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4. DIAGNÓSTICO ...................................................................................................................... 3
4.1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 3
4.2 PERFIL DO TEMA ............................................................................................................... 6
4.3 REVISÃO DO PLANO ANTERIOR ................................................................................. 10
4.4. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS QUE COMPÕEM O
DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE CURITIBA ..................................... 11
4.4.1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL .............................................................................. 12
4.4.1.1 Pobreza e Extrema pobreza .................................................................................... 14
4.4.1.2 Vulnerabilidade Social ............................................................................................. 20
4.4.1.3 Risco Pessoal e Social .............................................................................................. 34
4.4.2 A POLÍTICA DE CULTURA ................................................................................................ 45
4.4.2.1 Bens e serviços culturais ......................................................................................... 47
4.4.2.2 Diversidade Cultural ................................................................................................ 51
4.4.2.3 Apropriação Social do Patrimônio Cultural ............................................................. 53
4.4.2.4 Cultura e desenvolvimento ..................................................................................... 56
4.4.3 A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ............................................................................................. 61
4.4.3.1 Educação Infantil ..................................................................................................... 63
4.4.3.2 Ensino Fundamental e Médio ................................................................................. 66
4.4.3.3 Inclusão ................................................................................................................... 74
4.4.3.4 Educação Integral .................................................................................................... 79
4.4.3.5 Educação Superior................................................................................................... 82
4.4.3.6 Formação dos Professores da Educação Básica ...................................................... 86
4.4.3.7 Educação de Jovens e Adultos ................................................................................ 91
4.4.4 A POLÍTICA DE ESPORTE, LAZER E JUVENTUDE .............................................................. 95
4.4.4.1 Atividade Física, Esporte e Lazer ............................................................................. 96
4.4.4.2 Juventude .............................................................................................................. 110
4.4.5 A POLÍTICA DE SAÚDE .................................................................................................. 112
4.4.5.1 Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Fatores de Risco .................................... 113
4.4.5.2 Doenças transmissíveis ......................................................................................... 125
1
4.4.5.3 Atenção à Saúde Materno-infantil ........................................................................ 130
4.4.5.4 Prevenção do câncer de colo de útero.................................................................. 138
4.4.5.5 Cobertura Vacinal .................................................................................................. 141
4.4.5.5.1 BCG ................................................................................................................. 142
4.4.5.5.2 Rotavírus Humano .......................................................................................... 143
4.4.5.5.3 Meningocócica C ............................................................................................ 145
4.4.5.5.4 Pentavalente .................................................................................................. 146
4.4.5.5.5 Pneumocócica 10 valente .............................................................................. 148
4.4.5.5.6 Poliomielite .................................................................................................... 149
4.4.5.6 Gastos Públicos em saúde ..................................................................................... 151
4.4.6 A POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ........................................... 156
4.4.6.1 Abastecimento de Água ........................................................................................ 158
4.4.6.2 Segurança Alimentar e Nutricional – Consumo Alimentar ................................... 160
4.4.6.3 Segurança Alimentar e Nutricional – Perfil Nutricional ........................................ 177
2
4. DIAGNÓSTICO
4.1 APRESENTAÇÃO
3
A Política de Desenvolvimento Social do Município de Curitiba, de acordo com a
Lei Nº 14.771 de 2015, tem por objetivo a gestão de políticas públicas indutoras
do desenvolvimento social que garantam à população o acesso a informação, a
bens e serviços públicos de qualidade e ao exercício pleno da cidadania, visando
à justiça social e, tem como diretrizes: (i) integração e complementariedade dos
planos, programas, projetos e ações entre os diversos órgãos do poder público
e a sociedade civil; (ii) otimização de competências, de recursos locais e do uso
dos equipamentos sociais, considerando o perfil demográfico, densidade
populacional do espaço urbano e a adoção de ações intersetoriais continuadas;
(iii) aprimoramento de mecanismos que viabilizem a reserva de áreas destinadas
à demanda por equipamentos sociais; (iv) execução das políticas sociais
alinhada a normas e padrões de referência definidos pelas instituições nacionais
e internacionais; (v) integração da Política Municipal de Desenvolvimento Social
com as demais políticas públicas de estrutura e desenvolvimento urbano, como
Habitação, Mobilidade, Desenvolvimento Econômico e Ambiental; (vi) equidade
na execução da política social, concentrando seus esforços e investimentos em
áreas que demandem maior atenção, contribuindo para a superação da
desigualdade social; (vii) gestão democrática, visando ampliar a participação da
sociedade no processo decisório, no planejamento e na avaliação das ações
governamentais; (viii) fortalecimento de um modelo de atenção integral ao
cidadão, tendo como pressupostos básicos a interdisciplinaridade e a
intersetorialidade no planejamento e execução das diversas políticas públicas; e
(ix) integração com os municípios da Região Metropolitana de Curitiba no
desenvolvimento das políticas sociais.
4
e Nutricional, bem como da sociedade, representada no Conselho da Cidade –
CONCITIBA.
Após análise crítica dos dados elaborou-se os mapas e gráficos que iluminaram
a reflexão nas oficinas com os técnicos representantes das políticas públicas,
caracterizando-se as diferenças intraurbanas e formulando-se os objetivos,
metas e indicadores de impacto para indução do desenvolvimento social no
período 2020-2030.
5
4.2 PERFIL DO TEMA
1
Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento da ONU, 1986.
6
“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988).
2
A Declaração de Copenhague sobre o Desenvolvimento Social realizada em Copenhague na
Dinamarca no ano de 2009 contém 10 objetivos, entre eles os que se incluem: alcançar a
erradicação da pobreza e emprego pleno, a equidade de gênero, ampliar o acesso e a educação,
promover a integração social e aumentar recursos e a cooperação para o desenvolvimento
social.
3O programa está centrado fundamentalmente em três áreas: erradicação da pobreza,
7
No contexto da Agenda 2030, a Conferência Regional sobre o Desenvolvimento
Social na América Latina realizada em novembro de 20155 aponta que o campo
social não se desenvolve sozinho, mas com a economia, a política, o meio
ambiente, assim como o desenvolvimento social inclusivo e a melhoria das
condições de vida da população são requisitos necessários para assegurar a
prosperidade econômica.
5A Conferência foi realizada em Lima, conforme aprovação pela resolução 682 (XXXV) resultante
da trigésima quinta sessão da Cepal de 2014 com objetivo de estimular o debate, o intercâmbio
de experiências e a reflexão conjunta sobre os desafios que os países enfrentam hoje para
avançar e fortalecer processos inclusivos de desenvolvimento social.
6O relatório foi elaborado para subsidiar a 58º sessão da Comissão de Desenvolvimento Social
a ser realizada em 2020, com base nas conclusões de uma reunião do grupo de especialistas
organizado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat),
que ocorreu em Nairóbi, de 22 a 24 de maio de 2019.
7 Para fins do relatório definiu que entre as pessoas que sofrem a falta de moradia estão aquelas
que moram na rua ou em outros espaços abertos, que moram em acomodações temporárias;
que vivem em acomodações extremamente inadequadas ou inseguras, como favelas e
assentamentos informais; e as pessoas que não têm acesso a moradias populares. Definição
proposta pelo grupo de especialistas em sua reunião realizada em Nairóbi, de 22 a 24 de maio
de 2019.
8 Realizada em Quito, de 17 a 20 de outubro de 2016.
8
humanos com o território para tornar as cidades inclusivas9, justas, democráticas
e sustentáveis10.
“conexão entre a multiplicidade de fatores que interferem nas condições de vida dos cidadãos
em determinados lugares, e que configuram os contextos em que se encontram inseridos. O
contexto movimenta o lócus da análise para o campo coletivo, considerando as particularidades
e, ao mesmo tempo, a cidade.” (KOGA, p. 14, 2015).
9
Uma cidade inclusiva é aquela que busca solucionar não apenas a igualdade econômica, mas
também a igualdade social, política e cultural em todos os segmentos da cidade (SAMPATH,
IPEA 2010).
10
Uma cidade é sustentável quando há acesso a um conjunto de direitos: direitos à terra urbana,
à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações (Lei 10.257 de 2001).
9
Tal articulação está ratificada pelo Município de Curitiba no Plano Diretor e no
protocolo de intenções assinados pela Prefeitura Municipal de Curitiba - PMC
com o CIFAL Curitiba11, em setembro de 2019 para capacitação sobre o
desenvolvimento sustentável e o alcance dos ODS.
Quanto à sua estruturação, em Curitiba cada uma das seis políticas implicadas
no Plano Setorial de Desenvolvimento Social observa as diretrizes de atuação
previstas em legislação específica, seja nacional, estadual ou municipal. O Plano
Setorial de Desenvolvimento Social de 2008 é o Plano que congrega as suas
atuações com vistas a uma finalidade comum, convergente com o
Desenvolvimento Urbano. Desta forma, a seguir será apresentada uma breve
avaliação do plano anterior, com vistas a instrumentalizar a elaboração do Plano
Setorial de Desenvolvimento Social 2020-2030.
11
O Centro Internacional de Formação de Autoridades e Líderes – CIFAL Curitiba está no Brasil
desde 2003. É uma iniciativa do Programa de Cooperação Descentralizada do Instituto das
Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa – UNITAR. É responsável por desenvolver
programa de capacitação e promover cooperações técnicas que contribuam para o
desenvolvimento sustentável e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das
Nações Unidas – ODS.
10
Também a construção de propostas de forma setorizada e sem prever a
necessária integração da política municipal de desenvolvimento social com as
demais políticas de estrutura e desenvolvimento urbano, tais como Habitação,
Mobilidade, Desenvolvimento Econômico e Ambiental, conforme previsto no
Plano Diretor (Lei n. 14.771/2015), restringe a análise da efetividade do Plano
anterior no desenvolvimento social do Município.
11
Municipais, dentre outros, buscando-se o alinhamento por compatibilidade e
validação dos mesmos em conjunto com equipes técnicas das
Secretarias/Órgãos da PMC.
Segundo a Lei Nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal de assistência social visa garantir o acesso da população em situação
de risco e vulnerabilidade aos direitos socioassistenciais, contribuindo para o
desenvolvimento humano. A gestão desta Política no Município de Curitiba é de
responsabilidade da Fundação de Ação Social – FAS.
A Assistência Social, definida pela Constituição Federal de 1988 como direito do
cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva que
visa garantir a proteção social e o acesso aos direitos sociais para a população
em situação de vulnerabilidade e/ou risco social.
A proteção social afiançada pela Assistência Social engloba a proteção às
vulnerabilidades próprias ao ciclo de vida através da oferta de apoio às
fragilidades dos diversos momentos da vida humana, proteção às fragilidades da
12
convivência familiar e a proteção à dignidade humana expressa pela conquista
da equidade, isto é, o respeito à heterogeneidade e à diferença sem
discriminação e apartações, inclui, ainda, a proteção especial contra as formas
predatórias da dignidade e cidadania em qualquer momento da vida e que
causam privação, vitimização, violência e até mesmo o óbito.
A Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS, promulgada sob Nº 8.742 em 1993
e posteriormente alterada pela Lei Nº 12.435/2011, concretizou as diretrizes da
Constituição Federal e organizou a Política de Assistência Social brasileira,
consolidando o Sistema Único de Assistência Social - SUAS como sistema
descentralizado e participativo que organiza a gestão do atendimento prestado
por toda a rede socioassistencial conforme níveis de complexidade (proteção
social básica e especial) para atendimento a situações de vulnerabilidade e risco
social.
A partir da publicação da Norma Operacional Básica do SUAS, inicialmente em
2005, e posteriormente revista em 2012 - NOB/SUAS 2012, delimita-se um
marco qualitativo para a gestão do SUAS, que estabelece os alicerces para sua
organização e define o Plano de Assistência Social como o instrumento de
planejamento estratégico que deve organizar, regular e nortear a execução da
Política de Assistência Social em sua respectiva esfera de atuação em
consonância com os Planos Plurianuais PPA e demais planos, normativas e
legislações locais, observando-se ainda as deliberações das conferências de
assistência social.
Na estruturação dos serviços, programas e projetos de assistência social cabe
ressaltar que as expressões de risco e vulnerabilidade social estão além dos
critérios de renda. Perpassam por essas expressões também as relações e
situações de convívio, de acesso a políticas públicas diversas e de garantias de
direitos e princípios fundamentais.
Conforme explicitado na metodologia, a contextualização da Política de
Assistência Social em Curitiba, assim como das demais políticas públicas que
compõem o Plano Setorial de Desenvolvimento Social, dar-se-á por meio da
análise do desempenho de indicadores previamente selecionados, tomando por
base documentos de referência, nos quais constam metas acordadas
internacionalmente, bem como metas nacionais pactuadas em conferências e
registradas em planos nacionais/ municipais ou similares. A estes indicadores
13
foram agregadas informações provenientes do Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal - Cadastro Único.
O Cadastro Único foi instituído em 2001 como instrumento de identificação e
caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda, visando
possibilitar a integração de programas sociais nas diferentes esferas de governo
– União, estados, Distrito Federal e municípios. No entanto, apenas em 2003
este instrumento foi vinculado ao Programa Bolsa-Família e, a partir de então,
os municípios assumiram a tarefa de cadastrar as famílias, o que foi viabilizado
pela rede da Assistência Social local que se estruturava no âmbito do SUAS.
Desde então, a base cadastral foi ganhando representatividade, chegando a
28.523.266 famílias de baixa renda cadastradas até julho de 2019 no Brasil,
dentre as quais, 121.986 em Curitiba.
Devido à sua abrangência e amplitude de informações registradas, essas
informações são amplamente utilizadas pelo governo federal, estados e
municípios para subsidiar a implementação de políticas públicas capazes de
promover a melhoria da vida dessas famílias.
Em que pese o fato de que a pobreza não seja o único critério, é um dos fatores
que mais ocasionam demanda de atendimento para a política de Assistência
Social. No Brasil para conceituar a pobreza tem sido utilizado o enfoque que
estabelece padrões mínimos para a satisfação de necessidades, relacionando-
o à renda. A pobreza e, em maior grau a extrema pobreza, é um dos fatores que
vulnerabilizam as famílias, o que as torna prioritariamente elegíveis para
atendimento pela Política de Assistência Social.
O atendimento prestado pela assistência social está diretamente relacionado ao
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1 “Acabar com a pobreza em todas as
suas formas, em todos os lugares”, mais especificamente a Meta 1.2 de “até
2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e
crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas
dimensões, de acordo com as definições nacionais”.
14
Em 2010, as capitais com menor proporção de indivíduos vulneráveis à
pobreza, ou seja, vivendo com meio salário mínimo mensal per capita, foram
registradas em Curitiba, Porto Alegre e Goiânia, enquanto Manaus, Belém e
Recife apresentam os maiores percentuais, inclusive acima da média nacional,
de 32,56%.
Este indicador tem caráter instrumental para os gestores no desenvolvimento de
políticas públicas, uma vez que sinaliza a pobreza futura segundo parâmetros
nacionais e internacionais (FIGURA 4-001).
40
30
20
33,26 33,50 32,91
10
13,89 12,70 12,51
7,86
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil
De 1991 para 2010, Curitiba teve uma redução de 67,76% neste indicador, de
24,38% para 7,86%.
A redução na proporção de vulneráveis à pobreza pode estar associada à
ampliação do sistema de proteção social12, ao dinamismo da economia (renda e
trabalho), dentre outros fatores (FIGURA 4-002).
Nos indicadores relativos à pobreza e extrema pobreza, observa-se diferenças
relativas ao conceito utilizado para definição das mesmas. Como mencionado
anteriormente, o critério mais utilizado para sua definição é a renda, todavia há
variações nos valores utilizados, nacional e internacionalmente, conforme os
12
Sistema de proteção social: compreende os benefícios monetários e serviços em espécie nas áreas de
saúde, previdência, assistência social, segurança alimentar e nutricional, moradia digna, segurança
pública e mercado de trabalho. (Agenda 2030 – ODS – Metas Nacionais dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável – Proposta de Adequação, IPEA 2018)
15
elementos utilizados na análise. Para o alcance das metas previstas nos
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada - IPEA usa como referência o Poder de Paridade de Compra - PPC13,
enquanto no Atlas de Desenvolvimento Humano, também publicado pelo IPEA,
utiliza a renda familiar mensal per capita. Por sua vez, o critério utilizado pelo
Atlas é o mesmo do Ministério da Cidadania para definir a situação de extrema
pobreza e pobreza nacionalmente, que era de renda domiciliar per capita mensal
de até R$ 70,00 e de R$70,01 a R$ 140,00 respectivamente, à época de sua
elaboração (2013).
60
40
24,38
18,82
20
7,86
13
A paridade do poder de compra - PPC - em inglês, purchasingpowerparity – PPP, é um método
alternativo à taxa de câmbio. Muito útil para comparações internacionais, mede quanto uma determinada
moeda poderia comprar se não fosse influenciada pelas razões de mercado ou de política econômica que
determinam a taxa de câmbio. Leva em conta, por exemplo, diferenças de rendimentos e de custo de
vida. Usa como referência o dólar internacional - PPC$. (IPEA, 2008)
16
Horizonte e Porto Alegre, e também abaixo da média nacional, de 15,20%
(FIGURA 4-003).
20
10
10
9 7,94
8
7 6,20
6
5
4
3
1,73
2
1
0
17
Todavia, segundo as informações registradas no Cadastro Único, o total de
pessoas cadastradas em situação de pobreza, ou seja, com renda familiar per
capita de até R$ 178,00 (critério atualmente utilizado pelo Ministério da
Cidadania) no mês de julho de 2019 era de 112.469.
A extrema pobreza, da mesma forma se relaciona ao ODS 1, meta 1.1 “Até 2030,
erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, medida
como pessoas vivendo com menos de PPC$ 3,20 (Poder de Paridade de
Compra - PPC) per capita por dia. Segundo o IPEA, a erradicação da pobreza
extrema será atingida quando o percentual da população nesta condição estiver
abaixo de 3%”. Reitera-se que nesta contextualização o indicador teve os valores
de referência adequados aos padrões utilizados nacionalmente pelo Ministério
da Cidadania e pelo próprio IPEA no Atlas de Desenvolvimento Humano no
Brasil, de R$89,00 per capita.
A população vivendo abaixo da linha nacional de extrema pobreza em 2010
contabilizava os menores valores percentuais em Curitiba, Goiânia e Belo
Horizonte, abaixo da média nacional, que era de 6,62 (FIGURA 4-005).
4,77
3,54 3,75
18
As diferenças entre as informações do Censo Demográfico, elaborado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e do Cadastro Único
existem, embora haja compatibilidade entre os dados registrados. Em janeiro de
2018, quando o valor de referência do Cadastro Único para extrema pobreza
passou a ser o de R$ 89,00, o número de famílias totalizava 23.168,
correspondendo a 19,6% do total de famílias cadastradas.
1,54 1,41
0,48
Curitiba possui hoje, com base nos dados do Cadastro Único referentes ao mês
de julho de 2019, 27.168 famílias cadastradas em situação de extrema pobreza,
o que representa 22% do total de famílias cadastradas no Cadastro Único.
Apesar da redução do percentual de pessoas em situação de extrema pobreza,
demonstrada pelo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, percebe-se,
com base no Cadastro Único, que no período de 2018 a 2019 o número de
famílias em situação de extrema pobreza aumentou. Desse aumento é possível
conjecturar alguns fatores que podem ter influenciado, como o aumento da taxa
de desemprego e da informalidade, o congelamento dos gastos com políticas
públicas em âmbito federal, a recessão econômica intensa dos últimos anos,
entre outros.
Se os indicadores “percentagem da população vivendo abaixo da linha da
extrema pobreza” fossem comparados apenas com a meta 1.1 do ODS 1, seria
possível afirmar que Curitiba alcançou a meta, uma vez que possuía a época do
Censo, menos de 3% da sua população vivendo abaixo da linha da extrema
19
pobreza. Todavia, não é possível realizar essa afirmação uma vez que os dados
do Cadastro Único em 2019 apontaram um aumento das famílias em situação
de extrema pobreza.
20
FIGURA 4-007 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL - IDHM, EM
CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS – 2010
1,0
0,5
0,810 0,823 0,799 0,805 0,772
0,746 0,737
0,0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
De 1991 para 2010, O IDHM de Curitiba cresceu 28,59%, de 0,640 para 0,823.
Das três dimensões do índice calculado para 2010, a Longevidade foi a que mais
contribuiu para o resultado global de Curitiba, considerado muito alto. Em ordem
de grandeza os resultados para cada uma das dimensões foram: Longevidade
com 0,855, seguida de Renda, com 0,850, e Educação, com índice de 0,768
(FIGURA 4-008).
1,0
0,823
0,750
0,640
0,5
0,0
21
Em termos gerais, o IDHM ilustra o desenvolvimento humano no município,
todavia, para caracterizar as situações de vulnerabilidade social, é preciso
complementar a análise com outros indicadores.
O Índice de Gini é um instrumento para medir o grau de concentração de renda
em determinado grupo, apontando a diferença entre os rendimentos dos mais
pobres e dos mais ricos, ou seja, demonstra a desigualdade na distribuição da
renda domiciliar per capita. Vale destacar que quanto mais próximo o valor de
um, maior a desigualdade de renda entre os indivíduos.
O Índice de Gini apresentou resultado abaixo da média nacional, de 0,60, em
apenas duas capitais, Curitiba com índice de 0,56, seguida de Goiânia com 0,59
em 2010. A maior desigualdade de renda entre os mais pobres e os mais ricos,
dentre as capitais selecionadas, foi registrada em Recife com 0,68 (FIGURA 4-
009).
1,0
0,5
0,63 0,68
0,62 0,61 0,59 0,61
0,56
0,0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
22
FIGURA 4-010 - ÍNDICE DE GINI, EM CURITIBA, 1991/2000/2010
1,0
0,59 0,56
0,55
0,5
0,0
30
20
10 20,34
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
23
FIGURA 4-012 - PERCENTUAL DE MÃES CHEFES DE FAMÍLIA SEM FUNDAMENTAL
COMPLETO E COM FILHO MENOR DE 15 ANOS, EM CURITIBA, 1991/2000/2010
10 9,00 8,97
8,73
24
FIGURA 4-013 - PERCENTUAL DE 15 A 24 ANOS QUE NÃO ESTUDAM, NÃO TRABALHAM
E SÃO VULNERÁVEIS, NA POPULAÇÃO VULNERÁVEL DESSA FAIXA, EM CURITIBA,
BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010
40
30
20
34,02 35,95 34,46 34,55
32,01 32,10 33,43
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
37,70
40 35,95
30
20
10
Ainda, com base no Cadastro Único, Curitiba possui em julho de 2019, um total
de 13.909 pessoas entre 15 e 24 anos que não estudam e não trabalham, com
renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, o que representa 26% do
total de pessoas nesta faixa etária cadastradas no Cadastro Único.
25
Evidencia-se com os dados acima, a necessidade de ampliação da oferta de
serviços, programas e projetos voltados a redução da evasão escolar,
qualificação profissional e oferta de emprego. Fato que corrobora a preocupação
com o indicador é a expectativa de inversão da pirâmide etária, com relação à
razão de dependência. Segundo as projeções do Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES, Curitiba tem em 2019 um
índice de 24% de pessoas idosas dependentes (acima de 60 anos conforme
definido no Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741 de 2003) em comparação a 27,89%
de jovens (0 a 14 anos) na mesma situação. Em 2023, se confirmada a projeção,
a razão de dependência entre jovens e idosos deve se inverter, e passará a
28,19% de idosos e 27,88% de jovens.
A razão de dependência consiste na razão entre o segmento etário da população
definido como economicamente dependente (neste caso, os idosos e jovens) e
o segmento etário potencialmente produtivo (entre 15 e 59 anos de idade).
Valores elevados indicam que a população em idade produtiva deve sustentar
uma grande proporção de dependentes, e, dentre as formas de sustento que se
farão necessárias, destacam-se os encargos assistenciais.
Em 2010, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Curitiba apresentaram os
maiores valores relativos à razão de dependência de idosos, acima da média
nacional, que era de 15,56 (FIGURA 4-015).
20
22,10
10
17,47 15,92
15,80
12,63 12,87
7,92
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Brasil
26
Entre 2000 e 2010 a razão de dependência de idosos cresceu 29,61% em
Curitiba. No mesmo período, o crescimento no Brasil foi de 17,08% (FIGURA 4-
016).
20 15,80
12,19
27
30
20
24,56
10 19,54 18,11
7,94 9,43
6,07 6,12
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil
De 2000 a 2010, em Curitiba, este indicador cresceu 15,84%. Todavia, este dado
deve ser analisado junto com a informação de que no mesmo período o número
total de idosos em Curitiba cresceu 34,49% (FIGURA 4-018).
6,07
5,24
5
28
público alvo dos serviços da assistência social, caso a qualidade de vida dessa
população não acompanhe a longevidade.
Em relação ao percentual de pessoas acima de 60 anos em situação de
extrema pobreza, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte são as capitais que
se destacam com maiores valores, enquanto Manaus, Belém e Recife
apresentam os menores percentuais, superiores à média nacional, que era de
4,07%.
Cabe destacar que as capitais que apresentam os maiores percentuais de
pessoas idosas em situação de extrema pobreza também se posicionam como
as capitais com maiores percentuais de pessoas idosas em relação ao total da
população, ambos superiores à média nacional (FIGURA 4-019).
1,0
0,5
É possível analisar a partir do dado acima que, com base no Cadastro Único, um
terço do total dessa população cadastrada é público potencial para acesso ao
Benefício de Prestação Continuada - BPC e, portanto, pode ser considerada em
vulnerabilidade social.
A cobertura das ações voltadas a proteção social no âmbito da política de
assistência social pode ser mensurada através de indicadores que aferem os
percentuais da população que tem acesso aos benefícios de transferência de
renda e demais serviços, programas e projetos desta política.
29
A cobertura dos benefícios de assistência social que compõem o sistema de
proteção social está relacionada ao ODS 1, mais especificamente a meta 1.3 de
“Assegurar para todos, em nível nacional, até 2030, o acesso ao sistema de
proteção social, garantindo a cobertura integral dos pobres e das pessoas em
situação de vulnerabilidade”.
Os benefícios de transferência de renda mais difundidos no país são
provenientes do Programa Bolsa-Família e o BPC, ambos mantidos pelo
Ministério da Cidadania.
O Programa Bolsa-Família é um programa que tem por objetivo contribuir para
o combate à pobreza e à desigualdade no Brasil utilizando-se de três eixos: o
complemento de renda, que é o benefício em dinheiro, transferido diretamente
pelo governo federal, o acesso a direitos, que se dá por meio dos compromissos
das políticas e famílias para garantir o acesso e a permanência nas ações da
educação, saúde e assistência social e a articulação com outras ações a fim de
estimular o desenvolvimento das famílias e contribuir para que elas superem a
situação de vulnerabilidade e pobreza.
Dentre as capitais selecionadas, Curitiba é a capital com menor quantidade de
famílias pobres e extremamente pobres incluídas no Programa Bolsa-
Família, depois de Goiânia. Manaus e Belém por sua vez, são as capitais com
mais famílias beneficiárias (FIGURA 4-020).
120.000
110.000
100.000
90.000
80.000
70.000
60.000 121.845 124.756
50.000 91.954
40.000
30.000 58.988
20.000 48.197
10.000 30.232 26.953
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas
50.000 42.747
39.031 37.201
40.000 33.352
30.795 31.236 30.269 31.785 30.232
29.701
30.000
20.000
10.000
31
Dentre as capitais selecionadas, em 2019, Recife, Manaus e Belém se destacam
como as que apresentam maior quantidade de idosos beneficiários do BPC.
(FIGURA 4-022).
40.000
30.000
20.000 37.696
28.439 28.761
24.038
10.000
15.888 16.156
12.589
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas
Considerando o caráter paliativo (os idosos que acessam o BPC não tiveram
direito a outros benefícios previdenciários) e o critério restritivo utilizado para
acesso ao benefício, este indicador deve ser observado não apenas do ponto de
vista da cobertura do benefício em si, mas também da cobertura dos demais
serviços e benefícios do sistema de proteção social, pois a insuficiência destes
últimos se expressa nos totais do BPC.
Em Curitiba, o número de idosos beneficiários do BPC teve pouca variação no
período de 2015 a 2019, mantendo-se como a terceira cidade com menos
beneficiários dentre as capitais comparadas. O número de idosos beneficiários
do BPC neste período teve queda 0,65%, valor inferior ao crescimento do
número total de idosos no município, de 34,49% (FIGURA 4-023).
32
FIGURA 4-023 - QUANTIDADE DE IDOSOS BENEFICIÁRIOS DO BPC, EM CURITIBA, 2015-
2019
20.000
15.992 16.193 16.158 15.887 15.888
15.000
10.000
5.000
40.000
30.000
20.000 38.568
25.242 26.960
10.000 22.704
15.378 16.086
12.172
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Capitais Brasileiras Selecionadas
33
Como ocorreu com os idosos beneficiários do BPC, o número de beneficiários
com deficiência pouco variou no período avaliado, e Curitiba se manteve com o
menor valor dentre cidades comparadas (FIGURA 4-025).
15.000
11.945 12.251 12.408 12.207 12.172
10.000
5.000
34
do convívio familiar em decorrência de medidas protetivas; atos infracionais de
adolescentes com consequente aplicação de medidas socioeducativas; privação
do convívio familiar ou comunitário de idosos, crianças ou pessoas com
deficiência em instituições de acolhimento ou qualquer outra privação do
convívio comunitário vivenciada por pessoas dependentes (crianças, idosos,
pessoas com deficiência), ainda que residindo com a própria família.
As violações de direitos estão relacionados ao ODS 16 “Promover sociedades
pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o
acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e
inclusivas em todos os níveis”, em especial à meta 16.1, de reduzir
significativamente todas as formas de violência e as taxas de mortalidade
relacionadas, em todos os lugares, inclusive com redução de um terço das taxas
de homicídios de jovens, de negros e de mulheres e, no caso das crianças e
adolescentes, também à meta 16.2, de proteger todas as crianças e
adolescentes do abuso, exploração, tráfico, tortura e todas as outras formas de
violência.
As situações de risco social e pessoal, em especial as relacionadas à
negligência, violência doméstica e/ou outras violências contra crianças,
adolescentes, mulheres e idosos compõem a lista nacional de notificação
compulsória, de forma que sua ocorrência é monitorada através do Sistema
Nacional de Agravos de Notificação - SINAN, mantido pelo Ministério da Saúde
em âmbito nacional.
Os dados aqui analisados se referem ao total de notificações realizadas pelos
serviços situados em Curitiba, o que inclui pessoas residentes ou não na capital
(oriundas da região metropolitana, e outros municípios do Paraná), porém
atendidos no município.
Em 2017 Curitiba apresentava um total de notificações de negligências e
violências contra crianças, adolescentes e jovens até 19 anos superior à
média das capitais selecionadas. No Brasil, essas notificações totalizaram
126.230 (FIGURA 4-026).
35
FIGURA 4-026 - NOTIFICAÇÕES DE NEGLIGÊNCIAS E VIOLÊNCIAS CONTRA CRIANÇAS,
ADOLESCENTES E JOVENS ATÉ 19 ANOS, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS -
2017
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
7.058
3.000
2.000
1.000 2.289 2.527
1.201 1.278 1.143 1.561
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Capitais Brasileiras Selecionadas
36
Proteção foi incorporando os segmentos idosos e mulheres vítimas de violência.
A Rede está fundamentada em um sistema de Notificação Obrigatória de toda
forma de violência suspeita ou comprovada contra esses públicos. A partir da
identificação dos sinais de alerta para a possibilidade de estar sofrendo violência,
os casos dos residentes no município passam a ser acompanhados por
profissionais que integram as Redes Locais.
8.000 7.058
7.000 5.874 6.151
5.702
6.000 5.375
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
600
500
400
300
502
200 398
100 207
120 133
48 39
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
37
FONTE: Ministério da Saúde/ SINAN NET (2017).
600
502
500
391
367
400
304
300
217
200
100
38
2.000
1.500
1.000 1.976
1.790
1.325
500 876
658
274 349
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas
1.976
2.000 1.841
1.712
1.469
1.500 1.306
1.000
500
39
Os adolescentes de 12 a 18 anos incompletos, ou jovens de 18 a 21 anos,
autores de ato infracional em cumprimento de medida socioeducativa de
Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade e suas
respectivas famílias demandam o desenvolvimento de uma ação socioeducativa
intersetorial. Partindo-se da concepção de que as medidas socioeducativas
possuem uma dimensão jurídico-sancionatória e uma dimensão ético-
pedagógica, prioriza-se a municipalização dos programas em meio aberto por
meio da articulação de políticas em âmbito local e das redes de apoio nas
comunidades, visando garantir o direito à convivência familiar e comunitária.
Dentre as capitais selecionadas destaca-se Belo Horizonte com valores
superiores às demais, sendo Curitiba a segunda capital com mais adolescentes
atendidos no ano de 2017 (FIGURA 4-032).
4.000
3.500
3.000
2.500
2.000
1.500 3295
1.000
1665
500 1210 1177
904
362 490
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas
40
FIGURA 4-033 - ADOLESCENTES CUMPRINDO MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS, EM
CURITIBA 2013-2017
2.000
1665
1.527 1.472 1.505
1.447
1.500
1.000
500
41
O mais próximo de um Censo sobre esta população foi realizado em 2009, pelo
então Ministério do Desenvolvimento Social (hoje Ministério da Cidadania), na
pesquisa denominada “I Censo e Pesquisa Nacional sobre a População em
Situação de Rua”, ainda assim, aplicada em 71 cidades e que resultou em 31.922
pessoas contabilizadas. Para esta amostra foram consideradas as cidades com
maior concentração populacional e as capitais, excetuando-se aquelas que já
tinham levantamento semelhante, no caso São Paulo, Belo Horizonte, Porto
Alegre e Recife, razão pela qual, apesar de serem capitais selecionadas, seus
valores não constam no gráfico seguinte (FIGURA 4-034).
2.000
1.500
2776
1.000
500
563 463
403
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Capitais Brasileiras Selecionadas
FONTE: MDS (Censo e Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, 2009).
42
FIGURA 4-035 - QUANTIDADE DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO MUNICÍPIO, EM
CURITIBA, 2013-2016
4.000 3.491
3.358 3.358
3.000
2.000 1.715
1.000
43
informaram o total de pessoas acolhidas no serviço no momento do
preenchimento. Entre as capitais selecionadas, destacam-se Belo Horizonte,
Porto Alegre e Curitiba com os totais mais significativos. O Brasil totalizou 8.137
pessoas acolhidas no mesmo período (FIGURA 4-036).
3.000
2.000
2.599
1.000
1.637 1.769
703 512
411 506
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Capitais Brasileiras Selecionadas
44
FIGURA 4-037 - TOTAL DE PESSOAS EM SERVIÇO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
EM CURITIBA, 2013-2017
2.000 1.873
1.711
1.637
1.534 1.579
1.500
1.000
500
Segundo a lei 14.771 de 2015, a política municipal da cultura tem por objetivo
geral consolidar a dimensão cultural como instrumento para a modificação social
e para o pleno exercício da cidadania.
A Cultura, reconhecida como um direito do cidadão e dever do poder público tem
seu fundamento legal no Artigo 215 da Constituição Federal, fortalecendo-a
como uma política pública. “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
direitos culturais e acesso às fontes de cultura nacional, e apoiará e incentivará
a valorização e a difusão das manifestações culturais”.
45
A cidade de Curitiba, desde o ano de 1974, possui um órgão da administração
indireta, específico para a gestão da política municipal de cultura, a Fundação
Cultural de Curitiba - FCC, que atua em parceria com diversos órgãos da
iniciativa pública, privada e organizações sociais.
O Conselho Municipal de Cultura é atuante desde 2006, fomentando a relação
entre o poder público e a sociedade civil. A cidade possui também o Conselho
do Patrimônio, com duas Câmaras Técnicas: Câmara Técnica do Patrimônio
Histórico, Artístico e Documental e Câmara Técnica do Patrimônio Edificado.
A política de cultura no município conta com uma legislação abrangente e
construída com a participação da sociedade. Constam neste rol leis, decretos,
portarias e instruções normativas, com fácil acesso e disponibilizadas no site da
FCC, bem como seus editais de consulta pública, dentre as quais se destacam
a Lei do Patrimônio Cultural (promulgada em março de 2016, sob o Nº 14.794) e
criação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural - CMPC e do Fundo
Municipal do Patrimônio Cultural - FUNPAC e a Lei de Incentivo à Cultura
promulgada em 1991, implantada em 1993 e revisada com ampla participação
em 2005, deu origem ao Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, uma das mais
importantes ferramentas para a produção cultural da cidade, que opera com
transparência, grande participação e reconhecimento da classe artística.
A Cultura apresenta um caráter reconhecidamente transversal e se constitui
numa importante forma de acesso para superação da pobreza e como
coadjuvante para construção de um desenvolvimento social e econômico
sustentável. Assim, embora não haja dentre os ODS um específico para a
cultura, há possibilidade de realizar aproximações com os ODS existentes, à luz
do previsto no Manual Metodológico: Indicadores UNESCO de Cultura para el
desarrollo:
46
desempenho de indicadores previamente selecionados, tomando por base
documentos de referência, nos quais constam compromissos acordados
internacionalmente, bem como compromissos e metas pactuados em
conferências e registrados em planos nacionais/municipais ou similares.
Em relação a indicadores para a cultura há uma dificuldade para obter dados
comparáveis entre municípios, sendo a pesquisa que mais se aproxima desta
possibilidade a Pesquisa Básica de Informações Municipais - MUNIC, produzida
pelo IBGE, que teve um suplemento específico para a Cultura no ano de 2014.
Todavia, ela é informativa sobre a existência ou não de estruturas municipais
destinadas à política de cultura, não chegando a quantificar atendimentos ou
tratar de valores a ela relacionados. Ainda, como se trata de pesquisa aplicada
apenas no ano de 2014, não há série histórica, de forma que os dados foram
complementados com informações produzidas pela própria FCC.
Mesmo diante da dificuldade em estabelecer e medir indicadores de impacto na
política de cultura no Brasil há importantes esforços que caracterizam uma busca
por melhor qualificação na estruturação de políticas de cultura. Esses se
relacionam com o formato de gestão que indica maior ou menor compromisso
local com essa política, com a oferta de ações culturais e acesso à população,
com o fomento à produção cultural, e existência de controle social e de
relacionamento com a sociedade, que podem demonstrar o caráter democrático
e de formação de cidadania, papéis imprescindíveis do Estado nessa área.
47
Curitiba conta ainda com a presença de diversas bibliotecas públicas, museus,
teatros e salas de espetáculos, centros culturais, arquivo público, centros de
documentação municipal (especializados na história de Curitiba e em artes
plásticas), cinemas, espaços expositivos, auditórios, salas de exposições, circo
fixo e espaço para circos, casas de leitura e Gibiteca, todos mantidos pela
municipalidade.
No município, característica também de outras capitais, há diversos espaços de
cultura mantidos pelo governo do estado, governo federal e também pela
iniciativa privada, que tem vasta programação em diversos locais da cidade.
A política de cultura do município mantém em seu planejamento anual uma
agenda de grandes eventos, que conta tanto com eventos tradicionais, já
consolidados e que fazem parte do cenário curitibano, quanto com novos
eventos. São mais de 30 grandes eventos realizados pela FCC ou promovidos
por agentes privados e apoiados pela municipalidade por ano.
Essas ações sistemáticas, com calendários que se firmam a cada edição,
apresentam grande potencial tanto na abrangência de público, possibilitando a
ampliação e qualificação da oferta, como para a formação da classe artística,
pois envolvem trocas de experiências e saberes, cursos, palestras, workshops,
congressos com artistas renomados e reconhecidos pela classe. Esse é também
um fator de identidade da cidade, quando consolida e investe nessas ações
estratégicas.
Tais ações, somadas a uma média de 800 ações mensais que acontecem em
espaços da FCC ou tem apoio da política municipal, confirmam a circulação da
cultura nas esferas municipal, estadual, nacional e internacional, movimentando
a área cultural e o mercado editorial, programação visual, design, propaganda,
cinema, artesanato, arquitetura, moda, gastronomia, turismo cultural, dentre
outros, durante todo o ano.
Em relação à diversidade de grupos artísticos existentes no município, a
pesquisa MUNIC no ano de 2014 indagou aos municípios acerca da existência
de grupos artísticos existentes, listando a seguir 20 opções a serem marcadas,
conforme sua modalidade: Teatro, Manifestação tradicional popular, Cineclube,
Dança, Musical, Orquestra, Banda, Coral, Associação literária, Capoeira, Circo,
Escola de samba, Bloco carnavalesco, Artes visuais, Artesanato, Arte digital,
Moda, Gastronomia, Design, Outros. Em todas as capitais, com exceção de
48
Porto Alegre, havia grupos artísticos para cada uma das modalidades nominadas
nesta questão.
Esse potencial mobilizador de várias áreas evidencia a interface da política de
cultura com o desenvolvimento econômico, que ocorre pela via da
movimentação do comércio, de serviços, do turismo, mas sobretudo pela própria
economia da cultura e economia criativa que deve ser fortalecida. É necessário
pensar que se há uma expectativa que vem se realizando, de que a tecnologia
vai substituir milhões de empregos no mundo e há outra expectativa, nem
sempre realizada, de que o ser humano ocupe espaços criativos, que se
desenvolva e não caia na obsolescência, são necessários maiores investimentos
nessa área.
O conjunto das ações ofertadas ou apoiadas pela FCC enriquece a política de
cultura no município, tornando-a bastante abrangente, o que fica demonstrado
através de sua capacidade de atendimento, que apresentou um crescimento
de 45% no período de 2013 a 2018 (FIGURA 4-038).
2.846.462
3.000.000
2.380.514 2.374.936
2.163.773
1.962.675 1.992.059
2.000.000
1.000.000
49
atendimento, demonstrando que há uma política consolidada e com tendência
de crescimento.
Estes números, todavia, não incluem as participações relativas a variedade de
manifestações culturais reconhecidas como a dos artistas de rua, grandes festas
e apresentações culturais que ocorrem em espaços abertos, atividades e ações
apoiadas pela FCC, além das ações de cultura ofertadas pelo Governo do
Estado, pelo setor privado, por ONGs e os mais variados grupos artísticos
existentes no município e nas diversas linguagens, também não computadas no
gráfico anterior.
Necessário salientar que o número de participações, apesar de demonstrar a
capacidade de atender a cada cidadão curitibano, pode esconder uma grande
fatia de pessoas que não acessam a produção desse bem público, seja pela
questão da pobreza material ou questões subjetivas de exclusão, construídas ao
longo do tempo e produzidas pelas diferenças de classe existentes em nossa
sociedade.
Desta forma, destaca-se a importância do fortalecimento do papel do Estado
diante desse direito constitucional, tanto no acesso à produção cultural
tradicional como no reconhecimento da cultura popular. As ações educativas
nessa área são de grande importância, pois o acesso aliado ao conhecimento
tem poder de romper barreiras, enfrentadas por determinadas classes sociais
alijadas também de outros direitos e que não acessam as diversas políticas
sociais. O acesso concomitante às diversas políticas produz mudanças
significativas e pode proporcionar, a longo prazo, mobilidade social.
De forma indireta, as ações descentralizadas ofertadas/ apoiadas pela FCC
tem impacto no ODS 1 “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em
todos os lugares”, se compreendermos que o acesso ao belo, a espaços de
criatividade, a formação em artes e aos bens culturais produzidos pode ajudar
na formação cidadã e no desenvolvimento de capacidades substantivas que em
última instância desenvolvem o ser humano e proporcionam dignidade.
O gráfico demonstra que mais de 50% das ações estão descentralizadas e
podemos afirmar que há uma tendência ao aumento pela prioridade da ação a
partir de 2017 (FIGURA 4-039).
Diversos esforços estruturantes têm sido implementados. Um dos mais
importantes e que demonstram a consolidação dessa tendência são os editais
50
descentralizados, proporcionando o que foi chamado de Circuito de Difusão
Cultural. Essa ação garante uma oferta qualificada nas áreas de teatro, música,
dança e manifestações culturais, com pelo menos 30 apresentações por regional
(três mensais para cada regional), garantindo acesso ao mesmo conteúdo para
todas as regiões da cidade.
1,0
64% 67%
59% 62%
54% 57%
0,5
0,0
51
As ações realizadas em parceria com as demais políticas públicas, em especial
a educação, e voltadas à valorização da diversidade cultural estão relacionadas
ao ODS 4 “Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.”, meta 4.7 de “até
2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades
necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre
outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de
vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma
cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade
cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.”
Valorizar a diversidade cultural, inserindo valores relativos ao respeito e a
igualdade também se relaciona ao ODS 5 “Alcançar a igualdade de gênero e
empoderar todas as mulheres e meninas.”, em especial à meta 5.c, de “Adotar e
fortalecer políticas públicas e legislação que visem à promoção da igualdade de
gênero e ao empoderamento de todas as mulheres e meninas, bem como
promover mecanismos para sua efetivação – em todos os níveis federativos –
nas suas intersecções com raça, etnia, idade, deficiência, orientação sexual,
identidade de gênero, territorialidade, cultura, religião e nacionalidade, em
especial para as mulheres do campo, da floresta, das águas e das periferias
urbanas”.
Em relação à diversidade cultural, a pesquisa MUNIC indagou aos municípios se
promovem, fomentam ou apoiam iniciativa cultural específica para o campo
da diversidade cultural, listando a seguir 13 opções a serem marcadas caso o
município realize ações relativas às seguintes temáticas: pessoa com
deficiência, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, mulheres,
crianças e adolescentes, jovens, pessoas idosas, culturas populares,
comunidades indígenas, comunidades afro-religiosas, comunidades de
descendentes de nacionalidades estrangeiras, comunidades quilombolas,
comunidades ciganas, outras comunidades tradicionais com respostas “sim”
quantificadas (FIGURA 4-040).
Em virtude dos movimentos imigratórios, Curitiba apresenta uma diversidade
étnica que compõe a própria identidade da cidade. Parques, memoriais, bairros,
Unidades de Interesse de Preservação, produção literária e bibliográfica,
culinária, música, dança, artesanato estão por toda a cidade. Festas,
52
celebrações, feiras incluindo as de imigrações recentes são presenças
constantes espalhadas pela cidade, nos tradicionais bairros de ocupação. Esses
espaços e ações são importantes na medida em que preservam e difundem o
patrimônio cultural da cidade.
O Patrimônio Cultural pode ser definido como um bem (ou bens) de natureza
material e imaterial considerado importante para a identidade da sociedade
brasileira. Segundo o artigo 216 da Constituição Federal, configuram patrimônio
"as formas de expressão; os modos de criar; as criações científicas, artísticas e
tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; além de conjuntos urbanos e
sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico".
O ODS 11 “tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
resilientes e sustentáveis”, em sua meta 11.4, de até 2030 “Fortalecer as
iniciativas para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do Brasil”
53
reconhece a importância do patrimônio cultural e aponta como indicadores
relevantes a existência de legislação e políticas de patrimônio.
A pesquisa MUNIC monitorou a existência de legislação de proteção ao
patrimônio cultural nos municípios, dividindo-o em patrimônio material e
imaterial. O patrimônio material foi subdividido em patrimônio histórico, artístico,
arqueológico, paisagístico e outros, o que, somado ao patrimônio imaterial,
totalizou seis opções de resposta, com o número de respostas “sim”
quantificadas. (FIGURA 4-041).
54
documentais, localizados no Centro de Documentação Casa da Memória, e
8.329 obras artísticas, pertencentes aos Museus da Gravura, da Fotografia e do
Museu Municipal de Arte - MUMA. O acervo do Museu de Arte Sacra é composto
por 1.580 itens.
A preservação do patrimônio cultural passa necessariamente pelo conhecimento
da importância de determinado bem para uma comunidade. Nesse sentido,
ações de pesquisa e difusão desse patrimônio contribuem para o pertencimento
e a valorização do patrimônio local.
Complementar a esta atuação, os programas de educação patrimonial visam
fornecer subsídios para que a memória seja ativa e imaginativa, para que se
estabeleçam relações, pois os instrumentos de preservação perdem sentido
quando não se obtém a apropriação social do patrimônio, haja vista que é a
sociedade quem deve valorizar a cidade, suas tradições e memórias. Neste
sentido, é preciso que o Patrimônio seja apropriado de forma inovadora e
também criativa, acrescentando outros valores àqueles já existentes.
A partir de 2009 a FCC tem investido na política de patrimônio cultural, buscando
qualificar a gestão do acervo e difusão da educação patrimonial, ampliando o
acesso à história, à memória e ao Patrimônio Cultural do Município.
Este investimento pode ser observado na evolução das ações de preservação,
valorização e difusão do patrimônio material e imaterial (FIGURA 4-042).
700 611
600
500 418
400
100
55
No período de 2013 a 2018 observa-se um crescimento de 173% nessas ações,
que incluem lançamento anual de edital destinado aos inventários e pesquisas
do Patrimônio Imaterial, seminários, exposições, publicações e documentários,
digitalização do acervo e inserção das informações em sistema de dados,
possibilitando a consulta on line, programas voltados para a educação
patrimonial, incluindo-se visitas às exposições históricas e artísticas, roteiros
com temáticas específicas, levando estudantes, turistas e o público em geral a
conhecer a história, a arte e a arquitetura da cidade; processos de tombamento
e registro numa nova perspectiva e conceituação de tratamento das antigas
Unidades de Interesse de Preservação, que passam a ser analisadas em
grandes conjuntos, eixos e roteiros. E ainda um grande programa, denominado
Rosto da Cidade que, entre ações de requalificação de uma área de 2 km² no
centro antigo da cidade, prevê a pintura, o despiche e a recuperação de mais de
duas centenas de imóveis históricos e o restauro de monumentos públicos
localizados em praças.
56
FIGURA 4-043 - NÚMERO DE AÇÕES VOLTADAS À PROMOÇÃO DO TURISMO
CULTURAL, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2014.
Além do potencial de mobilização, outro fator que contribui para a oferta de ações
da cultura é a capacidade de atração de investimentos privados. Apoiar,
patrocinar e ofertar ações culturais gera valor agregado às marcas. Faz parte da
formação da identidade de alguns setores produtivos se associarem à cultura e
também às questões ambientais, sendo esse um valor cada vez mais profundo,
na medida em que a população vai se conscientizando da importância desses
temas como um direito fundamental e para todos. Pode-se afirmar que é fator de
distinção, o que pode se constituir num grande atrativo, permitindo a captação
de recursos. No entanto, é necessário ressaltar a importância do setor público
nessa área para aumentar o acesso à arte e cultura, reconhecidas como bens
públicos.
A atração de investimentos privados dentro de um contexto inclusivo e criativo
está relacionada ao ODS 8, na meta 8.3 de “promover políticas ordenadas para
o desenvolvimento, que apoiem as atividades produtivas, geração de emprego
decente, empreendedorismo, criatividade e inovação, e incentivar a formalização
e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do
acesso a serviços financeiros”
Curitiba tem um sistema misto de financiamento da cultura, com orçamento
direto, bem como com renúncia fiscal. A lei Municipal de Incentivo à Cultura tem
57
como base a renúncia fiscal de até 2% da arrecadação de Imposto Predial e
Territorial Urbano – IPTU e Imposto Sobre Serviço – ISS.
A seleção dos projetos que contam com o apoio do Fundo e do Mecenato14 é
realizada por meio de editais públicos, com ampla participação social de
entidades ligadas à cultura, da comunidade e da classe artística. Esse formato
possibilita a democratização e assume um caráter republicano diante do
financiamento da produção cultural da cidade, permite o acesso à diversidade
cultural e amplia a oferta, permitindo que novos públicos acessem ações
culturais por meio da contrapartida obrigatória que retorna para a sociedade. Há
ainda editais específicos para profissionais iniciantes, demonstrando um avanço
na busca de simetria entre a classe artística (FIGURA 4-044).
14
Mecenato consiste no incentivo e patrocínio de artistas e literatos, e mais amplamente, de atividades artísticas e
culturais.
58
potenciais atores da administração pública municipal para integração diante
desse imenso desafio. Algumas ações já são ofertadas na cultura em especial
na área de formação.
A pesquisa MUNIC abordou a temática da capacitação livre ou profissionalizante
em atividades típicas da cultura, listando 14 opções de cursos de formação
promovidos pelo município: artes plásticas, artesanato, cinema, circo, dança,
fotografia, literatura, música, teatro, vídeo, manifestações tradicionais populares,
patrimônio, conservação e restauração, gestão cultural, outras, com o número
de respostas “sim” quantificado (FIGURA 4-045).
Os cursos da FCC têm duração anual e são ofertados nas regionais em parceria
com profissionais de todas as áreas de atuação. Fazem parte desse rol os
workshops, mesas redondas, palestras, trocas de experiências (FIGURA 4-046).
O gráfico demonstra variação no número de ações de capacitação e formação
na área artística com destaque para o ano de 2016, quando houve alteração na
metodologia de contagem, porém foi descontinuada no ano seguinte, para dar
possibilidade às séries históricas.
59
FIGURA 4-046 - NÚMERO DE AÇÕES DE CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA
NAS DIVERSAS ÁREAS ARTÍSTICAS, INCLUINDO AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
POPULARES E AS NOVAS LINGUAGENS CULTURAIS OFERTADAS PELA FCC, EM
CURITIBA, 2013-2018.
Importante ressaltar que esse número se refere a cursos ofertados somente para
os cidadãos, haja vista que os servidores do município participam de outros tipos
de capacitação.
Essa é uma área que tem grande potencial de crescimento com aproximação
das universidades por meio de projetos de extensão universitária nas diversas
áreas do conhecimento.
A política de cultura vem se ressignificando ao longo do tempo, e devido a sua
transversalidade, tem capacidade enorme de crescimento no que diz respeito ao
papel do poder público. É uma política social que tem ações cotidianas em
parceria com as demais políticas sociais, que compõem o Plano Setorial de
Desenvolvimento Social e materializa-se, sobretudo, nas atividades
descentralizadas que acontecem nas administrações regionais, onde as
unidades integrantes das políticas de saúde, da assistência social, esporte e
lazer, ações da segurança alimentar, habitação e fortemente na educação estão
movimentando o vasto mundo da cultura.
Neste sentido, constituem-se prioridades intensificar as ações de Cultura em
espaços de circulação, em especial nos Parques e Praças da cidade e, ainda na
esteira da democratização do acesso, cultivar o princípio da diversidade em
todas as ações da FCC, na perspectiva do fortalecimento do direito à cultura com
prioridade para juventude e velhice, contribuindo com a construção de uma
cidade inclusiva em busca da coesão social.
60
Alguns desafios se apresentam para o aperfeiçoamento da descentralização
como o mapeamento e identificação de todos os espaços que a política de
cultura tem ou se utiliza para as suas ações e apresentações, a construção de
perfis culturais, vocações institucionais como as comunidades tradicionais
existentes no território; identificar, fomentar e estimular as manifestações e
festas populares das Regionais; a formulação de Planos Regionais integrados
(equipamentos da cultura e intersetoriais) com objetivos e metas que atendam
as especificidades de cada região; ter um projeto integrado com a Urbanização
de Curitiba S/A - RBS para o transporte das pessoas, hoje amplamente Utilizado
com as cotas sociais, mas que necessitam de ajustes, e a identificação de
possíveis parceiros como Instituições de Ensino Superior ou polos de ensino
existentes nas Regionais.
Da mesma forma, fortalecer o orçamento da Política de Cultura, do Fundo
Municipal de Patrimônio, viabilizando as ações diretas da FCC e novos editais e
projetos da iniciativa privada, inclusive atualizando a Lei de Incentivo para
fortalecer o Fundo Municipal de Cultura.
A partir do reconhecimento da importância do patrimônio cultural como
repositório da identidade da cidade, o estímulo ao reconhecimento e a
apropriação das referências culturais da memória, bem como conservar e
preservar os bens culturais e patrimoniais é outra prioridade do município para
os próximos anos.
Em sua atuação, a FCC conta com o apoio e a cooperação técnica dos seguintes
órgãos e entidades: Conselho de Arquitetura e Urbanismo – PR, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Câmara Municipal de Curitiba, Tribunal
Regional Eleitoral, além de secretarias e órgãos municipais, como Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e IPPUC, e visando consolidar esta atuação,
também é uma das prioridades implantar um centro de pesquisa e difusão de
trabalhos relacionados ao patrimônio cultural na forma de cursos, seminários e
publicações, por meio de parceria PMC- FCC – UTFPR e École de Chaillot.
61
Segundo a Lei Nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal de educação tem o dever de garantir o direito ao acesso, à
permanência e à qualidade na educação, conforme as diretrizes, metas e
estratégias contidas no Plano Nacional de Educação - PNE e seus anexos, com
vistas ao exercício e ampliação da cidadania. No Município a gestão desta
política é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação - SME
O atual Sistema Educacional Brasileiro fundamenta-se, basicamente, em três
textos legais: na Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em
1988; na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei N° 9.394/96) e
ainda no Plano Nacional de Educação (Lei N° 13.005/2014). No município
baseia-se, também, no Plano Municipal da Educação (Lei Nº 14.681/2015).
Segundo a Constituição Federal, a educação constitui um direito social que visa
o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania
e sua qualificação para o trabalho. Delimita competências e atribuições, regula
o financiamento e define princípios como pluralismo, liberdade e gestão
democrática.
Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB tem por
finalidade ajustar os princípios enunciados na Constituição Federal para a sua
aplicação. Define a educação como atribuição da família e do Estado, inspirada
nos princípios de liberdade e solidariedade humana. Define, também, a pré-
escola e o Ensino Fundamental como prioritários e gratuitos, além dos níveis e
modalidades que compõem a Educação Nacional e sua forma de organização:
Educação Básica, que abrange Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino
Médio; e a Educação Superior. Delimita, ainda, as competências e
responsabilidades de cada ente federado (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) na oferta da educação em seus diferentes níveis e modalidades,
destacando que eles deverão organizar, em regime de colaboração, seus
respectivos sistemas de ensino. Prioritariamente, compete aos municípios a
Educação Infantil e o Ensino Fundamental; ao Estado, assegurar o Ensino
Fundamental e oferecer prioritariamente o Ensino Médio; à União à organização
do Sistema de Ensino Superior e apoio técnico e financeiro aos demais entes
federados.
No âmbito do município, o Conselho Municipal de Educação de Curitiba - CME,
instituído pela Lei Nº 6.763/2015, alterada pela Lei Nº 12.081/2006, exerce
62
funções normativas, consultivas, deliberativas, fiscalizadoras e de controle social
sobre as instituições de educação básica públicas municipais, garantindo a
participação da sociedade na gestão da educação.
A contextualização da política de educação em Curitiba, assim como das demais
políticas públicas que compõem o Plano Setorial de Desenvolvimento Social,
dar-se-á por meio da análise do desempenho de indicadores previamente
selecionados, tomando por base documentos de referência, nos quais constam
metas acordadas internacionalmente, bem como metas nacionais pactuadas em
conferências e registradas em planos nacionais e municipais ou similares.
63
educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta
por cento) das crianças de até três anos até o final da vigência deste PNE” (Lei
Nº 13.005/2014). Reformulada no Plano Municipal da Educação de Curitiba (Nº
2015 – 2025) determina o “atendimento de 100% das crianças de até três anos,
preferencialmente na rede pública, até 2025” (Lei Nº 14.681/2015).
As taxas de frequência da população de quatro e cinco anos e de zero a três
anos a creches ou escolas são os indicadores que possibilitam verificar a
situação do atendimento na Educação Infantil frente às metas vigentes.
No tocante à frequência da população de quatro e cinco anos a creches ou
escolas, dentre as capitais analisadas, Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Belém
estão acima da média brasileira, de 80,1% (FIGURA 4-047).
64
de 2010, de 23,6%. Em ordem de grandeza, essas capitais apresentaram os
seguintes resultados percentuais: 39,3; 35,4; 34,8 e 30,1 (FIGURA 4-048).
40
30
20 39,3
34,8 35,4
30,1
10 22,2
18,5
13,1
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
70
60
50
39,3
40
30
18,3
20
10
65
FONTE: IBGE (2010).
66
O Ensino Médio, definido na LDB como a etapa final da educação básica, tem
duração mínima de três anos e é voltado ao atendimento da população jovem
com idade entre 15 e 17 anos, com forte papel na formação para a cidadania e
para o trabalho. O mercado de trabalho também exerce forte pressão no sistema
educacional, uma vez que passa a exigir maiores níveis de instrução nos vários
ramos de ocupação.
A Meta 4.1 do ODS 4 prevê “Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos
completem o Ensino Fundamental e Médio, equitativo e de qualidade, na idade
adequada, assegurando a oferta gratuita na rede pública e que conduza a
resultados de aprendizagem satisfatórios e relevantes”.
Nessa perspectiva, destacam-se entre as metas dos Planos Nacional e
Municipal de Educação: a Meta 2, referente ao Ensino Fundamental, que intenta
“Universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda a população de
seis a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa
na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE”; a Meta 3,
relacionada ao Ensino Médio, que propõe “Universalizar, até 2016, o
atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final
do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio
para 85%”; e a Meta 7, que corresponde à Qualidade da Educação Básica/Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB e determina “fomentar a
qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria
do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias
nacionais para o IDEB: 6,0 nos anos iniciais do Ensino Fundamental; 5,5 nos
anos finais do Ensino Fundamental; 5,2 no Ensino Médio”.
As taxas de escolarização líquida de pessoas de seis a 14 anos matriculadas no
Ensino Fundamental e de pessoas de 15 a 17 anos matriculadas no Ensino
Médio, bem como os resultados do IDEB para os anos iniciais (4ª série/5º ano)
e anos finais (8ª série/9ºano) do Ensino Fundamental são os indicadores
utilizados para posicionar o atendimento no Ensino Fundamental e Médio face
às metas atuais.
A taxa de escolarização líquida de pessoas de seis a 14 anos matriculadas
no Ensino Fundamental expressa o percentual de pessoas matriculadas na
idade ou faixa etária adequada a esse nível em relação à população nesta faixa
etária. Em 2010, Curitiba apresentou entre as capitais selecionadas a maior taxa,
67
superando os 100%, seguida de Belo Horizonte, Manaus e Porto Alegre, que
ultrapassaram a taxa nacional, de 92,76% (FIGURA 4-050).
100
90
80
70
60
50 96,10 97,60 97,60 96,40 94,20 96,60 97,10
40
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil
.
FONTE: IBGE/PNAD (2013).
68
dados do Censo Escolar, em 2016, Curitiba apresentava 205.693 estudantes
desta faixa etária matriculados no Ensino Fundamental ou Médio Regular,
gerando um percentual de frequência de 89,4%.
A taxa de escolarização líquida de pessoas de 15 a 17 anos matriculadas
no Ensino Médio expressa o percentual de pessoas matriculadas neste nível
de ensino, na idade ou faixa etária teoricamente adequada, em relação à
população na mesma faixa etária. Em 2010, Curitiba apresentou entre as capitais
a maior taxa, superando Goiânia, Belo Horizonte, Recife e a taxa nacional, de
50,98% (FIGURA 4-052).
69
60
50
40
30 58,80 58,50
55,40
47,30 49,70
44,30 42,40
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
FIGURA 4-054 - IDEB, ANOS INICIAIS (4ª SÉRIE/5º ANO) NA REDE PÚBLICA (FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL), EM CURITIBA E CAPITAIS - 2017.
70
10
9
8
7
6
5
4 6,2
3 6,4 6,2 6,4 5,9 5,6 5,9 5,3
4,8 4,9 4,9 5,5 5 4,9
2
1
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Recife
Horizonte Alegre
Na série histórica das avaliações com início em 2007, Curitiba parte de 5,1,
alcançando 6,4 em 2017 (FIGURA 4-055).
FIGURA 4-055 - IDEB, ANOS INICIAIS (4ª SÉRIE/5º ANO) NA REDE PÚBLICA (FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL), EM CURITIBA - 2007/2009/2011/2013/2015/2017.
7 6,3 6,4
5,7 5,8 5,9
6
5,1
5
71
FIGURA 4-056 IDEB, ANOS FINAIS (8ª SÉRIE/9º ANO) NA REDE PÚBLICA (FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL), PARA CURITIBA E CAPITAIS - 2017.
10
4
4,8 5,2 5,3 4,7
2 4,6 4,5 5,1 4,7 4,2
3,9
4,7 4,4 4
3,5
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Recife
Horizonte Alegre
Na série histórica das avaliações com início em 2007, Curitiba mantém o mesmo
resultado até 2013, 4,1, saltando para 4,8 em 2017 (FIGURA 4-057).
FIGURA 4-057 - IDEB, ANOS FINAIS (8ª SÉRIE/9º ANO) NA REDE PÚBLICA (FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL), EM CURITIBA 2007/2009/2011/2013/2015/2017.
6
4 4,6 4,8
4,1 4,1 4,1 4,1
3
72
Fundamental. Os estudantes são avaliados nas áreas de língua portuguesa,
incluindo produção de texto, e matemática.
Elaborada pela equipe do Departamento de Ensino Fundamental da SME, a
avaliação articula os conteúdos previstos nos componentes curriculares com as
habilidades previstas para cada ano.
Os resultados da Prova Curitiba são amplamente discutidos pelas equipes
pedagógicas e permitem a análise do processo pedagógico, apontando questões
sobre planejamento e currículo, favorecendo reflexões sistemáticas sobre
metodologias e estratégias de ensino.
O Programa Transformando Realidades: Equidade na Educação oferece
tratamento diferenciado para 92 unidades educacionais que apresentam
necessidades de estratégias diferenciadas para garantir a aprendizagem dos
estudantes. Atualmente o programa é desenvolvido em 46 escolas municipais e
46 CMEIs.
Para inserção das unidades educacionais no programa são considerados os
fatores econômicos, políticos e sociais que interferem no percurso escolar dos
estudantes. As escolas participantes recebem valor adicional de 10% no repasse
do Fundo Rotativo e os CMEIs 5%.
Para o desenvolvimento das atividades, os professores passam por formação
específica e contam com um projeto diferenciado de apoio pedagógico para
ministrar as aulas que acontecem no contraturno.
No que se refere aos resultados do programa, das 35 escolas avaliadas em 2017
pelo IDEB, 28 aumentaram o índice de desempenho em relação a 2015 e 68%
delas superaram as metas definidas pelo Ministério da Educação. Das dez
escolas da Rede Municipal de Ensino de Curitiba com maior crescimento no
IDEB, seis participam do programa, conforme índice divulgado em 2018.
No âmbito da SEED é realizada a Prova Paraná, uma avaliação aplicada aos
estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino
Médio, nas áreas de língua portuguesa e matemática, analisando o
conhecimento e a proficiência dos alunos em cada ano.
Elaborada pela SEED e com caráter diagnóstico, é aplicada na Rede Pública de
Educação do Estado do Paraná com o objetivo de identificar dificuldades não
superadas e habilidades adquiridas no processo de ensino e aprendizagem,
73
permitindo ao professor o acompanhamento individualizado do aprendizado dos
alunos.
Assim como ocorre com a Prova Curitiba, os dados são analisados e os
resultados possibilitam à SEED a organização, o planejamento e a definição de
estratégias de ensino em consonância com as situações encontradas, servindo
de base para a organização do trabalho pedagógico nas escolas.
Diante das metas previstas no ODS 4 e Planos Nacional e Municipal de
Educação para o Ensino Fundamental e Médio, no tocante ao acesso e
conclusão na idade certa, a análise dos indicadores permite constatar oscilação
da taxa de escolarização líquida de seis a 14 anos, entre 90% e 100%,
mantendo-se próxima da meta.
No Ensino Médio, a universalização do atendimento escolar para a população
de 15 a 17 anos apresenta-se como uma meta ousada e de difícil alcance,
exigindo dos entes federados políticas públicas inclusivas que favoreçam o
acesso, a permanência e a conclusão desta etapa de ensino.
O IDEB nos anos iniciais do Ensino Fundamental ultrapassa, desde 2015, a meta
prevista no PNE e PME para 2021 (6,0), a mesma projetada pelo INEP. Nos
anos finais do Ensino Fundamental, até 2011, Curitiba alcança as metas
projetadas pelo INEP; contudo, segue distante da meta prevista no PNE e PME
para 2021 (5,5).
Na esfera Ensino Médio, até 2015, os resultados eram obtidos a partir de uma
amostra de escolas. Em 2017, o Saeb passou a ser aplicado a todas as escolas
públicas. O índice obtido em Curitiba foi de 3,9. Como foi a primeira edição de
divulgação, não existe meta projetada para 2017. Se comparada com a média
brasileira, Curitiba está 0,1 acima da média do país.
4.4.3.3 Inclusão
74
nos artigos 205 e seguintes, do direito de todos à educação. Esse direito deve
visar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 205).
Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a igualdade de
condições de acesso e permanência na escola (art. 206, inc. I), acrescentando
que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um (art. 208, V). Portanto, a Constituição garante
a todos o direito à educação e ao acesso à escola. Toda escola, assim
reconhecida pelos órgãos oficiais como tal, deve atender aos princípios
constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem,
raça, sexo, cor, idade, deficiência ou ausência dela.
A LDB (1996), em seu art. 58, caracteriza a Educação Especial como modalidade
de educação escolar, destinada a estudantes com deficiência, transtorno global
do desenvolvimento – TGD e altas habilidades ou superdotação prevendo, nos
parágrafos 1º e 2º, a existência de apoio especializado no ensino regular e de
serviços especiais separados quando não for possível a integração. Destaca,
ainda, no parágrafo 3º, a oferta da educação especial já na educação infantil
(zero a seis anos de idade).
A Meta 4.5 do ODS 4, prevê “Até 2030, eliminar as desigualdades de gênero e
raça na educação e garantir a equidade de acesso, permanência e êxito em
todos os níveis, etapas e modalidades de ensino para os grupos em situação de
vulnerabilidade, sobretudo as pessoas com deficiência, populações do campo,
populações itinerantes, comunidades indígenas e tradicionais, adolescentes e
jovens em cumprimento de medidas socioeducativas (execução de ordem
judicial aos adolescentes autores de ato infracional, previstas no art. 112 do
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Estão previstos seis tipos de
medida socioeducativa: advertência, obrigação de prestação de serviços à
comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. Apesar de
configurarem resposta à prática de um delito, apresentam um caráter
predominantemente educativo) e população em situação de rua ou em privação
de liberdade”.
Também na ótica da inclusão, a Meta 4 - Educação Especial/Inclusiva – dos
Planos Nacional e Municipal de Educação propõe “Universalizar, para a
75
população de quatro a 17 anos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento - TGD e altas habilidades ou superdotação, o acesso à
educação básica e ao atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema
educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
serviços especializados, públicos ou conveniados”.
O percentual de população de quatro a 17 anos com deficiência que frequenta a
escola e o percentual de matrículas de alunos de zero a 17 anos de idade com
deficiência, TGD e altas habilidades ou superdotação que estudam em classes
comuns possibilitam verificar a consecução das metas de acesso desta
população à Educação Básica.
Segundo dados da PNAD, em 2013, 90% da população curitibana de quatro a
17 anos com deficiência frequentam a escola, o maior percentual entre as
capitais analisadas. Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Belém ostentam
resultados acima da média do Brasil, de 85,8%; enquanto Goiânia, Porto Alegre
e Manaus retratam resultados abaixo do nacional (FIGURA 4-058).
Em 2018, Recife, com 99,12%, Belém, 98,68% e Belo Horizonte, 94,60% são as
capitais com maiores percentuais de matrículas de alunos da Educação Especial
de zero a 17 anos de idade com deficiência, TGD e altas habilidades ou
superdotação em classes comuns na Educação Básica, com resultados acima
da média nacional (FIGURA 4-059).
76
FIGURA 4-059 - PERCENTUAL DE MATRÍCULAS DE ALUNOS DE 0 A 17 ANOS DE IDADE
COM DEFICIÊNCIA, TGD E ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO EM CLASSES
COMUNS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, NA EDUCAÇÃO BÁSICA, EM CURITIBA, BRASIL E
CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018.
100
90
80
70
60
50 98,68 94,60 99,12
90,58 85,86
40 84,66
73,53
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
80 73,53
70 64,75
57,35
60 54,57
48,85
50 41,58 43,78 42,77
40 34,82
30
20
10
Tomando por base as metas vigentes, a análise dos indicadores acima retrata
esforços realizados no município em direção à universalização do atendimento
às pessoas com deficiência, bem como avanços na expansão do atendimento
em classes comuns na rede regular de ensino.
77
Na RME, a educação especial tem uma longa história de conquistas e avanços
no que se refere ao atendimento educacional especializado a crianças e
estudantes, público alvo da inclusão escolar.
A partir de 2017 ocorre a ampliação de ações da Educação Especial, quando
novos encaminhamentos são direcionados no sentido de melhorar o
atendimento e a aprendizagem dos estudantes. Tal fator pode ser explicado
pelas diretrizes instituídas pelo Ministério da Educação/Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, a partir da publicação da
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,
que tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de
ensino para promover respostas às necessidades educacionais, garantindo:
•Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a
educação superior;
•Atendimento educacional especializado;
•Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino;
•Formação de professores para o atendimento educacional especializado e
demais profissionais da educação para a inclusão escolar;
•Participação da família e da comunidade;
•Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos
transportes, na comunicação e informação; e
•Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas
(MEC/SECADI, 2008).
A Rede Municipal de Ensino de Curitiba atende crianças e estudantes com
deficiência em classes especiais, Escolas Municipais de Educação Básica na
Modalidade de Educação Especial, salas de recursos de aprendizagem, salas
de recursos para altas habilidades/superdotação, salas de recursos
multifuncionais e Centros Municipais de Atendimento Educacional Especializado
- CMAEEs. Voltados à inclusão e ao direito à educação para todos, a RME
desenvolve, também, os programas de Escolarização Hospitalar e Atendimento
Pedagógico Domiciliar.
No âmbito da SEED a oferta de serviços e apoios especializados disponibilizados
para favorecer o processo de aprendizagem dos alunos com necessidades
78
educacionais especiais ocorre em salas de recursos, Centros de Atendimento
Educacional Especializado, classes especiais, escolas especiais e por meio de
professores de apoio permanente, profissionais intérpretes, professores surdos
de Libras e professores bilíngues.
Com as diretrizes federais para a educação especial também houve o
entendimento, por parte das famílias, de que é um direito do estudante ter
garantida a matrícula no ensino regular, optando, com maior frequência, por essa
modalidade de ensino.
79
Dentre as capitais analisadas, Goiânia, Curitiba, Recife e Belo Horizonte
apresentam percentual de matrículas da Educação Básica, na Rede Pública em
tempo integral, acima da média brasileira que, no ano de 2018 correspondeu a
15,20% (FIGURA 4-061).
20
9,31
6,22 6,69
0
Belem Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
10
80
Se consideradas as matrículas em tempo integral da Educação Básica na rede
municipal, em 2018, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Goiânia apresentam
resultados acima da média brasileira, de 17, 43% (FIGURA 4-063).
30
20 39,22
33,26
27,34
23,39
10
14,09
10,41
0 2,04
Belem Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
80
70
60
50 39,66 39,68 39,22
36,79 38,07 38,78
34,47 35,34 35,34
40
30
20
10
0
81
No Ensino Fundamental, os índices são menores. Nos anos iniciais verifica-se
uma aproximação da meta nacional com 23,6% dos estudantes matriculados em
tempo integral. Em contrapartida, os anos finais e o ensino médio apresentam
índices abaixo da meta, com 2,4% e 0,5% respectivamente.
A ampliação da jornada escolar na Rede Municipal de Ensino de Curitiba tem
como princípio o desenvolvimento de práticas pedagógicas a partir da
integralidade do trabalho educativo. O currículo sistematiza, em seu Projeto
Político Pedagógico, saberes referentes às áreas do conhecimento e às práticas
pedagógicas, distribuídos em uma rotina de nove horas diárias.
O termo prática é concebido enquanto organização didático-pedagógica que tem
como principal objetivo a qualificação de estratégias relacionadas ao vivenciar,
experimentar, testar, refletir, construir, dentre outras, por meio da interação do
aluno com seus pares e professores, com os espaços e tempos escolares, com
os recursos, de maneira a ressignificar os conhecimentos escolares.
Nas escolas de tempo integral são desenvolvidas as práticas de
acompanhamento pedagógico, artísticas, de movimento, de educação ambiental
e de ciências e tecnologias.
A análise dos percentuais de matrículas em tempo integral na rede pública
permite constatar que Curitiba já ultrapassa a meta dos Planos Nacional e
Municipal de Educação. Contudo, se observados os percentuais tanto por
nível/modalidade de ensino, quanto por rede (federal, estadual e privada)
persistem os desafios de expandir o tempo integral nos anos finais do Ensino
Fundamental e no Ensino Médio, âmbitos de atuação prioritária das redes
estadual e federal.
82
privada de graduação e pós-graduação. Para as instituições estaduais essas
atribuições cabem aos Conselhos Estaduais de Educação.
A Meta 4.3 do ODS 4 prevê “Até 2030, assegurar a equidade (gênero, raça,
renda, território e outros) de acesso e permanência à educação profissional e à
educação superior de qualidade, de forma gratuita ou a preços acessíveis”.
Também a Meta 12 dos Planos Nacional (2014-2024) e Municipal (2015-2025)
da Educação, referente ao Ensino Superior, determina “Elevar a taxa bruta de
matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da
população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para,
pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público”.
A taxa bruta de matrículas na Educação Superior e a taxa líquida de
escolarização ajustada da Educação Superior são os indicadores utilizados para
verificar o alcance das metas deste nível de ensino.
A taxa bruta de matrículas representa a razão entre o quantitativo de pessoas de
qualquer idade que frequentam o Ensino Superior e o total geral de pessoas
entre 18 e 24 anos de idade, faixa etária prevista para se frequentar esse nível
de ensino. O indicador se refere exclusivamente às matrículas dos cursos de
graduação em relação à população de referência.
Em 2010, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Porto Alegre apresentam
percentuais acima de 50%, resultados bem acima da média nacional, de 22,8%
(FIGURA 4-065).
60
50
40
30 59,46 55,92 55,72
48,43 50,64
20 35,75 37,30
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
83
FIGURA 4-066 - TAXA BRUTA DE MATRÍCULAS NO ENSINO SUPERIOR, EM
CURITIBA,1991/2000/2010.
80
70
55,92
60
50
40 32,70
30 20,62
20
10
0
40
30
49,1 52,7
47,7
20 37,2
32,2 35 35,6
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
84
FIGURA 4-068 - TAXA LÍQUIDA DE ESCOLARIZAÇÃO AJUSTADA NO ENSINO SUPERIOR,
EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2013.
40
30
20
35,30
30,40 29,80
22,20 23,60
10 19,60 17,80
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil
85
II. Ampliar projetos, pesquisas e extensões que visem ao desenvolvimento
socioeducacional do município, em regime de colaboração com empresas
estatais e Organizações não Governamentais.
O Polo de Apoio Presencial da UAB em Curitiba atende alunos em 15 cursos de
graduação e pós-graduação em parceria com a Unicentro, Universidade Federal
do Paraná - UFPR, Universidade do Norte do Paraná, Universidade Virtual do
Paraná e Universidade Estadual de Ponta Grossa.
De acordo com os dados disponíveis, Curitiba ultrapassa as metas dos Planos
Nacional e Municipal de Educação tanto no que se refere à taxa bruta de
matrículas na educação superior quanto à taxa líquida de escolarização ajustada
na Educação Superior. Persiste, contudo, a necessidade de estudos acerca da
equidade (gênero, raça, renda, território e outros) de acesso e permanência à
educação superior de qualidade, de forma gratuita ou a preços acessíveis.
86
de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em
que atuam.
A Meta 16 - Formação continuada e pós-graduação de professores – delibera
“Formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores da Educação Básica,
até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos os (as) profissionais
da Educação Básica formação continuada em sua área de atuação,
considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de
ensino”.
Os percentuais de docentes com nível superior/licenciatura e de docentes com
pós- graduação (especialização, mestrado e doutorado) são os indicadores
levantados para verificar a condição atual de alcance das metas da formação
dos docentes da educação básica.
Em 2018, cinco capitais apresentaram percentuais de docentes com nível
superior/ licenciatura na educação básica acima da média do Brasil, de 76,75%,
com destaque para Manaus, Belém e Curitiba, que apresentam os melhores
resultados (FIGURA 4-069).
87
FIGURA 4-070 - PERCENTUAL DE DOCENTES COM NÍVEL SUPERIOR/LICENCIATURA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA, EM CURITIBA, 2010-2018.
100
90 81,76 83,34 83,97 83,34 83,21
78,96 80,33 79,04 80,07
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Em 2010, Curitiba, com 58,32%; Belém, 42,88%; Porto Alegre, 41,55%; e Recife
com 39,42%, apresentam percentuais de docentes com pós-graduação acima
da média do Brasil, de 38,03% (FIGURA 4-071).
50
40
30 58,32
20 42,88 41,55 39,82
30,58 31,97 32,63
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil
88
FIGURA 4-072 - PERCENTUAL DE DOCENTES COM NÍVEL PÓS-GRADUAÇÃO
(ESPECIALIZAÇÃO, MESTRADO E DOUTORADO), EM CURITIBA,
2010/2012/2014/2016/2018.
80
70 58,32
60
44,81 46,33 47,20
50 44,13
40
30
20
10
0
89
Em 2018, o processo de formação foi ressignificado com o lançamento do
Programa Veredas Formativas, formulado a partir de pesquisa realizada em
2017, com servidores da Rede Municipal de Ensino, para levantamento de
interesses e necessidades em relação aos processos de formação profissional.
O programa valoriza a autonomia do servidor em relação à escolha do seu
desenvolvimento profissional.
São realizadas ações formativas em diferentes modalidades, baseadas no
exercício da reflexão, aplicação e superação de desafios.
Na perspectiva de contribuir para o cumprimento da Meta 14 dos Planos
Nacional e Municipal de Educação, no ano de 2014 foi firmado entre o município
de Curitiba, por meio da Secretaria Municipal da Educação, e a Universidade
Federal do Paraná o Termo de Cooperação Técnica Nº 21.699/2014, para a
oferta de formação acadêmica stricto sensu por meio do Mestrado Profissional
em Educação, ofertado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria
e Prática de Ensino.
O acordo firmado prevê a disponibilização, pela UFPR, de até 50% das vagas
ofertadas a cada ano para os profissionais do magistério e professores da
educação infantil vinculados à RME. Entre os anos de 2014 e 2018 foram
contemplados 67 profissionais.
A oferta de formação em nível stricto sensu aos profissionais da SME alinha-se
à Meta 14 dos Planos Nacional e Municipal de Educação, que prevê “elevar
gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo
a atingir, no âmbito municipal, a titulação anual de mestres e doutores
proporcionalmente ao estabelecido no Plano Nacional de Educação”, por
entender a necessidade e a importância do desenvolvimento acadêmico e
profissional dos servidores municipais e, consequentemente, do aprimoramento
da qualidade e do ensino.
A análise da formação dos professores da educação básica apresenta, de um
lado, o desafio ainda existente de garantir a formação mínima em nível
superior/licenciatura para os docentes na Educação Básica.
De outro lado, no que se refere à formação em pós-graduação lato sensu
verifica-se a superação da meta dos Planos Nacional e Municipal, com 58,32%
dos docentes pós-graduados. Contudo, permanece o desafio de ampliar os
percentuais de mestrado e doutorado.
90
4.4.3.7 Educação de Jovens e Adultos
91
FIGURA 4-074 - TAXA DE ALFABETIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 15 ANOS OU MAIS DE
IDADE, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2010.
100
90
80
70
60
50 96,7 97,1 97,9 96,7 96,20 97,7 92,9
40
30
20
10
0
Belém Belo Horizonte Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Brasil
100
97,9
96,6
95
90
92
FIGURA 4-076 - TAXA DE ALFABETIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 15 ANOS OU MAIS DE
IDADE, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2013.
100
90
80
70
60
50 96,7 97,1 97,9 96,7 96,20 97,7 92,9
40
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
93
FIGURA 4-077 - TAXA DE ANALFABETISMO FUNCIONAL DE PESSOAS DE 15 ANOS OU
MAIS DE IDADE, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2013.
40
30
20
10
15,4 15,0 16,00 17,5
13,0 13,8
11,2
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
94
reflexivos e transformadores, tendo em vista a produção de saberes que lhes
permitam avançar por meio de práticas pedagógicas significativas.
A análise da taxa de alfabetização da população de 15 anos ou mais de idade
demonstra que o município, já em 2010, ultrapassava em 4,4 pontos percentuais
a meta dos Planos Nacional e Municipal prevista para 2015. Também a meta de
redução em 50% da taxa de alfabetização funcional, de 22,95% para 15,30% já
foi alcançada, chegando Curitiba a 13%.
Segundo a Lei Nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal do esporte, lazer e juventude tem como fundamento desenvolver e
gerenciar ações que possibilitem práticas esportivas, de lazer, protagonismo
juvenil, promoção da saúde e inclusão da pessoa com deficiência por meio da
atividade física e sociabilização, com os objetivos de fomentar o esporte
educacional, de participação e de rendimento, desenvolver e fomentar práticas
de lazer junto à população, estimulando a cultura, ludicidade e hábitos
saudáveis, fortalecendo a integração com a natureza e sua identificação com a
cidade, articulando ações para o fortalecimento do protagonismo juvenil e
fomentando a prática de atividades físicas, promovendo um estilo de vida ativo
e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.
O esporte está previsto no artigo 217 da Constituição Federal de 1988 e na Lei
Nº 9.615 de 24 de março de 1998, que institui normas gerais sobre desporto e
dá outras providências, e suas modificações posteriores. Em 2005 foi elaborada
a Política Nacional do Esporte, que estabelece objetivos, princípios, diretrizes e
ações estratégicas para estruturação desta política.
Em âmbito municipal, o direito ao esporte é regido pela Lei Nº 9942/2000, que
dispõe sobre a política municipal de esporte e lazer, e também institui a
Secretaria Municipal de Esporte e Lazer - SMEL como gestora das ações de
esporte, lazer e atividade física, que compartilha suas atividades com as
organizações governamentais e não governamentais. Esta Secretaria teve seu
nome alterado para Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude - SMELJ pela Lei
13.865 de 04 de novembro de 2011. Destacam-se também a Lei Nº 14.588, de
95
15 de janeiro de 2015, que institui o Conselho Municipal de Esportes e a Lei Nº
14.614, de 13 de março de 2015, que cria o Conselho Municipal da Juventude,
a Conferência Municipal da Juventude e o Fundo Municipal da Juventude.
Para todos os públicos atendidos, a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer
propõe uma gestão pública, com foco em políticas públicas, planos, programas,
projetos e ações que traduzam de forma ordenada o acesso às atividades
esportivas e de lazer, pois é um direito de todos, conforme preconiza a
Constituição Federal.
A Política Municipal de Esporte e Lazer tem a finalidade de fomentar práticas de
esporte, lazer e atividades físicas para o desenvolvimento de potencialidades do
ser humano, visando bem-estar, promoção social e inserção na sociedade,
consolidando sua cidadania.
A SMELJ atualmente conta com 36 equipamentos esportivos, distribuídos nas
Dez regionais de Curitiba, e no ano de 2019, contemplando as seguintes
atividades: natação, hidroginástica, polo aquático, iniciação esportiva, voleibol,
vôlei de praia, basquetebol, futsal, futebol, futebol sintético, futevôlei, corrida de
orientação, handebol, atletismo, tênis, tênis de mesa, badminton, bocha
adaptada, capoeira, judô, ciclismo, ginástica artística, escalada, ginástica
rítmica, lutas (diversas), capoeira, esgrima, dança, ginástica, alongamento,
corrida, musculação, condicionamento físico e outros.
Considerando que os impactos desta política municipal se estendem para além
das ações realizadas, avançando principalmente sobre fatores relacionados à
saúde e o bem-estar da população, os indicadores utilizados nesta
contextualização são provenientes da Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco
e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - VIGITEL,
promovida pelo Ministério da Saúde, com suporte técnico do Núcleo de
Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo
- NUPENS /USP, e outros indicadores monitorados e produzidos pela Secretaria
Municipal do Esporte e Lazer.
96
A Organização Mundial de Saúde - OMS define atividade física como sendo
qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que
requeiram gasto de energia – incluindo atividades físicas praticadas durante o
trabalho, jogos, execução de tarefas domésticas, viagens e em atividades de
lazer.
Está provado que a prática regular de atividade física contribui para a prevenção
e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis tais como doença
cardíaca, acidente vascular cerebral, diabetes, cancro da mama e cancro do
cólon. Também ajuda a prevenir a hipertensão, excesso de peso e obesidade e
contribui para a saúde mental, melhoria da qualidade de vida e bem-estar.
O fomento à prática de atividades físicas e esportiva se relacionam ao Objetivo
de Desenvolvimento Sustentável - ODS 03 - Assegurar uma vida saudável e
promover o bem-estar para todos, em todas as idades, mais especificamente à
Meta 3.4 de “até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças
não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o
bem-estar”, e, quando há interação com as escolas, também ao ODS 04 –
Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, meta 4.7, de, “até
2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades
necessárias para promover o desenvolvimento sustentável e estilos de vida
sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura
de paz e não violência, cidadania global, e valorização da diversidade cultural e
da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável”.
Os níveis de atividade física recomendados pela OMS não são exigentes: um
pouco de atividade física é melhor do que nenhuma, desde que ocorra de forma
regular e adequada, pois em todas as idades os benefícios de ser fisicamente
ativo superam os eventuais danos, decorrentes de lesões, por exemplo. Pessoas
pouco ativas têm mais risco de morte quando comparadas com aquelas que
praticam pelo menos 30 minutos de atividade física moderada na maioria dos
dias da semana.
Em 2018, o percentual de adultos que praticam atividade física no tempo
livre variou entre 35,6% em Porto Alegre e 42,7% em Belém. Em geral, a prática
de atividade física no tempo livre, entre os sexos, predomina o sexo masculino.
97
As maiores frequências, entre homens foram encontradas em Belém, com
51,0%, e, entre as mulheres em Goiânia, 37,0%.
Consideram-se atividades físicas no tempo livre: prática de atividades de
intensidade leve ou moderada por, pelo menos, 150 minutos semanais ou
atividades de intensidade vigorosa por, pelo menos 75 minutos semanais.
Atividade com duração inferior a 10 minutos não é considerada para efeito do
cálculo da soma diária de minutos despendidos pelo indivíduo com exercícios
físicos (Haskell et al., 2007; WHO, 2010). Caminhada, caminhada em esteira,
musculação, hidroginástica, ginástica em geral, natação, artes marciais e luta,
ciclismo e voleibol/futevolei e dança foram classificados como práticas de
intensidade leve ou moderada; corrida, corrida em esteira, ginástica aeróbica,
futebol/futsal, basquetebol e tênis foram classificados como práticas de
intensidade vigorosa (Ainsworth et al., 2000) (FIGURA 4-078).
50
40
30
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Capitais brasileiras selecionadas
98
FIGURA 4-079 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE PRATICAM ATIVIDADE
FÍSICA NO TEMPO LIVRE, EM CURITIBA - 2010-2018
80
60
15,4 13,8
20
99
FIGURA 4-080 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE PRATICAM ATIVIDADE
FÍSICA NO DESLOCAMENTO, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018
20
10
14,5 14,6
13,3 13,5 13,1 13,1
9,9
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais brasileiras selecionadas
80
60
40 30,0
27,0
17,2
20 13,8 13,0 14,0 13,1
10,5 10,6
MS/VIGITEL (2018).
Nota: Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos
privados de saúde.
Obs.: Em 2009 e 2010 a variável utilizada era “Percentual de adultos que praticam atividade
física no tempo livre (lazer) e ou no deslocamento”, alterada para a atual em 2011.
100
No período de 2009 a 2018 foi observada uma redução no percentual de adultos
que praticam atividade física no deslocamento, todavia, de 2017 a 2018 há um
crescimento de 23,6% neste indicador.
Por inatividade física entende-se a condição dos indivíduos que referem não ter
praticado qualquer atividade física no tempo livre nos últimos três meses, não
realizaram esforços físicos relevantes no trabalho, não se deslocaram para o
trabalho ou para a escola a pé ou de bicicleta (perfazendo um mínimo de 10
minutos por trajeto ou 20 minutos por dia) e que não participam da limpeza
pesada de suas casas.
Em 2018, o percentual de adultos fisicamente inativos variou entre 10,8% em
Curitiba e 16,0% em Recife. A inatividade física, entre os sexos, é maior entre
as mulheres. A maior frequência entre homens e mulheres foi encontrada em
Recife, com 16,0% em ambos. Em Curitiba as frequências foram de 11,0% em
ambos também (FIGURA 4-082).
20
10
16
13,6 13,7 12,8 13,3 12,6
10,8
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Capitais brasileiras selecionadas
101
FIGURA 4-083 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) FISICAMENTE INATIVOS, EM
CURITIBA – 2010-2018
20
15,3
13,3 13,5 14,0 14,0
13,0
12,2
11,2 10,8
10
15
A SMELJ desenvolve ações previstas na Política Municipal de Atenção ao Idoso (Lei Nº
11.391/05), a qual é alicerçada na Lei Nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto
102
saúde pelo esporte, lazer e atividade física. Além das ações educativas e
atividades sociorrecreativas para o incentivo de práticas de lazer que buscam a
manutenção motora e conservação do seu intelecto, existem diversos serviços
que são aceitos pela população da Terceira Idade, como encontros, mostras
culturais e festivais, ações de atividade física promocional e de maior impacto
formativo ao ritmo de cada faixa etária além de ginástica, alongamento,
hidroginástica, caminhadas e musculação que podem e devem ser
oportunizados de forma agradável e lúdica.
Para acompanhar a inclusão de idosos em atividades físicas foi definido o
indicador do número de idosos inscritos em atividades sistemáticas
promovidas pela SMELJ, por indicar a prática de atividades físicas com
regularidade (FIGURA 4-084).
6.736
7.000
6.000 5.410
A prática de exercícios reduz o quadro das doenças assim como previne muitas
delas. Mexer o corpo, caminhar, ter atividade física constante é lei para quem
quer manter a saúde, a independência e a agilidade. E quando esta prática é
realizada em grupo, promove ao idoso as interações sociais que levam a um
bem estar mental e intelectual.
do Idoso, em seu art. 20 prevê que o idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer,
diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
103
Outro grupo prioritário para atendimento são as pessoas com deficiência, que
são atendidas em todas as aulas, eventos, ações esportivas e de lazer ofertadas
pela SMELJ.
Para esta população, a prática de atividades físicas, esportivas e de lazer
inclusivas permite a esses indivíduos redescobrir a vida de uma forma ampla e
global, levando o indivíduo a perceber que é possível, apesar das limitações
físicas, ter uma vida normal e saudável.
Todos os públicos atendidos se congregam nos eventos esportivos e de
atividades físicas realizados pela esfera municipal e sociedade civil em Curitiba,
cujo quantitativo apresentou um crescimento expressivo no período de 2009 a
2018, devido aos eventos chancelados pela Prefeitura Municipal de Curitiba
através da Comissão de Avaliação de Eventos de Esporte e Lazer (CAEEL),
onde entidades privadas promovem atividades de caminhada, corrida e ciclismo
regulados por esta comissão (FIGURA 4-085).
7.000 6.412
6.000
5.000
3.792
4.000 3.235 3.409
3.093
2.581 2.397 2.364
3.000
1.962
2.000 1.515
1.000
Para se ter ideia do alcance das ações, pode-se utilizar como exemplo o número
de participantes de corridas de rua em Curitiba no mesmo período avaliado,
que acompanha a evolução do número de eventos. (FIGURA 4-086).
104
FIGURA 4-086 - PARTICIPANTES DE CORRIDAS DE RUA, EM CURITIBA - 2009 A 2018
142.873 143.583
150.000
140.000
130.000
120.000 103.778
110.000 98.767 96.037
100.000
90.000 80.789
80.000 70.329
70.000
60.000
50.000 32.859 32.444
40.000 26.350
30.000
20.000
10.000
0
105
FIGURA 4-087 - CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 06 A 17 ANOS QUE PRATICAM
ATIVIDADE FÍSICA E ESPORTIVA EM AÇÕES MANTIDAS PELA SMELJ (MÉDIA MENSAL),
EM CURITIBA – 2009 A 2018
12.827
13.000
12.000 11.183
11.000 9.855
10.000 8.977
8.129 8.432
9.000 8.004 7.776
7.595 7.533
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
106
na Região Metropolitana. O esporte estudantil da SMELJ movimenta as ações
esportivas das escolas públicas e privadas, enriquecendo a formação de
estudantes de seis a 17 anos. (FIGURA 4-088).
40.000 36.441
34.716
30.997
28.259
30.000
23.925
21.429
20.064 19.531
20.000 17.189
15.648
10.000
107
FIGURA 4-089 - PROJETOS APROVADOS PELA LEI DE INCENTIVO AO ESPORTE, EM
CURITIBA - 2009 A 2018
1.000
841
900
745
800 668 697
700 614
600
500 394 425
347 363 360
400
300
200
100
0
5.000
4.019
3.716 3.710
4.000
3.080 3.181 3.202
1.000
108
rendimento, com aumento superior a 100%. Por este incentivo passaram atletas
de destaque como o Campeão Mundial de Street Luge em 2019, os atletas que
representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016, nas modalidades de
Esgrima, Tênis, Natação e os paratletas da Paraolimpíada do Rio 2016, nas
modalidades de Esgrima, Tênis de mesa, Vôlei Sentado, entre outros.
A Lei de Incentivo ao Esporte é identificada como referência nacional por sua
transparência e seriedade quanto à prestação de contas, visto que exige tanto a
comprovação técnica, quanto financeira, além das ações de contrapartida social
dos atletas, visando atender necessidades esportivas e sociais da cidade de
Curitiba, com a participação dos beneficiários.
Em 2016 o programa de Incentivo ao Esporte é ampliado com a oferta do Vale
Transporte Esportivo, Decreto Municipal 38/2016, que atende atletas de
organizações chanceladas pela Comissão de Incentivo ao Esporte que estudem
em escolas públicas e desenvolvam treinamento que necessite de deslocamento
através do transporte público da cidade. No seu primeiro ano foram atendidos
230 atletas com a oferta de 34.027 créditos de transporte e valor total de
R$ 125.899,90. Em 2019, até o mês de julho, o programa já alcançava 221
atletas com o repasse de 21.248 créditos e valor de R$ 94.892,00.
De 2009 a 2018, Curitiba já investiu R$ 22.321.116,97 via Lei de Incentivo ao
Esporte. (FIGURA 4-091).
R$ 3.727.242,57
4.000.000
R$ 3.551.118,50
R$ 3.180.446,87
3.000.000 R$ 2.598.797,59
R$ 1.895.080,21
R$ 1.747.430,28
2.000.000 R$ 1.506.839,51
R$ 1.362.152,79 R$ 1.674.380,98
R$ 1.305.738,80
1.000.000
109
4.4.4.2 Juventude
110
FIGURA 4-092 - ATIVIDADES PARA JOVENS, EM CURITIBA - 2009 A 2018
15.000
14.000 12.800
13.000
12.000
11.000
10.000
9.000
8.000
7.000 5.289
6.000 4.511
5.000
4.000 2.388 2.745 2.779
3.000 1.599
2.000 831 900
1.000
0
111
Para além da atividade física, estas políticas têm como desafio fomentar uma
prática inclusiva e multiplicadora, contribuindo com o fortalecimento de valores
de convivência e coletividade, visando integrar a população e estender a todos
o direito ao esporte e lazer e o protagonismo juvenil.
Segundo a Lei Nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal de saúde visa à promoção da saúde da população da cidade de forma
articulada com todas as demais políticas públicas, através da gestão, regulação
e auditoria dos serviços próprios e conveniados ao Sistema Único de Saúde -
SUS, à ampliação do acesso aos serviços, ao monitoramento da morbidade e
mortalidade e à vigilância em saúde, integradas às políticas sociais, de controle
da qualidade ambiental, do ar, das águas, do solo, do subsolo, dos resíduos
orgânicos e inorgânicos.
Na estruturação e planejamento da política municipal de saúde, destacam-se as
Leis Federais Nº 8080/1990, Nº 8.142/1990 e Lei Complementar Nº 141/2012, a
Portaria Nº 2.135/ 2013 e o Decreto Federal Nº 7.508/2011.
O Plano Municipal de Saúde - PMS norteia os rumos da política pública de saúde
a ser implementada e monitorada pela Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba
- SMS. Além de ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde e ser uma
exigência legal, é um instrumento fundamental para a consolidação do SUS, por
meio dele busca-se explicitar o caminho a ser seguido pela SMS para alcançar
sua missão.
Conforme explicitado na metodologia, a contextualização da Política de Saúde
em Curitiba, assim como das demais políticas públicas que compõem o Plano
Setorial de Desenvolvimento Social, dar-se-á por meio da análise do
desempenho de indicadores previamente selecionados, tomando por base
documentos de referência, nos quais constam metas acordadas
internacionalmente, bem como metas nacionais pactuadas em conferências e
registradas em planos nacionais/ municipais ou similares.
112
4.4.5.1 Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Fatores de Risco
113
Ao analisarmos as taxas de mortalidade prematura pelos quatro grupos de
DCNT, Curitiba apresentou em 2017, uma taxa de mortalidade prematura de
281,0 óbitos por 100.000 hab. estando abaixo do indicador do Brasil, 315,2/
100.000 hab., e de capitais como Goiânia, Belém, Porto Alegre e Recife e acima
das taxas encontradas em Belo Horizonte e Manaus. (FIGURA 4-093).
A análise das taxas ao longo dos anos mostra que o risco de óbito prematuro em
Curitiba diminuiu no comparativo entre 2009 e 2018. Em 2009, a taxa era de
307,4/100 mil habitantes, chegando a 283/100 mil habitantes em 2018. Isso
representou uma queda de 24,4 óbitos/100 mil hab. ou aproximadamente 11,0%.
(FIGURA 4-094).
114
FIGURA 4-094 - TAXA DE MORTALIDADE PREMATURA (30 A 69 ANOS), PELOS QUATRO
PRINCIPAIS GRUPOS DE DCNT EM CURITIBA, 2009-2018
400
350 307,4 299,4 296,1 284,8 278,8 272,7 278,1 281,0 283,0
300 266,6
250
200
150
100
50
160
133,18 133,26 130,60 134,26
124,92 124,47 123,39 126,11
120,45 118,36
127,11
115,91 119,46
120
110,22 110,11 112,51 108,96
105,10 109,09 104,57
80
40
31,51 35,76 35,72 36,03
30,57
21,33 22,69 22,69 24,47 28,13
15,58 14,44 16,04 18,13 18,61 17,81 16,52 16,84 16,94 16,00
0
NEOPLASIAS
DIABETES
DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO
115
As neoplasias mantiveram-se como primeira causa de mortalidade prematura,
acompanhadas pelas doenças cardiovasculares em segunda posição. Esse
achado é ratificado por estudo do município sobre mortalidade precoce por
doenças cardiovasculares (CURITIBA, 2018), que ocupavam a primeira posição
até 2009.
Curitiba tem investido em estratégias como o programa “Escute seu Coração”,
para atuar frente ao quadro epidemiológico dessas doenças e agravos não
transmissíveis. Este programa tem como principais objetivos: direcionar a
atenção à saúde do coração em Curitiba, a fim de interferir nos fatores de risco
para a Doença Cardiovascular - DCV qualificar as ações em toda a Linha de
Cuidados da Saúde do Coração nos eixos da promoção da saúde, prevenção
das DCV, atenção ambulatorial básica e especializada, vigilância em saúde, e
assistência na urgência e emergência; estimular estilos de vida saudáveis,
especialmente pelo incentivo à prática de atividade física, adoção de
alimentação saudável, prevenção do consumo nocivo de álcool, cessação do
tabagismo, alcance ou manutenção do peso saudável entre outros (CURITIBA,
2018).
Reduzir a mortalidade prematura pelas DCNT é um desafio possível de ser
alcançado. Existem evidências sobre a importância de ações de promoção e
prevenção da saúde, pelo incremento de políticas públicas de caráter intra e
intersetoriais, que incentivem e oportunizem estilos de vida mais saudáveis como
prática de atividade física regular, alimentação saudável, redução do tabagismo
ativo e passivo, entre outras (MALTA, 2019).
A meta para o Brasil é reduzir em 2% ao ano a mortalidade prematura por essas
causas, assim como diminuir a prevalência dos fatores de risco envolvidos como
tabagismo, inatividade física, obesidade, entre outros (BRASIL, 2011).
A prevalência autorreferida de Diabetes, Hipertensão Arterial, Fumo e Consumo
de Bebida Alcóolica tem sido levantada anualmente na Pesquisa de Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico -
VIGITEL. Esta pesquisa, realizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS
do Ministério da Saúde - MS, consiste na aplicação por amostragem de um
questionário via telefone fixo a pessoas de 18 e mais anos nas capitais
brasileiras e Distrito Federal.
116
O diabetes mellitus compreende um conjunto de distúrbios do metabolismo
caracterizado por hiperglicemia sustentada devido à diminuição relativa ou
absoluta de insulina e graus variados de resistência periférica à ação desse
hormônio, acarretando alterações no metabolismo de carboidratos, lipídios e
proteínas e comprometendo a função e estrutura vascular de diferentes órgãos
ao longo do tempo. Figura como a principal causa de cegueira adquirida, além
de ser responsável por grande parte dos casos de insuficiência renal e
amputação não traumática de membros inferiores. Sua associação com
hipertensão arterial e dislipidemia aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Os custos sociais da doença compreendem tanto custos diretos relativos à
atenção à saúde desta população como perda de produtividade no trabalho,
aposentadoria precoce, anos vividos com incapacidade e mortalidade
prematura. O aumento observado na prevalência mundial do Diabetes deve-se,
em grande parte, a fatores como envelhecimento da população, alimentação não
saudável, obesidade e inatividade física. Sua prevenção relaciona-se à adoção
de fatores de proteção para doenças crônicas não transmissíveis como a
alimentação saudável e prática regular de atividade física, assim como a
prevenção de fatores de risco como o tabagismo e o consumo nocivo de álcool.
No período de 2009 – 2018 todas as capitais analisadas obtiveram aumento no
percentual de adultos (> 18 anos) que referiram diagnóstico médico de
diabetes.
Em 2018, entre as capitais selecionadas a frequência de adultos que referiram
diagnóstico médico de diabetes, variou entre 6,2% em Goiânia e 7,9% em Porto
Alegre. (FIGURA 4-096).
117
FIGURA 4-096 – PERCENTUAL DE ADULTOS (> 18 ANOS) QUE REFERIRAM
DIAGNÓSTICO MÉDICO DE DIABETES, EM CURITIBA, CAPITAIS BRASILEIRAS
SELECIONADAS, 2018
118
entre outros. Sua prevenção depende também da redução de fatores comuns de
risco para doenças crônicas e da adoção de fatores protetivos.
Manter hábitos saudáveis ao longo da vida como controlar o consumo de sal,
ingerir frutas e oleaginosas, praticar atividade física, entre outros, ajudam a
prevenir a doença.
No período de 2009 a 2018 das capitais analisadas apenas Manaus, Recife e
Porto Alegre obtiveram diminuição no indicador percentual de adultos (> 18
anos) que referiram diagnóstico médico de hipertensão arterial. Vale
destacar que Curitiba teve um ligeiro aumento.
Em 2018, entre as capitais selecionadas, a frequência de adultos que referiram
diagnóstico médico de hipertensão arterial variou entre 20,9% em Belém e 26,5%
em Recife e Belo Horizonte. (FIGURA 4-098).
119
FIGURA 4-099 - PERCENTUAL DE ADULTOS (> 18 ANOS) QUE REFERIRAM
DIAGNÓSTICO MÉDICO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, EM CURITIBA, 2009-2018
120
4,9%. No conjunto das 27 capitais a frequência de adultos fumantes foi de 9,3%,
e entre as capitais selecionadas 9,1%. (FIGURA 4-100).
Curitiba foi a capital com a segunda maior frequência de adultos fumantes, com
o percentual de 11,4%, entre as capitais selecionadas.
De 2009 a 2018, o percentual de fumantes em Curitiba apresentou queda de
cerca de 41%, de 19,3% para 11,4%. A análise do período mostra uma tendência
de queda do percentual de fumantes, sendo o percentual de 2018, o menor
registrado ao longo dos dez anos analisados. (FIGURA 4-101).
121
Em 2018 houve ampliação do Programa de Controle do Tabagismo, com a
implantação da Abordagem Intensiva para Cessação do Tabagismo em 23
Unidades de Saúde - US, aumentando de 28 para 51 US, o que representa
significativa ampliação de oferta de tratamento para fumantes que desejam parar
de fumar.
O consumo de bebida alcoólica é um dos fatores de risco para acidentes de
trânsito, assim como o desenvolvimento ou agravamento de DCNT, em especial
as neoplasias e cardiovasculares. O consumo abusivo de bebida alcoólica é
definido quando ocorreu o consumo de quatro doses ou mais de bebida alcoólica
para mulheres ou cinco doses ou mais de bebida alcoólica para homens em uma
mesma ocasião por pelo menos uma vez nos últimos 30 dias, sendo que uma
dose de bebida alcoólica corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho,
uma dose de cachaça, uísque ou qualquer outra bebida alcoólica destilada
(VIGITEL, 2018).
De acordo com dados da OMS, ao todo 5% das doenças mundiais são causadas
pelo álcool e mais de três milhões de homens e mulheres morrem anualmente
pelo uso nocivo de bebidas alcoólicas.
Dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde mencionam que 1,45% do total
de óbitos ocorridos entre o período de 2000 a 2017 estão relacionados à ingestão
abusiva de bebidas, a exemplo da doença hepática alcoólica (BRASIL, 2019).
Em 2018, das capitais selecionadas, Belo Horizonte foi a capital com maior
percentual de adultos com consumo abusivo de álcool, com 22,4%, sendo
Manaus com 13,8% a capital com o menor percentual. O percentual para as
capitais selecionadas foi de 17,4. Curitiba foi a segunda capital com menor
frequência de consumo abusivo de álcool, com o percentual de 14,4, abaixo da
frequência encontrada no Brasil, 17,9%. (FIGURA 4-102).
122
FIGURA 4-102 - PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE, NOS ÚLTIMOS 30 DIAS,
CONSUMIRAM 04 OU MAIS DOSES (MULHER) OU 05 OU MAIS DOSES (HOMEM) DE
BEBIDA ALCOÓLICA EM UMA MESMA OCASIÃO, EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS, 2018
Sabe-se que a maioria das doenças físicas e mentais é influenciada por uma
combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Afetam pessoas de
todas as idades, em todos os países e causam sofrimento aos indivíduos,
123
famílias e comunidades. Pessoas com transtornos mentais são expostos a uma
ampla gama de violações de direitos humanos.
Dada prevalência e magnitude do problema, os transtornos mentais se tornaram
um grande desafio para as políticas públicas no mundo. De acordo com dados
da OMS (Atlas de Saúde Mental, 2014), uma em cada quatro pessoas são
afetadas por algum transtorno mental ao longo da vida. Cerca de 900.000
pessoas cometem suicídio a cada ano, sendo esta a 2ª causa mais comum na
população jovem. Ressalta que três de quatro pessoas com transtorno mental
severo não recebem tratamento. Ainda segundo estimativa, em 2030 a
depressão acarretará a maior carga de doença global.
Para a atenção às pessoas com sofrimento ou transtornos mentais incluindo
aquelas que fazem uso de álcool, crack e outras drogas, Curitiba organiza uma
rede estruturada de forma integrada e articulada em diferentes pontos de
atenção, que inclui desde Centro de Atendimento Psicossocial - CAPS até
serviços especializados.
Apresenta um modelo de atenção psicossocial descentralizado e regionalizado,
diminuindo a distância entre os serviços e a população usuária no sentido de
garantir acesso e qualidade assistencial, respeitando os princípios do território,
acolhimento, vínculo e integralidade do cuidado. O CAPS destaca-se como
serviço estratégico da rede territorial e responsável pelo atendimento da
demanda de transtorno mental, incluindo o uso de substâncias psicoativas, com
grande prejuízo funcional, sendo o fomentador do processo de reabilitação
psicossocial.
Em Curitiba, há 13 CAPS, sendo dez para atendimento do público adulto e três
voltados para crianças e adolescentes, que estão regionalizados, atuando sob a
lógica da intersetorialidade.
No que se refere aos acidentes de trânsito, o município tem realizado, por meio
da rede de parceiros intersetoriais do Programa Vida no Trânsito - PVT, ações
de enfrentamento do uso de álcool e sua associação com o trânsito. O PVT conta
com o aporte técnico e financeiro do Ministério da Saúde, com suporte da
Organização Pan-americana de Saúde - OPAS e da OMS no Brasil. O programa
tem como principal característica o trabalho intersetorial e conjunto, entre os
diversos setores ligados direta ou indiretamente a este problema. Tem como
objetivo principal o fortalecimento de políticas de prevenção de lesões e mortes
124
no trânsito, tendo como subsídio para o planejamento de ações intersetoriais,
dados e análises (CURITIBA, 2019).
As instituições de trânsito municipais, estaduais e federais, parceiras do PVT
municipal realizaram, ao longo de 2018, blitzes voltadas à fiscalização e
prevenção da alcoolemia, visto que o álcool é um dos principais fatores de risco
envolvidos nos óbitos de trânsito analisados pelo PVT municipal.
125
laboratório municipal de análises clínicas, com sistema de informação,
notificação e de tratamento.
Os indicadores a seguir, taxa de detecção de casos de Aids notificados em
menores de cinco anos de idade, taxa de detecção de casos de Aids
notificados em habitantes com idade entre 15 e 24 anos de idade, como
também o Índice de infestação por Aedes Aegypti relacionam-se com o ODS
3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas
as idades, mais especificamente com a meta 3.3 que propõe “até 2030 acabar,
com o problema de saúde pública, com as epidemias de AIDS, tuberculose,
malária, hepatites virais, doenças negligenciadas, doenças transmitidas pela
água, arboviroses transmitidas pelo aedes aegypti e outras doenças
transmissíveis.
Dentre as capitais analisadas no ano de 2016, a taxa de detecção de casos de
Aids notificados em menores de cinco anos de idade por 100 mil habitantes
foi maior do que a média nacional, 2,40 casos/100 mil hab. em cinco capitais,
exceto em Curitiba e Goiânia, ambas com nenhum caso detectado no ano.
(FIGURA 4-104).
126
Podemos afirmar que o início do processo de Certificação da Eliminação da
Transmissão Vertical do HIV em Curitiba começou com o Programa Mãe
Curitibana, implantado em março de 1999, que nasceu com o propósito de
melhoria na qualidade do pré-natal, na garantia do acesso ao parto, com a
complexidade e qualidade necessárias, a consulta puerperal precoce, com vistas
à detecção e manejo das possíveis complicações do pré-natal, parto e puerpério,
bem como o reforço do estímulo ao aleitamento materno. Com o Programa Mãe
Curitibana e o Programa Municipal de HIV/AIDS, se instituiu o protocolo de
testagem de HIV nas gestantes. Em 2002 foi incluído o teste rápido nas
maternidades e o manejo da infecção pelo HIV na atenção primária. (GRÁFICO
105).
127
Em 2016, somente Curitiba apresentou taxa de detecção de casos de AIDS
notificados em habitantes com idade entre 15 e 24 anos de idade (por 100 mil
habitantes) abaixo da média nacional, que é de 13,8, sendo que nas demais
capitais analisadas as médias vão de 20 em Belo Horizonte a 58,60 em Manaus.
(FIGURA 4-106).
128
FIGURA 4-107 - TAXA DE DETECÇÃO DE CASOS DE AIDS NOTIFICADOS EM
HABITANTES COM IDADE ENTRE 15 E 24 ANOS DE IDADE (POR 100 MIL HABITANTES),
EM CURITIBA 2005 – 2016
129
O Programa Municipal de Controle do Aedes realiza as atividades de controle
vetorial determinadas pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Controle
da Dengue com o objetivo de manter o município na condição de baixo risco.
130
O Óbito Materno do ponto de vista epidemiológico é definido pela OMS como
bom indicador da realidade socioeconômica e da qualidade da atenção em
saúde de uma localidade. Por ser considerado um evento raro, a morte materna
deve ser analisada numericamente através da razão de mortalidade materna -
RMM, que inclui no numerador os óbitos maternos, no denominador os nascidos
vivos, multiplicados por 100.000.
O Pacto Nacional de Redução de Mortalidade Materna e Neonatal é um acordo
interfederativo que tem por objetivo articular os atores sociais historicamente
mobilizados em torno da melhoria da qualidade de vida de mulheres e crianças.
A meta estabelecida é a redução anual de 5% desses indicadores para atingir
índices considerados aceitáveis pela OMS, a médio e longo prazo. Os princípios
que o embasam são, entre outros, o respeito aos direitos humanos de mulheres
e crianças; a consideração das questões de gênero, dos aspectos étnicos e
raciais e das desigualdades sociais e regionais; a decisão política de
investimentos na melhoria da atenção obstétrica e neonatal; e a ampla
mobilização e participação de gestores e organizações sociais.
Sabe-se que a redução da razão de mortalidade materna reflete a qualidade da
atenção à saúde da mulher e que taxas elevadas estão associadas à
insatisfatória prestação de serviços de saúde, desde o planejamento familiar e
assistência pré-natal, até a assistência ao parto e puerpério e, também, está
relacionado à situação socioeconômica e de infraestrutura a que está submetida
a população.
Em 2017, Curitiba e as demais capitais selecionadas, exceto Belém,
apresentaram razão de mortalidade materna abaixo da nacional que foi de
58,8/100 mil nascidos vivos, tendo Curitiba e Belo Horizonte as menores razões,
17,6 e 16,6, respectivamente. (FIGURA 4-108).
131
FIGURA 4-108 - RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS, 2017
132
Outro indicador é o da mortalidade infantil que, além de estimar o risco de morte
dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano de vida, reflete, de uma maneira
geral, as condições de desenvolvimento socioeconômico e infraestrutura
ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para
atenção à saúde materna e da população infantil. Outros aspectos também
influenciam a sua redução, como o declínio da fecundidade e o efeito de
intervenções públicas em saúde, saneamento, educação da população feminina,
entre outros.
133
A Organização Mundial da Saúde - OMS aponta como indicador aceitável
coeficiente inferior a 10/1.000 nascidos vivos.
134
FIGURA 4-111 - TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL, EM CURITIBA, 2007-2018*
135
Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Goiânia e Manaus, apresentaram
taxa de mortalidade neonatal abaixo da nacional, que foi de 8,8 a cada 1.000
nascidos vivos. (FIGURA 4-112).
136
O componente neonatal mantém-se como importante desafio para a atenção à
saúde materno infantil e, portanto, para a redução da mortalidade infantil. As
principais causas dos óbitos neonatais são as afecções originadas no período
perinatal e as malformações. As primeiras são decorrentes de fatores maternos
da gravidez e parto que levam ao sofrimento fetal e prematuridade, tais como:
doença hipertensiva, infecções maternas, membrana hialina, imaturidade
pulmonar e asfixia.
O desafio consiste em manter os pilares de qualidade da Atenção Materno
infantil para a redução da Mortalidade Neonatal que são: assistência ao pré-
natal, referência hospitalar, assistência ao parto e assistência ao recém-nascido,
integração entre os diferentes pontos de atenção, considerando atenção
primária, especializada e hospitalar.
A taxa de mortalidade na infância (crianças menores de cinco anos de
idade) mede o número de óbitos de menores de cinco anos de idade, por mil
nascidos vivos.
Este indicador estima o risco de morte dos nascidos vivos durante os cinco
primeiros anos de vida. De modo geral, expressa o desenvolvimento
socioeconômico e a infraestrutura ambiental, além do acesso e a qualidade dos
recursos disponíveis para atenção à saúde materno-infantil.
Em 2017, Curitiba apresentou a menor Taxa de Mortalidade na Infância,
9,8/1.000 nascidos vivos em relação às demais capitais analisadas e, em relação
à taxa nacional,14,4/1.000. (FIGURA 4-114).
137
Nota: Número de óbitos de menores de 05 anos de idade, por 1000 nascidos vivos.
138
a informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em
estratégias e programas nacionais”.
Em 2017, Curitiba apresentou a quinta posição em coleta de exames
citopatológicos do colo do útero realizados pelo SUS em mulheres de 25 a 64
anos, 0,32 em relação às demais capitais analisadas, estando abaixo de
Manaus, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. (FIGURA 4-116).
139
Em Curitiba, esta diminuição pode estar atrelada em primeiro momento com a
Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN/2011), que normatiza
que a coleta do exame citopatológico é procedimento privativo do enfermeiro ou
médico. Historicamente a grande maioria destes exames era coletada pelos
técnicos de enfermagem no município. Outro ponto a ser considerado é o método
de cálculo desse indicador que considera a população total de mulheres na faixa
etária priorizada, contudo não são contabilizados os exames realizados pelos
planos de saúde e rede privada. Segundo Agência Nacional de Saúde – ANS,
55% da população de Curitiba é beneficiária de planos de saúde e esse
percentual aumenta na faixa etária feminina de 25 a 64 anos, abrangendo em
torno de 57% dessas mulheres (ANS, 2018).
Visando melhorar a razão de exames coletados, são efetuadas as seguintes
ações: sensibilização de todos os profissionais das equipes quanto às diretrizes
do Programa de Controle do Câncer de Colo do Útero; levantamento das
mulheres que não tenham realizado o exame há mais de um ano e
principalmente que nunca tenha realizado; busca ativa das mulheres faltosas em
consultas e exames agendados; melhoria do acesso como a abertura das US
para coleta de exames aos sábados; discussão junto aos conselhos de saúde
sobre o tema para busca de estratégias para adesão das mulheres ao exame;
formação de grupos de mulheres nas US com finalidade de acolher as usuárias,
desenvolver o autocuidado e trocar experiências relacionadas aos direitos
sexuais e reprodutivos, entre outros.
A cobertura da coleta de citopatológico é prioridade também na Política Nacional
de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Plano Municipal de Saúde de
Curitiba, e no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT,
cujo objetivo é promover o desenvolvimento e a implementação de políticas
públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a
prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco e fortalecer os serviços
de saúde voltados para a atenção aos portadores de doenças crônicas. Dentre
as metas nacionais propostas destacam-se: aumentar a cobertura de exame
preventivo de câncer de colo uterino em mulheres de 25 a 64 anos e tratar 100%
das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer.
140
4.4.5.5 Cobertura Vacinal
141
exceto para as vacinas BCG e Rotavírus, cuja meta de cobertura vacinal é de
90%, todas as demais vacinas devem apresentar coberturas de 95% ou mais.
Ressalta-se que no ano de 2018, os dados de cobertura vacinal para o Município
de Curitiba, obtidos através do Sistema de Informações do Programa Nacional
de Imunizações do Ministério da Saúde - SIPNI/MS encontram-se preliminares,
visto que os mesmos estão em processo de reavaliação pelo Ministério da
Saúde, considerando a transferência do banco de dados.
A cobertura vacinal está associada ao ODS 3, Meta 3.8, de “Assegurar, por meio
do Sistema Único de Saúde - SUS, a cobertura universal de saúde, o acesso a
serviços essenciais de saúde de qualidade em todos os níveis de atenção e o
acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes e de qualidade
que estejam incorporados ao rol de produtos oferecidos pelo SUS.” e 3.b “Apoiar
a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias e inovações em saúde para as
doenças transmissíveis e não transmissíveis, proporcionar o acesso a essas
tecnologias e inovações incorporadas ao SUS, incluindo medicamentos e
vacinas essenciais, a toda a população”.
A seguir estão descritas as vacinas que compõem este calendário, bem como a
série histórica em Curitiba.
4.4.5.5.1 BCG
142
FIGURA 4-117 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS
- BCG, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2018
144
4.4.5.5.3 Meningocócica C
Trata-se de uma doença com caráter endêmico, assim espera-se que ocorram
casos ao longo do ano, em forma de surtos, podendo estes serem causados por
vírus, bactérias, fungos e outros parasitas. Existem vacinas específicas para
cada agente etiológico e atualmente o Ministério da Saúde disponibiliza outras
três vacinas para a prevenção das meningites.
Preconiza-se cobertura vacinal de 95%.
A manutenção de boas coberturas vacinais para esta vacina tem sido um grande
desafio no País, fato demonstrado quando se avaliam os dados de cobertura nas
capitais selecionadas, sendo que nenhuma delas obteve a cobertura próxima ao
recomendado. No ano de 2018, Belo Horizonte foi a única capital que apresentou
dado acima da média do País, com 88,5% e Curitiba manteve-se com cobertura
similar à nacional com 86,7%. (FIGURA 4-121).
145
No período de 2010 a 2018 o aumento na cobertura vacinal em Curitiba foi de
mais de 500%, e, entre os anos 2017 e 2018 houve estabilidade na cobertura,
sendo 86,15% e 86,70%, respectivamente. (FIGURA 4-122).
4.4.5.5.4 Pentavalente
146
O tétano é uma doença infecciosa, imunoprevenível e pode ocorrer de duas
formas: acidental ou neonatal. O tétano acidental não é uma doença transmitida
de pessoa a pessoa, sendo que a transmissão ocorre, geralmente, pela
contaminação de um ferimento da pele ou mucosa, com os esporos do bacilo C.
tetani. O tétano neonatal acomete o recém-nascido, nos primeiros 28 dias de
vida.
A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, transmissível e de distribuição
universal. Compromete especificamente o aparelho respiratório (traqueia e
brônquios) e se caracteriza por forte tosse seca. Em crianças menores de seis
meses é mais comum apresentar complicações e inclusive levar à morte.
A hepatite B é uma inflamação do fígado causada devido à infecção pelo vírus
do tipo B e que no Brasil, corresponde a 21,8% de todos os óbitos por hepatite.
Acredita-se que uma grande parcela da população é portadora do vírus,
entretanto de forma assintomática.
A H. influenzae B é causadora de quadros como pneumonia, otites, infecção na
corrente sanguínea e meningite.
Na comparação entre as capitais, no ano de 2018, apenas Belo Horizonte com
88,40% manteve-se acima-se da média nacional que foi de 85,70% e Belém com
55,70% apresentou a menor cobertura. (FIGURA 4-123).
147
Ao avaliar a série histórica, verifica-se uma oscilação no percentual de cobertura
vacinal de Curitiba com tendência de queda, sobretudo a partir de 2016,
apresentando uma variação de 15,43% no período 2016-2018. (FIGURA 4-124).
148
FIGURA 4-125 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS
- PNEUMOCÓCICA, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS BRASILEIRAS -2018
4.4.5.5.6 Poliomielite
150
FIGURA 4-128 - PERCENTUAL DE CRIANÇAS IMUNIZADAS COM VACINAS ESPECÍFICAS
- POLIOMIELITE, EM CURITIBA, 2008-2018*
151
impostos próprios do município, acrescidas das transferências constitucionais,
em ações e serviços públicos de saúde.
Este indicador está associado ao ODS 3 em todas as metas, em especial no
subitem 3.c - Aumentar substancialmente o financiamento da saúde e o
recrutamento, desenvolvimento, formação e retenção do pessoal de saúde,
especialmente nos territórios mais vulneráveis.
Em 2017, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba apresentaram os maiores
percentuais dentre as capitais analisadas. (FIGURA 4-129).
O sistema SARGSUS de onde foram retirados os dados deixou de operar em
2018. Cada município apresentou seus dados desde então de forma
independente, cumprindo base legal.
152
FONTE: PMC/Portal da transparência (2012 a 2018).
153
O cenário atual de aumento da violência, dos problemas mentais, da prevalência
de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, aponta consideráveis
desafios para o sistema de saúde. As condições crônicas requerem modelos
complexos, que envolvem colaboração entre profissionais de saúde e
instituições que tradicionalmente não trabalham de forma integrada e articulada.
É necessário quebrar o paradigma da cura para o cuidado contínuo às doenças
crônicas, da atenção à saúde e o envolvimento do cidadão no cuidado da sua
saúde e dos seus fatores de risco, e da sociedade para conhecer e compreender
o impacto dos determinantes sociais da saúde.
Alguns fatores de risco para estas doenças (tabagismo, obesidade,
sedentarismo) são passíveis de prevenção. Nesta perspectiva, torna-se cada
vez mais importante o compromisso de autoridades, comunidades e outros
atores para a promoção da saúde de modo a reduzir a vulnerabilidade ao
adoecer, promovendo a equidade, diminuindo as possibilidades de sofrimento e
de morte prematura de indivíduos e população. Assim sendo, torna-se
fundamental a inserção de ações de Promoção da Saúde nas políticas públicas,
que visam melhorar as condições de saúde da população e que atuem na
ampliação da adoção de estilos de vida saudáveis. Portanto, não é exclusiva do
setor saúde, exige o envolvimento de outros setores governamentais e não
governamentais, incluindo o setor privado e a sociedade em geral.
A atenção materno-infantil tem sido prioridade nas últimas décadas no município,
refletida na melhoria expressiva dos coeficientes de mortalidade. A organização
do Programa Mãe Curitibana teve um papel preponderante para os progressos
evidenciados. Ainda assim, permanece a busca da redução destes indicadores
bem como a melhoria na qualidade da atenção às gestantes, puérperas e bebês,
exigindo a mobilização e participação dos gestores, pesquisadores, profissionais
de saúde, prestadores de serviços, Universidades, controle social, famílias,
comunidade em geral.
Não obstante todas as dificuldades da gestão do sistema de saúde, soma-se o
desafio dos recursos humanos suficientes e preparados para atender essa nova
realidade, trabalhar com diferentes profissionais, de forma integrada, com
coordenação do cuidado exercido pelas equipes da atenção primária à saúde. É
necessário quebrar o paradigma do atendimento uniprofissional e isolado e
avançar no cuidado contínuo e multiprofissional.
154
Outro desafio posto se refere à crescente demanda de cidadãos que hoje
buscam no SUS seu atendimento para os problemas de saúde, em decorrência
da crise econômica em que o país vive. Assim, a Função Saúde no orçamento
municipal necessita de aporte substancial de recursos financeiros de todas as
esferas de governo para a manutenção do SUS, especialmente dos Governos
Federal e Estadual.
No que se refere à Saúde Ambiental, a atuação é pautada na promoção e
prevenção da saúde da população, com ações capazes de eliminar, diminuir ou
prevenir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e da circulação de bens e da prestação de serviços de
interesse da saúde. Considerando o risco sanitário dos diferentes ramos de
atividade a Vigilância Sanitária de Curitiba possui uma Programação das Ações
Prioritárias em Vigilância Sanitária - PAVS, a qual monitora as inspeções
sanitárias de atividades de maior risco. De acordo com as Diretrizes do Programa
de Vigilância da Qualidade da Água de Consumo Humano -VIGIÁGUA, que
consiste em ações adotadas continuamente para garantir que a água consumida
pela população atenda ao padrão e normas estabelecidas na legislação vigente
e para avaliar os riscos inerentes à presença de substâncias e organismos
potencialmente nocivos à saúde humana. O município tem como meta analisar
788 amostras de água/ano para os parâmetros Coliformes Totais, E. coli, Cloro
Residual Livre, Turbidez, estabelecidas no VIGIAGUA, além de realizar
inspeções sanitárias anuais nas Estações de Tratamento de Água - ETA.
No âmbito da Vigilância de Alimentos, além das inspeções sanitárias, o município
participa também do Programa Estadual de Análise de Resíduos de Agrotóxicos
em Alimentos - PARA-PR o qual foi instituído, conforme Resolução SESA Nº
217/11 e tem como objetivo avaliar continuamente os níveis de resíduos
químicos de agrotóxicos nos alimentos, fortalecendo a capacidade do Governo
em atender a segurança alimentar e contribuir para a proteção e promoção da
saúde da população.
Envolver os cidadãos para a co-responsabilidade quanto à qualidade de vida da
população, atuar de forma intersetorial, fortalecer a atenção primária à saúde,
consolidar as redes de atenção em saúde, utilizar evidências científicas para
tomada de decisão, incorporar indicadores de vulnerabilidade para nortear as
prioridades das ações de forma sustentável, a incorporação de novas
155
tecnologias bem como o monitoramento e avaliação são elementos
fundamentais para o avanço esperado para a saúde em Curitiba na busca de
uma população saudável e feliz.
Segundo a Lei nº 14.771 de 2015, que dispõe sobre o Plano Diretor, a política
municipal do abastecimento, posteriormente renomeada política municipal de
segurança alimentar e nutricional, tem como objetivo geral a promoção da
segurança alimentar e nutricional da população da cidade, especialmente àquela
em situação de vulnerabilidade social.
Combater a Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN), caracterizada por
diversas manifestações, desde fome, desnutrição e carências específicas como
também pelo excesso de peso e doenças decorrentes da alimentação
inadequada, quantitativa e/ou qualitativamente, resultando em prejuízos no
desempenho cognitivo, capacidade de trabalho e morbimortalidades associadas,
é uma tarefa árdua, que envolve diferentes atores e instituições.
Nesse sentido, a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e do
Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) são permeadas por inúmeras
questões além do alimento e, baseado nisto, necessitam de atuação em várias
frentes para chegar o mais próximo possível do objetivo de promover a
segurança alimentar e nutricional da população da cidade, especialmente aquela
em situação de insegurança alimentar e nutricional.
Partindo deste pressuposto, após uma longa discussão entre governo e
sociedade civil, em 2006 foi promulgada a Lei Orgânica de Segurança Alimentar
e Nutricional (Lei Federal nº 11.346) que define o termo como:
156
Além disso, a referida lei também instituiu o Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (SISAN), ao qual Curitiba aderiu mediante Resolução nº1
da CAISAN Nacional em 21/03/2016.
A Secretaria Municipal de Abastecimento (SMAB), recentemente renomeada
Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN) pela lei
municipal n° 15.461, é o órgão da Prefeitura de Curitiba responsável pela
execução da Política Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional do
Município de forma articulada e intersetorial. Desenvolve ações dirigidas a toda
população, norteadas pelos princípios da Segurança Alimentar e Nutricional.
Quando se trata de mensurar a Segurança Alimentar e Nutricional, há múltiplas
dimensões a serem consideradas:
De acordo com Kepple (2010, p. 5-6), a primeira dimensão se relaciona
a disponibilidade do alimento, que significa a oferta de alimentos para
toda população e depende da produção, importação (quando
necessária), sistemas de armazenamento e distribuição; a outra
dimensão é o acesso físico e econômico aos alimentos que significa a
capacidade de obter alimentos em quantidade suficiente e com
qualidade nutricional, a partir de estratégias cultural e socialmente
aceitáveis, além de depender da política de preços e da renda familiar;
a terceira dimensão é a utilização biológica dos alimentos pelo
organismo e o aproveitamento dos nutrientes, que é afetado pelas
condições sanitárias nas quais as pessoas vivem e produzem sua
comida, depende da segurança microbiológica dos alimentos e pode
ser afetado pelos conhecimentos, hábitos e escolhas sociais.
A quarta dimensão é decisiva para a definição da situação de
segurança ou insegurança alimentar das famílias. Trata-se da
estabilidade, que implica no grau de perenidade da utilização, acesso
e disponibilidade dos alimentos. Esta dimensão envolve a
sustentabilidade social, econômica e ambiental, e demanda o
planejamento de ações pelo poder público e pelas famílias ante
eventuais problemas que podem ser crônicos, sazonais ou
passageiros. (IBGE, PNAD 2013, Suplemento Segurança Alimentar,
p.25)
157
No âmbito da segurança alimentar e nutricional, os impactos das ações são
observados e mensurados indiretamente na saúde e qualidade de vida da
população.
158
4-131 – PERCENTUAL DE DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES COM
ABASTECIMENTO DE ÁGUA - REDE GERAL, EM CURITIBA, BRASIL E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2010
100
90
80
70
60
50 99,71 99,13 99,35
92,97
86,74
40 75,49 75,49
30
20
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte Brasil
98,61 99,13
100
97,21
90
80
159
ao dado divulgado no Censo Demográfico de 2010 realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), denotando o compromisso de
Curitiba na busca de atender os critérios propostos no ODS 6, meta 6.1, e
também do Plano Nacional de Segurança Alimentar – PLANSAN 2016-2019 em
seu Desafio 7 - Ampliar a disponibilidade hídrica e o acesso à água para a
população, em especial a população pobre no meio rural.
Em relação ao I Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de
Curitiba – PLAMSAN (2016-2019), existe um conjunto de ações que visam a
manutenção e aprimoramento da fiscalização em serviços de saneamento
básico e serviços de abastecimento de água, priorizando alternativas que
permitam a sustentabilidade dos serviços e que contribuam para a melhoria
gradativa da qualidade da água dos corpos hídricos/bacias hidrográficas. As
ações estão focadas na atuação da equipe de Vigilância em Saúde Ambiental
da Secretaria Municipal da Saúde, responsável pela execução de ações de
fiscalização da qualidade da água fornecida à população, através de coletas de
amostra e inspeções programadas, visando constatar o cumprimento dos
critérios legais pela empresa concessionária.
Salienta-se que o correto abastecimento de água, além de assegurar o acesso
a um recurso indispensável à vida, também é um fator de grande importância
para a garantia da segurança higiênico-sanitária e microbiológica dos alimentos.
160
necessidades nutricionais de meninas adolescentes, mulheres grávidas e
lactantes e pessoas idosas”.
Dando sequência à análise da situação da segurança alimentar e nutricional em
Curitiba, o grupo de indicadores a seguir busca traçar o perfil do consumo
alimentar e nutricional e seus impactos na saúde do curitibano.
O consumo de frutas e hortaliças colabora na prevenção de doenças
cardiovasculares e de câncer do aparelho digestivo, e a sua falta/diminuição
pode colaborar para os casos de sobrepeso e no aumento de casos de Doenças
Crônicas não Transmissíveis (DCNT). Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS) é recomendável a ingestão diária de pelo menos 400 gramas de
frutas e hortaliças, o que equivale, aproximadamente, ao consumo diário de
cinco porções desses alimentos.
Considerados alimentos marcadores de padrões saudáveis de alimentação, o
indicador percentual de adultos (≥ 18 anos) que consomem frutas e
hortaliças em cinco ou mais dias da semana, em Curitiba e capitais brasileiras
selecionadas registrou um aumento em todas as capitais no período
compreendido entre os anos de 2009 e 2018, segundo a Pesquisa de Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(VIGITEL), realizada pelo Ministério da Saúde.
Em 2018, a frequência de adultos que consomem regularmente frutas e
hortaliças variou entre 23,0% em Belém, e 44,1% em Belo Horizonte.
40
30
44,1 42,2
20 41,1
37,7 35,8
26,9
10 23,0
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas
161
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
80
70
60
47,6 45,5
50 42,7 43,9 44,3 42,2
37,1 35,4 37,4
40
30
20
10
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos privados de saúde
162
4-135 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL POR FREQUÊNCIA DE CONSUMO DE ALIMENTO MARCADOR DE
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (LEGUMES E/OU VERDURAS) EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2015
60
50
40
30
53,5
48,2
44,6
20 39,5 37,8
29,3 31,8
10
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras
A partir dos dados da PeNSE, observa-se que entre os anos de 2012 e 2015, o
percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental com
consumo alimentar de frutas maior ou igual a cinco dias nos sete dias
anteriores à pesquisa nas capitais brasileiras, apresentou aumento de 10,14%,
de 29,8% para 32,8%.
Em 2015 a menor proporção de escolares que consumiram frutas foi registrado
em Manaus, 26,2%, abaixo da média das capitais, 32,8%, e a maior proporção
em Belo Horizonte, 38,8%.
163
4- 136 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL COM CONSUMO ALIMENTAR MAIOR OU IGUAL A CINCO DIAS NOS
SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA (FRUTAS), EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2015
50
40
30
20 38,8
34,9 35,8
30,9 30,8
26,2 28,1
10
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras
Fonte: IBGE/PeNSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - 2015
70
60
50
40 34,9
29,3
30
20
10
164
período compreendido entre os anos de 2009 e 2017, segundo a Pesquisa
VIGITEL. Em 2018, este indicador não foi divulgado.
A queda no consumo desse alimento, uma das mais importantes fontes de
proteína, ferro, fibras e vitaminas do complexo B e carboidratos, presente no
cardápio de grande parte da população brasileira, pode ser um indicador da
substituição por produtos industrializados, dentre outros fatores.
Em 2017, a frequência de adultos que referem o consumo de feijão em cinco ou
mais dias da semana variou entre 31,9% em Manaus e 78,4% em Belo
Horizonte, abaixo da média das capitais brasileiras selecionadas, 52,17%.
70
60
50
40 78,4
73,0
30 55,7
47,9
20 38,4 39,9
31,9
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: no ano de 2018 não foi pesquisado.
165
4-139 – PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE CONSOMEM FEIJÃO EM CINCO OU
MAIS DIAS DA SEMANA, EM CURITIBA - 2009-2017
80
65,3 64,7 66,3 64,3
70 63,2 61,4
60
48,3 47,9
50
40
30
20
10
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
166
Em Curitiba a frequência de consumo no período de 2012 a 2015 variou de
56,4% para 52,0%, registrando queda de 7,73%.
70
56,4
60 52,0
50
40
30
20
10
167
produtos da agricultura familiar, a incorporação de alimentos minimamente
processados na pauta de produtos com maior valor agregado.
Além disso, foram realizadas ações em parceria com a Secretaria Municipal da
Educação (SME) para o aumento da aquisição de produtos da Agricultura
Familiar da Região Metropolitana de Curitiba para a alimentação escolar no
âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Nos anos de
2009, 2017 e 2018 foram repassados respectivamente 8,82%, 11,40% e 3,16%
do total da verba direcionada à merenda escolar para aquisição de produtos da
agricultura familiar, quando o valor estabelecido em lei federal16 é de, no mínimo,
30%. Em 2019, após adaptação dos cardápios à produção da região
metropolitana, este valor chegou a 29,63% no mês de dezembro.
Este dado é relevante, tendo em vista que os hábitos de consumo alimentar, em
especial dos escolares, estão diretamente relacionados à oferta. No período de
2012 a 2015, segundo a PeNSe, com exceção de Porto Alegre, todas as capitais
selecionadas apresentaram queda no percentual de escolares frequentando
o 9º ano do ensino fundamental, cuja escola oferece merenda escolar ou
almoço, assim como no conjunto das capitais brasileiras, que registrou queda
de 18,4%, de 83,9% para 68,5%.
Em 2015, a menor proporção de escolares cuja escola oferece merenda ou
almoço foi registrada em Belém, 55,0%, e a maior proporção em Porto Alegre,
83,6%.
16
A Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, determina que no mínimo 30% do valor repassado a
estados, municípios e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser utilizado na compra
de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou
de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades
tradicionais indígenas e as comunidades quilombolas.
168
4-142 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL, CUJA ESCOLA OFERECE MERENDA ESCOLAR OU ALMOÇO, EM
CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS - 2015
100
90
80
70
60
50
40 83,6
74,8 72,7 73,5
30 61,2 59,2
55,0
20
10
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras
90 83,9
80 72,7
70
60
50
40
30
20
10
169
apresentou aumento de 29,93%, de 23,9% para 31,0%, entre as capitais
brasileiras. Dentre as capitais analisadas, a maior variação registrada no período
foi em Goiânia com aproximadamente 262% de crescimento, de 13,4% para
48,4%.
Em 2015, Goiânia, 48,4%, Belo Horizonte, 36,1% e Porto Alegre, 34,5%,
apresentaram percentuais acima da média das capitais, 31,0%. Curitiba
registrou 28,6%.
40
30
48,4
20 36,1
34,5
28,6 29,9
10 22,5
17,8
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capítais Brasileiras
170
4-145 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL, QUE COSTUMAM COMER A COMIDA OFERECIDA PELA ESCOLA, EM
CURITIBA - 2012-2015
80
70
60
50
40
28,6
30
20 15,0
10
171
No complexo produtivo haverá composteira, estufa, “telhados verdes”, quintais
produtivos e hortas verticais e horizontais com as mais variadas técnicas de
cultivo, além de canteiros de plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e
plantas medicinais e os Jardins de Mel, com abelhas nativas sem ferrão. O
espaço contará também com restaurante escola, banco de alimentos e
infraestrutura para eventos e treinamentos.
Em relação a outras ações de promoção à saúde, são realizadas campanhas
direcionadas à orientação nutricional da população, como as recentes
“Campanha Comida de Verdade” e o programa “Escute seu Coração” da
Secretaria Municipal da Saúde.
No que diz respeito ao acesso, são ofertados alimentos a preços, em média,
abaixo daqueles praticados no varejo, em equipamentos como Sacolões e
Nossa Feira, que possuem uma política de oferta de frutas e hortaliças a preço
único; e o programa Armazém da Família, que beneficia famílias com renda de
até cinco salários mínimos.
Com o intuito de levantar informações sobre o consumo alimentar da população,
a Pesquisa VIGITEL realiza o monitoramento dos marcadores de padrões não
saudáveis de alimentação, como carnes com excesso de gordura, alimentos
industrializados/ultraprocessados salgados, guloseimas e refrigerantes.
O excesso no consumo de gordura animal aumenta o risco para as DCNT,
(doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, hipertensão, etc), elevando-se
quando associadas ao tabagismo, consumo de álcool e sedentarismo.
Em 2016, o percentual de adultos (≥ 18 anos) que costumam consumir
carnes com excesso de gordura variou entre 27,0% em Manaus e 38,0% em
Goiânia e Belo Horizonte.
No período de 2009 a 2016 o percentual de indivíduos que referiram consumir
carne vermelha ou de frango/galinha com a gordura ou pele, registrou queda,
sobretudo a partir de 2011 em seis das sete capitais selecionadas, com aumento
apenas em Recife.
172
4-146 – PERCENTUAL DE ADULTOS (≥ 18 ANOS) QUE COSTUMAM CONSUMIR CARNES
COM EXCESSO DE GORDURA, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS SELECIONADAS
- 2016
50
40
30
20 38,0 38,1
31,5 32,6
28,5 27,0 28,0
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
80
70
60
50 39,9 39,0 37,0
40 32,5 32,0 32,7 31,5
30
20
10
0
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos privados de saúde.
173
Entre os sexos, o consumo de carne com excesso de gordura é maior entre os
homens correspondendo a 45,5%, enquanto entre as mulheres é de 19,3%.
Quanto ao percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino
fundamental por frequência de consumo de alimento marcador de
alimentação não saudável (alimentos industrializados/ ultraprocessados
salgados) nos sete dias anteriores à PeNSe, em 2015, 34,0% dos escolares
entrevistados das capitais brasileiras afirmou que consumiu este tipo de
alimento.
Entre as capitais selecionadas, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba
registraram valores correspondentes a 44,4%, 39,2%, 34,6% e 34,4%,
superiores à média das capitais brasileiras.
40
30
44,4
20 39,2
34,6 34,4 32,7
27,8 28,0
10
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras
174
4-149 – PERCENTUAL DE ESCOLARES FREQUENTANDO O 9º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL COM CONSUMO DE GULOSEIMAS MAIOR OU IGUAL A CINCO DIAS NOS
SETE DIAS ANTERIORES À PESQUISA, EM CURITIBA E CAPITAIS BRASILEIRAS
SELECIONADAS - 2015
50
40
30
10
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
80
70
60
50 44,4 42,9
40
30
20
10
175
alimentar maior ou igual a cinco dias nos sete dias anteriores à PeNSe
(refrigerante), de 35,4% para 33,2%, embora todas as capitais selecionadas
tenham apresentado aumento no consumo.
Em 2015, a proporção de escolares que consumiu refrigerante variou de 29,9%
em Belém para 42,3% em Porto Alegre.
40
30
20 40,6 42,3
35,1 36,4
33,2 32,2
29,9
10
0
Belém. Belo Curitiba. Goiânia. Manaus. Porto Alegre. Recife.
Horizonte.
Capitais Brasileiras
80
70
60
50
40 32,2
26,0
30
20
10
0
176
4.4.6.3 Segurança Alimentar e Nutricional – Perfil Nutricional
10
10,64
9,04 8,64 8,91 9,50 8,42
7,97
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Brasil
Fonte: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos
(SINASC). Brasília: DF
Nota: Número de nascidos vivos com peso ao nascer inferior a 2.500 g
177
4-154 – PROPORÇÃO DE NASCIDOS VIVOS DE BAIXO PESO AO NASCER, EM CURITIBA -
2000-2016
80
70
60
50
40
30
20
8,94 9,13 8,44 8,69 8,82 8,62 8,64
10
Fonte: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos
(SINASC). Brasília: DF
Nota: Número de nascidos vivos com peso ao nascer inferior a 2.500 g
178
4-155 – PERCENTUAL DE ADULTOS COM EXCESSO DE PESO, EM CURITIBA E CAPITAIS
BRASILEIRAS SELECIONADAS - 2018
70
60
50
40
10
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: IMC ≥ 25 kg/m²
80
70
40
30
20
10
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: IMC ≥ 25 kg/m²
Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos privados de saúde
179
A obesidade é diagnosticada quando o valor do Índice de Massa Corpórea (IMC)
é igual ou superior a 30 kg/m2, sendo um indicador de risco para a saúde com
várias complicações metabólicas, e, assim como o excesso de peso, reflete as
mudanças de hábitos alimentares e comportamentais da população.
Estes resultados interferem diretamente na incidência das Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes mellitus e hipertensão arterial
sistêmica, que atingem 6,8% e 21,6% da população de Curitiba respectivamente
(VIGITEL, 2018), bem como a osteoartrite, doenças respiratórias/circulatórias,
coronarianas, distúrbios psicológicos, entre outros.
Dentre as consequências da obesidade estão o risco de morte, os elevados
custos para o sistema de saúde e socioeconômicas (perda de renda pela baixa
produtividade).
Em 2018, segundo a Pesquisa VIGITEL, o percentual de adultos com
obesidade nas sete capitais selecionadas, variou entre 16,0% em Curitiba e
23,0% em Manaus.
No período de 2009 a 2017, todas as capitais selecionadas apresentaram
aumento no percentual de adultos com obesidade, sendo a maior delas
registrada em Belém, 61,7%.
20
23,0 21,9
10 20,7 20,6
17,2 16,0 16,5
0
Belém Belo Curitiba Goiânia Manaus Porto Alegre Recife
Horizonte
Capitais Brasileiras Selecionadas
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: IMC ≥ 30 kg/m²
180
Manaus foi a capital com a maior frequência de homens obesos, com 27%. Já
entre as mulheres, Recife foi a capital com maior frequência, contabilizando 23%.
No período entre 2009 e 2018, Curitiba apresenta aumento de 24%, de 12,9%
para 16,0%.
80
70
60
50
40
30
17,7 17,6 18,8 18,9 18,1
16,2 16,3 16,0
20 12,9
10
Fonte: Ministério da Saúde, SVS. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, VIGITEL. Brasília: DF
Nota: IMC ≥ 30 kg/m²
Excluída da série o ano de 2015, pois a pesquisa foi realizada com beneficiários de planos privados de saúde
181
A alimentação e a nutrição são requisitos básicos para a promoção e a proteção
da saúde e qualidade de vida, porém é preciso ir além do modelo biomédico e
criar políticas capazes de transpassar gestões. Estas ações representam apenas
alguns dos aspectos relacionados à SAN, que envolve também questões
relacionadas ao desperdício de alimentos, cultura alimentar, geração de trabalho
e renda, necessidades alimentares especiais, destinação de resíduos,
publicidade direcionada a produtos ultraprocessados, uso de agrotóxicos,
participação social, entre outros.
Desta forma, as soluções devem ser baseadas num trabalho integrado entre os
diferentes atores da Administração Municipal e também entre as diferentes
instâncias (Região Metropolitana, Município, Regionais, Comunidades, Famílias,
Indivíduos), prevendo a aproximação do poder público e sociedade; promovendo
a construção de ações transversais e articuladas com representantes do
governo, iniciativa privada e organizações da sociedade civil, contemplando as
necessidades desde o menor nível territorial até as demandas coletivas da
cidade.
Contudo, foi publicado, por meio do Decreto Municipal nº 1.706 em 19 de
dezembro, o II Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional
(PLAMSAN) de Curitiba, com vigência de 2020 a 2023, composto por ações a
serem executadas por órgãos e secretarias que compõem a CAISAN e demais
parceiros da SMSAN, com metas a serem cumpridas e indicadores a serem
alcançados, buscando promover a segurança alimentar e nutricional da
população de Curitiba.
A elaboração deste Plano, que contou com uma metodologia participativa,
envolveu atores públicos e privados, organizações sociais e a comunidade.
Foram realizados encontros com os representantes técnicos da Câmara
Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional de Curitiba (CAISAN),
secretários e presidentes dos órgãos/entidades que compõem esta Câmara, e a
população. Destes encontros, surgiram as reais necessidades e demandas para
formatar o II PLAMSAN.
As demandas legítimas oriundas de sete encontros foram transformadas em
ações e classificadas dentro das metas e indicadores dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS).
182
Todas estas ações deverão estar entrelaçadas à Política Municipal de
Segurança Alimentar e Nutricional, cuja função será dar suporte para sua
execução à Câmara Municipal de Vereadores de Curitiba, norteando a SAN no
município e facilitando que este tema seja institucionalizado na Prefeitura de
Curitiba como uma política pública permanente.
183
PLANO SETORIAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
DIAGNÓSTICO (versão preliminar)
Sumário
1
4.5 CARACTERIZAÇÃO SOCIOTERRITORIAL
2
destes mesmos serviços se apresentam. Dessa forma, o direito a ter
direito é expresso ou negado, abnegado ou reivindicado a partir de
lugares concretos...” (KOGA, 2003, p.33).
1
Dentre as Instituições multilaterais tem-se: OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico; UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura; FAO –
Organização das Nações Unidades para a Alimentação e a Agricultura; OIT – Organização Internacional
do Trabalho; OMS – Organização Mundial da Saúde; entre outras.
3
um descompasso entre o desenvolvimento ou crescimento econômico e a
melhoria das condições de vida da população em diferentes países (VIEIRA,
2005).
4
relevância social, validade e confiabilidade2, que transmitissem maior confiança
e aumentassem sua potencialidade.
2
Para detalhamento sobre as propriedades e formas de classificação dos indicadores sociais, pesquisar
em JANUZZI (2001).
3
UDH – As UDHs são áreas menores que bairros nos territórios mais populosos e heterogêneos,
permitindo desagregações estatísticas em áreas cujos setores censitários não dispõem de informações
suficientes para tanto.
5
Censo 2010. Ainda foram utilizados a Base de Dados do Cadastro Único para
Programas Sociais do Governo Federal referente ao mês de junho de 2019, a
Pesquisa da UFPR em 20174 que analisa a desigualdade socioespacial em
Curitiba em termos de infraestrutura domiciliar e urbana, serviços públicos e de
transporte coletivo e renda com base em indicadores do IBGE, IPPUC e URBS
e dados da violência cartografados para o Plano de Defesa Social e de
Mobilidade proveniente da Pesquisa origem e destino/2017.
4
BITTENCOURT, Tainá Andreoli. Desigualdade socioespacial, planejamento urbano e distribuição de
recursos públicos em Curitiba: Uma análise a partir da infraestrutura urbana. UFPR, 2017.
5
Para detalhamento sobre os indicadores, variáveis, método e técnica de análise utilizada para evidenciar
a precariedade urbana, verificar BITTENCOURT (2017).
6
Como o objetivo desta análise é realizar um diagnóstico, mas também prospectar
a demanda, o percurso de análise das informações territorializadas buscou
considerar a distribuição dos grupos populacionais selecionados em relação aos
totais absolutos ou proporção e densidade e ainda as condições em que vivem.
Para analisar as condições de vida da população optou-se por incluir nos mapas
questões relacionadas à infraestrutura, como a existência de ocupações
irregulares, a distância em relação ao centro da cidade e os principais eixos
viários e terminais de transporte.
Os principais eixos viários por sua vez, são considerados condições de acesso
às áreas que concentram comércios, serviços e equipamentos públicos, pois
possibilitam à população deslocar-se para fazer uso para trabalho e acesso a
serviços. Além disso, concentram também os investimentos públicos e a melhor
infraestrutura urbana e domiciliar, de serviços públicos, transporte coletivo e
renda.
4.5.2.1 IDOSOS
8
FIGURA 4-160 – Pirâmide Etária de Curitiba - 2030
1
FIGURA 4-161 - Proporção de pessoas com 60 anos ou mais por setor censitário
no Município de Curitiba – 2010.
2
A razão entre o segmento etário da população definido como economicamente
dependente (pessoas de 0 a 14 anos ou 60 anos ou mais) e o segmento etário
potencialmente produtivo ou em idade ativa (entre 15 e 59 anos) é denominada
Razão de Dependência. A Razão de Dependência é considerada um indicador
importante para a calibragem das políticas públicas de previdência, educação,
saúde e trabalho, pois acompanha a evolução do grau de dependência
econômica de uma população, e sinaliza o processo de rejuvenescimento ou
envelhecimento populacional. Ainda, a Razão de Dependência pode ser dividida
entre razão de dependência de jovens (calculada em relação à população de 0
a 14 anos) e a razão de dependência de idosos (calculada em relação à
população de 60 anos ou mais).
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: Setor de Monitoração – IPPUC
4
Em termos absolutos, o bairro CIC se destaca como bairro com maior quantidade
de pessoas idosas. Isso se dá devido a sua extensão – é o bairro mais extenso
da cidade, e é densamente povoado. Todavia, esta distribuição não é uniforme,
haja vista que o bairro também concentra muitas indústrias e empresas de
grande porte.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: Setor de Monitoração – IPPUC
6
FIGURA 4-164 – Densidade populacional de idosos, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e equipamentos municipais de Segurança
Alimentar e Nutricional no Município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
7
FIGURA 4-165 – Densidade populacional de idosos, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e equipamentos municipais de Esporte e
Lazer no município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
8
Nos mapas apresentados (FIGURA 4-163 - Densidade populacional de idosos,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares e equipamentos
de Saúde no município de Curitiba), a saúde apresenta uma rede de atendimento
bastante capilarizada, distribuída por todo território municipal, alcançando as
áreas com maior concentração de idosos. De forma complementar à saúde,
garantir condições de acesso a política de Segurança Alimentar (FIGURA 4-164
- Densidade populacional de idosos, principais eixos viários, localização das
ocupações irregulares e equipamentos municipais de Segurança Alimentar e
Nutricional no Município de Curitiba) é importante para favorecer o
envelhecimento saudável a partir da oferta de alimentação de qualidade a preços
subsidiados e, portanto, acessíveis.
9
FIGURA 4-166 – Concentração de idosos com renda de até ½ salário mínimo
per capita – CadÚnico 2019 no Município de Curitiba.
Fonte: Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, ref. Jul/ 2019
Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento
10
Neste mapa é possível observar que a concentração de idosos com renda de
até ½ salário mínimo per capita está localizada nas regiões mais periféricas e
também nas áreas de ocupação irregular6.
Observa-se que este público acaba por ser majoritariamente atendido pelas
políticas que compõem este plano setorial, daí a importância de localizá-lo para
subsidiar a atuação territorializada.
6
Nota: O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal é considerado uma importante
ferramenta para mapear famílias em situação de vulnerabilidade social, especialmente devido à baixa
renda, haja vista que é a partir deste cadastro que se dá o acesso ao Programa de Transferência de Renda
Bolsa-Família. Ele também é utilizado por outros programas sociais como a Tarifa Social de Energia Elétrica
e de Água e também pela COHABCT – Companhia de Habitação Popular de Curitiba para cadastramento
das famílias que residem em áreas de ocupação irregular.
11
FIGURA 4-167 - Proporção de pessoas com 0 a 3 anos por setor censitário no
Município de Curitiba – 2010.
12
FIGURA 4-168 - Proporção de pessoas com 4 a 5 anos por setor censitário no
Município de Curitiba – 2010.
13
FIGURA 4-169 - Proporção de pessoas com 6 a 10 anos por setor censitário no
Município de Curitiba – 2010.
14
FIGURA 4-170 - Proporção de pessoas com 11 a 14 anos por setor censitário
no Município de Curitiba – 2010.
15
FIGURA 4-171 – Proporção de Dependentes jovens (0 a 14 anos) por setor
censitário no Município de Curitiba – 2010.
16
Apesar do crescimento do número de idosos, o contingente de crianças e
adolescentes de 0 a 14 anos continua significativo, mantendo a demanda por
políticas públicas de atendimento.
4.5.2.3 MULHERES
7
O bônus demográfico pode ser entendido como uma janela de oportunidade devido a estrutura etária
da população, mais especificamente, em momentos onde há uma redução da razão de dependência, em
decorrência de uma maior proporção de pessoas em idade produtiva e uma menor proporção de pessoas
17
há uma relação bastante direta com o gênero, como demonstrado por Alves no
mesmo texto.
em idades dependentes (idosos e crianças) (Lee e Mason, 2004; Rios-Neto, 2005; Turra e Queiroz, 2005;
Alves e Bruno, 2006; Alves, 2016)
8
População Economicamente Ativa (PEA): pessoa que tinha trabalho durante todo ou parte do período
de referência (últimos 12 meses), ainda que não o houvesse exercido nesse período por motivo de férias,
licença, greve, etc. ou ainda pessoa sem trabalho, mas que havia tomado alguma providência para
conseguir trabalho no período de referência. (IBGE)
18
pelas mulheres era em média 9,1 horas a mais do que os homens, enquanto o
tempo dedicado ao mercado de trabalho pelas mulheres era, em média, de 3,4
horas a menos que os homens.
Neste dado destacaram-se os bairros Centro, Alto da Rua XV, Santo Inácio e
São Miguel. Como no mapa foi considerada a categoria “sem rendimentos”,
pode-se inferir que, nos bairros mais centrais, como a concentração de idosos
também é maior, influiu neste resultado a situação das mulheres idosas
responsáveis familiares que recebem benefícios previdenciários. Já nos bairros
onde a proporção de pessoas com idade até 14 anos é significativa e,
consequentemente, a razão de dependência de jovens é maior, a combinação
deste fator com a concentração de mulheres responsáveis familiares com renda
até ½ salário mínimo denota que há famílias com número significativo de
dependentes nesta faixa de renda, o que se configura vulnerabilidade social.
19
FIGURA 4-172 – Mulheres responsáveis familiares com rendimento mensal de
até ½ salário mínimo, terminais de transporte, localização das ocupações
irregulares no Município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
20
Como já mencionado anteriormente, para a inclusão da mulher no mercado de
trabalho e assim propiciar a superação da vulnerabilidade social decorrente da
baixa renda, é necessária a existência de vagas em creches e escolas a fim de
garantir o cuidado dos filhos enquanto a mulher se dedica a atividades voltadas
à geração de renda.
21
FIGURA 4-173 – Densidade populacional de mulheres responsáveis familiares
com rendimentos mensais de até ½ salário mínimo, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e concentração de Centros Municipais de
Educação Infantil no Município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
22
FIGURA 4-174 – Densidade populacional de mulheres responsáveis familiares
com rendimentos mensais de até ½ salário mínimo, principais eixos viários,
localização das ocupações irregulares e concentração de Escolas Municipais no
Município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
23
O Atlas do Desenvolvimento Humano utilizou como indicador o percentual de
mães chefes de família sem fundamental completo e com filho menor de 15 anos
como indicador de vulnerabilidade. Se utilizarmos os mesmos parâmetros,
porém no âmbito do CadÚnico, que é uma base que mapeia as famílias
vulneráveis e está atualizada em junho de 2019, essas mulheres representam
75% do total de mulheres (acima de 18 anos) cadastradas e obtemos o Mapa
“Concentração de mulheres responsáveis familiares sem ensino fundamental
completo, com filho menor de 15 anos no Município de Curitiba – 2019” (FIGURA
4-175).
Importante ressaltar que é uma das normativas deste cadastro priorizar mulheres
como responsáveis familiares, haja vista que as mulheres historicamente
assumem a responsabilidade pelo cuidado de filhos e outros dependentes e
apresentam menos alternância de núcleo familiar (cadastro familiar) se
comparadas aos homens.
24
FIGURA 4-175 – Concentração de mulheres responsáveis familiares sem
ensino fundamental completo, com filho menor de 15 anos no Município de
Curitiba – 2019.
Fonte: Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, ref. Jun/ 2019
Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento
25
As mulheres responsáveis familiares, sem fundamental completo e com filho
menor de 15 anos estão concentradas nas regiões periféricas do município,
muitas delas em áreas de ocupações irregulares ou áreas de ocupação mais
recente.
26
Este segmento da população representa o potencial que o município tem de
trilhar um caminho original de desenvolvimento e de melhoria substancial da
riqueza que é produzida. Trata-se de grupo extenso, heterogêneo, transitando
diversas situações sociais, portador de futuro, mas, também, vítima da violência,
da precarização laboral e do desemprego.
27
FIGURA 4-176 – Concentração de jovens de 15 a 29 anos, principais eixos
viários e localização das ocupações irregulares no Município de Curitiba – 2010.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
28
O diagnóstico comunitário indicou a necessidade de ampliar a oferta de
equipamentos integrais ou que ofereçam atividades no contraturno, como forma
de retirar a criança e o jovem da rua e de promover atividades de capacitação
para o mercado de trabalho, para fazer frente à ociosidade e atrair este público,
seja com equipamentos relacionados à prática esportiva ou a preparação para o
mercado de trabalho, distanciando-os da criminalidade, observação que ganhou
destaque nas regionais Pinheirinho, Bairro novo, Cajuru e na então futura
regional Tatuquara.
29
FIGURA 4-177 – Densidade populacional de jovens de 15 a 29 anos, principais
eixos viários, localização das ocupações irregulares e equipamentos de esporte
e lazer no município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
30
FIGURA 4-178 – Densidade populacional de jovens de 15 a 29 anos, principais
eixos viários, localização das ocupações irregulares e equipamentos de cultura
no município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
31
Acompanhando uma percepção manifestada no Diagnóstico Comunitário, os
equipamentos de cultura municipais estão concentrados no centro, exigindo da
população seu deslocamento para acessá-los. Sete regionais apontaram a
necessidade de mais investimentos na área cultural, seja para garantir o acesso
da população, como no caso das regionais Boa Vista, Cajuru, CIC, Pinheirinho
e Boqueirão e até para desenvolver potencialidades locais, como no Bairro Novo
e Santa Felicidade. As regionais Matriz e Portão, por sua vez, destacaram as
vantagens de dispor de espaços culturais públicos e privados, citando-se a
criação de empregos na regional Matriz, por exemplo.
9
Taxa de participação na força de trabalho é a porcentagem de pessoas, quer empregadas quer em
busca ativa de trabalho, em relação ao número total de pessoas na respectiva faixa etária.
32
maneira tranquila, saudável e produtiva. O futuro do país depende da
inserção social e da boa qualidade de vida das novas gerações”
(CAMARANO; KANSO, 2012).
33
FIGURA 4-179 - Jovens de 15 a 24 anos que não estudam, não trabalham e
são vulneráveis no Município de Curitiba – 2019.
Fonte: Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, ref. Jul/ 2019
Elaboração: IPPUC - Setor de Geoprocessamento
34
Neste mapa é possível observar que a concentração de jovens de 15 a 24 anos
que não estudam e não trabalham cadastrados está localizada nas regiões mais
periféricas e também nas áreas de ocupação irregular10.
10
Nota: O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal é considerado uma importante
ferramenta para mapear famílias em situação de vulnerabilidade social, especialmente devido à baixa
renda, haja vista que é a partir deste cadastro que se dá o acesso ao Programa de Transferência de Renda
Bolsa-Família. Ele também é utilizado por outros programas sociais como a Tarifa Social de Energia Elétrica
e de Água e também pela COHABCT – Companhia de Habitação Popular de Curitiba para cadastramento
das famílias que residem em áreas de ocupação irregular.
35
em Curitiba no ano de 2019 segundo a PNAD era de R$3.813,00, enquanto que
no Brasil este valor corresponde a R$ 2.340,00.
36
FIGURA 4-180 – Renda média da população por setor censitário no Município
de Curitiba - 2010
37
As regiões que concentram as maiores rendas médias estão localizadas nas
áreas próximas ao centro e na região oeste.
38
FIGURA 4-181 – Concentração de pessoas com renda de até ½ salário mínimo
per capita, principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no
município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
1
FIGURA 4-182 – Densidade populacional de pessoas com renda de até ½ salário
mínimo per capita, principais eixos viários e localização das ocupações
irregulares no município de Curitiba.
Fonte: Censo Demográfico 2010/ IPPUC – Ocupações Irregulares 2016 e SEUC 2020
Elaboração: IPPUC - Setor de Monitoração
2
A renda está preponderantemente relacionada à inserção no mercado de
trabalho. O dado disponibilizado pelo Censo 2010 sobre a inserção no mercado
de trabalho foi desagregado em Unidades de Desenvolvimento Humano – UDHs
pelo IPEA, em 2013. As UDHs são áreas menores que bairros nos territórios
mais populosos e heterogêneos, permitindo desagregações estatísticas em
áreas cujos setores censitários não dispõem de informações suficientes para
tanto.
3
FIGURA 4-183 – Percentual de pessoas de 18 anos ou mais ocupadas,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no Município de
Curitiba.
1
FIGURA 4-184 – Percentual de pessoas ocupadas sem carteira de trabalho
assinada, principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no
Município de Curitiba.
2
Observando-se estes mapas é possível observar que as pessoas das áreas mais
distantes do centro estão mais vulneráveis à baixa renda, todavia isso não se
dava por desocupação, mas por baixa remuneração, que pode estar combinada
a outros fatores, como famílias com muitos dependentes e inserção informal ou
precarizada no mercado de trabalho por exemplo. Note-se ainda que o centro de
Curitiba, apesar de não se destacar no percentual de pessoas ocupadas,
destaca-se na concentração de pessoas ocupadas sem carteira de trabalho
assinada.
4.5.2.6 ESCOLARIDADE
3
FIGURA 4-185 – Percentual de pessoas com 18 anos ou mais e ensino
fundamental completo, principais eixos viários, localização das ocupações
irregulares no Município de Curitiba.
4
As áreas que concentram maiores percentuais de escolaridade por UDH estão
nas áreas centrais, coincidindo também com a área com maior renda média.
5
FIGURA 4-186 – Percentual de frequência escolar ao ensino básico, principais
eixos viários e localização das ocupações irregulares no Município de Curitiba.
6
Promover a inclusão social, o bem-estar e o acesso equitativo da população às
condições que propiciam a qualidade de vida demanda o enfrentamento de
condições que vulnerabilizam e ampliam o custo de reprodução social 11,
precarizando a vida das pessoas em múltiplas dimensões, inclusive geracionais.
Destacam-se a mobilidade, a moradia e o meio ambiente e a infraestrutura para
análise de condições essenciais para o Desenvolvimento Socioterritotrial.
11
O custo de reprodução social deve ser pensado de forma associada ao custo de vida da população,
porém analisado a partir das vantagens e desvantagens decorrentes do local em que moram e do acesso
à cidade e aos benefícios da urbanização, considerando que as condições concretas para realização da
vida nos territórios são marcadas pelo acesso à infraestrutura e aos serviços públicos coletivos, ao
transporte público, à moradia adequada e à renda.
7
Silva (2019) no Seminário de Políticas Públicas e Desenvolvimento Urbano
organizado pelo IPPUC para subsídio à elaboração dos Planos Setoriais.
FONTE: BITTENCOURT (2017), DUDA (2016); TEXEIRA (2016); URBS (2016); MAKOSVSKI
(2017).
Elaboração: Madianita Nunes da Silva (2019).
8
coletivo em relação a acessibilidade desempenhada principalmente pelo eixo
BRT, que se caracteriza também pela conexão do local de moradia a todas as
outras áreas e, principalmente ao centro da cidade, facilitando o acesso das
pessoas a cidade e aos diversos elementos urbanos12.
12
Elementos urbanos são objetos e dispositivos públicos ou privados instalados nas cidades com o
propósito de oferecer serviços ao ambiente público. Nesta caracterização, moradia, serviços, públicos de
consumo coletivo, infraestrutura urbana, transporte coletivo, espaços e equipamentos públicos, em sua
maioria, construídos pelo poder público dão a dimensão do que é elemento urbano acessado ou não pela
população.
9
combinação de diferentes elementos socioeconômicos e de infraestrutura
influem nas condições concretas de realização da vida cotidiana na cidade.
Cabe esclarecer que os conjuntos de bairros com alta ou baixa precariedade não
são estabelecidos a partir de parâmetros absolutos que caracterizam níveis
adequados ou mínimos de acesso ou provisão de serviços, até porque em alguns
bairros caracterizados como de alta precariedade há áreas de restrição de
ocupação como demarcados no mapa de infraestrutura produzido pelo IPPUC
(FIGURA 4-188 - Índice de Infraestrutura Básica no Município de Curitiba – 2017)
e, nessas áreas, a configuração espacial que se considera adequada é
diferenciada das demais.
13
Bittencourt (2017) classifica os 75 bairros da cidade utilizando a análise de cluster para cada grupo
isolado e posteriormente para o conjunto de todas as variáveis e ainda o método Ward para diferenciação
dos aglomerados, resultando nos piores desempenhos representados pelo alto nível de precariedade e a
última posição.
14
A condição de renda, embora não se configure como um indicador direto de infraestrutura é um fator
fundamental para o consumo de bens e serviços, para acesso à moradia adequada e para deslocamento
na cidade. (BITTENCOURT, 2017)
10
FIGURA 4-188 – Índice de Infraestrutura Básica no Município de Curitiba – 2017
11
e compararmos o mapa de Precariedade Urbana, Eixo do BRT e Produção da
COHAB (FIGURA 4-187) com o mapa obtido a partir da aplicação do Índice de
Infraestrutura Básica no Município de Curitiba (FIGURA 4- 188)15, elaborado pelo
IPPUC em 2017, observa-se que há muitas coincidências nas informações.
15
O índice foi elaborado a partir de sete indicadores: Coleta de esgoto, drenagem, iluminação pública,
sistema viário e pavimentação, calçadas, infraestrutura para transporte coletivo e espaços públicos.
12
Butiatuvinha, Boqueirão, Capão da Imbuia, Capão Raso, Fazendinha, Guaíra,
Lindóia, Novo Mundo, Parolin, Santa Cândida, Uberaba, Xaxim, e estão
localizados em sua maioria nos limites da região norte com as cidades
metropolitanas e ao sul da região central.
Apesar de condições melhores do que o primeiro grupo possui condições
desfavoráveis ao desenvolvimento social e urbano marcadas, principalmente,
pela renda e pelo acesso ao transporte público.
O Diagnóstico Comunitário retrata ainda que as áreas mais vulneráveis quanto
à renda coincidem com as áreas de ocupação irregular na porção periférica ao
sul da Regional Boqueirão, coincidindo com as áreas próximas aos recursos
hídricos (Rio Iguaçu, Rio Belém e Ribeirão dos Padilhas), no bairro Uberaba pela
existência de famílias em condição de vulnerabilidade social, carentes de
infraestrutura e equipamentos públicos, bem como suscetíveis a riscos
socioambientais e nas áreas na porção sul do bairro Xaxim onde demarcam a
falta de atendimento da população por serviços públicos.
No terceiro grupo está 14,89% da população da cidade, residente em 10 bairros
situados a 10km do centro de Curitiba: Boa Vista, Fanny, Hauer, Orleans,
Pilarzinho, Santa Felicidade, Santa Quitéria, São Brás, Taboão, Tingui.
À medida que os bairros vão se aproximando da centralidade da cidade, a
infraestrutura urbana e domiciliar vai aumentando, a mobilidade melhora e a
renda aumenta, produzindo um ambiente urbano com melhores condições de
vida para as pessoas que moram no terceiro, quarto e quinto grupo.
A área mais central da cidade, formada pelos bairros Centro, Rebouças e São
Francisco, une-se aos bairros Bacacheri, Bom Retiro, Campina Do Siqueira,
Campo Comprido, Cascatinha, Guabirotuba, Jardim Botânico, Jardim das
Américas, Mercês, Portão, Santo Inácio, São João, São Lourenço, Tarumã, Vila
Izabel e Vista Alegre no quarto grupo, onde a renda e o acesso ao transporte
público são elementos de maior necessidade na classificação geral destes 19
bairros que abrangem 30,92% da população.
O grupo populacional mais bem servido da infraestrutura urbana e domiciliar e
de mais alta renda abrange 22,62% da população e reside em 14 bairros: Água
Verde, Ahú, Alto da Glória, Alto da Rua XV, Batel, Bigorrilho, Cabral, Centro
Cívico, Cristo Rei, Hugo Lange, Jardim Social, Juvevê, Mossunguê e Seminário.
A população destes bairros reside na cidade com as melhores condições de
13
moradia, infraestrutura, renda e acessibilidade, sendo o transporte público
coletivo o elemento de maior diferenciação, em que pese o indicativo de serem
as áreas da cidade maior motorização individual e, portanto, de menor uso do
transporte coletivo.
As maiores diferenças intraurbanas estão postas na contraposição entre o grupo
populacional que reside nos bairros centrais com condições de moradia, de
infraestrutura e de renda mais alto do que no restante da cidade, e os grupos
populacionais que residem nos dois conjuntos de bairros periféricos com menor
condição de infraestrutura urbana e domiciliar.
Neste contraste, destacaram-se questões que compareceram no Diagnóstico
Comunitário, na Contextualização das Políticas que compõem o Plano Setorial
de Desenvolvimento Social e nesta Caracterização Socioterritorial, como
segurança, infraestrutura urbana e domiciliar, desenvolvimento cultural e
econômico, moradia, mobilidade e meio ambiente, cuja relação com o
Desenvolvimento Social será brevemente apresentada a seguir.
14
Quando se trata de violência, o público jovem se destaca como reconhecida
prioridade, haja vista que 54,1% das pessoas mortas por homicídios no Brasil
em 2017 eram jovens, segundo o Atlas da Violência 2017. Da mesma forma, os
homicídios são a principal causa de mortes de jovens de 15 a 29 anos desde
1980, alcançando proporções consideradas endêmicas a partir de 2015,
segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, produzido pelo IPEA e
Secretaria Nacional de Juventude em 2017.
Analisando a situação de violência mencionada a partir de dados dos homicídios,
como demonstrado no mapa “Número de jovens vítimas fatais por bairro de
Curitiba em 2018” (FIGURA 4-189), pode-se constatar que há bairros onde os
maiores percentuais de jovens vítimas de homicídios coincidem com fatores
como menores índices de infraestrutura urbana e domiciliar, distribuição de
pessoas com renda de até ½ salário mínimo, principais eixos viários e
localização das ocupações irregulares no município de Curitiba (FIGURA 4-181
- Concentração de pessoas com renda de até ½ salário mínimo per capita,
principais eixos viários e localização das ocupações irregulares no município de
Curitiba), maiores percentuais de pessoas ocupadas sem carteira de trabalho
assinada (FIGURA 4-184 - Percentual de pessoas ocupadas sem carteira de
trabalho assinada, principais eixos viários e localização das ocupações
irregulares no Município de Curitiba), além de serem esses jovens os que mais
utilizam o transporte não motorizado16.
16
Dados provenientes do Diagnóstico do Plano de Mobilidade.
15
FIGURA 4-189 – Número de Jovens Vítimas Fatais por Bairro de Curitiba em
2018.
16
Portanto, esses territórios requerem políticas articuladas de atenção integral e
voltadas ao desenvolvimento econômico e urbano local, com prevenção à
violência, melhoria da infraestrutura, e ações de valorização da diversidade
cultural e pertencimento à cidade, atividades de esporte e lazer voltadas ao
fortalecimento de vínculos sociais e comunitários e protagonismo juvenil, entre
outros.
17
Dados produzidos pelo Setor de Monitoração do IPPUC.
18
Conforme gráfico elaborado por Marília Hildebrand/Mobilize apresentado por FARIAS, J. R. V na
palestra “Mobilidade e Planejamento Urbano: Novos e velhos desafios” proferida no Seminário de
Políticas Públicas e Desenvolvimento Urbano organizado pelo IPPUC em 10/2019.
18
4.5.2.7.4 Moradia, infraestrutura urbana e domiciliar e meio ambiente
19
Fato que se destacou no Diagnóstico, foi o da comunidade identificar que estas
ocupações mais precárias coincidem com as áreas mais periféricas dos bairros
e das regionais. Distinguiu das demais a Regional Santa Felicidade, que se
caracterizou por ter mais ocupações com dimensões menores e mais
espalhadas no território e comparação com outras regionais.
Já os bairros Parolin, Cajuru, Guaíra, Prado Velho e Lindóia, se distinguem pelas
desigualdades internas, marcadas por grande quantidade de habitações
irregulares e improvisadas, com elevada densidade domiciliar, fazendo com que
uma parte da população destes bairros viva em condições precárias, apesar da
localização central que permite melhores condições de acessibilidade,
comparados a outros bairros do mesmo grupo.
Além da comunidade demonstrar preocupação com as precárias condições de
vida e riscos às famílias que residem nas áreas de ocupação, também
evidenciaram preocupação com todas as famílias da cidade, frente às
externalidades socioeconômicas e ambientais, como a poluição da água, o
assoreamento de rios, o aumento da erosão, a deposição irregular de resíduos,
a difusão de vetores de doenças, enchentes, entre outros.
No mesmo Seminário “Tendências que influenciam as cidades”, foi apresentado
o trabalho “Mudanças Climáticas: diretrizes para o planejamento municipal de
Curitiba”, onde foi demonstrado que a mitigação e adaptação das cidades às
mudanças climáticas passa necessariamente pelo planejamento urbano.
As regiões urbanas, apesar de ocuparem uma fração reduzida da área terrestre
do planeta, são marcadas por aspectos heterogêneos e intensos, que impactam
direta ou indiretamente sobre todo o ecossistema e, consequentemente, sobre
as mudanças climáticas, sendo também diretamente afetadas por ela.
Neste seminário, uma questão importante trazida por este trabalho é a motivação
para o planejamento urbano no contexto das mudanças climáticas não precisa
partir apenas da preocupação com o futuro e da ocorrência de eventos
potencialmente relacionados, até porque muitas alterações têm efeito
cumulativo, ou seja, é difícil separar as mudanças climáticas de outras causas,
que, aliás, se interrelacionam.
O planejamento para o desenvolvimento urbano foi apontado como estratégia
fundamental para a mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas.
Dentre as medidas a serem adotadas, destacou-se a necessidade de olhar para
20
o planejamento habitacional, pois as pessoas que vivem em habitações
informais apresentam mais vulnerabilidade aos efeitos de mudanças climáticas,
priorizando intervenções e melhorias estruturais nas localidades em que estão.
Portanto, a indução do desenvolvimento social tanto nesta caracterização quanto
na percepção da comunidade requer um conjunto de medidas integradas com
as políticas de infraestrutura urbana e domiciliar, melhoria habitacional que
viabilizem o desenvolvimento sustentável local, equacionando as diferenças de
acesso à cidade e aos elementos urbanos, e estabelecendo políticas de
desenvolvimento local sustentável para garantir a equidade no atendimento às
necessidades de toda a população de Curitiba. Além disso, é necessário verificar
se há melhorias da infraestrutura urbana e domiciliar, da recuperação das APPs
e APAs e de integração destes assentamentos à cidade que não foram
concluídas.
21
O aspecto multidimensional presente no conceito de vulnerabilidade social se
traduz numa conjugação de fatores, envolvendo, via de regra, características do
território, fragilidades ou carências das famílias, grupos ou indivíduos e
deficiências da oferta e do acesso a políticas públicas e, de outro lado, os “ativos”
materiais, educacionais, simbólicos e relacionais, dentre outros, relacionados à
capacidade de resposta dos grupos, famílias e indivíduos a estas situações
adversas (Bronzo, 2009 apud MDS, 2013, p.11).
Há um grande potencial de mobilização destes ativos por parte das políticas
relacionadas no Plano Setorial de Desenvolvimento Social, por meio da oferta
de condições para que a população desfrute de uma vida saudável e produtiva,
simbolicamente significativa, na qual os vínculos sociais e comunitários
representem, além de um elemento de inclusão, um fator de proteção para as
populações mais vulneráveis.
As políticas que atuam diretamente com a população podem, mais do que
atender as demandas que se apresentam pontualmente, identificar esses ativos
para potencializá-los, fortalecendo vínculos familiares e comunitários,
desenvolvendo habilidades, conectando necessidades comuns e oportunidades
de superação. Muitos destes ativos por vezes somente são passíveis de
identificação no trato direto com essas populações, quando é possível estender
um olhar mais qualitativo às situações em que vivem, haja vista que o lugar e as
circunstâncias são determinantes importantes que não podem ser
desconsideradas.
O conhecimento que o trato diário com a população possibilita aos profissionais
é uma ferramenta de trabalho essencial, que permite identificar estes ativos e
atuar, seja individual ou principalmente, de forma coletiva junto à população para
fortalecê-los.
A Assistência Social neste sentido tem um lócus privilegiado de atuação a partir
do trabalho realizado no sentido de fortalecer vínculos familiares e de
solidariedade, na oferta de serviços locais que visam a convivência, a
socialização e o desenvolvimento de potencialidades e aquisições. Devido a
natureza de sua atuação, a Assistência Social desenvolveu a capacidade de
mapear as redes de apoio e solidariedade comunitárias e este é um dos ativos
importantes que precisam ser potencializados.
22
Cada uma das políticas envolvidas neste Plano Setorial pode tanto identificar
quanto atuar conjuntamente com as demais para fortalecer iniciativas de
superação das vulnerabilidades, seja utilizando recursos próprios ou articulando
junto a organizações da sociedade civil a execução de programas, projetos e
benefícios, como a Assistência Social o faz, por exemplo. Cabe ressaltar,
todavia, a importância de que essa atuação deve ocorrer de forma articulada às
outras políticas que compõem os demais planos setoriais para assegurar sua
sustentabilidade e concretizar o desenvolvimento urbano.
Muito se pode avançar no debate, estudo e prática da estruturação territorial e
das políticas públicas urbanas municipais, sendo os recortes de gênero e raça
algumas das dimensões a serem aprofundadas.
Neste sentido pode-se citar a PNAD Contínua (IBGE, 2019), onde a taxa de
desemprego das pessoas negras em Curitiba é de 14,0 em comparação a 8,6
para pessoas brancas. Nos dados do Censo Demográfico (IBGE, 2010) a renda
média da população negra é 51,9% menor do que a renda média da população,
e a renda média das mulheres em Curitiba é 30% menor do que a do homem.
Estes dados revelam que a desigualdade étnico-racial e de gênero associada ao
ônus decorrente do custo de reprodução social faz com que as precariedades
urbanas, os direitos humanos e as políticas públicas sejam vivenciadas
distintamente pelos diferentes públicos, segundo sexo, raça e orientação sexual.
As políticas para as mulheres e de igualdade racial, assim como a de diversidade
sexual estão organizadas sob coordenação da Assessoria de Direitos Humanos,
cujos planos estão em elaboração e constituem campos essenciais para análise
e aprofundamento.
23
infraestrutura domiciliar e urbana adequada e de precarização das condições de
vida resultantes da concentração da violência e da ampliação do custo de
reprodução social para as famílias acessarem a cidade a partir do lugar em que
moram.
O Desenvolvimento Econômico é um elemento inseparável do Desenvolvimento
Social. No âmbito do Plano Setorial de Desenvolvimento Social, as estratégias
para fomentar o desenvolvimento econômico a partir das políticas públicas estão
relacionadas ao fortalecimento do potencial produtivo, seja a partir da
qualificação profissional que responda às demandas de perfil exigido pelas
atividades econômicas, seja pelo estímulo ao desenvolvimento e diversificação
das atividades produtivas, como por exemplo a Economia Circular, Economia
Criativa e Economia da Cultura, mas principalmente reduzir as desigualdades
intraurbanas, pressupondo que qualidade de vida implica em qualidade do
urbano, fator de fundamental importância em si e como requisito para a atração
de investimentos.
Segundo a CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, no
documento “A Ineficiência da Desigualdade”, ressalta a importância da igualdade
no desenvolvimento:
24
os outros Municípios da Região Metropolitana e com os Estados do entorno
destes, o perfil e ocupações profissionais da população, analisando as questões
de infraestrutura urbana e domiciliar que impactem na geração de trabalho,
renda, qualificação profissional e no desenvolvimento econômico sustentável
local. O próprio processo de mitigação e adaptação aos impactos da mudança
climática podem ser encarados como oportunidades, desenvolvendo novas
áreas de atuação, serviços e empresas especializadas, gerando transferência
de tecnologia, emprego e renda.
O apresentado nesta contextualização socioterritorial remete ao planejamento
urbano a necessidade de criar novos critérios de formulação de políticas e de
investimentos para induzir efeitos de endogenia local, que considerem a
heterogeneidade do espaço e das relações sociais, e que seja integrado à
participação democrática para definição de ações futuras considerando as
demandas, limitações e potencialidades.
Os impactos da atuação do poder público são difusos, ou seja, se disseminam
em larga escala em todas as direções, influindo em todos os âmbitos da
sociedade. Esta atuação em convergência com os outros setores da sociedade
(setor privado, sociedade civil organizada, academia, organismos internacionais)
traz consigo possibilidades para a estruturação de uma cidade mais sustentável
e resiliente.
25
REFERENCIAL19
19
Referencial em processo complementação.
26
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Lei n° 14.681, de 24 de junho de 2015 – aprova
o Plano Municipal da Educação de Curitiba – PME. Disponível em:
<http://multimidia.educacao.curitiba.pr.gov.br/2015/6/pdf/00073422.pdf>.
IPARDES.http://www.ipardes.pr.gov.br/imp/imp.php?page=consulta&actio
n=var_list&busca=Populacao+Projetada+-+IPARDES
27
_____.TERRITÓRIOS DE VIVÊNCIA EM UM PAÍS CONTINENTAL - Serv. Soc.
& Saúde, Campinas, SP v.14, n.1(19), P. 9-26. jan./jun. 2015 ISSN 16766806.
28
a Saúde - RIPSA. – 2. Ed. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde,
2008.349 p.: il.
29