Você está na página 1de 80

4 - PROGNÓSTICO AMBIENTAL

4 - PROGNÓSTICO AMBIENTAL ............................................................................................ 249


4.1 Apresentação do Capítulo ............................................................................................................ 250
4.2 EIA/RIMA de 2000 - base das informações a serem complementadas .......................................... 252
4.2.1 O projeto básico estudado pelo EIA de 2000.................................................................... 252
4.2.2 A avaliação de Impacto Ambiental contida no EIA de 2000 ............................................. 255
4.2.3 Medidas mitigadoras e recomendações contidas no EIA de 2000 ................................... 262
4.2.4 As alterações decorrentes do PDZ e o link com o Estaleiro PROMAR ............................ 268
4.3 Avaliação de Impacto Ambiental Complementar .......................................................................... 271
4.3.1 O Cenário de análise de impacto onde se insere o Estaleiro PROMAR .......................... 272
4.3.2 Identificação de Ações Impactantes ................................................................................. 275
4.3.3 Escala de Avaliação de Impactos Negativos .................................................................... 278
4.4 Resultados da avaliação de Impacto Ambiental Complementar ................................................... 279
4.4.1 Impactos Positivos ............................................................................................................ 288
4.4.2 Impactos Negativos na Fase de Planejamento................................................................. 294
4.4.3 Impactos Negativos na Fase de Implantação ................................................................... 294
4.4.4 Impactos Negativos na Fase de Operação ....................................................................... 315
4.5 Prognóstico de Qualidade Ambiental ........................................................................................... 325

Capítulo 4 - 249
4.1 APRESENTAÇÃO DO CAPÍTULO
O presente Capítulo do EIAC visa o atendimento integral do item 3.9 do Termo de
Referência da CPRH, cujo escopo se direciona as ações de identificação e qualificação
de impactos ambientais, a serem efetuados pelo Moraes & Albuquerque Advogados e
Consultores.
Nesse sentido, no referido item do TR (página 14), o órgão licenciador deixa clara sua
intenção de analisar um documento complementar, quando se refere da seguinte forma
à abordagem que deve ser seguida:

Este tópico refere-se à identificação, descrição, valoração e interpretação


dos prováveis impactos ambientais causados pelo projeto em referência,
nas etapas de implantação e operação, devendo estar focados
principalmente nos impactos provenientes dos métodos construtivos a
serem adotados para a implantação do Empreendimento e pelas
especificidades dos impactos que não tenham sido identificados no
EIA/RIMA do projeto de “Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE”
e ainda nos impactos gerados pela operação do referido empreendimento
(em especial com relação à tecnologia de operação, ao sistema de
lançamento de embarcações), assim como nos efeitos sinérgicos /
cumulativos com relação ao Estaleiro Atlântico Sul.

Ao analisar as exigências específicas do Termo de Referência transcritas acima,


podem se antever algumas dificuldades de entendimento decorrentes, principalmente,
da diferença de portes entre o projeto analisado no EIA de 2000 e o projeto do Estaleiro
PROMAR. Com efeito, no ano de 2000, foi analisado, avaliado e aprovado um macro-
projeto estruturador que incluía, dentre outras ações, a transformação total da Zona
Portuária do CIPS, que tanto na época do estudo como na situação atual, era formada
por um arquipélago de ilhas com cobertura de mangue e restinga, alimentada pelas
águas dos Rios Massangana e Tatuoca.
Já o projeto do Estaleiro PROMAR, embora sendo individualmente uma iniciativa de
grande porte em termos de engenharia, torna-se pequeno quando comparado com a
proposta global de SUAPE, estudada em 2000. Em outras palavras, o projeto ora
analisado não complementa o então projeto do CIPS, mas se insere nele enquanto
uma das atividades previstas. Atividade esta que na proposta atual, PDZ/2010, é
maximizada, vindo a compor um conjunto de estaleiros programados para a área,
cluster naval, que começa a (re)delinear a vocação do Porto de SUAPE, que outrossim,
não estava definida quando dos estudos realizados em 2000.
Os impactos ambientais seguem o mesmo raciocínio que a relação de dependência
delineada acima. Ou seja, os impactos individuais gerados pela implantação e
operação do Estaleiro não são complementares aos estudados pelo EIA/RIMA de
2000, mas sim uma parcela dos mesmos, que pode ser, até certo ponto, detalhada em
função do caráter específico com que se aborda o presente estudo. O somatório global
dos detalhamentos de impactos gerados por todos os empreendimentos previstos
atualmente no PDZ, incluídas as obras de SUAPE, seriam equivalentes ao impacto
avaliado em 2000 para a mesma situação de ocupação total, com exceção da
especificidade do conglomerado de estaleiros propostos para o local. Nesse sentido,
abordar a análise de impactos considerando somente a sinergia com o Estaleiro
Capítulo 4 - 250
Atlântico Sul, como exigido no TR, não seria suficiente, uma vez que esses
empreendimentos fazem parte de um cluster naval no qual estão previstos mais quatro
estaleiros além de um terminal de mineiro de ferro. Por outro lado, analisar
integralmente o conjunto de empreendimentos fugiria totalmente do atual escopo de
contratação e Termo de Referência, sendo a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) o
estudo adequado para realizar uma análise deste porte.
Encontrar o ponto de equilíbrio para realizar uma análise objetiva, a partir desses
limites de contorno, não é simples, muito pelo contrário, enfrenta-se uma grande
dificuldade ao tentar isolar, do conjunto, a parcela de impacto que corresponde ao
Empreendimento em análise, o que de qualquer forma é requerido para definição das
responsabilidades em termos de mitigação e compensação.
Assim, estruturou-se o presente capítulo de tal forma a permitir, inicialmente,
estabelecer o que foi a proposta do ano 2000 em termos de projeto, bem como a
abordagem ambiental dada naquele EIA/RIMA. Estas informações foram analisadas
confrontando-se as modificações de projeto que resultaram na proposição de um novo
arranjo, hoje consolidado no PDZ.
Este embasamento foi utilizado como ponto de partida para a análise de cenários de
qualidade ambiental, atual e futura. Os cenários, ou prognóstico Ambiental, têm como
objetivo analisar as condições futuras de uma determinada área de estudo, frente às
tendências atuais de uso e ocupação do solo e evolução do uso dos recursos naturais.
Nesse sentido, o Prognóstico é gerado a partir do Diagnóstico Ambiental, que ao ser
analisado, define cenários prospectivos, determinados pelas ações desencadeadas no
presente, mas também de ações ocorridas no passado de modo a verificar o efeito
cumulativo destas ações.
Assim sendo e levando em consideração toda a argumentação acima, frisa-se que
neste capítulo serão analisados os aspectos do projeto que têm implicações diretas para
o meio ambiente, considerando-se a análise das intervenções e mudanças observadas
no ambiente até a presente data durante o diagnóstico da área, aquelas ainda não
realizadas, mas já submetida à análises e licenciamento anteriores e para cujos impactos
já foram acordados e/ou realizadas ações mitigadoras/compensatórias.
Em alguns casos, o prognóstico foi apresentado na forma de visualização de tendências
uma vez que um prognóstico quantitativo só seria possível com uso de ferramentas de
simulação tais como a utilização de modelos físicos ou numéricos, não disponíveis, e
nem passíveis de serem elaborados/desenvolvidos no curto período de tempo
estabelecido para o desenvolvimento de um estudo de EIA/RIMA. Frisa-se igualmente
que na presente análise, as obras e ações que embora possam vir a beneficiar o
Empreendimento, a exemplo da remoção da vegetação na Ilha de Tatuoca, da abertura
de canais de navegação que servirão o cluster náutico e implantação o acesso
ferroviário a Ilha de Cocaia, são mencionadas para efeito de esclarecimento e
contextualização, mas levando em conta que as mesmas fazem parte de um contexto
mais amplo que compõem a infraestrutura portuária, e que serão alvo de análise/re-
análise especificas e cujos impactos a serem mitigados/compensados não podem ser
atribuídos a um único Empreendimento, mas ao seu conjunto e/ou à própria Empresa
SUAPE.

Capítulo 4 - 251
4.2 EIA/RIMA DE 2000 COMO BASE DAS INFORMAÇÕES A SEREM COMPLEMENTADAS
O EIA/RIMA DE AMPLIAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DO PORTO DE SUAPE, promovido
pela Empresa SUAPE e protocolado na CPRH no ano de 2000, cumpriu à época o seu
papel de instrumento regulador da situação ambiental futura do complexo, declarando
publicamente quais as obras e intervenções seriam realizadas, os custos ambientais e
as medidas de controle necessárias para equacionar estes custos com os paradigmas
do desenvolvimento sustentável.
Os estudos foram desenvolvidos ao longo de sete meses, com início em 15 de junho
de 1999 e término em 15 de janeiro de 2000, e conforme consta no referido EIA, todo o
desenvolvimento dos trabalhos foi acompanhado pela CPRH, mediante a apresentação
de relatórios de avanço mensais. Também foram realizadas duas auscultas técnicas,
sob a forma de workshop, onde participantes das mais diversas instituições ofereceram
críticas e sugestões aos trabalhos realizados, que foram posteriormente incorporadas
ao documento pela equipe técnica. Foram convidados para essas auscultas, além da
própria equipe técnica, representantes de organizações não governamentais
ambientalistas, instituições públicas e privadas, associações, Ministério Público
Estadual, Ministério Público Federal e órgãos de meio ambiente estadual (CPRH) e
federal (IBAMA), no intuito de tornar as intervenções previstas para SUAPE uma
decisão de fato analisada, discutida e compartilhada por todos os envolvidos, uma
escolha da sociedade.

4.2.1 O projeto básico estudado pelo EIA de 2000

O projeto básico de AMPLIAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DO PORTO DE SUAPE foi


concebido para permitir a entrada e operação de navios de grande calado (até 150 mil
Tpb), bem como a instalação de indústrias que demandavam terminais privados. Essas
medidas buscavam agilizar a movimentação de carga e contribuir para a diminuição de
custos nas operações, tornando-o mais competitivo e eficiente.
Atingir este objetivo passava pela necessidade de implantar uma série de obras
estruturadoras de acesso, serviços de logística e apoio, algumas delas altamente
modificadoras da paisagem na época existente. A relação dessas obras, que por
estarem incluídas no EIA estão acobertadas pelo licenciamento ambiental deferido pelo
órgão ambiental, pode ser apreciada no Quadro a seguir.

QUADRO 4.1 – Relação de obras licenciadas no CIPS

Obra Prevista
 Construção do Cais SUAPE 04 (TECON);
 Construção de dois Cais da 2º etapa do Porto Interno:
 Cais Tatuoca 01 – cais de múltiplos usos – 04;
 Cais Cocaia 01 – píer de granéis líquidos – 05;
 Continuação da Dragagem do Porto Interno:
 Dragagem da 2º etapa do Porto Interno;
 Complementação do aterro hidráulico de áreas da ZIP;
 Duplicação do TDR Sul, da Av. Portuária e do Acesso ao Complexo de SUAPE:
 Duplicação do acesso ao Complexo de SUAPE;
 Duplicação do centro distribuidor rodoviário sul (TDR SUL);
Capítulo 4 - 252
QUADRO 4.1 – Relação de obras licenciadas no CIPS

Obra Prevista
 Duplicação da Av. Portuária;
 Adequação da interseção do acesso ao Complexo de SUAPE com a PE-60;
 Complementação do tronco distribuidor rodoviário norte (TDR Norte);
 Construção e pavimentação de acesso rodoviário à Área 3 da ZIP;
 Urbanização da Zona Industrial Portuária (ZIP):
 Urbanização da ZIP 02, localizada na 1º etapa do Porto Interno;
 Urbanização da ZIP 03, localizada na 2º etapa do Porto Interno;
 Instalações e sistemas de apoio à operação portuária;
 Construção do Terminal de Contêineres (TECON);
 Pavimentação do pátio do TECON;
 Instalação de equipamentos especializados para movimentação de contêineres;
 Instalação administrativa; instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias e de segurança;
 Obras complementares.

Textos em negrito destacam as obras previstas no EIA com estreita relação ao projeto em
análise
Fonte: EIA/RIMA de SUAPE (2000)

A possibilidade de ampliar e modernizar o porto passava, principalmente, pela


realização de investimentos na área portuária, permitindo a entrada de navios de
grande porte e o atendimento adequado das atividades de carga e descarga de
mercadorias. Nesse sentido, é importante ressaltar alguns pontos que direcionaram o
encaminhamento dos estudos de impacto ambiental no ano 2000.
O primeiro deles se refere à aceitação pelo Governo do Estado de Pernambuco do
Projeto SUAPE como uma ação consolidada a ser continuada e potencializada, como
de fato vem acontecendo, na qual os benefícios socioambientais do Empreendimento
superavam as inevitáveis perdas ecológicas que um Empreendimento deste porte
acarreta. Isto fica claro na página 2 do Capítulo 1 que reza:
O EIA/RIMA, propriamente dito, restringe-se às obras propostas no Projeto
Básico e que ainda não foram executadas. Neste caso, a visão é
prospectiva, buscando comparar a situação atual, com a finalização da 1ª
fase do porto interno, e a situação futura, segundo um horizonte temporal
definido, com ou sem a implantação do Projeto proposto.
Deve-se ressaltar que foi pressuposto do EIA/RIMA, por determinação do
próprio Edital de Licitação e da Legislação Federal Brasileira, ser fato
consumado a instalação do Porto em SUAPE, pelo que os estudos
ambientais foram elaborados com vistas à ampliação de sua capacidade e
melhoria operacional. Não se cogitou, tanto em face dos investimentos já
efetuados, como de todas as decisões oficiais já tomadas anteriormente, de
modificações radicais, tais como a desativação ou a mudança locacional das
atividades portuárias. No entanto, foram feitas inúmeras recomendações que
alteraram e restringiram o traçado e o âmbito de ocupação do Projeto Básico.

Um segundo ponto importante de ser discutido, é a previsão de ocupação total do


conjunto de Ilhas que formam o estuário dos Rios Massangana e Tatuoca. Isto não é
uma surpresa e não poderia ser diferente. A escolha da área de SUAPE como porto
Capítulo 4 - 253
baseou-se no fato de possuir uma formação física ideal em termos de profundidade dos
canais, proteção natural e área de expansão. Aspectos estes que normalmente são
encontrados em áreas de estuários, onde desembocam um ou mais rios. É bom
lembrar que SUAPE já era um porto no século XVI, disputado pelos holandeses e
portugueses para o escoamento de açúcar e recepção de escravos, tropas e
mercadorias. Atestados da sua importância passada são os remanescentes
arqueológicos que hoje constituem patrimônio cultural importante do Município do Cabo
de Santo Agostinho.
Esta premissa técnica, em que a necessidade de ocupação das ilhas do estuário se
vislumbra como a única possibilidade de ampliação do porto, fica clara no item 3.4.2 da
Concepção das obras a serem realizadas, onde consta o seguinte:
A Empresa SUAPE considera que não haverá outra alternativa, em termos
de localização para o crescimento do porto, assim quaisquer que sejam os
arranjos gerais que venham a ser realizados, como propostas, estes terão
que ser desenvolvidos na área estuarina dos Rios Massangana e Tatuoca,
incluindo a Ilha da Cana.
Outras partes do EIA complementam este posicionamento, começando a delinear o
porte dos impactos ambientais decorrentes da ampliação e modernização do porto,
senão vejamos:
1) O Projeto Básico de Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE
(Projeto Básico), contido no “Arranjo Geral Preliminar”, apresentado
anteriormente, é tido como um mapa de intenções, portanto, passível de
ajustes. A informação é de que aquele Arranjo expressa apenas a
tentativa, a nível conceitual, de prever a máxima ocupação possível para a
Zona Industrial Portuária (ZIP). Por outro lado, o Arranjo Geral definitivo
será objeto de novo Plano Diretor do Porto de SUAPE, ainda a ser
conceitualizado.
As obras previstas, além de permitirem a entrada de navios de até 150.000
Tpb, visam a construção de cais no entorno do Rio Tatuoca, Riacho Ilha da
Cana, parte do Rio Massangana e margens das Ilhas de Tatuoca (face
leste) e de Cocaia (face oeste), atingindo o total de 11km de cais. Entre as
obras previstas, também estão contempladas as Ilhas de Tatuoca e da
Cana, que serão conformadas por aterro hidráulico e totalmente
urbanizadas, de modo a permitir a instalação de indústrias, que disporão de
infraestrutura para funcionamento, acesso e terminais privados para
movimento de carga e descarga dos seus produtos.

2) Os cursos d'água na ZIP serão radicalmente afetados pelas obras de


dragagem para construção dos canais de navegação, sofrendo,
especialmente, retificação e aprofundamento, sendo eles: Massangana,
Tatuoca, Ilha da Cana e outros braços de mar, inclusive com a previsível
união das bacias, conforme mostra o desenho do Arranjo Geral Preliminar.
O Riacho Ilha da Cana e o canal entre a Ilha de Cocaia e o continente
deverão ser atravessados por pontes, como já descrito anteriormente. Os
meandros nas áreas a serem aterradas deverão ser eliminados ou
utilizados quando do dimensionamento da rede de drenagem. Podem
ainda ser aproveitados nos projetos de urbanização, quando não
Capítulo 4 - 254
interferirem na construção dos terminais, nos quais poderão servir, além de
captadores da drenagem, como marcos divisórios e áreas verdes entre
terminais.

Fica claro, assim, que a determinação da ocupação das Ilhas de Cocaia e Tatuoca é
uma definição já discutida e aprovada na época do EIA de 2000. Posterior a este
estudo ambiental, o Governo do Estado, bem como os Governos Municipais do Cabo
de Santo Agostinho e Ipojuca, foram consistentes nos seus diplomas legais com a
escolha de potencializar o Porto de SUAPE, em detrimento da perda de riquezas
naturais também valiosas.
Isto é evidente na Lei Estadual n° 9931 de 1986, qu e define como áreas de proteção
ambiental as reservas biológicas do litoral do Estado de Pernambuco e dispõe sobre
condições básicas relativas à sua preservação. Na relação de áreas estuarinas
acobertadas pela referida Lei, não aparece relacionado o estuário dos Rios Tatuoca e
Massangana, uma vez que, para a época da Lei, já se tratava de uma área destinada
para uma ocupação industrial. Da mesma forma, os Planos Diretores de Ipojuca e o
Cabo, cuja divisa territorial coincide com o eixo do Rio Massangana, consideram a área
como Portuária urbanizável.

4.2.2 A avaliação de Impacto Ambiental contida no EIA de 2000


A abordagem dada no EIA de 2000 para o capítulo de Avaliação de Impacto Ambiental
previa dois níveis de análise:

1. Avaliação reconstrutiva dos impactos ambientais acontecidos no CIPS no


período entre 1978 e 1999, sendo a metodologia utilizada baseada no
levantamento do passivo ambiental existente na época, que seria a base para a
reconstrução do conjunto de transformações ambientais acontecidas desde o
ano de 1978.
2. Avaliação prospectiva dos impactos ambientais a serem gerados no CIPS no
tempo futuro, em decorrência da implantação das obras de infraestrutura que
estavam sendo previstas.

Para efeitos deste estudo ambiental, interessa, principalmente, a avaliação prospectiva,


muito embora o histórico dos impactos do CIPS seja um conjunto de dados muito
valioso, pois fornece certamente orientações para a proposição de medidas de
mitigação e controle, na tentativa de não repetir as ações passadas que resultaram na
geração de passivos ambientais.
Os impactos ambientais prospectivos analisados no EIA/RIMA de 2000 são transcritos
de forma resumida na sequência, de forma a embasar a análise posterior de
determinação da parcela de impacto que poderá ser atribuída ao Estaleiro Galvão –
Guapurart. Assim sendo, relacionam-se a seguir os impactos analisados no ano de
2000:
1. Enrocamento.
Fase de Implantação
 Meio Físico – impactos negativos deverão ocorrer na quase totalidade dos
fatores ambientais, tendo em vista a eliminação das margens naturais

Capítulo 4 - 255
remanescentes e sua substituição por material de estrato duro, o que gerará
modificações no regime de ondas e marés, podendo causar inundação e
erosão nas margens não enrocadas.
 Meio Biológico – os impactos deverão ser neutros na totalidade dos fatores
ambientais, considerando-se que, neste caso, os impactos negativos deverão
ocorrer nas ações que antecedem ao enrocamento (dragagem, supressão de
vegetação, aterro).
 Meio Antrópico – os impactos deverão ser positivos em quase todos os fatores
ambientais, na medida em que possibilitará o aumento do número de emprego,
maior renda, melhores condições de infraestrutura econômica e social e
adequação do Empreendimento ao Plano Diretor existente e a estratégia de
desenvolvimento adotada.
Fase de Operação
 Na fase de operação os impactos no meio físico e biológico serão
neutralizados face ao término do enrocamento utilizado para a construção dos
cais, no entanto, terá efeito negativo, no meio biológico, para a fauna aquática,
pelo superpovoamento de cracas que deverá ocorrer, favorecidas pelo
aumento da área de estrato duro que passará a recobrir as encostas, em
prejuízo das espécies que naturalmente povoam estas margens. Enquanto no
meio antrópico os impactos continuarão a ser positivos, como efeito
sinergético, somatório dos efeitos econômico-sociais, geração de emprego,
aumento de renda, melhoria dos acessos à saúde e à educação, decorrente do
aumento do volume de atividades geradas pelo crescimento das oportunidades
econômicas na área;
2. Supressão de Vegetação.
Fase de Implantação
 Meio Físico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os fatores
ambientais considerando-se a eliminação da forração do solo (vegetação de
mata, restinga e manguezais), o que gerará, possivelmente, carreamento de
sedimentos para estuários e áreas costeiras, mudanças de descargas dos rios,
erosão de margens, no caso de remoção de manguezais, e o aumento da
temperatura local, da turbidez e do assoreamento.
 Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos em todos os fatores
ambientais, motivados pela redução da cobertura vegetal, o que atingirá mais
intensamente os manguezais seguindo-se o sistema de restinga e, ainda, pela
supressão da flora, comprometendo o equilíbrio populacional natural das
espécies; pela eliminação e diminuição de área de alimentação, abrigo,
reprodução e repouso, inclusive para maçaricos que têm a área como parte de
sua rota de deslocamento. Todas estas conseqüências devem levar ao
desaparecimento, quase que total, de algumas espécies.
 Meio Antrópico – os impactos deverão ser negativos para todos os fatores,
pelo comprometimento da paisagem como área de grande importância para a
história da civilização brasileira e população periférica, o que trará rebatimento
para a economia local, já que favorece ao turismo e lazer; pelo
comprometimento do nível e qualidade de vida da população local,
possivelmente pela sua não absorção como mão de obra nas novas atividades
Capítulo 4 - 256
econômicas e pelas mudanças na organização social das famílias residentes
no local e periferia, face às modificações do entorno.
Fase de Operação
 Na fase de operação, alguns impactos no meio físico e todos no meio biológico
serão neutralizados como conseqüência do término da ação de supressão da
vegetação, no entanto, deverão ocorrer efeitos negativos sinergético, tais
como o possível aumento da temperatura no topoclima em face da
urbanização da área e prejuízo na qualidade do ar no local pela redução das
áreas verdes.
 No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais decorrentes da melhoria das condições
econômicas a que esta ação levará, viabilizando a consecução do projeto que
possibilitará as modificações sociais mencionadas;
3. Dragagem
Fase de Implantação
 Meio Físico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os fatores,
motivados pelo aumento da turbidez, redução da penetração de luz, liberação
de resíduos dos sedimentos para a coluna d’água, indução de estratificação e
aumento da salinidade.
 Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os
fatores, gerados pela supressão irreversível da flora aquática de fundo,
ocasionando redução de suprimento alimentar, áreas de nidificação, abrigo,
reprodução, com deslocamento da macrofauna e eliminação da flora e de
elementos da fauna terrestre e alteração no tempo de residência das espécies
na água no estuário. Também gerará alteração nas condições oceanográficas
da área, maior aporte de água salgada, aumento da turbidez, com diminuição
da qualidade e quantidade de habitats para espécies características e pelas
modificações sedimentológicas locais.
 Meio Antrópico – os impactos deverão ser subdivididos em positivos e
negativos. Positivos pelas atividades econômicas que serão intensificadas,
com criação de emprego e melhoria de renda para a população. Negativos
pela não absorção da população local no mercado de trabalho criado e pela
supressão de vestígios arqueológicos em áreas costeiras marcadas pelo início
da colonização brasileira, o que impossibilitará o estudo e o descobrimento de
aspectos culturais e históricos da civilização do país.
Fase de Operação
 O meio físico apresenta impactos de qualificação variada. Deverá haver
impactos positivos com a redução das atividades de dragagem, restrita à
manutenção dos canais de navegação, o que possibilitará a remoção de
assoreamento e melhoria na drenagem dos rios. Negativos, pois, quando de
sua realização periódica, provocará turbidez e redução da penetração da luz,
liberando resíduos dos sedimentos para a coluna d’água.
 No meio biológico os impactos deverão ser neutros face à periodicidade com
que deverá ocorrer a dragagem, considerando-se que os impactos negativos já
teriam ocorrido com a dragagem inicial, para a abertura dos canais, na fase de
Capítulo 4 - 257
implantação do Projeto, pela alteração das condições oceanográficas e
remoção da flora aquática estuarina.
 No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais positivos que deverão ocorrer com o aumento
das alternativas de emprego, maior geração de renda e melhoria da
infraestrutura social;
4. Aterro.
Fase de Implantação
 Meio Físico – os impactos deverão ser negativos, motivados pela modificação
da morfologia e solo local, impedimento do fluxo e refluxo das águas dos rios,
modificação do regime de ondas, marés e correntes e o possível aumento de
inundação.
 Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos, motivados pela
supressão de vegetação, que deverá afetar a oferta de área em quantidade e
qualidade para habitats, como também para áreas de desova e abrigo de
organismos marinhos costeiros, o que prejudicará, entre outras coisas, a
ocorrência de moluscos e crustáceos de valor econômico e a utilização da
área pelos maçaricos, entre outras aves, durante seu deslocamento.
 Meio Antrópico – os impactos deverão ser positivos para a geração de
emprego e melhoria de renda, mas deverão ser negativos por impossibilitar a
identificação de vestígios arqueológicos, com provável supressão de artefatos
indígenas ou do início da colonização, provavelmente presentes no local,
impedindo o estudo de aspectos culturais e históricos da civilização brasileira.

Fase de Operação
 Na fase de operação alguns impactos no meio físico e todos no meio biológico
serão neutralizados como conseqüência do término da ação impactante, no
entanto, deverão ocorrer efeitos negativos sinergético, tais como aumento da
temperatura do topoclima, pela ampliação de áreas com o solo coberto por
material refratário, e prejuízo na qualidade do ar no local pelo aumento do
volume de partículas em suspensão.
 No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais, decorrentes da melhoria das condições
econômicas a que esta ação levará, viabilizando a consecução do projeto que
possibilitará as modificações sociais mencionadas;

5. Terraplenagem.
Fase de Implantação
 Meio Físico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os fatores
ambientais, pois comprometerão a qualidade do ar, como decorrência do
aumento de partículas em suspensão, e pelo prejuízo ao nível de ruído como
conseqüência das máquinas utilizadas na realização desta ação.
 Meio Biológico – os impactos deverão ser neutros, pois não afetarão nem o
meio aquático nem a fauna terrestre, que serão afetadas por ações que
antecedem a terraplenagem. No entanto, impactos negativos deverão ocorrer
Capítulo 4 - 258
pela consolidação da supressão de vegetação e do aterro, com a compactação
e utilização de material refratário no solo.
 Meio Antrópico – a maioria dos impactos deverá ser positiva, pela geração de
emprego e melhoria de renda da população.

Fase de Operação
 Na fase de operação alguns impactos no meio físico e todos no meio biológico
serão neutralizados como conseqüência do término da ação impactante, no
entanto, deverão ocorrer efeitos negativos sinergéticos, tais como aumento da
temperatura, pela ampliação de áreas com o solo impermeabilizado e pela
utilização de material refratário, e prejuízo na qualidade do ar no local pelo
aumento do volume de partículas em suspensão além de gases resultantes
das atividades industriais e do tráfego de veículos no local.
 No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais, decorrentes da melhoria das condições
econômicas a que esta ação levará, viabilizando a consecução do projeto que
possibilitará as modificações sociais mencionadas;

6. Modificação da Linha de Costa


 Os impactos da modificação da linha de costa são sinergéticos e, como tais,
decorrem do somatório dos impactos do enrocamento, da supressão de
vegetação, do aterro e da terraplenagem.

Fase de Implantação
 Meio Físico – os impactos deverão ser negativos, na quase totalidade dos
fatores ambientais, considerando-se a alteração na morfologia local, mudança
do regime de ondas, marés, correntes, erosão, assoreamento e inundação.
 Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos em todos os fatores
ambientais, motivados pela redução da cobertura vegetal, o que deverá afetar
a oferta de área em quantidade e qualidade para habitats.
 Meio Antrópico – os impactos deverão ser positivos pela geração de emprego
e melhoria de renda, mas também deverão ser negativos, pois comprometerão
totalmente a paisagem natural, parte expressiva da área de grande
importância para a história da civilização brasileira.

Fase de Operação
 Na fase de operação a maior parte dos impactos no meio físico e todos no
meio biológico serão neutralizados como conseqüência do término da ação
impactante. No entanto, deverão ocorrer efeitos negativos sinergéticos, tais
como a modificação do regime de ondas, marés, correntes e a presença de
erosão nas áreas não enrocadas.
 No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais decorrentes da melhoria das condições
econômicas a que esta ação levará como conseqüência das ações que
Capítulo 4 - 259
originaram a modificação da linha de costa, tais como o enrocamento, a
supressão de vegetação, o aterro e a terraplenagem, ações que viabilizarão a
consecução do projeto que, por sua vez, possibilitará as modificações sociais
mencionadas.

7. Descarte de Material Sólido.


Fase de Implantação

 Meio Físico – os impactos deverão ser negativos, na quase totalidade dos


fatores ambientais pela degradação do entorno, com possível contaminação
do solo, do lençol freático e das águas superficiais.
 Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os fatores
ambientais, pois ocasionarão danos à cobertura vegetal, à fauna terrestre
local, com comprometimento à sobrevivência das espécies animais e vegetais.
 Meio Antrópico – os impactos deverão ser negativos, pois comprometerão
tanto à saúde da população (residente e flutuante), pelos maus odores,
proliferação de mosquitos e contaminação diversa, quanto à paisagem que
circunda as áreas de residência, as indústrias e os equipamentos de apoio
existentes.

Fase de Operação

 Na fase de operação a maior parte dos impactos no meio físico, biológico e


antrópico serão negativos, como conseqüência da ampliação quantitativa e
qualitativa das atividades e do número de pessoas presentes na área, o que
levará ao aumento do acúmulo de resíduos, ao prejuízo para a saúde da
população e ao comprometimento para a fauna e flora terrestres;

8. Mineração.
Fase de Implantação

Embora a mineração seja uma atividade terceirizada, portanto, não realizada


pela Empresa SUAPE e não contida no Projeto Básico, sua inclusão na relação
de ações impactantes deve-se ao fato de que o material a ser utilizado nas
construções voltadas para a implantação do referido projeto terá origem nas
pedreiras e jazidas de areia e barro localizadas no CIPS.

 Meio Físico – os impactos deverão ser negativos, na quase totalidade dos


fatores ambientais, pela alteração morfológica e no solo, aumento de emissões
e ruídos e contribuição com o assoreamento.
 Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os fatores
ambientais, pois ocasionarão danos à cobertura vegetal e à fauna terrestre
local, pois os resíduos descartados, aleatoriamente, eliminarão habitats de
animais e contribuirão com a supressão de vegetação.
 Meio Antrópico – os impactos deverão ser positivos pela oferta de emprego e
aumento de renda que esta ação possibilitará, e negativos, pois prejudicarão a
saúde dos próprios trabalhadores, em decorrência das condições de trabalho e
da não utilização de equipamentos apropriados.

Capítulo 4 - 260
Fase de Operação
 Na fase de operação este impacto deixa de ser considerado, diante do fato
que, com a conclusão do Projeto Básico, não mais haverá a necessidade de
fornecimento de material. No entanto, os impactos relacionados para a fase
de implantação continuarão durante a fase de operação, uma vez que a
pedreira e as jazidas de areia e barro continuarão a existir e a produzir como
atividades terceirizadas que são, muito embora o licenciamento dessas
atividades considere estudos específicos sobre os impactos que vêm
causando ao ambiente;

9. Transporte Marítimo.
Fase de Implantação
 Para todos os fatores ambientais os impactos foram considerados como
neutros, tendo em vista que não haverá intensificação de tráfego de navios, de
operações de apoio ou da necessidade de estocar outros tipos de cargas além
das existentes até o início do ano 2000 e já considerados quando da análise
do passivo ambiental.

Fase de Operação
 No meio físico apresenta impactos negativos, considerando-se a possibilidade
de vazamento de alguns dos produtos transportados, pois poderão ocasionar
mudanças nas paisagens, incluindo poluição visual e na qualidade da água
(dos rios e do mar), potencializar a turbidez e a redução da penetração da luz
e liberar resíduos dos sedimentos para a coluna d’água. Podem, ainda, ao
intensificar o número de embarcações, aumentarem o número de veículos e
máquinas que participarão das operações e transportes de cargas e descargas
com prejuízo para a qualidade do ar, pelos gases e partículas emitidas.
Possibilitará, ainda, a ampliação da quantidade e variedade de despejos,
resíduos sólidos e líquidos, derivados da eliminação do lixo e limpeza que,
sem acondicionamento adequado e eficiente, possibilitado pela não
observância dos procedimentos e normas exigidos pela legislação específica,
leva à contaminação da água e do solo.
 No meio biológico os impactos deverão ser negativos em todos os fatores, ao
ser considerado a possibilidade de acidentes com os navios no porto, tendo
em vista a intensificação do fluxo das embarcações e o aumento da
diversificação dos produtos, perigoso-danosos, que virão a ser transportados e
manuseados (carga e descarga). Estes impactos repercutirão negativamente
na cobertura vegetal terrestre e, consequentemente, na fauna terrestre e na
fauna e vegetação aquáticas, pois afetarão os seres vivos que se instalam no
arenito, os organismos que compõem os corais e outros que com eles mantêm
interdependências. Por outro lado, independentemente da condição dos
impactos por acidentes, a lavagem dos tanques dos navios e a destinação de
resíduos sem observação da legislação específica põe em risco a fauna e a
vegetação aquáticas de modo mais frequente.
 No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, com o aumento das
alternativas de emprego, maior geração de renda e melhoria da infraestrutura
social.

Capítulo 4 - 261
4.2.3 Medidas mitigadoras e recomendações contidas no EIA de 2000
Para os impactos ambientais prospectivos identificados e qualificados no EIA/RIMA de
2000, foram propostas medidas específicas de mitigação, compensação e
maximização, a depender de cada caso, sendo importante destacar uma primeira
conclusão do estudo, perante as possibilidades de mitigação e compensação:

Após a identificação das principais ações impactantes que marcaram o


Passivo Ambiental e marcarão, possivelmente, a implantação e operação do
Projeto Básico, pode-se afirmar que a quase totalidade dos impactos
negativos pode ser eliminada, ou significativamente reduzida com a adoção
de medidas mitigadoras ou compensatórias, somando-se as recomendações
apresentadas e a execução dos projetos ou programas constantes no Projeto
Básico Ambiental. Assim, foram indicadas as medidas mitigadoras,
compensatórias e maximizadoras ao longo deste item. Estas medidas são
apresentadas com relação a cada uma das ações impactantes, tanto nas
Matrizes Sínteses de Impactos Negativos e Positivos, quanto na relação
descrita abaixo.

As referidas medidas mitigadoras bem como as recomendações do estudo que tem


inferência direta com o projeto do Estaleiro ora analisado, foram resgatadas e
transcritas na sequência.

4.2.3.1 Medidas mitigadoras propostas no EIA de 20001

1. Enrocamento
O enrocamento já realizado, incluindo o do Rio Ipojuca considerado no Passivo,
eliminou as margens naturais existentes, com isto aumentando o risco de
inundação e erosão de áreas não enrocadas com prejuízo para o solo, os
recursos hídricos e para a fauna e flora local. O enrocamento que ainda será
realizado pode vir a afetar, também e principalmente, o Rio Massangana, o que
deve ser evitado tendo em vista o estado de conservação atual em que se
encontra.
Como medida compensatória recomenda-se:
 Preservar as margens do Massangana e do Ipojuca.

2. Bota-fora Oceânico
O bota-fora oceânico, como modo particular e específico de descarte de material
sólido por acontecer dentro do mar, aumenta a turbidez da água, a formação de
plumas e a liberação de sedimentos residuais provocando mudanças na batimetria
e aumentando o material em suspensão (sedimentos e poluentes), que, por sua
vez, pode afetar a penetração da luz, reduzindo-a, com rebatimento na fauna e
flora aquáticas, soterrar informações e exemplares do patrimônio histórico e

1
Foram relacionadas apenas aquelas que têm relação direta com a análise ambiental do Estaleiro
PROMAR

Capítulo 4 - 262
arqueológico, bem como comprometer a balneabilidade das praias a norte do
Empreendimento.
Como medidas mitigadoras sugerem-se:
 Manter em observação o local escolhido para deposição do material
dragado e
 Monitorar a pluma de material em suspensão, com programação
adequada dos lançamentos e aproveitamento do material no sistema
costeiro.

3. Supressão de Vegetação
A supressão de vegetação provocada pela criação do Porto e pela urbanização e
industrialização do CIPS, reduziu a cobertura vegetal dos manguezais, restingas,
flora e áreas de alagados, provocando, assim, a migração forçada da avifauna,
perda de área para alimentação, reprodução e repouso para várias espécies
terrestres e aquáticas aumentando os riscos de erosão, turbidez e inundação, com
rebatimento para fauna e flora associadas.
A supressão de vegetação vem contribuir, também, para o assoreamento com
diminuição do armazenamento e qualidade d’água e para a elevação da
temperatura local. E tem gerado, ainda, o aumento do processo erosivo, perda da
camada superficial do solo, carreando sedimentos para estuários e manguezais,
reduzindo as alternativas de trabalho e renda para pescadores e catadores.
Como medidas mitigadoras sugerem-se:
 Fiscalizar, reflorestar e melhorar as áreas de conservação das matas do
Zumbi, Duas Lagoas, Parque Natural Estadual, incluindo-se a reposição
da cobertura vegetal das margens dos reservatórios d’água de Bita e
Utinga, o que atenderá também ao assoreamento que de modo
significativo vem ocorrendo nos corpos d’água. Essas medidas deverão
ser da responsabilidade das empresas que provocarem o desmatamento;
 Coleta botânica e de espécies da fauna silvestre, que serão devidamente
catalogadas e incorporadas ao acervo de herbários e museus, conforme
PBA específico, considerando-se a eliminação das espécies vegetais e de
alguns grupos zoológicos nesta área, torna-se extremamente importante
um trabalho intensivo neste sentido;
 Resgatar e translocar espécies vegetais e animais, principalmente
mamíferos, répteis e anfíbios ocorrentes na área impactada, com
reintrodução em ambientes similares, com acompanhamento de
profissionais qualificados, no intuito de minimizar a mortalidade de
espécies e a criação de meios para maior adaptabilidade, o que será
objeto de um PBA;
 Fiscalizar a cobertura vegetal remanescente da área do CIPS e da área
do estuário do Massangana.
Como medidas compensatórias recomendam-se:
 Adquirir e criar reservas legais em áreas de restinga e manguezal, tais
como os manguezais do Massangana e Jaboatão/Pirapama, próximas à
Capítulo 4 - 263
região impactada, na tentativa de assegurar novos espaços de proteção e
alimentação para as diversas espécies animais que ali habitam;
 Preservar, conservar e monitorar áreas de cobertura vegetal semelhante
às que serão destruídas com a implantação do Projeto Básico, o que é
objeto de PBA específico, sendo ideais para tal finalidade os manguezais
do Engenho Ilha;
 Realizar e introduzir programa de proteção à flora e fauna, através da
recomposição dos micro-corredores ecológicos, aumentando, também, a
fiscalização contra caçadores e capturadores;
 Oferecer alternativas de complementação de renda para a população
residente, de modo a utilizar o potencial existente e liberar as matas do
desmatamento gradativo e parcelado, que vem ocorrendo para plantio de
maracujá e outras culturas menores, o que é objeto de um dos itens de
PBA;
 Implantar definitivamente a ZPEc do Engenho Ilha como reserva biológica
ou instrumento legal equivalente. Essa área também é sugerida para
receber e abrigar parte da fauna e flora resgatadas da Ilha de Tatuoca e
regiões periféricas.

4. Dragagem
Como conseqüência das dragagens para aberturas de canais de navegação tem-
se a alteração na batimetria e um aumento na turbidez das águas dos rios
dragados da área lagunar. Além disso, as dragagens provocam o revolvimento
dos sedimentos de fundos podendo causar a dispersão de eventuais poluentes
absorvidos pelos mesmos. Ainda como conseqüência desta ação, ocorre um
aumento de salinidade nas águas fluviais e redução da penetração da luz, com
supressão irreversível da fauna e flora planctônica, com rebatimentos para
macrofauna terrestre, bem como para a balneabilidade das praias.
Como medidas mitigadoras sugerem-se:
 Programar as dragagens e os despejos, de modo a minimizar os impactos
causados pelo aumento de turbidez oriundos dos mesmos. A empresa a
ser contratada para realizar os serviços de dragagens pode ser a
responsável pelo monitoramento da dispersão dos sedimentos e
poluentes;
 Implantar programa de operação e monitoramento dos despejos no bota-
fora oceânico utilizado na atualidade;
 Utilizar draga de sucção, ou equivalente, que minimize a dispersão de
poluentes e sedimentos;
 Levantar o impacto causado na fauna e flora de arrecifes submersos na
Baia de SUAPE e preservar outras áreas no litoral sul onde igual
comunidade impactada ocorra.
Como medidas compensatórias recomendam-se:
 Proteger o Engenho Ilha, como área de comunidades semelhantes às
impactadas e de grande valor ecológico.
Capítulo 4 - 264
5. Transporte marítimo
A ampliação do Porto de SUAPE levará à intensificação e alteração no tráfego dos
navios, aumentando a potencialidade de derramamento de óleo, graxa, lixo, pó e
similares, com rebatimento para o meio físico, biológico e antrópico. Aumenta,
também, o risco de acidentes com o manejo de cargas perigosas no porto; as
operações de cargas e descargas e incrementa o tráfego de veículos, levando à
sobrecarga no trânsito e fluxo de veículos portadores de cargas perigosas nas
estradas.
Como medidas mitigadoras:

 Definir o tráfego de navios pelas leis internacionais, com rebatimento nos


cuidados com a área portuária;
 Implantar programa para controlar o risco de acidentes e manuseio de
cargas perigosas, o que é objeto de PBA;
 Implantar planos e programas de gerenciamento de risco e contingências,
também objeto de PBA;
 Implantar programa para melhorar a segurança do trabalho, na ampliação
e operacionalização do porto, no transporte e no armazenamento de
cargas perigosas, também objeto de PBA;
 Manter as máquinas e veículos regulados, de modo a diminuir a emissão
dos gases e diminuir o ruído, item inserido em PBA;
 Implantar programa de adequação para oferecer local e depósitos para
recolhimento do lixo dos navios;
 Implantar programa de sinalização de trânsito;
 Implantar programa de educação ambiental voltado para o tipo de
trabalho a ser desenvolvido e a especificidade do ambiente;
 Definir zoneamento para circulação de embarcações, considerando o
aumento do fluxo de embarcações de turismo e lazer na área.

4.2.3.2 Recomendações propostas no EIA de 20002


O Capítulo 11 do EIA de 2000, e quiçá o mais importante de todos pelo caráter sintético
e conclusivo com que foi abordado, relaciona justamente o parecer consolidado da
equipe através de recomendações e conclusões.
Uma primeira conclusão importante do estudo, diz respeito aos pontos principais de
conflitos ambientais identificados, bem como a não verificação, na época, de dados
econômicos suficientes que confirmassem a necessidade de implantação imediata de
toda a infraestrutura proposta. Esta situação foi a base para algumas das
recomendações importantes do estudo e na qual se solicitava a aplicação do que se
denomina o “princípio de precaução”, a partir do qual, recomendava-se ao CIPS a
implantação de obras somente na bacia do Rio Tatuoca (que já estava impactada)

2
Relacionaram-se apenas aquelas que tem relação direta com a análise ambiental do Estaleiro
PROMAR

Capítulo 4 - 265
deixando as intervenções no Massangana para uma etapa futura, notadamente quando
as necessidades da intervenção fossem inquestionáveis, como é o caso hoje
vivenciado. Nesse sentido o capítulo 11 menciona:
A área estudada apresenta peculiaridades que a fazem ter uma parte central
onde ocorreu, ocorre e ocorrerá a maior parte das ações, as zonas
portuárias, e outras que a contorna, em sua maioria áreas de preservação,
envolvendo parque, reservas e sítios históricos.
As áreas onde existe o conflito de forma acentuada com a proteção
ambiental são as Ilhas de Tatuoca, da Cana e dos Barreiros, parte de
Cocaia, estuários dos Rios Massangana e Tatuoca, bem como as margens
do Ipojuca, próximas à sua foz, que somadas oferecem as razões das
recomendações apresentadas, como decorrência da realização do
Empreendimento.
................
Do estudo e da avaliação realizados, pode-se concluir, portanto, que o projeto é
negativamente impactante para os meios físico e biológico, principalmente quando
se considera sua implantação em toda a área das Ilhas de Tatuoca, da Cana e
dos Barreiros, incluindo, ainda, parte da Ilha de Cocaia, interligadas por pontes e
por um sistema viário que virá a espalhar-se por sobre os remanescentes de
mangues. Estas ações, deste modo, virão a destruir um ecossistema estuarino
existente e com características de grande valor ecológico, sem que, no entanto,
os dados econômicos, até o momento levantados, venham a confirmar a
necessidade de toda extensão de cais projetados para serem construídos nos
próximos anos.

Já em termos de recomendações específicas aplicáveis ao Empreendimento em


análise, destacaram-se as relacionadas na sequência.

1. Referentes à supressão de vegetação


Com relação à vegetação e fauna, destaca-se o manguezal que foi, e será o
compartimento mais duramente afetado ao longo de todo o processo de
implantação e ampliação do CIPS. Assim, fica como recomendação que as ações
que antecedem as novas construções só sejam realizadas de acordo com o
cronograma definido para execução e tão somente nas áreas especificadas para
as obras. Com isto, busca-se evitar que ações danosas, como aterros e
supressão de vegetação, sejam realizadas visando obras cujo cronograma
apresentam-se com projeção de grande espaço de tempo para sua implantação,
ou seja, evitam-se ações impactantes antecipadas.
Para a fauna e flora aquáticas recomenda-se a manutenção do canal de
circulação das águas existente entre a Ilha de Cocaia e o arrecife, de modo a
impedir o aterro desta área e a superposição de material dragado nos arrecifes,
com danos à fauna e flora aquáticas. Recomenda-se, ainda, o monitoramento das
populações de cracas, em virtude da proliferação acentuada motivada pelas
modificações ambientais, bem como o monitoramento da hidrologia, do plâncton e
dos bancos de fanerógamas marinhas, com identificação de sua ocorrência em
outras áreas do litoral sul, aspectos que estão inseridos nos PBAs que tratam das
referidas questões.
Capítulo 4 - 266
2. Referentes ao Patrimônio Cultural
Para o patrimônio histórico-arqueológico, considerando-se a riqueza da área em
termos históricos, recomenda-se que durante a continuação das dragagens do
Porto Interno e a construção do cais da segunda etapa, as obras sejam
acompanhadas por técnico especialista no assunto, com vistas a se detectarem
possíveis vestígios histórico-cultural-arqueológicos, resgatando-os antes das
obras começarem.
Deste modo, recomenda-se que, antes da execução das obras propostas, sejam
feitas avaliações das áreas de interesse histórico-cultural e arqueológico para que
possam ser feitos salvamentos arqueológicos, considerando que o dano causado
em um sítio arqueológico não estudado é irreparável para aquele sítio, e que a
área de domínio de SUAPE envolve numerosos sítios passíveis de estudo.
Assim, seria conveniente que se buscasse compensar em parte os danos já
causados através de uma política de efetivo apoio a projetos de pesquisa
arqueológica em sítios selecionados, ou de prospecção para mapeamento das
ocorrências.

3. Referentes à ocupação das Ilhas do Estuário dos Rios Massangana e Tatuoca


Propõe-se que sejam concentradas, num primeiro momento, todas as
intervenções do Porto Interno na bacia do Rio Tatuoca, utilizando-o como canal
principal de navegação e atracamento. A proposta principal, neste caso, é
restringir os impactos a uma única área, impedindo a propagação dos efeitos
danosos das ações impactantes, de modo a possibilitar medidas mais eficientes e
dinâmicas, até mesmo no caso de acidentes ou ainda durante os serviços de
dragagem, enrocamento, aterros e supressão de vegetação, minimizando os
efeitos negativos das ações a serem realizadas.
...............
Nesta alternativa, só após a plena ocupação da bacia acontecer, poder-se-á
utilizar a foz do Massangana e seu entorno, permitindo-se um ajuste gradual às
modificações projetadas no Arranjo Geral Preliminar.
Por outro lado, propõe-se, ainda, a manutenção do afastamento máximo,
existente na atualidade, da Ilha de Cocaia ao arrecife, com a remoção do aterro
que vem sendo realizado próximo à linha do arrecife e face leste da mesma ilha, o
que possibilita maior circulação das águas e preservação das características
marcantes e necessárias do local.
...............
No entanto, a alternativa de traçado apresentada não impede a ocupação
portuária máxima prevista no Arranjo Geral Preliminar do Projeto Básico, mas
reserva para uma etapa futura, se houver efetiva demanda por sua ocupação com
novos cais (Riacho da Cana) e urbanização da ZIP a noroeste. Ao mesmo tempo
em que evita uma mudança drástica, inoportuna, de supressão de vegetação e
fauna existentes, propõe a racionalização do uso e ocupação do solo no entorno
da bacia de Tatuoca nos próximos vinte anos, aproximadamente.
Mesmo havendo a necessidade de ocupação máxima da ZIP, recomenda-se que
não seja feita a retificação das margens do Rio Massangana permitindo-se a

Capítulo 4 - 267
dragagem do leito, se necessária à navegação e que seja mantida uma faixa de
vegetação de cem metros nas suas bordas como garantidora da paisagem da
área, de grande beleza cênica, mantendo, assim, um contínuo paisagístico que se
inicia no Cabo de Santo Agostinho e se prolonga pela bacia de SUAPE, Ilhas de
Tatuoca e Cocaia e arrecifes.
Desta forma, o Complexo Industrial Portuário de SUAPE estará não apenas
possibilitando o crescimento econômico do nosso estado, mas também garantindo
a conservação ambiental do nosso patrimônio natural, histórico, cultural e
paisagístico, dentro dos princípios da precaução, prevenção e desenvolvimento
verdadeiramente sustentável para as gerações presentes e futuras.

4.2.4 As alterações decorrentes do PDZ e o link com o Estaleiro PROMAR


No período entre 2000 e 2010 e após a elaboração e aprovação do EIA/RIMA de 2000
que resultou no licenciamento das obras previstas no Projeto de Modernização e
Atualização do Porto de SUAPE, podem ser destacados alguns desdobramentos,
positivos e negativos, que rebatem diretamente no EIA Complementar do Estaleiro
PROMAR. Estes aspectos são a seguir relacionados.

4.2.4.1 O PDZ de 2010


A principal mudança acontecida neste período se refere à proposta de modificação do
layout da Zona Industrial Portuária (ZIP) para adequá-la às necessidades de
implantação de um cluster naval em SUAPE, o qual já foi mencionado em capítulos
anteriores.
Este novo arranjo proposto no PDZ, embora pareça que se trata de uma proposta
adicional ao já analisado no EIA de 2000, não é mais que uma alteração de forma,
sobre o mesmo tema já discutido e aprovado. Conforme já visto nos itens anteriores, a
proposta central do Projeto de 2000 previa a urbanização total da Ilha de Tatuoca, com
a respectiva necessidade de supressão, quase que total, da cobertura vegetal nativa de
mangue e restinga. De fato, o arranjo proposto na época era considerado “como um
mapa de intenções, portanto, passível de ajustes. A informação é de que aquele
Arranjo expressa apenas a tentativa, a nível conceitual, de prever a máxima ocupação
possível para a Zona Industrial Portuária (ZIP)” 3.
Nesse sentido, fica claro que o PDZ de 2010 não representa uma nova proposta, mas o
detalhamento de um layout conceitual cujos impactos na implantação já foram
analisados com base na delimitação física da ocupação da área, prevendo a máxima
ocupação.

4.2.4.2 O PDZ e as mudanças no cenário de impacto ambiental analisado em 2000


Um layout conceitual, geralmente, apresenta a situação mais desfavorável em termos
de impacto ambiental e, no caso de SUAPE, considera-se que a situação não foi
diferente. Esta observação se sustenta quando se comparam as duas propostas, a
conceitual do ano 2000 e a real do PDZ, em 2010, e se observa que, em termos de
supressão de vegetação, as duas propostas são quase equivalentes, uma vez que o

3
EIA/RIMA de Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE, 2000.

Capítulo 4 - 268
PDZ ocupa mais áreas ao oeste do Riacho da Cana. Mas, em compensação, o layout
conceitual previa a travessia dessas áreas com sistema ferroviário e rodoviário, o que
resultaria no aterramento de áreas e na fragmentação dos remanescentes vegetais de
mangue e restinga. Contudo, a principal mudança introduzida no PDZ e que minimiza
um conjunto de impactos ambientais, refere-se notadamente à possibilidade de
restringir todas as obras sobre a bacia do Rio Tatuoca4, como uma das mitigações do
EIA-2000. Livrando, deste modo, o Rio Massangana de alguns impactos severos, como
a dragagem, a alteração das margens, a navegação permanente de navios de grande
porte na sua calha, a modificação da paisagem e dinâmica daquele Rio, nas
proximidades do estuário, além de cercear alguns impactos, em caso de risco e
derramamento, no Tatuoca.
Com efeito, conforme se observa na Figura 4.1, a nova proposta deixa de lado o
conceito de anel de navegação em torno dos Rios Tatuoca, Massangana e da Cana,
para uma proposta em tripé, baseada em canais de navegação paralelos, todos
restritos e voltados à bacia do Rio Tatuoca. Esta nova formação permite atender uma
das principais recomendações do EIA-2000, no sentido de preservar uma faixa de
mangue de 100m na margem do Massangana, o que seria impossível de se ter
mantido com o arranjo original.
Na nova proposta, continua sendo muito válida a evocação do “princípio da precaução”,
que ficava claro no EIA de 2000 e que, de certa forma, foi atendida por SUAPE, uma
vez que de 2000 para cá não houve nenhum antecedente de desmatamento no CIPS,
para efeitos de urbanização da ZIP, salvo no caso do Estaleiro Atlântico Sul, cuja
implantação foi precedida pela supressão de um fragmento de restinga de 37,0
hectares regularizado pela Lei Estadual 13.637/08.

4
O que de certa forma representa o atendimento, em caráter permanente, da recomendação do EIA de
2000, que se referia a um traçado alternativo, mesmo que considerado na época como uma etapa
intermediária previa à ocupação total.

Capítulo 4 - 269
FIGURA 4. 1 – Esquema do layout analisado no EIA de 2000

Fonte: Adaptado do EIA de 2000

h
FIGURA 4. 2 – Esquema do layout proposto no PDZ

0 1km 2km
Fonte: Adaptado do PDZ / 2010

Capítulo 4 - 270
4.2.4.3 A complementação de impactos exigida para o Estaleiro PROMAR
A revisão efetuada sobre o EIA/RIMA de 2000 deixa claro que, na época, foram
analisados basicamente os impactos decorrentes da implantação das obras macro,
sendo que no conjunto global se insere também a área de 40,0 hectares destinada ao
Estaleiro PROMAR.
Essa previsão de impactos continua sendo válida, como também as medidas
compensatórias que foram definidas na época, uma vez que a responsabilidade pela
geração dos referidos impactos continua sendo do Porto de SUAPE.
Sendo assim, a identificação dos impactos para o projeto em análise estará restrita
àqueles de abrangência local, referentes especificamente às obras de construção civil
propriamente ditas, que em conjunto, resultam ser pouco expressivos quando
comparados com aqueles resultantes das ações de supressão de vegetação,
dragagem e aterramento da área, podendo incluir inclusive o remanejamento de
população. Estes também serão citados novamente na análise, mas para efeitos
comparativos de quanto representam em termos do impacto geral do CIPS já analisado
no EIA de 2000.
Já na análise de Fase de Operação a situação é um pouco diferente, uma vez que o
EIA de 2000 esteve restrito quase que completamente à fase de implantação das obras
de ampliação e de modernização, sem se aprofundar na fase posterior de operação.
Isto porque naquela época, não se conhecia a vocação industrial que tomaria o porto, o
que já hoje é conhecido pelo PDZ/2010. Com efeito, atualmente se conhece o arranjo
definitivo da ZIP, como também as características, mesmo que aproximadas, de cada
um dos empreendimentos que serão implantados, em termos de localização, porte,
capacidade de processamento, tipologia e tecnologia, de efluentes, de resíduos, de
emissões, de geração de empregos, de demanda de navegação e previsão de
implantação, o que permitiria a realização de uma avaliação ambiental integrada (AAI)
de todo o PDZ, isso para as diversas fases de urbanização com cenários em 2010,
2020 e 2030 ou, inclusive, intermediários, o que foge ao escopo do presente estudo.
Sem essa análise integrada o exercício de avaliação de impacto ambiental de
empreendimentos isolados, como é o caso do Estaleiro PROMAR, estará restrita
unicamente à identificação dos referidos impactos, em sua especificidade, mas não à
avaliação das suas consequências no meio ambiente, de modo sinérgico e cumulativo,
principalmente.

4.3 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL COMPLEMENTAR


A avaliação dos impactos ambientais complementares, referentes à implantação e
operação do Estaleiro PROMAR, será apoiada nas características do Empreendimento
procurando estabelecer a diferença entre a conjuntura do meio ambiente (natural e
social) e o seu futuro. Este, modificado pela realização do projeto, buscando, de forma
sistemática, correlacionar as diversas ações do Empreendimento causadoras dessas
modificações ambientais.
Para tanto, serão analisados os sistemas construtivos e operacionais do
Empreendimento, de maneira a permitir a identificação das diferentes ações que
poderão gerar impactos nas suas diversas fases (implantação, operação e

Capítulo 4 - 271
fechamento). Vários são os métodos reconhecidos que permitem sistematicamente
analisar uma situação particular.
Neste caso, será utilizado o método ad hoc, que utiliza reuniões, durante um tempo
reduzido e definido, com grupo de especialistas (brainstorming). A finalidade é reunir
informações sobre os prováveis impactos ambientais, tendo-se como base a
experiência profissional de cada um, além de documentos e dados levantados, a partir
do que se obtêm diretrizes, com profundidade suficiente para a qualificação e
valorização dos impactos ambientais.
A identificação de impactos ambientais aborda, no mínimo, os 25 impactos
relacionados no item 3.9 do TR emitido pela CPRH, além daqueles considerados como
pertinentes pela equipe técnica. O estudo dos impactos será relacionado para três
fases: Planejamento, Implantação e Operação.

4.3.1 O Cenário de análise de impacto onde se insere o Estaleiro PROMAR S.A


A avaliação ambiental do Empreendimento deve ser inserida dentro do contexto que se
vivencia atualmente no Porto de SUAPE, e nos próximos 5 anos como mínimo, com
previsão de grandes investimentos e profunda transformações ambientais, começando
pela expectativa de implantação de um cluster naval na Ilha de Tatuoca, a implantação
da Refinaria Abreu e Lima e ampliação da capacidade de recebimento de containeres
do porto.
Nesse cenário de crescimento e implantação simultânea de grandes empreendimentos
deve ser estudado o Estaleiro PROMAR, tanto no tocante à sinergia com as outras
obras projetadas, como na dependência delas, mas principalmente no que diz respeito
à significância dos seus impactos no contexto geral. Com efeito, a identificação e
qualificação de impactos ambientais sempre deverá focar a significância da parcela
gerada no Empreendimento, em termos do universo total considerando os demais
empreendimentos.
Esse pressuposto de análise fica evidente e adquire maior relevância na etapa de
implantação no tocante à necessidade de supressão de vegetação e dragagem na área
portuária. Já durante a etapa de operação, os principais aspectos a serem
considerados são a movimentação de navios no porto externo e interno e a geração de
efluentes líquidos e resíduos sólidos e emissões gasosas.
No tocante à etapa de implantação e considerando o avanço nos licenciamentos e
processos licitatórios dos diversos empreendimentos previstos para a zona portuária,
considera-se que existirá uma superposição de obras de vários empreendimentos
entre os anos de 2011 e 2013, conforme se mostra na Figura 4.3.
Observa-se como a dragagem do canal de acesso prevista para o cluster naval terá
que ser executada em aproximadamente 60% do total previsto de tal forma a permitir o
acesso marítimo aos cais de acostamento do Estaleiro CONSTRUCAP, localizado no
interior da Ilha. A abertura dessa parcela do canal implicará na supressão de uma
parcela considerável de vegetação do total regulamentado pela Resolução do
CONSEMA 03/10, igualmente, será necessário o remanejamento da população que
habita essa porção da Ilha de Tatuoca, uma parte para dar passo ao canal de acesso e
outra parte para liberar a área do Estaleiro PROMAR S.A.

Capítulo 4 - 272
FIGURA 4. 3 – Superposição de obras durante o período 2011 – 2013 na ZIP de SUAPE

Nota: A figura acima foi construída pela equipe do EIA, com base no nível de avanço dos
licenciamentos e processos licitatórios dos diversos empreendimentos, mas não
necessariamente corresponde ao planejamento de SUAPE para implantação das obras, que,
outrossim, não estava definido à data de encerramento deste estudo, conforme informações da
mesma Empresa SUAPE.

Capítulo 4 - 273
Por outro lado, nesse mesmo período deverão estar sendo implantadas outras obras
previstas no PDZ, como a ampliação do EAS, a implantação do terminal de minério, a
ampliação dos cais para recebimento de contêineres, bem como um segundo estaleiro
na área contígua ao EAS, que implicará na retirada do restante da população da Ilha de
Tatuoca. A previsão é que todas estas obras sejam implantadas entre os anos de 2011
e 2013, coincidindo com o período de implantação do Estaleiro PROMAR, assim,
existirá também uma superposição de impactos ambientais nesse período em termos
de emissão de particulado, aumento do nível de ruídos, implantação de canteiros,
movimentação de veículos pesados, geração de esgoto, aumento na turbidez d’água,
dentre outros.
Já durante a fase de operação do Empreendimento existirá igualmente uma
superposição de atividades, tanto com os empreendimentos que foram implantados no
mesmo período, como com os já existentes no CIPS. Destaca-se principalmente a
Refinaria Abreu e Lima e o terminal de contêineres, isso por conta do número de navios
mensal que acessarão o Porto de SUAPE para descarregar ou levar produtos.
Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de
Pernambuco, durante o ano de 2009, um total de 1138 navios trafegou pelo Porto de
SUAPE, transportando um total de 7.736.622 toneladas de produtos. Embora o ano
tenha fechado com uma queda de 9.8% em termos do exibido no ano de 2008, quando
se movimentaram em SUAPE 8,61 milhões de toneladas de produtos, a previsão é de
aumento significativo nos próximos anos, senão vejamos:
Conforme o PDZ/2010 do Porto de SUAPE, a movimentação de contêineres deverá
passar de 296 TEU 5 em 2009 para 500.000 em 2015 e para 1.500.000 em 2030.
Igualmente, a tonelagem movimentada de graneis líquidos deverá quintuplicar até
2015, por conta do petróleo que entrará no porto para abastecer a refinaria, e as saídas
em forma de derivados e sub-produtos. A expectativa é que se passe das 4.9 milhões
de toneladas para 21.9 milhões em 2015. Os graneis sólidos serão o segmento que
mais deverá crescer, passando de 400 mil toneladas em 2009 para 6,0 milhões em
2015. Soma-se a isso o acréscimo nas exportações de gipsita proveniente do pólo
gesseiro via Transnordestina e outros minérios. Sumariamente, estima-se que o
aprofundamento de canais e implantação de todos os projetos previstos, redunde em
um aumento na movimentação de cargas de 7,7 milhões de toneladas por ano.
Nesse sentido, pode-se verificar que dentro do universo global o Estaleiro PROMAR
representa uma pequena parcela na atração de navios por conta das atividades
desenvolvidas. Observa-se que a capacidade de processamento de aço prevista
inicialmente é de 20.000 t/ano, ou seja, em teoria o abastecimento poderia ser feito em
uma única viagem anual de um navio carregado com chapas de aço de diferente
calibre.
Um outro aspecto que deve ser salientado e analisado no contexto geral do complexo e
especialmente da zona portuária, refere-se a geração de efluentes industriais.
Conforme dados do PDZ, a COMPESA abastece o CIPS com 1,42 m³/s de água bruta
e 0,7 m³/s de água tratada. Considerando um abastecimento diário de 16 horas por dia,
ter-se-ia um consumo diário da ordem de 122.112 m³ de água, dos quais, em torno de
1/3, retornam aos Rios Massangana e Tatuoca em forma de efluente tratado. Nesse

5
Unidade de padronização de contêineres. Sigla em inglês (Twenty-foot equivalent).

Capítulo 4 - 274
sentido, observa-se como a demanda de água do Estaleiro PROMAR estimada em
300m³/dia, corresponde a 0,24% da demanda total do complexo. Mesma proporção se
teria para efeitos de estimar o aporte de efluente nas bacias da AID.
A discussão acima não pretende minimizar os impactos que potencialmente podem ser
gerados no Estaleiro PROMAR S.A, mas sim, reiterar a dificuldade que se tem em
isolar o Empreendimento do seu contexto geral, para fins, por exemplo, de
determinação da qualidade ambiental futura.

4.3.2 Identificação de Ações Impactantes


As ações do Empreendimento causadoras de alterações ambientais e sobre as quais
se embasará a avaliação de impacto ambiental, são descritas na sequência.

4.3.2.1 Ações impactantes na fase de planejamento


A Fase de Planejamento do Empreendimento compreende as ações de estudos,
projetos e veiculação do projeto na mídia. Esta fase, ou melhor, a geração de impactos
dela resultante, já vem se manifestando com grande intensidade em decorrência do
Projeto de Lei 1496/2010 que viabiliza a supressão de vegetação na ZIP para a
primeira etapa do PDZ com horizonte de planejamento até o ano de 2020. Reflexo
deste projeto são as manifestações contrárias, como no caso de ONG’s e grupos de
pescadores, e as posições favoráveis, que também são muitas.
Esta polarização de opiniões deverá atingir seu ponto máximo na audiência pública e
quando começarem as pesquisas finais para desapropriação. Sendo isto uma situação
recorrente, verificada em projetos que envolvem o remanejamento involuntário de
população. Observa-se que o efeito cluster, manifesta-se tanto para aspectos que
favorecem o Empreendimento, durante a operação em termos de sinergia produtiva,
como também para aspectos que o prejudicam, durante a fase de implantação, uma
vez que a oposição que se manifesta em alguns grupos não está direcionada para o
Estaleiro PROMAR, especificamente, mas para todo o conjunto de obras previstas.
Observa-se também o fato que, mesmo na etapa de planejamento, não é possível
dissociar do conjunto os impactos causados pelo Empreendimento
Assim, consideraram-se como ações impactantes desta fase as relacionadas na
sequência:

A. Veiculação do Projeto na Mídia


A veiculação do projeto na mídia, incluindo as audiências públicas e demais
apresentações e esclarecimentos do projeto, e mesmo a geração deste EIA com
seu correspondente RIMA (Resumo não técnico) inclui-se dentro desta ação
impactante, uma vez que se constituem em documentos que causam reações de
apoio, de rejeição ao empreendimento e expectativa durante todo o processo.
B. Ações de Negociação e Compensação
As ações de negociação com a comunidade que será remanejada, bem como a
definição das ações de compensação poderão causar impacto ambiental decorrente
de vários aspectos a seguir relacionados:

Capítulo 4 - 275
 Pouca credibilidade de SUAPE perante a opinião pública e os órgãos de
controle pelo não atendimento integral dos compromissos ambientais
assumidos em decorrência do EIA de 2000;
 Dificuldade de avaliar compensações de algumas atividades, como o caso
dos impactos sobre a pesca e os pescadores;
 Conflitos decorrentes da divisão de responsabilidades entre SUAPE e o
Empreendedor, em termos de compensação e mitigação;
 Expectativas monetárias e de benefícios criadas com base em outras
compensações, desapropriações e indenizações que vem acontecendo em
empreendimentos localizados na Área de Influência Indireta.
C. Elaboração de estudos e projetos
A elaboração de estudos e projetos considera-se como uma ação impactante, uma vez
que o planejamento integrado de meio ambiente, técnica, e as restrições sociais,
redundarão sempre em um projeto menos impactante e mais harmonioso com a área
que o receberá.

4.3.2.2 Ações impactantes na fase de implantação


A Fase de implantação do projeto será igualmente um período temporário com duração
de 28 meses, conforme cronograma de implantação do Empreendimento contido no
Projeto básico da PROMAR.
Nesta Fase foram identificadas as seguintes ações impactantes.

A. Remanejamento involuntário de População


Embora a retirada da população que habita atualmente a Ilha de Tatuoca esteja
programada por SUAPE já algum tempo, e diga respeito ao cluster naval como um
todo, o fato de uma parcela dessa população estar assentada na ADA do
Empreendimento, deve ser necessariamente analisado.
Assim, esta ação impactante considera a retirada de em torno de 48 famílias da ilha
de Tatuoca, para o conjunto habitacional Nova Tatuoca, localizado no Município do
Cabo de Santo Agostinho.

B. Implantação e operação do(s) canteiro(s) de obra e mobilização de pessoal


Nesta atividade impactante se agrupam todas as ações relacionadas com o início
dos trabalhos de construção, começando pela implantação do(s) canteiro(s) de obra
requerido(s) para o Empreendimento, precisando, para isso, da limpeza e
nivelamento do terreno, obra civil, etc.
Inclui-se também nesta atividade as ações de operação destes canteiros, com as
consequentes atividades de geração de resíduos sólidos, atividades industriais nas
plantas de concreto e asfalto, lavagem e manutenção de veículos pesados,
laboratórios, refeitórios, etc., bem como a contratação de pessoal e de maquinaria
com a correspondente pressão sobre os serviços públicos da Cidade do Cabo,
aumento da atividade econômica, etc.

Capítulo 4 - 276
B. Supressão de Vegetação e limpeza do terreno
Refere-se à supressão de áreas de restinga dos locais a serem ocupadas pelas
obras, bem como à limpeza do terreno e retirada da camada orgânica (se for
aplicável à técnica construtiva a ser empregada).
Destaca-se que durante a primeira etapa de implantação do estaleiro, a supressão
de restinga será de 18 hectares (58%) do total desta formação existente no terreno.
Não será requerida a supressão de vegetação de mangue.

C. Dragagem do canal e aterramento da área


Considera a abertura do canal de navegação em direção norte e a construção dos
cais da área offshore do Estaleiro. Inclui também o remanejamento do material
escavado para ser utilizado como aterro para elevação do greide até a cota + 4,60,
e/ou sua destinação final em bota-fora para os excedentes de escavação.

D. Obra civil
Agrupam-se nesta ação impactante todas as ações relacionadas com obra civil
propriamente dita, bem como à montagem mecânica de equipamentos

4.3.2.3 Ações impactantes na fase de operação


A Fase de operação do Empreendimento se estenderá indefinidamente no tempo.
Considera a operação do Estaleiro com uma capacidade de processamento de aço
crescente, começando em, aproximadamente, 25.000 toneladas/ano.
Nesta fase de operação foram definidas as seguintes ações impactantes:

A. Sinergia do Empreendimento
Considera a existência do Empreendimento como um todo, com suas implicações e
sinergia no conjunto com outros empreendimentos da AID no concernente a
mudança na paisagem, geração de emprego, mão de obra, cadeia produtiva local,
dentre outros.

B. Utilização de infraestrutura
Considera esta ação impactante a utilização da infraestrutura do CIPS em termos
de canais de navegação, redes ferroviárias e rodoviárias, água, eletricidade, dentre
outros. Inclui-se aqui, por exemplo, as dragagens de manutenção requeridas para
manter a profundidade mínima do canal da aproximação ao Estaleiro.

C. Atividade industrial
Refere-se à geração de subprodutos em forma de efluentes líquidos, resíduos
sólidos e emissões gasosas. Inclui-se também nesta ação impactante a geração de
ruído.

Capítulo 4 - 277
4.3.3 Escala de Avaliação de Impactos Negativos

Para atingir o objetivo do capítulo, foi aplicada inicialmente a metodologia de avaliação


conhecida como Ad-Hoc, na qual foram realizadas reuniões com a equipe técnica
multidisciplinar. Em seguida foi aplicado o Método das Matrizes de Interação de forma
a correlacionar as ações do Empreendimento que geram impactos com os fatores
ambientais. A sequência metodológica da avaliação é apresentada a seguir:

I. Identificação de impactos pelos especialistas;


II. Discussão interdisciplinar com todos os membros da equipe, definindo os
impactos relevantes;
III. Elaboração de Matriz de Interação com a qualificação dos impactos;
IV. Definição de medidas mitigadoras e PBA’s.

O exercício de identificação e previsão de impactos ambientais normalmente utiliza um


ou vários dos seguintes métodos:

a. Estudos de casos que permitem extrapolar os efeitos de uma ação similar


sobre o mesmo ecossistema ou outro ecossistema semelhante.
b. Modelos conceituais ou quantitativos que efetuem previsões das interações do
ecossistema.
c. Bioensaios de estudos do microcosmo que simulem os efeitos das
perturbações sobre os componentes dos ecossistemas sob condições
controladas.
d. Estudos de perturbações no campo que evidenciem respostas de parcela da
área proposta para o projeto às perturbações experimentais.
e. Considerações teóricas que propiciem a previsão dos efeitos, a partir da teoria
ecológica vigente.

Neste caso de implantação do Estaleiro PROMAR, as metodologias utilizadas pela


equipe para a previsão de impactos ambientais estão abrangidas nos tópicos a, b, e e.
Uma vez identificados os impactos ambientais considerados relevantes, procede-se à
qualificação dos mesmos, em um comportamento que muitas vezes se adentra no
campo subjetivo direcionado pela vocação profissional da equipe técnica. Neste caso, e
para desvincular em parte o exercício de qualificação do campo subjetivo, utilizou-se
uma metodologia ponderativa, onde se envolvem os vários critérios de qualificação no
objetivo final de hierarquizar os impactos levantados em função da sua capacidade
modificadora do território de estudo.
O resumo da metodologia utilizada pode ser apreciado na Figura 4.4, a seguir.

Capítulo 4 - 278
Figura 4.4 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

Capítulo 4 - 279
4.4 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL COMPLEMENTAR
Do exercício de identificação e qualificação de impactos, realizado de forma
interdisciplinar, foram finalmente sintetizados 13 impactos positivos, distribuídos nas
fases de planejamento, implantação e operação, e 33 impactos negativos alocados
igualmente nessas três fases. Nesse ponto é importante destacar um aspecto
fundamental para o bom entendimento do processo. O balanço algébrico entre
impactos Positivos e Negativos não determina por si só a conveniência ou não de
implantar um determinado projeto, nem sequer é um bom indicador na hora de basear
uma decisão. O ditame final é um processo complexo de ponderação, onde devem ser
analisados globalmente todos os documentos do processo, incluindo o projeto e o EIA,
com a intervenção do Órgão Fiscalizador, a Equipe do EIA, o Empreendedor e a
População Civil, entre outras ferramentas dos estudos de EIA/RIMA.
De uma forma geral, o conjunto de impactos analisado esteve dentro do que se previa
em função da essência do Empreendimento. Com efeito, os impactos positivos de
maior relevância, ou seja, aqueles qualificados como de importância MUITO ALTA ou
ALTA, estiveram associados à possibilidade de geração de emprego, renda e
qualidade de vida. Estes impactos, e em geral todos os analisados de caráter Positivo,
apresentam uma abrangência regional direcionada para o meio antrópico,
contrariamente aos impactos negativos, que em sua grande maioria apresentam
abrangência pontual ou local com efeito nos meios físico – biótico.
Significa isso a socialização da riqueza ecológica de uma área, através de uma
equação da forma:

Riqueza ecológica = benefícios sociais + compensação + mitigação

Essa troca só será justa se a equação de fato for uma igualdade, ou seja, não é
suficiente gerar benefícios sociais, têm que ser simultaneamente atendidas as medidas
de compensação e mitigação propostas, o que infelizmente não vem acontecendo em
SUAPE, e em geral no Brasil e no mundo.
A Figura 4.5 a seguir ilustra graficamente a distribuição de impactos na escala de
importância definida para o estudo. Observa-se que três (3) dos 33 impactos (9,0%)
foram considerados como de importância MUITO ALTA, e seis deles de importância
ALTA (18,18%). A grande maioria (23 impactos), foram considerados com importância
MODERADA (39,39%) a BAIXA (30,30%), enquanto que só um impacto,
correspondente ao Risco de Favelização do entorno da área foi considerado como de
importância MUITO BAIXA, em função da sua probabilidade remota de acontecer,
tendo em vista a valorização das áreas do entorno.
Um aspecto muito importante de ser destacado é que a totalidade dos impactos que
foram classificados como de importância MUITO ALTA, está associada a ações da fase
de implantação sob a responsabilidade de SUAPE e que, por conseguinte, já foram
contemplados no EIA/RIMA de 2000. Estes impactos são referentes à dragagem do
canal de acesso e ao o remanejamento involuntário de população da comunidade que
habita a Ilha de Tatuoca, com todas suas implicações culturais e econômicas.
Observa-se como este último impacto adquire uma relevância maior no contexto da
equação utilizada acima para exemplificar o cenário de implantação do
Empreendimento, e onde não parece justo que em se tratando de uma troca de ativos
Capítulo 4 - 280
ecológicos por benefícios sociais, a população que se usufrui atualmente do referido
ativo resulte prejudicada na sua qualidade de vida, que, igualmente, já é precária.
Conforme já mencionado, a figura a seguir sintetiza a avaliação de impactos efetuada
pela equipe multidisciplinar, salientando que dos 33 impactos negativos, 20 estiveram
alocados na Fase de Implantação, o que ratifica ser esta a instância das maiores
alterações ambientais. Enquanto 12 foram verificados na Fase de Operação e só um
na etapa de Planejamento.

FIGURA 4. 5 – Resumo da avaliação de impactos negativos

12
13
Quantidade de Impactos

10 10
Negativos

6 6

4
3
2
1
0
MUITO BAIXA BAIXA MODER. ALTA MUITO ALTA

Importância dos Impactos

A seguir, apresenta-se o Quadro 4.2, que contêm a Matriz de Impacto do


Empreendimento nas três fases analisadas, incluindo a identificação do impacto, a
qualificação e a principal recomendação em termos de mitigação e/ou compensação.

Capítulo 4 - 281
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental

CAPÍTULO 4 - 282
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental

CAPÍTULO 4 - 284
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental

CAPÍTULO 4 - 285
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental

CAPÍTULO 4 - 286
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental

CAPÍTULO 4 - 287
4.4.1 Impactos Positivos
O projeto, na sua conjuntura integrada, é claro que causará impactos positivos,
principalmente relacionados com a geração de emprego e renda. Em termos de
empregos, destaca-se novamente a capacidade geradora de mão de obra direta dos
estaleiros na fase de operação, o que é claramente observável quando analisado
através de indicadores. Com efeito, o Estaleiro PROMAR gerará em torno de 25
empregos diretos por hectare ocupado, contra 2,5 empregos/ha da Refinaria Abreu e
Lima. Da mesma forma e conforme dados do SINAVAL, para cada emprego direto nos
estaleiros, serão gerados quatro indiretos.
Este grande benefício irradia-se para outras dimensões menos abrangentes, ora
pontuais e temporárias, ora permanentes e regionais, também consideradas como
Impactos Positivos.
A seguir serão relacionados os Impactos Positivos, que foram identificados pela equipe
técnica nas Diversas Fases do Projeto.

4.4.1.1 Impactos positivos na fase de planejamento


A. Possibilidade de Consolidar Lideranças e grupos organizados
O processo de negociação é uma boa possibilidade para promover o fortalecimento
e/ou criação de grupos organizados e lideranças na região.
Um fortalecimento destes grupos permitiria uma participação mais favorável nos
processos de negociação e uma posição mais forte na exposição de suas
reivindicações junto a SUAPE e o Empreendedor.

B. Ampliação do Conhecimento Científico


Dentre os impactos positivos, destaca-se a ampliação do conhecimento científico
acerca da região, neste caso, especificamente, destacam-se as informações
levantadas em termos socioeconômicos e de patrimônio cultural da região. Observa-se
que os EIAs/RIMAs, pela mesma exigência dos termos de referência, representam uma
grande fonte de dados primários georreferenciados produzidos por técnicos de
reconhecida competência.

4.4.1.2 Impactos positivos na fase de implantação

C. Dinamização temporária da economia local e regional


A implantação do Estaleiro PROMAR implicará investimentos da ordem de 250 milhões
de reais, o que certamente repercutirá entre os segmentos econômicos direta ou
indiretamente vinculados à indústria naval. O aumento da demanda por insumos e
equipamentos representará, desde a instalação e, também, na fase de operação, um
fator de desenvolvimento da economia dos municípios e do Estado de Pernambuco, na
medida da capacidade de participação de empresas sediadas na região.
Nesse contexto, alimenta-se a expectativa de dinamização de empresas fornecedoras
de materiais e equipamentos requeridos, atingindo, assim, toda a cadeia produtiva, em
conformidade com o projeto do estaleiro planejado, fato que deverá induzir à
modernização e/ou ampliação de alguns desses setores, de modo a atender às novas

Capítulo 4 - 288
demandas. Situação semelhante a ser vivenciada no tocante à mão de obra, que
deverá demonstrar capacidade de atender aos requisitos da indústria naval atuante em
escala mundial.
O dinamismo econômico esperado repercutirá, igualmente, na oferta de bens e
serviços de apoio à realização da atividade principal, podendo-se identificar impactos
em outros segmentos econômicos, tais como hotelaria, alimentação, comércio,
indústria da construção civil, transporte, locação de imóveis, dentre outros. Esses
desdobramentos dos impactos de primeira ordem do Empreendimento se espraiam por
toda a Área de Influência Indireta, na medida em que interagem com os impactos
manifestos ou esperados da instalação de outras indústrias no Complexo Industrial
Portuário de Suape, CIPS. Trata-se, no caso, dos efeitos sinérgicos do incremento
econômico da área, dentre os quais adquire relevância o volume de empregos gerados,
seja diretamente nas ações necessárias à implantação do empreendimento, e,
indiretamente, no conjunto de empresas que integram a cadeia produtiva envolvida.

D. Geração temporária de emprego e renda


Durante a fase de implantação, o Empreendimento deverá gerar 2.000 empregos
diretos e, aproximadamente, 600 indiretos. Ainda que constituam postos de trabalho
temporários, há que se considerar a importância da ampliação das oportunidades de
trabalho e renda na região e o fato de a elevação do número de empregos diretos em
um determinado setor da economia estimular a produção e a geração de empregos
indiretos e dos denominados empregos do “efeito-renda”.
A ampliação da oferta de empregos constitui, sem dúvida, um impacto positivo de
indiscutível importância.

E. Acesso a residências de melhor padrão construtivo e aos serviços básicos


Na avaliação dos impactos, o remanejamento da população residente na Ilha de
Tatuoca consta como impacto negativo de alta magnitude, em razão dos transtornos
inerentes a processos dessa natureza. O stress ocasionado pelas mudanças
compulsórias decorre da sensação de insegurança, das incertezas quanto à
capacidade de adaptação no novo local de moradia e das perspectivas,
frequentemente pouco otimistas, de recomposição das atividades produtivas.
Entretanto, a despeito das perdas materiais e afetivas, há que se considerar o fato de a
população ter acesso a casas de melhor padrão construtivo, em comparação com as
atualmente ocupadas - e dotadas dos serviços básicos de abastecimento de água,
energia elétrica e saneamento. As condições de habitação planejadas objetivam reduzir
a pressão dos novos contingentes de trabalhadores sobre as administrações
municipais. Sob essa ótica, identifica-se um impacto positivo direto, ainda que possa
ficar encoberto pelo desgaste pessoal e coletivo de uma mudança forçada.

F. Aumento da arrecadação de impostos

A realização do conjunto de atividades, inerentes à implantação do Empreendimento,


representará um aumento das receitas municipais, considerando a arrecadação de
impostos por parte do Município de Ipojuca, onde se localiza o Empreendimento. O
dinamismo econômico associado à instalação do Empreendimento implica no
desenvolvimento de atividades em diversos setores econômicos, dentre os quais o de
comércio e serviços, inclusive os sediados nos municípios da AID. Ao aumento da
Capítulo 4 - 289
demanda por bens e serviços corresponderá a uma elevação da arrecadação de
impostos, como ICMS e o ISS, configurando um impacto positivo, direto de média
magnitude.
A desmobilização da mão de obra ao término da instalação do Empreendimento
possivelmente implicará em um defluxo nas atividades realizadas por determinados
segmentos para atendimento de uma demanda em caráter temporário. Nesse caso,
caracteriza-se como um impacto negativo, direto, de média magnitude.

G. Melhoria da qualidade de vida da mão de obra empregada

O acesso a um emprego formal, ao qual corresponde salário compatível com o


mercado de trabalho, além de exercido em conformidade com as normas relativas à
segurança no trabalho, representa fator que condiciona a melhoria da qualidade de
vida das pessoas diretamente contratadas e suas famílias. A regularidade do salário,
ainda que se trate de contrato temporário de trabalho, permite a aquisição de bens e
serviços de melhor qualidade, contribuindo, desse modo, para elevar os padrões de
existência dessa mão de obra.
Cabe destacar, igualmente, as oportunidades de qualificação profissional que vêm
sendo oferecidas à mão de obra local, visando superar deficiências decorrentes do
baixo nível educacional, diminuindo, por esta via, alguns obstáculos à inserção da
população em idade ativa no mercado de trabalho que se instala em Suape. O Governo
de Pernambuco vem realizando parcerias para viabilizar investimentos em capacitação,
o que constitui impacto positivo relevante no contexto local e regional.
Um exemplo claro deste impacto positivo é o Edital do PROMINP (5º Ciclo) que oferece
mais de 8.000 vagas para capacitar profissionais nos níveis básico, médio, técnico de
nível médio e superior para a implementação dos empreendimentos do setor de
petróleo e gás no Brasil previstos para o período de 2011 e 2012.

4.4.1.3 Impactos positivos na fase de operação

H. Dinamização permanente da economia local e regional


A construção de mais um estaleiro em Pernambuco constitui um dos exemplos da
retomada da indústria naval brasileira que, nos últimos anos, tem demonstrado a
superação de mais de uma década de crise, quando ocorreram fechamentos de
empresas, sucateamento e redução das oportunidades de emprego no setor. A
recuperação da indústria naval encontra-se fortemente vinculada à atuação da
Petrobrás que passou a realizar encomendas de embarcações a produtores nacionais,
passando a realizar investimentos visando a construção de plataformas para a
prospecção de petróleo no Brasil. Os investimentos da Transpetro sinalizam:

“uma mudança no modelo da indústria de grandes navios no Brasil gerando


conseqüências como a modernização do setor, maior competitividade no mercado
internacional, geração de 22 mil novos empregos e principalmente: a reabertura de

Capítulo 4 - 290
um grande mercado ávido para incorporar bens e serviços alinhados com sua cadeia
produtiva” 6.
Tal dinamismo da indústria naval repercute diretamente na produção de navipeças
(componentes e equipamentos utilizados na construção de navios), contribuindo,
assim, para reestruturação deste segmento da indústria nacional.
A operação de um empreendimento do porte do Estaleiro PROMAR introduz na
economia um novo patamar de demanda por bens e serviços, envolvendo fornecedores
de matéria-prima e produtores de máquinas e equipamentos de várias regiões,
inclusive do exterior. Representa, por outro lado, um forte incremento à indústria naval
brasileira, inscrevendo-se no grande projeto de funcionamento de um Cluster Naval no
Complexo Industrial Portuário de Suape. Nesse sentido, ocorrerá um forte estímulo aos
produtores de matéria-prima e de bens requeridos pelo parque fabril e empresas de
bens e serviços complementares, favorecendo a ampliação e a modernização da oferta
em setores como hotelaria, alimentação, comércio, indústria da construção civil,
transporte, locação de imóveis etc.
Os grandes empreendimentos instalados ou em fase de implantação em Suape vem
sendo apontados como responsáveis, por exemplo, pelo aumento da demanda por
imóveis na porção sul da Região Metropolitana do Recife, mas também pela maior
intensificação no trânsito e na demanda pelo transporte público. A mobilização de mão
de obra especializada, vinda de outras regiões do país e do exterior, tem se constituído
em elemento de dinamização do mercado, principalmente, de aluguéis, no Pina até
Candeias, levando a novos investimentos na indústria da construção civil. Do mesmo
modo, o elevado número de trabalhadores contratados pelas referidas empresas exige
a adoção de um planejamento criterioso, de modo a evitar a ocupação desordenada
dos espaços urbanos das cidades, situadas no entorno imediato do CIPS, afastando a
possibilidade de favelização na periferia do Porto e proximidades.
No âmbito do Plano Diretor de Suape são contempladas propostas de construção de
unidades populacionais nas cidades vizinhas inseridas no Território Estratégico de
Suape. Dada a proibição de construção de alojamentos para operários no interior do
CIPS, consolida-se a tendência de construção de conjuntos habitacionais, a serem
administrados por um condomínio, contando com infraestrutura de serviços, inclusive
áreas de lazer e restaurantes, visando à inserção desses espaços no desenho urbano
das cidades. Com esse objetivo, prevê-se a interação como a comunidade local para
que esses conjuntos se consolidem como bairros, mesmo após a desmobilização da
mão de obra empregada na etapa de instalação dos vários empreendimentos
planejados.

I. Geração permanente de emprego e renda


Durante a fase de operação, o Empreendimento deverá gerar 2.250 empregos diretos
e, aproximadamente 6.000 indiretos, o que representa um acréscimo considerável no
mercado de trabalho local e regional. Em virtude de inexistir mão de obra qualificada
em número suficiente para atender à nova demanda, a criação de postos de trabalho
na indústria naval tem induzido investimentos em qualificação dos trabalhadores.

6
Cf. http://www.clickmacae.com.br/?sec=47&pag=noticia&cod=4736. Consulta em 25/5/2010.

Capítulo 4 - 291
Como mencionado no Diagnóstico, ainda existe um desafio significativo para a
superação das enormes deficiências que vêm sendo apontadas em relação à
qualificação profissional da força de trabalho local, sobretudo depois da instalação de
grandes projetos, como a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul. A
dificuldade para preencher o quadro de funcionários com a mão de obra local remete
ao despreparo associado a um modelo de ensino que não tem se mostrado eficiente na
transmissão e consolidação de conhecimentos básicos. Entretanto, diversas ações dos
governos federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada têm promovido a
capacitação de mão de obra local para atender as demandas. Em função do cluster
naval a UFPE criou um novo curso de Engenharia Naval, além de especialização na
área de equipamentos.
Registre-se, ainda, que possivelmente haverá necessidade de ampliação da área de
abrangência das ações de qualificação de mão de obra para além dos limites dos
municípios inseridos na AII. Isto em função da previsão de instalação de outras
empresas ligadas à indústria naval, aumentando, portanto, a demanda por mão de obra
especializada, o que acentua a carência no setor.
De modo geral, observa-se que a perspectiva de elevação do número de empregos
diretos no Empreendimento estudado constituirá um estímulo à produção em outros
setores da economia e, por conseqüência, à elevação da quantidade de postos de
trabalho, empregos indiretos, afetando, assim, toda a cadeia produtiva. Nesse sentido,
a geração de empregos diretos resulta em uma externalidade positiva, pelo fato de
fomentar a criação de empregos indiretos, produzindo, simultaneamente, um aumento
da renda. Por sua vez, o aumento da renda repercute positivamente no incremento do
consumo privado, elevando a demanda por bens e serviços, podendo assim acelerar o
surgimento dos empregos derivados do “efeito-renda”. No final, esse processo indica a
possibilidade de melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores empregados e suas
famílias. A Figura 4.6, a seguir, sintetiza os desdobramentos da geração de empregos,
em função do Empreendimento.

FIGURA 4. 6 – Geração de empregos e efeito renda

Fonte: Maria Lia Correia de Araújo

Capítulo 4 - 292
J. Aumento da arrecadação de impostos
A exemplo do que se comentou em relação à fase de implantação, a realização do
conjunto de atividades inerentes à etapa de operação representará um aumento das
receitas municipais, considerando a arrecadação de impostos por parte do Município
de Ipojuca, onde se localiza o Empreendimento. O dinamismo econômico associado à
operação do Empreendimento implicará o desenvolvimento de atividades em diversos
setores econômicos, dentre os quais o de comércio e serviços, inclusive os sediados
nos municípios da AID. Ao aumento da demanda por bens e serviços corresponderá
uma elevação da arrecadação de impostos, como ICMS e o ISS, configurando um
impacto positivo, direto de alta magnitude.

K. Melhoria da qualidade de vida da mão de obra empregada


Tal como observado no tocante à etapa de implantação do Empreendimento, o acesso
a um emprego formal, com salários compatíveis com o mercado, e realizado em
conformidade com as normas relativas à segurança no trabalho constituem fatores
relevantes que se traduzem em melhoria da qualidade de vida das pessoas
diretamente contratadas e suas famílias. A regularidade do salário permite a aquisição
de bens e serviços de melhor qualidade, contribuindo, desse modo, para elevar os
padrões de existência dessa mão de obra.
Em acréscimo, cabe mencionar os investimentos em qualificação profissional que vêm
sendo realizados na área de influência do CIPS (Território Estratégico de Suape),
visando superar deficiências decorrentes do baixo nível educacional da mão de obra
local. Objetiva-se, assim, a formação de técnicos especializados em aspectos da
produção naval, bem como, numa perspectiva mais ampla, a participação dessa
população em idade ativa no mercado de trabalho que se instala em Suape. O Governo
de Pernambuco vem realizando parcerias para viabilizar os referidos investimentos em
capacitação, o que constitui impacto positivo relevante no contexto local e regional.

L. Fortalecimento da articulação social e produtiva com municípios vizinhos


O Empreendimento deve fortalecer a economia municipal e ao mesmo tempo o
desenvolvimento de toda região. Dessa forma, infere-se a inserção do CIPS no cenário
da economia regional, definindo linha de desenvolvimento e uma maior articulação
social e produtiva entre os demais municípios da Região Estratégica de Suape.

M. Dinamização, diversificação e consolidação do uso e ocupação do solo


Com a instalação e a operação do Estaleiro PROMAR haverá um fortalecimento da
rede de estaleiros na região. Impulsionando a área para esse tipo de ocupação,
favorece a alteração e modificação do traçado urbanístico da Ilha de Tatuoca, voltando-
a ao Cluster Naval. A partir do efeito sinérgico desses empreendimentos, ocorrerá um
fortalecimento da política voltada ao renascimento e fortalecimento da indústria naval
brasileira, potencializando e intensificando as diretrizes sociais e econômicas voltadas
ao desenvolvimento local e regional.

Capítulo 4 - 293
4.4.2 Impactos Negativos na Fase de Planejamento

4.4.2.1 Expectativas da população / clima de insegurança

Posição na Matriz 14
Ação Impactante: Veiculação do projeto na mídia
Meio Afetado: Meio Socioeconômico

As providências iniciais com o intuito de liberar a área destinada à instalação do Cluster


Naval, a exemplo do cadastro de famílias e de bens, têm contribuído para gerar
expectativas nem sempre positivas entre a população da área. Embora prevaleça a
percepção de que a mudança será inevitável, algumas pessoas são tomadas pela
sensação de insegurança e temor em relação ao futuro próximo. Afora a perda das
referências afetivas com o atual local de residência, há incertezas e/ou conhecimento
ainda insuficiente quanto ao terreno onde serão construídas as novas casas e,
sobretudo, no tocante aos prazos e às ações necessárias para efetivar o traslado.
Controle: Medida mitigadora
Caráter: Preventivo / corretivo
Responsável: SUAPE

Para dirimir as dúvidas e difundir informações capazes de assegurar a realização do


remanejamento, faz-se necessária a implementação de um Programa de
Comunicação Social, com o objetivo de preparar a população local para a mudança,
contribuindo, desse modo, para evitar eventual clima de tensão social e para adequar
as ações requeridas ao ritmo de instalação do empreendimento.

4.4.3 Impactos Negativos na Fase de Implantação

4.4.3.1 Alterações na qualidade das águas e sedimentos associados à dragagem e à


disposição do material dragado

Posição na Matriz 15
Ação Impactante: Dragagem do canal e aterramento da área
Meio Afetado: Físico

Para implantação do Estaleiro PROMAR será necessária uma movimentação de terra


expressiva em torno de 2.8 milhões de metros cúbicos de material dragado e
550.000m3 de aterro para que a área do empreendimento atinja a cota +4,6m. Estes
valores, porém são substancialmente inferiores aos previstos para o cluster naval como
um todo e estimados em 35.000.000 m³.
Boa parte do material a ser escavado/dragado está constituído por areia e será
utilizado no aterro hidráulico do próprio terreno e de áreas adjacentes, enquanto que o
material mais fino e argiloso, será descartado em bota-fora oceânico.
Atividades de aterro hidráulico podem impactar o entorno aquático, resultando em
aumento da turbidez e propiciando transferência de contaminantes e particulados para

Capítulo 4 - 294
a coluna d’água pela suspensão e deposição de material para o entorno estuarino, via
atmosfera e/ou diretamente por escorregamento dos taludes.
Atividades de dragagem são altamente impactantes aos ambientes estuarinos e
costeiros conquanto alteram as características hidrológicas e hidrodinâmicas e
danificam a biota do meio aquático. Impactos potenciais para o meio físico-
oceanográfico estuarino marinho estão normalmente relacionados ao aumento da
turbidez, reduzindo a penetração de luz e a liberação de materiais tóxicos, por ventura
presente nos sedimentos, para a coluna d’água pelo revolvimento do material de fundo.
O descarte de material dragado no meio aquático é com freqüência, danoso ao
ambiente.

Aterro hidráulico em execução no CIPS. Observe-se o aumento de turbidez d’água


FOTO 4.1 – do entorno.

Foto: Albérico Queiroz 18/08/10

o
Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: SUAPE

Este impacto já previsto no EIA/RIMA do Porto de SUAPE (2000) e seu controle deverá
ficar igualmente sob a responsabilidade da Empresa SUAPE.
Como ação mitigadora/compensadora, recomendar-se-ia a utilização da porção do solo
vegetal que venha a ser removido e que possa ser considerado fértil para cobertura de
taludes ou de outras áreas do Empreendimento, em especial de áreas que necessitem
proteção com plantio de vegetação bem como seu uso na recomposição vegetal de
áreas em geral. Ainda nesta linha, a retirada de mudas de mangue e/ou outras
árvores, para plantio nas áreas em recuperação do CIPS, seria grandemente desejável
e ampliariam o efeito mitigador/compensador.

No caso de bota-fora oceânico se deverá preferencialmente utilizar o bota-fora 2, a sul


do Porto de SUAPE, que apresenta atualmente uma maior capacidade útil de recepção
de dragados e a uma maior distância da costa. As atividades de escavação, aterro
hidráulico, dragagem e descarte em bota-fora oceânico deverão ser alvo de
monitoramento e PBA específico.

Capítulo 4 - 295
4.4.3.2 Alteração da rede hídrica da área, pela alteração da comunicação entre o Rio
Tatuoca e o Rio Massangana

Posição na Matriz 16
Ação Impactante: Dragagem do canal e aterramento da área
Meio Afetado: Físico

Os 97 hectares destinados para implantação do Estaleiro PROMAR localizam-se no


canal existente entre as Ilhas de Tatuoca e Cocaia. A dragagem de 17 hectares do
terreno mais o canal de acesso com aprofundamento do leito e construção de paredes
rígidas de concreto, pode chegar a alterar a dinâmica de correntezas atualmente
existentes nesse setor do estuário, com rebatimentos diretos em processos erosivos e
qualidade d’água.

Controle: Compensação
Caráter: Corretivo
Responsável: SUAPE

A dragagem do canal é uma atividade que está sob a responsabilidade de SUAPE.


Nesse sentido, faz-se pertinente revisar e mobilizar o PBA de monitoramento da
qualidade ambiental proposto e aprovado no EIA de 2000.

4.4.3.3 Possibilidade de acentuar os processos de erosão costeira já verificados na


área

Posição na Matriz 17
Ação Impactante: Dragagem do canal e aterramento da área
Meio Afetado: Físico

Os resultados do Monitoramento Morfodinâmico, realizado pelo LGGM-UFPE, entre


1998 (implantação do monitoramento) e 2004, mostram a existência de um processo
erosivo significativo em toda a área com nítido rebaixamento do perfil praial, com
significativo transporte de sedimentos para sul por deriva litorânea (Ver Capítulo
Diagnóstico Ambiental). Este processo é característico na área da bacia de Suape em
função da movimentação de sedimentos através dos sistemas primários e secundários
de correntes (correntes de maré e refluxo) e principalmente pela difração dos trens de
ondas incidentes que atuam na área no sentido norte-sul.
As margens dos estuários de planície costeiras, a exemplo do Rio Massangana, onde
se localiza o Empreendimento, apresentam normalmente declive suave e são
colonizadas pela vegetação de mangue, o que lhes confere grande estabilidade. Com
o corte vertical para instalação do cais, a impermeabilização e proteção das margens
passam a depender da robustez da estrutura de pedra/concreto. Porém, a energia das
ondas deixa de ser dissipada pelo atrito com o fundo e com a vegetação para ser
refletida total ou parcialmente por essas estruturas. Dependendo das características
da área, as mesmas podem ser amplificadas (ressonância) e resultar em um padrão de
ondulação desfavorável às operações de atracação e de manobra das embarcações.

Capítulo 4 - 296
Assim, o impacto considerado considera a possibilidade de aceleração do processo
erosivo observado na área do estuário dos Rios Tatuoca e Massangana, em função da
implantação do canal de aproximação e o cais de atracação. O impacto será negativo,
de natureza direta, de curto prazo, abrangência local. O impacto terá duração
permanente, uma vez que durará enquanto o empreendimento estiver em operação.

Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: SUAPE

A principal medida mitigadora é o monitoramento ambiental na área da Praia de Suape


para estabelecer as características das alterações hidrodinâmicas do estuário do Rio
Massangana. Caso se configure aumento do processo erosivo na área o
monitoramento indicará a melhor medida corretiva para este impacto.

4.4.3.4 Risco de alteração das águas subterrâneas no tocante a recarga dos aquíferos
ou alteração da qualidade d'água

Posição na Matriz 18
Ação Impactante: Dragagem e Aterramento da Área
Meio Afetado: Físico

A dragagem e aterramento da área não causarão qualquer impacto no aqüífero


profundo uma vez que suas ações terão conseqüências superficiais, entretanto
causarão mudança no nível do lençol freático da área de influência do
empreendimento, entretanto este não será um impacto significativo porque o nível
freático se ajustará às novas condições de contorno.
No que diz respeito à qualidade da água do freático poderá ocorrer impacto negativo
decorrente de contaminação em função das atividades de operação do estaleiro.
O impacto será negativo, de natureza direta, de curto prazo, abrangência local. O
impacto terá duração permanente, uma vez que durará enquanto o empreendimento
estiver em operação, porém mitigável, sendo considerado como de média magnitude.

Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: EMPREENDEDOR

A medida mitigadora para este impacto é o monitoramento do lençol freático durante a


implantação do Empreendimento e por um período determinado durante a operação do
Estaleiro, objetivando verificar se houve ou não alteração na qualidade das águas
subterrâneas. Caso seja detectada alteração na qualidade da água medidas deverão
ser tomadas para corrigir o problema.

Capítulo 4 - 297
4.4.3.5 Alterações na qualidade das águas superficiais em decorrência do lançamento
de efluentes líquidos (esgoto) durante implantação

Posição na Matriz 19
Implantação e operação do Canteiro de
Ação Impactante:
Obras
Meio Afetado: Físico

A operação do canteiro de obras produzirá efluentes sanitários de características


domiciliares, águas de cozinha, águas com detergentes, águas oleosas. Caso estes
efluentes não tenham o devido tratamento e gerenciamento, poderá haver impacto nos
recursos hídricos da área de influência do Empreendimento. Este impacto é negativo,
uma vez que poderia alterar a qualidade das águas superficiais e subterrâneas no
entorno da obra, de ocorrência imediata, de probabilidade certa e sua magnitude
média, em função do volume e tipo de efluente gerado. Este impacto será constante
durante toda a fase de construção, variando de intensidade em função do volume de
efluentes gerados no período. Os impactos serão reversíveis e mitigáveis.
Controle: Mitigação
Caráter: Preventiva
Responsável: Empreendedor

A principal medida mitigadora é o tratamento adequado dos efluentes e o


gerenciamento dos resíduos sólidos gerados. Durante a Fase de Implantação o
Empreendedor deverá providenciar um sistema de tratamento de esgoto no local, ou
então, o armazenamento temporário e transporte para uma ETE licenciada pela CPRH.
O dique de lavagem de equipamentos deverão contar com caixas retentoras óleo e
sólidos. Deverá ser providenciado também um dique para lavagem de betoneiras, se
for o caso.
Apesar das boas práticas de engenharia utilizadas pelas empresas, é necessário um
Programa de Gestão Ambiental e de Monitoramento dos Recursos Hídricos Superficiais
e Subterrâneos na área de influência direta do Empreendimento realizado por empresa
independente, de modo a acompanhar todas as etapas da implantação e início da
operação do Empreendimento. Podemos citar o exemplo bem sucedido do Estaleiro
Atlântico Sul que durante a implantação e início da operação teve o acompanhamento
de empresa independe na gestão ambiental do mesmo.

4.4.3.6 Elevação dos níveis de intensidade sonora na área em decorrência dos


procedimentos construtivos

Posição na Matriz 20
Ação Impactante: Obra civil
Meio Afetado: Físico

O aumento dos níveis de ruído é uma situação inevitável na construção civil, em


decorrência da utilização de máquinas pesadas e movimentação de veículos. As
máquinas/equipamentos mais ruidosos utilizados nas atividades de terraplenagem,
Capítulo 4 - 298
estaqueamento, construção das bases, concretagem, arruamento/pavimentação e
construção, emitem níveis de potência sonora (equivalentes) que podem variar de 92
dB(A) a 117dB(A).

Figura 4. 7 – Impacto de ruído durante implantação

Fonte: Moraes & Albuquerque

A Figura 4.7 gerada a partir de um modelo de acústica previsional, apresenta o


potencial impacto sonoro na área, decorrente da operação simultânea de 4 máquinas
pesadas emitindo níveis de potencia sonora equivalente de 100 dB e mais dois
veículos pesados trafegando na área de implantação. Observa-se que o incremento de
ruído no perímetro do EAS estará entre 60 e 70 dB no ponto mais próximo, superando
os 70 dB estabelecidos como limite para áreas industriais durante o período diurno
quando considerado o ruído de background, contudo, será uma situação temporária.
Agora, no exterior da escola da Ilha de Tatuoca e no hotel localizado na margem
esquerda do Massangana, não deverão ser afetadas por este incremento no nível de
ruído na área. Pressupõe-se que a comunidade que habita a ADA tenha sido
remanejada antes do inicio das obras.
O aumento de ruídos e vibrações deverá também afetar a fauna das áreas do entorno,
que tenderão a se deslocar para áreas vizinhas onde as perturbações sejam menos
perceptíveis.

Controle: Mitigação
Caráter: Preventiva
Responsável: Empreendedor

Haverá um impacto ambiental sonoro de duração limitada e os níveis poderão ser


muito elevados em alguns momentos desta fase (estaqueamento, terraplanagem etc),

Capítulo 4 - 299
portanto, é necessário que algumas medidas de gestão da poluição sonora sejam
adotadas. São elas:
 Restrição de horário: durante o horário noturno, de 22h às 7h do dia seguinte, as
atividades ruidosas devem ser suspensas;
 Programação das atividades muito barulhentas em períodos do dia e da semana
menos sensíveis ao ruído;
 Seleção, na medida do possível, de equipamentos com tecnologia mais
silenciosa para a realização de uma determinada tarefa. Esta recomendação
deve ser considerada na hora da compra ou aluguel de equipamentos;
 Utilização de equipamentos com manutenção e lubrificação em dia, em
particular, deve ser assegurada a integridade do silencioso dos veículos de
terraplenagem e outros equipamentos motorizados;
 Programa de Controle Ambiental durante implantação, com monitoramento da
pressão sonora.

4.4.3.7 Alterações na qualidade do ar , acima dos padrões legais, em decorrência da


emissão de material particulado e emissões gasosas

Posição na Matriz 21
Ação Impactante: Obra civil
Meio Afetado: Físico

A execução da obra civil implicará na movimentação de um grande número de veículos


e máquinas de construção pesada, cujos motores diesel emitirão para a atmosfera
poluentes atmosféricos, especialmente NOx, SOx, CO e material particulado.
O acesso na área da PROMAR possivelmente será realizado pelo antigo caminho de
serviço utilizado para a implantação do EAS. Ao longo dele os níveis de particulado no
ar deverão aumentar sensivelmente, especialmente no período de inverno.
Este impacto será de ocorrência temporária e de abrangência restrita não sendo
esperado que sejam superados os padrões de qualidade do ar estabelecidos pela
Resolução do CONAMA 003 de 1990.
A direção dos ventos predominante no litoral de SUAPE sentido SE-NW, favorece
também uma dispersão de poluentes para áreas de manguezais e restingas,
minimizando os efeitos na população mais próxima, que no caso seria a localizada na
Praia de SUAPE.
Controle: Mitigação
Caráter: Preventiva
Responsável: Empreendedor

As medidas mitigadoras propostas são de caráter preventivo, sendo as seguintes:


 Selecionar adequadamente as empresas que serão responsáveis pelo
transporte, de forma a garantir que esta atividade seja efetuada com veículos em
bom estado de conservação e manutenção e com os seus motores em boas
condições de regulagem;
Capítulo 4 - 300
 Evitar a suspensão do pólen e a queima da vegetação, com o umedecimento,
sempre que se detectar o elevado nível de partículas no ar ou houver risco de
incêndio, do material de bota-fora, como os troncos de árvores, raízes, tocos e
galhos;
 Os veículos devem trafegar com velocidade e carga compatíveis com as vias, e
serem conduzidos por motoristas treinados e experientes;
 Para se reduzir o lançamento e a suspensão de materiais particulados, é
importante que se umedeçam as vias de circulação e do pátio da obra durante a
execução dos serviços, com aspersões periódicas;

4.4.3.8 Alterações na qualidade ambiental em decorrência do manuseio de resíduos


sólidos durante implantação

Posição na Matriz 22
Ação Impactante: Obra civil
Meio Afetado: Físico

Durante todo o período de construção será verificada a geração de resíduos sólidos de


diversas tipologias nas diversas atividades previstas. Destaca-se a geração de
materiais excedentes da escavação de pobres características mecânicas os quais terão
que ser encaminhados para áreas de bota-fora, igualmente se terá uma considerável
quantidade de material lenhoso proveniente da supressão de vegetação.
Já na obra civil propriamente dita serão gerados resíduos típicos de construção,
destacando-se a geração de madeira, sucata e entulho, além de sacaria, EPI’s usadas,
plástico e papelão, óleos usados, embalagens de produtos, dentre outros. Destaqua-se
a necessidade de utilização de lama bentonítica ou polímero para viabilizar a
construção da parede diafragma, cuja destinação final como resíduo é complicado
dadas suas características viscosas e impermeabilizantes.
Todos estes resíduos, se não forem corretamente gerenciados ao longo do seu ciclo de
vida poderão impactar negativamente o solo, a água e o ar, e inclusive ter rebatimento
na componente social de serem destinados para algum lixão da RMR, o que
contribuiria para a presença de catadores no local.

Controle: Mitigação
Caráter: Preventiva
Responsável: Empreendedor

Como medida mitigadora recomenda-se a elaboração e implantação de um Plano de


Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, PGRCC. No projeto executivo de
engenharia deverão ser priorizadas as soluções tecnológicas que apresentem menor
geração de resíduos, é o caso de analisar a possibilidade de utilização de polímeros
biodegradáveis ao invés de lama bentonítica, caso se comprove que realmente
apresenta benefícios ambientais.
Igualmente para as fundações, dever-se-á prever a utilização de formas reutilizáveis
em substituição de madeira.

Capítulo 4 - 301
4.4.3.9 Aumento de turbidez d'água e erosão das margens pelo transporte de
fornecimentos, materias primas e equipamentos para a área de implantação

Posição na Matriz 23
Ação Impactante: Obra civil e montagem mecânica
Meio Afetado: Físico

A implantação do Estaleiro PROMAR demandará o transporte de um volume


considerável de materiais e equipamentos pesados para sua área de instalação. Parte
desses materiais e equipamentos deverão ser transportados pelas rodovias presentes
no CIPS e pelas estradas mais recentemente implantadas quando do início da
construção do Estaleiro Atlântico Sul.
A outra parte deverá chegar à área de instalação por via marítima quando a navegação
seja possível, ou até a área do TECON, e daí transferida para balsas e flutuantes e
rebocados até a área de instalação do Estaleiro. Os impactos para o meio ambiente
antevisto nesta etapa incluem o aumento da turbidez das águas nas imediações do
terreno de instalação do Estaleiro durante o deslocamento dos rebocadores bem como
erosão de suas margens, tendo em vista que no trecho onde o mesmo será implantado
as margens não se acham enrocadas ou protegidas. O impacto antevisto é assim
negativo, direto, local, imediato, temporário, de baixa magnitude, reversível e mitigável
em função do grau de proteção que se confira às margens do entorno.

Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

A mitigação deste impacto passa pela pré-definição das melhores alternativas de


abastecimento da obra, as quais deverão ser previstas no Plano de Controle Ambiental
a ser elaborado para a etapa de implantação.

4.4.3.10 Riscos de poluição d'água associados a cenarios acidentais das atividades


de construção e montagem de equipamentos

Posição na Matriz 24
Ação Impactante: Obra civil e montagem mecânica
Meio Afetado: Físico

Nesta etapa, enquadram-se as atividades de implantação do Estaleiro PROMAR


propriamente dito, com a construção das instalações e facilidades, dentre as quais
escritórios, pátios de armazenagem e montagem, instalações da ETE, laboratórios,
oficinas, carpintaria, galpões, pátios de estacionamento, áreas de cais, etc., envolvendo
escavações, concretagem, e o manuseio de diversos tipos de materiais e
equipamentos.
De forma geral, os impactos para o meio físico-oceanográfico estariam relacionados às
perdas e/ao descarte de material para o entorno estuarino, propositalmente ou
acidentalmente, por forma direta (bombeamento, descarte, derrames lubrificantes e

Capítulo 4 - 302
combustíveis, etc.) ou indireta (via atmosfera, erosão de material deixado ao ar livre
pelas chuvas, carreamento por águas de rolamento, etc.) acarretando impactos
negativos, diretos e indiretos, imediatos, mas que poderiam e deveriam ser
minimizados ou quase que anulados, adotando-se uma programação e política rígida
de aproveitamento, manuseio e acondicionamento dos materiais e de manutenção dos
equipamentos, bem como de acondicionamento, remoção e descarte dos resíduos a
serem gerados nas várias etapas construtivas.
Os impactos antevistos para essa etapa estão ligados ao descarte da água a ser
bombeada para esgotamento das áreas em construção com possibilidade de arraste de
óleos e outros contaminantes para o meio aquático, aumento da turbidez da água e
transmissão de ondas de choque durante as atividades de perfuração, estaqueamento
e concretagem, sendo assim de caráter negativo, direto, local, imediato, temporário, de
baixa magnitude, reversível e que estão sendo mitigados pela solução construtiva
adotada.

Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

Elaboração e implementação de um Plano de Controle Ambiental. Como


recomendações, destacam-se as seguintes:
 Dentro do possível, todo o trabalho de escavação, estaqueamento e
concretagem da laje e paredes, deverão ser realizados em ambiente isolado da
água do mar, podendo para tanto ser construída uma ensecadeira e adotados
sistemas de contenção para estabilização das escavações. A realização de
escavação de forma contida facilita os trabalhos construtivos e minimizam os
impactos sobre o meio estuarino adjacente. Caso sejam empregados sistemas
de bombas para esgotamento da água infiltrada e manutenção da área seca,
para os trabalhos de concretagem e de instalação de equipamentos, a água
bombeada deverá ser direcionada para uma bacia de contenção e não
diretamente ao meio aquático.
 Caso esteja prevista a utilização de fluidos estabilizadores para escavação da
parede diafragma, deverá-se analisar a possibilidade de utilizar polímeros
biodegradáveis, em substituição da bentonita.

4.4.3.11 Supressão de vegetação com perda de cobertura vegetal nativa

Posição na Matriz 25
Ação Impactante: Supressão de vegetação
Meio Afetado: Biótico

Este impacto ambiental já foi computado no EIA/RIMA do Porto de SUAPE de 2000 e


faz parte do Projeto de Lei 1496/2010 que prevê a supressão de 691 hectares de
vegetação de mangue, mata atlântica e restinga até o ano de 2020.
Para implantação do empreendimento será requerida a supressão de
aproximadamente 18 hectares de vegetação de restinga, localizados no setor oeste da
Capítulo 4 - 303
área de implantação, na vizinhança com o EAS (Contorno verde da Figura 4.8).
Salienta-se que neste caso o impacto foi considerado só como de importância ALTA,
pois se reservou a máxima qualificação aos processos de supressão de mangue (que
não acontecerão neste empreendimento), que rebaterão diretamente na cadeia
alimentar do estuário, o que não acontece  pelo menos de forma tão direta  com a
supressão de restinga.

FIGURA 4.8 – Cobertura vegetal na área de implantação do Estaleiro PROMAR

Os impactos da supressão de vegetação de restinga são plenamente conhecidos e


passam pela perda de cobertura vegetal nativa pertencente a um bioma com lei
específica de proteção, perda de massa arbórea com diminuição da capacidade de
fixação de carbono, perda de áreas de nidificação de aves e fauna local, aumento da
temperatura das áreas do entorno, dentre outros.
Dentro do cenário de supressão de vegetação em que está inserido o
Empreendimento, a participação da parcela de 42,0 hectares (25 de área onshore + 17

Capítulo 4 - 304
de área offshore a serem dragados) que será utilizada na primeira etapa do
Empreendimento pode ser conferida no quadro a seguir:

Quadro 4.3 – Supressão de vegetação prevista para o projeto

Classe Área para Supressão % do total a


supressão prevista prevista na 1° ser suprimido
no projeto de lei etapa do Estaleiro
1496/2010
Vegetação arbustiva de
166,00 18,00 10,8%
restinga (ha)
Salgado (ha Não informado 11,00 -
Mangue (ha) 508,36 0,00 0.00%
o
Controle: Compensação
Caráter: Corretivo
Responsável: SUAPE

A compensação deste impacto faz parte das negociações efetuadas por SUAPE para
autorizar a implantação do Cluster Naval, regulamentadas pela Resolução do
CONSEMA 03/10. Conforme a referida resolução, a Empresa SUAPE será
responsável pela supressão e os desdobramentos pertinentes em termos de
compensação. O Empreendedor será co-responsável proporcionalmente à área que
utilizará.
O PBA de Proteção aos manguezais que não serão afetados proposto no EIA de 2000,
deverá ser revisado, atualizado e adequado por SUAPE à situação atual e implantado
em conformidade com cronograma a ser definido junto ao órgão ambiental.
Recomenda-se ainda um monitoramento criterioso das populações de crustáceos na
área diretamente afetada pelo Empreendimento e ainda da hidrologia, do plâncton e
dos bancos de fanerógamas marinhas, com identificação da sua ocorrência em outras
áreas adjacentes.
Planejar e implantar um programa de educação ambiental junto aos trabalhadores da
obra desde a fase de implantação até a operação do Empreendimento.

4.4.3.12 Deslocamento de fauna para áreas circunvizinhas

Posição na Matriz 26
Ação Impactante: Supressão de vegetação
Meio Afetado: Biótico

Deslocamento de indivíduos das espécies animais para áreas contíguas de um mesmo


fragmento e para outros fragmentos circunvizinhos devido à perda de habitat. Espécies
dotadas de uma maior mobilidade, como aves e mamíferos de maior porte, se
deslocarão e ocuparão ambientes também na área de influência indireta (AII).

Capítulo 4 - 305
O aporte de indivíduos deslocados aos sítios ocupados por populações estabelecidas e
dinamicamente equilibradas poderá causar uma interação competitiva cujo resultado
será a quebra da estabilidade local com possível redução de populações.
No caso do manguezal, populações de uma espécie endêmica do Bioma, o sanhaçu-
do-mangue (Conirostrum bicolor), serão impactadas devido à perda de hábitat.
Aves migratórias (maçaricos, batuíras etc) serão forçadas a utilizar outras áreas
lagunares, praias e manguezais, para descanso e alimentação, sem contudo causar
significativos impactos predatórios.
Impacto: negativo, direto, local, permanente, e de magnitude e importância média.

Controle: Mitigação / compensação


Caráter: Corretivo
Responsável: SUAPE

As ações para minimização deste impacto, referem-se à atualização e implantação do


PBA de proteção aos manguezais que não serão utilizados, previsto no EIA/RIMA de
2000.

4.4.3.13 Perda de indivíduos de fauna

Posição na Matriz 27
Supressão de vegetação e Aterramento da
Ação Impactante:
área
Meio Afetado: Biótico

Com a terraplenagem da área, pode haver a exclusão de indivíduos de espécies da


fauna subterrânea, como, por exemplo da cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena sp);
répteis que nidificam em galerias no solo (lagartos, calangos etc), invertebrados e
algumas aves, e aquela presente na vegetação superficial do solo.
Trata-se de um impacto negativo, direto, imediato, permanente, irreversível, local e de
magnitude baixa, por conta de serem espécies animais comuns e de ampla distribuição
geográfica.
Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: SUAPE / Empreendedor

Recomendam-se as seguintes ações:

 Execução dos desmatamentos sem uso de maquinaria pesada (tratores etc),


 Utilização de foices, facões e machados na retirada da vegetação,
 Respeitar a época de procriação da maioria das espécies da fauna vertebrada, a
qual começa após as primeiras chuvas de inverno.

Capítulo 4 - 306
 Possível resgate de elementos da fauna e translocação para formações vegetais
semelhantes fora da ilha.
 Monitoramento,
 Compensação com reflorestamento.

4.4.3.14 Eliminação de habitats reprodutivos de faúna marinha, afetando o estoque de


pesca atual

Posição na Matriz 28
Ação Impactante: Dragagens
Meio Afetado: Biótico

As dragagens durante a construção e operação do empreendimento poderão afetar os


bentos causando soterramento de organismos e impedindo a penetração da luz na
água com danos à vegetação bentônica. No nécton, as dragagens de areia e lama
causarão interferência nos processos respiratórios, já que os sedimentos suspensos
obstruem as brânquias dos peixes, moluscos e crustáceos. A dragagem gerará
aumento da turbidez da água e conseqüentemente depleção do oxigênio dissolvido
afetando a qualidade da mesma.
Adicionalmente, o aumento de profundidade d’água no estuário pode facilitar a entrada
de espécies de maior porte que antes ficavam restritas ao mar de fora. Essas espécies
podem aumentar a competição por alimento no estuário, afetando ainda mais o
estoque de peixes.
Ressalta-se que os ecossistemas estuarinos são muito complexos envolvendo
interações estruturais e funcionais no conjunto e em cada componente do manguezal,
do estuário, do mar costeiro e dos ecótonos que cada um desenvolve. A interferência
externa sobre qualquer um dos seus elementos acarretará conseqüências sobre o
conjunto cujos efeitos dependerão da intensidade da agressão e da capacidade de
resiliência deles.
Sendo assim, ações como supressão de mangue, operação de dragas, adição de óleos
e graxas à água ou ao sedimento, produzem efeitos em cadeia que na impossibilidade
de serem evitados ou reduzidos, devem ser rigorosamente monitorados para que seja
possível equacionar as devidas compensações. Tais efeitos são transmitidos de uma
só, feita, em igual nível de prejuízo, ao meio físico, biótico e antrópico como vai ocorrer
na Baía de Suape quando da supressão de remanescentes do manguezal. Esta ação
instabilizará o substrato, inibirá ou eliminará a produção orgânica oriunda do mangue e
sua reciclagem no estuário, diminuirá a diversidade de espécies dependentes do
mangue (caranguejos, ostras, aratús, sururu, mariscos, para citar apenas alguns de
interesse alimentar), reduzirá a abundância dos indivíduos e afetará a qualidade de
vida dos pescadores/catadores que dependem do peixe e dos mariscos para
sobreviver.
Controle: Compensação
Caráter: Corretivo
Responsável: SUAPE

Capítulo 4 - 307
O PBA de Proteção aos manguezais que não serão afetados proposto no EIA de 2000
deverá ser revisado, atualizado e adequado à situação atual e implantado em
conformidade com cronograma a ser definido junto ao órgão ambiental.
O monitoramento constante do estuário também se configura com uma atividade muito
importante para o acompanhamento da evolução desse impacto.

4.4.3.15 Alteração da paisagem e da beleza cênica do Rio Massangana

Posição na Matriz 29
Ação Impactante: Supressão de Vegetação
Meio Afetado: Meio Ambiente

Conforme salientado em várias partes do texto, a industrialização acelerada que


vivencia o CIPS, induzida pelo Projeto Básico, do ano 2000, e política de
desenvolvimento regional espelhada, recentemente, no PDZ, incidirá diretamente sobre
a beleza cênica do lugar, particularmente e especificamente no estuário dos Rios
Tatuoca e Massangana. Na atualidade, a vegetação existente em suas bordas segue
como garantidora da paisagem da área, mantendo um contínuo paisagístico que se
inicia no Cabo de Santo Agostinho e se prolonga pela bacia de SUAPE, passando
pelas Ilhas de Tatuoca e Cocaia, complementando-se com a presença dos arrecifes.
Com os referidos projetos, ao Tatuoca foi reservada a função de canal de circulação e
acesso, prevendo-se as modificações necessárias para tal. Ao segundo, o
Massangana, não coube igual atribuição, sendo preservado em toda sua extensão,
com sua vegetação de mangue, possibilitando que siga como exemplar de um ativo
ambiental valioso, ainda pouco alterado.
Contudo, a supressão prevista para o Cluster Naval, nele localizado o Estaleiro em
análise, impactará, irremediavelmente, esta paisagem, principalmente, na Ilha de
Tatuoca, que terá toda sua formação alterada. Esta situação, embora discutida,
estudada e aprovada no EIA-2000, segue até a atualidade sem as medidas
compensatórias e mitigadoras propostas, já naquela época. Tal fato terá rebatimento
na paisagem e, conseqüentemente, no turismo do lugar, que conta com o hotel, de
grande porte, em sua extremidade sudeste, e passeios de barco que adentram pelo
estuário, possibilitando o desfrute de paisagem de grande beleza. Esta situação requer
a elaboração de um programa paisagístico específico, PBA, no qual sejam definidos os
critérios, espaçamentos e o tipo de plantio necessário e pertinente.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Corretiva
Responsável: SUAPE / Empreendedor

Como medida mitigadora principal, destaca-se o atendimento da recomendação do EIA


de 2000, no sentido de preservar uma faixa mínima de 100m nas margens direita e
esquerda do Massangana, criando uma espécie de cortina verde, com espécies locais,
nas faces Leste e Norte do projeto em análise, integrando à paisagem remanescente,
além de fiscalizar a cobertura vegetal do mesmo Rio e cuidar da manutenção do
afastamento máximo, existente na atualidade, da Ilha de Cocaia ao arrecife.

Capítulo 4 - 308
Como medida compensatória recomenda-se a criação das reservas legais propostas
pelo EIA de 2000, em áreas de restinga e manguezal, particularmente próximas ao
Massangana, além de implantar, definitivamente, a ZPEC do Engenho Ilha e os PBAs
que tratam da questão no referido EIA.

4.4.3.16 Possibilidade destruição de sítios arqueológicos ou vestígios não conhecidos

Posição na Matriz 30
Ação Impactante: Aterramento da área
Meio Afetado: Patrimônio Cultural

A prospecção de superfície realizada constatou que, no entorno imediato da área de


implantação do Empreendimento poderá haver impactos ao patrimônio arqueológico,
uma vez que houve a localização de vestígios na superfície do terreno. Isso é
compatível com a revisão bibliográfica efetuada, que aponta a área e seu entorno como
o local onde no século XVI existia uma movimentação portuária de alguma expressão.

Se não houver os devidos cuidados nos trabalhos realizados, as informações sobre as


ocupações dessa área se perderão para sempre causando um grande prejuízo para o
conhecimento do nosso acervo cultural.
A expectativa de riscos ao possível patrimônio arqueológico converge para as áreas
onde serão necessárias ações de movimentação de terra, instalações de canteiros de
obras, depósitos de excedentes, áreas de empréstimo e os acessos a serem
implantados. E, principalmente, para os morros do seu entorno imediato, que a
exemplo da construção do Estaleiro Atlântico Sul, foram utilizados para retirada de
sedimentos, deixando vestígios de destruição de ocupações arqueológicas.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Corretiva
Responsável: SUAPE / Empreendedor

Recomenda-se a implantação do Programa de Proteção ao Patrimônio Cultural, não só


pela sua obrigatoriedade estabelecida pela Portaria 230/2002 do IPHAN, mas, também,
para que preservem as informações tão necessárias para o conhecimento do passado.

4.4.3.17 Remanejamento Involuntário de População

Posição na Matriz 31
Ação Impactante: Remanejamento de População
Meio Afetado: Meio Socioeconômico

A Empresa Suape é responsável pela liberação de toda a área, não se podendo, pois,
considerar a desapropriação e a relocação de famílias como impacto direto do
Empreendimento analisado, mas como resultado das determinações contidas no Plano
de Desenvolvimento e Zoneamento, PDZ do Porto de Suape, aprovado em 30 de
dezembro de 2009.

Capítulo 4 - 309
Desse modo, mesmo quando se parte do pressuposto de que a construção do
Estaleiro PROMAR deverá ocorrer em um espaço já adequado às características do
projeto, são inegáveis as repercussões do processo de remanejamento sobre a
população local, entorno imediato, revelando-se a dificuldade de analisar o
Empreendimento sem considerar os efeitos indiretamente relacionados.
Do ponto de vista institucional, a retirada da população da área pode ser vista como a
correção dos usos atuais, no sentido de respeitar o zoneamento estabelecido.
Entretanto, sob a perspectiva dos posseiros que ali residem, o remanejamento
resultará em perdas significativas, tanto do ponto de vista material como do pessoal.
Quanto ao processo de remanejamento aqui focalizado, alguns pontos devem ser
destacados:
a. Pequena extensão da área atingida;
b. Reduzido número de posseiros que deverão abandonar o local (48 famílias);
c. Incompatibilidade do uso atual, em face dos objetivos e missão da Empresa
Suape;
d. Perda de alternativas de trabalho e renda por parte dos pescadores e
marisqueiras;
e. Indefinição quanto aos prazos para a relocação das famílias;
f. Clima de insegurança em relação ao futuro no local das novas moradias.
De todo modo, é preciso ressaltar que, mesmo que o número de atingidos seja
reduzido, as ações requeridas para viabilizar processos dessa natureza são
complexas e onerosas, além do fato de se prolongarem por um período considerável.
Estudos realizados sobre a problemática do reassentamento involuntário subsidiam
diretrizes que vêm sendo adotadas pelo Governo Brasileiro e por órgãos de
financiamento de projetos de desenvolvimento, a exemplo do Banco Mundial, dentre
as quais se destacam:
a. Evitar ou, pelo menos, minimizar o reassentamento involuntário;
b. Mitigar os impactos econômicos e sociais negativos decorrentes da aquisição de
terras ou de restrições ao uso da terra pelas pessoas afetadas por meio de:
compensação pela perda de bens ao custo da substituição; e garantia de que as
atividades de reassentamento sejam implementadas com a divulgação
apropriada de informações, consultas e a participação informada das pessoas
afetadas;
c. Melhorar ou, pelo menos, restaurar os meios de sobrevivência e os padrões de
vida das pessoas reassentadas;
Melhorar as condições de vida entre as pessoas desalojadas por meio do fornecimento
de alojamento adequado com garantia de posse nos locais de reassentamento.

Controle: Mitigação / compensação


Caráter: Corretivo
Responsável: SUAPE

Capítulo 4 - 310
O remanejamento requer a elaboração, por parte de SUAPE, de um Programa
específico no qual são definidos os critérios e o tipo de solução, considerando
possíveis diferenciações existentes entre os atingidos. Salienta-se que o EIA de 2000
previa um PBA de Reassentamento que poderá ser revisado, atualizado e adaptado
aos processos de remanejamento de população que se prevêem para o CIPS nos
próximos anos, incluindo o da Ilha de Tatuoca.
Nesta adequação do programa, afigura-se relevante adotar um modelo de negociação
participativa, como forma de dirimir ou minimizar conflitos e tensões sociais. Trata-se
de medida compensatória que visa transferir a população afetada para outro local, de
preferência, em condições que assegurem melhoria da qualidade de vida das famílias
inseridas no programa.
Medidas de caráter mitigatório poderão ser adotadas, visando atenuar as situações de
estresse inerentes a ações desse tipo, a exemplo de um programa de comunicação
social compatível com o perfil da população atingida.

4.4.3.18 Perda de fontes de trabalho e renda da população remanejada

Posição na Matriz 32
Ação Impactante: Remanejamento de População
Meio Afetado: Meio Socioeconômico

Durante a instalação do Empreendimento, haverá a supressão de vegetação e a


retirada das comunidades residentes na área, acarretando o afastamento dessa
população dos locais de pesca tradicionalmente utilizados, fora a perda de alternativas
de renda, a exemplo da coleta de frutos e do plantio de pequenos roçados de
subsistência. Vale ressaltar que as atividades agrícolas por conta própria são pouco
expressivas e, por essa razão, a limpeza do terreno implicará um impacto de baixa
magnitude. Entretanto, as atividades de pesca serão diretamente afetadas
considerando não apenas a mudança dos pescadores para outra localidade, mas,
sobretudo, o processo de dragagem que, já nos dias atuais, tem contribuído para a
redução da oferta de peixes e mariscos na foz do Rio Massangana.
Desde agora, esse segmento da população já vem sentindo os efeitos das alterações
que vêm sendo postas em prática na área, sobretudo as associadas à dragagem, que
contribui para a redução das oportunidades de trabalho e renda disponíveis para a mão
de obra com baixo nível de qualificação profissional e que, por esta razão, dificilmente
terá acesso aos empregos no setor industrial.
Muitas das famílias residem na Ilha de Tatuoca há vários anos, o que certamente
condicionou a construção de relações sociais marcadas pela interação com o ambiente
natural. A proximidade do estuário dos Rios Tatuoca e Massangana favoreceu e
consolidou estratégias de sobrevivência ligadas à pesca. Tais atividades têm
constituído uma alternativa de renda e de segurança alimentar para aquelas famílias,
muitas vezes praticadas em caráter complementar ao exercício de outras ocupações, a
exemplo do trabalho na lavoura da cana-de-açúcar e, em alguns casos, nas indústrias
instaladas na região.

Capítulo 4 - 311
Controle: Compensação
Caráter: Corretivo
Responsável: SUAPE

O remanejamento requer a elaboração de um Programa específico, no qual são


definidos os critérios e o tipo de solução, considerando possíveis diferenciações
existentes entre os atingidos. Afigura-se relevante adotar um modelo de negociação
participativa, como forma de dirimir ou minimizar conflitos e tensões sociais. A
recomposição das atividades produtivas dos remanejados pode integrar o Programa
de Reassentamento ou constituir um conjunto de medidas à parte.
Recomenda-se, contudo, que as ações destinadas a apoiar as referidas famílias
quanto à recomposição das atividades produtivas não se restrinjam ao auxílio
financeiro, devendo, pois, contemplar medidas que garantam a capacidade de
autosustentação econômica, de modo a evitar a reprodução de práticas temporárias
meramente assistencialistas. Vale destacar, igualmente, a importância de se buscarem
soluções de maneira participativa.

4.4.3.19 Pressão da população relocada na área de recepção do reassentamento

Posição na Matriz 33
Ação Impactante: Contratação de pessoal
Meio Afetado: Meio Socioeconômico

O local para onde será remanejada a população que, atualmente, reside na Ilha de
Tatuoca corresponde a espaços em processo de urbanização, próximo à Praia de
Suape, Município do Cabo de Santo Agostinho. Na opinião de um entrevistado, a área
escolhida para o reassentamento é “muito feia” e fica próxima a uma localidade
conhecida como Sepovo.
No terreno adquirido pela Empresa Suape, serão construídas 51 unidades
habitacionais unifamiliares, distribuídas em lotes de 10m X 20m. As casas têm um valor
equivalente a R$ 12.000,00, total que será abatido do valor da indenização a ser paga.

As edificações planejadas são de melhor padrão construtivo do que as residências


existentes na Ilha de Tatuoca, muito embora, na percepção dos atuais moradores da
ilha, haverá perdas relevantes, considerando o distanciamento em relação à beleza da
paisagem com a qual hoje convivem, o contato próximo com o mar e os locais de
pesca para auto-consumo. Apesar do descontentamento, predomina a expectativa de
que a mudança será inevitável, já que se considera que a comunidade vive em uma
área de risco, com sérias limitações à circulação de pessoas e veículos. Ainda há,
todavia, um acentuado desconhecimento em relação ao cronograma dos traslados.

Capítulo 4 - 312
Panorâmica do local de futura construção da Vila Nova Tatuoca, no
Foto 4.2 –
Município do Cabo de Santo Agostinho

Foto: Albérico Queiroz 18/08/10 - UTM 279593; 9077308

Deve-se considerar, igualmente, que a chegada desse contingente de 48 famílias a


uma comunidade já instalada deverá ocasionar problemas, tanto para os reassentados
como para os atuais moradores do local de destino daquelas famílias.

Para os reassentados:
 Mudança de endereço implicará vínculo de residência com outro município, visto
que o local de reassentamento fica no Cabo de Santo Agostinho, enquanto o de
origem está inserido no território de Ipojuca. Tal situação acarretará a
necessidade de alterar documentos e os vínculos com instituições públicas e
privadas, com as quais os moradores de Tatuoca se relacionam com vistas, por
exemplo, ao acesso a programas sociais como o Bolsa Família;
 Necessidade de alterar local de matrícula dos alunos, de modo a facilitar o
deslocamento para escolas mais próximas;
 Necessidade de constituir novos vínculos com os serviços de atendimento à
saúde.
 Distanciamento em relação aos locais aos quais se vinculam por laços de
parentesco e/ou amizade.
Para os atuais moradores do local de destino dos reassentados:

 Pressão sobre os serviços básicos: abastecimento de água, esgotamento


sanitário, coleta de lixo, transporte, comunicação, conservação e iluminação das
vias públicas, dentre outros.
 Aumento da demanda nos Postos de Saúde e escolas próximas.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Governo do Estado / Governos Municipais

Capítulo 4 - 313
O remanejamento requer a elaboração de um Programa específico, por parte da
Empresa SUAPE, no qual sejam definidos os critérios e o tipo de solução,
considerando possíveis diferenciações existentes entre os atingidos. Mais uma vez
salienta-se a existência de um Programa de Reassentamento, já aprovado no EIA de
2000, o qual deverá ser atualizado e adequado a situação atual.
Afigura-se relevante adotar um modelo de negociação participativa como forma de
dirimir ou minimizar conflitos e tensões sociais. Trata-se de medida compensatória que
visa transferir a população afetada para outro local, de preferência, em condições que
assegurem melhoria da qualidade de vida das famílias inseridas no programa.
No âmbito do Programa de Reassentamento deverá estar contempladas ações
específicas para o período pós-mudança, quando é feito o acompanhamento do
processo de adaptação das famílias relocadas no novo local de moradia, com o
objetivo de propor soluções adequadas para as dificuldades que venham a ser
identificadas.
Medidas de caráter mitigatório poderão ser adotadas, visando atenuar as situações de
estresse inerentes a ações desse tipo, a exemplo de um programa de comunicação
social compatível com o perfil da população atingida.

4.4.3.20 Adensamento populacional e pressão sobre os serviços básicos

Posição na Matriz 34
Ação Impactante: Remanejamento de População
Meio Afetado: Meio Socioeconômico

Durante a fase de instalação7, está prevista a geração de mais de 2.000 empregos


diretos e 600 indiretos, o que significa um contingente significativo de trabalhadores
que passarão a trabalhar na área de intervenção, parte dos quais devendo ficar
residindo em localidades próximas, possivelmente em alojamentos a serem
construídos nas cidades vizinhas, integrantes do Território Estratégico de Suape.
Na fase de operação, o número de trabalhadores será ainda maior, com a oferta de
2.500 empregos diretos de carteira assinada.
Caso não sejam implementados programas de habitação e de atendimento à
crescente demanda por serviços básicos, é de se supor um sério agravamento das
condições de ocupação desordenada do território, sobretudo nas áreas periféricas
das cidades vizinhas.
Diante das perspectivas de ampliação do número de postos de trabalho, é de se
esperar um incremento da população local. Um planejamento eficiente e efetivo
poderá, contudo, direcionar o adensamento populacional para as áreas a serem
selecionadas, visando à construção de alojamentos/conjuntos habitacionais para
abrigar a mão de obra empregada em função do Estaleiro PROMAR e de outros
empreendimentos instalados e/ou planejados para a área do Complexo Industrial
Portuário de Suape. As Prefeituras deverão, assim, se preparar para receber os
novos contingentes populacionais, de modo a evitar o colapso na oferta dos

7
Este impacto também é aplicável à Fase de Operação

Capítulo 4 - 314
serviços essenciais, assegurando adequadas condições de vida a essas pessoas e
às comunidades já residentes nos municípios.
O aumento da população local implica uma maior pressão sobre os serviços
públicos, ao mesmo tempo em que contribui para estimular a oferta de serviços em
segmentos específicos como moradia, alojamento, alimentação, educação,
transporte etc. No momento, já se sente o impacto de outros empreendimentos de
Suape sobre o mercado de aluguéis nos bairros localizados na porção sul da
Região Metropolitana do Recife.
Nesse sentido, o aumento da população pode ser visto como fator de dinamização
de alguns segmentos econômicos, podendo-se prever não apenas a ampliação da
oferta de bens e serviços, mas, igualmente, a diversificação e a melhoria em termos
de qualidade. Essa dinâmica tem um efeito multiplicador na atividade econômica e
na renda, produzindo um impacto Positivo, Direto, Estratégico, Longo Prazo;
Permanente; de Alta Magnitude, Irreversível e Maximizável.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Governo do Estado / Governos Municipais

A aplicação das diretrizes constantes do Plano Diretor de Suape, em elaboração, e


do PDZ constitui uma via indispensável ao enfrentamento dos problemas associados
ao aumento da população na área do Território Estratégico de Suape. Caberá ao
Governo de Pernambuco e às Prefeituras a responsabilidade pelo disciplinamento
das formas de uso e ocupação do solo na região.
Recomenda-se a realização de reuniões com representantes das administrações
municipais, com o objetivo de definir soluções adequadas, considerando os
cronogramas de instalação dos diversos empreendimentos planejados para a área
do CIPS.
Da mesma forma, o Empreendedor deverá fornecer plano de saúde para os
funcionários e familiares, além de buscar viabilizar ou oferecer transporte, minimizando
a pressão no sistema de saúde e no sistema de transporte público.

4.4.4 Impactos Negativos na Fase de Operação

As principais atividades da operação do Estaleiro PROMAR estão relacionadas as


atividades das diversas oficinas que serão instaladas no Setor de Oficinas (modulação,
caldeiras, deck house shop, elétrica e de maquinaria, de corte de aço, de pré-
montagem e montagem de blocos) que utilizam matérias primas com potencial risco
ambiental, a exemplo de metais pesados, e substâncias perigosas e solventes com
hidrocarbonetos clorados. A operação normal de um Estaleiro produz ruído, efluentes e
resíduos sólidos que podem afetar o meio físico (ar, nível de ruído, água e
solo/sedimentos).

Capítulo 4 - 315
4.4.4.1 Alterações na qualidade das águas, acima dos padrões legais, em decorrência
do lançamento de efluentes líquidos (esgoto + efluentes industriais)

Posição na Matriz 35
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico

As ações rotineiras geram três tipos de resíduos líquidos: os efluentes sanitários, os


efluentes industriais e os efluentes de drenagem pluvial. Cada tipo de efluente será
encaminhado para sua respectiva estação de tratamento: Estação de Tratamento de
Esgotos Sanitários (ETES), Estação de Tratamento de Líquidos Industriais (oriundos
principalmente dos Setores de Oficinas e Cabine de Pintura) e drenagem pluvial
passarão por um separador de águas oleosas. Falhas no tratamento destes efluentes
podem impactar negativamente os recursos hídricos da área de influência do
Empreendimento.
Todo efluente gerado durante o processa industrial do Estaleiro PROMAR deverá ser
tratado na própria planta em uma ETRI (Estação de Tratamento de Resíduos
Industriais). Estima-se que o volume de efluentes industriais a ser diariamente gerado
será de cerca de um terço da demanda por água. O projeto desta ETRI ainda não foi
concluído, mas deverá contemplar as melhores tecnologias para redução da carga
tóxica do efluente e sua compleição com os padrões para lançamento de efluente em
corpo hídrico previsto na legislação em vigor e ser alvo de contínuo monitoramento.
Está também prevista a implantação de uma estação para tratamento do esgoto (ETE)
a ser produzido nos prédios administrativos, refeitório, banheiros etc.
Caso o sobrenadante desta estação venha a ser lançado no estuário, o impacto
potencial para o meio aquático estaria relacionado à carga orgânica do efluente,
podendo sua oxidação reduzir o teor de oxigênio dissolvido (OD) disponível para a
biota aquática, bem como relacionada à contaminação das águas por coliformes fecais.
O impacto, apesar de negativo, é de baixa magnitude, direto, local, imediato,
temporário, reversível e mitigável. A principal medida mitigadora é o monitoramento das
estações de tratamento de efluentes.
Controle: Medida Mitigadora
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

Elaboração e implantação de um plano de monitoramento de Efluentes líquidos.

4.4.4.2 Risco de alteração da qualidade d'água em decorrência de cenários acidentais


como explosões, derramamento de óleos e outras substâncias tóxicas
atingindo as águas do estuário

Posição na Matriz 36
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico

Capítulo 4 - 316
As atividades industriais serão realizadas dentro dos padrões de qualidade
estabelecidos pelas normas nacionais e internacionais de modo que os impactos
decorrentes da operação do Estaleiro serão em função de falhas nas ações rotineiras
ou de acidentes ocasionais. A estocagem de combustível, gases industriais, tintas,
linhas elétricas de alta tensão e o mesmo procedimento de abastecimento de navios
promove um cenário de riscos de explosão, incêndio vazamento e perigo para os
operários do local, para a infraestrutura vizinha, mas especialmente para a qualidade
d’água do estuário em decorrência de vazamentos de produtos, principalmente óleo.
Caso os recursos hídricos sejam impactados por ações rotineiras ou acidentais do
Estaleiro, os sedimentos ativos do Rio Massangana também sofrerão impacto. O
impacto, apesar de negativo, é de baixa magnitude, direto, local, imediato, temporário,
reversível e mitigável. A principal medida mitigadora é o monitoramento das estações
de tratamento de efluentes e o monitoramento dos sedimentos ativos. No caso de
acidentes com vazamentos ou derramamentos de materiais (produtos químicos, óleos,
tintas e solventes entre outros), causando impacto negativo nos recursos hídricos,
ocorrerá também impacto negativo nos sedimentos ativos. Os impactos classificados
como negativos é de média magnitude, diretos, locais, imediatos, temporários,
reversíveis e mitigáveis.

Recentemente, no Porto do Recife, uma embarcação explodiu enquanto era


abastecida, deixando alguns feridos. Isso mostra que as operações portuárias sempre
acarretam algum risco e que as ações acidentais são imprevisíveis, cabendo ao
Empreendedor estar preparado para combatê-las.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

O Empreendedor deverá elaborar um mapa de riscos do local, além de um Plano de


Emergência Individual, identificando os potenciais cenários de risco, contingência e as
ações de resposta, tudo isso integrado com o plano de emergência do CIPS e atrelado
ao Plano de Ajuda Mútua que se está desenvolvendo atualmente no Porto liderado pela
Refinaria Abreu e Lima.

4.4.4.3 Risco de poluição do ar, água e solo pelo desenvolvimento de atividades


metalúrgicas

Posição na Matriz 37
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico

A construção da estrutura de navios e plataforma demanda, principalmente, a utilização


de chapas e perfis metálicos, em uma primeira fase, e de motores, guinchos, outras
peças e maquinários nas fases subseqüentes.
Esse material será estocado em galpões e pátios abertos, guarnecidos de pórticos
rolantes. As chapas e perfis serão inicialmente submetidas à jateamento com granalha
para limpeza de suas superfícies. A operação de jateamento de chapas e peças

Capítulo 4 - 317
consome o abrasivo, gera material particulado da fragmentação do próprio abrasivo, do
substrato limpo e/ou da pintura removida que normalmente contém metais pesados
como Pb, Ni, Zn e Cu.
Dependendo do emprego que receberão, as chapa e perfis limpos passarão por um
processo de desempeno e receberão aplicação de primer para protegê-las da corrosão.
Zarcões e pinturas convencionais contêm solventes e metais pesados. Muitos
solventes contem poluentes nocivos à atmosfera (HAPs) e/ou compostos orgânicos
voláteis (VOC). Internacionalmente, a emissão de cerca de 180 HAPs são regulados
sob o Clean Air Act. Todos os HAPs e alguns VOCs apresentam efeitos carcerígenos
pela exposição de trabalhadores e merece atenção especial. Ainda, alguns HAPs e
VOCs contribuem para a formação de ozônio ao nível do solo (smog).
A emissão de material particulado e fino pode resultar em perda da qualidade do ar e
da água do meio aquático circundante e causar severos problemas para a saúde
humana quando inalados.
As chapas e perfis serão marcadas, cortadas, curvadas, dobradas, etc., e passarão a
uma área de pré-montagem para formação dos módulos menores e, em seguida, para
a área de montagem dos módulos maiores. O corte das chapas pode dar-se por uso
de maçaricos (oxiacetileno), guilhotinas e por meio de equipamentos de corte por
plasma. Prensas hidráulicas verticais e horizontais serão empregadas na viragem e
dobramento de chapas e calandras na calandragem. A união das chapas se dará por
meio de soldas, a serem realizadas de forma manual, semi-automática ou automática,
elétrica ou empregando-se diferentes tipos de gases industriais.
Outras atividades inerentes à preparação dos módulos incluem a usinagem de peças,
com usos de diferentes tornos, frezadoras, furadeiras, plainas limadoras, dentre outros
equipamentos, que serão instalados no galpão de usinagem e a confecção de tubos
elicoidais (spools) e suportes que serão realizadas em oficinas de corte e soldagem.
Embora muitas etapas mais críticas (jateamento, zincagem, cromatização, niquelagem,
pintura, etc.) dos processos de preparação, montagem inicial dos materiais e módulos
devam ocorrer em recinto fechado, esses materiais são posteriormente estocados,
montados e recebem pintura final a céu aberto. Os impactos potenciais para o meio
aquático estão relacionados a entradas de resíduos desses processos quer via
atmosfera, que carreado pelas chuvas modificando as características hidrológicas das
águas do entorno estuarino, e são aqui considerados negativos, diretos, local, imediato,
cíclico, de baixo impacto, reversível e mitigável.
Controle: Medida Mitigadora
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

Os efeitos negativos descritos podem ser minimizados pela contenção da operação de


jateamento em áreas fechadas, de forma a minimizar a fuga de material para outras
áreas do Empreendimento ou seu carreamento por correntes de ar e que atinjam o
entorno aquático

A aplicação de zarcões deverá ocorrer igualmente em recinto fechado e automatizado,


de modo a minimizar exposição dos funcionários, bem como as emissões para a
atmosfera e indiretamente para o meio aquático.
Capítulo 4 - 318
4.4.4.4 Risco de elevação dos níveis de toxicidade do estuário pela utilização de tintas
anti-incrustantes

Posição na Matriz 38
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico

A colonização e fixação de algas, cracas, mexilhões e de outros organismos


incrustantes sobre a superfície dos cascos das embarcações resultam em dificuldades
de manobra, redução da velocidade de cruzeiro e aumento do gasto de combustível
(Champ & Lowestein, 1987).
Para minimizar esse problema, os cascos das embarcações são comumente tratadas
com pinturas anti-incrustante que contêm substâncias biocidas, que inibem a fixação de
organismos incrustantes. Dentre os biocidas mais largamente empregados com esta
finalidade, destacam-se compostos de Estanho, Cobre e de Tributyltin (TBT).
Estas pinturas, em contado com a água, introduzem contaminantes no meio aquático,
tanto para a coluna d’água quanto para os sedimentos de fundo por sua dissolução,
bem como desprendimento dos cascos por abrasão, uso ou descartes de restos de
pintura durante a manutenção dos cascos das embarcações. Sua dispersão no meio
aquático estando intrinsecamente relacionada à dinâmica das áreas de atracação e
costeira.
Compostos TBTs são, hoje, considerados como as mais tóxicas substâncias já
produzidas e deliberadamente introduzidas pelo homem no meio estuarino e marinho,
uma vez que causam efeito adverso aos sistemas imunológicos e reprodutivos de
crustáceos e moluscos mesmo em níveis muitíssimos baixos, com um limite
ecotoxicológico de 1,0 ng TBT.L-1.
O conhecimento do impacto ambiental dos compostos organo-estânicos levou à
regulamentação e banição do uso destes produtos em alguns países Europeus desde a
década de 80. Em 1999, uma assembléia da Organização Marítima Internacional (IMO)
responsável pelo aprimoramento da segurança marítima propôs uma Convenção para
banir mundialmente a aplicação de pinturas a base de TBTs a partir de 2006.
Atualmente, cerca de 40 países, representando 67% da tonelagem mundial de navios,
são signatários da convenção e se comprometeram a banir a aplicação do TBT (IMO,
2010).
Conforme informado pelo Empreendedor, as tintas que serão usadas no Estaleiro são
certificadas por padrões internacionais, livres de TBT. Assim sendo, o impacto foi
considerado de baixa magnitude, só para efeitos de registrar os perigos que as tintas
podem oferecer para o meio ambiente marinho

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

Monitoramento contínuo das águas e sedimentos do entorno da área do Estaleiro.

Capítulo 4 - 319
4.4.4.5 Possibilidade de alteração da qualidade ambiental em decorrência do
manuseio de resíduos sólidos durante operação

Posição na Matriz 39
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico

Os equipamentos a serem empregados no deslocamento de chapas, perfis, peças e


módulos, bem como nas várias etapas dos processos de confecção e montagem,
requererão manutenção periódica que incluirá lubrificação, troca de óleo, decapagem
da estrutura metálica e aplicação de pintura, além da substituição de peças, cabos, etc.
Considerando a dimensão e proximidade da superfície aquática de muitos deles e
impraticabilidade de desmontá-los para a manutenção, os riscos ambientais estariam
relacionados à entrada de resíduos para o estuário durante a execução dos serviços
podendo ter conseqüências danosas à flora e fauna aquática.
A geração de outro tipo de resíduo como a sucata de ferro, embalagens, resíduos
oleosos, resíduos orgânicos, resíduos de características domiciliares, filtros de câmara
de pintura, granalha, lodos de estação de tratamento, dentre outros, poderão
igualmente diminuir a qualidade ambiental da área se não forem gerenciados de forma
correta.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

O Empreendedor deverá elaborar e implementar um Plano de Gerenciamento de


Resíduos, considerando todas as ações de acondicionamento, coleta, aproveitamento
e destinação final adequada de cada resíduo em conformidade com a legislação
ambiental vigente. A aplicação do conceito das 3R’s deverá ser uma meta da
organização.

4.4.4.6 Risco de alterações na fauna e na flora marinha em conseqüência da


introdução de espécies exôticas e/ou invasoras

Posição na Matriz 40
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico

A introdução de espécies marinhas exóticas em diferentes ecossistemas, por meio da


água do lastro dos navios, por incrustação no casco e via outros vetores, representa
uma grave ameaça para a biodiversidade dos oceanos a nível mundial e, neste caso,
para o estuários influenciados pelo Porto de SUAPE.
O transporte marítimo movimenta entre 3 e 5 bilhões de toneladas de água de lastro a
cada ano. Um volume similar pode, também, ser transferido por ano domesticamente,
dentro dos países e regiões. É a água de lastro que proporciona equilíbrio e
estabilidade aos navios sem carga. Entretanto, isso pode causar sérias ameaças

Capítulo 4 - 320
ecológicas, econômicas e à saúde, tendo em vista que milhares de espécies marinhas
podem ser carregadas junto com a água de lastro dos navios. Isso inclui bactérias e
outros micróbios, pequenos invertebrados e ovos, cistos e larvas de diversas espécies.
Tal problema deve-se ao fato de que potencialmente todas as espécies marinhas têm
um ciclo de vida que inclui um ou mais estágios planctônicos.
Mesmo espécies cujos adultos não têm grandes chances de serem levados na água de
lastro, por exemplo, por serem muito grandes ou viverem aderidos ao substrato
oceânico, podem ser transportadas no lastro em sua fase planctônica.
Neste caso, o impacto foi considerado de baixa relevância inicialmente, tendo em vista
o pequeno fluxo de embarcações associadas à operação do Estaleiro, em termos do
universo total de navios que atraca no porto ao longo do ano. Contudo, cabe a
possibilidade deste impacto se tornar de maior importância ao longo dos anos, quando
as encomendas da Transpetro começarem a declinar e os estaleiros começarem a
desenvolver atividades de reparo e manutenção. De chegar a se verificar essa
situação, a raspagem de cascos de navios e o aumento do fluxo dos mesmos nos
estaleiros, tornarão o impacto de maior relevância que nos primeiros anos de operação
Controle: Medida Mitigadora
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

Atendimento integral das disposições da ANVISA para com os resíduos provenientes


dos casos dos navios e com a regulamentação brasileira no tocante a água de lastro.

4.4.4.7 Possibilidade de alterações na fauna por perturbações noturnas (iluminação)

Posição na Matriz 41
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Biótico

Conforme mencionado no capítulo de descrição do Empreendimento, observa-se que o


Estaleiro funcionará em horário noturno, com a utilização de iluminação artificial e
refletores de alta potencia que garantirão a segurança dos trabalhadores.
Essa iluminação artificial poderá chegar a afetar a fauna do entorno imediato,
especialmente caçadores noturnos, sendo mais relevante durante os primeiros anos de
funcionamento do local, onde, conforme planejamento mostrado na figura 4.3, a área
ficará contornada por manguezais e restinga. Após a complementação do cluster naval,
o restante do manguezal será suprimido e este impacto tenderá a desaparecer.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

Dimensionar o sistema de iluminação externa do local de tal forma que as luminárias


projetem sua luz do exterior para o interior da área.

Capítulo 4 - 321
4.4.4.8 Elevação dos níveis de intensidade sonora na área durante operação

Posição na Matriz 42
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico

A operação do Estaleiro PROMAR S.A deverá gerar ruídos intensos em alguns


equipamentos como geradores e máquinas de corte, dobragem, furadoras dentre
outros, contudo, esses ruídos serão abafados por abrigos, no caso dos geradores, e
pelos galpões no caso dos demais equipamentos, assim, no perímetro da área o nível
de ruído não deverá ser maior que o exibido atualmente pelo EAS, que se situa na
faixa entre 48 e 60 dB, abaixo do padrão de 70 dB estabelecido como meta para áreas
industrias na NBR 10.151.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor

O Empreendimento já prevê a elaboração do mapa de riscos com a identificação dos


pontos do local onde as intensidades sonoras serão maiores. Estas áreas estarão
perfeitamente identificadas e EPI´s e/ou EPC´s deverão ser usados a fim de combater
as conseqüências de tais exposições. Oportunamente, durante a elaboração do
PCMSO (Plano de Controle e Monitoramento de Saúde Ocupacional), o Coordenador
da Área de Saúde Ocupacional apresentará os riscos e os equipamentos de proteção
necessários para mitigar a exposição ao ruído.
Adicionalmente a isso, dever-se-á:
 Monitorar permanentemente a área;
 Implantação de abafadores e materiais absorventes de ruídos em equipamentos
motorizados;
 Uso de equipamento de proteção individual (EPI), sempre que os limites de
tolerância ultrapassar os estabelecidos na Norma Regulamentadora nº 15.

4.4.4.9 Perda da possibilidade de geração de emprego no Estado pela baixa


capacitação da mão de obra

Posição na Matriz 43
Ação Impactante: Sinergia do empreendimento
Meio Afetado: Socioeconômico

Os impactos positivos do Empreendimento concentram-se na possibilidade de geração


de emprego e renda para os municípios pernambucanos, principalmente aqueles
inseridos dentro do território estratégico de SUAPE. Só assim se justifica a troca de
uma área de enorme riqueza ecológica.
Contudo, a mão de obra demandada por este tipo de Empreendimento, além de
numerosa, deve ser altamente capacitada. Nesse sentido, considerou-se como impacto

Capítulo 4 - 322
o cenário de não se terem as condições no Estado de capacitar a mão de obra na
quantidade e nível requerido pelo grupo de empreendimentos (em tempo hábil),
rebatendo na necessidade de “importar” operários de outros Estados, o que
configuraria a eliminação de parte dos impactos positivos apontados para o
Empreendimento.
Controle: Mitigável
Caráter: Preventivo
Governo do Estado / Prefeituras / SUAPE /
Responsável:
Empreendedor

Em face da especificidade e, quase, pioneirismo do Empreendimento, torna-se


necessário o oferecimento de cursos de capacitação e qualificação profissional para a
população da região, favorecendo a priorização da contratação de mão de obra local.
Dessa forma, os efeitos desse impacto positivo deverão ser potencializados, reduzindo,
ao máximo, o número de trabalhadores externos, de modo a gerar trabalho e renda
para a população local além de minimizar o deslocamento de pessoal.

4.4.4.10 Risco de favelização no entorno

Posição na Matriz 44
Ação Impactante: Sinergia do Empreendimento
Meio Afetado: Meio Socioeconômico

Com previsão que gira em torno de 150 mil novos habitantes para o Território
Estratégico de Suape até 2015, a demanda habitacional tenderá a ultrapassar as 85 mil
moradias, isto se for considerado o déficit existente de, aproximadamente, 35 mil e a
demanda prevista para os novos moradores de 50 mil habitações. Estes números
enfatizam e expõem as conseqüências sociais e ambientais que poderão advir para a
região no entorno do Porto de Suape, caso não se faça um planejamento a médio e
longo prazo e se execute políticas públicas, com priorização para o setor na região.
A oferta de empregos no CIPS é o grande atrator para milhares de trabalhadores, não
só de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho, mas também de cidades vizinhas e
outras nem tão próximas. A solução para muitas famílias, que seguem para a região
em busca de emprego, é morar mais perto do Porto de Suape, tanto por uma questão
econômica, pela proximidade em si, quanto pela dificuldade de transporte público,
ineficiente, de alto custo e de difícil acesso. E as cidades do entorno, por sua vez,
precisam se preparar para receber essa nova população ou estarão sujeitas ao
processo de “favelização”, enquanto aglomeração populacional residentes em
condições de sub-habitações, em ambiente marcado pela falta de infraestrutura.
O Empreendimento em análise como integrante do conjunto de projetos com maior
força de atração de mão de obra, contribuirá para maior aglomeração populacional nas
proximidades do CIPS de modo mais imediato. Por ser um dos primeiros no setor e no
local, seguindo-se apenas ao Estaleiro Atlântico Sul e à Refinaria Abreu e Lima,
quando ainda não há uma definição e muito menos implementação de uma política
habitacional, poderá propiciar a formação ou ampliação de bolsões de pobreza, com
favelização de áreas do entorno.

Capítulo 4 - 323
Para evitar os problemas dessa favelização do território, será preciso oferecer uma
infraestrutura habitacional adequada, com vias de acesso, saneamento, transporte,
segurança e demais equipamentos urbanos, minimizando nos municípios do entorno,
principalmente, os riscos que se seguem ao grande deslocamento de milhares de
pessoas em busca de emprego e sem uma política para o setor.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Governo do Estado / Governos Municipais

Para minimizar este impacto torna-se necessário a articulação entre o Governo


Municipal, órgãos do estado e a administração de Suape além de empresas do setor
habitacional para desobstruir esse gargalo, buscando definição de áreas residenciais
para implementação de habitações e equipamentos sociais, com inclusão em programa
de habitações, saneamento e transporte público.
De uma forma mais específica, deverá se atualizar, adequar e implantar o PBA de:
INTEGRAÇÃO COM AS ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DO USO E
OCUPAÇÃO DO SOLO DAS BACIAS DOS RIOS DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DIRETA E INDIRETA
proposto no EIA/RIMA de 2000.

4.4.4.11 Aumento da demanda sobre a infraestrutura de transportes

Posição na Matriz 45
Ação Impactante: Sinergia do empreendimento
Meio Afetado: Meio Socioeconômico

Embora o Empreendimento se insira no segmento off-shore, considera-se que o


sistema rodoviário de SUAPE e seu entorno será mais impactado que a mesma
navegação marinha. Com efeito, o número de navios por ano que deve adentrar ao
Porto de SUAPE para atividades ligadas com o Estaleiro deverá situar-se em torno de
20, sendo este valor inexpressivo (1,75%) em termos dos 1138 navios que adentraram
o porto durante o ano de 2009, e sendo ainda mais inexpressivo quando projetado a
futuro, pois a movimentação de carga em SUAPE disparará com a entrada em
operação da refinaria e a ampliação do TECON, enquanto o movimento no Estaleiro
não deverá variar significativamente, mesmo que se aumente a capacidade de
processamento de aço.
Já em termos de veículos, a expectativa de empregar 2.500 pessoas implica em um
aumento significativo de veículos trafegando pelas vias de acesso desde Recife,
notadamente a PE-060 que, hoje, apresenta níveis de serviço precários nos horários de
pico.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Governo do Estado / Governos Municipais

O Empreendedor deverá promover transporte coletivo através de ônibus para os


empregados que morem nos municípios vizinhos. Da mesma forma, através de
Capítulo 4 - 324
palestras de sensibilização e mesmo através de políticas empresariais, deverá
promover o transporte solidário para os cargos de chefia e administrativos, na tentativa
de evitar que os veículos de passeio se desloquem desde Recife com uma única
pessoa.

4.4.4.12 Conflito com o turismo local

Posição na Matriz 46
Ação Impactante: Sinergia do Empreendimento
Meio Afetado: Meio Socioeconômico

Esse Empreendimento tem em sua localização, litoral sul do Estado, o espaço de


conflito, face às potencialidades ambientais, histórico e cultural, e mesmo arqueológica,
mesmo tendo o EIA-2000 aprovado as intervenções propostas pelo Projeto Básico,
voltando-o, unicamente, para o setor portuário. No entanto, a presença de um hotel de
grande porte, passeios de barcos que seguem para o interior do rio e a existência de
bares e áreas de lazer às margens do Massangana, na AID, aliados e impulsionados
pela beleza cênica, têm no turismo local uma atividade que agrega mão de obra
específica e oferece à população a oportunidade de desfrute da paisagem local. Estes
se reúnem a área de preservação de importância histórica, mais ao Norte, após o hotel,
seguindo-se até o cabo de Santo Agostinho, patrimônio histórico.

Controle: Medida Mitigadora


Caráter: Preventivo
Responsável: Governo do Estado / Governos Municipais / CIPS

Para minimizar este impacto torna-se necessário a criação, implementação e


monitoramento de planos e programas que definam ações voltadas ao enfrentamento
das diferenças de interesses entre as agências públicas, os setores econômicos, as
demandas da comunidade local, as organizações ambientalistas e a utilização dos
recursos ambientais, tanto para o turismo quanto para outros setores de
desenvolvimento.
De uma forma mais específica, após atualização e adequação, deverá se partir para a
revisão, atualização e implantação do PBA de Turismo, proposto no EIA/RIMA de 2000.

4.5 PROGNÓSTICO DE QUALIDADE AMBIENTAL


A tentativa de avaliar a qualidade ambiental de uma área no tempo presente, através
de levantamentos de campo, indicadores, tendências, histórico de transformações
dentre outras ferramentas disponíveis, já é uma tarefa extremamente complexa, pois se
adentra num campo de análise pouco adequado em se tratando de estudos técnicos,
notadamente, a subjetividade. Isso porque a ponderação dos diversos fatores
ambientais para determinar algum valor consolidado de qualidade ambiental dentro de
uma escala numérica, por exemplo, não é uma verdade absoluta, mas um ponto de
vista de um grupo de especialistas, e pelo tanto, susceptível de várias interpretações.
Já a tentativa de avaliar a qualidade ambiental de forma prospectiva, no tempo futuro,

Capítulo 4 - 325
antes mesmo que as transformações ambientais planejadas venham a ocorrer,
constitui-se em uma tarefa ainda mais tendenciosa. Nessa linha de raciocínio, a
comparação entre os dois cenários, qualidade ambiental no presente versus qualidade
ambiental no futuro, constitui um exercício que só encontra suporte dentro do campo
teórico das ciências ambientais, e só nesse campo deve ser utilizado para efeitos de
apoio à tomada de uma decisão.
As ciências ambientais são relativamente novas, seus conceitos básicos vêm se
reformulando dia a dia, fazendo-se cada vez mais abrangentes, até o ponto de dificultar
a definição de questões aparentemente simples como é o mesmo conceito de meio
ambiente. Outrora, esse conceito tinha uma conotação eminentemente ecológica, que
hoje não é mais. Atualmente considera-se que é um todo, que para entendê-lo precisa
abranger as componentes física, biótica e principalmente socioeconômica. Com efeito,
a grande mudança de paradigma nos últimos tempos é considerar que o homem como
espécie humana, com toda sua complexidade, também é meio ambiente. Esta nova
conceituação veio dificultar ainda mais o entendimento das definições ambientais, pois
foram agregados novos conceitos atrelados diretamente às atividades humanas, como
por exemplo, a qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável, os ecossistemas
urbanos, os aspectos culturais e inclusive religiosos por citar só alguns deles. O
importante disto é que a junção de todos estes parâmetros determina o que em
conjunto se denomina como Qualidade Ambiental.
Sendo assim, a mensuração desta qualidade, bem como as análises comparativas,
poderão ter múltiplas abordagens, todas elas fundamentadas e possíveis. A
ponderação de variáveis na tentativa de unificar um único critério varia e se reformula
constantemente ao longo do tempo. Aspectos bióticos, por exemplo, que em
determinado momento do tempo teriam ampla repercussão na qualidade ambiental de
um local, podem passar a ser menos significativos em um cenário futuro.
Esta situação se verifica na análise comparativa de Qualidade Ambiental nos cenários
de implantação ou não do Estaleiro PROMAR, partindo sempre do predicado que o
cenário de implantação do Empreendimento, na área proposta, só faz sentido dentro do
macroprojeto transformador do PDZ de SUAPE. Em termos gerais, as linhas mestras
do futuro regional para qualquer um dos dois cenários, mostram que a região passa por
um momento excepcional de oportunidades de desenvolvimento econômico, social e
cultural, propulsado especialmente pela dinamização do Porto de SUAPE, mas também
pela consolidação da vocação turística do Litoral Sul e não será a implantação ou não
do Estaleiro PROMAR que mude esta tendência que se consolida cada vez mais na
região.
Nesse pano de fundo percebe-se que a qualidade ambiental a futuro, em uma escala
regional, deverá aumentar para qualquer um dos dois cenários. Não tem como ser
diferente, os investimentos públicos e privados previstos nas áreas de infraestrutura,
saúde, cultura, segurança e renda per capita necessariamente terão rebatimento na
qualidade de vida da população, indicador este que, como já mencionado passa a ter
um peso relevante na hora de definir uma escala de Qualidade Ambiental, entendida
desde uma ótica mais humanista. Assim, e considerando o arcabouço complexo de
projetos previstos para a região, o Estaleiro PROMAR e o mesmo cluster naval com
sua capacidade de geração e formação de mão de obra capacitada vislumbram-se
como uma proposta muito importante, mas não determinante para em definido

Capítulo 4 - 326
momento chegar a alterar, no futuro, o cenário de Qualidade Ambiental em âmbito
regional.
Já quando se considera um recorte de terreno menos abrangente, limitado às áreas de
influência Indireta (AII) e Direta (AID), os cenários de Qualidade Ambiental apresentam
comportamentos mais diferenciados, pois a dimensão biótica entra com um peso mais
relevante que a variável socioeconômica. No evento de não implantação do
Empreendimento, não implantação do cluster naval e considerando que nenhum outro
fato extraordinário acontecerá na área, pode-se afirmar que esta continuará
transformando-se lentamente, de forma quase imperceptível para curtos períodos de
tempo. A área de influência prosseguiria em suas atuais tendências e devido à
estabilidade no ambiente ocorreria naturalmente a recomposição da vegetação de
manguezal, principalmente, nas áreas mais marginais da Ilha de Cocaia, refletindo
positivamente no aumento da produtividade primária local, no estoque pesqueiro da
área estuarina e marinha, aumentando a disponibilidade de organismos como ostras,
sururu, caranguejos, aratús e espécies de peixes que são ligados ao estuário e ao
manguezal.
Em termos de qualidade da água, a preservação do manguezal também atuará
positivamente na ciclagem de nutrientes transformando em matéria orgânica vegetal
compostos que estariam concentrados na água (nitrito, nitrato, silicato, fostato, etc.). A
não dragagem dos cursos d’água importará na preservação do sistema fital composto
por capim-agulha e macroalgas (garantindo a continuidade do ciclo de vida de muitas
outras espécies que vivem em interdependência desses ecossistemas). A manutenção
do manguezal na área também pode representar um fator importante na retenção dos
sedimentos atuando na diminuição da turbidez da água e prevenindo a erosão costeira.
Já o cenário de Implantação do Empreendimento nos moldes previstos no projeto e
com a implantação simultânea de outras infraestruturas (vide Figura 4.3) em um
período relativamente curto de três anos (2011 - 2013), representa a introdução de uma
perturbação no ambiente que causará inevitavelmente uma diminuição severa da
Qualidade ambiental da AID, uma vez que prevê uma transformação drástica na
paisagem com supressão de grande parcela da vegetação de mangue e restinga do
estuário dos Rios Massangana e Tatuoca.
Com a realização do empreendimento, a supressão da vegetação e as ações de aterro
e terraplenagem eliminarão a vegetação de manguezal e o sistema de restinga, o que
acarretará, por conseguinte, a eliminação de espécies da fauna associada a esses
ambientes, principalmente, crustáceos como caranguejos, o guaimum , o aratú-do-
mangue e cracas e moluscos como a ostra-de-mangue. O aumento do material em
suspensão em virtude da movimentação de terras poderá causar o assoreamento de
uma das áreas mais produtivas do sistema lagunar da baía que são os prados de
fanerógamas marinhas. O aumento da turbidez da água poderá ainda interferir na
produtividade primária com conseqüências diretas no ciclo de nutrientes.
Uma vez as obras do PDZ sejam finalizadas e os planos ambientais, medidas
mitigadoras e compensações comecem a ser implementados, a AID começará um
processo de resilência e de aceitação da nova paisagem, aumentando
progressivamente sua Qualidade Ambiental. A partir daí e com o início da operação do
Estaleiro, começarão a ser verificados progressivamente todos aqueles impactos
positivos que em conjunto justificam o Empreendimento. Nesse caso, o indicador de
Qualidade Ambiental vir-se-ia reformulando, acompanhando a evolução dos
Capítulo 4 - 327
parâmetros socioeconômicos se tornando cada vez mais importantes em detrimento
dos fatores físico – bióticos da AII cuja relevância, no contexto geral, deverá decrescer
na medida que a área adquire com maior celeridade uma característica de ambiente
construído com vocação industrial, o que já está determinado desde a desapropriação
das terras pela Empresa SUAPE.
Aqui, mais uma vez, fica claro o conceito da troca que está sendo concebido pelo
Governo do Estado, no sentido de perder um ativo ecológico importante como é uma
área estuarina, por benefícios sociais e compensação ambiental, que em teoria, devem
beneficiar não só a população dos municípios abrangidos na AII, mas todo o Estado de
Pernambuco.
A Figura 4.9, a seguir, ilustra a percepção da equipe no contexto do já dito. Representa
um dos cenários possíveis de qualidade ambiental da área, onde inicialmente se
produz uma diminuição brusca desta qualidade em decorrência da supressão de
mangue e restinga para implantação do cluster naval, a qual, posteriormente, começa
um processo de recuperação promovido pelo crescimento da dimensão
socioeconômica e da variável biótica em decorrência das atividades de compensação.
Conforme se observa na figura, a dimensão biótica deve se recuperar, mas nunca
chegar a retornar à situação atual, daí a necessidade de compensação ambiental.

Figura 4. 9 – Cenário possivel/otimista de qualidade ambiental na AII

Fonte: Moraes & Albuquerque Advogados e Consultores

Capítulo 4 - 328

Você também pode gostar