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Capítulo 4 - 249
4.1 APRESENTAÇÃO DO CAPÍTULO
O presente Capítulo do EIAC visa o atendimento integral do item 3.9 do Termo de
Referência da CPRH, cujo escopo se direciona as ações de identificação e qualificação
de impactos ambientais, a serem efetuados pelo Moraes & Albuquerque Advogados e
Consultores.
Nesse sentido, no referido item do TR (página 14), o órgão licenciador deixa clara sua
intenção de analisar um documento complementar, quando se refere da seguinte forma
à abordagem que deve ser seguida:
Capítulo 4 - 251
4.2 EIA/RIMA DE 2000 COMO BASE DAS INFORMAÇÕES A SEREM COMPLEMENTADAS
O EIA/RIMA DE AMPLIAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DO PORTO DE SUAPE, promovido
pela Empresa SUAPE e protocolado na CPRH no ano de 2000, cumpriu à época o seu
papel de instrumento regulador da situação ambiental futura do complexo, declarando
publicamente quais as obras e intervenções seriam realizadas, os custos ambientais e
as medidas de controle necessárias para equacionar estes custos com os paradigmas
do desenvolvimento sustentável.
Os estudos foram desenvolvidos ao longo de sete meses, com início em 15 de junho
de 1999 e término em 15 de janeiro de 2000, e conforme consta no referido EIA, todo o
desenvolvimento dos trabalhos foi acompanhado pela CPRH, mediante a apresentação
de relatórios de avanço mensais. Também foram realizadas duas auscultas técnicas,
sob a forma de workshop, onde participantes das mais diversas instituições ofereceram
críticas e sugestões aos trabalhos realizados, que foram posteriormente incorporadas
ao documento pela equipe técnica. Foram convidados para essas auscultas, além da
própria equipe técnica, representantes de organizações não governamentais
ambientalistas, instituições públicas e privadas, associações, Ministério Público
Estadual, Ministério Público Federal e órgãos de meio ambiente estadual (CPRH) e
federal (IBAMA), no intuito de tornar as intervenções previstas para SUAPE uma
decisão de fato analisada, discutida e compartilhada por todos os envolvidos, uma
escolha da sociedade.
Obra Prevista
Construção do Cais SUAPE 04 (TECON);
Construção de dois Cais da 2º etapa do Porto Interno:
Cais Tatuoca 01 – cais de múltiplos usos – 04;
Cais Cocaia 01 – píer de granéis líquidos – 05;
Continuação da Dragagem do Porto Interno:
Dragagem da 2º etapa do Porto Interno;
Complementação do aterro hidráulico de áreas da ZIP;
Duplicação do TDR Sul, da Av. Portuária e do Acesso ao Complexo de SUAPE:
Duplicação do acesso ao Complexo de SUAPE;
Duplicação do centro distribuidor rodoviário sul (TDR SUL);
Capítulo 4 - 252
QUADRO 4.1 – Relação de obras licenciadas no CIPS
Obra Prevista
Duplicação da Av. Portuária;
Adequação da interseção do acesso ao Complexo de SUAPE com a PE-60;
Complementação do tronco distribuidor rodoviário norte (TDR Norte);
Construção e pavimentação de acesso rodoviário à Área 3 da ZIP;
Urbanização da Zona Industrial Portuária (ZIP):
Urbanização da ZIP 02, localizada na 1º etapa do Porto Interno;
Urbanização da ZIP 03, localizada na 2º etapa do Porto Interno;
Instalações e sistemas de apoio à operação portuária;
Construção do Terminal de Contêineres (TECON);
Pavimentação do pátio do TECON;
Instalação de equipamentos especializados para movimentação de contêineres;
Instalação administrativa; instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias e de segurança;
Obras complementares.
Textos em negrito destacam as obras previstas no EIA com estreita relação ao projeto em
análise
Fonte: EIA/RIMA de SUAPE (2000)
Fica claro, assim, que a determinação da ocupação das Ilhas de Cocaia e Tatuoca é
uma definição já discutida e aprovada na época do EIA de 2000. Posterior a este
estudo ambiental, o Governo do Estado, bem como os Governos Municipais do Cabo
de Santo Agostinho e Ipojuca, foram consistentes nos seus diplomas legais com a
escolha de potencializar o Porto de SUAPE, em detrimento da perda de riquezas
naturais também valiosas.
Isto é evidente na Lei Estadual n° 9931 de 1986, qu e define como áreas de proteção
ambiental as reservas biológicas do litoral do Estado de Pernambuco e dispõe sobre
condições básicas relativas à sua preservação. Na relação de áreas estuarinas
acobertadas pela referida Lei, não aparece relacionado o estuário dos Rios Tatuoca e
Massangana, uma vez que, para a época da Lei, já se tratava de uma área destinada
para uma ocupação industrial. Da mesma forma, os Planos Diretores de Ipojuca e o
Cabo, cuja divisa territorial coincide com o eixo do Rio Massangana, consideram a área
como Portuária urbanizável.
Capítulo 4 - 255
remanescentes e sua substituição por material de estrato duro, o que gerará
modificações no regime de ondas e marés, podendo causar inundação e
erosão nas margens não enrocadas.
Meio Biológico – os impactos deverão ser neutros na totalidade dos fatores
ambientais, considerando-se que, neste caso, os impactos negativos deverão
ocorrer nas ações que antecedem ao enrocamento (dragagem, supressão de
vegetação, aterro).
Meio Antrópico – os impactos deverão ser positivos em quase todos os fatores
ambientais, na medida em que possibilitará o aumento do número de emprego,
maior renda, melhores condições de infraestrutura econômica e social e
adequação do Empreendimento ao Plano Diretor existente e a estratégia de
desenvolvimento adotada.
Fase de Operação
Na fase de operação os impactos no meio físico e biológico serão
neutralizados face ao término do enrocamento utilizado para a construção dos
cais, no entanto, terá efeito negativo, no meio biológico, para a fauna aquática,
pelo superpovoamento de cracas que deverá ocorrer, favorecidas pelo
aumento da área de estrato duro que passará a recobrir as encostas, em
prejuízo das espécies que naturalmente povoam estas margens. Enquanto no
meio antrópico os impactos continuarão a ser positivos, como efeito
sinergético, somatório dos efeitos econômico-sociais, geração de emprego,
aumento de renda, melhoria dos acessos à saúde e à educação, decorrente do
aumento do volume de atividades geradas pelo crescimento das oportunidades
econômicas na área;
2. Supressão de Vegetação.
Fase de Implantação
Meio Físico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os fatores
ambientais considerando-se a eliminação da forração do solo (vegetação de
mata, restinga e manguezais), o que gerará, possivelmente, carreamento de
sedimentos para estuários e áreas costeiras, mudanças de descargas dos rios,
erosão de margens, no caso de remoção de manguezais, e o aumento da
temperatura local, da turbidez e do assoreamento.
Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos em todos os fatores
ambientais, motivados pela redução da cobertura vegetal, o que atingirá mais
intensamente os manguezais seguindo-se o sistema de restinga e, ainda, pela
supressão da flora, comprometendo o equilíbrio populacional natural das
espécies; pela eliminação e diminuição de área de alimentação, abrigo,
reprodução e repouso, inclusive para maçaricos que têm a área como parte de
sua rota de deslocamento. Todas estas conseqüências devem levar ao
desaparecimento, quase que total, de algumas espécies.
Meio Antrópico – os impactos deverão ser negativos para todos os fatores,
pelo comprometimento da paisagem como área de grande importância para a
história da civilização brasileira e população periférica, o que trará rebatimento
para a economia local, já que favorece ao turismo e lazer; pelo
comprometimento do nível e qualidade de vida da população local,
possivelmente pela sua não absorção como mão de obra nas novas atividades
Capítulo 4 - 256
econômicas e pelas mudanças na organização social das famílias residentes
no local e periferia, face às modificações do entorno.
Fase de Operação
Na fase de operação, alguns impactos no meio físico e todos no meio biológico
serão neutralizados como conseqüência do término da ação de supressão da
vegetação, no entanto, deverão ocorrer efeitos negativos sinergético, tais
como o possível aumento da temperatura no topoclima em face da
urbanização da área e prejuízo na qualidade do ar no local pela redução das
áreas verdes.
No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais decorrentes da melhoria das condições
econômicas a que esta ação levará, viabilizando a consecução do projeto que
possibilitará as modificações sociais mencionadas;
3. Dragagem
Fase de Implantação
Meio Físico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os fatores,
motivados pelo aumento da turbidez, redução da penetração de luz, liberação
de resíduos dos sedimentos para a coluna d’água, indução de estratificação e
aumento da salinidade.
Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os
fatores, gerados pela supressão irreversível da flora aquática de fundo,
ocasionando redução de suprimento alimentar, áreas de nidificação, abrigo,
reprodução, com deslocamento da macrofauna e eliminação da flora e de
elementos da fauna terrestre e alteração no tempo de residência das espécies
na água no estuário. Também gerará alteração nas condições oceanográficas
da área, maior aporte de água salgada, aumento da turbidez, com diminuição
da qualidade e quantidade de habitats para espécies características e pelas
modificações sedimentológicas locais.
Meio Antrópico – os impactos deverão ser subdivididos em positivos e
negativos. Positivos pelas atividades econômicas que serão intensificadas,
com criação de emprego e melhoria de renda para a população. Negativos
pela não absorção da população local no mercado de trabalho criado e pela
supressão de vestígios arqueológicos em áreas costeiras marcadas pelo início
da colonização brasileira, o que impossibilitará o estudo e o descobrimento de
aspectos culturais e históricos da civilização do país.
Fase de Operação
O meio físico apresenta impactos de qualificação variada. Deverá haver
impactos positivos com a redução das atividades de dragagem, restrita à
manutenção dos canais de navegação, o que possibilitará a remoção de
assoreamento e melhoria na drenagem dos rios. Negativos, pois, quando de
sua realização periódica, provocará turbidez e redução da penetração da luz,
liberando resíduos dos sedimentos para a coluna d’água.
No meio biológico os impactos deverão ser neutros face à periodicidade com
que deverá ocorrer a dragagem, considerando-se que os impactos negativos já
teriam ocorrido com a dragagem inicial, para a abertura dos canais, na fase de
Capítulo 4 - 257
implantação do Projeto, pela alteração das condições oceanográficas e
remoção da flora aquática estuarina.
No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais positivos que deverão ocorrer com o aumento
das alternativas de emprego, maior geração de renda e melhoria da
infraestrutura social;
4. Aterro.
Fase de Implantação
Meio Físico – os impactos deverão ser negativos, motivados pela modificação
da morfologia e solo local, impedimento do fluxo e refluxo das águas dos rios,
modificação do regime de ondas, marés e correntes e o possível aumento de
inundação.
Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos, motivados pela
supressão de vegetação, que deverá afetar a oferta de área em quantidade e
qualidade para habitats, como também para áreas de desova e abrigo de
organismos marinhos costeiros, o que prejudicará, entre outras coisas, a
ocorrência de moluscos e crustáceos de valor econômico e a utilização da
área pelos maçaricos, entre outras aves, durante seu deslocamento.
Meio Antrópico – os impactos deverão ser positivos para a geração de
emprego e melhoria de renda, mas deverão ser negativos por impossibilitar a
identificação de vestígios arqueológicos, com provável supressão de artefatos
indígenas ou do início da colonização, provavelmente presentes no local,
impedindo o estudo de aspectos culturais e históricos da civilização brasileira.
Fase de Operação
Na fase de operação alguns impactos no meio físico e todos no meio biológico
serão neutralizados como conseqüência do término da ação impactante, no
entanto, deverão ocorrer efeitos negativos sinergético, tais como aumento da
temperatura do topoclima, pela ampliação de áreas com o solo coberto por
material refratário, e prejuízo na qualidade do ar no local pelo aumento do
volume de partículas em suspensão.
No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais, decorrentes da melhoria das condições
econômicas a que esta ação levará, viabilizando a consecução do projeto que
possibilitará as modificações sociais mencionadas;
5. Terraplenagem.
Fase de Implantação
Meio Físico – os impactos deverão ser negativos em quase todos os fatores
ambientais, pois comprometerão a qualidade do ar, como decorrência do
aumento de partículas em suspensão, e pelo prejuízo ao nível de ruído como
conseqüência das máquinas utilizadas na realização desta ação.
Meio Biológico – os impactos deverão ser neutros, pois não afetarão nem o
meio aquático nem a fauna terrestre, que serão afetadas por ações que
antecedem a terraplenagem. No entanto, impactos negativos deverão ocorrer
Capítulo 4 - 258
pela consolidação da supressão de vegetação e do aterro, com a compactação
e utilização de material refratário no solo.
Meio Antrópico – a maioria dos impactos deverá ser positiva, pela geração de
emprego e melhoria de renda da população.
Fase de Operação
Na fase de operação alguns impactos no meio físico e todos no meio biológico
serão neutralizados como conseqüência do término da ação impactante, no
entanto, deverão ocorrer efeitos negativos sinergéticos, tais como aumento da
temperatura, pela ampliação de áreas com o solo impermeabilizado e pela
utilização de material refratário, e prejuízo na qualidade do ar no local pelo
aumento do volume de partículas em suspensão além de gases resultantes
das atividades industriais e do tráfego de veículos no local.
No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais, decorrentes da melhoria das condições
econômicas a que esta ação levará, viabilizando a consecução do projeto que
possibilitará as modificações sociais mencionadas;
Fase de Implantação
Meio Físico – os impactos deverão ser negativos, na quase totalidade dos
fatores ambientais, considerando-se a alteração na morfologia local, mudança
do regime de ondas, marés, correntes, erosão, assoreamento e inundação.
Meio Biológico – os impactos deverão ser negativos em todos os fatores
ambientais, motivados pela redução da cobertura vegetal, o que deverá afetar
a oferta de área em quantidade e qualidade para habitats.
Meio Antrópico – os impactos deverão ser positivos pela geração de emprego
e melhoria de renda, mas também deverão ser negativos, pois comprometerão
totalmente a paisagem natural, parte expressiva da área de grande
importância para a história da civilização brasileira.
Fase de Operação
Na fase de operação a maior parte dos impactos no meio físico e todos no
meio biológico serão neutralizados como conseqüência do término da ação
impactante. No entanto, deverão ocorrer efeitos negativos sinergéticos, tais
como a modificação do regime de ondas, marés, correntes e a presença de
erosão nas áreas não enrocadas.
No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, como efeito sinergético,
somatório dos efeitos sociais decorrentes da melhoria das condições
econômicas a que esta ação levará como conseqüência das ações que
Capítulo 4 - 259
originaram a modificação da linha de costa, tais como o enrocamento, a
supressão de vegetação, o aterro e a terraplenagem, ações que viabilizarão a
consecução do projeto que, por sua vez, possibilitará as modificações sociais
mencionadas.
Fase de Operação
8. Mineração.
Fase de Implantação
Capítulo 4 - 260
Fase de Operação
Na fase de operação este impacto deixa de ser considerado, diante do fato
que, com a conclusão do Projeto Básico, não mais haverá a necessidade de
fornecimento de material. No entanto, os impactos relacionados para a fase
de implantação continuarão durante a fase de operação, uma vez que a
pedreira e as jazidas de areia e barro continuarão a existir e a produzir como
atividades terceirizadas que são, muito embora o licenciamento dessas
atividades considere estudos específicos sobre os impactos que vêm
causando ao ambiente;
9. Transporte Marítimo.
Fase de Implantação
Para todos os fatores ambientais os impactos foram considerados como
neutros, tendo em vista que não haverá intensificação de tráfego de navios, de
operações de apoio ou da necessidade de estocar outros tipos de cargas além
das existentes até o início do ano 2000 e já considerados quando da análise
do passivo ambiental.
Fase de Operação
No meio físico apresenta impactos negativos, considerando-se a possibilidade
de vazamento de alguns dos produtos transportados, pois poderão ocasionar
mudanças nas paisagens, incluindo poluição visual e na qualidade da água
(dos rios e do mar), potencializar a turbidez e a redução da penetração da luz
e liberar resíduos dos sedimentos para a coluna d’água. Podem, ainda, ao
intensificar o número de embarcações, aumentarem o número de veículos e
máquinas que participarão das operações e transportes de cargas e descargas
com prejuízo para a qualidade do ar, pelos gases e partículas emitidas.
Possibilitará, ainda, a ampliação da quantidade e variedade de despejos,
resíduos sólidos e líquidos, derivados da eliminação do lixo e limpeza que,
sem acondicionamento adequado e eficiente, possibilitado pela não
observância dos procedimentos e normas exigidos pela legislação específica,
leva à contaminação da água e do solo.
No meio biológico os impactos deverão ser negativos em todos os fatores, ao
ser considerado a possibilidade de acidentes com os navios no porto, tendo
em vista a intensificação do fluxo das embarcações e o aumento da
diversificação dos produtos, perigoso-danosos, que virão a ser transportados e
manuseados (carga e descarga). Estes impactos repercutirão negativamente
na cobertura vegetal terrestre e, consequentemente, na fauna terrestre e na
fauna e vegetação aquáticas, pois afetarão os seres vivos que se instalam no
arenito, os organismos que compõem os corais e outros que com eles mantêm
interdependências. Por outro lado, independentemente da condição dos
impactos por acidentes, a lavagem dos tanques dos navios e a destinação de
resíduos sem observação da legislação específica põe em risco a fauna e a
vegetação aquáticas de modo mais frequente.
No meio antrópico os impactos deverão ser positivos, com o aumento das
alternativas de emprego, maior geração de renda e melhoria da infraestrutura
social.
Capítulo 4 - 261
4.2.3 Medidas mitigadoras e recomendações contidas no EIA de 2000
Para os impactos ambientais prospectivos identificados e qualificados no EIA/RIMA de
2000, foram propostas medidas específicas de mitigação, compensação e
maximização, a depender de cada caso, sendo importante destacar uma primeira
conclusão do estudo, perante as possibilidades de mitigação e compensação:
1. Enrocamento
O enrocamento já realizado, incluindo o do Rio Ipojuca considerado no Passivo,
eliminou as margens naturais existentes, com isto aumentando o risco de
inundação e erosão de áreas não enrocadas com prejuízo para o solo, os
recursos hídricos e para a fauna e flora local. O enrocamento que ainda será
realizado pode vir a afetar, também e principalmente, o Rio Massangana, o que
deve ser evitado tendo em vista o estado de conservação atual em que se
encontra.
Como medida compensatória recomenda-se:
Preservar as margens do Massangana e do Ipojuca.
2. Bota-fora Oceânico
O bota-fora oceânico, como modo particular e específico de descarte de material
sólido por acontecer dentro do mar, aumenta a turbidez da água, a formação de
plumas e a liberação de sedimentos residuais provocando mudanças na batimetria
e aumentando o material em suspensão (sedimentos e poluentes), que, por sua
vez, pode afetar a penetração da luz, reduzindo-a, com rebatimento na fauna e
flora aquáticas, soterrar informações e exemplares do patrimônio histórico e
1
Foram relacionadas apenas aquelas que têm relação direta com a análise ambiental do Estaleiro
PROMAR
Capítulo 4 - 262
arqueológico, bem como comprometer a balneabilidade das praias a norte do
Empreendimento.
Como medidas mitigadoras sugerem-se:
Manter em observação o local escolhido para deposição do material
dragado e
Monitorar a pluma de material em suspensão, com programação
adequada dos lançamentos e aproveitamento do material no sistema
costeiro.
3. Supressão de Vegetação
A supressão de vegetação provocada pela criação do Porto e pela urbanização e
industrialização do CIPS, reduziu a cobertura vegetal dos manguezais, restingas,
flora e áreas de alagados, provocando, assim, a migração forçada da avifauna,
perda de área para alimentação, reprodução e repouso para várias espécies
terrestres e aquáticas aumentando os riscos de erosão, turbidez e inundação, com
rebatimento para fauna e flora associadas.
A supressão de vegetação vem contribuir, também, para o assoreamento com
diminuição do armazenamento e qualidade d’água e para a elevação da
temperatura local. E tem gerado, ainda, o aumento do processo erosivo, perda da
camada superficial do solo, carreando sedimentos para estuários e manguezais,
reduzindo as alternativas de trabalho e renda para pescadores e catadores.
Como medidas mitigadoras sugerem-se:
Fiscalizar, reflorestar e melhorar as áreas de conservação das matas do
Zumbi, Duas Lagoas, Parque Natural Estadual, incluindo-se a reposição
da cobertura vegetal das margens dos reservatórios d’água de Bita e
Utinga, o que atenderá também ao assoreamento que de modo
significativo vem ocorrendo nos corpos d’água. Essas medidas deverão
ser da responsabilidade das empresas que provocarem o desmatamento;
Coleta botânica e de espécies da fauna silvestre, que serão devidamente
catalogadas e incorporadas ao acervo de herbários e museus, conforme
PBA específico, considerando-se a eliminação das espécies vegetais e de
alguns grupos zoológicos nesta área, torna-se extremamente importante
um trabalho intensivo neste sentido;
Resgatar e translocar espécies vegetais e animais, principalmente
mamíferos, répteis e anfíbios ocorrentes na área impactada, com
reintrodução em ambientes similares, com acompanhamento de
profissionais qualificados, no intuito de minimizar a mortalidade de
espécies e a criação de meios para maior adaptabilidade, o que será
objeto de um PBA;
Fiscalizar a cobertura vegetal remanescente da área do CIPS e da área
do estuário do Massangana.
Como medidas compensatórias recomendam-se:
Adquirir e criar reservas legais em áreas de restinga e manguezal, tais
como os manguezais do Massangana e Jaboatão/Pirapama, próximas à
Capítulo 4 - 263
região impactada, na tentativa de assegurar novos espaços de proteção e
alimentação para as diversas espécies animais que ali habitam;
Preservar, conservar e monitorar áreas de cobertura vegetal semelhante
às que serão destruídas com a implantação do Projeto Básico, o que é
objeto de PBA específico, sendo ideais para tal finalidade os manguezais
do Engenho Ilha;
Realizar e introduzir programa de proteção à flora e fauna, através da
recomposição dos micro-corredores ecológicos, aumentando, também, a
fiscalização contra caçadores e capturadores;
Oferecer alternativas de complementação de renda para a população
residente, de modo a utilizar o potencial existente e liberar as matas do
desmatamento gradativo e parcelado, que vem ocorrendo para plantio de
maracujá e outras culturas menores, o que é objeto de um dos itens de
PBA;
Implantar definitivamente a ZPEc do Engenho Ilha como reserva biológica
ou instrumento legal equivalente. Essa área também é sugerida para
receber e abrigar parte da fauna e flora resgatadas da Ilha de Tatuoca e
regiões periféricas.
4. Dragagem
Como conseqüência das dragagens para aberturas de canais de navegação tem-
se a alteração na batimetria e um aumento na turbidez das águas dos rios
dragados da área lagunar. Além disso, as dragagens provocam o revolvimento
dos sedimentos de fundos podendo causar a dispersão de eventuais poluentes
absorvidos pelos mesmos. Ainda como conseqüência desta ação, ocorre um
aumento de salinidade nas águas fluviais e redução da penetração da luz, com
supressão irreversível da fauna e flora planctônica, com rebatimentos para
macrofauna terrestre, bem como para a balneabilidade das praias.
Como medidas mitigadoras sugerem-se:
Programar as dragagens e os despejos, de modo a minimizar os impactos
causados pelo aumento de turbidez oriundos dos mesmos. A empresa a
ser contratada para realizar os serviços de dragagens pode ser a
responsável pelo monitoramento da dispersão dos sedimentos e
poluentes;
Implantar programa de operação e monitoramento dos despejos no bota-
fora oceânico utilizado na atualidade;
Utilizar draga de sucção, ou equivalente, que minimize a dispersão de
poluentes e sedimentos;
Levantar o impacto causado na fauna e flora de arrecifes submersos na
Baia de SUAPE e preservar outras áreas no litoral sul onde igual
comunidade impactada ocorra.
Como medidas compensatórias recomendam-se:
Proteger o Engenho Ilha, como área de comunidades semelhantes às
impactadas e de grande valor ecológico.
Capítulo 4 - 264
5. Transporte marítimo
A ampliação do Porto de SUAPE levará à intensificação e alteração no tráfego dos
navios, aumentando a potencialidade de derramamento de óleo, graxa, lixo, pó e
similares, com rebatimento para o meio físico, biológico e antrópico. Aumenta,
também, o risco de acidentes com o manejo de cargas perigosas no porto; as
operações de cargas e descargas e incrementa o tráfego de veículos, levando à
sobrecarga no trânsito e fluxo de veículos portadores de cargas perigosas nas
estradas.
Como medidas mitigadoras:
2
Relacionaram-se apenas aquelas que tem relação direta com a análise ambiental do Estaleiro
PROMAR
Capítulo 4 - 265
deixando as intervenções no Massangana para uma etapa futura, notadamente quando
as necessidades da intervenção fossem inquestionáveis, como é o caso hoje
vivenciado. Nesse sentido o capítulo 11 menciona:
A área estudada apresenta peculiaridades que a fazem ter uma parte central
onde ocorreu, ocorre e ocorrerá a maior parte das ações, as zonas
portuárias, e outras que a contorna, em sua maioria áreas de preservação,
envolvendo parque, reservas e sítios históricos.
As áreas onde existe o conflito de forma acentuada com a proteção
ambiental são as Ilhas de Tatuoca, da Cana e dos Barreiros, parte de
Cocaia, estuários dos Rios Massangana e Tatuoca, bem como as margens
do Ipojuca, próximas à sua foz, que somadas oferecem as razões das
recomendações apresentadas, como decorrência da realização do
Empreendimento.
................
Do estudo e da avaliação realizados, pode-se concluir, portanto, que o projeto é
negativamente impactante para os meios físico e biológico, principalmente quando
se considera sua implantação em toda a área das Ilhas de Tatuoca, da Cana e
dos Barreiros, incluindo, ainda, parte da Ilha de Cocaia, interligadas por pontes e
por um sistema viário que virá a espalhar-se por sobre os remanescentes de
mangues. Estas ações, deste modo, virão a destruir um ecossistema estuarino
existente e com características de grande valor ecológico, sem que, no entanto,
os dados econômicos, até o momento levantados, venham a confirmar a
necessidade de toda extensão de cais projetados para serem construídos nos
próximos anos.
Capítulo 4 - 267
dragagem do leito, se necessária à navegação e que seja mantida uma faixa de
vegetação de cem metros nas suas bordas como garantidora da paisagem da
área, de grande beleza cênica, mantendo, assim, um contínuo paisagístico que se
inicia no Cabo de Santo Agostinho e se prolonga pela bacia de SUAPE, Ilhas de
Tatuoca e Cocaia e arrecifes.
Desta forma, o Complexo Industrial Portuário de SUAPE estará não apenas
possibilitando o crescimento econômico do nosso estado, mas também garantindo
a conservação ambiental do nosso patrimônio natural, histórico, cultural e
paisagístico, dentro dos princípios da precaução, prevenção e desenvolvimento
verdadeiramente sustentável para as gerações presentes e futuras.
3
EIA/RIMA de Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE, 2000.
Capítulo 4 - 268
PDZ ocupa mais áreas ao oeste do Riacho da Cana. Mas, em compensação, o layout
conceitual previa a travessia dessas áreas com sistema ferroviário e rodoviário, o que
resultaria no aterramento de áreas e na fragmentação dos remanescentes vegetais de
mangue e restinga. Contudo, a principal mudança introduzida no PDZ e que minimiza
um conjunto de impactos ambientais, refere-se notadamente à possibilidade de
restringir todas as obras sobre a bacia do Rio Tatuoca4, como uma das mitigações do
EIA-2000. Livrando, deste modo, o Rio Massangana de alguns impactos severos, como
a dragagem, a alteração das margens, a navegação permanente de navios de grande
porte na sua calha, a modificação da paisagem e dinâmica daquele Rio, nas
proximidades do estuário, além de cercear alguns impactos, em caso de risco e
derramamento, no Tatuoca.
Com efeito, conforme se observa na Figura 4.1, a nova proposta deixa de lado o
conceito de anel de navegação em torno dos Rios Tatuoca, Massangana e da Cana,
para uma proposta em tripé, baseada em canais de navegação paralelos, todos
restritos e voltados à bacia do Rio Tatuoca. Esta nova formação permite atender uma
das principais recomendações do EIA-2000, no sentido de preservar uma faixa de
mangue de 100m na margem do Massangana, o que seria impossível de se ter
mantido com o arranjo original.
Na nova proposta, continua sendo muito válida a evocação do “princípio da precaução”,
que ficava claro no EIA de 2000 e que, de certa forma, foi atendida por SUAPE, uma
vez que de 2000 para cá não houve nenhum antecedente de desmatamento no CIPS,
para efeitos de urbanização da ZIP, salvo no caso do Estaleiro Atlântico Sul, cuja
implantação foi precedida pela supressão de um fragmento de restinga de 37,0
hectares regularizado pela Lei Estadual 13.637/08.
4
O que de certa forma representa o atendimento, em caráter permanente, da recomendação do EIA de
2000, que se referia a um traçado alternativo, mesmo que considerado na época como uma etapa
intermediária previa à ocupação total.
Capítulo 4 - 269
FIGURA 4. 1 – Esquema do layout analisado no EIA de 2000
h
FIGURA 4. 2 – Esquema do layout proposto no PDZ
0 1km 2km
Fonte: Adaptado do PDZ / 2010
Capítulo 4 - 270
4.2.4.3 A complementação de impactos exigida para o Estaleiro PROMAR
A revisão efetuada sobre o EIA/RIMA de 2000 deixa claro que, na época, foram
analisados basicamente os impactos decorrentes da implantação das obras macro,
sendo que no conjunto global se insere também a área de 40,0 hectares destinada ao
Estaleiro PROMAR.
Essa previsão de impactos continua sendo válida, como também as medidas
compensatórias que foram definidas na época, uma vez que a responsabilidade pela
geração dos referidos impactos continua sendo do Porto de SUAPE.
Sendo assim, a identificação dos impactos para o projeto em análise estará restrita
àqueles de abrangência local, referentes especificamente às obras de construção civil
propriamente ditas, que em conjunto, resultam ser pouco expressivos quando
comparados com aqueles resultantes das ações de supressão de vegetação,
dragagem e aterramento da área, podendo incluir inclusive o remanejamento de
população. Estes também serão citados novamente na análise, mas para efeitos
comparativos de quanto representam em termos do impacto geral do CIPS já analisado
no EIA de 2000.
Já na análise de Fase de Operação a situação é um pouco diferente, uma vez que o
EIA de 2000 esteve restrito quase que completamente à fase de implantação das obras
de ampliação e de modernização, sem se aprofundar na fase posterior de operação.
Isto porque naquela época, não se conhecia a vocação industrial que tomaria o porto, o
que já hoje é conhecido pelo PDZ/2010. Com efeito, atualmente se conhece o arranjo
definitivo da ZIP, como também as características, mesmo que aproximadas, de cada
um dos empreendimentos que serão implantados, em termos de localização, porte,
capacidade de processamento, tipologia e tecnologia, de efluentes, de resíduos, de
emissões, de geração de empregos, de demanda de navegação e previsão de
implantação, o que permitiria a realização de uma avaliação ambiental integrada (AAI)
de todo o PDZ, isso para as diversas fases de urbanização com cenários em 2010,
2020 e 2030 ou, inclusive, intermediários, o que foge ao escopo do presente estudo.
Sem essa análise integrada o exercício de avaliação de impacto ambiental de
empreendimentos isolados, como é o caso do Estaleiro PROMAR, estará restrita
unicamente à identificação dos referidos impactos, em sua especificidade, mas não à
avaliação das suas consequências no meio ambiente, de modo sinérgico e cumulativo,
principalmente.
Capítulo 4 - 271
fechamento). Vários são os métodos reconhecidos que permitem sistematicamente
analisar uma situação particular.
Neste caso, será utilizado o método ad hoc, que utiliza reuniões, durante um tempo
reduzido e definido, com grupo de especialistas (brainstorming). A finalidade é reunir
informações sobre os prováveis impactos ambientais, tendo-se como base a
experiência profissional de cada um, além de documentos e dados levantados, a partir
do que se obtêm diretrizes, com profundidade suficiente para a qualificação e
valorização dos impactos ambientais.
A identificação de impactos ambientais aborda, no mínimo, os 25 impactos
relacionados no item 3.9 do TR emitido pela CPRH, além daqueles considerados como
pertinentes pela equipe técnica. O estudo dos impactos será relacionado para três
fases: Planejamento, Implantação e Operação.
Capítulo 4 - 272
FIGURA 4. 3 – Superposição de obras durante o período 2011 – 2013 na ZIP de SUAPE
Nota: A figura acima foi construída pela equipe do EIA, com base no nível de avanço dos
licenciamentos e processos licitatórios dos diversos empreendimentos, mas não
necessariamente corresponde ao planejamento de SUAPE para implantação das obras, que,
outrossim, não estava definido à data de encerramento deste estudo, conforme informações da
mesma Empresa SUAPE.
Capítulo 4 - 273
Por outro lado, nesse mesmo período deverão estar sendo implantadas outras obras
previstas no PDZ, como a ampliação do EAS, a implantação do terminal de minério, a
ampliação dos cais para recebimento de contêineres, bem como um segundo estaleiro
na área contígua ao EAS, que implicará na retirada do restante da população da Ilha de
Tatuoca. A previsão é que todas estas obras sejam implantadas entre os anos de 2011
e 2013, coincidindo com o período de implantação do Estaleiro PROMAR, assim,
existirá também uma superposição de impactos ambientais nesse período em termos
de emissão de particulado, aumento do nível de ruídos, implantação de canteiros,
movimentação de veículos pesados, geração de esgoto, aumento na turbidez d’água,
dentre outros.
Já durante a fase de operação do Empreendimento existirá igualmente uma
superposição de atividades, tanto com os empreendimentos que foram implantados no
mesmo período, como com os já existentes no CIPS. Destaca-se principalmente a
Refinaria Abreu e Lima e o terminal de contêineres, isso por conta do número de navios
mensal que acessarão o Porto de SUAPE para descarregar ou levar produtos.
Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de
Pernambuco, durante o ano de 2009, um total de 1138 navios trafegou pelo Porto de
SUAPE, transportando um total de 7.736.622 toneladas de produtos. Embora o ano
tenha fechado com uma queda de 9.8% em termos do exibido no ano de 2008, quando
se movimentaram em SUAPE 8,61 milhões de toneladas de produtos, a previsão é de
aumento significativo nos próximos anos, senão vejamos:
Conforme o PDZ/2010 do Porto de SUAPE, a movimentação de contêineres deverá
passar de 296 TEU 5 em 2009 para 500.000 em 2015 e para 1.500.000 em 2030.
Igualmente, a tonelagem movimentada de graneis líquidos deverá quintuplicar até
2015, por conta do petróleo que entrará no porto para abastecer a refinaria, e as saídas
em forma de derivados e sub-produtos. A expectativa é que se passe das 4.9 milhões
de toneladas para 21.9 milhões em 2015. Os graneis sólidos serão o segmento que
mais deverá crescer, passando de 400 mil toneladas em 2009 para 6,0 milhões em
2015. Soma-se a isso o acréscimo nas exportações de gipsita proveniente do pólo
gesseiro via Transnordestina e outros minérios. Sumariamente, estima-se que o
aprofundamento de canais e implantação de todos os projetos previstos, redunde em
um aumento na movimentação de cargas de 7,7 milhões de toneladas por ano.
Nesse sentido, pode-se verificar que dentro do universo global o Estaleiro PROMAR
representa uma pequena parcela na atração de navios por conta das atividades
desenvolvidas. Observa-se que a capacidade de processamento de aço prevista
inicialmente é de 20.000 t/ano, ou seja, em teoria o abastecimento poderia ser feito em
uma única viagem anual de um navio carregado com chapas de aço de diferente
calibre.
Um outro aspecto que deve ser salientado e analisado no contexto geral do complexo e
especialmente da zona portuária, refere-se a geração de efluentes industriais.
Conforme dados do PDZ, a COMPESA abastece o CIPS com 1,42 m³/s de água bruta
e 0,7 m³/s de água tratada. Considerando um abastecimento diário de 16 horas por dia,
ter-se-ia um consumo diário da ordem de 122.112 m³ de água, dos quais, em torno de
1/3, retornam aos Rios Massangana e Tatuoca em forma de efluente tratado. Nesse
5
Unidade de padronização de contêineres. Sigla em inglês (Twenty-foot equivalent).
Capítulo 4 - 274
sentido, observa-se como a demanda de água do Estaleiro PROMAR estimada em
300m³/dia, corresponde a 0,24% da demanda total do complexo. Mesma proporção se
teria para efeitos de estimar o aporte de efluente nas bacias da AID.
A discussão acima não pretende minimizar os impactos que potencialmente podem ser
gerados no Estaleiro PROMAR S.A, mas sim, reiterar a dificuldade que se tem em
isolar o Empreendimento do seu contexto geral, para fins, por exemplo, de
determinação da qualidade ambiental futura.
Capítulo 4 - 275
Pouca credibilidade de SUAPE perante a opinião pública e os órgãos de
controle pelo não atendimento integral dos compromissos ambientais
assumidos em decorrência do EIA de 2000;
Dificuldade de avaliar compensações de algumas atividades, como o caso
dos impactos sobre a pesca e os pescadores;
Conflitos decorrentes da divisão de responsabilidades entre SUAPE e o
Empreendedor, em termos de compensação e mitigação;
Expectativas monetárias e de benefícios criadas com base em outras
compensações, desapropriações e indenizações que vem acontecendo em
empreendimentos localizados na Área de Influência Indireta.
C. Elaboração de estudos e projetos
A elaboração de estudos e projetos considera-se como uma ação impactante, uma vez
que o planejamento integrado de meio ambiente, técnica, e as restrições sociais,
redundarão sempre em um projeto menos impactante e mais harmonioso com a área
que o receberá.
Capítulo 4 - 276
B. Supressão de Vegetação e limpeza do terreno
Refere-se à supressão de áreas de restinga dos locais a serem ocupadas pelas
obras, bem como à limpeza do terreno e retirada da camada orgânica (se for
aplicável à técnica construtiva a ser empregada).
Destaca-se que durante a primeira etapa de implantação do estaleiro, a supressão
de restinga será de 18 hectares (58%) do total desta formação existente no terreno.
Não será requerida a supressão de vegetação de mangue.
D. Obra civil
Agrupam-se nesta ação impactante todas as ações relacionadas com obra civil
propriamente dita, bem como à montagem mecânica de equipamentos
A. Sinergia do Empreendimento
Considera a existência do Empreendimento como um todo, com suas implicações e
sinergia no conjunto com outros empreendimentos da AID no concernente a
mudança na paisagem, geração de emprego, mão de obra, cadeia produtiva local,
dentre outros.
B. Utilização de infraestrutura
Considera esta ação impactante a utilização da infraestrutura do CIPS em termos
de canais de navegação, redes ferroviárias e rodoviárias, água, eletricidade, dentre
outros. Inclui-se aqui, por exemplo, as dragagens de manutenção requeridas para
manter a profundidade mínima do canal da aproximação ao Estaleiro.
C. Atividade industrial
Refere-se à geração de subprodutos em forma de efluentes líquidos, resíduos
sólidos e emissões gasosas. Inclui-se também nesta ação impactante a geração de
ruído.
Capítulo 4 - 277
4.3.3 Escala de Avaliação de Impactos Negativos
Capítulo 4 - 278
Figura 4.4 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL
Capítulo 4 - 279
4.4 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL COMPLEMENTAR
Do exercício de identificação e qualificação de impactos, realizado de forma
interdisciplinar, foram finalmente sintetizados 13 impactos positivos, distribuídos nas
fases de planejamento, implantação e operação, e 33 impactos negativos alocados
igualmente nessas três fases. Nesse ponto é importante destacar um aspecto
fundamental para o bom entendimento do processo. O balanço algébrico entre
impactos Positivos e Negativos não determina por si só a conveniência ou não de
implantar um determinado projeto, nem sequer é um bom indicador na hora de basear
uma decisão. O ditame final é um processo complexo de ponderação, onde devem ser
analisados globalmente todos os documentos do processo, incluindo o projeto e o EIA,
com a intervenção do Órgão Fiscalizador, a Equipe do EIA, o Empreendedor e a
População Civil, entre outras ferramentas dos estudos de EIA/RIMA.
De uma forma geral, o conjunto de impactos analisado esteve dentro do que se previa
em função da essência do Empreendimento. Com efeito, os impactos positivos de
maior relevância, ou seja, aqueles qualificados como de importância MUITO ALTA ou
ALTA, estiveram associados à possibilidade de geração de emprego, renda e
qualidade de vida. Estes impactos, e em geral todos os analisados de caráter Positivo,
apresentam uma abrangência regional direcionada para o meio antrópico,
contrariamente aos impactos negativos, que em sua grande maioria apresentam
abrangência pontual ou local com efeito nos meios físico – biótico.
Significa isso a socialização da riqueza ecológica de uma área, através de uma
equação da forma:
Essa troca só será justa se a equação de fato for uma igualdade, ou seja, não é
suficiente gerar benefícios sociais, têm que ser simultaneamente atendidas as medidas
de compensação e mitigação propostas, o que infelizmente não vem acontecendo em
SUAPE, e em geral no Brasil e no mundo.
A Figura 4.5 a seguir ilustra graficamente a distribuição de impactos na escala de
importância definida para o estudo. Observa-se que três (3) dos 33 impactos (9,0%)
foram considerados como de importância MUITO ALTA, e seis deles de importância
ALTA (18,18%). A grande maioria (23 impactos), foram considerados com importância
MODERADA (39,39%) a BAIXA (30,30%), enquanto que só um impacto,
correspondente ao Risco de Favelização do entorno da área foi considerado como de
importância MUITO BAIXA, em função da sua probabilidade remota de acontecer,
tendo em vista a valorização das áreas do entorno.
Um aspecto muito importante de ser destacado é que a totalidade dos impactos que
foram classificados como de importância MUITO ALTA, está associada a ações da fase
de implantação sob a responsabilidade de SUAPE e que, por conseguinte, já foram
contemplados no EIA/RIMA de 2000. Estes impactos são referentes à dragagem do
canal de acesso e ao o remanejamento involuntário de população da comunidade que
habita a Ilha de Tatuoca, com todas suas implicações culturais e econômicas.
Observa-se como este último impacto adquire uma relevância maior no contexto da
equação utilizada acima para exemplificar o cenário de implantação do
Empreendimento, e onde não parece justo que em se tratando de uma troca de ativos
Capítulo 4 - 280
ecológicos por benefícios sociais, a população que se usufrui atualmente do referido
ativo resulte prejudicada na sua qualidade de vida, que, igualmente, já é precária.
Conforme já mencionado, a figura a seguir sintetiza a avaliação de impactos efetuada
pela equipe multidisciplinar, salientando que dos 33 impactos negativos, 20 estiveram
alocados na Fase de Implantação, o que ratifica ser esta a instância das maiores
alterações ambientais. Enquanto 12 foram verificados na Fase de Operação e só um
na etapa de Planejamento.
12
13
Quantidade de Impactos
10 10
Negativos
6 6
4
3
2
1
0
MUITO BAIXA BAIXA MODER. ALTA MUITO ALTA
Capítulo 4 - 281
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental
CAPÍTULO 4 - 282
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental
CAPÍTULO 4 - 284
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental
CAPÍTULO 4 - 285
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental
CAPÍTULO 4 - 286
QUADRO 4.2 - Matriz de Impacto Ambiental
CAPÍTULO 4 - 287
4.4.1 Impactos Positivos
O projeto, na sua conjuntura integrada, é claro que causará impactos positivos,
principalmente relacionados com a geração de emprego e renda. Em termos de
empregos, destaca-se novamente a capacidade geradora de mão de obra direta dos
estaleiros na fase de operação, o que é claramente observável quando analisado
através de indicadores. Com efeito, o Estaleiro PROMAR gerará em torno de 25
empregos diretos por hectare ocupado, contra 2,5 empregos/ha da Refinaria Abreu e
Lima. Da mesma forma e conforme dados do SINAVAL, para cada emprego direto nos
estaleiros, serão gerados quatro indiretos.
Este grande benefício irradia-se para outras dimensões menos abrangentes, ora
pontuais e temporárias, ora permanentes e regionais, também consideradas como
Impactos Positivos.
A seguir serão relacionados os Impactos Positivos, que foram identificados pela equipe
técnica nas Diversas Fases do Projeto.
Capítulo 4 - 288
demandas. Situação semelhante a ser vivenciada no tocante à mão de obra, que
deverá demonstrar capacidade de atender aos requisitos da indústria naval atuante em
escala mundial.
O dinamismo econômico esperado repercutirá, igualmente, na oferta de bens e
serviços de apoio à realização da atividade principal, podendo-se identificar impactos
em outros segmentos econômicos, tais como hotelaria, alimentação, comércio,
indústria da construção civil, transporte, locação de imóveis, dentre outros. Esses
desdobramentos dos impactos de primeira ordem do Empreendimento se espraiam por
toda a Área de Influência Indireta, na medida em que interagem com os impactos
manifestos ou esperados da instalação de outras indústrias no Complexo Industrial
Portuário de Suape, CIPS. Trata-se, no caso, dos efeitos sinérgicos do incremento
econômico da área, dentre os quais adquire relevância o volume de empregos gerados,
seja diretamente nas ações necessárias à implantação do empreendimento, e,
indiretamente, no conjunto de empresas que integram a cadeia produtiva envolvida.
Capítulo 4 - 290
um grande mercado ávido para incorporar bens e serviços alinhados com sua cadeia
produtiva” 6.
Tal dinamismo da indústria naval repercute diretamente na produção de navipeças
(componentes e equipamentos utilizados na construção de navios), contribuindo,
assim, para reestruturação deste segmento da indústria nacional.
A operação de um empreendimento do porte do Estaleiro PROMAR introduz na
economia um novo patamar de demanda por bens e serviços, envolvendo fornecedores
de matéria-prima e produtores de máquinas e equipamentos de várias regiões,
inclusive do exterior. Representa, por outro lado, um forte incremento à indústria naval
brasileira, inscrevendo-se no grande projeto de funcionamento de um Cluster Naval no
Complexo Industrial Portuário de Suape. Nesse sentido, ocorrerá um forte estímulo aos
produtores de matéria-prima e de bens requeridos pelo parque fabril e empresas de
bens e serviços complementares, favorecendo a ampliação e a modernização da oferta
em setores como hotelaria, alimentação, comércio, indústria da construção civil,
transporte, locação de imóveis etc.
Os grandes empreendimentos instalados ou em fase de implantação em Suape vem
sendo apontados como responsáveis, por exemplo, pelo aumento da demanda por
imóveis na porção sul da Região Metropolitana do Recife, mas também pela maior
intensificação no trânsito e na demanda pelo transporte público. A mobilização de mão
de obra especializada, vinda de outras regiões do país e do exterior, tem se constituído
em elemento de dinamização do mercado, principalmente, de aluguéis, no Pina até
Candeias, levando a novos investimentos na indústria da construção civil. Do mesmo
modo, o elevado número de trabalhadores contratados pelas referidas empresas exige
a adoção de um planejamento criterioso, de modo a evitar a ocupação desordenada
dos espaços urbanos das cidades, situadas no entorno imediato do CIPS, afastando a
possibilidade de favelização na periferia do Porto e proximidades.
No âmbito do Plano Diretor de Suape são contempladas propostas de construção de
unidades populacionais nas cidades vizinhas inseridas no Território Estratégico de
Suape. Dada a proibição de construção de alojamentos para operários no interior do
CIPS, consolida-se a tendência de construção de conjuntos habitacionais, a serem
administrados por um condomínio, contando com infraestrutura de serviços, inclusive
áreas de lazer e restaurantes, visando à inserção desses espaços no desenho urbano
das cidades. Com esse objetivo, prevê-se a interação como a comunidade local para
que esses conjuntos se consolidem como bairros, mesmo após a desmobilização da
mão de obra empregada na etapa de instalação dos vários empreendimentos
planejados.
6
Cf. http://www.clickmacae.com.br/?sec=47&pag=noticia&cod=4736. Consulta em 25/5/2010.
Capítulo 4 - 291
Como mencionado no Diagnóstico, ainda existe um desafio significativo para a
superação das enormes deficiências que vêm sendo apontadas em relação à
qualificação profissional da força de trabalho local, sobretudo depois da instalação de
grandes projetos, como a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul. A
dificuldade para preencher o quadro de funcionários com a mão de obra local remete
ao despreparo associado a um modelo de ensino que não tem se mostrado eficiente na
transmissão e consolidação de conhecimentos básicos. Entretanto, diversas ações dos
governos federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada têm promovido a
capacitação de mão de obra local para atender as demandas. Em função do cluster
naval a UFPE criou um novo curso de Engenharia Naval, além de especialização na
área de equipamentos.
Registre-se, ainda, que possivelmente haverá necessidade de ampliação da área de
abrangência das ações de qualificação de mão de obra para além dos limites dos
municípios inseridos na AII. Isto em função da previsão de instalação de outras
empresas ligadas à indústria naval, aumentando, portanto, a demanda por mão de obra
especializada, o que acentua a carência no setor.
De modo geral, observa-se que a perspectiva de elevação do número de empregos
diretos no Empreendimento estudado constituirá um estímulo à produção em outros
setores da economia e, por conseqüência, à elevação da quantidade de postos de
trabalho, empregos indiretos, afetando, assim, toda a cadeia produtiva. Nesse sentido,
a geração de empregos diretos resulta em uma externalidade positiva, pelo fato de
fomentar a criação de empregos indiretos, produzindo, simultaneamente, um aumento
da renda. Por sua vez, o aumento da renda repercute positivamente no incremento do
consumo privado, elevando a demanda por bens e serviços, podendo assim acelerar o
surgimento dos empregos derivados do “efeito-renda”. No final, esse processo indica a
possibilidade de melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores empregados e suas
famílias. A Figura 4.6, a seguir, sintetiza os desdobramentos da geração de empregos,
em função do Empreendimento.
Capítulo 4 - 292
J. Aumento da arrecadação de impostos
A exemplo do que se comentou em relação à fase de implantação, a realização do
conjunto de atividades inerentes à etapa de operação representará um aumento das
receitas municipais, considerando a arrecadação de impostos por parte do Município
de Ipojuca, onde se localiza o Empreendimento. O dinamismo econômico associado à
operação do Empreendimento implicará o desenvolvimento de atividades em diversos
setores econômicos, dentre os quais o de comércio e serviços, inclusive os sediados
nos municípios da AID. Ao aumento da demanda por bens e serviços corresponderá
uma elevação da arrecadação de impostos, como ICMS e o ISS, configurando um
impacto positivo, direto de alta magnitude.
Capítulo 4 - 293
4.4.2 Impactos Negativos na Fase de Planejamento
Posição na Matriz 14
Ação Impactante: Veiculação do projeto na mídia
Meio Afetado: Meio Socioeconômico
Posição na Matriz 15
Ação Impactante: Dragagem do canal e aterramento da área
Meio Afetado: Físico
Capítulo 4 - 294
a coluna d’água pela suspensão e deposição de material para o entorno estuarino, via
atmosfera e/ou diretamente por escorregamento dos taludes.
Atividades de dragagem são altamente impactantes aos ambientes estuarinos e
costeiros conquanto alteram as características hidrológicas e hidrodinâmicas e
danificam a biota do meio aquático. Impactos potenciais para o meio físico-
oceanográfico estuarino marinho estão normalmente relacionados ao aumento da
turbidez, reduzindo a penetração de luz e a liberação de materiais tóxicos, por ventura
presente nos sedimentos, para a coluna d’água pelo revolvimento do material de fundo.
O descarte de material dragado no meio aquático é com freqüência, danoso ao
ambiente.
o
Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: SUAPE
Este impacto já previsto no EIA/RIMA do Porto de SUAPE (2000) e seu controle deverá
ficar igualmente sob a responsabilidade da Empresa SUAPE.
Como ação mitigadora/compensadora, recomendar-se-ia a utilização da porção do solo
vegetal que venha a ser removido e que possa ser considerado fértil para cobertura de
taludes ou de outras áreas do Empreendimento, em especial de áreas que necessitem
proteção com plantio de vegetação bem como seu uso na recomposição vegetal de
áreas em geral. Ainda nesta linha, a retirada de mudas de mangue e/ou outras
árvores, para plantio nas áreas em recuperação do CIPS, seria grandemente desejável
e ampliariam o efeito mitigador/compensador.
Capítulo 4 - 295
4.4.3.2 Alteração da rede hídrica da área, pela alteração da comunicação entre o Rio
Tatuoca e o Rio Massangana
Posição na Matriz 16
Ação Impactante: Dragagem do canal e aterramento da área
Meio Afetado: Físico
Controle: Compensação
Caráter: Corretivo
Responsável: SUAPE
Posição na Matriz 17
Ação Impactante: Dragagem do canal e aterramento da área
Meio Afetado: Físico
Capítulo 4 - 296
Assim, o impacto considerado considera a possibilidade de aceleração do processo
erosivo observado na área do estuário dos Rios Tatuoca e Massangana, em função da
implantação do canal de aproximação e o cais de atracação. O impacto será negativo,
de natureza direta, de curto prazo, abrangência local. O impacto terá duração
permanente, uma vez que durará enquanto o empreendimento estiver em operação.
Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: SUAPE
4.4.3.4 Risco de alteração das águas subterrâneas no tocante a recarga dos aquíferos
ou alteração da qualidade d'água
Posição na Matriz 18
Ação Impactante: Dragagem e Aterramento da Área
Meio Afetado: Físico
Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: EMPREENDEDOR
Capítulo 4 - 297
4.4.3.5 Alterações na qualidade das águas superficiais em decorrência do lançamento
de efluentes líquidos (esgoto) durante implantação
Posição na Matriz 19
Implantação e operação do Canteiro de
Ação Impactante:
Obras
Meio Afetado: Físico
Posição na Matriz 20
Ação Impactante: Obra civil
Meio Afetado: Físico
Controle: Mitigação
Caráter: Preventiva
Responsável: Empreendedor
Capítulo 4 - 299
portanto, é necessário que algumas medidas de gestão da poluição sonora sejam
adotadas. São elas:
Restrição de horário: durante o horário noturno, de 22h às 7h do dia seguinte, as
atividades ruidosas devem ser suspensas;
Programação das atividades muito barulhentas em períodos do dia e da semana
menos sensíveis ao ruído;
Seleção, na medida do possível, de equipamentos com tecnologia mais
silenciosa para a realização de uma determinada tarefa. Esta recomendação
deve ser considerada na hora da compra ou aluguel de equipamentos;
Utilização de equipamentos com manutenção e lubrificação em dia, em
particular, deve ser assegurada a integridade do silencioso dos veículos de
terraplenagem e outros equipamentos motorizados;
Programa de Controle Ambiental durante implantação, com monitoramento da
pressão sonora.
Posição na Matriz 21
Ação Impactante: Obra civil
Meio Afetado: Físico
Posição na Matriz 22
Ação Impactante: Obra civil
Meio Afetado: Físico
Controle: Mitigação
Caráter: Preventiva
Responsável: Empreendedor
Capítulo 4 - 301
4.4.3.9 Aumento de turbidez d'água e erosão das margens pelo transporte de
fornecimentos, materias primas e equipamentos para a área de implantação
Posição na Matriz 23
Ação Impactante: Obra civil e montagem mecânica
Meio Afetado: Físico
Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor
Posição na Matriz 24
Ação Impactante: Obra civil e montagem mecânica
Meio Afetado: Físico
Capítulo 4 - 302
combustíveis, etc.) ou indireta (via atmosfera, erosão de material deixado ao ar livre
pelas chuvas, carreamento por águas de rolamento, etc.) acarretando impactos
negativos, diretos e indiretos, imediatos, mas que poderiam e deveriam ser
minimizados ou quase que anulados, adotando-se uma programação e política rígida
de aproveitamento, manuseio e acondicionamento dos materiais e de manutenção dos
equipamentos, bem como de acondicionamento, remoção e descarte dos resíduos a
serem gerados nas várias etapas construtivas.
Os impactos antevistos para essa etapa estão ligados ao descarte da água a ser
bombeada para esgotamento das áreas em construção com possibilidade de arraste de
óleos e outros contaminantes para o meio aquático, aumento da turbidez da água e
transmissão de ondas de choque durante as atividades de perfuração, estaqueamento
e concretagem, sendo assim de caráter negativo, direto, local, imediato, temporário, de
baixa magnitude, reversível e que estão sendo mitigados pela solução construtiva
adotada.
Controle: Mitigação
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor
Posição na Matriz 25
Ação Impactante: Supressão de vegetação
Meio Afetado: Biótico
Capítulo 4 - 304
de área offshore a serem dragados) que será utilizada na primeira etapa do
Empreendimento pode ser conferida no quadro a seguir:
A compensação deste impacto faz parte das negociações efetuadas por SUAPE para
autorizar a implantação do Cluster Naval, regulamentadas pela Resolução do
CONSEMA 03/10. Conforme a referida resolução, a Empresa SUAPE será
responsável pela supressão e os desdobramentos pertinentes em termos de
compensação. O Empreendedor será co-responsável proporcionalmente à área que
utilizará.
O PBA de Proteção aos manguezais que não serão afetados proposto no EIA de 2000,
deverá ser revisado, atualizado e adequado por SUAPE à situação atual e implantado
em conformidade com cronograma a ser definido junto ao órgão ambiental.
Recomenda-se ainda um monitoramento criterioso das populações de crustáceos na
área diretamente afetada pelo Empreendimento e ainda da hidrologia, do plâncton e
dos bancos de fanerógamas marinhas, com identificação da sua ocorrência em outras
áreas adjacentes.
Planejar e implantar um programa de educação ambiental junto aos trabalhadores da
obra desde a fase de implantação até a operação do Empreendimento.
Posição na Matriz 26
Ação Impactante: Supressão de vegetação
Meio Afetado: Biótico
Capítulo 4 - 305
O aporte de indivíduos deslocados aos sítios ocupados por populações estabelecidas e
dinamicamente equilibradas poderá causar uma interação competitiva cujo resultado
será a quebra da estabilidade local com possível redução de populações.
No caso do manguezal, populações de uma espécie endêmica do Bioma, o sanhaçu-
do-mangue (Conirostrum bicolor), serão impactadas devido à perda de hábitat.
Aves migratórias (maçaricos, batuíras etc) serão forçadas a utilizar outras áreas
lagunares, praias e manguezais, para descanso e alimentação, sem contudo causar
significativos impactos predatórios.
Impacto: negativo, direto, local, permanente, e de magnitude e importância média.
Posição na Matriz 27
Supressão de vegetação e Aterramento da
Ação Impactante:
área
Meio Afetado: Biótico
Capítulo 4 - 306
Possível resgate de elementos da fauna e translocação para formações vegetais
semelhantes fora da ilha.
Monitoramento,
Compensação com reflorestamento.
Posição na Matriz 28
Ação Impactante: Dragagens
Meio Afetado: Biótico
Capítulo 4 - 307
O PBA de Proteção aos manguezais que não serão afetados proposto no EIA de 2000
deverá ser revisado, atualizado e adequado à situação atual e implantado em
conformidade com cronograma a ser definido junto ao órgão ambiental.
O monitoramento constante do estuário também se configura com uma atividade muito
importante para o acompanhamento da evolução desse impacto.
Posição na Matriz 29
Ação Impactante: Supressão de Vegetação
Meio Afetado: Meio Ambiente
Capítulo 4 - 308
Como medida compensatória recomenda-se a criação das reservas legais propostas
pelo EIA de 2000, em áreas de restinga e manguezal, particularmente próximas ao
Massangana, além de implantar, definitivamente, a ZPEC do Engenho Ilha e os PBAs
que tratam da questão no referido EIA.
Posição na Matriz 30
Ação Impactante: Aterramento da área
Meio Afetado: Patrimônio Cultural
Posição na Matriz 31
Ação Impactante: Remanejamento de População
Meio Afetado: Meio Socioeconômico
A Empresa Suape é responsável pela liberação de toda a área, não se podendo, pois,
considerar a desapropriação e a relocação de famílias como impacto direto do
Empreendimento analisado, mas como resultado das determinações contidas no Plano
de Desenvolvimento e Zoneamento, PDZ do Porto de Suape, aprovado em 30 de
dezembro de 2009.
Capítulo 4 - 309
Desse modo, mesmo quando se parte do pressuposto de que a construção do
Estaleiro PROMAR deverá ocorrer em um espaço já adequado às características do
projeto, são inegáveis as repercussões do processo de remanejamento sobre a
população local, entorno imediato, revelando-se a dificuldade de analisar o
Empreendimento sem considerar os efeitos indiretamente relacionados.
Do ponto de vista institucional, a retirada da população da área pode ser vista como a
correção dos usos atuais, no sentido de respeitar o zoneamento estabelecido.
Entretanto, sob a perspectiva dos posseiros que ali residem, o remanejamento
resultará em perdas significativas, tanto do ponto de vista material como do pessoal.
Quanto ao processo de remanejamento aqui focalizado, alguns pontos devem ser
destacados:
a. Pequena extensão da área atingida;
b. Reduzido número de posseiros que deverão abandonar o local (48 famílias);
c. Incompatibilidade do uso atual, em face dos objetivos e missão da Empresa
Suape;
d. Perda de alternativas de trabalho e renda por parte dos pescadores e
marisqueiras;
e. Indefinição quanto aos prazos para a relocação das famílias;
f. Clima de insegurança em relação ao futuro no local das novas moradias.
De todo modo, é preciso ressaltar que, mesmo que o número de atingidos seja
reduzido, as ações requeridas para viabilizar processos dessa natureza são
complexas e onerosas, além do fato de se prolongarem por um período considerável.
Estudos realizados sobre a problemática do reassentamento involuntário subsidiam
diretrizes que vêm sendo adotadas pelo Governo Brasileiro e por órgãos de
financiamento de projetos de desenvolvimento, a exemplo do Banco Mundial, dentre
as quais se destacam:
a. Evitar ou, pelo menos, minimizar o reassentamento involuntário;
b. Mitigar os impactos econômicos e sociais negativos decorrentes da aquisição de
terras ou de restrições ao uso da terra pelas pessoas afetadas por meio de:
compensação pela perda de bens ao custo da substituição; e garantia de que as
atividades de reassentamento sejam implementadas com a divulgação
apropriada de informações, consultas e a participação informada das pessoas
afetadas;
c. Melhorar ou, pelo menos, restaurar os meios de sobrevivência e os padrões de
vida das pessoas reassentadas;
Melhorar as condições de vida entre as pessoas desalojadas por meio do fornecimento
de alojamento adequado com garantia de posse nos locais de reassentamento.
Capítulo 4 - 310
O remanejamento requer a elaboração, por parte de SUAPE, de um Programa
específico no qual são definidos os critérios e o tipo de solução, considerando
possíveis diferenciações existentes entre os atingidos. Salienta-se que o EIA de 2000
previa um PBA de Reassentamento que poderá ser revisado, atualizado e adaptado
aos processos de remanejamento de população que se prevêem para o CIPS nos
próximos anos, incluindo o da Ilha de Tatuoca.
Nesta adequação do programa, afigura-se relevante adotar um modelo de negociação
participativa, como forma de dirimir ou minimizar conflitos e tensões sociais. Trata-se
de medida compensatória que visa transferir a população afetada para outro local, de
preferência, em condições que assegurem melhoria da qualidade de vida das famílias
inseridas no programa.
Medidas de caráter mitigatório poderão ser adotadas, visando atenuar as situações de
estresse inerentes a ações desse tipo, a exemplo de um programa de comunicação
social compatível com o perfil da população atingida.
Posição na Matriz 32
Ação Impactante: Remanejamento de População
Meio Afetado: Meio Socioeconômico
Capítulo 4 - 311
Controle: Compensação
Caráter: Corretivo
Responsável: SUAPE
Posição na Matriz 33
Ação Impactante: Contratação de pessoal
Meio Afetado: Meio Socioeconômico
O local para onde será remanejada a população que, atualmente, reside na Ilha de
Tatuoca corresponde a espaços em processo de urbanização, próximo à Praia de
Suape, Município do Cabo de Santo Agostinho. Na opinião de um entrevistado, a área
escolhida para o reassentamento é “muito feia” e fica próxima a uma localidade
conhecida como Sepovo.
No terreno adquirido pela Empresa Suape, serão construídas 51 unidades
habitacionais unifamiliares, distribuídas em lotes de 10m X 20m. As casas têm um valor
equivalente a R$ 12.000,00, total que será abatido do valor da indenização a ser paga.
Capítulo 4 - 312
Panorâmica do local de futura construção da Vila Nova Tatuoca, no
Foto 4.2 –
Município do Cabo de Santo Agostinho
Para os reassentados:
Mudança de endereço implicará vínculo de residência com outro município, visto
que o local de reassentamento fica no Cabo de Santo Agostinho, enquanto o de
origem está inserido no território de Ipojuca. Tal situação acarretará a
necessidade de alterar documentos e os vínculos com instituições públicas e
privadas, com as quais os moradores de Tatuoca se relacionam com vistas, por
exemplo, ao acesso a programas sociais como o Bolsa Família;
Necessidade de alterar local de matrícula dos alunos, de modo a facilitar o
deslocamento para escolas mais próximas;
Necessidade de constituir novos vínculos com os serviços de atendimento à
saúde.
Distanciamento em relação aos locais aos quais se vinculam por laços de
parentesco e/ou amizade.
Para os atuais moradores do local de destino dos reassentados:
Capítulo 4 - 313
O remanejamento requer a elaboração de um Programa específico, por parte da
Empresa SUAPE, no qual sejam definidos os critérios e o tipo de solução,
considerando possíveis diferenciações existentes entre os atingidos. Mais uma vez
salienta-se a existência de um Programa de Reassentamento, já aprovado no EIA de
2000, o qual deverá ser atualizado e adequado a situação atual.
Afigura-se relevante adotar um modelo de negociação participativa como forma de
dirimir ou minimizar conflitos e tensões sociais. Trata-se de medida compensatória que
visa transferir a população afetada para outro local, de preferência, em condições que
assegurem melhoria da qualidade de vida das famílias inseridas no programa.
No âmbito do Programa de Reassentamento deverá estar contempladas ações
específicas para o período pós-mudança, quando é feito o acompanhamento do
processo de adaptação das famílias relocadas no novo local de moradia, com o
objetivo de propor soluções adequadas para as dificuldades que venham a ser
identificadas.
Medidas de caráter mitigatório poderão ser adotadas, visando atenuar as situações de
estresse inerentes a ações desse tipo, a exemplo de um programa de comunicação
social compatível com o perfil da população atingida.
Posição na Matriz 34
Ação Impactante: Remanejamento de População
Meio Afetado: Meio Socioeconômico
7
Este impacto também é aplicável à Fase de Operação
Capítulo 4 - 314
serviços essenciais, assegurando adequadas condições de vida a essas pessoas e
às comunidades já residentes nos municípios.
O aumento da população local implica uma maior pressão sobre os serviços
públicos, ao mesmo tempo em que contribui para estimular a oferta de serviços em
segmentos específicos como moradia, alojamento, alimentação, educação,
transporte etc. No momento, já se sente o impacto de outros empreendimentos de
Suape sobre o mercado de aluguéis nos bairros localizados na porção sul da
Região Metropolitana do Recife.
Nesse sentido, o aumento da população pode ser visto como fator de dinamização
de alguns segmentos econômicos, podendo-se prever não apenas a ampliação da
oferta de bens e serviços, mas, igualmente, a diversificação e a melhoria em termos
de qualidade. Essa dinâmica tem um efeito multiplicador na atividade econômica e
na renda, produzindo um impacto Positivo, Direto, Estratégico, Longo Prazo;
Permanente; de Alta Magnitude, Irreversível e Maximizável.
Capítulo 4 - 315
4.4.4.1 Alterações na qualidade das águas, acima dos padrões legais, em decorrência
do lançamento de efluentes líquidos (esgoto + efluentes industriais)
Posição na Matriz 35
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico
Posição na Matriz 36
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico
Capítulo 4 - 316
As atividades industriais serão realizadas dentro dos padrões de qualidade
estabelecidos pelas normas nacionais e internacionais de modo que os impactos
decorrentes da operação do Estaleiro serão em função de falhas nas ações rotineiras
ou de acidentes ocasionais. A estocagem de combustível, gases industriais, tintas,
linhas elétricas de alta tensão e o mesmo procedimento de abastecimento de navios
promove um cenário de riscos de explosão, incêndio vazamento e perigo para os
operários do local, para a infraestrutura vizinha, mas especialmente para a qualidade
d’água do estuário em decorrência de vazamentos de produtos, principalmente óleo.
Caso os recursos hídricos sejam impactados por ações rotineiras ou acidentais do
Estaleiro, os sedimentos ativos do Rio Massangana também sofrerão impacto. O
impacto, apesar de negativo, é de baixa magnitude, direto, local, imediato, temporário,
reversível e mitigável. A principal medida mitigadora é o monitoramento das estações
de tratamento de efluentes e o monitoramento dos sedimentos ativos. No caso de
acidentes com vazamentos ou derramamentos de materiais (produtos químicos, óleos,
tintas e solventes entre outros), causando impacto negativo nos recursos hídricos,
ocorrerá também impacto negativo nos sedimentos ativos. Os impactos classificados
como negativos é de média magnitude, diretos, locais, imediatos, temporários,
reversíveis e mitigáveis.
Posição na Matriz 37
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico
Capítulo 4 - 317
consome o abrasivo, gera material particulado da fragmentação do próprio abrasivo, do
substrato limpo e/ou da pintura removida que normalmente contém metais pesados
como Pb, Ni, Zn e Cu.
Dependendo do emprego que receberão, as chapa e perfis limpos passarão por um
processo de desempeno e receberão aplicação de primer para protegê-las da corrosão.
Zarcões e pinturas convencionais contêm solventes e metais pesados. Muitos
solventes contem poluentes nocivos à atmosfera (HAPs) e/ou compostos orgânicos
voláteis (VOC). Internacionalmente, a emissão de cerca de 180 HAPs são regulados
sob o Clean Air Act. Todos os HAPs e alguns VOCs apresentam efeitos carcerígenos
pela exposição de trabalhadores e merece atenção especial. Ainda, alguns HAPs e
VOCs contribuem para a formação de ozônio ao nível do solo (smog).
A emissão de material particulado e fino pode resultar em perda da qualidade do ar e
da água do meio aquático circundante e causar severos problemas para a saúde
humana quando inalados.
As chapas e perfis serão marcadas, cortadas, curvadas, dobradas, etc., e passarão a
uma área de pré-montagem para formação dos módulos menores e, em seguida, para
a área de montagem dos módulos maiores. O corte das chapas pode dar-se por uso
de maçaricos (oxiacetileno), guilhotinas e por meio de equipamentos de corte por
plasma. Prensas hidráulicas verticais e horizontais serão empregadas na viragem e
dobramento de chapas e calandras na calandragem. A união das chapas se dará por
meio de soldas, a serem realizadas de forma manual, semi-automática ou automática,
elétrica ou empregando-se diferentes tipos de gases industriais.
Outras atividades inerentes à preparação dos módulos incluem a usinagem de peças,
com usos de diferentes tornos, frezadoras, furadeiras, plainas limadoras, dentre outros
equipamentos, que serão instalados no galpão de usinagem e a confecção de tubos
elicoidais (spools) e suportes que serão realizadas em oficinas de corte e soldagem.
Embora muitas etapas mais críticas (jateamento, zincagem, cromatização, niquelagem,
pintura, etc.) dos processos de preparação, montagem inicial dos materiais e módulos
devam ocorrer em recinto fechado, esses materiais são posteriormente estocados,
montados e recebem pintura final a céu aberto. Os impactos potenciais para o meio
aquático estão relacionados a entradas de resíduos desses processos quer via
atmosfera, que carreado pelas chuvas modificando as características hidrológicas das
águas do entorno estuarino, e são aqui considerados negativos, diretos, local, imediato,
cíclico, de baixo impacto, reversível e mitigável.
Controle: Medida Mitigadora
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor
Posição na Matriz 38
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico
Capítulo 4 - 319
4.4.4.5 Possibilidade de alteração da qualidade ambiental em decorrência do
manuseio de resíduos sólidos durante operação
Posição na Matriz 39
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico
Posição na Matriz 40
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico
Capítulo 4 - 320
ecológicas, econômicas e à saúde, tendo em vista que milhares de espécies marinhas
podem ser carregadas junto com a água de lastro dos navios. Isso inclui bactérias e
outros micróbios, pequenos invertebrados e ovos, cistos e larvas de diversas espécies.
Tal problema deve-se ao fato de que potencialmente todas as espécies marinhas têm
um ciclo de vida que inclui um ou mais estágios planctônicos.
Mesmo espécies cujos adultos não têm grandes chances de serem levados na água de
lastro, por exemplo, por serem muito grandes ou viverem aderidos ao substrato
oceânico, podem ser transportadas no lastro em sua fase planctônica.
Neste caso, o impacto foi considerado de baixa relevância inicialmente, tendo em vista
o pequeno fluxo de embarcações associadas à operação do Estaleiro, em termos do
universo total de navios que atraca no porto ao longo do ano. Contudo, cabe a
possibilidade deste impacto se tornar de maior importância ao longo dos anos, quando
as encomendas da Transpetro começarem a declinar e os estaleiros começarem a
desenvolver atividades de reparo e manutenção. De chegar a se verificar essa
situação, a raspagem de cascos de navios e o aumento do fluxo dos mesmos nos
estaleiros, tornarão o impacto de maior relevância que nos primeiros anos de operação
Controle: Medida Mitigadora
Caráter: Preventivo
Responsável: Empreendedor
Posição na Matriz 41
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Biótico
Capítulo 4 - 321
4.4.4.8 Elevação dos níveis de intensidade sonora na área durante operação
Posição na Matriz 42
Ação Impactante: Atividade Industrial
Meio Afetado: Físico
Posição na Matriz 43
Ação Impactante: Sinergia do empreendimento
Meio Afetado: Socioeconômico
Capítulo 4 - 322
o cenário de não se terem as condições no Estado de capacitar a mão de obra na
quantidade e nível requerido pelo grupo de empreendimentos (em tempo hábil),
rebatendo na necessidade de “importar” operários de outros Estados, o que
configuraria a eliminação de parte dos impactos positivos apontados para o
Empreendimento.
Controle: Mitigável
Caráter: Preventivo
Governo do Estado / Prefeituras / SUAPE /
Responsável:
Empreendedor
Posição na Matriz 44
Ação Impactante: Sinergia do Empreendimento
Meio Afetado: Meio Socioeconômico
Com previsão que gira em torno de 150 mil novos habitantes para o Território
Estratégico de Suape até 2015, a demanda habitacional tenderá a ultrapassar as 85 mil
moradias, isto se for considerado o déficit existente de, aproximadamente, 35 mil e a
demanda prevista para os novos moradores de 50 mil habitações. Estes números
enfatizam e expõem as conseqüências sociais e ambientais que poderão advir para a
região no entorno do Porto de Suape, caso não se faça um planejamento a médio e
longo prazo e se execute políticas públicas, com priorização para o setor na região.
A oferta de empregos no CIPS é o grande atrator para milhares de trabalhadores, não
só de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho, mas também de cidades vizinhas e
outras nem tão próximas. A solução para muitas famílias, que seguem para a região
em busca de emprego, é morar mais perto do Porto de Suape, tanto por uma questão
econômica, pela proximidade em si, quanto pela dificuldade de transporte público,
ineficiente, de alto custo e de difícil acesso. E as cidades do entorno, por sua vez,
precisam se preparar para receber essa nova população ou estarão sujeitas ao
processo de “favelização”, enquanto aglomeração populacional residentes em
condições de sub-habitações, em ambiente marcado pela falta de infraestrutura.
O Empreendimento em análise como integrante do conjunto de projetos com maior
força de atração de mão de obra, contribuirá para maior aglomeração populacional nas
proximidades do CIPS de modo mais imediato. Por ser um dos primeiros no setor e no
local, seguindo-se apenas ao Estaleiro Atlântico Sul e à Refinaria Abreu e Lima,
quando ainda não há uma definição e muito menos implementação de uma política
habitacional, poderá propiciar a formação ou ampliação de bolsões de pobreza, com
favelização de áreas do entorno.
Capítulo 4 - 323
Para evitar os problemas dessa favelização do território, será preciso oferecer uma
infraestrutura habitacional adequada, com vias de acesso, saneamento, transporte,
segurança e demais equipamentos urbanos, minimizando nos municípios do entorno,
principalmente, os riscos que se seguem ao grande deslocamento de milhares de
pessoas em busca de emprego e sem uma política para o setor.
Posição na Matriz 45
Ação Impactante: Sinergia do empreendimento
Meio Afetado: Meio Socioeconômico
Posição na Matriz 46
Ação Impactante: Sinergia do Empreendimento
Meio Afetado: Meio Socioeconômico
Capítulo 4 - 325
antes mesmo que as transformações ambientais planejadas venham a ocorrer,
constitui-se em uma tarefa ainda mais tendenciosa. Nessa linha de raciocínio, a
comparação entre os dois cenários, qualidade ambiental no presente versus qualidade
ambiental no futuro, constitui um exercício que só encontra suporte dentro do campo
teórico das ciências ambientais, e só nesse campo deve ser utilizado para efeitos de
apoio à tomada de uma decisão.
As ciências ambientais são relativamente novas, seus conceitos básicos vêm se
reformulando dia a dia, fazendo-se cada vez mais abrangentes, até o ponto de dificultar
a definição de questões aparentemente simples como é o mesmo conceito de meio
ambiente. Outrora, esse conceito tinha uma conotação eminentemente ecológica, que
hoje não é mais. Atualmente considera-se que é um todo, que para entendê-lo precisa
abranger as componentes física, biótica e principalmente socioeconômica. Com efeito,
a grande mudança de paradigma nos últimos tempos é considerar que o homem como
espécie humana, com toda sua complexidade, também é meio ambiente. Esta nova
conceituação veio dificultar ainda mais o entendimento das definições ambientais, pois
foram agregados novos conceitos atrelados diretamente às atividades humanas, como
por exemplo, a qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável, os ecossistemas
urbanos, os aspectos culturais e inclusive religiosos por citar só alguns deles. O
importante disto é que a junção de todos estes parâmetros determina o que em
conjunto se denomina como Qualidade Ambiental.
Sendo assim, a mensuração desta qualidade, bem como as análises comparativas,
poderão ter múltiplas abordagens, todas elas fundamentadas e possíveis. A
ponderação de variáveis na tentativa de unificar um único critério varia e se reformula
constantemente ao longo do tempo. Aspectos bióticos, por exemplo, que em
determinado momento do tempo teriam ampla repercussão na qualidade ambiental de
um local, podem passar a ser menos significativos em um cenário futuro.
Esta situação se verifica na análise comparativa de Qualidade Ambiental nos cenários
de implantação ou não do Estaleiro PROMAR, partindo sempre do predicado que o
cenário de implantação do Empreendimento, na área proposta, só faz sentido dentro do
macroprojeto transformador do PDZ de SUAPE. Em termos gerais, as linhas mestras
do futuro regional para qualquer um dos dois cenários, mostram que a região passa por
um momento excepcional de oportunidades de desenvolvimento econômico, social e
cultural, propulsado especialmente pela dinamização do Porto de SUAPE, mas também
pela consolidação da vocação turística do Litoral Sul e não será a implantação ou não
do Estaleiro PROMAR que mude esta tendência que se consolida cada vez mais na
região.
Nesse pano de fundo percebe-se que a qualidade ambiental a futuro, em uma escala
regional, deverá aumentar para qualquer um dos dois cenários. Não tem como ser
diferente, os investimentos públicos e privados previstos nas áreas de infraestrutura,
saúde, cultura, segurança e renda per capita necessariamente terão rebatimento na
qualidade de vida da população, indicador este que, como já mencionado passa a ter
um peso relevante na hora de definir uma escala de Qualidade Ambiental, entendida
desde uma ótica mais humanista. Assim, e considerando o arcabouço complexo de
projetos previstos para a região, o Estaleiro PROMAR e o mesmo cluster naval com
sua capacidade de geração e formação de mão de obra capacitada vislumbram-se
como uma proposta muito importante, mas não determinante para em definido
Capítulo 4 - 326
momento chegar a alterar, no futuro, o cenário de Qualidade Ambiental em âmbito
regional.
Já quando se considera um recorte de terreno menos abrangente, limitado às áreas de
influência Indireta (AII) e Direta (AID), os cenários de Qualidade Ambiental apresentam
comportamentos mais diferenciados, pois a dimensão biótica entra com um peso mais
relevante que a variável socioeconômica. No evento de não implantação do
Empreendimento, não implantação do cluster naval e considerando que nenhum outro
fato extraordinário acontecerá na área, pode-se afirmar que esta continuará
transformando-se lentamente, de forma quase imperceptível para curtos períodos de
tempo. A área de influência prosseguiria em suas atuais tendências e devido à
estabilidade no ambiente ocorreria naturalmente a recomposição da vegetação de
manguezal, principalmente, nas áreas mais marginais da Ilha de Cocaia, refletindo
positivamente no aumento da produtividade primária local, no estoque pesqueiro da
área estuarina e marinha, aumentando a disponibilidade de organismos como ostras,
sururu, caranguejos, aratús e espécies de peixes que são ligados ao estuário e ao
manguezal.
Em termos de qualidade da água, a preservação do manguezal também atuará
positivamente na ciclagem de nutrientes transformando em matéria orgânica vegetal
compostos que estariam concentrados na água (nitrito, nitrato, silicato, fostato, etc.). A
não dragagem dos cursos d’água importará na preservação do sistema fital composto
por capim-agulha e macroalgas (garantindo a continuidade do ciclo de vida de muitas
outras espécies que vivem em interdependência desses ecossistemas). A manutenção
do manguezal na área também pode representar um fator importante na retenção dos
sedimentos atuando na diminuição da turbidez da água e prevenindo a erosão costeira.
Já o cenário de Implantação do Empreendimento nos moldes previstos no projeto e
com a implantação simultânea de outras infraestruturas (vide Figura 4.3) em um
período relativamente curto de três anos (2011 - 2013), representa a introdução de uma
perturbação no ambiente que causará inevitavelmente uma diminuição severa da
Qualidade ambiental da AID, uma vez que prevê uma transformação drástica na
paisagem com supressão de grande parcela da vegetação de mangue e restinga do
estuário dos Rios Massangana e Tatuoca.
Com a realização do empreendimento, a supressão da vegetação e as ações de aterro
e terraplenagem eliminarão a vegetação de manguezal e o sistema de restinga, o que
acarretará, por conseguinte, a eliminação de espécies da fauna associada a esses
ambientes, principalmente, crustáceos como caranguejos, o guaimum , o aratú-do-
mangue e cracas e moluscos como a ostra-de-mangue. O aumento do material em
suspensão em virtude da movimentação de terras poderá causar o assoreamento de
uma das áreas mais produtivas do sistema lagunar da baía que são os prados de
fanerógamas marinhas. O aumento da turbidez da água poderá ainda interferir na
produtividade primária com conseqüências diretas no ciclo de nutrientes.
Uma vez as obras do PDZ sejam finalizadas e os planos ambientais, medidas
mitigadoras e compensações comecem a ser implementados, a AID começará um
processo de resilência e de aceitação da nova paisagem, aumentando
progressivamente sua Qualidade Ambiental. A partir daí e com o início da operação do
Estaleiro, começarão a ser verificados progressivamente todos aqueles impactos
positivos que em conjunto justificam o Empreendimento. Nesse caso, o indicador de
Qualidade Ambiental vir-se-ia reformulando, acompanhando a evolução dos
Capítulo 4 - 327
parâmetros socioeconômicos se tornando cada vez mais importantes em detrimento
dos fatores físico – bióticos da AII cuja relevância, no contexto geral, deverá decrescer
na medida que a área adquire com maior celeridade uma característica de ambiente
construído com vocação industrial, o que já está determinado desde a desapropriação
das terras pela Empresa SUAPE.
Aqui, mais uma vez, fica claro o conceito da troca que está sendo concebido pelo
Governo do Estado, no sentido de perder um ativo ecológico importante como é uma
área estuarina, por benefícios sociais e compensação ambiental, que em teoria, devem
beneficiar não só a população dos municípios abrangidos na AII, mas todo o Estado de
Pernambuco.
A Figura 4.9, a seguir, ilustra a percepção da equipe no contexto do já dito. Representa
um dos cenários possíveis de qualidade ambiental da área, onde inicialmente se
produz uma diminuição brusca desta qualidade em decorrência da supressão de
mangue e restinga para implantação do cluster naval, a qual, posteriormente, começa
um processo de recuperação promovido pelo crescimento da dimensão
socioeconômica e da variável biótica em decorrência das atividades de compensação.
Conforme se observa na figura, a dimensão biótica deve se recuperar, mas nunca
chegar a retornar à situação atual, daí a necessidade de compensação ambiental.
Capítulo 4 - 328