários,
dentre outras ações.

89
Em 2018, o processo de formação foi ressignificado com o lançamento do
Programa Veredas Formativas, formulado a partir de pesquisa realizada em
2017, com servidores da Rede Municipal de Ensino, para levantamento de
interesses e necessidades em relação aos processos de formação profissional.
O programa valoriza a autonomia do servidor em relação à escolha do seu
desenvolvimento profissional.
São realizadas ações formativas em diferentes modalidades, baseadas no
exercício da reflexão, aplicação e superação de desafios.
Na perspectiva de contribuir para o cumprimento da Meta 14 dos Planos
Nacional e Municipal de Educação, no ano de 2014 foi firmado entre o município
de Curitiba, por meio da Secretaria Municipal da Educação, e a Universidade
Federal do Paraná o Termo de Cooperação Técnica Nº 21.699/2014, para a
oferta de formação acadêmica stricto sensu por meio do Mestrado Profissional
em Educação, ofertado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria
e Prática de Ensino.
O acordo firmado prevê a disponibilização, pela UFPR, de até 50% das vagas
ofertadas a cada ano para os profissionais do magistério e professores da
educação infantil vinculados à RME. Entre os anos de 2014 e 2018 foram
contemplados 67 profissionais.
A oferta de formação em nível stricto sensu aos profissionais da SME alinha-se
à Meta 14 dos Planos Nacional e Municipal de Educação, que prevê “elevar
gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo
a atingir, no âmbito municipal, a titulação anual de mestres e doutores
proporcionalmente ao estabelecido no Plano Nacional de Educação”, por
entender a necessidade e a importância do desenvolvimento acadêmico e
profissional dos servidores municipais e, consequentemente, do aprimoramento
da qualidade e do ensino.
A análise da formação dos professores da educação básica apresenta, de um
lado, o desafio ainda existente de garantir a formação mínima em nível
superior/licenciatura para os docentes na Educação Básica.
De outro lado, no que se refere à formação em pós-graduação lato sensu
verifica-se a superação da meta dos Planos Nacional e Municipal, com 58,32%
dos docentes pós-graduados. Contudo, permanece o desafio de ampliar os
percentuais de mestrado e doutorado.

90
4.4.3.7 Educação de Jovens e Adultos

De acordo com o Artigo 37 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB Nº 9.394/96), “a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e
médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a
aprendizagem ao longo da vida”.
A Meta 4.6 do ODS 4 propõe “Até 2030, garantir que todos os jovens e adultos
estejam alfabetizados, tendo adquirido os conhecimentos básicos em leitura,
escrita e matemática”.
A Meta 9 do Plano Nacional de Educação prevê a elevação da “taxa de
alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5%, até 2015 e, até o
final da vigência do PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50%
a taxa de analfabetismo funcional”.
A taxa de alfabetização das pessoas de 15 anos ou mais de idade representa a
proporção dos indivíduos com 15 anos ou mais de idade que sabem ler e
escrever em relação à população total dessa faixa etária, calculado com base
em informações declaratórias. De acordo com o IBGE, analfabeta é a pessoa
que não sabe ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhece. Dessa
maneira, este indicador não avalia a capacidade da pessoa de utilizar a leitura e
a escrita, uma vez que as informações que subsidiam seu cálculo não são
baseadas em testes educacionais que mensuram o nível de proficiência da
pessoa nessas habilidades.
Em 2010, todas as capitais analisadas apresentaram taxa de alfabetização da
população de 15 anos ou mais de idade maior que a do Brasil, de 91,5%, com
destaque para as taxas de alfabetização de Curitiba, Porto Alegre e Belo
Horizonte (FIGURA 4-074).

91
FIGURA 4-074 - TAXA DE ALFABETIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 15 ANOS OU MAIS DE
IDADE, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010.
100
90
80
70
60
50 96,7 97,1 97,9 96,7 96,20 97,7 92,9
40
30
20
10
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Brasil

FONTE: IBGE (2010).

De 2000 a 2010, Curitiba ampliou a taxa de alfabetização da população de 15


anos ou mais de idade em 1,34%, de 96,6% em 2000 para 97,9% em 2010
(FIGURA 4-075).

FIGURA 4-075 - TAXA DE ALFABETIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 15 ANOS OU MAIS DE


IDADE, EM CURITIBA - 2000 A 2010.

100
97,9
96,6

95

90

FONTE: IBGE (2010).

Ainda segundo dados da PNAD, em 2013 a taxa de alfabetização em Curitiba,


manteve-se 97,9%, a maior entre as capitais analisadas (FIGURA 4-076).

92
FIGURA 4-076 - TAXA DE ALFABETIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 15 ANOS OU MAIS DE
IDADE, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2013.
100
90
80
70
60
50 96,7 97,1 97,9 96,7 96,20 97,7 92,9
40
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE/PNAD (2013).

De outro lado, a taxa de analfabetismo funcional de pessoas de 15 anos ou mais


de idade representa a proporção dos indivíduos desta faixa etária que não
concluíram os anos iniciais do Ensino Fundamental em relação à população total
da mesma faixa. O indicador considera, também, os indivíduos que concluíram
os anos iniciais do Ensino Fundamental, mas que, porventura, não saibam ler e
escrever. Tradicionalmente, o conceito de analfabetismo funcional adotado pelo
IBGE considera analfabetas funcionais as pessoas de 15 anos ou mais de idade
com menos de quatro anos de estudo. No entanto, com as alterações
promovidas pela Lei Nº 11.114, de 16 de maio de 2005, e pela Lei Nº 11.274, de
6 de fevereiro de 2006, o ingresso no Ensino Fundamental passou a se dar não
mais a partir dos sete anos de idade, mas dos seis; e sua duração passou de
oito para nove anos. Dessa forma, para fins de acompanhamento da Meta 9,
adaptou-se o período de quatro para 5 cinco anos de estudo, hoje equivalentes
à duração total dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Dados da PNAD de 2013 demonstram ainda que Porto Alegre, Curitiba e Goiânia
apresentam as menores taxas de analfabetismo funcional, ainda que todas as
capitais tenham alcançado valores bem menores que a taxa do Brasil, de 29,4%
(FIGURA 4-077).

93
FIGURA 4-077 - TAXA DE ANALFABETISMO FUNCIONAL DE PESSOAS DE 15 ANOS OU
MAIS DE IDADE, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2013.
40

30

20

10
15,4 15,0 16,00 17,5
13,0 13,8
11,2

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

FONTE: IBGE/PNAD (2013).

A SME de Curitiba busca seguir as orientações propostas nas Diretrizes Gerais


para a Educação Básica do Ministério da Educação, no que se refere ao
processo sequencial e articulado que assegure ao adolescente, ao jovem e ao
adulto de qualquer condição e região a formação comum para o pleno exercício
da cidadania, oferecendo as condições necessárias para o seu desenvolvimento
integral.
A Educação de Jovens e Adultos - EJA é uma modalidade que assegura a
matrícula em qualquer época do ano, bem como o aproveitamento de estudos e
a participação em processos de classificação ou reclassificação (Diretrizes
Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos de Curitiba, 2012).
Uma das prioridades da administração municipal tem sido o investimento na
formação continuada dos docentes da EJA, visto que o ensino da modalidade
não deve ter como objetivo principal a simples retomada dos conteúdos não
adquiridos na infância ou juventude, mas diferentes alternativas de estudo que
levem os estudantes a desenvolver competências necessárias para sua
inclusão, de forma produtiva, nas diversas dimensões da vida social.
Com essa prática, pretende-se assegurar o acesso e a permanência dos jovens
e adultos no processo educacional. Essas ações visam garantir que jovens e
adultos estejam alfabetizados, garantindo conhecimentos básicos em
matemática, leitura e escrita, reduzindo o número de analfabetos.
A SME por meio da Gerência de Educação de Jovens e Adultos busca estimular
a formação inicial e continuada, incentivando a promoção de sujeitos críticos,

94
reflexivos e transformadores, tendo em vista a produção de saberes que lhes
permitam avançar por meio de práticas pedagógicas significativas.
A análise da taxa de alfabetização da população de 15 anos ou mais de idade
demonstra que o município, já em 2010, ultrapassava em 4,4 pontos percentuais
a meta dos Planos Nacional e Municipal prevista para 2015. Também a meta de
redução em 50% da taxa de alfabetização funcional, de 22,95% para 15,30% já
foi alcançada, chegando Curitiba a 13%.

4.4.4 A POLÍTICA DE ESPORTE, LAZER E JUVENTUDE

Segundo a Lei Nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal do esporte, lazer e juventude tem como fundamento desenvolver e
gerenciar ações que possibilitem práticas esportivas, de lazer, protagonismo
juvenil, promoção da saúde e inclusão da pessoa com deficiência por meio da
atividade física e sociabilização, com os objetivos de fomentar o esporte
educacional, de participação e de rendimento, desenvolver e fomentar práticas
de lazer junto à população, estimulando a cultura, ludicidade e hábitos
saudáveis, fortalecendo a integração com a natureza e sua identificação com a
cidade, articulando ações para o fortalecimento do protagonismo juvenil e
fomentando a prática de atividades físicas, promovendo um estilo de vida ativo
e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.
O esporte está previsto no artigo 217 da Constituição Federal de 1988 e na Lei
Nº 9.615 de 24 de março de 1998, que institui normas gerais sobre desporto e
dá outras providências, e suas modificações posteriores. Em 2005 foi elaborada
a Política Nacional do Esporte, que estabelece objetivos, princípios, diretrizes e
ações estratégicas para estruturação desta política.
Em âmbito municipal, o direito ao esporte é regido pela Lei Nº 9942/2000, que
dispõe sobre a política municipal de esporte e lazer, e também institui a
Secretaria Municipal de Esporte e Lazer - SMEL como gestora das ações de
esporte, lazer e atividade física, que compartilha suas atividades com as
organizações governamentais e não governamentais. Esta Secretaria teve seu
nome alterado para Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude - SMELJ pela Lei
13.865 de 04 de novembro de 2011. Destacam-se também a Lei Nº 14.588, de

95
15 de janeiro de 2015, que institui o Conselho Municipal de Esportes e a Lei Nº
14.614, de 13 de março de 2015, que cria o Conselho Municipal da Juventude,
a Conferência Municipal da Juventude e o Fundo Municipal da Juventude.
Para todos os públicos atendidos, a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer
propõe uma gestão pública, com foco em políticas públicas, planos, programas,
projetos e ações que traduzam de forma ordenada o acesso às atividades
esportivas e de lazer, pois é um direito de todos, conforme preconiza a
Constituição Federal.
A Política Municipal de Esporte e Lazer tem a finalidade de fomentar práticas de
esporte, lazer e atividades físicas para o desenvolvimento de potencialidades do
ser humano, visando bem-estar, promoção social e inserção na sociedade,
consolidando sua cidadania.
A SMELJ atualmente conta com 36 equipamentos esportivos, distribuídos nas
Dez regionais de Curitiba, e no ano de 2019, contemplando as seguintes
atividades: natação, hidroginástica, polo aquático, iniciação esportiva, voleibol,
vôlei de praia, basquetebol, futsal, futebol, futebol sintético, futevôlei, corrida de
orientação, handebol, atletismo, tênis, tênis de mesa, badminton, bocha
adaptada, capoeira, judô, ciclismo, ginástica artística, escalada, ginástica
rítmica, lutas (diversas), capoeira, esgrima, dança, ginástica, alongamento,
corrida, musculação, condicionamento físico e outros.
Considerando que os impactos desta política municipal se estendem para além
das ações realizadas, avançando principalmente sobre fatores relacionados à
saúde e o bem-estar da população, os indicadores utilizados nesta
contextualização são provenientes da Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco
e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - VIGITEL,
promovida pelo Ministério da Saúde, com suporte técnico do Núcleo de
Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo
- NUPENS /USP, e outros indicadores monitorados e produzidos pela Secretaria
Municipal do Esporte e Lazer.

4.4.4.1 Atividade Física, Esporte e Lazer

96
A Organização Mundial de Saúde - OMS define atividade física como sendo
qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que
requeiram gasto de energia – incluindo atividades físicas praticadas durante o
trabalho, jogos, execução de tarefas domésticas, viagens e em atividades de
lazer.
Está provado que a prática regular de atividade física contribui para a prevenção
e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis tais como doença
cardíaca, acidente vascular cerebral, diabetes, cancro da mama e cancro do
cólon. Também ajuda a prevenir a hipertensão, excesso de peso e obesidade e
contribui para a saúde mental, melhoria da qualidade de vida e bem-estar.
O fomento à prática de atividades físicas e esportiva se relacionam ao Objetivo
de Desenvolvimento Sustentável - ODS 03 - Assegurar uma vida saudável e
promover o bem-estar para todos, em todas as idades, mais especificamente à
Meta 3.4 de “até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças
não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o
bem-estar”, e, quando há interação com as escolas, também ao ODS 04 –
Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, meta 4.7, de, “até
2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades
necessárias para promover o desenvolvimento sustentável e estilos de vida
sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura
de paz e não violência, cidadania global, e valorização da diversidade cultural e
da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável”.
Os níveis de atividade física recomendados pela OMS não são exigentes: um
pouco de atividade física é melhor do que nenhuma, desde que ocorra de forma
regular e adequada, pois em todas as idades os benefícios de ser fisicamente
ativo superam os eventuais danos, decorrentes de lesões, por exemplo. Pessoas
pouco ativas têm mais risco de morte quando comparadas com aquelas que
praticam pelo menos 30 minutos de atividade física moderada na maioria dos
dias da semana.
Em 2018, o percentual de adultos que praticam atividade física no tempo
livre variou entre 35,6% em Porto Alegre e 42,7% em Belém. Em geral, a prática
de atividade física no tempo livre, entre os sexos, predomina o sexo masculino.

97
As maiores frequências, entre homens foram encontradas em Belém, com
51,0%, e, entre as mulheres em Goiânia, 37,0%.
Consideram-se atividades físicas no tempo livre: prática de atividades de
intensidade leve ou moderada por, pelo menos, 150 minutos semanais ou
atividades de intensidade vigorosa por, pelo menos 75 minutos semanais.
Atividade com duração inferior a 10 minutos não é considerada para efeito do
cálculo da soma diária de minutos despendidos pelo indivíduo com exercícios
físicos (Haskell et al., 2007; WHO, 2010). Caminhada, caminhada em esteira,
musculação, hidroginástica, ginástica em geral, natação, artes marciais e luta,
ciclismo e voleibol/futevolei e dança foram classificados como práticas de
intensidade leve ou moderada; corrida, corrida em esteira, ginástica aeróbica,
futebol/futsal, basquetebol e tênis foram classificados como práticas de
intensidade vigorosa (Ainsworth et al., 2000) (FIGURA 4-078).

FIGURA 4-078 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE PRATICAM ATIVIDADE


FÍSICA NO TEMPO LIVRE, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018

50

40

30

20 42,7 41,2 41,3 42,4 40,1


35,6 37,3
10

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Capitais brasileiras selecionadas

FONTE: MS/ VIGITEL (2018).

Em Curitiba no período compreendido entre 2009 e 2018, o percentual de adultos


que praticam atividade física cresceu 168%, variando de 15,4% para 41,3%.
Todas as capitais selecionadas apresentaram crescimento acima de 100%. Em
todos os anos o sexo masculino apresentou os maiores percentuais de ativos no
tempo livre (FIGURA 4-079).

98
FIGURA 4-079 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE PRATICAM ATIVIDADE
FÍSICA NO TEMPO LIVRE, EM CURITIBA - 2010-2018

80

60

39,3 41,6 41,3


35,1 37,4 36,8
40 33,2

15,4 13,8
20

MS/VIGITEL (2009 a 2018).


Nota: Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de
planos privados de saúde.

Considera-se que este aumento é justificado pela maior oferta de atividades e


promoção de eventos, campanhas orientativas e educativas neste período.
Se analisarmos este dado por faixa etária, o grupo mais jovem (18 - 24 anos)
apresentou os maiores percentuais de indivíduos com atividades físicas no
tempo livre, e este percentual cai progressivamente com o aumento da idade de
modo que os grupos que abrangem os idosos apresentaram os menores
percentuais de ativos no tempo livre.
Em 2018, o percentual de adultos que praticam atividade física no
deslocamento variou entre 9,9% em Goiânia e 14,6% em Recife. Para avaliar a
atividade física no deslocamento foram considerados os indivíduos que se
deslocam de bicicleta ou caminhando para o trabalho e/ou escola e que
despendem pelo menos 30 minutos diários no percurso de ida e volta. A prática
de atividade física no deslocamento, entre os sexos, é equilibrada. As maiores
frequências, entre homens foram encontradas em Curitiba, com 16,0%, e, entre
as mulheres em Manaus, com 14%. Em Curitiba as frequências foram de 16% e
10,0%, respectivamente (FIGURA 4-080).

99
FIGURA 4-080 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE PRATICAM ATIVIDADE
FÍSICA NO DESLOCAMENTO, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018
20

10

14,5 14,6
13,3 13,5 13,1 13,1
9,9

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais brasileiras selecionadas

FONTE MS/VIGITEL (2018).

Em Curitiba no período compreendido entre 2009 e 2018, o percentual de adultos


que praticam atividade física no deslocamento teve queda de 56,3%, variando
de 30,0% para 13,1%. Todas as capitais selecionadas apresentaram queda
acima de 50% (FIGURA 4-081).

FIGURA 4-081 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE PRATICAM ATIVIDADE


FÍSICA NO DESLOCAMENTO, EM CURITIBA - 2010-2018.

80

60

40 30,0
27,0
17,2
20 13,8 13,0 14,0 13,1
10,5 10,6

MS/VIGITEL (2018).
Nota: Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos
privados de saúde.
Obs.: Em 2009 e 2010 a variável utilizada era “Percentual de adultos que praticam atividade
física no tempo livre (lazer) e ou no deslocamento”, alterada para a atual em 2011.

100
No período de 2009 a 2018 foi observada uma redução no percentual de adultos
que praticam atividade física no deslocamento, todavia, de 2017 a 2018 há um
crescimento de 23,6% neste indicador.
Por inatividade física entende-se a condição dos indivíduos que referem não ter
praticado qualquer atividade física no tempo livre nos últimos três meses, não
realizaram esforços físicos relevantes no trabalho, não se deslocaram para o
trabalho ou para a escola a pé ou de bicicleta (perfazendo um mínimo de 10
minutos por trajeto ou 20 minutos por dia) e que não participam da limpeza
pesada de suas casas.
Em 2018, o percentual de adultos fisicamente inativos variou entre 10,8% em
Curitiba e 16,0% em Recife. A inatividade física, entre os sexos, é maior entre
as mulheres. A maior frequência entre homens e mulheres foi encontrada em
Recife, com 16,0% em ambos. Em Curitiba as frequências foram de 11,0% em
ambos também (FIGURA 4-082).

FIGURA 4-082 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) FISICAMENTE INATIVOS, EM


CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018

20

10
16
13,6 13,7 12,8 13,3 12,6
10,8

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Capitais brasileiras selecionadas

FONTE: MS/VIGITEL (2018).

Todas as capitais analisadas no período apresentam variação, sendo que a


maioria das capitais, dentre elas Curitiba, apresentou redução da inatividade.
Em Curitiba no período compreendido entre 2009 e 2018, o percentual de adultos
inativos teve queda de 29,4%, variando de 15,3% para 10,8% (FIGURA 4-083).

101
FIGURA 4-083 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) FISICAMENTE INATIVOS, EM
CURITIBA – 2010-2018

20
15,3
13,3 13,5 14,0 14,0
13,0
12,2
11,2 10,8
10

FONTE: MS/VIGITEL (2009 a 2018).


Nota: Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos
privados de saúde.

A inatividade física apresenta maiores percentuais entre os indivíduos com 65


anos ou mais, faixa etária que congrega vulnerabilidades, relacionadas ao
próprio ciclo de vida.
A Promoção da Saúde do Idoso, segundo a OMS (1982) foi conceituada como
“ações que se manifestam por alterações no estilo de vida e que resultam em
uma redução do risco de adoecer e de morrer”.
Dentro desse contexto a prática da atividade física vem assumindo papel
fundamental nos níveis de intervenção. Estudos indicam que a atividade física é
um pré-requisito para envelhecer com sucesso.
A importância do exercício físico e de atitudes que integrem as diversas formas
de expressão educacional, cultural e física na terceira idade trazem benefícios
como a melhora da composição corporal, diminuição de dores articulares, o
auxílio no aumento da densidade óssea, melhora da utilização de glicose,
melhora do perfil lipídico, aumenta a capacidade aeróbia, melhora de força e
flexibilidade e diminuição da resistência vascular. Estes benefícios são
completados com a diminuição dos fatores geradores da depressão, e
promovem para o idoso a ampliação da autoconfiança e autoestima,
conquistando a melhor qualidade de vida e promoção da saúde.
A SMELJ15 busca em sua programação atividades que oportunizem ao idoso a
aquisição de hábitos saudáveis para a prevenção, manutenção e promoção da

15
A SMELJ desenvolve ações previstas na Política Municipal de Atenção ao Idoso (Lei Nº
11.391/05), a qual é alicerçada na Lei Nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto

102
saúde pelo esporte, lazer e atividade física. Além das ações educativas e
atividades sociorrecreativas para o incentivo de práticas de lazer que buscam a
manutenção motora e conservação do seu intelecto, existem diversos serviços
que são aceitos pela população da Terceira Idade, como encontros, mostras
culturais e festivais, ações de atividade física promocional e de maior impacto
formativo ao ritmo de cada faixa etária além de ginástica, alongamento,
hidroginástica, caminhadas e musculação que podem e devem ser
oportunizados de forma agradável e lúdica.
Para acompanhar a inclusão de idosos em atividades físicas foi definido o
indicador do número de idosos inscritos em atividades sistemáticas
promovidas pela SMELJ, por indicar a prática de atividades físicas com
regularidade (FIGURA 4-084).

FIGURA 4-084 - IDOSOS INSCRITOS EM ATIVIDADES SISTEMÁTICAS (MÉDIA MENSAL)


EM CURITIBA - 2009-2018

6.736
7.000
6.000 5.410

4.328 4.485 4.393 4.560


5.000 4.070
3.589 3.566 3.810
4.000
3.000
2.000
1.000
0

FONTE: SMELJ (2009-2018).

A prática de exercícios reduz o quadro das doenças assim como previne muitas
delas. Mexer o corpo, caminhar, ter atividade física constante é lei para quem
quer manter a saúde, a independência e a agilidade. E quando esta prática é
realizada em grupo, promove ao idoso as interações sociais que levam a um
bem estar mental e intelectual.

do Idoso, em seu art. 20 prevê que o idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer,
diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.

103
Outro grupo prioritário para atendimento são as pessoas com deficiência, que
são atendidas em todas as aulas, eventos, ações esportivas e de lazer ofertadas
pela SMELJ.
Para esta população, a prática de atividades físicas, esportivas e de lazer
inclusivas permite a esses indivíduos redescobrir a vida de uma forma ampla e
global, levando o indivíduo a perceber que é possível, apesar das limitações
físicas, ter uma vida normal e saudável.
Todos os públicos atendidos se congregam nos eventos esportivos e de
atividades físicas realizados pela esfera municipal e sociedade civil em Curitiba,
cujo quantitativo apresentou um crescimento expressivo no período de 2009 a
2018, devido aos eventos chancelados pela Prefeitura Municipal de Curitiba
através da Comissão de Avaliação de Eventos de Esporte e Lazer (CAEEL),
onde entidades privadas promovem atividades de caminhada, corrida e ciclismo
regulados por esta comissão (FIGURA 4-085).

FIGURA 4-085 - EVENTOS DE ESPORTE, LAZER E ATIVIDADE FÍSICA EM CURITIBA - 2009


A 2018

7.000 6.412

6.000

5.000
3.792
4.000 3.235 3.409
3.093
2.581 2.397 2.364
3.000
1.962
2.000 1.515

1.000

FONTE: SMELJ (2018).

Para se ter ideia do alcance das ações, pode-se utilizar como exemplo o número
de participantes de corridas de rua em Curitiba no mesmo período avaliado,
que acompanha a evolução do número de eventos. (FIGURA 4-086).

104
FIGURA 4-086 - PARTICIPANTES DE CORRIDAS DE RUA, EM CURITIBA - 2009 A 2018

142.873 143.583
150.000
140.000
130.000
120.000 103.778
110.000 98.767 96.037
100.000
90.000 80.789
80.000 70.329
70.000
60.000
50.000 32.859 32.444
40.000 26.350
30.000
20.000
10.000
0

FONTE: SMELJ (2009 a 2018).

A procura de integração contínua de atividades nas mais diversas faixas etárias


fortalece as ferramentas que são destinadas ao atendimento da população,
formam novos paradigmas de ações e trazem a melhoria da qualidade de vida,
criando um modelo referencial de prática de atividades físicas, proporcionando
uma aprendizagem que torne as ações cada dia mais naturais e instintivas na
cultura da população.
Quanto mais eventos e mais participantes, a cidade desenvolve um estilo de vida
mais saudável, impactando positivamente no sistema de saúde pública.
O estímulo para a prática de atividades físicas deve se iniciar desde a infância,
haja vista que as “atividades físicas realizadas durante a adolescência parecem
ser determinantes de um estilo de vida ativo na idade adulta.” (AZEVEDO
JUNIOR; ARAUJO; PEREIRA, 2006). Neste sentido, a quantidade de crianças
e adolescentes de seis a 17 anos que praticam atividade física e esportiva
em ações mantidas pela SMELJ apresentou crescimento de 47% no período
de 2009 a 2018. (FIGURA 4-087).

105
FIGURA 4-087 - CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 06 A 17 ANOS QUE PRATICAM
ATIVIDADE FÍSICA E ESPORTIVA EM AÇÕES MANTIDAS PELA SMELJ (MÉDIA MENSAL),
EM CURITIBA – 2009 A 2018

12.827
13.000
12.000 11.183
11.000 9.855
10.000 8.977
8.129 8.432
9.000 8.004 7.776
7.595 7.533
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0

FONTE: SMELJ (2009 a 2018).

A SMELJ mantém parceria com a Secretaria da Educação - SME que propicia


Escolas de Esportes na cidade de Curitiba e tem por objetivo ofertar atividades
sistemáticas para crianças e jovens na faixa etária de seis a 17 anos no
contraturno escolar, bem como o envolvimento com o esporte competitivo.
Esta ação oportuniza que crianças e adolescentes possam ter ampliada a sua
capacidade motora, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia e seu
crescimento integral. Além disso, ensina e aprimoram táticas e técnicas
esportivas das modalidades ofertadas, proporcionando interatividade com o
grupo social e possíveis encaminhamentos esportivos como forma de projeção
de talentos.
No período analisado houve ampliação das modalidades esportivas individuais,
coletivas e alternativas, e da capacitação voltada ao professor, onde a
metodologia de trabalho é construída de forma coletiva e contínua pelos
envolvidos.
Além das atividades sistemáticas, existe o fomento da iniciação esportiva por
meio de convênios e cooperação firmados com associações civis sem fins
lucrativos.
Relativo ao esporte estudantil, a SMELJ mantém os Jogos Escolares de Curitiba,
Jogos das Escolas Públicas, Copas Escolares e o Desafio Xeque-Mate. O
impacto deste trabalho acontece não só no município de Curitiba como também

106
na Região Metropolitana. O esporte estudantil da SMELJ movimenta as ações
esportivas das escolas públicas e privadas, enriquecendo a formação de
estudantes de seis a 17 anos. (FIGURA 4-088).

FIGURA 4-088 - PARTICIPANTES DE ESPORTE ESTUDANTIL, EM CURITIBA - 2009-2018

40.000 36.441
34.716
30.997
28.259
30.000
23.925
21.429
20.064 19.531
20.000 17.189
15.648

10.000

FONTE: SMELJ (2009 a 2018).

Para o fomento do esporte educacional, de participação e de rendimento, o


Programa Municipal de Incentivo ao Esporte (Decreto Nº 1743/2017) prevê a
captação de recursos do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, que são
investidos diretamente em projetos esportivos aprovados pela Lei de
Incentivo ao Esporte. Desde a sua implantação em 2002, o Incentivo ao
Esporte de Curitiba beneficiou atletas, paratletas, profissionais em Educação
Física no segmento Educação e entidades de diversas modalidades esportivas
cujo desempenho tem destacado o município em disputas nacionais e
internacionais. (FIGURA 4-089).
No ano de 2013 observa-se uma alteração no número de projetos aprovados,
que ocorre devido a mudança nos períodos de protocolo de projetos, tornando
os projetos anuais, em distinção aos projetos semestrais realizados até então,
no entanto, esta alteração não ocasiona redução no número de beneficiados,
face a manutenção dos projetos existentes agora durante todo o ano.

107
FIGURA 4-089 - PROJETOS APROVADOS PELA LEI DE INCENTIVO AO ESPORTE, EM
CURITIBA - 2009 A 2018

1.000
841
900
745
800 668 697
700 614
600
500 394 425
347 363 360
400
300
200
100
0

FONTE: SMELJ (2009 a 2018).

Os beneficiários são atletas, paratletas, profissionais em Educação Física no


segmento Educação e entidades esportivas sem fins lucrativos com residência
fixa e comprovada no município de Curitiba que podem solicitar recursos da Lei
Municipal de Incentivo ao Esporte. Os recursos são destinados a despesas com
competições, viagens, alimentação, hospedagem e material esportivo. Dentre os
projetos aprovados, no ano de 2018 totalizaram 4.019 atletas curitibanos
incentivados. (FIGURA 4-090).

FIGURA 4-090 - ATLETAS CURITIBANOS INCENTIVADOS, EM CURITIBA - 2009 A 2019

5.000
4.019
3.716 3.710
4.000
3.080 3.181 3.202

3.000 2.350 2.466


1.803 1.739 1.900
2.000

1.000

FONTE: SMELJ (2009 a 2018).

Observa-se a partir de 2009 o aumento no número de atletas atendidos através


do Incentivo ao Esporte. Entre os anos de 2009 a 2019, foram atendidos, em
média, 2.833 atletas, que englobam os segmentos educação, participação e

108
rendimento, com aumento superior a 100%. Por este incentivo passaram atletas
de destaque como o Campeão Mundial de Street Luge em 2019, os atletas que
representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016, nas modalidades de
Esgrima, Tênis, Natação e os paratletas da Paraolimpíada do Rio 2016, nas
modalidades de Esgrima, Tênis de mesa, Vôlei Sentado, entre outros.
A Lei de Incentivo ao Esporte é identificada como referência nacional por sua
transparência e seriedade quanto à prestação de contas, visto que exige tanto a
comprovação técnica, quanto financeira, além das ações de contrapartida social
dos atletas, visando atender necessidades esportivas e sociais da cidade de
Curitiba, com a participação dos beneficiários.
Em 2016 o programa de Incentivo ao Esporte é ampliado com a oferta do Vale
Transporte Esportivo, Decreto Municipal 38/2016, que atende atletas de
organizações chanceladas pela Comissão de Incentivo ao Esporte que estudem
em escolas públicas e desenvolvam treinamento que necessite de deslocamento
através do transporte público da cidade. No seu primeiro ano foram atendidos
230 atletas com a oferta de 34.027 créditos de transporte e valor total de
R$ 125.899,90. Em 2019, até o mês de julho, o programa já alcançava 221
atletas com o repasse de 21.248 créditos e valor de R$ 94.892,00.
De 2009 a 2018, Curitiba já investiu R$ 22.321.116,97 via Lei de Incentivo ao
Esporte. (FIGURA 4-091).

FIGURA 4-091 - RECURSOS APLICADOS VIA LEI DO INCENTIVO AO ESPORTE, EM


CURITIBA - 2009-2018

R$ 3.727.242,57
4.000.000
R$ 3.551.118,50
R$ 3.180.446,87

3.000.000 R$ 2.598.797,59

R$ 1.895.080,21
R$ 1.747.430,28
2.000.000 R$ 1.506.839,51
R$ 1.362.152,79 R$ 1.674.380,98
R$ 1.305.738,80
1.000.000

FONTE: SMELJ (2009 a 2018).

109
4.4.4.2 Juventude

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8 – Promover o crescimento


econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e
trabalho decente para todos, e, mais especificamente a meta 8.6, de “até 2020,
reduzir substancialmente a proporção de jovens sem emprego, educação ou
formação” pressupõe esforços conjuntos para seu alcance, ainda mais se
considerarmos que a juventude traz consigo demandas não se reduzem à
capacitação, mas também se relacionam a toda uma gama de direitos e serviços
que fomentam o desenvolvimento do protagonismo juvenil, contribuindo para a
formação de pessoas mais autônomas e comprometidas socialmente,
desenvolvendo os valores de solidariedade e respeito.
Em relação à população jovem, na faixa etária de 15 a 29 anos, no ano de 2013
foi sancionado o Estatuto Municipal da Juventude através da Lei Nº 14.229 de
14/01/2013 em Curitiba, reforçando a responsabilidade do município em atender
direitos fundamentais dos jovens, como trabalho, educação, saúde, cultura,
esporte, lazer e tempo livre e instituiu a Assessoria de Juventude, a qual ficou
responsável pela articulação de políticas públicas para jovens de 15 a 29 anos
com os demais órgãos da administração municipal. Além disso, o município é
contemplado com o Conselho Municipal de Juventude, criado em 2004 (Lei
Municipal Nº 11.303 de 28 de dezembro de 2004) e aprimorado em 2015 (Lei
Municipal Nº 14.614 de 13 de março de 2015). Esse órgão atua de maneira
complementar, supervisionando, fiscalizando e fazendo cumprir toda a política
em vigor voltada aos jovens da cidade.
Em Curitiba, no período compreendido entre 2009 e 2018, observou-se um
crescimento significativo no total de atividades para jovens, chegando a 12.800
por ano em 2018. (FIGURA 4-092).
É possível observar o crescimento de atividades para jovens, essa evolução se
deve à manutenção de eixos identificados como principais demandas do referido
público, dentre elas são citadas ações culturais, de lazer, de educação, de
emprego e qualificação profissional. Além disso, nota-se a expansão de espaços
destinados a esse segmento populacional, programas e projetos focados na
faixa etária e crescente intersetorialidade entre as esferas governamentais, civis
e sistemas educacionais.

110
FIGURA 4-092 - ATIVIDADES PARA JOVENS, EM CURITIBA - 2009 A 2018

15.000
14.000 12.800
13.000
12.000
11.000
10.000
9.000
8.000
7.000 5.289
6.000 4.511
5.000
4.000 2.388 2.745 2.779
3.000 1.599
2.000 831 900
1.000
0

FONTE: SMELJ (2009 a 2018).


Nota: Os dados relativos ao ano de 2017 não foram totalizados.

Destaca-se entre as principais ações a Audiência Jovem, que visa promover a


reflexão e estimular o senso crítico, de maneira a levar o sujeito envolvido a
compreender seu papel enquanto cidadão. O trabalho está pautado nos eixos
determinados na lei e nas vivências do jovem. Com isso, o principal objetivo é
perceber as demandas e diagnosticar de que maneira podemos atuar com as
políticas públicas para este público específico.
Outras ações pertinentes às políticas municipais estão atreladas a diferentes
esferas governamentais e contempladas com programas que são transversais a
demais políticas públicas como: ações de prevenção ao uso de drogas,
campanhas educativas, capacitações para o primeiro emprego, cursos de
formação que busquem o desenvolvimento do protagonismo juvenil, e entre
outros, contribuindo para a formação de pessoas mais autônomas e
comprometidas socialmente, desenvolvendo os valores de solidariedade e
respeito, o que contribui significativamente para uma proposta de transformação
social.
As políticas de esporte e lazer e da juventude compõem o conjunto de
estratégias de diferentes setores e políticas, para ampliar e garantir
oportunidades de desenvolvimento humano e social, sendo que seus impactos
são complementados e complementares às demais políticas sociais e se
expressam no amplo conceito da qualidade de vida da população.

111
Para além da atividade física, estas políticas têm como desafio fomentar uma
prática inclusiva e multiplicadora, contribuindo com o fortalecimento de valores
de convivência e coletividade, visando integrar a população e estender a todos
o direito ao esporte e lazer e o protagonismo juvenil.

4.4.5 A POLÍTICA DE SAÚDE

Segundo a Lei Nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal de saúde visa à promoção da saúde da população da cidade de forma
articulada com todas as demais políticas públicas, através da gestão, regulação
e auditoria dos serviços próprios e conveniados ao Sistema Único de Saúde -
SUS, à ampliação do acesso aos serviços, ao monitoramento da morbidade e
mortalidade e à vigilância em saúde, integradas às políticas sociais, de controle
da qualidade ambiental, do ar, das águas, do solo, do subsolo, dos resíduos
orgânicos e inorgânicos.
Na estruturação e planejamento da política municipal de saúde, destacam-se as
Leis Federais Nº 8080/1990, Nº 8.142/1990 e Lei Complementar Nº 141/2012, a
Portaria Nº 2.135/ 2013 e o Decreto Federal Nº 7.508/2011.
O Plano Municipal de Saúde - PMS norteia os rumos da política pública de saúde
a ser implementada e monitorada pela Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba
- SMS. Além de ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde e ser uma
exigência legal, é um instrumento fundamental para a consolidação do SUS, por
meio dele busca-se explicitar o caminho a ser seguido pela SMS para alcançar
sua missão.
Conforme explicitado na metodologia, a contextualização da Política de Saúde
em Curitiba, assim como das demais políticas públicas que compõem o Plano
Setorial de Desenvolvimento Social, dar-se-á por meio da análise do
desempenho de indicadores previamente selecionados, tomando por base
documentos de referência, nos quais constam metas acordadas
internacionalmente, bem como metas nacionais pactuadas em conferências e
registradas em planos nacionais/ municipais ou similares.

112
4.4.5.1 Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Fatores de Risco

Os indicadores analisados a seguir, Mortalidade por Doenças Crônicas não


Transmissíveis, Diabetes, Hipertensão Arterial, Adultos Fumantes e Consumo
de Bebida Alcoólica, são monitorados pela SMS e representam um desafio
contínuo para as políticas públicas com impactos consideráveis na qualidade de
vida do cidadão. Relacionam-se ao ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e
promover o bem-estar para todos, em todas as idades, mais especificamente
com a meta 3.4 que prevê “Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade
prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento,
promover a saúde mental e o bem-estar, a saúde do trabalhador e da
trabalhadora, e prevenir o suicídio, alterando significativamente a tendência de
aumento”. Os indicadores Adultos Fumantes e Consumo de Bebida Alcoólica,
também relacionam-se com a meta 3.5 que trata de “Reforçar a prevenção e o
tratamento dos problemas decorrentes do uso de substâncias, incluindo o abuso
de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool”.
As doenças crônicas não transmissíveis - DCNT abrangem as doenças do
aparelho circulatório, as respiratórias crônicas, assim como diabetes e
neoplasias. São responsáveis por 63% das mortes globais e quando não levam
a óbito ocasionam limitações e diminuição da qualidade de vida. No Brasil são
responsáveis por 72% das causas de morte e, como o grupo de doenças de
maior magnitude no país, atingem especialmente, as populações mais
vulneráveis, como as de baixa renda e escolaridade (MALTA et al., 2019). Foi
lançado em 2011 o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das
DCNT (2011-2022), que estabelece ações e metas que levem à redução das
taxas de mortalidade prematura, considerada de 30 a 69 anos, para esse grupo
de doenças.
O indicador taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) pelo conjunto das
quatro principais doenças crônicas não transmissíveis contribui para o
monitoramento do impacto das políticas públicas no controle das DCNT, assim
como na prevenção dessas doenças e dos fatores de risco.
Os dados foram extraídos da base de dados do DATASUS, atualizada e
disponibilizada até o ano de 2017, sendo a única disponível para realização
desse tipo de análise comparativa com outros municípios do país.

113
Ao analisarmos as taxas de mortalidade prematura pelos quatro grupos de
DCNT, Curitiba apresentou em 2017, uma taxa de mortalidade prematura de
281,0 óbitos por 100.000 hab. estando abaixo do indicador do Brasil, 315,2/
100.000 hab., e de capitais como Goiânia, Belém, Porto Alegre e Recife e acima
das taxas encontradas em Belo Horizonte e Manaus. (FIGURA 4-093).

FIGURA 4-093 - TAXA DE MORTALIDADE PREMATURA (30 A 69 ANOS), PELOS QUATRO


PRINCIPAIS GRUPOS DE DCNT, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2017

Fonte: MS/DATASUS (2017).


Nota: Números de óbitos de 30 a 69 anos de idade por 100.000 hab. devido a Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (doenças do aparelho circulatório, câncer, diabetes e doenças respiratórias
crônicas).

A análise das taxas ao longo dos anos mostra que o risco de óbito prematuro em
Curitiba diminuiu no comparativo entre 2009 e 2018. Em 2009, a taxa era de
307,4/100 mil habitantes, chegando a 283/100 mil habitantes em 2018. Isso
representou uma queda de 24,4 óbitos/100 mil hab. ou aproximadamente 11,0%.
(FIGURA 4-094).

114
FIGURA 4-094 - TAXA DE MORTALIDADE PREMATURA (30 A 69 ANOS), PELOS QUATRO
PRINCIPAIS GRUPOS DE DCNT EM CURITIBA, 2009-2018
400

350 307,4 299,4 296,1 284,8 278,8 272,7 278,1 281,0 283,0
300 266,6

250

200

150

100

50

FONTE: MS/DATASUS (2009 a 2018).


Nota: 2018 dado preliminar.

Ao se analisar as taxas de mortalidade prematura pelas quatro principais DCNT


que pertencem ao grupo em análise, é possível verificar que as neoplasias são
as que mais causaram óbitos na faixa etária dos 30 aos 69 anos, seguida das
doenças do aparelho circulatório, do diabetes e do aparelho respiratório, em
todos os anos da série histórica. (FIGURA 4-095).

FIGURA 4-095 - TAXA DE MORTALIDADE PREMATURA (30 A 69 ANOS), PELOS QUATRO


PRINCIPAIS GRUPOS DE DCNT EM CURITIBA, 2009-2018

160
133,18 133,26 130,60 134,26
124,92 124,47 123,39 126,11
120,45 118,36
127,11
115,91 119,46
120
110,22 110,11 112,51 108,96
105,10 109,09 104,57

80

40
31,51 35,76 35,72 36,03
30,57
21,33 22,69 22,69 24,47 28,13
15,58 14,44 16,04 18,13 18,61 17,81 16,52 16,84 16,94 16,00
0

NEOPLASIAS
DIABETES
DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO

FONTE: SIM-DATASUS (2009 a 2017) SIM (2018).


Nota: 2018 dados preliminares. População RIPSA/IBGE.

115
As neoplasias mantiveram-se como primeira causa de mortalidade prematura,
acompanhadas pelas doenças cardiovasculares em segunda posição. Esse
achado é ratificado por estudo do município sobre mortalidade precoce por
doenças cardiovasculares (CURITIBA, 2018), que ocupavam a primeira posição
até 2009.
Curitiba tem investido em estratégias como o programa “Escute seu Coração”,
para atuar frente ao quadro epidemiológico dessas doenças e agravos não
transmissíveis. Este programa tem como principais objetivos: direcionar a
atenção à saúde do coração em Curitiba, a fim de interferir nos fatores de risco
para a Doença Cardiovascular - DCV qualificar as ações em toda a Linha de
Cuidados da Saúde do Coração nos eixos da promoção da saúde, prevenção
das DCV, atenção ambulatorial básica e especializada, vigilância em saúde, e
assistência na urgência e emergência; estimular estilos de vida saudáveis,
especialmente pelo incentivo à prática de atividade física, adoção de
alimentação saudável, prevenção do consumo nocivo de álcool, cessação do
tabagismo, alcance ou manutenção do peso saudável entre outros (CURITIBA,
2018).
Reduzir a mortalidade prematura pelas DCNT é um desafio possível de ser
alcançado. Existem evidências sobre a importância de ações de promoção e
prevenção da saúde, pelo incremento de políticas públicas de caráter intra e
intersetoriais, que incentivem e oportunizem estilos de vida mais saudáveis como
prática de atividade física regular, alimentação saudável, redução do tabagismo
ativo e passivo, entre outras (MALTA, 2019).
A meta para o Brasil é reduzir em 2% ao ano a mortalidade prematura por essas
causas, assim como diminuir a prevalência dos fatores de risco envolvidos como
tabagismo, inatividade física, obesidade, entre outros (BRASIL, 2011).
A prevalência autorreferida de Diabetes, Hipertensão Arterial, Fumo e Consumo
de Bebida Alcóolica tem sido levantada anualmente na Pesquisa de Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico -
VIGITEL. Esta pesquisa, realizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS
do Ministério da Saúde - MS, consiste na aplicação por amostragem de um
questionário via telefone fixo a pessoas de 18 e mais anos nas capitais
brasileiras e Distrito Federal.

116
O diabetes mellitus compreende um conjunto de distúrbios do metabolismo
caracterizado por hiperglicemia sustentada devido à diminuição relativa ou
absoluta de insulina e graus variados de resistência periférica à ação desse
hormônio, acarretando alterações no metabolismo de carboidratos, lipídios e
proteínas e comprometendo a função e estrutura vascular de diferentes órgãos
ao longo do tempo. Figura como a principal causa de cegueira adquirida, além
de ser responsável por grande parte dos casos de insuficiência renal e
amputação não traumática de membros inferiores. Sua associação com
hipertensão arterial e dislipidemia aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Os custos sociais da doença compreendem tanto custos diretos relativos à
atenção à saúde desta população como perda de produtividade no trabalho,
aposentadoria precoce, anos vividos com incapacidade e mortalidade
prematura. O aumento observado na prevalência mundial do Diabetes deve-se,
em grande parte, a fatores como envelhecimento da população, alimentação não
saudável, obesidade e inatividade física. Sua prevenção relaciona-se à adoção
de fatores de proteção para doenças crônicas não transmissíveis como a
alimentação saudável e prática regular de atividade física, assim como a
prevenção de fatores de risco como o tabagismo e o consumo nocivo de álcool.
No período de 2009 – 2018 todas as capitais analisadas obtiveram aumento no
percentual de adultos (> 18 anos) que referiram diagnóstico médico de
diabetes.
Em 2018, entre as capitais selecionadas a frequência de adultos que referiram
diagnóstico médico de diabetes, variou entre 6,2% em Goiânia e 7,9% em Porto
Alegre. (FIGURA 4-096).

117
FIGURA 4-096 – PERCENTUAL DE ADULTOS (> 18 ANOS) QUE REFERIRAM
DIAGNÓSTICO MÉDICO DE DIABETES, EM CURITIBA, CAPITAIS BRASILEIRAS
SELECIONADAS, 2018

FONTE: MS/VIGITEL (2018).

No período 2009-2018, Curitiba registrou crescimento de 19,3% na frequência


autorreferida de diabetes na população de 18 e mais anos, passando de 5,7%
para 6,8%. (FIGURA 4-097).

FIGURA 4-097 - PERCENTUAL DE ADULTOS (> 18 ANOS) QUE REFERIRAM


DIAGNÓSTICO MÉDICO DE DIABETES, EM CURITIBA, 2009-2018

FONTE: MS/VIGITEL (2009 a 2018).

Considerada um dos graves problemas de saúde pública no Brasil e no mundo,


a hipertensão arterial contribui para a mortalidade por doenças
cardiovasculares, sendo as suas causas atribuídas a fatores genéticos,
ambientais, alimentares, sedentarismo, consumo nocivo do álcool e tabagismo,

118
entre outros. Sua prevenção depende também da redução de fatores comuns de
risco para doenças crônicas e da adoção de fatores protetivos.
Manter hábitos saudáveis ao longo da vida como controlar o consumo de sal,
ingerir frutas e oleaginosas, praticar atividade física, entre outros, ajudam a
prevenir a doença.
No período de 2009 a 2018 das capitais analisadas apenas Manaus, Recife e
Porto Alegre obtiveram diminuição no indicador percentual de adultos (> 18
anos) que referiram diagnóstico médico de hipertensão arterial. Vale
destacar que Curitiba teve um ligeiro aumento.
Em 2018, entre as capitais selecionadas, a frequência de adultos que referiram
diagnóstico médico de hipertensão arterial variou entre 20,9% em Belém e 26,5%
em Recife e Belo Horizonte. (FIGURA 4-098).

FIGURA 4-098 - PERCENTUAL DE ADULTOS (> 18 ANOS) QUE REFERIRAM


DIAGNÓSTICO MÉDICO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS, 2018

FONTE: MS/VIGITEL (2018).

No período de 2009 a 2018 Curitiba registrou aumento de 0,47%, de 21,5% para


21,6%. (FIGURA 4-099).

119
FIGURA 4-099 - PERCENTUAL DE ADULTOS (> 18 ANOS) QUE REFERIRAM
DIAGNÓSTICO MÉDICO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, EM CURITIBA, 2009-2018

FONTE: FONTE: MS/VIGITEL (2009 a 2018).

O aumento da frequência de diabetes e hipertensão autorreferidos em inquéritos


como o VIGITEL deve-se tanto ao aumento da prevalência destas condições na
população adulta como a maior efetividade dos sistemas de saúde em relação
ao acesso e ao diagnóstico de pessoas com estas condições. Vale ressaltar que
uma das limitações deste inquérito é a não participação de pessoas sem telefone
fixo, população esta que vem aumentando ao longo dos anos.
O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco
para o desenvolvimento de uma série de doenças crônicas, tais como câncer,
doenças pulmonares e doenças cardiovasculares, de modo que o uso do tabaco
continua sendo líder global entre as causas de mortes evitáveis (WHO, 2009;
2011).
Conhecer a situação de saúde da população é o primeiro passo para planejar
ações e programas que reduzam a ocorrência e a gravidade destas doenças,
melhorando assim a saúde da população.
Na comparação entre todas as capitais e DF, Curitiba ficou com o terceiro
percentual mais alto de adultos fumantes em 2018, diferentemente de 2017,
onde apresentava o maior percentual de fumantes, entre todas as capitais
pesquisadas pela VIGITEL.
Em 2018, das capitais selecionadas para essa análise, Porto Alegre foi a capital
com maior percentual de fumantes, 14,4% e Belém com o menor percentual,

120
4,9%. No conjunto das 27 capitais a frequência de adultos fumantes foi de 9,3%,
e entre as capitais selecionadas 9,1%. (FIGURA 4-100).

FIGURA 4-100 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) FUMANTES, EM CURITIBA E


CAPITAIS BRASILEIRAS SELECIONADAS, 2018

FONTE: FONTE: MS/VIGITEL (2018).

Curitiba foi a capital com a segunda maior frequência de adultos fumantes, com
o percentual de 11,4%, entre as capitais selecionadas.
De 2009 a 2018, o percentual de fumantes em Curitiba apresentou queda de
cerca de 41%, de 19,3% para 11,4%. A análise do período mostra uma tendência
de queda do percentual de fumantes, sendo o percentual de 2018, o menor
registrado ao longo dos dez anos analisados. (FIGURA 4-101).

FIGURA 4-101 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) FUMANTES, EM CURITIBA,


2009-2018

FONTE: FONTE: MS/VIGITEL (2009 a 2018).

121
Em 2018 houve ampliação do Programa de Controle do Tabagismo, com a
implantação da Abordagem Intensiva para Cessação do Tabagismo em 23
Unidades de Saúde - US, aumentando de 28 para 51 US, o que representa
significativa ampliação de oferta de tratamento para fumantes que desejam parar
de fumar.
O consumo de bebida alcoólica é um dos fatores de risco para acidentes de
trânsito, assim como o desenvolvimento ou agravamento de DCNT, em especial
as neoplasias e cardiovasculares. O consumo abusivo de bebida alcoólica é
definido quando ocorreu o consumo de quatro doses ou mais de bebida alcoólica
para mulheres ou cinco doses ou mais de bebida alcoólica para homens em uma
mesma ocasião por pelo menos uma vez nos últimos 30 dias, sendo que uma
dose de bebida alcoólica corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho,
uma dose de cachaça, uísque ou qualquer outra bebida alcoólica destilada
(VIGITEL, 2018).
De acordo com dados da OMS, ao todo 5% das doenças mundiais são causadas
pelo álcool e mais de três milhões de homens e mulheres morrem anualmente
pelo uso nocivo de bebidas alcoólicas.
Dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde mencionam que 1,45% do total
de óbitos ocorridos entre o período de 2000 a 2017 estão relacionados à ingestão
abusiva de bebidas, a exemplo da doença hepática alcoólica (BRASIL, 2019).
Em 2018, das capitais selecionadas, Belo Horizonte foi a capital com maior
percentual de adultos com consumo abusivo de álcool, com 22,4%, sendo
Manaus com 13,8% a capital com o menor percentual. O percentual para as
capitais selecionadas foi de 17,4. Curitiba foi a segunda capital com menor
frequência de consumo abusivo de álcool, com o percentual de 14,4, abaixo da
frequência encontrada no Brasil, 17,9%. (FIGURA 4-102).

122
FIGURA 4-102 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE, NOS ÚLTIMOS 30 DIAS,
CONSUMIRAM 04 OU MAIS DOSES (MULHER) OU 05 OU MAIS DOSES (HOMEM) DE
BEBIDA ALCOÓLICA EM UMA MESMA OCASIÃO, EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS, 2018

FONTE: FONTE: MS/VIGITEL (2018).

De 2009 a 2018, o consumo abusivo de álcool em Curitiba variou de 13,9% para


14,4%, um aumento de 3,60%. O menor percentual foi constatado em 2013,
11,7%. Apesar da tendência de aumento observada ao longo da série histórica,
de 2017 para 2018 houve queda de 24,6% neste indicador. (FIGURA 4-103).

FIGURA 4-103 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE, NOS ÚLTIMOS 30 DIAS,


CONSUMIRAM 04 OU MAIS DOSES (MULHER) OU 05 OU MAIS DOSES (HOMEM) DE
BEBIDA ALCOÓLICA EM UMA MESMA OCASIÃO, EM CURITIBA, 2009-2018

FONTE: FONTE: MS/VIGITEL (2018).

Sabe-se que a maioria das doenças físicas e mentais é influenciada por uma
combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Afetam pessoas de
todas as idades, em todos os países e causam sofrimento aos indivíduos,

123
famílias e comunidades. Pessoas com transtornos mentais são expostos a uma
ampla gama de violações de direitos humanos.
Dada prevalência e magnitude do problema, os transtornos mentais se tornaram
um grande desafio para as políticas públicas no mundo. De acordo com dados
da OMS (Atlas de Saúde Mental, 2014), uma em cada quatro pessoas são
afetadas por algum transtorno mental ao longo da vida. Cerca de 900.000
pessoas cometem suicídio a cada ano, sendo esta a 2ª causa mais comum na
população jovem. Ressalta que três de quatro pessoas com transtorno mental
severo não recebem tratamento. Ainda segundo estimativa, em 2030 a
depressão acarretará a maior carga de doença global.
Para a atenção às pessoas com sofrimento ou transtornos mentais incluindo
aquelas que fazem uso de álcool, crack e outras drogas, Curitiba organiza uma
rede estruturada de forma integrada e articulada em diferentes pontos de
atenção, que inclui desde Centro de Atendimento Psicossocial - CAPS até
serviços especializados.
Apresenta um modelo de atenção psicossocial descentralizado e regionalizado,
diminuindo a distância entre os serviços e a população usuária no sentido de
garantir acesso e qualidade assistencial, respeitando os princípios do território,
acolhimento, vínculo e integralidade do cuidado. O CAPS destaca-se como
serviço estratégico da rede territorial e responsável pelo atendimento da
demanda de transtorno mental, incluindo o uso de substâncias psicoativas, com
grande prejuízo funcional, sendo o fomentador do processo de reabilitação
psicossocial.
Em Curitiba, há 13 CAPS, sendo dez para atendimento do público adulto e três
voltados para crianças e adolescentes, que estão regionalizados, atuando sob a
lógica da intersetorialidade.
No que se refere aos acidentes de trânsito, o município tem realizado, por meio
da rede de parceiros intersetoriais do Programa Vida no Trânsito - PVT, ações
de enfrentamento do uso de álcool e sua associação com o trânsito. O PVT conta
com o aporte técnico e financeiro do Ministério da Saúde, com suporte da
Organização Pan-americana de Saúde - OPAS e da OMS no Brasil. O programa
tem como principal característica o trabalho intersetorial e conjunto, entre os
diversos setores ligados direta ou indiretamente a este problema. Tem como
objetivo principal o fortalecimento de políticas de prevenção de lesões e mortes

124
no trânsito, tendo como subsídio para o planejamento de ações intersetoriais,
dados e análises (CURITIBA, 2019).
As instituições de trânsito municipais, estaduais e federais, parceiras do PVT
municipal realizaram, ao longo de 2018, blitzes voltadas à fiscalização e
prevenção da alcoolemia, visto que o álcool é um dos principais fatores de risco
envolvidos nos óbitos de trânsito analisados pelo PVT municipal.

4.4.5.2 Doenças transmissíveis

Quanto à transmissão do HIV, a transmissão vertical (da mãe para o recém –


nascido) é a principal forma de contágio em crianças durante a gestação, parto
ou amamentação, assim, a assistência ao pré-natal representa excelente
oportunidade para ações de prevenção.
Conforme a OMS, medidas eficazes de prevenção podem reduzir para menos
de 2% a transmissão vertical do HIV. Intervenções como testagem do HIV
disponível na atenção primária para as gestantes, parturientes e parceiros, o
referenciamento para acompanhamento especializado, oferta de testagem nas
maternidades, medicação antirretroviral na gestação, no parto e para o recém-
nascido, inibição da lactação e acompanhamento de puerpério e puericultura
mostram-se como medidas para a redução da transmissão vertical. Desta forma,
a detecção e tratamento durante a gestação, adesão ao tratamento por parte das
mulheres vivendo com HIV e acompanhamento adequado da criança colocam-
se como desafios constantes. Curitiba em 2017 recebeu a certificação do
Ministério da Saúde como primeiro município brasileiro a ficar livre da
transmissão vertical do HIV. Para obter esta certificação, é necessário que o
município atinja os indicadores de impacto, que se referem aos últimos três anos
da análise, como a taxa de incidência de novas infecções de HIV em criança, por
ano de nascimento (menor ou igual a 0,3) e a proporção anual de crianças
infectadas pelo HIV entre as crianças expostas acompanhadas pela rede
SUS (menor que 2%), em 2019 manteve a certificação. Este foi um reflexo do
trabalho intensivo desenvolvido nas últimas décadas com capacitações das
equipes de saúde, com investimento em melhoria da atenção, com melhoria do

125
laboratório municipal de análises clínicas, com sistema de informação,
notificação e de tratamento.
Os indicadores a seguir, taxa de detecção de casos de Aids notificados em
menores de cinco anos de idade, taxa de detecção de casos de Aids
notificados em habitantes com idade entre 15 e 24 anos de idade, como
também o Índice de infestação por Aedes Aegypti relacionam-se com o ODS
3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas
as idades, mais especificamente com a meta 3.3 que propõe “até 2030 acabar,
com o problema de saúde pública, com as epidemias de AIDS, tuberculose,
malária, hepatites virais, doenças negligenciadas, doenças transmitidas pela
água, arboviroses transmitidas pelo aedes aegypti e outras doenças
transmissíveis.
Dentre as capitais analisadas no ano de 2016, a taxa de detecção de casos de
Aids notificados em menores de cinco anos de idade por 100 mil habitantes
foi maior do que a média nacional, 2,40 casos/100 mil hab. em cinco capitais,
exceto em Curitiba e Goiânia, ambas com nenhum caso detectado no ano.
(FIGURA 4-104).

FIGURA 4-104 - TAXA DE DETECÇÃO DE CASOS DE AIDS NOTIFICADOS EM MENORES


DE CINCO ANOS DE IDADE (POR 100 MIL HABITANTES), EM CURITIBA, BRASIL E
CAPITAIS BRASILEIRAS - 2016

FONTE: Ministério da Saúde (2016).


Nota: Números de casos confirmados de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS por
100.000 habitantes.

De 2005 a 2016, Curitiba reduziu em 100% a taxa de detecção de casos de AIDS


em menores de cinco anos de idade.

126
Podemos afirmar que o início do processo de Certificação da Eliminação da
Transmissão Vertical do HIV em Curitiba começou com o Programa Mãe
Curitibana, implantado em março de 1999, que nasceu com o propósito de
melhoria na qualidade do pré-natal, na garantia do acesso ao parto, com a
complexidade e qualidade necessárias, a consulta puerperal precoce, com vistas
à detecção e manejo das possíveis complicações do pré-natal, parto e puerpério,
bem como o reforço do estímulo ao aleitamento materno. Com o Programa Mãe
Curitibana e o Programa Municipal de HIV/AIDS, se instituiu o protocolo de
testagem de HIV nas gestantes. Em 2002 foi incluído o teste rápido nas
maternidades e o manejo da infecção pelo HIV na atenção primária. (GRÁFICO
105).

FIGURA 4-105 - TAXA DE DETECÇÃO DE CASOS DE AIDS NOTIFICADOS EM MENORES


DE CINCO ANOS DE IDADE (POR 100 MIL HABITANTES), EM CURITIBA, 2005-2016

FONTE: FONTE: MS/VIGITEL (2005 a 2018).


Nota: Números de casos confirmados de AIDS por 100.000 habitantes

Quanto à taxa de detecção de casos de AIDS notificadas em habitantes com


idade entre 15 a 24 anos, em Curitiba, assim como no Brasil a taxa de detecção
de AIDS tem crescido de forma importante nos últimos dez anos, principalmente
no jovem do sexo masculino. Frente a esta tendência, o município tem realizado
uma estratégia de prevenção que faz uso combinado de intervenções
biomédicas, comportamentais e estruturais aplicadas no nível dos indivíduos, de
suas relações e dos grupos sociais a que pertencem e que levem em
consideração suas necessidades e especificidades e as formas de transmissão
do vírus conforme proposto pelo Ministério da Saúde.

127
Em 2016, somente Curitiba apresentou taxa de detecção de casos de AIDS
notificados em habitantes com idade entre 15 e 24 anos de idade (por 100 mil
habitantes) abaixo da média nacional, que é de 13,8, sendo que nas demais
capitais analisadas as médias vão de 20 em Belo Horizonte a 58,60 em Manaus.
(FIGURA 4-106).

FIGURA 4-106 - TAXA DE DETECÇÃO DE CASOS DE AIDS NOTIFICADOS EM


HABITANTES COM IDADE ENTRE 15 E 24 ANOS DE IDADE (POR 100 MIL HABITANTES),
EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2016

FONTE: FONTE: MS/VIGITEL (2016).


Nota: Números de casos confirmados de AIDS por 100.000 habitantes

De 2005 a 2016, Curitiba apresenta um ligeiro acréscimo de 8,18%, de 11,0 para


11,9 casos detectados, e, uma redução importante a partir de 2015. (FIGURA 4-
107).

128
FIGURA 4-107 - TAXA DE DETECÇÃO DE CASOS DE AIDS NOTIFICADOS EM
HABITANTES COM IDADE ENTRE 15 E 24 ANOS DE IDADE (POR 100 MIL HABITANTES),
EM CURITIBA 2005 – 2016

FONTE: FONTE: MS/VIGITEL (2005 a 2018).


Nota: Números de casos confirmados de AIDS por 100.000 habitantes

Ainda no conjunto de indicadores monitorados pelo o ODS 3, meta 3.3, Curitiba


vem mantendo desde o ano de 2007 o índice de infestação por Aedes
Aegypti, abaixo de 1%, considerado satisfatório conforme preconizado pelo
Ministério da Saúde, colocando o município na condição de baixo risco devido
ao desenvolvimento das políticas públicas.
No ano de 2018, Curitiba foi a única das cinco capitais selecionadas, com
informações sobre infestação, que obteve índice satisfatório. Em Manaus,
Recife, Goiânia e Belém o índice foi de alerta.
O Aedes Aegypti é o vetor na transmissão de doenças como dengue, zika,
chikungunya e febre amarela, com grande prejuízo à população caso as mesmas
sejam transmitidas no município. A avaliação crítica do índice de infestação do
Aedes Aegypti é de suma importância para a previsão de possível
transmissibilidade das doenças no território do município e a ocorrência de
epidemias.
A conscientização e mobilização das pessoas para a manutenção de ambientes
livres de potenciais criadouros do vetor, a integração e intersetorialidade dos
atores públicos envolvidos no controle vetorial sob as diferentes frentes de
atuação, bem como a melhoria na utilização de instrumentos legais que facilitem
o trabalho do poder público na eliminação de criadouros em imóveis
abandonados, são os grandes desafios para a cidade.

129
O Programa Municipal de Controle do Aedes realiza as atividades de controle
vetorial determinadas pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Controle
da Dengue com o objetivo de manter o município na condição de baixo risco.

4.4.5.3 Atenção à Saúde Materno-infantil

A Atenção à Saúde Materno-infantil sempre foi uma preocupação das políticas


de saúde, monitorada através dos indicadores de mortalidade materna,
mortalidade infantil e mortalidade na infância. Embora nas últimas décadas, com
a organização do Programa Mãe Curitibana, o município apresentou importantes
avanços nesta área, manter bons indicadores e a qualidade no atendimento à
saúde reprodutiva, pré-natal, parto, puerpério e das crianças, com prioridade
para os casos de maior risco, é um desafio constante.
Curitiba apresenta desde o ano de 2016 uma razão de mortalidade materna
inferior a 20/100 mil nascidos vivos, o que é considerado baixo pela OMS bem
como abaixo da meta 3.1 do ODS 3 que prevê “Até 2030, reduzir a razão de
mortalidade materna para menos de 30 mortes por 100.000 nascidos vivos”. A
característica rara do evento só permitirá avaliar a sustentabilidade dessa razão
nos próximos anos.
A Morte Materna é definida como a morte de uma mulher durante a gestação ou
até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da
localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada
pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida às causas
acidentais ou incidentais (OMS,1997).
No Brasil, apesar do avanço na proporção de consultas de pré-natal, com a
maioria das gestantes fazendo ao menos seis, observa-se que o grande desafio
para a saúde da mulher são as mortes com causas evitáveis como por exemplo,
a hipertensão e hemorragias. Os esforços das equipes devem ser direcionados
a considerar as principais fragilidades na assistência à gestante, durante o parto
e o puerpério, e assim garantir que serviços e intervenções sejam adequados e
oportunos e estejam disponíveis para as mulheres em cada estágio da sua vida
reprodutiva.

130
O Óbito Materno do ponto de vista epidemiológico é definido pela OMS como
bom indicador da realidade socioeconômica e da qualidade da atenção em
saúde de uma localidade. Por ser considerado um evento raro, a morte materna
deve ser analisada numericamente através da razão de mortalidade materna -
RMM, que inclui no numerador os óbitos maternos, no denominador os nascidos
vivos, multiplicados por 100.000.
O Pacto Nacional de Redução de Mortalidade Materna e Neonatal é um acordo
interfederativo que tem por objetivo articular os atores sociais historicamente
mobilizados em torno da melhoria da qualidade de vida de mulheres e crianças.
A meta estabelecida é a redução anual de 5% desses indicadores para atingir
índices considerados aceitáveis pela OMS, a médio e longo prazo. Os princípios
que o embasam são, entre outros, o respeito aos direitos humanos de mulheres
e crianças; a consideração das questões de gênero, dos aspectos étnicos e
raciais e das desigualdades sociais e regionais; a decisão política de
investimentos na melhoria da atenção obstétrica e neonatal; e a ampla
mobilização e participação de gestores e organizações sociais.
Sabe-se que a redução da razão de mortalidade materna reflete a qualidade da
atenção à saúde da mulher e que taxas elevadas estão associadas à
insatisfatória prestação de serviços de saúde, desde o planejamento familiar e
assistência pré-natal, até a assistência ao parto e puerpério e, também, está
relacionado à situação socioeconômica e de infraestrutura a que está submetida
a população.
Em 2017, Curitiba e as demais capitais selecionadas, exceto Belém,
apresentaram razão de mortalidade materna abaixo da nacional que foi de
58,8/100 mil nascidos vivos, tendo Curitiba e Belo Horizonte as menores razões,
17,6 e 16,6, respectivamente. (FIGURA 4-108).

131
FIGURA 4-108 - RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS, 2017

FONTE: MS/DATASUS (2017).


Elaborado por: SMS/Centro de Epidemiologia/CEV (2017).
Nota: Morte de mulher durante a gestação ou dentro de um período de até 42 dias após o
término da gestação, por 100.000 nascidos vivos.

De 2007 a 2018, a razão de mortalidade materna em Curitiba teve redução de


46,37%, de 32,8 para 13,6 (2018 dados preliminares). Por outro lado, no período
2007-2016 o Brasil cresceu 6,27%, de 55,0 para 58,4, bem acima da meta da
OMS para o Brasil que era de 35/100mil nascidos vivos em 2015. (FIGURA 4-
109).

FIGURA 4-109 - RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA, EM CURITIBA, 2007-2018*

FONTE: SIM/Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC (2007-2018).


Elaborado por SMS/Centro de Epidemiologia/CEV – SMS Curitiba. (2018).
Nota: Morte de mulher durante a gestação ou dentro de um período de até 42 dias após o
término da gestação, por 100.000 nascidos vivos.
*2018 dados preliminares

132
Outro indicador é o da mortalidade infantil que, além de estimar o risco de morte
dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano de vida, reflete, de uma maneira
geral, as condições de desenvolvimento socioeconômico e infraestrutura
ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para
atenção à saúde materna e da população infantil. Outros aspectos também
influenciam a sua redução, como o declínio da fecundidade e o efeito de
intervenções públicas em saúde, saneamento, educação da população feminina,
entre outros.

Expressa um conjunto de causas de morte cuja composição é diferenciada entre


os subgrupos de idade e fornece importantes subsídios para os processos de
planejamento, gestão e avaliação de políticas e ações de saúde voltadas à
atenção pré-natal e ao parto, bem como para a proteção da saúde infantil.
A maior parte dos óbitos na infância concentra-se no primeiro ano de vida,
sobretudo no primeiro mês, portanto, em relação a mortalidade na infância e
infantil o principal desafio para os próximos anos é a redução da mortalidade
neonatal (0 a 27 dias de vida completos).
A Mortalidade Infantil, a Mortalidade Neonatal e a Mortalidade na Infância
(crianças menores de cinco anos de idade) relacionam-se com o ODS 3 -
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as
idades, mais especificamente com a meta 3.2 de “Até 2030, enfrentar as mortes
evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de cinco anos, objetivando
reduzir a mortalidade neonatal para no máximo cinco por 1.000 nascidos vivos e
a mortalidade de crianças menores de cinco anos para no máximo oito por 1.000
nascidos vivos”, esforços estão sendo empreendidos para qualificar a
assistência, especialmente a assistência ao pré-natal”.
Quanto à taxa de mortalidade infantil que diz respeito ao número de óbitos de
menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, compreende a soma dos
óbitos ocorridos nos períodos neonatal precoce (0-6 dias de vida), neonatal
tardio (7-27 dias) e pós-neonatal (28 dias e mais). Em 2017, Curitiba, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Recife e Goiânia, apresentaram Taxa de Mortalidade
Infantil abaixo da nacional, de 12,4 a cada 1.000 nascidos vivos, tendo Curitiba
o menor valor entre as capitais analisadas, com 8,3. (FIGURA 4-110).

133
A Organização Mundial da Saúde - OMS aponta como indicador aceitável
coeficiente inferior a 10/1.000 nascidos vivos.

FIGURA 4-110 - TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS


BRASILEIRAS - 2017

FONTE: MS/DATASUS (2017).


Centro de Epidemiologia/CEV (2017).
Nota: Óbitos de menores de 01 ano de idade, por 1000 nascidos vivos.

Tais resultados refletem, além de melhores indicadores sociais no município, as


ações na atenção materno-infantil desencadeadas no âmbito dos serviços, como
a captação precoce para início do pré-natal, com 84% das gestantes iniciando o
acompanhamento antes do 4º mês de gestação; a estratificação de risco na
gestação, número médio de consultas no pré-natal acima de 7,93 consultas por
gestante e redução da proporção de gravidez na adolescência de 19,3% em
1999, para 8,4% em 2018.
De 2007 a 2018, a taxa de mortalidade infantil em Curitiba teve redução de
21,0%, de 10,5 para 8,3. No Brasil verifica-se queda de 21,2%, de 15,7 para 12,4
no período 2007 – 2017. (FIGURA 4-111).
Desde 2008, Curitiba tem apresentado taxa inferior a 10/1.000 nascidos vivos.

134
FIGURA 4-111 - TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL, EM CURITIBA, 2007-2018*

FONTE: MS/SIM (2017); MS/SINASC (2007 a 2018).


Elaborado por: SMS (Centro de Epidemiologia/CEV, 2018).
* 2018 – dados preliminares.

De modo geral os indicadores da mortalidade infantil traduzem de forma sensível


a qualidade de saúde da população, principalmente, relativa às condições de
alimentação, moradia, saneamento, educação e acesso aos serviços de saúde.
Muitas foram as estratégias que contribuíram para a redução da mortalidade
infantil ao longo dos anos, em especial aquelas voltadas à qualificação da
assistência materno-infantil, incluindo as apontadas pela investigação e análise
dos óbitos pelas Câmaras Distritais do Comitê Pró-Vida de Prevenção da
mortalidade Materna, Infantil e Fetal de Curitiba. Como em Curitiba a taxa de
mortalidade infantil já é considerada baixa, sua redução torna-se cada vez mais
difícil, demandando esforços concentrados e dirigidos às causas dos óbitos
evitáveis, a partir do aprofundamento da análise e identificação dos
determinantes desses eventos, e qualificação profissional para a adequada
atenção.
A taxa de mortalidade neonatal mede o número de óbitos no período neonatal
(zero a 28 dias de vida), por mil nascidos vivos.
Este indicador reflete, de maneira geral, as condições socioeconômicas e de
saúde da mãe, bem como a assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido.
Este componente pode ser desagregado, ainda, em precoce e tardio. O primeiro
refere-se aos óbitos de crianças com até seis dias e estima o risco de um recém-
nascido vivo morrer durante sua primeira semana de vida. O segundo diz
respeito aos óbitos de crianças entre sete até 27 dias completos de vida.

135
Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Goiânia e Manaus, apresentaram
taxa de mortalidade neonatal abaixo da nacional, que foi de 8,8 a cada 1.000
nascidos vivos. (FIGURA 4-112).

FIGURA 4-112 - TAXA DE MORTALIDADE NEONATAL EM CURITIBA E CAPITAIS


BRASILEIRAS - 2017

FONTE: MS/DATASUS (2017) SMS/Centro de Epidemiologia (2017).


Nota: Óbitos de nascidos vivos com até 27 dias de vida completos, por 1000 nascidos vivos.

Desde 2013, Curitiba tem apresentado taxa de mortalidade neonatal inferior a


7,0/1.000 nascidos vivos. (FIGURA 4-113).

FIGURA 4-113 - TAXA DE MORTALIDADE NEONATAL, EM CURITIBA, 2007-2018*

FONTE: MS/SIM 2007 a 2018); SINASC 2007 a 2018).


Elaborado por: SMS/Centro de Epidemiologia/CEV (2018).
Nota: Óbitos de nascidos vivos com até 27 dias de vida completos, por 1000 nascidos vivos.
* 2018 dados preliminares.

136
O componente neonatal mantém-se como importante desafio para a atenção à
saúde materno infantil e, portanto, para a redução da mortalidade infantil. As
principais causas dos óbitos neonatais são as afecções originadas no período
perinatal e as malformações. As primeiras são decorrentes de fatores maternos
da gravidez e parto que levam ao sofrimento fetal e prematuridade, tais como:
doença hipertensiva, infecções maternas, membrana hialina, imaturidade
pulmonar e asfixia.
O desafio consiste em manter os pilares de qualidade da Atenção Materno
infantil para a redução da Mortalidade Neonatal que são: assistência ao pré-
natal, referência hospitalar, assistência ao parto e assistência ao recém-nascido,
integração entre os diferentes pontos de atenção, considerando atenção
primária, especializada e hospitalar.
A taxa de mortalidade na infância (crianças menores de cinco anos de
idade) mede o número de óbitos de menores de cinco anos de idade, por mil
nascidos vivos.
Este indicador estima o risco de morte dos nascidos vivos durante os cinco
primeiros anos de vida. De modo geral, expressa o desenvolvimento
socioeconômico e a infraestrutura ambiental, além do acesso e a qualidade dos
recursos disponíveis para atenção à saúde materno-infantil.
Em 2017, Curitiba apresentou a menor Taxa de Mortalidade na Infância,
9,8/1.000 nascidos vivos em relação às demais capitais analisadas e, em relação
à taxa nacional,14,4/1.000. (FIGURA 4-114).

FIGURA 4-114 - TAXA DE MORTALIDADE NA INFÂNCIA (CRIANÇAS MENORES DE CINCO


ANOS DE IDADE), EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2017

FONTE: MS/SIM (2017).

137
Nota: Número de óbitos de menores de 05 anos de idade, por 1000 nascidos vivos.

De 2007 a 2018, a taxa de mortalidade na infância em Curitiba apresentou queda


de 22,1%, de 12,3 para 9,6 óbitos. No Brasil a queda foi de 21,7%, de 18,4 para
14,4 óbitos. (FIGURA 4-115).

FIGURA 4-115 - TAXA DE MORTALIDADE NA INFÂNCIA (CRIANÇAS MENORES DE 5


ANOS DE IDADE), EM CURITIBA, 2007-2018*

FONTE: MS/SIM (2007 a 2018); MS/SINASC (2007 a 2018).


Elaborado por: MS/Centro de Epidemiologia/CEV (2018).
Nota: Óbitos de menores de cinco anos por 1000 nascidos vivos.
* 2018 dados preliminares.

4.4.5.4 Prevenção do câncer de colo de útero

A razão de exames citopatológicos do colo do útero em mulheres de 25 a


64 anos consiste na realização do exame citopatológico para câncer de colo de
útero (Papanicolau) a cada três anos, que é preconizado pelo Ministério da
Saúde para todas as mulheres com idade entre 25 e 64 anos e também para
mulheres mais jovens com vida sexual ativa. Exames anuais são recomendados
para mulheres com citologia alterada.
Este indicador está associado a ODS 3, Meta 3.4 de “Até 2030, reduzir em um
terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e
tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar, a saúde do trabalhador e
da trabalhadora e prevenir o suicídio, alterando significativamente a tendência
de aumento” e a Meta 3.7 “Até 2030, assegurar o acesso universal aos serviços
e insumos de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento reprodutivo,

138
a informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em
estratégias e programas nacionais”.
Em 2017, Curitiba apresentou a quinta posição em coleta de exames
citopatológicos do colo do útero realizados pelo SUS em mulheres de 25 a 64
anos, 0,32 em relação às demais capitais analisadas, estando abaixo de
Manaus, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. (FIGURA 4-116).

FIGURA 4-116 - RAZÃO DE EXAMES CITOPATOLÓGICOS DO COLO DO ÚTERO


REALIZADOS PELO SUS EM MULHERES DE 25 A 64 ANOS, EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS - 2017

FONTE: MS/DATASUS (2017).

Em Curitiba, de 2008 a 2018, a razão de exames citopatológicos do colo do útero


em mulheres de 25 a 64 anos apresenta uma redução de 34,5%, de 0,55 para
0,36.

FIGURA 4-116 - RAZÃO DE EXAMES CITOPATOLÓGICOS DO COLO DO ÚTERO


REALIZADOS PELO SUS EM MULHERES DE 25 A 64 ANOS, EM CURITIBA, 2008-2018

FONTE: MS/DATASUS (2008 a 2018).

139
Em Curitiba, esta diminuição pode estar atrelada em primeiro momento com a
Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN/2011), que normatiza
que a coleta do exame citopatológico é procedimento privativo do enfermeiro ou
médico. Historicamente a grande maioria destes exames era coletada pelos
técnicos de enfermagem no município. Outro ponto a ser considerado é o método
de cálculo desse indicador que considera a população total de mulheres na faixa
etária priorizada, contudo não são contabilizados os exames realizados pelos
planos de saúde e rede privada. Segundo Agência Nacional de Saúde – ANS,
55% da população de Curitiba é beneficiária de planos de saúde e esse
percentual aumenta na faixa etária feminina de 25 a 64 anos, abrangendo em
torno de 57% dessas mulheres (ANS, 2018).
Visando melhorar a razão de exames coletados, são efetuadas as seguintes
ações: sensibilização de todos os profissionais das equipes quanto às diretrizes
do Programa de Controle do Câncer de Colo do Útero; levantamento das
mulheres que não tenham realizado o exame há mais de um ano e
principalmente que nunca tenha realizado; busca ativa das mulheres faltosas em
consultas e exames agendados; melhoria do acesso como a abertura das US
para coleta de exames aos sábados; discussão junto aos conselhos de saúde
sobre o tema para busca de estratégias para adesão das mulheres ao exame;
formação de grupos de mulheres nas US com finalidade de acolher as usuárias,
desenvolver o autocuidado e trocar experiências relacionadas aos direitos
sexuais e reprodutivos, entre outros.
A cobertura da coleta de citopatológico é prioridade também na Política Nacional
de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Plano Municipal de Saúde de
Curitiba, e no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT,
cujo objetivo é promover o desenvolvimento e a implementação de políticas
públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a
prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco e fortalecer os serviços
de saúde voltados para a atenção aos portadores de doenças crônicas. Dentre
as metas nacionais propostas destacam-se: aumentar a cobertura de exame
preventivo de câncer de colo uterino em mulheres de 25 a 64 anos e tratar 100%
das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer.

140
4.4.5.5 Cobertura Vacinal

Outro indicador de grande importância é o da cobertura vacinal em menores


de um ano. O monitoramento das coberturas vacinais é uma atividade de rotina
no âmbito da gestão da Secretaria Municipal de Saúde e a sua avaliação inclui
um conjunto de indicadores que informam a potencial proteção de crianças
menores de um ano e de um ano para algumas doenças imunopreveníveis, tais
como a tuberculose, hepatite B, sarampo, rubéola, caxumba, difteria, tétano,
coqueluche, meningites e outras doenças invasivas por Haemophilus influenzae,
doença por rotavírus, pneumonia e meningite por pneumococo, meningite
meningocócica, poliomielite e Hepatite A.
O Brasil possui um Programa de Imunizações que se tornou referência mundial,
pois foi capaz de demonstrar resultados e avanços notáveis para o controle e a
erradicação de diversas doenças. Por vários anos, o país apresentou boas
coberturas vacinais, em especial para as vacinas do Calendário Básico de
Vacinação para as crianças menores de um ano.
No entanto, nos últimos anos, seguindo um padrão mundial, verifica-se uma
tendência na queda nas coberturas vacinais, cujas causas vêm sendo
amplamente discutidas pelos profissionais de saúde e a comunidade científica.
Alguns fatores desta queda já foram identificados tais como: o fato de diversas
doenças deixarem de ocorrer devido ao sucesso do programa de imunizações
levou a população a minimizar os riscos de adoecer, deixando de se vacinar; o
acesso às vacinas, considerando a disponibilidade e/ou falta do imunobiológico;
o horário de funcionamento das salas de vacinas; a capacitação da equipe
técnica; a mudança nos sistemas informatizados, deixando de ser apenas um
registro numérico para registro nominal; as informações falsas sobre as vacinas
difundidas principalmente pelas mídias sociais e o movimento anti-vacinas em
voga em vários países no mundo. Estes fatores, além de serem claramente
responsáveis pela diminuição das coberturas vacinais, estão trazendo o retorno
de diversas doenças que já se encontravam erradicadas e/ou sem ocorrência de
surtos no País.
As coberturas vacinais nas capitais selecionadas ficaram abaixo da meta
recomendada pela OMS em quase todas as vacinas, considerando-se que

141
exceto para as vacinas BCG e Rotavírus, cuja meta de cobertura vacinal é de
90%, todas as demais vacinas devem apresentar coberturas de 95% ou mais.
Ressalta-se que no ano de 2018, os dados de cobertura vacinal para o Município
de Curitiba, obtidos através do Sistema de Informações do Programa Nacional
de Imunizações do Ministério da Saúde - SIPNI/MS encontram-se preliminares,
visto que os mesmos estão em processo de reavaliação pelo Ministério da
Saúde, considerando a transferência do banco de dados.
A cobertura vacinal está associada ao ODS 3, Meta 3.8, de “Assegurar, por meio
do Sistema Único de Saúde - SUS, a cobertura universal de saúde, o acesso a
serviços essenciais de saúde de qualidade em todos os níveis de atenção e o
acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes e de qualidade
que estejam incorporados ao rol de produtos oferecidos pelo SUS.” e 3.b “Apoiar
a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias e inovações em saúde para as
doenças transmissíveis e não transmissíveis, proporcionar o acesso a essas
tecnologias e inovações incorporadas ao SUS, incluindo medicamentos e
vacinas essenciais, a toda a população”.
A seguir estão descritas as vacinas que compõem este calendário, bem como a
série histórica em Curitiba.

4.4.5.5.1 BCG

A BCG (Bacilo Calmette-Guérin) é uma vacina indicada para os primeiros dias


de vida da criança e previne contra a tuberculose, doença infectocontagiosa que
ataca principalmente os pulmões, podendo atingir outros órgãos e que possui
uma grande incidência no País. A meta para esta vacina é de 90%.
Quando comparada às demais capitais, Curitiba no ano de 2018 possuía
cobertura vacinal de 90% maior apenas que Belém e Porto Alegre com 78,80%
e 87,00%, respectivamente. (FIGURA 4-117).

142
FIGURA 4-117 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS
- BCG, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018

FONTE: MS/SIPNI (2018).

A despeito de Curitiba manter-se com coberturas vacinais dentro do preconizado


pela OMS, verifica-se que entre os anos 2008 e 2018 houve uma redução de
10% no percentual de vacinados. (FIGURA 4-118).

FIGURA 4-118 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- BCG, EM CURITIBA, 2008-2018

FONTE: MS/SIPNI (2008 a 2018).


*2018 dados preliminares

4.4.5.5.2 Rotavírus Humano

O Rotavírus (vírus RNA) é um dos principais agentes virais causadores


das doenças diarreicas agudas e uma das mais importantes causas de diarreia
grave em crianças menores de cinco anos no mundo, particularmente nos países
em desenvolvimento.
A primeira dose da vacina está recomendada para o 2º mês de vida da criança
e preconiza-se uma cobertura vacinal de 90%.
143
No ano de 2018, Curitiba atingiu uma cobertura de 78,70%, ficando abaixo da
média nacional que foi de 88,3%, entretanto, exceto Belo Horizonte e Porto
Alegre, as demais capitais apresentaram coberturas menores que a preconizada
pela OMS. (FIGURA 4-119).

FIGURA 4-119 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- ROTAVÍRUS HUMANO, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018

FONTE: MS/SIPNI (2018).

A série histórica vem demonstrando redução na cobertura vacinal em Curitiba,


sendo que no período 2008-2018 a redução foi de 10% e, no período de 2017 a
2018 a redução foi de 2,6%. (FIGURA 4-120).

FIGURA 4-120 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- ROTAVIRUS HUMANO, EM CURITIBA, 2008-2018*

FONTE: MS/SIPNI (2008 a 2018).


*2018 dados preliminares.

144
4.4.5.5.3 Meningocócica C

Em 2010, o Ministério da Saúde incorporou no Calendário Básico de Vacinação


a vacina Meningocócica C conjugada, visando a prevenção da doença
meningocócica que é uma infecção aguda caracterizada por meningite
meningocócica (condição clínica mais frequente), meningococcemia (a forma
mais grave), ou ambas associadas, sendo consideradas um importante
problema de saúde pública no País.

Trata-se de uma doença com caráter endêmico, assim espera-se que ocorram
casos ao longo do ano, em forma de surtos, podendo estes serem causados por
vírus, bactérias, fungos e outros parasitas. Existem vacinas específicas para
cada agente etiológico e atualmente o Ministério da Saúde disponibiliza outras
três vacinas para a prevenção das meningites.
Preconiza-se cobertura vacinal de 95%.
A manutenção de boas coberturas vacinais para esta vacina tem sido um grande
desafio no País, fato demonstrado quando se avaliam os dados de cobertura nas
capitais selecionadas, sendo que nenhuma delas obteve a cobertura próxima ao
recomendado. No ano de 2018, Belo Horizonte foi a única capital que apresentou
dado acima da média do País, com 88,5% e Curitiba manteve-se com cobertura
similar à nacional com 86,7%. (FIGURA 4-121).

FIGURA 4-121 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- MENINGOCOCO C, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018

FONTE: MS/SIPNI (2018).

145
No período de 2010 a 2018 o aumento na cobertura vacinal em Curitiba foi de
mais de 500%, e, entre os anos 2017 e 2018 houve estabilidade na cobertura,
sendo 86,15% e 86,70%, respectivamente. (FIGURA 4-122).

FIGURA 4-122 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- MENINGOCOCO C, EM CURITIBA, 2008-2018*

FONTE: MS/SIPNI (2008 a 2018).


*2018 dados preliminares.

4.4.5.5.4 Pentavalente

A vacina pentavalente, que protege contra as doenças difteria, tétano,


coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Hemophillus influenzae do
tipo B, foi introduzida no Calendário Básico de vacinação a partir de 2012,
seguindo as recomendações da OMS de aumentar as coberturas vacinais com
a combinação de vacinas em uma mesma aplicação.
A difteria, também conhecida como "crupe", é uma doença transmissível aguda,
causada por bactéria que se aloja principalmente nas amígdalas, faringe, laringe,
nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas do corpo, além da pele. Ocorre
durante todos os períodos do ano e pode afetar todas as pessoas não
imunizadas, de qualquer idade, raça ou sexo. Após a introdução da vacina
combinada DTP - Difteria, Tétano e Coqueluche, os casos de difteria no Brasil
tornaram-se raros, demonstrando que a vacina é a melhor forma de prevenir a
doença.

146
O tétano é uma doença infecciosa, imunoprevenível e pode ocorrer de duas
formas: acidental ou neonatal. O tétano acidental não é uma doença transmitida
de pessoa a pessoa, sendo que a transmissão ocorre, geralmente, pela
contaminação de um ferimento da pele ou mucosa, com os esporos do bacilo C.
tetani. O tétano neonatal acomete o recém-nascido, nos primeiros 28 dias de
vida.
A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, transmissível e de distribuição
universal. Compromete especificamente o aparelho respiratório (traqueia e
brônquios) e se caracteriza por forte tosse seca. Em crianças menores de seis
meses é mais comum apresentar complicações e inclusive levar à morte.
A hepatite B é uma inflamação do fígado causada devido à infecção pelo vírus
do tipo B e que no Brasil, corresponde a 21,8% de todos os óbitos por hepatite.
Acredita-se que uma grande parcela da população é portadora do vírus,
entretanto de forma assintomática.
A H. influenzae B é causadora de quadros como pneumonia, otites, infecção na
corrente sanguínea e meningite.
Na comparação entre as capitais, no ano de 2018, apenas Belo Horizonte com
88,40% manteve-se acima-se da média nacional que foi de 85,70% e Belém com
55,70% apresentou a menor cobertura. (FIGURA 4-123).

FIGURA 4-123 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- PENTA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018

FONTE: MS/SIPNI (2018).

147
Ao avaliar a série histórica, verifica-se uma oscilação no percentual de cobertura
vacinal de Curitiba com tendência de queda, sobretudo a partir de 2016,
apresentando uma variação de 15,43% no período 2016-2018. (FIGURA 4-124).

FIGURA 4-124 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- PENTA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS - 2012-2018*

FONTE: MS/SIPNI (2012-2018).


*2018 dados preliminares.

4.4.5.5.5 Pneumocócica 10 valente

A vacina Pneumo 10 valente é indicada para prevenir infecções invasivas (sepse,


pneumonia e bacteremia) e otite aguda, causadas por 10 sorotipos do
Streptococus pneumoniae em crianças menores de dois anos. Encontra-se
disponível no Calendário Básico de Vacinação desde 2010 e a OMS preconiza
uma cobertura vacinal de 95%.
Similar a outras vacinas aplicadas no primeiro ano de vida da criança, a Pneumo
10 valente também vem apresentando redução na cobertura vacinal ao longo
dos últimos anos. No ano de 2018 nenhuma das capitais analisadas tiveram
cobertura vacinal igual ou maior que a média nacional, que foi de 92%, sendo
que Curitiba alcançou uma cobertura de 80,5%. (FIGURA 4-125).

148
FIGURA 4-125 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS
- PNEUMOCÓCICA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS -2018

FONTE: MS/SIPNI (2018).

Ao avaliar a série histórica, verifica-se uma oscilação no percentual de cobertura


vacinal de Curitiba, com tendência de queda, sobretudo a partir de 2016,
apresentando uma variação de 18,46% no período 2016-2018. (FIGURA 4-126).

FIGURA 4-126 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- PNEUMOCÓCICA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS - 2010-2018*

FONTE: MS/SIPNI (2010 a 2018).


*2018 dados preliminares

4.4.5.5.6 Poliomielite

A poliomielite é doença infectocontagiosa viral causada por um vírus que vive no


intestino (poliovírus), caracterizada por um quadro de paralisia flácida aguda,
149
atingindo crianças com menos de quatro anos, mas podendo contaminar adultos
também.
De acordo com a OMS, a poliomielite foi erradicada nas Américas em 1994,
contudo novos casos foram detectados na Venezuela em 2018.
Apesar do Brasil não registrar casos de poliomielite há quase 30
anos, a resistência de pais e mães em imunizar os filhos contra a doença tem
aumentado o risco de novos casos.
É objeto de grande preocupação das equipes e gestores de saúde a diminuição
na cobertura vacinal contra a poliomielite, visto que a reintrodução da doença no
País poderá ocasionar impacto social e de saúde graves, uma vez que a doença
tem como característica levar a ocorrência de indivíduos com deficiência física e
com isso, qualidade de vida aquém da necessária para realizar as atividades
cotidianas.
Em 2018, nenhuma das capitais analisadas apresentou cobertura vacinal de
95% conforme preconizado pela OMS. No comparativo com as capitais, Curitiba
obteve a terceira maior cobertura, de 81,7%, sendo que somente Belo Horizonte
superou a média nacional (FIGURA 4-127).

FIGURA 4-127 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS


- POLIOMELITE, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018

FONTE: MS/SIPNI (2018).

Ao avaliar a série histórica, verifica-se oscilação no percentual de cobertura


vacinal de Curitiba, com tendência de queda, sobretudo a partir de 2015, de
16,27% no período 2015-2018. (FIGURA 4-128).

150
FIGURA 4-128 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS
- POLIOMIELITE, EM CURITIBA, 2008-2018*

FONTE: MS/SIPNI (2008-2018).


*2018 dados preliminares

No município de Curitiba, medidas de intervenção para a melhoria das


coberturas vacinais têm sido adotadas, como a utilização dos sistemas de
informações em todas as salas de vacinas, sejam elas públicas ou privadas, a
realização de busca ativa pelas equipes de saúde das crianças com esquema
vacinal em atraso; a utilização do aplicativo Saúde Já, onde consta a carteira de
vacinação dos usuários de forma que os mesmos tenham conhecimento de sua
situação vacinal; a ampla divulgação do tema vacinação nos diversos meios de
comunicação, entre outros.
Apesar de todos os esforços, verifica-se a necessidade das equipes de saúde
buscarem novas ferramentas de trabalho, em especial aquelas que combatam
as falsas notícias e que ampliem o acesso de atendimento nas salas de vacinas
de modo a aumentar a adesão da população à vacinação.

4.4.5.6 Gastos Públicos em saúde

A proporção de gasto municipal em saúde em relação ao gasto total do


município é um indicador contemplado através da Lei Federal Complementar
Nº 141/2012 que estabelece a aplicação mínima de 15% da arrecadação dos

151
impostos próprios do município, acrescidas das transferências constitucionais,
em ações e serviços públicos de saúde.
Este indicador está associado ao ODS 3 em todas as metas, em especial no
subitem 3.c - Aumentar substancialmente o financiamento da saúde e o
recrutamento, desenvolvimento, formação e retenção do pessoal de saúde,
especialmente nos territórios mais vulneráveis.
Em 2017, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba apresentaram os maiores
percentuais dentre as capitais analisadas. (FIGURA 4-129).
O sistema SARGSUS de onde foram retirados os dados deixou de operar em
2018. Cada município apresentou seus dados desde então de forma
independente, cumprindo base legal.

FIGURA 4-129 - PROPORÇÃO DE GASTO MUNICIPAL EM SAÚDE EM RELAÇÃO AO


GASTO TOTAL DO MUNICÍPIO, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2017

FONTE: MS/DATASUS/SARGSUS (2018).

De 2012 a 2018, o financiamento do SUS em Curitiba teve o seu percentual


aumentado em 27,93%, com maior aporte financeiro para proporcionar equilíbrio
no sistema. No decorrer do período, o percentual da parcela das transferências
do Governo Federal e Estadual foram diminuídos pois os valores financeiros
destes entes não sofreram majoração.
Desde 2012 o município investe acima de 15% sobre a receita de impostos
líquida, conforme o que preconiza a Lei 141/2012 (FIGURA 4-130).

FIGURA 4-130 - PROPORÇÃO DE GASTO MUNICIPAL EM SAÚDE EM RELAÇÃO AO


GASTO TOTAL DO MUNICÍPIO, EM CURITIBA, 2012-2018

152
FONTE: PMC/Portal da transparência (2012 a 2018).

Desde 2017 a Função Saúde é a que recebeu o maior aporte de recursos do


Tesouro Municipal, como também deverá se repetir, na proposta orçamentária
anual para 2020. Novamente a Função Saúde deverá contar com o maior
percentual orçamentário.

O sistema de saúde de Curitiba tem vários desafios a serem enfrentados,


operacionais, estruturais e de gestão para garantir a proteção de todos, diminuir
as iniquidades, qualificar o acesso e diminuir os óbitos por causas evitáveis. Um
sistema de saúde não pode apenas cuidar das doenças, precisa cuidar das
pessoas para que não adoeçam. De uma forma geral, os sistemas de saúde
foram organizados ao longo do tempo para atender as condições agudas,
resposta importante para dar conta da situação de saúde vigente no século
passado. Porém, Curitiba vive uma nova realidade tanto do ponto de vista
epidemiológico quanto do ponto de vista demográfico. Essa nova realidade se
configura por uma tripla carga de doenças (o aumento das condições crônicas,
a persistência das condições agudas, e os eventos agudos causados pela
violência interpessoal e os acidentes, principalmente de trânsito).
Curitiba tinha em 2018 cerca de 40 mil pessoas com mais de 80 anos
(IPARDES), enquanto nasciam por ano cerca de 22 mil crianças, evidenciando
o envelhecimento da população. O número de 2,1 filhos por mulher é a taxa
considerada de reposição populacional. Em Curitiba, a fecundidade é inferior à
taxa de reposição desde o ano 2000, chegando a 1,41 em 2018.

153
O cenário atual de aumento da violência, dos problemas mentais, da prevalência
de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, aponta consideráveis
desafios para o sistema de saúde. As condições crônicas requerem modelos
complexos, que envolvem colaboração entre profissionais de saúde e
instituições que tradicionalmente não trabalham de forma integrada e articulada.
É necessário quebrar o paradigma da cura para o cuidado contínuo às doenças
crônicas, da atenção à saúde e o envolvimento do cidadão no cuidado da sua
saúde e dos seus fatores de risco, e da sociedade para conhecer e compreender
o impacto dos determinantes sociais da saúde.
Alguns fatores de risco para estas doenças (tabagismo, obesidade,
sedentarismo) são passíveis de prevenção. Nesta perspectiva, torna-se cada
vez mais importante o compromisso de autoridades, comunidades e outros
atores para a promoção da saúde de modo a reduzir a vulnerabilidade ao
adoecer, promovendo a equidade, diminuindo as possibilidades de sofrimento e
de morte prematura de indivíduos e população. Assim sendo, torna-se
fundamental a inserção de ações de Promoção da Saúde nas políticas públicas,
que visam melhorar as condições de saúde da população e que atuem na
ampliação da adoção de estilos de vida saudáveis. Portanto, não é exclusiva do
setor saúde, exige o envolvimento de outros setores governamentais e não
governamentais, incluindo o setor privado e a sociedade em geral.
A atenção materno-infantil tem sido prioridade nas últimas décadas no município,
refletida na melhoria expressiva dos coeficientes de mortalidade. A organização
do Programa Mãe Curitibana teve um papel preponderante para os progressos
evidenciados. Ainda assim, permanece a busca da redução destes indicadores
bem como a melhoria na qualidade da atenção às gestantes, puérperas e bebês,
exigindo a mobilização e participação dos gestores, pesquisadores, profissionais
de saúde, prestadores de serviços, Universidades, controle social, famílias,
comunidade em geral.
Não obstante todas as dificuldades da gestão do sistema de saúde, soma-se o
desafio dos recursos humanos suficientes e preparados para atender essa nova
realidade, trabalhar com diferentes profissionais, de forma integrada, com
coordenação do cuidado exercido pelas equipes da atenção primária à saúde. É
necessário quebrar o paradigma do atendimento uniprofissional e isolado e
avançar no cuidado contínuo e multiprofissional.

154
Outro desafio posto se refere à crescente demanda de cidadãos que hoje
buscam no SUS seu atendimento para os problemas de saúde, em decorrência
da crise econômica em que o país vive. Assim, a Função Saúde no orçamento
municipal necessita de aporte substancial de recursos financeiros de todas as
esferas de governo para a manutenção do SUS, especialmente dos Governos
Federal e Estadual.
No que se refere à Saúde Ambiental, a atuação é pautada na promoção e
prevenção da saúde da população, com ações capazes de eliminar, diminuir ou
prevenir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e da circulação de bens e da prestação de serviços de
interesse da saúde. Considerando o risco sanitário dos diferentes ramos de
atividade a Vigilância Sanitária de Curitiba possui uma Programação das Ações
Prioritárias em Vigilância Sanitária - PAVS, a qual monitora as inspeções
sanitárias de atividades de maior risco. De acordo com as Diretrizes do Programa
de Vigilância da Qualidade da Água de Consumo Humano -VIGIÁGUA, que
consiste em ações adotadas continuamente para garantir que a água consumida
pela população atenda ao padrão e normas estabelecidas na legislação vigente
e para avaliar os riscos inerentes à presença de substâncias e organismos
potencialmente nocivos à saúde humana. O município tem como meta analisar
788 amostras de água/ano para os parâmetros Coliformes Totais, E. coli, Cloro
Residual Livre, Turbidez, estabelecidas no VIGIAGUA, além de realizar
inspeções sanitárias anuais nas Estações de Tratamento de Água - ETA.
No âmbito da Vigilância de Alimentos, além das inspeções sanitárias, o município
participa também do Programa Estadual de Análise de Resíduos de Agrotóxicos
em Alimentos - PARA-PR o qual foi instituído, conforme Resolução SESA Nº
217/11 e tem como objetivo avaliar continuamente os níveis de resíduos
químicos de agrotóxicos nos alimentos, fortalecendo a capacidade do Governo
em atender a segurança alimentar e contribuir para a proteção e promoção da
saúde da população.
Envolver os cidadãos para a co-responsabilidade quanto à qualidade de vida da
população, atuar de forma intersetorial, fortalecer a atenção primária à saúde,
consolidar as redes de atenção em saúde, utilizar evidências científicas para
tomada de decisão, incorporar indicadores de vulnerabilidade para nortear as
prioridades das ações de forma sustentável, a incorporação de novas

155
tecnologias bem como o monitoramento e avaliação são elementos
fundamentais para o avanço esperado para a saúde em Curitiba na busca de
uma população saudável e feliz.

4.4.6 A POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Segundo a Lei nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal do abastecimento, posteriormente renomeada política municipal de
segurança alimentar e nutricional, tem como objetivo geral a promoção da
segurança alimentar e nutricional da população da cidade, especialmente àquela
em situação de vulnerabilidade social.
Combater a Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN), caracterizada por
diversas manifestações, desde fome, desnutrição e carências específicas como
também pelo excesso de peso e doenças decorrentes da alimentação
inadequada, quantitativa e/ou qualitativamente, resultando em prejuízos no
desempenho cognitivo, capacidade de trabalho e morbimortalidades associadas,
é uma tarefa árdua, que envolve diferentes atores e instituições.
Nesse sentido, a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e do
Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) são permeadas por inúmeras
questões além do alimento e, baseado nisto, necessitam de atuação em várias
frentes para chegar o mais próximo possível do objetivo de promover a
segurança alimentar e nutricional da população da cidade, especialmente aquela
em situação de insegurança alimentar e nutricional.
Partindo deste pressuposto, após uma longa discussão entre governo e
sociedade civil, em 2006 foi promulgada a Lei Orgânica de Segurança Alimentar
e Nutricional (Lei Federal nº 11.346) que define o termo como:

“... a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a


alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o
acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas
alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural
e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente
sustentáveis”

156
Além disso, a referida lei também instituiu o Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (SISAN), ao qual Curitiba aderiu mediante Resolução nº1
da CAISAN Nacional em 21/03/2016.
A Secretaria Municipal de Abastecimento (SMAB), recentemente renomeada
Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN) pela lei
municipal n° 15.461, é o órgão da Prefeitura de Curitiba responsável pela
execução da Política Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional do
Município de forma articulada e intersetorial. Desenvolve ações dirigidas a toda
população, norteadas pelos princípios da Segurança Alimentar e Nutricional.
Quando se trata de mensurar a Segurança Alimentar e Nutricional, há múltiplas
dimensões a serem consideradas:
De acordo com Kepple (2010, p. 5-6), a primeira dimensão se relaciona
a disponibilidade do alimento, que significa a oferta de alimentos para
toda população e depende da produção, importação (quando
necessária), sistemas de armazenamento e distribuição; a outra
dimensão é o acesso físico e econômico aos alimentos que significa a
capacidade de obter alimentos em quantidade suficiente e com
qualidade nutricional, a partir de estratégias cultural e socialmente
aceitáveis, além de depender da política de preços e da renda familiar;
a terceira dimensão é a utilização biológica dos alimentos pelo
organismo e o aproveitamento dos nutrientes, que é afetado pelas
condições sanitárias nas quais as pessoas vivem e produzem sua
comida, depende da segurança microbiológica dos alimentos e pode
ser afetado pelos conhecimentos, hábitos e escolhas sociais.
A quarta dimensão é decisiva para a definição da situação de
segurança ou insegurança alimentar das famílias. Trata-se da
estabilidade, que implica no grau de perenidade da utilização, acesso
e disponibilidade dos alimentos. Esta dimensão envolve a
sustentabilidade social, econômica e ambiental, e demanda o
planejamento de ações pelo poder público e pelas famílias ante
eventuais problemas que podem ser crônicos, sazonais ou
passageiros. (IBGE, PNAD 2013, Suplemento Segurança Alimentar,
p.25)

Conforme explicitado na metodologia, a contextualização da Política de


Segurança Alimentar e Nutricional em Curitiba, assim como das demais políticas
públicas que compõem o Plano Setorial de Desenvolvimento Social, dar-se-á por
meio da análise do desempenho de indicadores previamente selecionados,
tomando por base documentos de referência, nos quais constam metas
acordadas internacionalmente, bem como metas nacionais pactuadas em
conferências e registradas em planos nacionais/municipais ou similares.

157
No âmbito da segurança alimentar e nutricional, os impactos das ações são
observados e mensurados indiretamente na saúde e qualidade de vida da
população.

4.4.6.1 Abastecimento de Água

No que diz respeito à nutrição humana e sobrevivência, o abastecimento de água


é um importante indicador das condições sanitárias dos domicílios, como
também da satisfação das necessidades essenciais básicas da população, em
quantidade e qualidade.
No Brasil várias legislações que tratam do desenvolvimento urbano, da saúde,
meio ambiente, recursos hídricos, entre outros, destacam o acesso a água como
um bem universal. Em relação à potabilidade, a água fornecida por redes de
distribuição se mostram, de maneira geral, apropriada para o consumo humano.
Nas capitais selecionadas para fins da contextualização da segurança alimentar
e nutricional em Curitiba, os serviços acontecem por prestadoras de serviços de
abastecimento de água.
O Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 prevê assegurar a
disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos, e
estabelece em sua meta 6.1 o compromisso de “até 2030, alcançar o acesso
universal e equitativo à água para consumo humano, segura e acessível para
todos”.
Em 2010, todas as capitais analisadas, com exceção de Manaus e Belém,
ultrapassaram a média nacional, de 82,85%, no que diz respeito ao percentual
de domicílios permanentes com abastecimento de água. As capitais Belo
Horizonte, com 99,71%, Porto Alegre, 99,35% e Curitiba, 99,13%, estão
próximas da universalização do acesso.

158
4-131 – PERCENTUAL DE DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES COM
ABASTECIMENTO DE ÁGUA - REDE GERAL, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2010
100
90
80
70
60
50 99,71 99,13 99,35
92,97
86,74
40 75,49 75,49
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil

Fonte: IBGE / Censos Demográficos, 2010

De 1991 a 2010, Curitiba obtém crescimento de 1,97%, variando de 97,21% para


99,13%, enquanto o Brasil cresce 17,17%, de 70,71% para 82,85%.

4-132 – PERCENTUAL DE DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES COM


ABASTECIMENTO DE ÁGUA - REDE GERAL, EM CURITIBA - 1991/2000/2010

98,61 99,13
100
97,21

90

80

Fonte: IBGE / Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010


Nota: Em 1991 foram considerados os domicílios particulares permanentes abastecidos por rede geral, com e sem
canalização interna. Em 2000 e 2010 foram considerados os domicílios particulares permanentes abastecidos pela rede
geral.

Segundo informações do Caderno Estatístico - Município de Curitiba, divulgado


no ano de 2019 pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Social (IPARDES), o número total de domicílios com água tratada em Curitiba,
atualmente é de 99,89%, portanto, verifica-se um aumento de 0,76% em relação

159
ao dado divulgado no Censo Demográfico de 2010 realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), denotando o compromisso de
Curitiba na busca de atender os critérios propostos no ODS 6, meta 6.1, e
também do Plano Nacional de Segurança Alimentar – PLANSAN 2016-2019 em
seu Desafio 7 - Ampliar a disponibilidade hídrica e o acesso à água para a
população, em especial a população pobre no meio rural.
Em relação ao I Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de
Curitiba – PLAMSAN (2016-2019), existe um conjunto de ações que visam a
manutenção e aprimoramento da fiscalização em serviços de saneamento
básico e serviços de abastecimento de água, priorizando alternativas que
permitam a sustentabilidade dos serviços e que contribuam para a melhoria
gradativa da qualidade da água dos corpos hídricos/bacias hidrográficas. As
ações estão focadas na atuação da equipe de Vigilância em Saúde Ambiental
da Secretaria Municipal da Saúde, responsável pela execução de ações de
fiscalização da qualidade da água fornecida à população, através de coletas de
amostra e inspeções programadas, visando constatar o cumprimento dos
critérios legais pela empresa concessionária.
Salienta-se que o correto abastecimento de água, além de assegurar o acesso
a um recurso indispensável à vida, também é um fator de grande importância
para a garantia da segurança higiênico-sanitária e microbiológica dos alimentos.

4.4.6.2 Segurança Alimentar e Nutricional – Consumo Alimentar

A segurança alimentar está relacionada ao Objetivo do Desenvolvimento


Sustentável – ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e
melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável, mais especificamente
com as metas 2.1 “até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as
pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo
crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano” e 2.2
“até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, inclusive pelo alcance
até 2025 das metas acordadas internacionalmente sobre desnutrição crônica e
desnutrição em crianças menores de cinco anos de idade, e atender às

160
necessidades nutricionais de meninas adolescentes, mulheres grávidas e
lactantes e pessoas idosas”.
Dando sequência à análise da situação da segurança alimentar e nutricional em
Curitiba, o grupo de indicadores a seguir busca traçar o perfil do consumo
alimentar e nutricional e seus impactos na saúde do curitibano.
O consumo de frutas e hortaliças colabora na prevenção de doenças
cardiovasculares e de câncer do aparelho digestivo, e a sua falta/diminuição
pode colaborar para os casos de sobrepeso e no aumento de casos de Doenças
Crônicas não Transmissíveis (DCNT). Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS) é recomendável a ingestão diária de pelo menos 400 gramas de
frutas e hortaliças, o que equivale, aproximadamente, ao consumo diário de
cinco porções desses alimentos.
Considerados alimentos marcadores de padrões saudáveis de alimentação, o
indicador percentual de adultos (≥ 18 anos) que consomem frutas e
hortaliças em cinco ou mais dias da semana, em Curitiba e capitais brasileiras
selecionadas registrou um aumento em todas as capitais no período
compreendido entre os anos de 2009 e 2018, segundo a Pesquisa de Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(VIGITEL), realizada pelo Ministério da Saúde.
Em 2018, a frequência de adultos que consomem regularmente frutas e
hortaliças variou entre 23,0% em Belém, e 44,1% em Belo Horizonte.

4-133 – PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE CONSOMEM FRUTAS E


HORTALIÇAS EM CINCO OU MAIS DIAS DA SEMANA, EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS, 2018
50

40

30

44,1 42,2
20 41,1
37,7 35,8
26,9
10 23,0

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas

161
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF

As maiores frequências de consumo regular foram encontradas, entre homens,


em Belo Horizonte, com 36,9% e, entre mulheres, em Curitiba com 50,8%. Em
geral, as mulheres consomem mais este tipo de alimento.
Os dados da Pesquisa VIGITEL, revelam que o consumo de frutas e hortaliças
em cinco ou mais dias da semana apresentou oscilações, mas vem crescendo
entre os curitibanos.
De 2009 a 2018, o percentual de adultos em Curitiba que consomem frutas e
hortaliças cresceu 13,75%, de 37,1% para 42,2%.

4-134 – PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE CONSOMEM FRUTAS E


HORTALIÇAS EM CINCO OU MAIS DIAS DA SEMANA, EM CURITIBA - 2009-2018

80

70

60
47,6 45,5
50 42,7 43,9 44,3 42,2
37,1 35,4 37,4
40

30

20

10

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos privados de saúde

O consumo entre homens é de 32%, enquanto que entre as mulheres é de 51%.


Na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015 (PeNSE), realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 38,27% dos escolares
entrevistados das capitais brasileiras, afirmou que consumiu legumes e/ou
verduras, numa frequência de cinco dias ou mais, no intervalo dos sete últimos
dias antes da pesquisa.
Entre as capitais selecionadas, Belém, Recife e Porto Alegre registraram valores
correspondentes a 29,3%, 31,8% e 37,8%, inferiores a média das capitais
brasileiras, 38,3%. Curitiba registrou 44,6%, percentual superior a média das
capitais, e abaixo de Belo Horizonte e Goiânia.

162
4-135 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL POR FREQUÊNCIA DE CONSUMO DE ALIMENTO MARCADOR DE
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (LEGUMES E/OU VERDURAS) EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2015
60

50

40

30
53,5
48,2
44,6
20 39,5 37,8
29,3 31,8
10

0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2015


Nota: o dado refere-se ao consumo em 5 dias ou mais

A partir dos dados da PeNSE, observa-se que entre os anos de 2012 e 2015, o
percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental com
consumo alimentar de frutas maior ou igual a cinco dias nos sete dias
anteriores à pesquisa nas capitais brasileiras, apresentou aumento de 10,14%,
de 29,8% para 32,8%.
Em 2015 a menor proporção de escolares que consumiram frutas foi registrado
em Manaus, 26,2%, abaixo da média das capitais, 32,8%, e a maior proporção
em Belo Horizonte, 38,8%.

163
4- 136 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL COM CONSUMO ALIMENTAR MAIOR OU IGUAL A CINCO DIAS NOS
SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA (FRUTAS), EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2015
50

40

30

20 38,8
34,9 35,8
30,9 30,8
26,2 28,1
10

0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras
Fonte: IBGE/PeNSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2015

No período de 2012 a 2015, Curitiba apresentou aumento de 19,16% no


consumo desse alimento, de 29,3% para 34,9%.

4-137 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL COM CONSUMO ALIMENTAR MAIOR OU IGUAL A CINCO DIAS NOS
SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA (FRUTAS), EM CURITIBA - 2012-2015
80

70

60

50

40 34,9
29,3
30

20

10

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2012 e 2015

O indicador percentual de adultos (≥ 18 anos) que consomem feijão em


cinco ou mais dias da semana, considerado alimento marcador de padrão
saudável de alimentação, registrou queda em todas as capitais selecionadas, no

164
período compreendido entre os anos de 2009 e 2017, segundo a Pesquisa
VIGITEL. Em 2018, este indicador não foi divulgado.
A queda no consumo desse alimento, uma das mais importantes fontes de
proteína, ferro, fibras e vitaminas do complexo B e carboidratos, presente no
cardápio de grande parte da população brasileira, pode ser um indicador da
substituição por produtos industrializados, dentre outros fatores.
Em 2017, a frequência de adultos que referem o consumo de feijão em cinco ou
mais dias da semana variou entre 31,9% em Manaus e 78,4% em Belo
Horizonte, abaixo da média das capitais brasileiras selecionadas, 52,17%.

4-138 – PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE CONSOMEM FEIJÃO EM CINCO OU


MAIS DIAS DA SEMANA, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2017
80

70

60

50

40 78,4
73,0
30 55,7
47,9
20 38,4 39,9
31,9
10

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte

Capitais Brasileiras Selecionadas

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: no ano de 2018 não foi pesquisado.

As maiores frequências de consumo de feijão foram encontradas em Belo


Horizonte, tanto para homens quanto para as mulheres, correspondendo a
83,3% e 74,4%, respectivamente. Em geral os homens consomem mais este tipo
de alimento.
De 2009 a 2017, Curitiba apresentou queda de 26,65% no percentual de adultos
que consomem feijão, de 65,3% para 47,9%. Em 2017 o consumo deste alimento
entre homens é de 57,8%, e entre as mulheres é de 39,2%.

165
4-139 – PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE CONSOMEM FEIJÃO EM CINCO OU
MAIS DIAS DA SEMANA, EM CURITIBA - 2009-2017

80
65,3 64,7 66,3 64,3
70 63,2 61,4
60
48,3 47,9
50

40

30

20

10

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF

Utilizando-se dos resultados da PeNSE, verifica-se que entre os anos de 2012 e


2015, o consumo de feijão revelado pelos escolares entrevistados das capitais
brasileiras, apresentou queda de 6,23%, de 60,0% para 56,3%, no que diz
respeito ao indicador percentual de escolares frequentando o 9º ano do
ensino fundamental por frequência de consumo de feijão maior ou igual a
cinco dias nos sete dias anteriores à pesquisa.
Em 2015 a menor proporção de escolares que consumiram feijão foi registrada
em Manaus, 26,5%, abaixo da média das capitais, 56,3%, e a maior proporção
em Belo Horizonte, 72,7%.
4-140 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL POR FREQUÊNCIA DE CONSUMO DE FEIJÃO EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS – 2015
100
90
80
70
60
50
40
72,7
66,7
30
52,0 48,0
20 39,0 42,8
26,5
10
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2015

166
Em Curitiba a frequência de consumo no período de 2012 a 2015 variou de
56,4% para 52,0%, registrando queda de 7,73%.

4-141 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL POR FREQUÊNCIA DE CONSUMO DE FEIJÃO EM CURITIBA - 2012 E 2015
80

70
56,4
60 52,0
50

40

30

20

10

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2012 e 2015

O estímulo ao consumo de alimentos saudáveis passa pela oferta dos mesmos


em locais e a preços acessíveis à população.
Neste sentido, a implantação de programas e ações de incentivo à agricultura
local e regional, familiar ou urbana, ganha relevância, visto que, além do
abastecimento alimentar, estas modalidades contribuem para o encurtamento do
ciclo do alimento, o que confere resiliência alimentar e ambiental ao município e
seu entorno.
Em relação aos agricultores familiares, tem-se buscado a integração entre os
três elos da cadeia produtiva, através da qualificação dos produtos e
fortalecimento das organizações de produtores da Região Metropolitana de
Curitiba, abertura de mercado (privado e institucional) e ações junto aos
consumidores da cidade. Isto ocorre principalmente através do programa Pró-
Metrópole, instituído em 2015, por intermédio do grupo de trabalho GT
Agroalimentar, constituído em 2017, que atualmente conta com a participação
de instituições municipais, estaduais e da sociedade civil e tem apresentado
como resultados a abertura de canais de comercialização e escoamento de

167
produtos da agricultura familiar, a incorporação de alimentos minimamente
processados na pauta de produtos com maior valor agregado.
Além disso, foram realizadas ações em parceria com a Secretaria Municipal da
Educação (SME) para o aumento da aquisição de produtos da Agricultura
Familiar da Região Metropolitana de Curitiba para a alimentação escolar no
âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Nos anos de
2009, 2017 e 2018 foram repassados respectivamente 8,82%, 11,40% e 3,16%
do total da verba direcionada à merenda escolar para aquisição de produtos da
agricultura familiar, quando o valor estabelecido em lei federal16 é de, no mínimo,
30%. Em 2019, após adaptação dos cardápios à produção da região
metropolitana, este valor chegou a 29,63% no mês de dezembro.
Este dado é relevante, tendo em vista que os hábitos de consumo alimentar, em
especial dos escolares, estão diretamente relacionados à oferta. No período de
2012 a 2015, segundo a PeNSe, com exceção de Porto Alegre, todas as capitais
selecionadas apresentaram queda no percentual de escolares frequentando
o 9º ano do ensino fundamental, cuja escola oferece merenda escolar ou
almoço, assim como no conjunto das capitais brasileiras, que registrou queda
de 18,4%, de 83,9% para 68,5%.
Em 2015, a menor proporção de escolares cuja escola oferece merenda ou
almoço foi registrada em Belém, 55,0%, e a maior proporção em Porto Alegre,
83,6%.

16
A Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, determina que no mínimo 30% do valor repassado a
estados, municípios e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser utilizado na compra
de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou
de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades
tradicionais indígenas e as comunidades quilombolas.

168
4-142 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL, CUJA ESCOLA OFERECE MERENDA ESCOLAR OU ALMOÇO, EM
CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2015
100
90
80
70
60
50
40 83,6
74,8 72,7 73,5
30 61,2 59,2
55,0
20
10
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – 2015


Nota: os dados referem-se a oferta de comida (2012) e merenda escolar ou almoço (2015)

No período de 2012 a 2015, Curitiba registrou queda de 13,44%, de 83,9% para


72,7%.

4-143 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL, CUJA ESCOLA OFERECE MERENDA ESCOLAR OU ALMOÇO, EM
CURITIBA - 2012-2015
100

90 83,9

80 72,7

70

60

50

40

30

20

10

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2012 e 2015


Nota: os dados referem-se a oferta de comida (2012) e merenda escolar ou almoço (2015)

Ainda em relação a alimentação do escolar, a PenSE registrou no período 2012-


2015, o percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino
fundamental, que costumam comer a comida oferecida pela escola,

169
apresentou aumento de 29,93%, de 23,9% para 31,0%, entre as capitais
brasileiras. Dentre as capitais analisadas, a maior variação registrada no período
foi em Goiânia com aproximadamente 262% de crescimento, de 13,4% para
48,4%.
Em 2015, Goiânia, 48,4%, Belo Horizonte, 36,1% e Porto Alegre, 34,5%,
apresentaram percentuais acima da média das capitais, 31,0%. Curitiba
registrou 28,6%.

4-144 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL, QUE COSTUMAM COMER A COMIDA OFERECIDA PELA ESCOLA, EM
CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2015
50

40

30

48,4
20 36,1
34,5
28,6 29,9
10 22,5
17,8

0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capítais Brasileiras

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2015


Nota: os dados referem-se a oferta de comida (2012) e merenda escolar ou almoço (2015)

No período de 2012 a 2015, o percentual de escolares que costumam comer a


comida oferecida pela escola, em Curitiba, apresentou variação de 90,8%, de
15,0% para 28,6%.

170
4-145 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL, QUE COSTUMAM COMER A COMIDA OFERECIDA PELA ESCOLA, EM
CURITIBA - 2012-2015
80

70

60

50

40
28,6
30

20 15,0

10

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2012 e 2015


Nota: os dados referem-se a oferta de comida (2012) e merenda escolar ou almoço (2015)

Outro ponto de destaque em relação à produção de alimentos refere-se ao


Programa Agricultura Urbana, que teve início na década de 80. Além da melhoria
do acesso e da qualidade alimentar, a prática também consiste em atividade
física e terapêutica, possibilidade de geração de renda, ferramenta de educação
alimentar e sensibilização quanto à preservação ambiental nos espaços
urbanos, recuperação de áreas degradadas, proteção ambiental com redução
da impermeabilização do solo e absorção do carbono do meio ambiente, resgate
da cultura alimentar, estímulo para realização de ações comunitárias e de
inclusão social, resgate da cultura rural no espaço urbano, desenvolvimento
social e de lazer.
Considerando a importância de todos esses elementos, e buscando
uni-los em um único espaço, a Fazenda Urbana de Curitiba foi
projetada com o objetivo de difundir práticas, técnicas e pesquisas em
agricultura dentro do ambiente urbano e promover a organização
comunitária, com base no ciclo do alimento, a fim de educar social,
alimentar e ambientalmente a população, além de capacitá-las para a
produção do próprio alimento fora das áreas rurais, ou seja, em suas
próprias residências e em vazios urbanos.

Planejada para ocupar uma área de 4.435m², ao lado do Mercado Regional


Cajuru, a Fazenda será mantida com o que há de mais moderno em modelos de
plantio e uso de energias renováveis (eólica, solar, reaproveitamento de água de
chuva para a irrigação e bioenergia), disseminará o conceito da agricultura
urbana e servirá de espaço para a troca de conhecimento em plantio urbano.

171
No complexo produtivo haverá composteira, estufa, “telhados verdes”, quintais
produtivos e hortas verticais e horizontais com as mais variadas técnicas de
cultivo, além de canteiros de plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e
plantas medicinais e os Jardins de Mel, com abelhas nativas sem ferrão. O
espaço contará também com restaurante escola, banco de alimentos e
infraestrutura para eventos e treinamentos.
Em relação a outras ações de promoção à saúde, são realizadas campanhas
direcionadas à orientação nutricional da população, como as recentes
“Campanha Comida de Verdade” e o programa “Escute seu Coração” da
Secretaria Municipal da Saúde.
No que diz respeito ao acesso, são ofertados alimentos a preços, em média,
abaixo daqueles praticados no varejo, em equipamentos como Sacolões e
Nossa Feira, que possuem uma política de oferta de frutas e hortaliças a preço
único; e o programa Armazém da Família, que beneficia famílias com renda de
até cinco salários mínimos.
Com o intuito de levantar informações sobre o consumo alimentar da população,
a Pesquisa VIGITEL realiza o monitoramento dos marcadores de padrões não
saudáveis de alimentação, como carnes com excesso de gordura, alimentos
industrializados/ultraprocessados salgados, guloseimas e refrigerantes.
O excesso no consumo de gordura animal aumenta o risco para as DCNT,
(doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, hipertensão, etc), elevando-se
quando associadas ao tabagismo, consumo de álcool e sedentarismo.
Em 2016, o percentual de adultos (≥ 18 anos) que costumam consumir
carnes com excesso de gordura variou entre 27,0% em Manaus e 38,0% em
Goiânia e Belo Horizonte.
No período de 2009 a 2016 o percentual de indivíduos que referiram consumir
carne vermelha ou de frango/galinha com a gordura ou pele, registrou queda,
sobretudo a partir de 2011 em seis das sete capitais selecionadas, com aumento
apenas em Recife.

172
4-146 – PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE COSTUMAM CONSUMIR CARNES
COM EXCESSO DE GORDURA, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS SELECIONADAS
- 2016
50

40

30

20 38,0 38,1
31,5 32,6
28,5 27,0 28,0
10

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF

As maiores frequências do consumo de carnes com gordura entre homens foram


observadas em Goiânia e Belo Horizonte com 50,6% e 50,3%, respectivamente.
Entre mulheres, as maiores frequências também ocorreram nessas mesmas
capitais, com 27,2% e 27,6%, respectivamente. Em geral, os homens são os que
mais consomem carne com gordura.
No período 2009 – 2016, Curitiba registrou queda de 21,05%, de 39,9% para
31,5%.

4-147 – PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE COSTUMAM CONSUMIR CARNES


COM EXCESSO DE GORDURA, EM CURITIBA - 2009-2016

80
70
60
50 39,9 39,0 37,0
40 32,5 32,0 32,7 31,5
30
20
10
0

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos privados de saúde.

173
Entre os sexos, o consumo de carne com excesso de gordura é maior entre os
homens correspondendo a 45,5%, enquanto entre as mulheres é de 19,3%.
Quanto ao percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino
fundamental por frequência de consumo de alimento marcador de
alimentação não saudável (alimentos industrializados/ ultraprocessados
salgados) nos sete dias anteriores à PeNSe, em 2015, 34,0% dos escolares
entrevistados das capitais brasileiras afirmou que consumiu este tipo de
alimento.
Entre as capitais selecionadas, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba
registraram valores correspondentes a 44,4%, 39,2%, 34,6% e 34,4%,
superiores à média das capitais brasileiras.

4-148 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL POR FREQUÊNCIA DE CONSUMO DE ALIMENTO MARCADOR DE
ALIMENTAÇÃO NÃO SAUDÁVEL (ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS/
ULTRAPROCESSADOS SALGADOS) NOS SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA, EM
CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2015
50

40

30

44,4
20 39,2
34,6 34,4 32,7
27,8 28,0
10

0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2015


Nota: o dado refere-se ao consumo em cinco dias ou mais

Entre os anos de 2012 e 2015, o percentual de escolares frequentando o 9º


ano do ensino fundamental com consumo de guloseimas maior ou igual a
cinco dias nos sete dias anteriores à PeNSe, apresentou queda de 1,95%, de
42,6% para 41,8%.
Em 2015, a menor proporção de escolares que consumiram guloseimas foi
registrada em Belém, 32,90%, e a maior proporção em Goiânia, 44,91%.

174
4-149 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL COM CONSUMO DE GULOSEIMAS MAIOR OU IGUAL A CINCO DIAS NOS
SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS
SELECIONADAS - 2015

50

40

30

43,7 42,9 44,9


20 37,6 36,2 37,3
32,9

10

0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2015

Em Curitiba, no período de 2012 a 2015, a queda foi de 3,3%, de 44,4% para


42,9%.

4-150 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL COM CONSUMO DE GULOSEIMAS MAIOR OU IGUAL A CINCO DIAS NOS
SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA EM CURITIBA - 2012-2015

80

70

60

50 44,4 42,9

40

30

20

10

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2012 e 2015

Nos anos de 2012 e 2015, o padrão de consumo de refrigerante revelado pelos


escolares das capitais brasileiras apresentou queda de 6,21% no percentual de
escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental com consumo

175
alimentar maior ou igual a cinco dias nos sete dias anteriores à PeNSe
(refrigerante), de 35,4% para 33,2%, embora todas as capitais selecionadas
tenham apresentado aumento no consumo.
Em 2015, a proporção de escolares que consumiu refrigerante variou de 29,9%
em Belém para 42,3% em Porto Alegre.

4-151 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL COM CONSUMO DE REFRIGERANTE MAIOR OU IGUAL A CINCO DIAS
NOS SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS
SELECIONADAS - 2015
50

40

30

20 40,6 42,3
35,1 36,4
33,2 32,2
29,9
10

0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2015

Em Curitiba, no período de 2012 a 2015 houve aumento de 23,77% no consumo


de refrigerante, de 26,0% para 32,2%, abaixo da média das capitais.
4-152 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL COM CONSUMO DE REFRIGERANTE MAIOR OU IGUAL A CINCO DIAS
NOS SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA, EM CURITIBA - 2012 E 2015

80
70
60
50
40 32,2
26,0
30
20
10
0

Fonte: IBGE/PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2012 e 2015

176
4.4.6.3 Segurança Alimentar e Nutricional – Perfil Nutricional

A alimentação inadequada e consequente má nutrição está diretamente


relacionada à desnutrição, sobrepeso e obesidade da população.
O indicador proporção de nascidos vivos de baixo peso ao nascer reflete as
condições sociais, econômicas e ambientais às quais as mães estão expostas,
bem como da qualidade da assistência à saúde da mulher. Segundo o Ministério
da Saúde (MS), valores abaixo de 10% são aceitáveis internacionalmente.
São vários os fatores de risco associados ao baixo peso como idade da mãe,
prematuridade, tabagismo, hipertensão, diabetes, poluição ambiental, acesso à
consulta pré-natal, aspectos socioeconômicos, de nutrição da mãe, entre outros.
Como consequências, tem-se que o baixo peso retarda o crescimento e o
desenvolvimento da criança.
Em 2016, apenas Manaus com 7,97% e Recife com 8,42% apresentaram
resultados abaixo da média nacional de 8,48%.

4-153 – PROPORÇÃO DE NASCIDOS VIVOS DE BAIXO PESO AO NASCER, EM CURITIBA,


BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2016
20

10

10,64
9,04 8,64 8,91 9,50 8,42
7,97

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil

Fonte: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos
(SINASC). Brasília: DF
Nota: Número de nascidos vivos com peso ao nascer inferior a 2.500 g

Em Curitiba, no período de 2010 – 2016, observa-se queda de 3,36%, de 8,94%


para 8,64%.

177
4-154 – PROPORÇÃO DE NASCIDOS VIVOS DE BAIXO PESO AO NASCER, EM CURITIBA -
2000-2016
80

70

60

50

40

30

20
8,94 9,13 8,44 8,69 8,82 8,62 8,64
10

Fonte: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos
(SINASC). Brasília: DF
Nota: Número de nascidos vivos com peso ao nascer inferior a 2.500 g

Em contrapartida, observa-se aumento das taxas de excesso de peso entre a


população, alcançando 35,53% entre escolares e 68,82% entre adultos, segundo
dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) em 2017.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o excesso de peso ocorre
quando o Índice de Massa Corpórea (IMC) alcança valor igual ou superior a 25
kg/m2, sendo um indicador de risco para a saúde com várias complicações
metabólicas, aumentando os riscos para várias outras enfermidades.
O excesso de peso pode estar associado a fatores econômicos, culturais,
comportamentais, genéticos, entre outros.
No período de 2009 a 2018 o percentual de adultos com excesso de peso
teve aumento significativo em todas as capitais selecionadas, segundo a
Pesquisa VIGITEL.
Em 2018, em todas as capitais selecionadas, mais da metade da população
referiu estar com excesso de peso. A frequência de adultos com excesso de
peso variou de 49,7% em Goiânia a 60,6% em Manaus.

178
4-155 – PERCENTUAL DE ADULTOS COM EXCESSO DE PESO, EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2018

70

60

50

40

30 57,7 60,6 59,4 56,9


53,3 50,9 49,7
20

10

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte

Capitais Brasileiras Selecionadas

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: IMC ≥ 25 kg/m²

Entre os sexos, o excesso de peso é maior entre os homens.


Em Curitiba, de 2009 a 2018, o percentual de adultos com excesso de peso
apresentou crescimento de 11,86%, de 45,5% para 50,9%.

4-156 – PERCENTUAL DE ADULTOS COM EXCESSO DE PESO, EM CURITIBA - 2009 – 2018

80

70

60 52,6 53,8 54,2 52,8


50,0 51,6 50,9
48,8
45,5
50

40

30

20

10

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: IMC ≥ 25 kg/m²
Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos privados de saúde

As maiores frequências de excesso de peso foram registradas entre os homens,


53%, enquanto entre as mulheres é de 49%.

179
A obesidade é diagnosticada quando o valor do Índice de Massa Corpórea (IMC)
é igual ou superior a 30 kg/m2, sendo um indicador de risco para a saúde com
várias complicações metabólicas, e, assim como o excesso de peso, reflete as
mudanças de hábitos alimentares e comportamentais da população.
Estes resultados interferem diretamente na incidência das Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes mellitus e hipertensão arterial
sistêmica, que atingem 6,8% e 21,6% da população de Curitiba respectivamente
(VIGITEL, 2018), bem como a osteoartrite, doenças respiratórias/circulatórias,
coronarianas, distúrbios psicológicos, entre outros.
Dentre as consequências da obesidade estão o risco de morte, os elevados
custos para o sistema de saúde e socioeconômicas (perda de renda pela baixa
produtividade).
Em 2018, segundo a Pesquisa VIGITEL, o percentual de adultos com
obesidade nas sete capitais selecionadas, variou entre 16,0% em Curitiba e
23,0% em Manaus.
No período de 2009 a 2017, todas as capitais selecionadas apresentaram
aumento no percentual de adultos com obesidade, sendo a maior delas
registrada em Belém, 61,7%.

4-157 – PERCENTUAL DE ADULTOS COM OBESIDADE, EM CURITIBA E CAPITAIS


BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2018
30

20

23,0 21,9
10 20,7 20,6
17,2 16,0 16,5

0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: IMC ≥ 30 kg/m²

180
Manaus foi a capital com a maior frequência de homens obesos, com 27%. Já
entre as mulheres, Recife foi a capital com maior frequência, contabilizando 23%.
No período entre 2009 e 2018, Curitiba apresenta aumento de 24%, de 12,9%
para 16,0%.

4-158 – PERCENTUAL DE ADULTOS COM OBESIDADE, EM CURITIBA - 2009 – 2018

80

70

60

50

40

30
17,7 17,6 18,8 18,9 18,1
16,2 16,3 16,0
20 12,9

10

Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: IMC ≥ 30 kg/m²
Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos privados de saúde

Em 2018, entre os sexos, a obesidade é maior entre as mulheres, registrando


17%, enquanto entre os homens é de 15%.
O grupo de indicadores acima analisados, traz a transversalidade como uma
característica destacada, considerando que para o alcance da meta há uma série
de ações orientadas para o público mencionado e de responsabilidade de vários
órgãos e setores da PMC, podendo-se mencionar as ações de SAN previstas no
I PLAMSAN de Curitiba, como por exemplo, o fornecimento de refeições para os
alunos da Rede Municipal de Ensino (RME), as refeições e alimentos fornecidos
nos equipamentos de assistência social da Fundação de Ação Social (FAS), as
ações de fiscalização sobre alimentos e água da Secretaria Municipal de Saúde
(SMS) e os próprios programas da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar
e Nutricional que promovem acesso a alimentos de qualidade e refeições, ou
seja, o impacto mensurável sobre tais indicadores é tarefa conjunta, sendo
determinante a integração e a atuação articulada, com especial atenção nos
processos de avaliação e efetividade das ações.

181
A alimentação e a nutrição são requisitos básicos para a promoção e a proteção
da saúde e qualidade de vida, porém é preciso ir além do modelo biomédico e
criar políticas capazes de transpassar gestões. Estas ações representam apenas
alguns dos aspectos relacionados à SAN, que envolve também questões
relacionadas ao desperdício de alimentos, cultura alimentar, geração de trabalho
e renda, necessidades alimentares especiais, destinação de resíduos,
publicidade direcionada a produtos ultraprocessados, uso de agrotóxicos,
participação social, entre outros.
Desta forma, as soluções devem ser baseadas num trabalho integrado entre os
diferentes atores da Administração Municipal e também entre as diferentes
instâncias (Região Metropolitana, Município, Regionais, Comunidades, Famílias,
Indivíduos), prevendo a aproximação do poder público e sociedade; promovendo
a construção de ações transversais e articuladas com representantes do
governo, iniciativa privada e organizações da sociedade civil, contemplando as
necessidades desde o menor nível territorial até as demandas coletivas da
cidade.
Contudo, foi publicado, por meio do Decreto Municipal nº 1.706 em 19 de
dezembro, o II Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional
(PLAMSAN) de Curitiba, com vigência de 2020 a 2023, composto por ações a
serem executadas por órgãos e secretarias que compõem a CAISAN e demais
parceiros da SMSAN, com metas a serem cumpridas e indicadores a serem
alcançados, buscando promover a segurança alimentar e nutricional da
população de Curitiba.
A elaboração deste Plano, que contou com uma metodologia participativa,
envolveu atores públicos e privados, organizações sociais e a comunidade.
Foram realizados encontros com os representantes técnicos da Câmara
Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional de Curitiba (CAISAN),
secretários e presidentes dos órgãos/entidades que compõem esta Câmara, e a
população. Destes encontros, surgiram as reais necessidades e demandas para
formatar o II PLAMSAN.
As demandas legítimas oriundas de sete encontros foram transformadas em
ações e classificadas dentro das metas e indicadores dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS).

182
Todas estas ações deverão estar entrelaçadas à Política Municipal de
Segurança Alimentar e Nutricional, cuja função será dar suporte para sua
execução à Câmara Municipal de Vereadores de Curitiba, norteando a SAN no
município e facilitando que este tema seja institucionalizado na Prefeitura de
Curitiba como uma política pública permanente.

A análise das políticas que compõem o Plano Setorial de Desenvolvimento


Social foram apresentadas e discutidas com os representantes da Câmara
Temática do CONCITIBA, sendo validado o processo de trabalho e resultados
alcançados.

183
PLANO SETORIAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
DIAGNÓSTICO (versão preliminar)
Sumário

4.5 CARACTERIZAÇÃO SOCIOTERRITORIAL ........................................................... 2


4.5.1 INDICADORES INTRAURBANOS ................................................................... 3
4.5.2 INDICADORES SOCIAIS INTRAURBANOS SELECIONADOS ....................... 5
4.5.2.1 IDOSOS ..................................................................................................... 8
4.5.2.2 CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 0 A 14 ANOS ................................. 11
4.5.2.3 MULHERES ............................................................................................. 17
4.5.2.4 ADOLESCENTES E JOVENS DE 15 A 29 ANOS ................................... 26
4.5.2.5 RENDA E TRABALHO ............................................................................. 35
4.5.2.6 ESCOLARIDADE ....................................................................................... 3
4.5.2.7 DIMENSÕES SOCIOTERRITORIAIS ........................................................ 7
4.5.2.7.1 Distribuição dos recursos de Infraestrutura Urbana e Domiciliar .......... 9
4.5.2.7.2 Segurança, infraestrutura e desenvolvimento cultural e econômico .. 14
4.5.2.7.3 Mobilidade, Segurança e Infraestrutura ............................................. 17
4.5.2.7.4 Moradia, infraestrutura urbana e domiciliar e meio ambiente ............. 19
4.5.2.7.5 Públicos Vulneráveis ......................................................................... 21
4.5.2.7.6 Desenvolvimento social e econômico ................................................ 23
REFERENCIAL........................................................................................................... 26

1
4.5 CARACTERIZAÇÃO SOCIOTERRITORIAL

A segunda fase do Diagnóstico compreende a análise do desenvolvimento social


no município, ultrapassando a especificidade das políticas analisadas
individualmente e analisando sua integração com as demais políticas de
infraestrutura e de desenvolvimento urbano. Por meio de indicadores sociais na
escala intraurbana que possam configurar como se materializam e espacializam
as condições de vida neste espaço, objetiva-se elaborar uma caracterização
socioterritorial em que essas diferenças se expressem para, posteriormente,
propor ações de melhorias para a população. A percepção da comunidade foi
incorporada no documento a partir do Diagnóstico Comunitário.

O Diagnóstico Comunitário, realizado em 2014 pelo IPPUC em todas as


regionais por ocasião da revisão do Plano Diretor (PD), apontou que a percepção
das pessoas é de que a cidade apresenta contrastes, é culturalmente diversa, e
essas diferenças são também socioterritoriais, se refletem na renda, no trabalho,
na moradia e no acesso ao lazer e aos bens e serviços urbanos. Essas
diferenças se dão pelas mais variadas razões, dentre as quais foram citadas a
existência de barreiras físicas (grandes rodovias, linha férrea ou rios e córregos),
áreas verdes e/ ou ambientalmente frágeis, ocupação desordenada do território
e a concentração de bens e serviços em uma determinada localidade em
contraponto a sua insuficiência em outras. As informações deste diagnóstico
agregam a leitura da realidade e compõem esta caracterização socioterritorial
dialogando com os indicadores intraurbanos aqui apresentados

Nesta perspectiva, para abranger as peculiaridades existentes, considerou-se o


território como elemento referencial, o que possibilitou identificar as diferenças
intraurbanas, e as demandas a serem priorizadas pelo poder público para o
desenvolvimento social com equidade, inclusão e ampliação da cidadania, haja
vista que

“O território também representa o chão do exercício da cidadania, pois


cidadania significa vida ativa no território, onde se concretizam as
relações sociais, as relações de vizinhança e solidariedade, as
relações de poder. É no território que as desigualdades sociais tornam-
se evidentes entre os cidadãos, as condições de vida entre moradores
de uma mesma cidade mostram-se diferenciadas, a
presença/ausência dos serviços públicos se faz sentir e a qualidade

2
destes mesmos serviços se apresentam. Dessa forma, o direito a ter
direito é expresso ou negado, abnegado ou reivindicado a partir de
lugares concretos...” (KOGA, 2003, p.33).

Procurou-se desvendar como as diferenças se distribuem e se territorializam no


espaço intraurbano, bem como se expressa a materialização das ações
promovidas pelo poder público, pelo mercado e a própria dinâmica da sociedade,
e como influem diretamente em processos de inclusão e segregação
socioespacial, pois a relevância do componente territorial está na possibilidade
de apresentar proposições para a formulação de políticas públicas referendadas
nos lugares concretos em que a vida em sociedade se reproduz e onde o
exercício da cidadania se concretiza. (SANTOS, 1987).
É nesse sentido que se ressalta a diretriz do PD de maior justiça social e
diminuição das desigualdades sociais o que requer o reconhecimento de que o
território e o espaço intraurbano são fundamentais para a elaboração de políticas
públicas consistentes que induzam o desenvolvimento social para gerar
mudanças na realidade socioespacial da cidade e esse é o desafio que se
coloca.
Desta maneira, realizou-se um percurso de territorializar os indicadores sociais
na escala intraurbana do Município de Curitiba, para caracterizar, diferenciar e
distinguir áreas ou lugares e as condições das pessoas que neles habitam.
Os dados territorializados foram apresentados na Câmara Temática e no
CONCITIBA, em 2019.

4.5.1 INDICADORES INTRAURBANOS

A discussão sobre indicadores sociais surge primeiramente no âmbito


político/institucional e começou a se destacar a partir da década de 1960, com a
elaboração de diversos instrumentos de mensuração do bem-estar e de
mudanças sociais por parte de várias instituições multilaterais1 que observaram

1
Dentre as Instituições multilaterais tem-se: OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico; UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura; FAO –
Organização das Nações Unidades para a Alimentação e a Agricultura; OIT – Organização Internacional
do Trabalho; OMS – Organização Mundial da Saúde; entre outras.

3
um descompasso entre o desenvolvimento ou crescimento econômico e a
melhoria das condições de vida da população em diferentes países (VIEIRA,
2005).

Os indicadores sociais passam nos anos 80 a serem utilizados como


instrumentos de quantificação e qualificação das condições de vida em
experiências de formulação e implementação de políticas públicas em escala
local, de combate à desigualdade e à pobreza, tornando-se, cada vez mais,
indispensáveis para o planejamento e a implementação de políticas públicas em
busca de garantia por maior transparência e efetividade na gestão pública.
(Morais e Lima, 2001, Vieira, 2005).

Entende-se que os indicadores intraurbanos, sejam eles, econômicos, sociais ou


geográficos, podem ser elaborados e definidos de acordo com Januzzi (2001, p.
14) como:

uma medida em geral qualitativa dotada de significado social


substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um
conceito social abstrato de interesse teórico (para pesquisa
acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um
recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre
um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se
processando na mesma.
[...] é importante ressaltar que os indicadores sociais se prestam a
subsidiar as atividades de planejamento público e formulação de
políticas sociais nas diferentes esferas de governo, possibilitam o
monitoramento das condições de vida e bem-estar da população por
parte do poder público e sociedade civil e permitem aprofundamento
das investigações acadêmicas sobre a mudança social e sobre os
determinantes dos diferentes fenômenos sociais.

A partir disso, entende-se que os indicadores sociais de escala intraurbana


utilizados no presente plano, são instrumentos que permitem focalizar e destacar
os grupos e regiões da cidade mais vulneráveis para fundamentar projetos e
políticas públicas de inclusão social e espacial como previsto em diretrizes do
Plano Diretor e do Plano Setorial de Desenvolvimento Social do Município de
Curitiba, bem como, no objetivo do Desenvolvimento Urbano (que se define
numa melhoria das condições de vida e na justiça social para toda a população)
previsto no art. 182 da Constituição Federal de 1988.

Na elaboração do conjunto de indicadores sociais na escala intraurbana buscou-


se observar as três propriedades básicas apontadas por Januzzi (2001):

4
relevância social, validade e confiabilidade2, que transmitissem maior confiança
e aumentassem sua potencialidade.

Para facilitar a compreensão e acesso à caracterização elaborada, procurou-se


apresentá-los no formato cartográfico, uma vez que o mapa é uma
representação espacial que permite conhecer onde se localizam as situações
nele representadas e analisar como se configuram e quais as relações
estabelecidas no espaço urbano.

O mapeamento foi definido como instrumento que contribui para facilitar o


acesso e compreensão das informações, entendendo que o Plano Setorial e a
Cartografia Social devem, democraticamente, subsidiar tanto o Estado, quanto
o mercado e a sociedade na transformação da realidade e indução do
desenvolvimento social com equidade e justiça social e urbana.

Assim apresenta-se a seguir os indicadores sociais selecionados e, na


sequência, o seu georrreferenciamento.

4.5.2 INDICADORES SOCIAIS INTRAURBANOS SELECIONADOS

Metodologicamente, optou-se por trabalhar com 50 indicadores que abrangem


situações e/ou características relativas à infraestrutura domiciliar e urbana e às
pessoas, incluindo-se nesta dimensão dados econômicos e sociais e das
condições dos domicílios, dos serviços, da infraestrutura, da renda, do transporte
público e da violência.

A fonte principal para elaboração destes indicadores foi o Censo Demográfico


2010 e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, do IBGE, sempre
que possível na escala de setor censitário e também agrupadas em Unidades de
Desenvolvimento Humano (UDH)3, utilizadas pelo Atlas do Desenvolvimento
Humano no Brasil, produzido pelo IPEA em 2013 a partir de informações do

2
Para detalhamento sobre as propriedades e formas de classificação dos indicadores sociais, pesquisar
em JANUZZI (2001).
3
UDH – As UDHs são áreas menores que bairros nos territórios mais populosos e heterogêneos,
permitindo desagregações estatísticas em áreas cujos setores censitários não dispõem de informações
suficientes para tanto.

5
Censo 2010. Ainda foram utilizados a Base de Dados do Cadastro Único para
Programas Sociais do Governo Federal referente ao mês de junho de 2019, a
Pesquisa da UFPR em 20174 que analisa a desigualdade socioespacial em
Curitiba em termos de infraestrutura domiciliar e urbana, serviços públicos e de
transporte coletivo e renda com base em indicadores do IBGE, IPPUC e URBS
e dados da violência cartografados para o Plano de Defesa Social e de
Mobilidade proveniente da Pesquisa origem e destino/2017.

Selecionadas as informações para retratar as condições de vida nos territórios


da cidade, foram definidas escalas de acordo com a disponibilidade do dado.
Assim, a escala censitária, UDH, Bairro e Regional foram utilizadas.

Por meio da metodologia de dispersão dos indicadores e de até cinco variáveis,


que estabelecem as faixas de sua ocorrência em cada escala, foram definidos
mapas que possibilitassem melhor leitura da informação.

Esta organização da informação permite visualizar as áreas urbanas agrupadas


por suas características e, assim mapear as desigualdades intraurbanas
existentes, tendo como resultado final conjuntos de setores, com maior e menor
concentração da variável.

A cartografia que retrata a violência e a mobilidade nos territórios, tem


metodologia e indicadores descritos no Plano Setorial de Defesa Social e na
Pesquisa Origem-Destino 2016-2017. Quanto a representação da precariedade
urbana nos bairros da cidade em relação às infraestruturas domiciliar e urbana,
transporte coletivo, serviços públicos e renda, os indicadores e metodologia
estão descritos na pesquisa da UFPR5.

Da mesma forma, o Diagnóstico Comunitário apontou que, independentemente


da pirâmide etária da regional, alguns públicos se destacam aos olhos da
comunidade como mais representativos que outros, possivelmente devido ao
fato de apresentarem suas demandas de atendimento por parte do poder público
de forma mais significativa.

4
BITTENCOURT, Tainá Andreoli. Desigualdade socioespacial, planejamento urbano e distribuição de
recursos públicos em Curitiba: Uma análise a partir da infraestrutura urbana. UFPR, 2017.
5
Para detalhamento sobre os indicadores, variáveis, método e técnica de análise utilizada para evidenciar
a precariedade urbana, verificar BITTENCOURT (2017).

6
Como o objetivo desta análise é realizar um diagnóstico, mas também prospectar
a demanda, o percurso de análise das informações territorializadas buscou
considerar a distribuição dos grupos populacionais selecionados em relação aos
totais absolutos ou proporção e densidade e ainda as condições em que vivem.
Para analisar as condições de vida da população optou-se por incluir nos mapas
questões relacionadas à infraestrutura, como a existência de ocupações
irregulares, a distância em relação ao centro da cidade e os principais eixos
viários e terminais de transporte.

As ocupações irregulares foram caracterizadas no Diagnóstico Comunitário de


forma geral como áreas que concentram famílias em condição de vulnerabilidade
social, carentes de infraestrutura e equipamentos públicos, bem como
suscetíveis a riscos socioambientais, além de uma significativa densidade
populacional, o que sinaliza um número substancial de famílias condicionado a
essa situação. Desta forma, a incidência de ocupações irregulares em
determinadas áreas indica a existência de fragilidades na sua estruturação, além
da possibilidade de que, onde há grande concentração de determinado
segmento populacional, como idosas, mulheres, por exemplo, parte destes
residam nas respectivas ocupações irregulares.

Quanto à distância em relação ao centro da cidade, o diagnóstico comunitário


apontou que as áreas consideradas centralidades, em virtude da concentração
de estabelecimentos comerciais e da oferta de serviços e equipamentos públicos
também dispõem de um tecido urbano consolidado e infraestrutura urbana,
características da região mais central de Curitiba.

Os principais eixos viários por sua vez, são considerados condições de acesso
às áreas que concentram comércios, serviços e equipamentos públicos, pois
possibilitam à população deslocar-se para fazer uso para trabalho e acesso a
serviços. Além disso, concentram também os investimentos públicos e a melhor
infraestrutura urbana e domiciliar, de serviços públicos, transporte coletivo e
renda.

Além disso, cabe destacar que compõem a análise os Seminários “Tendências


que influenciam as cidades “e “Políticas Públicas e Desenvolvimento Urbano em
Curitiba” organizados pelo IPPUC em 2019 para subsídio à elaboração dos
Planos Setoriais.
7
No decorrer da análise, algumas questões socioeconômicas e físico-territoriais
se destacaram, sendo a seguir apresentadas por itens, de forma a possibilitar
seu aprofundamento.

4.5.2.1 IDOSOS

A distribuição da população de Curitiba por faixa etária e sexo, mostra a


velocidade com que a população está envelhecendo. A base da pirâmide vem
se estreitando nas faixas de idades mais jovens (0 a 24 anos), e aumentando
nas faixas seguintes, fazendo com que a pirâmide ganhe novos contornos,
alargando-se nas faixas de idade próximas ao seu topo (FIGURAS 4-158 -
Pirâmide Etária de Curitiba - 2010, 4-159 – Pirâmide Etária de Curitiba - 2020 - e
4-160 – Pirâmide Etária de Curitiba - 2030).

FIGURA 4-158 – Pirâmide Etária de Curitiba - 2010

Fonte: IBGE/Censo Demográfico 2010

FIGURA 4-159 – Pirâmide Etária de Curitiba - 2020

Fonte: IPARDES/Projeção Populacional dos Municípios Paranaenses

8
FIGURA 4-160 – Pirâmide Etária de Curitiba - 2030

Fonte: IPARDES/Projeção Populacional dos Municípios Paranaenses

Nota-se que há uma feminização do envelhecimento, tornando-se necessário


estruturar políticas públicas com especial atenção ao enfoque de gênero, pois
as demandas das mulheres idosas são diferentes das demandas apresentadas
pelos homens, ainda que na mesma faixa etária. Essas especificidades precisam
ser consideradas para se garantir um envelhecimento ativo por meio da garantia
de oportunidades para realização de atividades físicas, acesso a direitos sociais,
mobilidade urbana, espaços de interação e participação social, entre outros.

Em 2010 o número de mulheres idosas é 44% superior ao número de homens


idosos. Em 2030, o número de mulheres idosas chegará a ser 50% maior que o
de homens idosos. Isso significa que é necessário estruturar políticas públicas
com especial atenção ao enfoque de gênero, pois as demandas das mulheres
idosas são diferentes das demandas apresentadas pelos homens, ainda que na
mesma faixa etária. Essas especificidades precisam ser consideradas para se
garantir um envelhecimento ativo por meio da garantia de oportunidades para
realização de atividades físicas, acesso a direitos sociais, mobilidade urbana,
espaços de interação e participação social, entre outros.

As regionais que destacaram a presença marcante de idosos no Diagnóstico


Comunitário foram Boa Vista, Matriz, Portão e Santa Felicidade, regionais cuja
proporção de pessoas com 60 anos ou mais é de fato significativa, como se pode
ver no Mapa “Proporção de pessoas com 60 anos ou mais por setor censitário
no Município de Curitiba” (FIGURA 4-161).

1
FIGURA 4-161 - Proporção de pessoas com 60 anos ou mais por setor censitário
no Município de Curitiba – 2010.

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010


Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

2
A razão entre o segmento etário da população definido como economicamente
dependente (pessoas de 0 a 14 anos ou 60 anos ou mais) e o segmento etário
potencialmente produtivo ou em idade ativa (entre 15 e 59 anos) é denominada
Razão de Dependência. A Razão de Dependência é considerada um indicador
importante para a calibragem das políticas públicas de previdência, educação,
saúde e trabalho, pois acompanha a evolução do grau de dependência
econômica de uma população, e sinaliza o processo de rejuvenescimento ou
envelhecimento populacional. Ainda, a Razão de Dependência pode ser dividida
entre razão de dependência de jovens (calculada em relação à população de 0
a 14 anos) e a razão de dependência de idosos (calculada em relação à
população de 60 anos ou mais).

Em 2023, a razão de dependência de jovens e idosos serão praticamente iguais,


porém, a partir daí deverá predominar a dependência das pessoas com 60 anos
e mais de idade, o que indica que a população em idade potencialmente
produtiva deverá sustentar uma grande proporção de dependentes, sobretudo
pessoas com idade acima dos 60 anos.

Segundo as projeções do IPARDES, em 2030 quase 22% da população total de


Curitiba será composta de pessoas de 60 anos ou mais de idade. Isso significará
uma taxa de crescimento de mais de 200% em relação à população idosa do
ano de 2010 que era de 198.089 pessoas. Não é possível projetar como será a
distribuição de pessoas por faixa etária nas regionais, porém sua
representatividade em si e onde estão atualmente são indicativos que precisam
ser considerados no planejamento das políticas, setorial e regionalmente.

O percurso de análise abrangeu a distribuição de idosos em relação aos totais


absolutos as questões relacionadas à infraestrutura, como a existência de
ocupações irregulares, a distância em relação ao centro da cidade e os principais
eixos viários e terminais de transporte no mapa (FIGURA 4-162 - Concentração
de idosos, terminais de transporte e localização das ocupações irregulares no
Município de Curitiba).

É possível observar que há um número significativo de idosos que residem nos


bairros mais periféricos da cidade, mais notadamente na região sul, sudeste e
sudoeste, trazendo o desafio do impacta do envelhecimento no desenvolvimento
econômico e nos gastos públicos.
3
FIGURA 4-162 – Concentração de idosos, principais eixos viários e localização
das ocupações irregulares no Município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: Setor de Monitoração – IPPUC

4
Em termos absolutos, o bairro CIC se destaca como bairro com maior quantidade
de pessoas idosas. Isso se dá devido a sua extensão – é o bairro mais extenso
da cidade, e é densamente povoado. Todavia, esta distribuição não é uniforme,
haja vista que o bairro também concentra muitas indústrias e empresas de
grande porte.

É importante ressaltar que, apesar de o bairro CIC se destacar nesta


representação, há outros bairros que também concentram número significativo
de idosos, porém são menores e por isso os valores totais não são tão
expressivos quanto o CIC. Em termos de regionais, a Regional Administrativa
que mais concentra idosos em Curitiba é a Regional Portão, com 32.296,
enquanto que a Regional CIC conta com um total de 12.564 pessoas nessa faixa
etária, segundo o censo IBGE 2010.

O aprofundamento das discussões levou à reflexão acerca de qual seria a melhor


forma de apresentação dos dados, então foi agregada a este estudo outra
informação, relativa à densidade populacional. Segundo o IBGE, a densidade
populacional relaciona o total de pessoas à área em que residem, permitindo o
estudo da concentração dessa população no espaço geográfico considerado,
informando a pressão populacional e as necessidades de infraestrutura da área.

No mapa (FIGURA 4-163 - Densidade populacional de idosos, principais eixos


viários e localização das ocupações irregulares e equipamentos de Saúde no
município de Curitiba), é possível observar que a área da regional Portão se
destaca, pois os bairros abrangidos têm número significativo de idosos
residentes em áreas menores, como também acontece em outros bairros das
regionais Matriz e Boa Vista.

Também foi realizada uma aproximação com a rede de atendimento municipal,


inserindo-se no mapa a localização de alguns serviços mais utilizados pela
população idosa, (FIGURA 4-164 - Densidade populacional de idosos, principais
eixos viários, localização das ocupações irregulares e equipamentos municipais
de Segurança Alimentar e Nutricional no Município de Curitiba ) e (FIGURA 4-
165 - Densidade populacional de idosos, principais eixos viários, localização das
ocupações irregulares e equipamentos municipais de Esporte e Lazer no
município de Curitiba). Na representação do mapa foi colocado um raio de 1 km
no entorno dos equipamentos para ilustrar sua abrangência
5
FIGURA 4-163 – Densidade populacional de idosos, principais eixos viários e
localização das ocupações irregulares e equipamentos de Saúde no município
de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: Setor de Monitoração – IPPUC

6
FIGURA 4-164 – Densidade populacional de idosos, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e equipamentos municipais de Segurança
Alimentar e Nutricional no Município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

7
FIGURA 4-165 – Densidade populacional de idosos, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e equipamentos municipais de Esporte e
Lazer no município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

8
Nos mapas apresentados (FIGURA 4-163 - Densidade populacional de idosos,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares e equipamentos
de Saúde no município de Curitiba), a saúde apresenta uma rede de atendimento
bastante capilarizada, distribuída por todo território municipal, alcançando as
áreas com maior concentração de idosos. De forma complementar à saúde,
garantir condições de acesso a política de Segurança Alimentar (FIGURA 4-164
- Densidade populacional de idosos, principais eixos viários, localização das
ocupações irregulares e equipamentos municipais de Segurança Alimentar e
Nutricional no Município de Curitiba) é importante para favorecer o
envelhecimento saudável a partir da oferta de alimentação de qualidade a preços
subsidiados e, portanto, acessíveis.

Em relação aos equipamentos municipais de esporte e lazer (FIGURA 4-165 -


Densidade populacional de idosos, principais eixos viários, localização das
ocupações irregulares e equipamentos municipais de Esporte e Lazer no
município de Curitiba), observa-se uma descentralização dos mesmos em
direção à região sul do município, coincidindo com a maior concentração de
idosos, dado relevante, haja vista que o número de idosos em atividades físicas
promovidas pela prefeitura apresentou crescimento de 65% na última década.

No Diagnóstico Comunitário não foram poucas as menções à necessidade de


garantir trajetos seguros e acessíveis para a circulação de idosos, em especial
nas regionais onde se destacaram questões relativas à condição de manutenção
das calçadas, à sensação de medo no deslocamento e a insegurança no trânsito
em alguns trajetos.

Para se analisar a situação de vulnerabilidade relacionada à renda de idosos, foi


utilizada a base de informações proveniente do CadÚnico, referente ao mês de
junho de 2019. O endereço das pessoas nesta situação foi georreferenciado no
mapa “Concentração de idosos com renda de até ½ salário mínimo per capita –
CadÚnico 2019” (FIGURA 4-166). As áreas mais escuras indicam maior
concentração de pessoas a partir de 60 anos com renda de até ½ salário mínimo
per capita cadastradas.

9
FIGURA 4-166 – Concentração de idosos com renda de até ½ salário mínimo
per capita – CadÚnico 2019 no Município de Curitiba.

Fonte: Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, ref. Jul/ 2019
Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

10
Neste mapa é possível observar que a concentração de idosos com renda de
até ½ salário mínimo per capita está localizada nas regiões mais periféricas e
também nas áreas de ocupação irregular6.

Observa-se que este público acaba por ser majoritariamente atendido pelas
políticas que compõem este plano setorial, daí a importância de localizá-lo para
subsidiar a atuação territorializada.

4.5.2.2 CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 0 A 14 ANOS

Ao mesmo tempo em que em algumas regionais se destacou a


representatividade de idosos no Diagnóstico Comunitário, em outras houve
destaque para a presença de crianças e jovens, notadamente as regionais Matriz
(especialmente crianças de 0 a 5 anos), Tatuquara, CIC, Bairro Novo e Cajuru.

Quando observamos a evolução dos mapas “Proporção de pessoas por faixas


etárias no Município de Curitiba” de 0 a 14 anos (FIGURAS 4-167 - Proporção
de pessoas com 0 a 3 anos por setor censitário no Município de Curitiba – 2010,
4-168 - Proporção de pessoas com 4 a 5 anos por setor censitário no Município
de Curitiba - 2010, 4-169 - Proporção de pessoas com 6 a 10 anos por setor
censitário no Município de Curitiba – 2010 e 4-170 - Proporção de pessoas com
11 a 14 anos por setor censitário no Município de Curitiba – 2010), nota-se o
quão representativas essas faixas são nas regiões mais periféricas.

Este fato é reiterado quando se observa o dado da “Proporção de Dependentes


Jovens (0 a 14 anos)” e sua distribuição por setores censitários (FIGURA 4-171).

6
Nota: O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal é considerado uma importante
ferramenta para mapear famílias em situação de vulnerabilidade social, especialmente devido à baixa
renda, haja vista que é a partir deste cadastro que se dá o acesso ao Programa de Transferência de Renda
Bolsa-Família. Ele também é utilizado por outros programas sociais como a Tarifa Social de Energia Elétrica
e de Água e também pela COHABCT – Companhia de Habitação Popular de Curitiba para cadastramento
das famílias que residem em áreas de ocupação irregular.

11
FIGURA 4-167 - Proporção de pessoas com 0 a 3 anos por setor censitário no
Município de Curitiba – 2010.

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010


Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

12
FIGURA 4-168 - Proporção de pessoas com 4 a 5 anos por setor censitário no
Município de Curitiba – 2010.

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010


Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

13
FIGURA 4-169 - Proporção de pessoas com 6 a 10 anos por setor censitário no
Município de Curitiba – 2010.

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010


Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

14
FIGURA 4-170 - Proporção de pessoas com 11 a 14 anos por setor censitário
no Município de Curitiba – 2010.

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010


Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

15
FIGURA 4-171 – Proporção de Dependentes jovens (0 a 14 anos) por setor
censitário no Município de Curitiba – 2010.

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010


Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

16
Apesar do crescimento do número de idosos, o contingente de crianças e
adolescentes de 0 a 14 anos continua significativo, mantendo a demanda por
políticas públicas de atendimento.

4.5.2.3 MULHERES

A responsabilidade pela população de 0 a 14 anos, por sua vez, incide


principalmente sobre a população feminina, que historicamente assume a
responsabilidade dos cuidados com a família, em especial os dependentes
(crianças e idosos), o que, apesar das mudanças observadas nas últimas
décadas e da maior participação masculina no cuidado com a casa e a família,
ainda persiste.

Ao discutir a questão de gênero, há que se considerar que esta questão abarca


um fator muito importante relacionado à representatividade: quando tratamos da
questão da mulher, tratamos também de mais de 50% da população total no país
e suas condições de vida. José Eustáquio Alves resume essa representatividade
da seguinte forma:

O Brasil tem uma razão de sexo ao nascer com predominância


masculina. Nascem mais homens, porém os homens morrem em
maiores proporções desde as tenras idades. Em termos de estrutura
etária, os homens são maioria na população até os 25 anos. Depois
dos 25 anos o superávit passa a ser feminino e aumenta muito à
medida que se avança para o topo da pirâmide populacional. (...) No
quinquênio 2010-15, a esperança de vida da população brasileira
passou para 73,8 anos, sendo 70,2 anos para os homens e 77,5 anos
para as mulheres. Diferença de 7,3 anos. Ou seja, ambos os sexos
tiveram ganhos expressivos de longevidade, mas as mulheres se
destacaram e ampliaram suas vantagens sobre o sexo oposto. A
continuar estas tendências, o superávit feminino deve se ampliar nas
próximas décadas. Portanto, discutir os direitos das mulheres e o
aproveitamento da força de trabalho feminina é levar em consideração
a maior parte da população brasileira. (Alves, 2016)

Quando se fala em demografia no Brasil e no mundo, é inevitável abordar


também o significativo crescimento da representatividade feminina no mercado
de trabalho, social e política. Em relação ao bônus demográfico7, por exemplo,

7
O bônus demográfico pode ser entendido como uma janela de oportunidade devido a estrutura etária
da população, mais especificamente, em momentos onde há uma redução da razão de dependência, em
decorrência de uma maior proporção de pessoas em idade produtiva e uma menor proporção de pessoas

17
há uma relação bastante direta com o gênero, como demonstrado por Alves no
mesmo texto.

O crescimento da PEA8 brasileira não foi neutro em termos de gênero.


Ao contrário, entre 1950 e 2010, a PEA masculina cresceu 3,6 vezes,
enquanto a PEA feminina cresceu 16 vezes. Os homens passaram a
entrar mais tarde e sair mais cedo da força de trabalho. As taxas de
atividade masculinas caíram de 80,8% em 1950 para 67,1% em 2010,
enquanto a taxa de atividade feminina passou de 13,6% para 48,9%
no mesmo período. Ou seja, as mulheres foram a locomotiva do
crescimento do mercado de trabalho brasileiro e deram uma
contribuição inestimável ao desenvolvimento do país. (Alves, 2016)

Essa participação da força de trabalho feminina na população economicamente


ativa se expressa no conceito de bônus de gênero, que pode ser definido como
“o benefício econômico temporário que se obtém através do incremento da
participação econômica das mulheres na atividade produtiva.” (MARTÍNEZ
GÓMEZ; MILLER; SAAD, 2014; ONU MUJERES, 2011).

Contudo, além de se inserirem no mercado de trabalho, as mulheres ainda se


dedicam mais aos cuidados domésticos, de crianças e de doentes, idosos ou
membros da família com deficiência, entre outros, do que os homens. Segundo
a PNAD Contínua/ IBGE, em 2018 as mulheres despendiam 45% mais horas
diárias nestas atividades do que os homens em Curitiba. Não sem razão, são as
mulheres as titulares preferenciais para os programas de moradia e assistência
social a famílias. Corrobora com este dado o fato de que a mesma pesquisa
sinalizou que o número de mulheres responsáveis pelo domicílio (52%) superou
o número de homens (48%) no município.

O desempenho destes papéis, todavia, não ocorre sem consequências para as


mulheres. Essas diferenças entre atribuições se expressam na taxa de
participação de mulheres e homens no mercado de trabalho e a distribuição de
horas semanais dedicadas ao trabalho (atividade remunerada) e afazeres
domésticos (atividade não remunerada) no Brasil. Segundo a PNAD Contínua,
em Curitiba, no ano de 2018 o tempo semanal dedicado aos afazeres domésticos

em idades dependentes (idosos e crianças) (Lee e Mason, 2004; Rios-Neto, 2005; Turra e Queiroz, 2005;
Alves e Bruno, 2006; Alves, 2016)
8
População Economicamente Ativa (PEA): pessoa que tinha trabalho durante todo ou parte do período
de referência (últimos 12 meses), ainda que não o houvesse exercido nesse período por motivo de férias,
licença, greve, etc. ou ainda pessoa sem trabalho, mas que havia tomado alguma providência para
conseguir trabalho no período de referência. (IBGE)

18
pelas mulheres era em média 9,1 horas a mais do que os homens, enquanto o
tempo dedicado ao mercado de trabalho pelas mulheres era, em média, de 3,4
horas a menos que os homens.

Essa diferença no tempo dedicado à carreira profissional acaba por impactar na


remuneração: em Curitiba, no quarto trimestre de 2019, as mulheres
apresentaram rendimento nominal médio de R$3.030,00, o equivalente a 67%
do rendimento nominal médio dos homens, que era de R$4.509,00.

Neste sentido, há uma forte correlação entre o ingresso e o sucesso da mulher


no mercado de trabalho e a possibilidade de ter os filhos na creche, ainda mais
quando a própria mulher é a responsável familiar pelo domicílio.

No mapa “Mulheres responsáveis familiares com rendimento mensal de até ½


salário mínimo, principais eixos viários, localização das ocupações irregulares
no Município de Curitiba” (FIGURA 15), um dos dados apresentados é a
proporcionalidade de mulheres responsáveis familiares com rendimento mensal
de até meio salário mínimo por bairro de Curitiba.

Neste dado destacaram-se os bairros Centro, Alto da Rua XV, Santo Inácio e
São Miguel. Como no mapa foi considerada a categoria “sem rendimentos”,
pode-se inferir que, nos bairros mais centrais, como a concentração de idosos
também é maior, influiu neste resultado a situação das mulheres idosas
responsáveis familiares que recebem benefícios previdenciários. Já nos bairros
onde a proporção de pessoas com idade até 14 anos é significativa e,
consequentemente, a razão de dependência de jovens é maior, a combinação
deste fator com a concentração de mulheres responsáveis familiares com renda
até ½ salário mínimo denota que há famílias com número significativo de
dependentes nesta faixa de renda, o que se configura vulnerabilidade social.

A combinação destes fatores com regiões mais afastadas da região central,


como é o caso do bairro São Miguel, por exemplo, com pouco acesso aos
principais eixos viários e concentração de ocupações irregulares pode agravar
ainda mais esta vulnerabilidade, se não houver a provisão de serviços públicos
e de infraestrutura urbana para garantir a qualidade de vida e bem-estar das
famílias.

19
FIGURA 4-172 – Mulheres responsáveis familiares com rendimento mensal de
até ½ salário mínimo, terminais de transporte, localização das ocupações
irregulares no Município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

20
Como já mencionado anteriormente, para a inclusão da mulher no mercado de
trabalho e assim propiciar a superação da vulnerabilidade social decorrente da
baixa renda, é necessária a existência de vagas em creches e escolas a fim de
garantir o cuidado dos filhos enquanto a mulher se dedica a atividades voltadas
à geração de renda.

Além disso, são necessárias condições de infraestrutura urbana e domiciliar para


estruturação das condições de vida e de acesso à cidade, considerando o tempo
de deslocamento para o trabalho e a conciliação da jornada de trabalho com as
atividades não remuneradas da mulher como deixar e buscar o filho na creche
ou escola e o horário de funcionamento destes equipamentos, ainda a
iluminação pública, a distância dos pontos de ônibus, a estrutura da moradia e
sua localização em áreas sujeitas a inundação, entre outras condições
aprofundadas no item sobre Dimensões Socioterritoriais.

Nos mapas “Densidade populacional de mulheres responsáveis familiares com


rendimentos mensais de até ½ salário mínimo, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e concentração de Centros Municipais de
Educação Infantil no Município de Curitiba” (FIGURA 4-173) e “Densidade
populacional de mulheres responsáveis familiares com rendimentos mensais de
até ½ salário mínimo, principais eixos viários, localização das ocupações
irregulares e concentração de Escolas Municipais no Município de Curitiba”
(FIGURA 4-174), os dados apresentados estão relacionado à densidade
populacional, ou seja, a relação entre mulheres responsáveis familiares com
renda de até ½ salário mínimo e a área onde residem e os equipamentos de
Educação Infantil e Educação Fundamental do município.

Nestes mapas a região central continua representativa, porém ganham destaque


os bairros Cajuru, Sítio Cercado, Butiatuvinha e Capão Raso. Cabe observar que
os três primeiros bairros em especial são relativamente extensos, indicando que
é preciso aprofundar o diagnóstico acerca das situações que ocasionam essa
concentração para estruturar a atuação local.

21
FIGURA 4-173 – Densidade populacional de mulheres responsáveis familiares
com rendimentos mensais de até ½ salário mínimo, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e concentração de Centros Municipais de
Educação Infantil no Município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

22
FIGURA 4-174 – Densidade populacional de mulheres responsáveis familiares
com rendimentos mensais de até ½ salário mínimo, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e concentração de Escolas Municipais no
Município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

23
O Atlas do Desenvolvimento Humano utilizou como indicador o percentual de
mães chefes de família sem fundamental completo e com filho menor de 15 anos
como indicador de vulnerabilidade. Se utilizarmos os mesmos parâmetros,
porém no âmbito do CadÚnico, que é uma base que mapeia as famílias
vulneráveis e está atualizada em junho de 2019, essas mulheres representam
75% do total de mulheres (acima de 18 anos) cadastradas e obtemos o Mapa
“Concentração de mulheres responsáveis familiares sem ensino fundamental
completo, com filho menor de 15 anos no Município de Curitiba – 2019” (FIGURA
4-175).

Importante ressaltar que é uma das normativas deste cadastro priorizar mulheres
como responsáveis familiares, haja vista que as mulheres historicamente
assumem a responsabilidade pelo cuidado de filhos e outros dependentes e
apresentam menos alternância de núcleo familiar (cadastro familiar) se
comparadas aos homens.

24
FIGURA 4-175 – Concentração de mulheres responsáveis familiares sem
ensino fundamental completo, com filho menor de 15 anos no Município de
Curitiba – 2019.

Fonte: Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, ref. Jun/ 2019
Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

25
As mulheres responsáveis familiares, sem fundamental completo e com filho
menor de 15 anos estão concentradas nas regiões periféricas do município,
muitas delas em áreas de ocupações irregulares ou áreas de ocupação mais
recente.

Pensar em políticas para mulheres significa investir não só na parte da


população reconhecidamente responsável pela manutenção e cuidado da família
e da população economicamente dependente, como também na principal força
de trabalho que vem movimentando a economia nas últimas décadas. Como o
próprio Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ressalta,

“a igualdade de gênero não é apenas um direito humano fundamental,


mas a base necessária para a construção de um mundo pacífico,
próspero e inclusivo (...). O desenvolvimento sustentável não será
alcançado se todas as barreiras que impedem o pleno
desenvolvimento e exercício das capacidades de metade da população
não forem eliminadas, sobretudo as discriminações e violências
baseadas no gênero.” (Plataforma Agenda 2030, acesso em
17/02/2020).

Garantir a segurança e a qualidade de vida e estimular a produtividade das


mulheres significa abranger 52% da população curitibana em 2019, com efeitos
difusos, que se estendem a toda a sociedade.

Para possibilitar a inclusão da mulher no mercado de trabalho e a superação da


vulnerabilidade social, é necessário infraestrutura urbana e domiciliar que
possibilitem a estruturação da vida da mulher no território, e ainda oportunidades
de escolarização e de capacitação profissional, trabalho e renda. Além disso,
são necessários espaços públicos, equipamentos e atividades de esporte, lazer
e cultura para os filhos adolescentes, o que será mais detalhado no próximo item
que trata dos Adolescentes e Jovens de 15 a 29 anos.

4.5.2.4 ADOLESCENTES E JOVENS DE 15 A 29 ANOS

Para a população em idade potencialmente ativa para a economia (15 a 59


anos), em especial a faixa etária dos jovens de 15 a 29 anos resta o desafio e a
expectativa de serem mais produtivos, tendo em vista o envelhecimento da
população.

26
Este segmento da população representa o potencial que o município tem de
trilhar um caminho original de desenvolvimento e de melhoria substancial da
riqueza que é produzida. Trata-se de grupo extenso, heterogêneo, transitando
diversas situações sociais, portador de futuro, mas, também, vítima da violência,
da precarização laboral e do desemprego.

Quando observamos a distribuição em números absolutos de jovens de 15 a 29


anos no município de Curitiba no Mapa “Concentração de jovens de 15 a 29
anos, principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no
Município de Curitiba”, nos deparamos com uma significativa concentração na
região sul, novamente destacando-se o bairro CIC (FIGURA 4-176).

27
FIGURA 4-176 – Concentração de jovens de 15 a 29 anos, principais eixos
viários e localização das ocupações irregulares no Município de Curitiba – 2010.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

28
O diagnóstico comunitário indicou a necessidade de ampliar a oferta de
equipamentos integrais ou que ofereçam atividades no contraturno, como forma
de retirar a criança e o jovem da rua e de promover atividades de capacitação
para o mercado de trabalho, para fazer frente à ociosidade e atrair este público,
seja com equipamentos relacionados à prática esportiva ou a preparação para o
mercado de trabalho, distanciando-os da criminalidade, observação que ganhou
destaque nas regionais Pinheirinho, Bairro novo, Cajuru e na então futura
regional Tatuquara.

Quando observamos a densidade populacional de jovens, as configurações de


concentrações médias se mantiveram próximas ao mapa de números absolutos
de jovens. No mapa de densidade populacional o bairro CIC deixa de ser, em
números absolutos, o de maior concentração, enquanto os bairros Centro, Cristo
Rei, Água Verde, Bigorrilho e Sítio Cercado se destacam. Devido à
configurações do indicador, a densidade populacional tende a ser maior em
áreas reduzidas, como é o caso dos bairros mais próximos ao centro da cidade,
já o Sítio Cercado é um bairro que já apresentava concentração significativa de
jovens em números absolutos – na faixa subsequente a do bairro com maior
concentração - e, neste mapa, comparado à sua extensão territorial, acabou se
destacando mais do que o CIC. Ao dado de densidade populacional, foram
relacionados os equipamentos de Esporte e Lazer (FIGURA 4-177 - Densidade
populacional de jovens de 15 a 29 anos, principais eixos viários, localização das
ocupações irregulares e equipamentos de esporte e lazer no município de
Curitiba) e Cultura (FIGURA 4-178 - Densidade populacional de jovens de 15 a
29 anos, principais eixos viários, localização das ocupações irregulares e
equipamentos de cultura no município de Curitiba) da rede de atendimento
municipal. Na representação dos mapas foi colocado um raio de um quilômetro
no entorno dos equipamentos para ilustrar sua abrangência.

Assim como ocorreu com os idosos, a rede de atendimento de esporte e lazer


está descentralizada, abrangendo as maiores concentrações de jovens nos
bairros.

29
FIGURA 4-177 – Densidade populacional de jovens de 15 a 29 anos, principais
eixos viários, localização das ocupações irregulares e equipamentos de esporte
e lazer no município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

30
FIGURA 4-178 – Densidade populacional de jovens de 15 a 29 anos, principais
eixos viários, localização das ocupações irregulares e equipamentos de cultura
no município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

31
Acompanhando uma percepção manifestada no Diagnóstico Comunitário, os
equipamentos de cultura municipais estão concentrados no centro, exigindo da
população seu deslocamento para acessá-los. Sete regionais apontaram a
necessidade de mais investimentos na área cultural, seja para garantir o acesso
da população, como no caso das regionais Boa Vista, Cajuru, CIC, Pinheirinho
e Boqueirão e até para desenvolver potencialidades locais, como no Bairro Novo
e Santa Felicidade. As regionais Matriz e Portão, por sua vez, destacaram as
vantagens de dispor de espaços culturais públicos e privados, citando-se a
criação de empregos na regional Matriz, por exemplo.

Há um movimento por parte da Fundação Cultural de Curitiba para descentralizar


ações culturais utilizando-se de espaços parceiros, como escolas, Centros de
Referência de Assistência Social – CRAS, organizações da sociedade civil, e
outros equipamentos públicos ou privados. Apesar de ainda não estarem
sinalizados no mapa, em 2018 representaram 67% das ações ofertadas/
apoiadas pela Fundação Cultural.

Outra preocupação recorrente com esta população é relativa à sua inserção no


mercado de trabalho. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua Trimestral do IBGE, historicamente a grande maioria dos jovens,
quando ocupada, o faz em postos de baixa remuneração. Desde o ano de 2012,
as faixas com menores rendimentos médios abrangem pessoas de 14 a 39 anos.
O salário médio de um jovem de 18 a 24 anos, por exemplo, no último trimestre
de 2019 correspondia a R$1.447,00, ou seja, 1,45 salários mínimos.

Ainda segundo a PNAD, em 2019 as pessoas na faixa etária de 14 a 24 anos


respondiam por 15,5% do total de pessoas na força de trabalho. E, apesar de a
expectativa para faixa etária de 18 a 24 anos de inclusão no mercado de
trabalho, a taxa de participação na força de trabalho9 era de 73,2%. Neste
universo, é crucial aumentar e melhorar a oferta de alternativas, atividades e
espaços públicos, inclusive, para que eles possam transformar as condições da
própria existência.

“Uma vez que o número absoluto de jovens está diminuindo no Brasil,


este seria o momento adequado para se investir nos direitos da
juventude, permitindo que façam a transição para a vida adulta de

9
Taxa de participação na força de trabalho é a porcentagem de pessoas, quer empregadas quer em
busca ativa de trabalho, em relação ao número total de pessoas na respectiva faixa etária.

32
maneira tranquila, saudável e produtiva. O futuro do país depende da
inserção social e da boa qualidade de vida das novas gerações”
(CAMARANO; KANSO, 2012).

A falta de ocupação seja estudo ou trabalho é considerado um dos fatores que


vulnerabilizam jovens, em especial na faixa etária de 15 a 24 anos, fato agravado
se a família possui baixa renda, tanto que este indicador foi monitorado pelo
IPEA no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, de 2013. Buscando-se
utilizar um dado mais atualizado, com base no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal, Curitiba possui em abril de 2019, um total de 13.661
pessoas entre 15 e 24 anos que não estudam e não trabalham, com renda
familiar per capita inferior a meio salário mínimo, o que representa 26% do total
de pessoas nesta faixa etária registradas no Cadastro Único. O endereço das
pessoas nesta situação foi georreferenciado no mapa “Jovens de 15 a 24 anos
que não estudam, não trabalham e são vulneráveis no Município de Curitiba –
CadÚnico” (FIGURA 4-179). As áreas mais escuras indicam maior concentração
de pessoas de 15 a 24 anos que não estudam e não trabalham cadastradas.

33
FIGURA 4-179 - Jovens de 15 a 24 anos que não estudam, não trabalham e
são vulneráveis no Município de Curitiba – 2019.

Fonte: Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, ref. Jul/ 2019
Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

34
Neste mapa é possível observar que a concentração de jovens de 15 a 24 anos
que não estudam e não trabalham cadastrados está localizada nas regiões mais
periféricas e também nas áreas de ocupação irregular10.

A representatividade de jovens nas condições em que vivem e nas áreas em que


residem é agravada pelas insuficiências relacionadas à infraestrutura/
estruturação e mobilidade urbana. A necessidade de grandes deslocamentos
para acessar serviços públicos ou melhores oportunidades de trabalho e
escolarização demanda tempo e recursos financeiros, nem sempre disponíveis
para as famílias desses jovens. A combinação destes fatores acaba por culminar
em abandono escolar e inserção precarizada no mercado de trabalho, muitas
vezes informal, com baixa remuneração e poucas perspectivas de progressão
na carreira profissional.

Segundo José Eustáquio Diniz Alves, a questão fundamental está em avaliar


porque as políticas públicas não têm conseguido incorporar a juventude no
mercado de trabalho e na escola de qualidade. A mera culpabilização dos jovens
pela situação em que se encontram desconsidera a importância da atuação do
poder público e desencoraja a proposição de alternativas para superação desta
problemática. Estruturar alternativas para esta população envolve não somente
as políticas públicas de atendimento, mas também as ações relacionadas ao
desenvolvimento econômico e a infraestrutura urbana para abranger a totalidade
das vulnerabilidades e potencialidades que envolvem os jovens em Curitiba.

4.5.2.5 RENDA E TRABALHO

Em termos de renda, o rendimento médio nominal de todos os trabalhos,


habitualmente recebidos por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade,

10
Nota: O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal é considerado uma importante
ferramenta para mapear famílias em situação de vulnerabilidade social, especialmente devido à baixa
renda, haja vista que é a partir deste cadastro que se dá o acesso ao Programa de Transferência de Renda
Bolsa-Família. Ele também é utilizado por outros programas sociais como a Tarifa Social de Energia Elétrica
e de Água e também pela COHABCT – Companhia de Habitação Popular de Curitiba para cadastramento
das famílias que residem em áreas de ocupação irregular.

35
em Curitiba no ano de 2019 segundo a PNAD era de R$3.813,00, enquanto que
no Brasil este valor corresponde a R$ 2.340,00.

Dentro do município, como o Diagnóstico Comunitário apontou, há grandes


contrastes entre as regionais, sendo a renda um dos componentes que influem
diretamente nas condições de vida da população e na configuração
socioterritorial dos espaços urbanos.

Essa diferença pode ser observada na distribuição da renda média da população


por setor censitário, conforme expresso no mapa “Renda média da população
por setor censitário no Município de Curitiba – 2010” (FIGURA 4-180). As áreas
em vermelho concentram maior renda, ao contrário, quanto mais azulada a área,
menor é a renda média da população residente na região.

36
FIGURA 4-180 – Renda média da população por setor censitário no Município
de Curitiba - 2010

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010


Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento

37
As regiões que concentram as maiores rendas médias estão localizadas nas
áreas próximas ao centro e na região oeste.

Quando observamos o mapa da concentração de pessoas cuja renda mensal


per capita é de meio salário mínimo, portanto, em situação de pobreza segundo
critérios do IBGE, e agregamos as demais informações relacionadas a áreas de
ocupação irregular, distância do centro e principais eixos viários (FIGURA 4-181
- Concentração de pessoas com renda de até ½ salário mínimo per capita,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no município de
Curitiba), é possível apontar que estas áreas estão localizadas a mais de 5 km
do centro e que há maior ocorrência de áreas de ocupação irregular.

Em relação a densidade populacional das pessoas com renda de até ½ salário


mínimo per capita, a sua representação no mapa (FIGURA 4-182 - Densidade
populacional de pessoas com renda de até ½ salário mínimo per capita,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no município de
Curitiba) apresenta algumas diferenças em relação ao seu número absoluto.
Mais uma vez o CIC deixa de ser o bairro com maior concentração e a região
central e o Sítio Cercado e Cajuru se destacam. É importante lembrar que na
faixa de rendimentos denominada “sem rendimentos” estão contabilizados
aqueles que recebem benefícios, como possivelmente é o caso de muitos
idosos, que por sua vez, se concentram na área central. Também se destaca a
mudança ocorrida com o bairro Butiatuvinha, que possivelmente devido a sua
extensão e baixa densidade demográfica (12,33 em comparação com a de
Curitiba, que é de 40,30) deixou de se destacar no mapa de densidade
populacional.

38
FIGURA 4-181 – Concentração de pessoas com renda de até ½ salário mínimo
per capita, principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no
município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

1
FIGURA 4-182 – Densidade populacional de pessoas com renda de até ½ salário
mínimo per capita, principais eixos viários e localização das ocupações
irregulares no município de Curitiba.

Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

2
A renda está preponderantemente relacionada à inserção no mercado de
trabalho. O dado disponibilizado pelo Censo 2010 sobre a inserção no mercado
de trabalho foi desagregado em Unidades de Desenvolvimento Humano – UDHs
pelo IPEA, em 2013. As UDHs são áreas menores que bairros nos territórios
mais populosos e heterogêneos, permitindo desagregações estatísticas em
áreas cujos setores censitários não dispõem de informações suficientes para
tanto.

A partir das informações agregadas em UDHs, foi elaborado o mapa “Percentual


de pessoas de 18 anos ou mais ocupadas, terminais de transporte e localização
das ocupações irregulares no Município de Curitiba” (FIGURA 4-183), onde é
possível observar que as áreas que concentram mais domicílios com renda de
até meio salário mínimo per capita, se comparadas com o centro da cidade,
também têm maior incidência de pessoas de 18 anos ou mais ocupadas.

No diagnóstico comunitário foi feito um exercício indagando-se três itens que a


regional poderia oferecer à cidade de Curitiba e três itens que Curitiba poderia
oferecer a uma hipotética cidade formada pela regional. Nas regionais
Tatuquara, Pinheirinho, Bairro Novo e Cajuru, representativas 25 a 28% das
indicações era mão de obra.

Todavia, quando detalhadas as informações sobre esta ocupação, temos o dado


de que as pessoas ocupadas não necessariamente estão trabalhando com
carteira de trabalho assinada, note-se as alterações no mapa “Percentual de
pessoas ocupadas sem carteira de trabalho assinada, principais eixos viários e
localização das ocupações irregulares no Município de Curitiba” (FIGURA 4-
184).

3
FIGURA 4-183 – Percentual de pessoas de 18 anos ou mais ocupadas,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no Município de
Curitiba.

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, IPEA, 2013/ SEUC – IPPUC


Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

1
FIGURA 4-184 – Percentual de pessoas ocupadas sem carteira de trabalho
assinada, principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no
Município de Curitiba.

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, IPEA, 2013/ SEUC – IPPUC


Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

2
Observando-se estes mapas é possível observar que as pessoas das áreas mais
distantes do centro estão mais vulneráveis à baixa renda, todavia isso não se
dava por desocupação, mas por baixa remuneração, que pode estar combinada
a outros fatores, como famílias com muitos dependentes e inserção informal ou
precarizada no mercado de trabalho por exemplo. Note-se ainda que o centro de
Curitiba, apesar de não se destacar no percentual de pessoas ocupadas,
destaca-se na concentração de pessoas ocupadas sem carteira de trabalho
assinada.

A necessidade de desenvolvimento de novas centralidades mencionada no


Diagnóstico Comunitário e a mão de obra que a regional considera um ativo para
oferecer à cidade podem ser utilizadas no desenvolvimento econômico local.

4.5.2.6 ESCOLARIDADE

Outro dado que corrobora e complementa as informações dos mapas de trabalho


e renda é a escolaridade.

Os dados relacionados à escolaridade foram desagregados por UDHs pelo Atlas


do Desenvolvimento Humano. Em relação à escolaridade de pessoas com 18
anos ou mais com ensino fundamental completo, Curitiba tem o percentual de
73,96, superior ao Brasil, cujo percentual é de 54,92. A sua distribuição nos
bairros de Curitiba se dá conforme demonstrado no mapa “Percentual de
pessoas com 18 anos ou mais e ensino fundamental completo, principais eixos
viários, localização das ocupações irregulares no Município de Curitiba”
(FIGURA 4-185).

3
FIGURA 4-185 – Percentual de pessoas com 18 anos ou mais e ensino
fundamental completo, principais eixos viários, localização das ocupações
irregulares no Município de Curitiba.

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, IPEA, 2013/ SEUC – IPPUC


Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

4
As áreas que concentram maiores percentuais de escolaridade por UDH estão
nas áreas centrais, coincidindo também com a área com maior renda média.

No mapa “Percentual de frequência escolar ao ensino básico, terminais de


principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no Município de
Curitiba” (FIGURA 4-186) no ano de 2010 por UDHs está apresentada a
distribuição do percentual de pessoas de 06 a 17 anos no ensino fundamental,
médio ou EJA. De forma geral, em todas as UDHs, os percentuais são altos – os
menores valores se iniciam em 88,65%, porém cabe notar que os maiores
percentuais não ocorrem necessariamente nas áreas que concentram mais
crianças e pessoas nesta faixa etária, mas em sua maioria nas áreas que já
apresentam maiores percentuais de pessoas com 18 anos ou mais com ensino
fundamental completo, o que indica o potencial multiplicador da escolaridade no
transcorrer das gerações.

A permanência na escola e o avanço na escolaridade estão sujeitos às


condições concretas de vida das pessoas. Estas condições de vida nos territórios
serão tratadas no próximo item sobre a Dimensões Socioterritoriais, permitindo
uma maior compreensão das condições de vida que influenciam na questão da
escolaridade.

5
FIGURA 4-186 – Percentual de frequência escolar ao ensino básico, principais
eixos viários e localização das ocupações irregulares no Município de Curitiba.

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, IPEA, 2013/ SEUC – IPPUC


Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração

6
Promover a inclusão social, o bem-estar e o acesso equitativo da população às
condições que propiciam a qualidade de vida demanda o enfrentamento de
condições que vulnerabilizam e ampliam o custo de reprodução social 11,
precarizando a vida das pessoas em múltiplas dimensões, inclusive geracionais.
Destacam-se a mobilidade, a moradia e o meio ambiente e a infraestrutura para
análise de condições essenciais para o Desenvolvimento Socioterritotrial.

4.5.2.7 DESENVOLVIMENTO SOCIOTERRITORIAL

Silva (2019) no Seminário Políticas Públicas e Desenvolvimento Urbano em


Curitiba, organizado pelo IPPUC em outubro de 2019 discorreu sobre “Moradia,
Planejamento Urbano e Desenvolvimento Socioespacial”, apontando a
necessidade de “incorporar nas políticas e nas práticas de gestão a
compreensão crítica do processo de produção da cidade contemporânea, bem
como a diversidade que caracteriza os espaços de moradia”. Também orientou
sobre a importância de elaborar os planos setoriais a partir do lugar em que
vivem as pessoas na cidade a partir da moradia.

A percepção das pessoas no Diagnóstico Comunitário de uma cidade apresenta


contrastes, uma parte marcada pelas centralidades em que se concentram os
estabelecimentos comerciais, a oferta de serviços e equipamentos públicos e a
disponibilidade de infraestrutura, do padrão construtivo das edificações e da sua
paisagem, outra parte as áreas consideradas mais carentes, caracterizadas
como áreas com grande densidade residencial e demográfica, com baixo índice
de permeabilidade do solo, sujeitas a uma infraestrutura precária e carentes de
serviços públicos.

Essas diferenças na distribuição dos recursos relacionados à infraestrutura


urbana e domiciliar e da renda estão demonstradas no Mapa “Precariedade
Urbana, Eixo BRT e Produção da COHAB” (FIGURA 4-187) apresentado por

11
O custo de reprodução social deve ser pensado de forma associada ao custo de vida da população,
porém analisado a partir das vantagens e desvantagens decorrentes do local em que moram e do acesso
à cidade e aos benefícios da urbanização, considerando que as condições concretas para realização da
vida nos territórios são marcadas pelo acesso à infraestrutura e aos serviços públicos coletivos, ao
transporte público, à moradia adequada e à renda.

7
Silva (2019) no Seminário de Políticas Públicas e Desenvolvimento Urbano
organizado pelo IPPUC para subsídio à elaboração dos Planos Setoriais.

FIGURA 4-187 – Precariedade Urbana, Eixo do BRT e Produção da COHAB.

FONTE: BITTENCOURT (2017), DUDA (2016); TEXEIRA (2016); URBS (2016); MAKOSVSKI
(2017).
Elaboração: Madianita Nunes da Silva (2019).

As informações das condições de moradia, serviços públicos, infraestrutura


urbana, renda, transporte coletivo associadas no mapa apresentado por Silva
(2019), sobrepostas à localização da concentração de investimentos públicos
nos Eixos do BRT e à localização da produção da moradia popular no Município,
iluminam o planejamento urbano quanto às áreas que precisam receber
prioridade das políticas sociais e urbanas para redução da desigualdade social
e, assim, indução do desenvolvimento social no Município.

O eixo do BRT representa na cidade as melhores condições de infraestrutura e


mobilidade, pois é nos eixos estruturais de adensamento e desenvolvimento que
o município estabeleceu a estruturação da cidade e a alocação dos
investimentos públicos urbanos.
O mapa demonstra que os bairros com menos recursos relativos a infraestrutura
urbana e domiciliar coincidem com as áreas menos servidas de transporte

8
coletivo em relação a acessibilidade desempenhada principalmente pelo eixo
BRT, que se caracteriza também pela conexão do local de moradia a todas as
outras áreas e, principalmente ao centro da cidade, facilitando o acesso das
pessoas a cidade e aos diversos elementos urbanos12.

Demonstra ainda que é nestes bairros que se concentra a produção pública da


moradia para famílias de baixa renda (que também são as que mais precisam
do Estado), indicando sua implantação em sentido oposto à infraestruturação da
cidade, resultando de um lado o maior custo de reprodução social para as
famílias e de outro maior custo econômico para o poder público que precisa
estender a infraestrutura básica, os serviços coletivos e o transporte público a
essa população, como pode ser observado nos mapas “Distribuição de pessoas
com renda de até ½ salário mínimo per capita, principais eixos viários e
localização das ocupações irregulares no município de Curitiba” (FIGURA 4-
181), e “Percentual de pessoas ocupadas sem carteira de trabalho assinada,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no Município de
Curitiba” (FIGURA 4-184).

Ainda, as pessoas em situação de pobreza, inserção precária no mercado de


trabalho, residentes em áreas de menor infraestrutura urbana e domiciliar e
acessibilidade, quantitativamente, são as que mais usam tais infraestruturas e,
da mesma forma, mais demandam as políticas públicas para atendimento
decorrente da própria precariedade instalada.

4.5.2.7.1 Distribuição dos recursos de Infraestrutura Urbana e Domiciliar

A distribuição de recursos relativos à infraestrutura urbana e domiciliar e da


renda nos 75 bairros, aferido por Bittencourt em níveis de precariedade urbana
é utilizada neste plano, pela perspectiva que apresenta de demonstrar como a

12
Elementos urbanos são objetos e dispositivos públicos ou privados instalados nas cidades com o
propósito de oferecer serviços ao ambiente público. Nesta caracterização, moradia, serviços, públicos de
consumo coletivo, infraestrutura urbana, transporte coletivo, espaços e equipamentos públicos, em sua
maioria, construídos pelo poder público dão a dimensão do que é elemento urbano acessado ou não pela
população.

9
combinação de diferentes elementos socioeconômicos e de infraestrutura
influem nas condições concretas de realização da vida cotidiana na cidade.

O nível de precariedade nos bairros13 está sistematizado em cinco grupos com


informações sobre: a condição dos domicílios (domicílios particulares com mais
de seis moradores, domicílios localizados em aglomerados subnormais,
domicílios improvisados e domicílios sem banheiro interno); a condição dos
serviços públicos de consumo coletivo (domicílios ligados à rede de
abastecimento de água e à rede coletora de esgoto, com energia elétrica e coleta
de lixo); a condição de infraestrutura urbana (domicílios providos de iluminação
pública, vias pavimentadas, drenagem urbana e vias arborizadas); a renda14
(domicílios particulares permanentes, com renda per capita menor do que um
salário mínimo e com rendimento médio mensal das pessoas com mais de 10
anos) e a condição de acesso ao transporte público (número de linhas de ônibus
que passam pelo bairro em dias úteis, número de pontos de ônibus situados no
bairro em relação a sua área em km² e intervalo de espera entre ônibus),
constituído por diferentes indicadores disponibilizados pelo IPPUC, pelo IBGE e
pela URBS.

Cabe esclarecer que os conjuntos de bairros com alta ou baixa precariedade não
são estabelecidos a partir de parâmetros absolutos que caracterizam níveis
adequados ou mínimos de acesso ou provisão de serviços, até porque em alguns
bairros caracterizados como de alta precariedade há áreas de restrição de
ocupação como demarcados no mapa de infraestrutura produzido pelo IPPUC
(FIGURA 4-188 - Índice de Infraestrutura Básica no Município de Curitiba – 2017)
e, nessas áreas, a configuração espacial que se considera adequada é
diferenciada das demais.

13
Bittencourt (2017) classifica os 75 bairros da cidade utilizando a análise de cluster para cada grupo
isolado e posteriormente para o conjunto de todas as variáveis e ainda o método Ward para diferenciação
dos aglomerados, resultando nos piores desempenhos representados pelo alto nível de precariedade e a
última posição.
14
A condição de renda, embora não se configure como um indicador direto de infraestrutura é um fator
fundamental para o consumo de bens e serviços, para acesso à moradia adequada e para deslocamento
na cidade. (BITTENCOURT, 2017)

10
FIGURA 4-188 – Índice de Infraestrutura Básica no Município de Curitiba – 2017

Fonte: IPPUC – GEOPROCESSAMENTO, ANO 2017.

11
e compararmos o mapa de Precariedade Urbana, Eixo do BRT e Produção da
COHAB (FIGURA 4-187) com o mapa obtido a partir da aplicação do Índice de
Infraestrutura Básica no Município de Curitiba (FIGURA 4- 188)15, elaborado pelo
IPPUC em 2017, observa-se que há muitas coincidências nas informações.

Com base na análise de Bittencourt (2017) a população servida com menos


recursos de infraestrutura urbana e domiciliar, abrange 12,57% da população da
cidade que reside em 15 bairros: Alto Boqueirão, Augusta, Cachoeira, Cajuru,
Campo de Santana, Caximba, CIC, Ganchinho, Lamenha Pequena, Riviera, São
Miguel, Pinheirinho, Prado Velho, Sitio Cercado, Tatuquara e Umbará). A
vulnerabilidade está posta, principalmente, pelas condições de infraestrutura
urbana, de renda e de acesso ao transporte coletivo, acrescidas de serem bairros
que concentram a produção de habitação popular, principalmente para
reassentamento de favelas da cidade.
De acordo com a metodologia adotada estes bairros são agrupados,
principalmente, pela falta de elementos da urbanização como pavimentação das
vias, calçadas e sistemas de drenagem.
Caximba, Rivieira e São Miguel, consolidam-se como os que concentram as
piores condições de moradia no tocante a segurança, formalidade, saneamento
e infraestrutura básica; com menos atendimento dos serviços públicos de
consumo coletivo, as menores condições de acessibilidade ao trabalho e lazer,
e com as menores rendas per capita da cidade. Estes mesmos bairros se
destacaram também na concentração de outra variável de vulnerabilidade social:
mulheres responsáveis familiares com renda até ½ salário mínimo: Riviera e São
Miguel apresentaram significativas concentrações de mulheres responsáveis
familiares com renda per capita de até ½ salário mínimo segundo o Censo 2010.
Caximba e São Miguel apresentaram ainda altas concentrações de mulheres
responsáveis familiares sem ensino fundamental completo e com filho menor de
15 anos cadastradas no CadÚnico.
O segundo grupo populacional que tem menor acesso aos recursos de
infraestrutura urbana e domiciliar, correspondem a 19% da população da cidade
e é composto por 16 bairros: Abranches, Atuba, Bairro Alto, Barreirinha,

15
O índice foi elaborado a partir de sete indicadores: Coleta de esgoto, drenagem, iluminação pública,
sistema viário e pavimentação, calçadas, infraestrutura para transporte coletivo e espaços públicos.

12
Butiatuvinha, Boqueirão, Capão da Imbuia, Capão Raso, Fazendinha, Guaíra,
Lindóia, Novo Mundo, Parolin, Santa Cândida, Uberaba, Xaxim, e estão
localizados em sua maioria nos limites da região norte com as cidades
metropolitanas e ao sul da região central.
Apesar de condições melhores do que o primeiro grupo possui condições
desfavoráveis ao desenvolvimento social e urbano marcadas, principalmente,
pela renda e pelo acesso ao transporte público.
O Diagnóstico Comunitário retrata ainda que as áreas mais vulneráveis quanto
à renda coincidem com as áreas de ocupação irregular na porção periférica ao
sul da Regional Boqueirão, coincidindo com as áreas próximas aos recursos
hídricos (Rio Iguaçu, Rio Belém e Ribeirão dos Padilhas), no bairro Uberaba pela
existência de famílias em condição de vulnerabilidade social, carentes de
infraestrutura e equipamentos públicos, bem como suscetíveis a riscos
socioambientais e nas áreas na porção sul do bairro Xaxim onde demarcam a
falta de atendimento da população por serviços públicos.
No terceiro grupo está 14,89% da população da cidade, residente em 10 bairros
situados a 10km do centro de Curitiba: Boa Vista, Fanny, Hauer, Orleans,
Pilarzinho, Santa Felicidade, Santa Quitéria, São Brás, Taboão, Tingui.
À medida que os bairros vão se aproximando da centralidade da cidade, a
infraestrutura urbana e domiciliar vai aumentando, a mobilidade melhora e a
renda aumenta, produzindo um ambiente urbano com melhores condições de
vida para as pessoas que moram no terceiro, quarto e quinto grupo.
A área mais central da cidade, formada pelos bairros Centro, Rebouças e São
Francisco, une-se aos bairros Bacacheri, Bom Retiro, Campina Do Siqueira,
Campo Comprido, Cascatinha, Guabirotuba, Jardim Botânico, Jardim das
Américas, Mercês, Portão, Santo Inácio, São João, São Lourenço, Tarumã, Vila
Izabel e Vista Alegre no quarto grupo, onde a renda e o acesso ao transporte
público são elementos de maior necessidade na classificação geral destes 19
bairros que abrangem 30,92% da população.
O grupo populacional mais bem servido da infraestrutura urbana e domiciliar e
de mais alta renda abrange 22,62% da população e reside em 14 bairros: Água
Verde, Ahú, Alto da Glória, Alto da Rua XV, Batel, Bigorrilho, Cabral, Centro
Cívico, Cristo Rei, Hugo Lange, Jardim Social, Juvevê, Mossunguê e Seminário.
A população destes bairros reside na cidade com as melhores condições de

13
moradia, infraestrutura, renda e acessibilidade, sendo o transporte público
coletivo o elemento de maior diferenciação, em que pese o indicativo de serem
as áreas da cidade maior motorização individual e, portanto, de menor uso do
transporte coletivo.
As maiores diferenças intraurbanas estão postas na contraposição entre o grupo
populacional que reside nos bairros centrais com condições de moradia, de
infraestrutura e de renda mais alto do que no restante da cidade, e os grupos
populacionais que residem nos dois conjuntos de bairros periféricos com menor
condição de infraestrutura urbana e domiciliar.
Neste contraste, destacaram-se questões que compareceram no Diagnóstico
Comunitário, na Contextualização das Políticas que compõem o Plano Setorial
de Desenvolvimento Social e nesta Caracterização Socioterritorial, como
segurança, infraestrutura urbana e domiciliar, desenvolvimento cultural e
econômico, moradia, mobilidade e meio ambiente, cuja relação com o
Desenvolvimento Social será brevemente apresentada a seguir.

4.5.2.7.2 Segurança, infraestrutura e desenvolvimento cultural e


econômico

No Diagnóstico Comunitário comparece em todas as regionais a preocupação


da comunidade com a violência, sendo que em algumas delas, ela é relacionada
à intensificação demográfica em alguns bairros em consequência da
implantação de conjuntos habitacionais, como por exemplo, o Campo do
Santana que teve aumento de mais de 260% da população no período 2000 a
2010. (IBGE, 2000; 2020).
Os bairros Campo de Santana e Caximba foram caracterizados por alta
vulnerabilidade social, ocorrência de homicídios, carência de serviços básicos,
como saúde e educação e ausência de centros comerciais de destaque.
Foi identificada também a ampliação da violência nas áreas de maior
precariedade que reuniram pessoas de distintas regiões da cidade, com
situações sociais, econômicas, culturais, territoriais variadas e complexas em
empreendimentos de grande escala.

14
Quando se trata de violência, o público jovem se destaca como reconhecida
prioridade, haja vista que 54,1% das pessoas mortas por homicídios no Brasil
em 2017 eram jovens, segundo o Atlas da Violência 2017. Da mesma forma, os
homicídios são a principal causa de mortes de jovens de 15 a 29 anos desde
1980, alcançando proporções consideradas endêmicas a partir de 2015,
segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, produzido pelo IPEA e
Secretaria Nacional de Juventude em 2017.
Analisando a situação de violência mencionada a partir de dados dos homicídios,
como demonstrado no mapa “Número de jovens vítimas fatais por bairro de
Curitiba em 2018” (FIGURA 4-189), pode-se constatar que há bairros onde os
maiores percentuais de jovens vítimas de homicídios coincidem com fatores
como menores índices de infraestrutura urbana e domiciliar, distribuição de
pessoas com renda de até ½ salário mínimo, principais eixos viários e
localização das ocupações irregulares no município de Curitiba (FIGURA 4-181
- Concentração de pessoas com renda de até ½ salário mínimo per capita,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no município de
Curitiba), maiores percentuais de pessoas ocupadas sem carteira de trabalho
assinada (FIGURA 4-184 - Percentual de pessoas ocupadas sem carteira de
trabalho assinada, principais eixos viários e localização das ocupações
irregulares no Município de Curitiba), além de serem esses jovens os que mais
utilizam o transporte não motorizado16.

16
Dados provenientes do Diagnóstico do Plano de Mobilidade.

15
FIGURA 4-189 – Número de Jovens Vítimas Fatais por Bairro de Curitiba em
2018.

FONTE: Fonte: SESP


Elaboração: IPPUC – Setor de Monitoração
Notas: Considerada a faixa etária entre 15 e 29 anos; Considerado o número de vítimas de
crimes de homicídio doloso, feminicídio, lesão corporal seguida de morte e roubo com resultado
em morte; Escala ilustrativa.

16
Portanto, esses territórios requerem políticas articuladas de atenção integral e
voltadas ao desenvolvimento econômico e urbano local, com prevenção à
violência, melhoria da infraestrutura, e ações de valorização da diversidade
cultural e pertencimento à cidade, atividades de esporte e lazer voltadas ao
fortalecimento de vínculos sociais e comunitários e protagonismo juvenil, entre
outros.

4.5.2.7.3 Mobilidade, Segurança e Infraestrutura

Na condição de mobilidade, o meio de transporte utilizado impacta na renda


familiar, no tempo despendido em deslocamentos diários, e ainda nas condições
de segurança que, associadas às condições de moradia e de acesso aos
serviços coletivos, renda, entre outros aspectos socioeconômicos, configuram o
custo de reprodução social de vida.
Os deslocamentos a pé, em torno de 16 minutos, e por meio de ônibus, que
levam em média de 45 minutos, são os modais mais utilizados por pessoas que
tem as menores rendas médias. (FIGURA 4-190 - Características dos
Deslocamentos por Modal de Transporte).

FIGURA 4-190 – Características dos Deslocamentos por Modal de Transporte

Modo Percentual de Distância Tempo Renda média


deslocamentos média de médio de dos usuários
viagem viagem (reais)
(km) (min)
A pé 23,3% 1,75 16,35 532,43
Bicicleta 2,1% 3,09 21,07 951,95
Moto 2,7% 7,55 24,70 1.577,19
Carro 45,8% 5,48 22,57 2.995,00
Ônibus 21,1% 9,51 46,47 671,05
Táxi 0,5% 4,12 23,45 1.327,56
Escolar 4,1% 3,65 29,99 44,57
Outros 0,5% 5,67 25,97 1.165,65

FONTE: IPPUC – Pesquisa Origem-Destino, 2016-2017.


Elaboração: Setor de Monitoração - IPPUC.
Notas: Na categoria “carro” estão considerados os deslocamentos que foram realizados tanto
por motoristas como por passageiros de automóveis; A distância foi calculada a partir das
coordenadas de origem e destino das viagens, considerando-se um deslocamento em linha reta.

Ao analisar as características dos deslocamentos, as informações cartografadas


pelo Setor de Monitoração na Pesquisa Origem - Destino 2016-2017 e as
17
informações da distribuição da população por renda média, (FIGURA 4-180 -
Renda média da população por setor censitário no Município de Curitiba - 2010),
observa-se que 65% das viagens com distância superiores a cinco quilômetros
são realizadas por meio do transporte coletivo17, que por sua vez tem as viagens
mais longas em distância e tempo e é utilizado majoritariamente por pessoas
com rendimento de até dois salários mínimos, sendo a maioria mulheres, e
residentes em áreas com menos recursos de infraestrutura urbana e domiciliar.
A população de menor renda e que reside na área menos infraestruturada, é a
que mais utiliza os modais alternativos ao carro, como o ônibus, moto e bicicleta,
portanto a mais dependente da infraestrutura disponibilizada e, devido aos
modais utilizados, mais exposta à violência.
Em alguns territórios, parte do percurso é feito a pé, ampliando o tempo de
deslocamento e as condições de insegurança, como no Prado Velho, Caximba,
Campo de Santana e Tatuquara, constatados pelo Plano de Mobilidade.
Considerando que o acesso à cidade e aos elementos urbanos ocorre a partir do
lugar em que as pessoas moram, aquelas que possuem menor renda e que
precisam utilizar o transporte coletivo por maiores distâncias e tempo de
deslocamento sofrem o maior impacto do valor transporte público na renda
mensal, que em Curitiba chega a 16%18. Estes fatores ampliam o custo de
reprodução social da vida, requerendo um conjunto de ações integradas para
melhoria da infraestrutura básica e serviços coletivos, prevenção à violência e
segurança pública nos deslocamentos, melhoria das condições de
acessibilidade à cidade e aos elementos urbanos por meio de alternativas que
possibilitem a redução do tempo, da distância e do impacto na renda das famílias
de menor renda.

17
Dados produzidos pelo Setor de Monitoração do IPPUC.
18
Conforme gráfico elaborado por Marília Hildebrand/Mobilize apresentado por FARIAS, J. R. V na
palestra “Mobilidade e Planejamento Urbano: Novos e velhos desafios” proferida no Seminário de
Políticas Públicas e Desenvolvimento Urbano organizado pelo IPPUC em 10/2019.

18
4.5.2.7.4 Moradia, infraestrutura urbana e domiciliar e meio ambiente

A infraestrutura, a localização, a acessibilidade e os serviços disponíveis


valorizam a terra urbana, distinguindo assim as condições de acesso à cidade e
à moradia a partir da renda.
Esse processo traz consigo as diferenciações relacionadas à infraestrutura
urbana, domiciliar e a acessibilidade à cidade e aos elementos urbanos, e se
coloca como questão central no enfrentamento da pobreza e das desigualdades
sociais e na promoção do bem-estar, inclusão social e acesso equitativo a
cidade, diretrizes do Plano Diretor para este Plano Setorial.
Na dimensão da moradia, cabe refletir sobre a produção habitacional para baixa
renda realizada em escala, pelo poder pública e iniciativa privada, na última
década, por meio dos dois programas de maior envergadura o PAC e o PMCMV.
Em Curitiba, estes programas foram utilizados, majoritariamente, para
intervenção em favelas, contribuindo para a eliminação de riscos à vida das
pessoas que residiam sob áreas sujeitas a inundações, e, portanto, expostas a
diversos agravantes como as cheias dos rios, às doenças transmitidas por
fatores hídricos, aos riscos provenientes da própria precariedade dos domicílios
atingidos por enchentes e as precárias condições sanitárias.
Contudo, em outra dimensão, a localização da moradia produzida em áreas com
menor infraestrutura urbana e domiciliar e menos servidas de serviços públicos,
acarreta deslocamentos maiores em tempo e distância para acesso ao trabalho,
estudo e serviços urbanos.
A comunidade, no Diagnóstico Comunitário ressaltou a necessidade de
regularizar e urbanizar as áreas já consolidadas e que não oferecem risco à
população residente, e de implantar equipamentos de lazer, que evitem
ocupações sobre áreas ambientalmente frágeis, com oferta de atividades
diversas, como forma de atrair o público jovem.
A percepção da comunidade, de que os territórios possuem desigualdades que
afetam a qualidade de vida e a fruição da cidade, se acentua principalmente nas
áreas de ocupação irregular, marcadas pela insalubridade, risco, falta de
saneamento e pela urbanização inadequada representada por vias de largura
reduzida.

19
Fato que se destacou no Diagnóstico, foi o da comunidade identificar que estas
ocupações mais precárias coincidem com as áreas mais periféricas dos bairros
e das regionais. Distinguiu das demais a Regional Santa Felicidade, que se
caracterizou por ter mais ocupações com dimensões menores e mais
espalhadas no território e comparação com outras regionais.
Já os bairros Parolin, Cajuru, Guaíra, Prado Velho e Lindóia, se distinguem pelas
desigualdades internas, marcadas por grande quantidade de habitações
irregulares e improvisadas, com elevada densidade domiciliar, fazendo com que
uma parte da população destes bairros viva em condições precárias, apesar da
localização central que permite melhores condições de acessibilidade,
comparados a outros bairros do mesmo grupo.
Além da comunidade demonstrar preocupação com as precárias condições de
vida e riscos às famílias que residem nas áreas de ocupação, também
evidenciaram preocupação com todas as famílias da cidade, frente às
externalidades socioeconômicas e ambientais, como a poluição da água, o
assoreamento de rios, o aumento da erosão, a deposição irregular de resíduos,
a difusão de vetores de doenças, enchentes, entre outros.
No mesmo Seminário “Tendências que influenciam as cidades”, foi apresentado
o trabalho “Mudanças Climáticas: diretrizes para o planejamento municipal de
Curitiba”, onde foi demonstrado que a mitigação e adaptação das cidades às
mudanças climáticas passa necessariamente pelo planejamento urbano.
As regiões urbanas, apesar de ocuparem uma fração reduzida da área terrestre
do planeta, são marcadas por aspectos heterogêneos e intensos, que impactam
direta ou indiretamente sobre todo o ecossistema e, consequentemente, sobre
as mudanças climáticas, sendo também diretamente afetadas por ela.
Neste seminário, uma questão importante trazida por este trabalho é a motivação
para o planejamento urbano no contexto das mudanças climáticas não precisa
partir apenas da preocupação com o futuro e da ocorrência de eventos
potencialmente relacionados, até porque muitas alterações têm efeito
cumulativo, ou seja, é difícil separar as mudanças climáticas de outras causas,
que, aliás, se interrelacionam.
O planejamento para o desenvolvimento urbano foi apontado como estratégia
fundamental para a mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas.
Dentre as medidas a serem adotadas, destacou-se a necessidade de olhar para

20
o planejamento habitacional, pois as pessoas que vivem em habitações
informais apresentam mais vulnerabilidade aos efeitos de mudanças climáticas,
priorizando intervenções e melhorias estruturais nas localidades em que estão.
Portanto, a indução do desenvolvimento social tanto nesta caracterização quanto
na percepção da comunidade requer um conjunto de medidas integradas com
as políticas de infraestrutura urbana e domiciliar, melhoria habitacional que
viabilizem o desenvolvimento sustentável local, equacionando as diferenças de
acesso à cidade e aos elementos urbanos, e estabelecendo políticas de
desenvolvimento local sustentável para garantir a equidade no atendimento às
necessidades de toda a população de Curitiba. Além disso, é necessário verificar
se há melhorias da infraestrutura urbana e domiciliar, da recuperação das APPs
e APAs e de integração destes assentamentos à cidade que não foram
concluídas.

4.5.2.7.5 Públicos Vulneráveis

Ao associarmos na caracterização socioterritorial a questão dos segmentos mais


vulneráveis, como por exemplo, as mulheres e pessoas com deficiência com a
necessidade de deslocamento por meio de transporte coletivo para trabalho e
estudo, pode se prospectar o custo de reprodução social, que é influenciado pelo
tempo dispendido no deslocamento (o qual poderia ser utilizado para descanso,
lazer ou mesmo cuidado dos filhos), barreiras físicas para acesso à cidade e aos
elementos urbanos, em especial nas áreas com menos condições de
infraestrutura, e a consequente insegurança suscitada pelo meio físico,
sobretudo se as atividades são realizadas no período da noite, por modal não
motorizado.
O conceito de vulnerabilidade está presente em várias áreas. A vulnerabilidade
social, abordada anteriormente neste Plano Setorial na contextualização da
política de Assistência Social, precisa ser compreendida, para além de uma
definição segundo critérios de renda, como uma composição de variáveis que se
combinam e se correlacionam na configuração de necessidades básicas não
atendidas.

21
O aspecto multidimensional presente no conceito de vulnerabilidade social se
traduz numa conjugação de fatores, envolvendo, via de regra, características do
território, fragilidades ou carências das famílias, grupos ou indivíduos e
deficiências da oferta e do acesso a políticas públicas e, de outro lado, os “ativos”
materiais, educacionais, simbólicos e relacionais, dentre outros, relacionados à
capacidade de resposta dos grupos, famílias e indivíduos a estas situações
adversas (Bronzo, 2009 apud MDS, 2013, p.11).
Há um grande potencial de mobilização destes ativos por parte das políticas
relacionadas no Plano Setorial de Desenvolvimento Social, por meio da oferta
de condições para que a população desfrute de uma vida saudável e produtiva,
simbolicamente significativa, na qual os vínculos sociais e comunitários
representem, além de um elemento de inclusão, um fator de proteção para as
populações mais vulneráveis.
As políticas que atuam diretamente com a população podem, mais do que
atender as demandas que se apresentam pontualmente, identificar esses ativos
para potencializá-los, fortalecendo vínculos familiares e comunitários,
desenvolvendo habilidades, conectando necessidades comuns e oportunidades
de superação. Muitos destes ativos por vezes somente são passíveis de
identificação no trato direto com essas populações, quando é possível estender
um olhar mais qualitativo às situações em que vivem, haja vista que o lugar e as
circunstâncias são determinantes importantes que não podem ser
desconsideradas.
O conhecimento que o trato diário com a população possibilita aos profissionais
é uma ferramenta de trabalho essencial, que permite identificar estes ativos e
atuar, seja individual ou principalmente, de forma coletiva junto à população para
fortalecê-los.
A Assistência Social neste sentido tem um lócus privilegiado de atuação a partir
do trabalho realizado no sentido de fortalecer vínculos familiares e de
solidariedade, na oferta de serviços locais que visam a convivência, a
socialização e o desenvolvimento de potencialidades e aquisições. Devido a
natureza de sua atuação, a Assistência Social desenvolveu a capacidade de
mapear as redes de apoio e solidariedade comunitárias e este é um dos ativos
importantes que precisam ser potencializados.

22
Cada uma das políticas envolvidas neste Plano Setorial pode tanto identificar
quanto atuar conjuntamente com as demais para fortalecer iniciativas de
superação das vulnerabilidades, seja utilizando recursos próprios ou articulando
junto a organizações da sociedade civil a execução de programas, projetos e
benefícios, como a Assistência Social o faz, por exemplo. Cabe ressaltar,
todavia, a importância de que essa atuação deve ocorrer de forma articulada às
outras políticas que compõem os demais planos setoriais para assegurar sua
sustentabilidade e concretizar o desenvolvimento urbano.
Muito se pode avançar no debate, estudo e prática da estruturação territorial e
das políticas públicas urbanas municipais, sendo os recortes de gênero e raça
algumas das dimensões a serem aprofundadas.
Neste sentido pode-se citar a PNAD Contínua (IBGE, 2019), onde a taxa de
desemprego das pessoas negras em Curitiba é de 14,0 em comparação a 8,6
para pessoas brancas. Nos dados do Censo Demográfico (IBGE, 2010) a renda
média da população negra é 51,9% menor do que a renda média da população,
e a renda média das mulheres em Curitiba é 30% menor do que a do homem.
Estes dados revelam que a desigualdade étnico-racial e de gênero associada ao
ônus decorrente do custo de reprodução social faz com que as precariedades
urbanas, os direitos humanos e as políticas públicas sejam vivenciadas
distintamente pelos diferentes públicos, segundo sexo, raça e orientação sexual.
As políticas para as mulheres e de igualdade racial, assim como a de diversidade
sexual estão organizadas sob coordenação da Assessoria de Direitos Humanos,
cujos planos estão em elaboração e constituem campos essenciais para análise
e aprofundamento.

4.5.2.7.6 Desenvolvimento social e econômico

Para indução do desenvolvimento social, diretriz do Plano Diretor, o


planejamento urbano deve integrar o desenvolvimento social às políticas
setoriais de moradia, meio ambiente, saneamento ambiental, mobilidade, defesa
social, desenvolvimento econômico e de infraestrutura urbana, pois o
planejamento integrado tem o potencial de reduzir a vulnerabilidade
socioterritorial, caracterizada por uma série de insuficiências de acesso à

23
infraestrutura domiciliar e urbana adequada e de precarização das condições de
vida resultantes da concentração da violência e da ampliação do custo de
reprodução social para as famílias acessarem a cidade a partir do lugar em que
moram.
O Desenvolvimento Econômico é um elemento inseparável do Desenvolvimento
Social. No âmbito do Plano Setorial de Desenvolvimento Social, as estratégias
para fomentar o desenvolvimento econômico a partir das políticas públicas estão
relacionadas ao fortalecimento do potencial produtivo, seja a partir da
qualificação profissional que responda às demandas de perfil exigido pelas
atividades econômicas, seja pelo estímulo ao desenvolvimento e diversificação
das atividades produtivas, como por exemplo a Economia Circular, Economia
Criativa e Economia da Cultura, mas principalmente reduzir as desigualdades
intraurbanas, pressupondo que qualidade de vida implica em qualidade do
urbano, fator de fundamental importância em si e como requisito para a atração
de investimentos.
Segundo a CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, no
documento “A Ineficiência da Desigualdade”, ressalta a importância da igualdade
no desenvolvimento:

“A igualdade está no centro do desenvolvimento por duas razões.


Primeiro, porque dá às políticas um fundamento último centrado num
enfoque de direitos e uma vocação humanista que recolhe a herança
mais apreciada da modernidade. Segundo, porque a igualdade é
também uma condição para avançar rumo a um modelo de
desenvolvimento focado na inovação e na aprendizagem, com seus
efeitos positivos sobre a produtividade, a sustentabilidade econômica
e ambiental, a difusão da sociedade do conhecimento e o
fortalecimento da democracia e da cidadania plena.” (CEPAL, 2018)

O documento avança na discussão do papel da igualdade social como força


impulsionadora da eficiência econômica, haja vista que ela condiciona o acesso
dos agentes econômicos a capacidades e oportunidades. Segundo a CEPAL, a
desigualdade implica grandes custos de eficiência, em contrapartida,

“As políticas a favor da igualdade não só produzem efeitos positivos


em termos de bem-estar social, mas também contribuem para gerar
um sistema econômico mais favorável para a aprendizagem, a
inovação e o aumento da produtividade.” (CEPAL, 2018)

Nesse sentido, cabe ainda reforçar a importância do diagnóstico territorializado


da produção, distribuição e consumo de bens e serviços, e suas relações com

24
os outros Municípios da Região Metropolitana e com os Estados do entorno
destes, o perfil e ocupações profissionais da população, analisando as questões
de infraestrutura urbana e domiciliar que impactem na geração de trabalho,
renda, qualificação profissional e no desenvolvimento econômico sustentável
local. O próprio processo de mitigação e adaptação aos impactos da mudança
climática podem ser encarados como oportunidades, desenvolvendo novas
áreas de atuação, serviços e empresas especializadas, gerando transferência
de tecnologia, emprego e renda.
O apresentado nesta contextualização socioterritorial remete ao planejamento
urbano a necessidade de criar novos critérios de formulação de políticas e de
investimentos para induzir efeitos de endogenia local, que considerem a
heterogeneidade do espaço e das relações sociais, e que seja integrado à
participação democrática para definição de ações futuras considerando as
demandas, limitações e potencialidades.
Os impactos da atuação do poder público são difusos, ou seja, se disseminam
em larga escala em todas as direções, influindo em todos os âmbitos da
sociedade. Esta atuação em convergência com os outros setores da sociedade
(setor privado, sociedade civil organizada, academia, organismos internacionais)
traz consigo possibilidades para a estruturação de uma cidade mais sustentável
e resiliente.

25
REFERENCIAL19

BRASIL. INEP. Censo Escolar 2000. Disponível em:


<http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-basica>.

BRASIL. INEP. Censo Escolar 2010. Disponível em:


<http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-basica>.

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<http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-basica>.

BRASIL. INEP. Censo Escolar 2018. Disponível em:


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BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da


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2018 121 p.

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Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe, 2017
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19
Referencial em processo complementação.

26
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