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Doença de Parkinson

Conceito: Doença neurodegenerativa resultante da degeneração de neuronios


dopaminérgicos na pars compacta da substancia negra (SNc), sendo uma α-sinucleina devido
ao acumulo da substancia no cérebro

Sintomas pré-motores:
O processo degenerativo na DP se inicia nas regiões caudais do tronco cerebral e bulbo
olfatório, progredindo sentido postero-anterior.

Obstipação , depressão (25%), hiposmia (70-90%) e distúrbio comportamental do sono


REM podem preceder a DP em até anos  envolvimento de lesões não-dopaminergicas das
regiões mais caudais do tronco cerebral, bulbo olfatório e sistema nervoso autonômico
periférico (neurônios dopaminérgicos no plexo mioentérico e camada muscular do cólon,
reduzindo peristaltismo).

Sintomas motores surgem após 60% de perda neuronal nigral.

Genética: Maioria é esporádica, 20-30% é familiar


-PARK-2 (cromossomo 6) codifica Parkin, uma ubiquitina E3 ligase. Autossômico recessivo,
responsável por 50% dos casos de DP juvenil (que ocorre em 1% dos casos (<21 anos)
-PARK-1 (cromossomo 4)  mutação G209A codifica o gene da α-sinucleina. Autossomica
dominante, inicio precoce (que ocorre em 10% dos casos de DP (<45 anos)
-PARK-8 e LRRK2  leucina rica em quinases repetidas, uma das formas mais comuns de DP
familiar, autossômica dominante

Clinica:
Inicio unilateral, progredindo para outras regiões mas sempre mantendo assimetria.
Existem formas predominantemente tremulantes e as formas predominantemente rígido-
acinéticas.

-Tremor de repouso de moderada freqüência (4-6hz), mais distal que proximal, podendo
ocorrer também tremor postural (geralmente com latência de alguns segundos, diferente do
tremor essencial que inicia imediatamente.
-Perda de reflexos posturais (geralmente clinicamente importante apenas após 8-10 anos de
doença, ao contrario da PSP (nos primeiros 2 anos) e AMS (primeiros 5 anos).
-Rigidez em roda-denteada
-Bradicinesia
-Micrografia
-Hipofonia
-Hipomimia facial
-Hipo/anosmia
-Demencia após no mínimo 1 ano de inicio os sintomas (geralmente mais tardia)
-Fadiga
-Freezing (mais frequentemente quando passam por lugares estreitos ou sob estresse para se
deslocar mais rapido)

Criterios diagnósticos:
United Kingdom Parkinson’s Disease Society Brain Bank: bradicinesia + pelo menos um dos
seguintes (diagnostico de síndrome parkinsoniana):
1)tremor de repouso
2)rigidez
3)instabilidade postural
Diagnostico definitivo p/ DP exige 3 ou mais dos seguintes:
-inicio unilateral
-tremor de repouso
-progressão ao longo do tempo
-assimetria persistente
-resposta a levodopa
-discinesias induzidas pela levodopa
-curso clinico superior ou igual a 10 anos

Citopatologia:
Presença de corpos de Lewy (vide demência de corpos de Lewy)

Parkinsonismo escundário:
Outras etiologias:

1) Medicamentoso: relacionado a drogas antipsicoticas (haloperidol, clorpormazina,


flufenazina, levomepromazina), antivertiginosos (flunarizina, cinarizina), antieméticos
(metoclopramida, bromoprida)
2) Vascular (predomínio em MMII, pouco tremor, mais rigidez e bradicinesia)
3) Sindromes Parkinson-plus
4) Hidrocefalia, hematoma subdural, trauma
5) Entoxicação exógena (metanol, CO,manganês, dissulfeto de carbono, MPTP)
6) Doença de Huntington (variante westphal)
7) Doença de Wilson
8) Deficiencia de pantotenato-quinase (PKAN/NBIAS)
9) Pós-encefalítico (vírus da gripe, vírus do oeste do Nilo, vírus da encefalite japonesa)

Tratamento:
Levodopa: duração de 90 minutos, sempre associado a inibidores de dopadescarboxilase
(carbidopa ou benserazida). É a droga de escolha inicial em qualquer faixa etária. Com a
evolução da doença, surgem mais períodos off, sendo necessário fracionamentos progressivos
da droga.

-Iniciar com ¼ a ½ cp 2-3x/dia e aumentar conforme necessário. Dose em fase inicial


geralmente <2cp/dia, tardiamente. Tomar 1h longe de refeições.

Agonistas dopaminérgicos: mais potentes que outras drogas fora do sistema


dopaminérgico, porem inferiores a levodopa em eficacia e efeitos adversos. Mais associados a
náusea, vomito, hipotensão ortostática, sonolência, alucinações e delírios que levodopa, alem
de edema de MMII. Droga de 2ª escolha, usada especialmente quando wearing off persiste
após fracionamento de levodopa ou discinesias.
-Pramipexol (0,125mg, 0,250mg, 1mg) – iniciar com 0,125mg 3x/dia e aumentar
semanalmente até efeito desejado (dose util entre 1,5-4,5mg/dia)
-Outros: bromocriptina, ropinirol)

 Inibidor da catecolortometil-transferase (COMT): aumenta biodisponibilidade de levodopa,


reduzindo conversão da levodopa no SNC em 3-O-Metildopa e permitindo sua conversão
maior para dopamina. Deve ser sempre utilizado junto com levodopa, ou não há efeitos.
-Entacapona (200mg) (outros: Tolcapona)

Inibidor da MAO-B: útil em fases avançadas no controle de complicações tardias


(discinesias, flutuações motoras).
-Selegilina (5mg, 10mg): iniciar com 2,5mg, Maximo 10mg/dia (dividido em 1-2x)
-Rasagilina (0,5mg, 1mg): iniciar com 0,5mg 1x/dia,Maximo 2mg/dia (1x/dia)

Anticolinergicos:
-biperideno, triexifenidila: cada vez menos usados pelos muitos efeitos adversos. Praticamente
não usado mais em DP

Estimulação Cerebral Profunda: efetiva na redução de tremor e bradicinesia, mas não aos
sintomas irresponsíveis da levodopa como freezing ou quedas. Geralmente realizada no núcleo
subtalamico e globo pálido interno, porem há risco de disfunção cognitiva significativa

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