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Medicina PUCCAMP
AULA 1
SEMIOLOGIA MÉDICA
Método clínico: insubstituível para o estabelecimento de hipóteses diagnósticas, de
uma boa relação médico-paciente e para a tomada de decisões.
Para a avaliação do abdome, deve-se utilizar a semiologia prática aliada à
tecnologia.
Exame Clínico e Exames Complementares
Exame
clínico
Exames de Exames
imagem laboratoriais
SISTEMA DIGESTÓRIO
TERMOS
Apetite
É a sensação de fome.
Inapetência
Falta de fome, ausência de vontade de comer.
Anorexia
Transtorno alimentar, inapetência psicogênica.
Não é sinônimo de inapetência, visto que a anorexia possui fatores psicológicos
envolvidos. Acomete principalmente o sexo feminino.
Causa extrema magreza, visão distorcida de si mesmo (o indivíduo não se vê como
magro; uso de roupas largas).
Ocorre emagrecimento progressivo com alto grau de desnutrição (hiponutrição).
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Bulemia
Distúrbio do apetite caracterizado por episódios incontroláveis de hiperfagia (o
indivíduo come muito), que sobrevêm ao menos duas vezes por semana durante três meses ou
mais.
Vômitos podem ser provocados ou o doente pode ingerir diuréticos (perda de
líquidos) ou laxantes ou ainda praticar exercícios excessivamente, sempre com o objetivo de
perder peso.
O indivíduo possui apetite normal e, de repente apresenta episódio de hiperfagia,
seguido de arrependimento.
Polifagia
Aumento do apetite, por causa psicogênica ou orgânica.
É frequentemente causada por diabetes descompensada: há elevação da glicemia,
visto que a glicose não é internalizada devido à falta de insulina; sendo assim, o organismo
entende que é necessário se alimentar.
Picacismo
Perversão do apetite (vontade de comer coisas estranhas)
Geofagia – terra, pagofagia – gelo
Deve-se procurar por verminoses.
BOCA
Condições de mastigação: alimentos bem e vagarosamente triturados para facilitar
a digestão gástrica. A trituração corresponde ao início do processo digestivo.
Primeiramente, deve-se analisar os dentes do paciente. Se este fizer uso de
dentadura, o médico deve pedir para que ela seja retirada afim de analisar possíveis alterações
na boca.
Gengivas, bochechas e sulco gengivogeniano – referir:
Sangramentos: condições de aparecimento, duração, quantidade.
Indica distúrbios de coagulação. Sangramentos na gengiva podem ocorrer pelo
atrito com alimentos e temperatura (frio e calor).
Ulcerações: tamanho, forma, localização, duração, fatores de piora e melhora,
aparecimento.
Aftas: são pequenas ulcerações; estão relacionadas a distúrbios imunes e câncer de
boca
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
BOCA – LÁBIOS
Anteriormente à análise da boca do paciente, deve-se analisar os lábios do mesmo.
Vesículas herpéticas (herpes)
Verificar se existem lesões ulcerativas (relação com tabagismo e câncer de lábio),
infiltrativas ou neoplásicas.
BOCA – LÍNGUA
Saburra
Aspecto esbranquiçado ou branco-acinzentado da face dorsal da língua dependente
da descamação epitelial das papilas, de detritos alimentares, de muco.
Existem graus de língua saburrosa e ela possui relação com a higiene bucal.
Marrom: na desidratação (“língua de papagaio”) ou por nicotina (fumantes)
Queimação
Sensação dolorosa nas glossites, hipovitaminose B2, infecções nos processos
inflamatórios ou neoplásicos – linfonodomegalia dolorosa submandibular e cervical na glossite
e não-dolorosa na neoplasia.
Deve-se realizar a palpação da cadeia de linfonodos.
Alterações gustativas
Ageusia (não sente nada)
Hipogeusia (pequena percepção)
Parageusia – perversão da gustação (sente doce quando é oferecido salgado, por
exemplo) – gustação relacionada à olfação
Alterações motoras
Por alterações locais ou de SNC
Deve-se avaliar a mobilidade da língua e os pares de nervos cranianos (exame
neurológico).
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
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AULA 1
TERMOS
Sialorréia/Sialosquiese
Termos referentes à salivação
Sialorréia
Aumento da produção de saliva desencadeado por situações afetivas junto com o
apetite, alterações psicógenas, patologias gastro-esofágicas (megaesôfago, úlcera gástrica –
reflexo gastro-salivar)
Sialosquiese
Diminuição acentuada ou ausência de saliva.
Causas: Doenças das glândulas salivares,
desidratações, síndrome de Sjogren (doença autoimune com
alterações de salivação e glândulas lacrimais – danos nas
glândulas salivares e nos olhos)
Halitose
Mau hálito
Causas: processos inflamatórios e infecciosos (dentes, gengivas, língua,
amígdalas), depósito de restos alimentares em amígdalas crípticas (processo inflamatório
crônico causa degeneração e fibrose, levando à formação de criptas), sinusites, processos
broncopulmonares (principalmente por anaeróbios), exalação de gases absorvidos no intestino,
insuficiência renal (hálito urêmico), insuficiência hepatocítica (“foetor hepaticus” ou hálito
hepático, relacionado à produção de amônia; é um hálito mais adocicado, em oposição ao hálito
urêmico)
Disfagia/Odinofagia
Disfagia
Sensação da perturbação da passagem dos alimentos, de localização retroesternal
Dificuldade na deglutição, relacionada a várias situações
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
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Diarreia x Disenteria
Diarreia: aumento da frequência de evacuações com diminuição da consistência
das fezes (fezes pastosas ou até líquidas) e aumento de restos alimentares não digeridos.
Causas: 1-) Aumento da velocidade do trânsito intestinal: emoções, gastroenterite
aguda ou enterite crônica.
2-) Alterações digestivas na digestão/putrefação.
3-) Má absorção intestinal.
Disenteria: eliminação de produtos patológicos como muco (durante processos
inflamatórios, as glândulas da mucosa intestinal produzem quantidades aumentadas de muco,
que saem nas fezes), sangue, pus ou restos de tecido (mucosa), com ou sem diarreia. Consiste
na eliminação de restos alimentares, mas principalmente de produtos patológicos.
Causas: Shigueloses (ingestão de maionese), Entamoeba hystolitica, neoplasias,
inflamações, poliposes – principalmente infecciosas
AULA 2
EXAME FÍSICO DE ABDOME
Decúbito dorsal, com MMSS e MMII estendidos
Toda a extensão do abdome deve ser exposta, desde os hipocôndrios até as fossas
ilíacas, para não se perder qualquer sinal que possa ser importante para o diagnóstico.
INSPEÇÃO DO ABDOME
Formas de Abdome
Variações de forma: segunda a idade, sexo e estado de nutrição, do estado dos
músculos da parede abdominal e da gravidez.
Significado diagnóstico
Alterações simétricas e assimétricas (deve-se realizar a descrição da assimetria em
relação aos quadrantes)
Abdome exacerbado: ascite e obesidade
Abdome gravídico ou piriforme: presença de estrias repentinas e rosadas que depois
se tornam esbranquiçadas
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
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Formas de Abdome
Escavado:
O abdome fica para dentro
Não indica necessariamente patologia
Relacionado a pessoas muito magras, alterações de idade (pacientes idosos),
desnutrição, físico (longilíneos)
Plano:
Abdome “em tanquinho”
Globoso:
Abdome com diâmetro anterior aumentado
De acordo com o tamanho do abdome e suas características, ele passa a ser chamado
de batráquio e avental
Batráquio:
Abdome globoso em uma forma exacerbada
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
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Em avental:
Abdome globoso em uma forma exacerbada
Abdome Globoso
Abdome global e uniformemente crescido
Aumento predominante do diâmetro ântero-posterior
Exemplos: pacientes obesos, com grandes ascites, com grande distensão gasosa das
alças intestinais, com grandes crescimentos do fígado e do baço (aumento do abdome nos
quadrantes superiores) ou com cistos gigantes de ovário.
Alterações da Pele
Fístulas: geralmente pós-cirúrgicas ou dependentes de abscessos dos ossos
vizinhos, da ileíte terminal, de processos abscedados do ceco ou sigmoide
Comunicação anômala do interior do organismo com projeção para a pele
Melanodermia: doença de Addison, gravidez (linha média do abdome com
hiperpigmentação), cicatrizes de cirurgia pregressas
Pulsações
Aortismo: normal em pacientes longilíneos, magros
Corresponde à pulsação da aorta abdominal (aortismo visível) que pode ser vista na
região epigástrica e é diferente de aneurisma de aorta abdominal.
Dilatações aneurismáticas: pulsação mais forte, aumenta na apneia expiratória por
diferença de pressão
Peristaltismo Visível
Região epigástrica: obstrução de antro (estômago) por ulceras pépticas estenosantes
ou câncer. 3 ondas por minuto
Os movimentos peristálticos possuem direção única e devem ser localizados para
que sua causa seja identificada.
Visualização difícil em condições normais.
Região umbilical e imediações: obstrução de delgado. Ondas sem direção
estabelecida, o que impede contagem de frequências.
Dor, aumento de RHA (ruídos hidroaéreos - timbre metálico)
Se intestino proximal: acompanhado de vômitos fecaloides
Exemplos:
Na criança: anomalias congênitas, bolo de áscaris, intussuscepção (é a entrada de
uma alça intestinal em outra; pode causar interrupção do fluxo sanguíneo, com necrose e outras
complicações), divertículo de Meckel e corpos estranhos.
No adulto: aderências por operações prévias, hérnias encarceradas (hérnia intestinal
para dentro do abdome e presa à musculatura, causando alteração da vascularização da alça
intestinal), doença de Crohn, tumores benignos e malignos, compressões extrínsecas.
Regiões de projeção dos cólons: obstrução cólica. Mais visível: região de
transverso. Movimentos lentos como do estomago, visão facilitada quando há dilatação
colônica. Há aumento dos ruídos hidroaéreos. Parada de emissão de fezes e de gases. Ex: câncer
de colon e megacolon chagásico.
Tipo misto: associação entre os dois primeiros descritos e caracteriza-se por ampla
rede venosa, colateral, com sentido de circulação para cima.
Exame para verificar direção do sangue em caso de circulação colateral: usar dois
dedos para bloquear uma região de uma veia (a fim de retirar o fluxo sanguíneo); tirar um dedo
e ver a velocidade do fluxo sanguíneo (verificar como ocorre o enchimento venoso); depois,
pôr os dois dedos novamente na mesma região, tirar o outro dedo e ver velocidade. A velocidade
maior indica o sentido do fluxo. Se a velocidade maior for para cima, indica que o sentido da
circulação é ascendente; se for para baixo, indica que o sentido da circulação é descendente.
AULA 3
ABDOME
AUSCULTA ABDOMINAL
Aparelho Respiratório e Cardiovascular: inspeção, palpação, percussão e ausculta
Aparelho Digestório (abdome): inspeção, ausculta, palpação e percussão; a ordem
é invertida, pois a palpação e percussão causam hipermovimentação das alças intestinais (esse
achado poderia, erroneamente, receber mais importância do que deveria)
Prévio manuseio do abdome alteraria a ausculta
Ausculta com ou sem estetoscópio
Deve-se auscultar todos os quadrantes abdominais
Ausculta Abdominal
Sem estetoscópio
Possibilidade de ouvir ruídos sem o uso do estetoscópio
Patinhação: observado no caso de aumento do conteúdo líquido do estômago,
quando ele se esvazia mal, como na obstrução de antro ou piloro
Gargarejo: quando se palpa o ceco, ouve-se um ruído, e ao mesmo tempo há a
percepção tátil do seu conteúdo hidroaéreo (indica presença de líquido e ar no ceco)
Borborigmo: ronco que se ouve quando o estômago vazio apresenta uma forte
onda de contração em direção ao piloro.
Ausculta Abdominal
Com estetoscópio
Envolve a parte digestória, arterial e venosa.
Ruídos hidroaéreos (RHA): normais, aumentados, diminuídos, silêncio
abdominal. Corresponde ao peristaltimo das alças intestinais e do estômago (vísceras ocas),
sendo normal a sua presença.
RHA aumentados: aumento do peristaltismo, por necessidade de eliminar o bolo
fecal ou diarreia
RHA diminuídos: diminuição do peristaltismo
Silêncio abdominal: ausência de peristaltismo e, por isso, ausência de RHA; é uma
situação de emergência (deve-se ter certeza ao afirmar isso devido à gravidade da situação);
indica paralisia das alças intestinais, como ocorre no íleo paralítico
Ruídos obstétricos: sopro uterino ou placentário (em casos de gravidez).
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
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PERCUSSÃO ABDOMINAL
Paciente em decúbito dorsal
Médico de pé, lado direito (por convenção) ou esquerdo do paciente
Deve-se realizar a percussão em todos os quadrantes do abdome
Sons obtidos:
Timpânico
Pelo conteúdo gasoso do tubo digestivo
Som observado devido à presença de ar e pode ser mais nítido em algumas áreas
Obtido em quase todo o abdome normal
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
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Hipertimpânico
Aumento do conteúdo aéreo no tubo digestivo, meteorismo, obstrução intestinal,
volvo (alça intestinal dobra sobre si mesma), pneumoperitônio (perfuração de vísceras ocas
resultam na liberação de ar), e no megacólon chagásico (acúmulo de fezes e hiperprodução de
gases por causa do processo digestivo).
Sub-maciço
Quando há uma menor quantidade de gases ou a presença de um órgão maciço nas
proximidades (mistura entre maciço e timpanismo)
Maciço
Percussão sobre uma área sólida
Típico: macicez hepática
Perda da macicez hepática: meteorismo (acúmulo de gases no intestino),
interposição de alça intestinal, tórax enfisematoso, pneumoperitônio (sinal de Jobert: presença
de ar dentro da cavidade abdominal – leva ao aparecimento de hipertimpanismo), ascite.
O som maciço é devido à presença de líquido, enquanto a perda da macicez indica
presença de ar.
Palpação
Observar à palpação: variações na sensibilidade, consistência, diâmetro, forma e
mobilidade.
Iniciar o exame à direita do paciente e terminar com a palpação do descendente e
sigmoide, à esquerda.
Uni ou bimanual, conforme o órgão
Palpação profunda não quer dizer que seja realizada com força !!!
O processo de palpação exige a conservação dos movimentos dos dedos, porque o
movimento é parte integrante na percepção palpatório.
As mãos do examinador devem estar relaxadas (“mãos de pianista”) para permitir
a sensibilidade durante a palpação.
A facilidade para o posicionamento das mãos no plano profundo, depende:
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Ruídos espontâneos:
- Roncos: conteúdo gasoso
Não precisa de estetoscópio para ser ouvido
- Borborigmo: gases + conteúdo líquido (principalmente no estômago e intestino)
- Gargarejo: hidroaéreo de grossas bolhas (durante a palpação do ceco)
- Patinhação: provocado à palpação (estômago)
Somente apresentam valor propedêutico (significado clínico) quando tem
aparecimento continuado e regular.
O processo de digestão é dinâmico, então a presença de ruídos não indica
necessariamente patologias. Para ter importância patológica, os ruídos devem estar presentes
de modo contínuo.
Deste modo, indicam diminuição de consistência do órgão com dilatação =
tonicidade diminuída.
AULA 4
CARACTERES PROPEDÊUTICOS DAS VÍSCERAS PALPÁVEIS
- Forma
- Consistência
- Limites (limites normais)
- Dor
- Mobilidade (adesão a planos profundos)
- Acompanhamento de ruídos espontâneos (nem sempre os ruídos são patológicos,
pois podem indicar simplesmente movimentação das alças intestinais), frêmitos
Para as vísceras, a palpação superficial (até 2 cm de profundidade) não é suficiente,
a não que exista algum aumento do órgão (ex.: esplenomegalia e hepatomegalia)
PALPAÇÃO DO CECO/SIGMOIDE
Paciente em decúbito dorsal.
Médico à direita do paciente (para ceco) ou à esquerda (para sigmoide)
É necessário que o médico esteja ao lado do paciente e troque de posição para palpar
o ceco (direita) e o cólon sigmoide (esquerda).
Palpação profunda e deslizante – durante a expiração, o examinador deve deslizar
as mãos para baixo, em direção à crista ilíaca
Com gargarejo (ceco); sem gargarejo (sigmoide, exceto quando há diarreia)
O gargarejo indica presença de ar e líquido no intestino; visto que o ceco possui
conteúdo mais líquido do que o sigmoide, é mais comum que possua gargarejo associado.
Presença de dor, consistência (normalmente elástica), diâmetro variável de acordo
com o conteúdo intestinal
O ceco tem menor variação de tamanho, pois seu conteúdo é líquido, enquanto o
sigmoide tem maior variação de tamanho, pois o volume das fezes pode alterá-lo. Além disso,
por causa de seu conteúdo líquido, o ceco é mais difícil de ser palpado, enquanto o conteúdo
sólido do sigmoide facilita a sua palpação (melhor avaliação do órgão e sua posição).
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 5
PROPEDÊUTICA FÍSICA DO FÍGADO
INSPEÇÃO
A área hepática se encontra no hipocôndrio direito.
O fígado pode ser acometido por patologias hepáticas (ex.: hepatite) ou por
consequência de outros órgãos (ex.: ICC).
1. Abaulamento de toda a área de projeção hepática: grandes hepatomegalias.
Ex.: fígado de estase na ICC, tumores difusos, hepatites
2. Abaulamentos localizados isolados: nítida projeção de áreas isoladas. Ex.:
metástases ou cistos hepáticos
Ocorre a formação de nódulos únicos.
3. Imobilidade respiratória: grandes hepatomegalias.
Normalmente, o fígado se movimenta conforme ocorre a inspiração e expiração,
devido à sua relação com o diafragma. Entretanto, em grandes hepatomegalias, isso deixa de
ocorrer.
4. Pulso hepático venoso: ICD (insuficiência cardíaca direita) ou ICC
(insuficiência cardíaca congestiva); estenose ou insuficiência tricúspide
Normalmente, o fígado não pulsa. A existência de uma sobrecarga circulatória faz
com que ele comece a pulsar.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
PERCUSSÃO
A percussão de abdome deve ser realizada em todos os quadrantes. A respeito do
fígado, prioriza-se o hipocôndrio direito, lembrando que pode haver projeção para epigástrio e
flanco direito.
A percussão do fígado permite delimitar apenas sua borda superior. Assim, deve-
se percutir os espaços intercostais do hemitórax direito para delimitar onde aparece a macicez,
a qual corresponde à borda superior do fígado. Os demais quadrantes do abdome possuem alças
intestinais, dificultando a delimitação da área hepática. Por sua vez, a palpação do fígado
permite delimitar a sua borda inferior.
Borda superior → Percussão e Borda inferior → Palpação
1. Determina a borda superior do fígado. Em geral, a macicez hepática está no
quinto EID (espaço intercostal direito) nos adultos e quarto EID nas crianças.
Atenção: a borda inferior deverá sempre ser delimitada pela palpação
2. Desaparecimento da macicez hepática total: timpanismo que não modifica sua
forma e sede a despeito das várias posturas tomadas pelo paciente = SINAL DE JOBERT.
Mesmo que o paciente mude de posição, o timpanismo permanece.
Grande valor propedêutico nas perfurações gastrointestinais e da vesícula biliar. O
sinal de Jobert indica presença de ar na cavidade peritoneal, por isso não se encontra a macicez
hepática. Ele indica perfuração de vísceras ocas (alça intestinal, estômago, vesícula biliar); não
permite o diagnóstico do local exato da perfuração, mas sabe-se que é uma situação de
emergência.
3. Desaparecimento da macicez hepática parcial na região externa, para fora da
linha hemiclavicular direita, sem mudança com as posturas tomadas pelo paciente:
INTERPOSIÇÃO DE ALÇA INTESTINAL. Apesar de o paciente mudar de posição, o
examinador continua sem encontrar a macicez hepática. Não é a perda total da macicez.
4. Macicez hepática desaparece gradualmente de baixo para cima,
conservando-se a submacicez entre o timpanismo ascendente e a sonoridade pulmonar, com
alterações com os decúbitos tomados pelo paciente: METEORISMO (presença de gases), com
distensão (dilatação intestinal) e interposição de alças intestinais (nem sempre essa
interposição é patológica).
5. Macicez hepática desaparece gradualmente de cima para baixo, com
variação de decúbito de pé, dorsal e nas inspirações e expiração profundas. ENFISEMA
PULMONAR OU PNEUMOTÓRAX. Deve-se pensar em patologias de origem pulmonar.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Percussão – Dor
Dor à percussão, e não à palpação.
6. Dor em toda a área hepática: é mais pronunciada no epigástrio, com percussão
realizada de baixo para cima. Sempre ocorre quando a cápsula de Glisson está muito distendida
– ICD e ICC (quadros hemodinâmicos com congestão), processos inflamatórios e neoplásicos
(localizados próximo à cápsula) difusos do parênquima hepático.
As estruturas que envolvem os órgãos são responsáveis pela sensibilidade. A
cápsula de Glisson envolve o fígado e, se sua distensão (em patologias hepáticas ou não) for
abrupta, haverá dor.
7. Dor localizada e circunscrita geralmente de forma circular. SINAL DE
TORRES HOMEM – abscesso hepático (não confundir com área de projeção da vesícula
biliar)
AUSCULTA
Pobre em informações
Atrito (“ som de porta rangendo”) presente na área hepática sobre o gradeado costal
correspondente e sobre o epigástrio = inflamação fibrinosa da cápsula de Glisson e do peritônio
(processos inflamatórios ou neoplásicos hepáticos ou ainda peritonite generalizada).
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
PALPAÇÃO
A palpação permite a delimitação do parênquima hepático (borda inferior do
fígado) e verificação das características desse parênquima – isto também envolve o abdome
(abdome globoso dificulta) e a colaboração do paciente (inspiração e expiração adequadas).
Vários métodos propedêuticos, definiremos os mais usados em nosso meio
Processo de Mathieu
Processo bimanual com o paciente em decúbito dorsal (deitado)
Deve ser realizada de baixo para cima.
Durante a inspiração, deve-se seguir o paciente; durante a expiração, deve-se
aprofundar as mãos na tentativa de alcançar o fígado (“agarrar”) e sentir sua superfície.
Método de Lemos-Torres
Paciente em decúbito dorsal
Uma das mãos deve ficar parada como apoio nas costas do paciente, enquanto a
outra deve ser usada para palpar o fígado, de baixo para cima.
Perde-se um pouco a sensibilidade ao utilizar as mãos, visto que a ponta dos dedos
apresenta maior sensibilidade.
Mão em pinça
Simula-se uma pinça com as mãos para palpar o fígado.
Com o abdome cheio de líquido, as vísceras boiam e, com choques mecânicas, elas
retornam à sua posição (rechaço).
Poucas informações.
Permite ter uma noção do tamanho do fígado apenas; não é possível avaliar a
presença de nódulos e superfície endurecida.
Anatomia do Fígado
Localizado embaixo das costelas: avaliar a superfície (com movimentos circulares)
e borda do fígado (tentando pegar), consistência, dor, presença de nódulos
Levemente endurecido (+ ou ++/++++): congestão (em ICC) ou esteatose hepática
(gordura no interior do fígado)
Muito endurecido (+++ ou ++++/++++): fibrose (em cirrose hepática)
PALPAÇÃO
Palpação: normalmente não palpada
Se está palpável, indica alguma patologia.
Quando palpada: sempre patológico (dolorosa, tumor piriforme, móvel com a
respiração, com ou sem mobilidade manual).
Deve-se palpar a vesícula biliar na região entre hipocôndrio direito e epigástrio
Em processos pequenos, há mobilidade da vesícula biliar.
Cólica vesicular - vesícula palpável – empastamento da região (complicação em
estruturas vizinhas, 48-72hs após colecistite aguda)
Presença de dor em hipocôndrio direito, havendo piora com a alimentação. A
inflamação pode se estender para as alças intestinais.
Representam situações de emergência (caso cirúrgico).
*Lei de Courvoisier-Terrier: vesícula grande e palpável, com icterícia colestática
– compressão do colédoco por tumor de cabeça de pâncreas ou da papila duodenal. Quando há
icterícia colestática sem vesícula aumentada de volume e palpável – litíase obstrutiva do
colédoco ou papila duodenal.
A vesícula se torna palpável como consequência de outras doenças, como tumor de
pâncreas e obstrução do colécodo por cálculo.
Sinal de Murphy: dor provocada na região da vesícula biliar quando, à inspiração,
essa região toca a mão que palpa, podendo ou não interromper a inspiração pela dor provocada.
Não confundir com sensibilidade dolorosa em toda a extensão da borda hepática. É
uma dor circunscrita à região.
O paciente apresenta dor ao ser tocado pelo médico e pode ser tão intensa a ponto
de parar de respirar.
ASCITES
Ascite: derrame de líquido livre na cavidade abdominal
Causas
1. Doenças no peritônio: tuberculose, histoplasmose, implantes de células
malignas, inflamações por bactérias
2. Doenças no fígado: cirrose hepática
3. Congestão hepática: insuficiência cardíaca, pericardite constritiva, síndrome de
Budd-Chiari (apresenta trombose de veia hepática, havendo extravasamento de líquido para a
cavidade abdominal)
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 6
SÍNDROMES DIGESTIVAS ABDOMINAIS
SÍNDROMES AGUDAS
Existem duas síndromes agudas:
- Abdome Agudo
- Hemorragia Digestiva
Até 1ºC de diferença entre a temperatura axilar e retal é normal; acima de 1ºC indica
que o paciente está com abdome agudo, provavelmente causado por inflamação.
Inspeção: alterações na pele, manchas, posição antálgica (dobra o tórax sobre si
mesmo para aliviar a dor)
Ausculta:
Abdome silencioso (ausência de ruídos hidroaéreos): sugere íleo paralítico (pausa
nos movimentos de peristaltismo do intestino)
Movimentos peristálticos hiperativos: gastroenterite aguda (diarreia)
Períodos de silêncio abdominal intercalados com peristalse hiperativa: luta
contra a obstrução mecânica do intestino delgado
Havendo obstrução da luz do intestino delgado, o organismo tenta vencê-la, mas a
musculatura sofre com o excesso de trabalho, para e relaxa; então, recomeça os movimentos
para tentar, novamente, vencer a obstrução.
Percussão abdominal:
Dor: sugere a presença de inflamação (irritação peritoneal)
Hipertimpanismo à percussão: significa distensão gasosa do intestino ou estômago
Timpanismo à percussão sobre o fígado sugere ar livre intra-peritoneal e
perfuração de víscera oca (sinal de Jobert) – o fígado deve ser maciço
Defesa muscular
Sinal de Rovsing: dor na fossa ilíaca direita provocada por dor à compressão de
cólon descendente.
O sinal de Rovsing indica apendicite (apêndice inflamado), mesmo que não esteja
sobre a área de dor (lado D). Ao pressionar o cólon descendente (lado E), ocorrem movimentos
na direção contrária, provocando deslocamento do ar, o qual retorna e distende a área de ceco
e apêndice.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 7
SÍNDROMES DIGESTIVAS ABDOMINAIS
SÍNDROMES CRÔNICAS
SÍNDROMES ESOFAGIANAS
Podem ser por acometimento funcional (não há alteração orgânica, mas os sinais e
sintomas existem) ou por acometimento orgânico (há alteração orgânica perceptível)
Síndromes Funcionais
Comuns
Causas psicogênicas (paciente nervoso, deprimido, ansioso)
Outras causas: alterações nervosas do plexo entérico e degeneração das fibras
nervosas, resultando na parada da condução do bolo alimentar
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Síndromes Orgânicas
Todas: disfagia, dor retroesternal, pirose (azia), e eventual regurgitação (retorno do
bolo alimentar para o esôfago)
Esofagite de refluxo - comprometimento do esôfago terminal
Ocorre refluxo do conteúdo gástrico (pH ácido) para o esôfago, causando alteração
do epitélio e inflamação.
Esofagite aguda - agentes mecânicos (frio, calor, cáusticos = pH básico)
A exposição frequente a esses agentes interfere no bom funcionamento do esôfago,
levando à inflamação aguda da mucosa.
Soda cáustica: pode causar ruptura do órgão, levando ao óbito
Úlceras - consequência das esofagites. Podem ser acompanhadas por hematêmese
e melena. Podem causar estenose.
As úlceras podem se localizar no esôfago, estômago e duodeno.
As úlceras são secundárias às esofagites crônicas (refluxo ou aguda) e
correspondem à destruição do epitélio. Junto disso, pode haver destruição dos vasos sanguíneos,
causando sangramentos (pequenos ou grandes).
Algumas úlceras apresentam desaparecimento espontâneo e sofrem fibrose, a qual,
no esôfago, pode ser circunscrita e causar estenose. Isso aumenta a disfagia, odinofagia, dor
retroesternal, regurgitação e pode levar à formação de megaesôfago.
O tratamento das úlceras não é cirúrgico, a não ser que haja estenose.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Síndromes Orgânicas
Estenose – Causas:
Atresia congênita (apresenta sintomas desde a infância), corpo estranho (fica preso
na junção entre esôfago e estômago), pós ingestão de cáusticos (acidente ou tentativa de
suicídio; as substâncias cáusticas causam fibrose generalizada, resultando em estenose desde a
parte alta do esôfago), acalasia do cardia (não se sabe a causa da acalasia; relacionada à história
familiar e população europeia; alterações nervosas no esfíncter entre esôfago e cárdia
(estômago) provocam sua constrição; pode haver aumento da peristalse, hipertrofia e dilatação
do esfíncter, levando à formação de megaesôfago não-chagásico a longo prazo), megaesôfago
chagásico (descontrole nervoso da musculatura esofagiana causa constrição do esfíncter
esôfago-gástrico, impedindo a passagem adequada do bolo alimentar) e neoplasia (mais comum
no terço distal do esôfago)
A acalasia do cardia e megaesôfago apresentam evolução gradual dos sintomas:
inicia-se com dificuldade na deglutição de alimentos sólidos, posteriormente dificuldade com
alimentos pastosos e, então, dificuldade com alimentos líquidos. Por sua vez, a neoplasia
apresenta evolução rápida dos sintomas.
Nos pacientes com acalasia ou megaesôfago
1. Período disfágico – peristaltismo aumentado, sintoma progressivo
“Peristaltismo de luta”: o esôfago aumenta o peristaltismo para tentar passar o bolo
alimentar para o estômago
Megaesôfago chagásico: há perna da inervação do esôfago, não havendo
relaxamento da musculatura quando o alimento chega, levando à hiper-reatividade
2. Período de acalmia: por hipertrofia da musculatura.
A hipertrofia é resultante do peristaltismo aumentado e ocorre para vencer a
resistência da cardia do estômago.
A hipertrofia é seguida de dilatação (formação de megaesôfago).
3. Descompensação do megaesôfago: necessidade de ingestão de água para a
passagem de alimentos.
Presença de sialorreia (salivação em excesso) com hipertrofia de parótidas.
Hipertrofia das glândulas salivares: aumenta a produção de saliva para lubrificar o
alimento; é um sinal clínico de megaesôfago, mas não é patognomônico
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Síndromes Orgânicas
Divertículos de Zencker – porção superior do esôfago.
Pode ser visível na região supraclavicular, de acordo com sua dimensão, como uma
“bola” enquanto o indivíduo se alimenta
Abaulamento supraclavicular E
Característica principal: regurgitação (retorno do alimento para a boca)
Síndromes Esofagianas
Varizes (veias dilatadas): dilatações venosas com
tortuosidades das veias submucosas
Durante a passagem de alimento pelo esôfago, pode
haver atrito e lesão da mucosa, causando sangramentos.
Silenciosas: hematêmese – melena
Síndrome de hipertensão porta – ex.: pacientes com
cirrose hepática ou hepatite, etilista, elementos tóxicos
Durante o refluxo
gastroesofágico, o esfíncter não se fecha
totalmente, permitindo o retorno do
conteúdo gástrico ao esôfago.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Hérnia
Existem 2 tipos de hérnia e para serem diagnosticados é necessário o uso de exame
de imagem (endoscopia), sendo que apenas o diagnóstico clínico não é suficiente.
- Hérnia por deslizamento: o estômago está abaixo do diafragma (normal), mas por
apresentar fragilidade, parte do estômago vai em direção à região torácica
- Hérnia paraesofagiana: uma porção do estômago é herniado para dentro do tórax
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 8
SÍNDROMES DIGESTIVAS ABDOMINAIS
SÍNDROMES CRÔNICAS
DISPEPSIA
Conceito de dispepsia
Engloba diversas doenças
Designação de qualquer dor ou desconforto abdominal com localização principal
no epigástrio acompanhada ou não por saciedade precoce (empachamento), plenitude
gástrica, distensão ou náuseas.
O paciente consegue localizar a dor (epigástrio), mas não defini-la.
Pouco específica quanto à etiologia
Não é possível fazer o diagnóstico através da anamnese, sendo necessário utilizar o
exame físico e os exames subsidiários.
Gastrite, esofagite, neoplasia, úlcera gástrica ou duodenal são relacionadas a
dispepsia.
Dispepsia
Funcional (sintomas de causas não detectáveis pelos meios diagnósticos
recorrentes – diagnóstico de exclusão)
Não é possível determinar a causa.
a) Dispepsia funcional tipo úlcera – sintoma predominante é dor epigástrica
(predomínio da dor)
b) Dispepsia funcional tipo dismotilidade – saciedade precoce, sensação de peso,
plenitude gástrica pós prandial, náuseas e distensão abdominal (predomínio de outros sintomas,
que não a dor)
c) Dispepsia funcional inespecífica – sintomas não se enquadram nos dois
anteriores.
Orgânica (causas detectáveis)
É possível determinar a causa.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
GASTRITE
Ite = inflamação
Gastrite: processo inflamatório no estômago presente ou não, mas sempre há lesão
e regeneração de mucosa.
Após os 60 anos, a prevalência de gastrite varia de 50% a 100% (atenção com
pacientes idosos)
Baixa acurácia da história clínica e do exame físico como métodos diagnósticos
para diferenciar doença dispéptica ulcerosa da não ulcerosa.
Gastrite por Helicobacter pylori: é uma das causas mais comuns de gastrite (aguda
ou crônica); bactéria que vive em meio ácido (pH estomacal) e é resistente
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Um pólipo pode originar uma úlcera que, se for neoplásica, infiltra nos tecidos.
“Linite plástica”: é formada pela infiltração de células neoplásicas; consiste na
infiltração do tumor em toda a parede gástrica, inclusive a camada muscular (aspecto em fibras
de linho); ocorre modificação do epitélio e deixa de ver a úlcera, porque a neoplasia se espalhou;
o sintoma principal nesses casos é a plenitude gástrica, pois houve perda da motilidade gástrica;
a grande curvatura está bastante endurecida e pode ser observada no exame físico (“degrau”)
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 9
SÍNDROMES DIGESTIVAS ABDOMINAIS
SÍNDROMES DO INTESTINO DELGADO
Distúrbios mecânicos
- Síndrome de obstrução intestinal
- Síndrome de pseudo-obstrução intestinal
Doenças inflamatórias – enterites
Síndrome de má-absorção – doença celíaca
A má absorção de substâncias, vitaminas, proteínas causa desnutrição no paciente.
Anormalidade de origem vascular – malformações congênitas
Neoplasias – raramente malignas.
Existem alguns pólipos e alterações benignas que podem causar síndromes, mas as
neoplasias malignas são raras
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
DISTÚRBIOS MECÂNICOS
SÍNDROME DE OBSTRUÇÃO INTESTINAL
Processo agudo e crônico
Causas
Crianças: congênitas (deve-se observar má formações, ex.: estenose, intuscepção
(alça intestinal dentro de outra) que pode causar necrose (associação de fenômenos isquêmicos)
e obstrução (impede o bolo alimentar de seguir adiante)), divertículo de Meckel (divertículo
que sofre processo inflamatório, pois em seu interior possui mucosa alterada e pode causar
obstrução), bolo de áscaris e corpos estranhos.
Divertículo de Meckel
Adultos: aderências por cirurgias prévias (impede a mobilidade intestinal,
causando a síndrome obstrutiva), hérnias encarceradas, doenças inflamatórias crônicas (ex.:
doença de Crohn), neoplasias benignas (maioria) e malignas
Aderência + processo inflamatório + manipulação cirúrgica prévia = organismo
responde com formação de fibrose, que pode ocorrer entre as alças intestinais
Mucosa anômala uterina, dentro de cavidade intestinal, também pode formar
aderências
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Hernia encarcerada
A alça intestinal fica dentro do saco herniado e fica sujeita a sofrer infarto
É uma emergência
Herniação da alça + estrangulamento = interrompe a vascularização = infarto
isquêmico ou hemorrágico = processo que causa abdome agudo inflamatório ou hemorrágico
Quanto menor a superfície de herniação, maior a possibilidade de ocorrerem
complicações secundárias a ela. Isso porque se for um orifício pequeno, a alça intestinal pode
se prender e sofrer estrangulamento.
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS
Diversas causas possíveis
Bactérias e Vírus
Cólera, E. coli, S. aureus, etc
Náuseas, vômitos e diarreia
Enterites Parasitárias
Criptococose
Tuberculose entérica
Secundária à tuberculose pulmonar (diagnóstico
de tuberculose pulmonar com sintomas intestinais).
Blastomicose
Através de disseminação pelo sistema linfático.
Doença de Crohn
Doença granulomatosa.
Adultos jovens, formação de fístulas. Tem maior
incidência no intestino grosso.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
SÍNDROME DE MÁ-ABSORÇÃO
Qualquer transtorno físico, químico ou biológico que influa na absorção do
intestino delgado.
Doença Celíaca
É um exemplo de síndrome de má-absorção
Etiopatogenia desconhecida (não se sabe a causa) - atrofia difusa e intensa das
vilosidades intestinais.
Melhora com a retirada de glúten na dieta – diarreia crônica que melhora com essa
alteração na alimentação
O glúten não é a causa da doença celíaca, mas provoca reações que causam essa
síndrome. Há resposta individual ao glúten e atrofia da mucosa.
Manifestações clínicas variáveis.
Os sintomas mais comuns envolvem diarreia, perda de peso, distensão e dor
abdominal.
Crianças: aumento do volume abdominal, timpanismo, má absorção, diarreia,
formação de gases no intestino causando distensão abdominal
Adulto: realiza o tratamento desde criança ou adquiriu o quadro durante adulto ou
o quadro é mais brando
Proliferação bacteriana excessiva – resultado da estagnação intestinal.
É comum em pacientes hepatopatas e com neuropatias.
Quando há diminuição da motilidade intestinal (estagnação), há maior propensão à
proliferação bacteriana, devido à parada do alimento. Com o aumento das bactérias, ocorre um
processo irritativo, que leva ao aumento da motilidade intestinal, resultando em má absorção.
Deficiência de Lactase (enzima) – congênita
Causa má-absorção e desnutrição grave
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
- Colite Tuberculosa
Bacilos de Koch – ingestão de alimentos contaminados (ex: leite)
Maioria sem lesão pulmonar
A colite tuberculosa no intestino delgado acompanha lesão pulmonar, enquanto no
intestino grosso pode apresentar apenas lesão no cólon (não tendo necessariamente a
tuberculose pulmonar).
Obstipação intestinal, cólicas e distensão abdominal
Pode haver presença de massa palpável em fossa ilíaca direita
Tuberculose: necrose caseosa, processo granulomatoso e extensão para linfonodos
(na tentativa de reter a doença); pode haver inflamação de alça intestinal, linfonodo e peritônio
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
- Colite Isquêmica
Diminuição da irrigação sanguínea segmentar do cólon - abrupta ou gradativa
(quadro agudo ou crônico)
Mais comum em tributária da mesentérica inferior (ângulo esplênico)
Pode ocorrer em qualquer segmento do cólon, mas é mais comum entre o cólon
transverso e o cólon descendente.
Se isquemia de menor intensidade: dor crônica e diarreia com perda de sangue
(disenteria), náuseas e vômitos
Se grande: choque por enterorragia e óbito
Quadro agudo: dor importante com extravasamento do conteúdo intestinal (pode
causar abdome agudo inflamatório)
Quadro crônico: focos de necrose na mucosa, a qual fica alterada e não absorve
líquidos (paciente com diarreia)
Retocolite Ulcerativa
Sem etiologia definida
Processo inflamatório da mucosa colônica que pode evoluir para ulcerações.
Acomete mais o reto e algumas alças intestinais, principalmente cólon transverso,
cólon descendente e sigmoide.
Períodos de acalmia com desaparecimento completo das lesões alternadas (até por
anos) com fases de agudização
Períodos de acalmia, sem sintomas, alternados com diarreia
Jovens com discreto predomínio de sexo feminino
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 10
SÍNDROMES DIGESTIVAS ABDOMINAIS
DOENÇAS DE CÓLON, RETO E ÂNUS
DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS
Divertículos: pequenas bolsas saculares múltiplas distribuídas nas paredes dos
cólons principalmente à esquerda (sigmoide)
Surgimento relacionado com o aumento de pressão intracolônica, com pulsão da
mucosa, geralmente, na região das tênias (mais frágil).
São causados por fragilidade da parede abdominal e, por isso, aparecem mais na
região das tênias (local de maior fragilidade da musculatura).
Consequência da herniação da mucosa do intestino grosso por entre as fibras
musculares da parede intestinal em direção à região frágil, havendo a formação de “bolsas”
Apenas a existência dos divertículos não gera sintomas. É necessário que haja
inflamação (diverticulite) para o aparecimento dos sinais e sintomas, ex.: fezes presas no óstio
do divertículo = obstrução (possibilita proliferação bacteriana)
MEGACÓLON CHAGÁSICO
Comum no Brasil
Regionalidade da doença de Chagas: cardiopatias em SP e megaesôfago e
megacólon em MG, por causa das cepas dos parasitas
Estase fecal crônica, geralmente progressiva, provocada por incoordenação da
musculatura do cólon, reto e ânus, consequente à redução do número de neurônios dos plexos
nervosos intramurais.
Cardiopatia chagásica: alterações na forma aguda, seguida de cronificação da
doença com fenômeno autoimune (reação do sistema imune contra as células musculares
cardíacas); disfunção ventricular e dilatação das câmaras cardíacas; há piora da doença
conforme ela progride
Megaesôfago e megacólon chagásico (forma neurovegetativa): ocorre degeneração
neuronal apenas na forma aguda da doença, não havendo piora conforme a doença progride; há
perda dos neurônios, pela ação do parasita, durante a doença e, posteriormente, o paciente sofre
com isso e pelo processo de envelhecimento (causa redução dos neurônios dos plexos nervosos
no TGI)
A discinergia dos movimentos, devido à morte neuronal que altera a motilidade da
musculatura do plexo mioentérico, forma o megacólon.
Maior incidência entre 30 e 60 anos, sem predomínio de sexo
Obstipação intestinal (quadro clínico mais comum) até a formação de fecaloma, dor
em cólica e meteorismo com distensão, plenitude e timpanismo abdominal.
Constipação intestinal funcional: a conduta é alimentação com fibras, pois o
indivíduo possui musculatura atuante
Constipação em casos de megacólon chagásico: alimentação com fibras não resolve
o problema, pois a musculatura não está atuante (o cólon não tem movimentação)
Complicações do Megacólon
- Fecaloma
Fezes impactadas (velhas e novas) formam um bolo de fezes e preenchem a luz
intestinal
Há alteração da motilidade intestinal, proliferação bacteriana, formação de gases,
timpanismo e distensão abdominal.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Os pacientes podem referir perda de parte das fezes: o fecaloma força o ânus, que
se abre e libera parte das fezes
- Sinal de Gersuny
Crepitação produzida ao descomprimir o abdome – indica a presença de fecaloma.
Resultado da interposição de ar (acúmulo de gases) entre a parede intestinal e o bolo fecal
(fecaloma)
Sensação de velcro associado a uma massa abdominal palpável em fossa ilíaca
esquerda (sigmoide)
Se o fecaloma permanecer por muitos dias no paciente, podem ocorrer vômitos
fecaloides (retorno das fezes pela boca).
- Volvo de sigmoide (torção da alça intestinal sobre o próprio eixo, o que provoca
oclusão intestinal – palpa-se nitidamente uma massa em área de projeção de sigmoide)
O sigmoide dobra sobre si mesmo, impedindo a passagem das fezes causando uma
síndrome obstrutiva e, se houver acometimento de vaso sanguíneo, síndrome isquêmica
também.
Megaesôfago: relação com a hipercontratura de piloro
Megacólon: relação com a hipercontratura do esfíncter do reto (por causa das
alterações neuronais)
Existem outras causas de megacólon, como neoplasia (obstrução), drogas (tóxico)
e hipotireoidismo, mas a predominante no Brasil é a doença de Chagas.
NEOPLASIAS
Benignas
São essencialmente benignas
Pólipos: possibilidade de se tornarem malignos, principalmente os adenomatosos,
que são os responsáveis por 95% das neoplasias benignas.
Devido à possibilidade de malignização, deve-se verificar a presença de pólipos
(através de colonoscopia e retossigmoidoscopia) e retirá-los. Por sua vez, os divertículos não
malignizam. Por isso, deve-se atentar à história familiar.
Quanto maior forem os pólipos adenomatosos, maior a possibilidade de se tornarem
malignos.
Poucos sintomáticos
Quando sangram (acometimento de vasos sanguíneos) - pequena quantidade.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Malignas
Tipo histológico mais comum: adenocarcinoma
Pode apresentar-se como uma massa ulcerada (pode sangrar), lesão polipoide
infiltrada ou estenosante (obstrução intestinal)
Localizações mais frequentes: reto-50%,
sigmoide-20 a 25% e ceco-2 a 8%.
O crescimento da neoplasia pode ser em
direção à luz intestinal, mas também pode infiltrar na
parede.
Neoplasias do ceco geralmente possuem diagnóstico tardio, pois há passagem de
conteúdo líquido por ele, dificultando o aparecimento de sinais de abdômen obstrutivo.
Também causam síndrome obstrutiva ou abdome agudo perfurativo.
Neoplasia Maligna
Sintomas variam de acordo com a localização do tumor e de seu tempo de evolução
Mudança de hábito intestinal, enterorragia (cólon esquerdo), melena (cólon
direito), tenesmo (sensação de constante necessidade de defecar, apesar do reto estar vazio –
acometimento do reto), emagrecimento (em geral, tardio), anemia (causada pela síndrome
consumptiva – casos crônicos em que a medula deixa de produzir hemácias e há perda de sangue
pelas fezes).
Pode ser palpável a nível de sigmoide
Neoplasias no reto são diagnosticadas através do toque retal
Na suspeita da presença de neoplasia – palpação de todos os segmentos colônicos
e toque retal.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Períneo
Região que constitui a base do púbis, onde estão situados os órgãos genitais e o
ânus
Períneo feminino e períneo masculino
AFECÇÕES PROCTOLÓGICAS
Afecções anais
Doença Hemorroidária
- Alta prevalência
- Internas (plexo hemorroidário interno,
subsidiário do sistema porta), externas (plexo
hemorroidário externo, subsidiário das veias
hipogástricas) e mistas
Consistem em veias dilatadas por
acometimento do plexo hemorroidário interno ou
externo, podendo permanecer dentro do canal anal (veias do sistema porta) ou fora do ânus
(veias hipogástricas)
- Sangramentos, eventuais tromboses e fissuras que se manifestam por dor local,
prurido (nas externas, por higiene deficiente e consequentes criptites – proliferação bacteriana
no local).
O aparecimento de dor está relacionado a trombose ou fissura concomitante.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Fissuras
Pode haver fissura sem hemorroidas
- Ruptura repetida da pele perianal consequente à superdistensão da região
Corresponde à descontinuidade da pele e é dolorosa
- Dor persistente após a evacuação (diferente da hemorroida) – secreção serosa -
geralmente por infecção secundária.
Afecções Proctológicas
- Doença hemorroidária
Formação de mamilos hemorroidários que podem sofrer trombose
Indivíduos que possuem hemorroidas costumam possui também fissura anal
- Fissura Anal
Plicoma: é um resquício de pele, onde pode haver acúmulo de fezes, levando a um
processo inflamatório – proctite (inflamação da região anal) e formação de fissura
O plicoma não é doloroso, mas a fissura anal é.
- Fístulas
Comunicações entre o canal anal ou o reto com a pele do períneo.
Drenam muco, pus ou fezes.
Pode ocorrer saída de fezes, devido a comunicação entre o reto e a pele.
- Prolapso retal
Saída ou deslizamento das camadas que compõe o reto através do orifício anal.
Há fragilidade da musculatura que segura o reto, causando sua saída através do
canal anal. É comum em pacientes com múltiplos partos por causa da fragilidade do períneo
(prolapso da bexiga e do reto).
Possui complicações, inclusive vasculares.
Deve-se realizar cirurgia.
AULA 11
SÍNDROMES DIGESTIVAS ABDOMINAIS
SÍNDROMES HEPÁTICAS
- Classificação de caráter didático.
- Íntima correlação entre o hepatócito, a circulação hepática e as vias biliares – a
alteração de um deles determina sempre a coparticipação funcional e/ou orgânica dos outros.
- Para definição da síndrome: qual o quadro clínico preponderante?
Pode haver concomitância das síndromes hepáticas.
- Síndromes detectáveis quando há mais de 75% de comprometimento do
parênquima hepático. Apenas com 75% de comprometimento do fígado, os sintomas passam a
ser detectáveis; se for menor o comprometimento, não há detecção.
Classificação:
Insuficiência Hepatocítica
Insuficiência Biliar
Hipertensão Porta
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Insuficiência Hepatocítica
Icterícia (leve a grave, por aumento de ambas bilirrubinas)
Os hepatócitos realizam a conjugação de bilirrubina indireta em direta. Pode ocorrer
o extravasamento dessa bilirrubina para a corrente sanguínea, causando icterícia.
Eritema palmar (vasodilatação por causa de hiperestrogenismo)
Hálito hepático
Hipoproteinemia – edema
O fígado é responsável pela produção de albumina.
Distúrbios na coagulação sanguínea
Ocorre a formação de hematomas espontâneos.
Encefalopatia hepática
INSUFICIÊNCIA BILIAR
Perturbação da circulação biliar intra e extra-hepática
Componentes da bile: sais biliares, colesterol e bilirrubina
Os sais biliares, colesterol e bilirrubina devem estar presentes de maneira
homogênea; do contrário, há formação de cálculos desses componentes, sugerindo insuficiência
biliar.
A principal causa de insuficiência biliar é a formação de cálculos biliares, que pode
ocorrer por absorção excessiva de água da bile (maior concentração da bile), absorção excessiva
de ácidos biliares, excesso de colesterol e inflamação do epitélio.
Icterícia colestática com ou sem acolia fecal
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
HIPERTENSÃO PORTA
Aumento do gradiente de pressão entre a veia porta e cava inferior maior que
6mmHg.
Geralmente, ocorre simultaneamente com a insuficiência hepatocítica.
Hipertensão Porta
-Tipos
Pré-hepática: compressões extrínsecas ou trombose da veia porta
Comprometimento da circulação antes de chegar no fígado
Hepática: alterações anatômicas dos ramos intra-hepáticos da veia porta que se
instalam nas cirrose, hepatites e fibroses hepáticas (esquistossomose).
Comprometimento da circulação no fígado
Fibrose hepática: há manutenção da arquitetura do hepatócito (veia centro lobular
no centro do lóbulo hepático, vias biliares na periferia, artéria hepática), existindo entraves de
fibrose entre os hepatócitos
Cirrose: há fibrose com a destruição da arquitetura dos hepatócitos
Pós-hepática: hipertensão nas veias supra hepáticas e das veias centrolobulares na
ICD (insuficiência cardíaca direita – não envia o sangue para os pulmões, há congestão no
coração direito – retorno do sangue para as veias cavas), na estenose ou insuficiência tricuspide
(fígado de estase - retrocesso do sangue para a circulação sistêmica, pois gera congestão).
Também na síndrome de Budd-Chiari (trombose simples ou de causa carcinomatosa).
Comprometimento da circulação após o fígado
ICD (pós-hepática) e ICE (pré-hepática)
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Complicação da Ascite
- Peritonite bacteriana espontânea (PBE)
Infecção do líquido ascítico, previamente estéril, na ausência de infecção intra-
abdominal que necessite de abordagem cirúrgica
As bactérias podem se proliferar no lúmen intestinal, atingir as camadas do intestino
até que alcancem o peritônio e o líquido ascítico.
Evolução: febre, dor abdominal, sinal de peritonite (descompressão brusca)
Sinaliza mau prognostico
Principal agente etiológico: Escherichia coli
A translocação bacteriana intestinal tem sido o principal mecanismo pelo qual a
bactéria alcança o sangue (bacteremia) e o líquido ascítico (bacterascite)
Maior risco: pacientes com
sangramento digestivo, infecções do trato
genitourinário (presença de infecções a distância),
bilirrubina elevada (icterícia) e proteínas totais do
liquido ascítico menor que 1g/d
Quadro clínico heterogênico e até
assintomático
55% exibem dor abdominal difusa
de moderada intensidade.
45% apresentam febre (resposta
frente a presença de bactérias)
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 12
SÍNDROMES DIGESTIVAS
HEPATOPATIAS AGUDAS E CRÔNICAS
Hepatites
Cirrose Hepática
Esquistossomose
Neoplasias
O fígado geralmente é liso. Caso ele tenha alterações, podem ser decorrentes de
fibrose ou nodulações em cirrose. A cirrose macronodular apresenta nodulações perceptíveis,
enquanto a cirrose micronodular apresenta nodulações menores e de difícil percepção. Em casos
de hepatocarcinoma, as alterações ocorrem no parênquima hepático, e não a nível de superfície,
por isso não são percebidas alterações na superfície do fígado durante o exame físico.
HEPATITES
Inflamação do fígado, sendo as hepatites alcoólicas comuns no Brasil
Espera-se encontrar: células inflamatórias, edema, congestão, aumento de volume,
dor (por causa do estiramento capsular – dificulta o exame)
Em inflamações aguda, há aumento da consistência e não há fibrose. Em
inflamações crônicas, percebe-se a existência de fibrose.
Virais
Alcoólicas
Auto-imune
Medicamentos
Hepatites Virais
Infecções sistêmicas ocasionadas por vírus, cuja fisiopatologia baseia-se na
resposta inflamatória hepática ao vírus
Os tipos de hepatites virais mais prevalentes são o tipo A, B, C, Delta e E. Tais
vírus correspondem a cerca de 90% dos casos de hepatites.
As manifestações clínicas da hepatite são extremamente variadas, podendo ser
encontrada desde uma infecção assintomática até uma doença potencialmente grave, até mesmo
de evolução fulminante (não forma hipertensão porta; não é o quadro habitual).
O tempo de incubação é variável entre os vírus.
Hepatites Virais
Quando o quadro clínico está bem delimitado, é possível dividi-lo em fases.
- Fase Pré-Ictérica: sintomas inespecíficos (fadiga, náusea, anorexia e dor leve no
quadrante superior direito do abome)
- Fase ictérica: icterícia e os mesmos sintomas da fase anterior exacerbados
- No exame físico:
- Icterícia
A degradação dos hepatócitos causa liberação de bilirrubina direta (já foi
conjugada) para a corrente sanguínea. A intensidade da icterícia depende da intensidade da
inflamação do fígado.
- Dor à palpação profunda do hipocôndrio direito
- Nos casos de elevada gravidade, pode ocorrer hepatoesplenomegalia
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Hepatite A
Vírus RNA tendo o homem como único hospedeiro
Transmissão oro-fecal
Período de incubação varia de 15 a 45 dias
Na fase aguda da enfermidade sintomática existem queixas de fadiga, dor ou
desconforto abdominal, hiporexia, náuseas, vômitos, podendo ser observada icterícia
Os casos de hepatite A fulminantes tendem a ser observados predominantemente
em pacientes idosos ou portadores de hepatopatias pré-existentes – não é o habitual, mas
quadros fulminantes podem levar ao óbito
Hepatite B
Vírus DNA
Período de incubação geralmente varia de 30 a 150 dias
Período pré-ictérico: febre, artralgias, anorexia, mal-estar, náuseas, hêmese,
mialgias e fadiga, além de sinais como linfadenopatia, leucopenia, proteinúria e rash cutâneo.
Pode ser ncontrado também alterações no paladar e olfato, dor no hipocôndrio direito ou
epigastralgia
Transmissão: via sexual e por objetos contaminados - utilização de droga IV
(seringas), e tem seu risco elevado quando há presença de múltiplos parceiros sexuais, cirurgias,
contato sexual com pacientes, lesão percutânea, contatos domiciliares com paciente,
profissionais da saúde e pacientes em terapia de hemodiálise. A hemodiálise é uma
possibilidade de contaminação pelo vírus da hepatite B e C.
A cronificação da hepatite B (agressão crônica ao tecido hepático) ocorre em cerca
de 2% a 7% dos adultos infectados, situando-se entre a terceira-quarta causada mais comum
de cirrose, sendo uma etiologia importante de câncer de fígado.
Pacientes com hepatite B apresentam maior propensão a desenvolverem neoplasias
hepáticas.
Hepatite C
Vírus RNA
Manifestações clínicas são exemplificadas por sintomas comuns como fadiga,
febre branda, desconforto ou dor abdominal, hiporexia, distúrbio digestivo, altralgia migratória,
além de déficit cognitivo, depressão e ansiedade.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
A transmissão viral não ocorre pelo contato, e sim por via parenteral e sexual
(raro), por isso se orienta o não compartilhamento de laminas de barbear, escovas de dente,
materiais de manicure
População de risco de adquirir e transmitir o vírus: usuários de drogas
endovenosas, usuários de cocaína inalatória (provavelmente por alteração imune do paciente),
pacientes com insuficiência renal crônica dialíticos (hemodiálise), os encarcerados, os com
múltiplos parceiros sexuais e HIV positivos.
Hepatite Delta
Hepatite menos prevalente dentro as hepatites virais crônicas
É causa de cronificação da hepatite e de cirrose hepática.
É considerada a mais grave, sendo causado pelo vírus Delta, um RNA vírus
peculiar, o qual necessita do HBV (vírus da hepatite B) para sua replicação
Dois padrões clínicos: a coinfecção e a superinfecção
Coinfecção é uma doença aguda grave, porém com baixo risco de evolução crônica
Geralmente, há remissão desse quadro e o paciente sai ileso.
Pode causar insuficiência hepatocítica.
Uma coinfecção pelo vírus da hepatite B tem chances de evoluir para cirrose, mas
se for pelo vírus Delta, a chance é maior ainda.
Superinfecção, há evolução crônica (hepatite se prolonga) e risco aumentado de
hepatopatia crônica severa, em torno de 80%
A dor está presente em processos mais agudos, desaparecendo em processos
crônicos.
A hepatite Delta costuma ser mais grave que a hepatite B isolada, sendo mais
provável motivar a hepatite fulminante e crônica grave, com cirrose.
Hepatite E
Vírus RNA
Período de incubação de 15 a 60 dias
Curso clínico é semelhante às outras hepatites, sendo a doença frequentemente
colestática
Transmissão via fecal-oral: na maioria das vezes ligada à ingestão de água
contaminada sob condições precárias de higiene.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
O diagnóstico deve ser suspeitado nos casos de hepatite aguda ligados a viagens
recentes a áreas endêmicas (ex.: Ásia)
Hepatite alcoólica
Hepatite auto-imune
Hepatite medicamentosa
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
CIRROSE HEPÁTICA
Fibrose hepática difusa, transformação nodular e perda da arquitetura normal do
órgão
Uma das principais causas de doença hepática crônica
Em países desenvolvidos, está entre as dez principais causas de óbito
Pode ser causada por hepatite ou alcoolismo crônico.
Formação de micronódulos
ESQUISTOSSOMOSE
Schistossoma mansoni
Há formação de fibrose, que atrapalha a circulação porta, mas não causa alterações
no parênquima.
Anamnese minuciosa, incluindo informações acerca da história geográfica, da
exposição à água ou a alimentos potencialmente contaminados, banhos em lagoas com
caramujos (cercária), viagens a áreas endêmicas e a ocorrência de sinais e sintomas das
síndromes agudas da infecção (mormente dermatite cercariana e febre).
As formas agudas estão muito relacionadas ao turismo ecológico e às precárias
condições de saneamento.
Os principais estados brasileiros atingidos: Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas
Gerais, Espírito Santo, Paraíba e Pernambuco
Fibrose, sem cirrose
Sinais clínicos de hipertensão porta
NEOPLASIAS
CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC)
90% das neoplasias malignas hepáticas primárias.
70 a 80% dos casos estão associados à cirrose secundária à infecção crônica pelos
vírus B ou C.
O CHC pode se apresentar como um tumor unifocal, multifocal ou difusamente
infiltrativo.
Não é possível palpar um carcinoma hepatocelular, pois ele se localiza dentro do
parênquima hepático. Para ser palpável, é necessário estar na superfície do fígado (borda
inferior).
Quando associado à cirrose hepática, ele geralmente surge a partir da evolução de
um nódulo regenerativo hepatocitário que sofre degeneração displásica.
Há estímulo à angiogênese, e o nódulo recebe vascularização arterial abundante. A
velocidade de formação e evolução da neoplasia é rápida, pois ela recebe muito suprimento
sanguíneo.
É uma neoplasia que responde mal ao tratamento e está relacionada a ocorrência de
metástases.
AULA 13
SÍNDROMES DIGESTIVAS ABDOMINAIS
SÍNDROMES PANCREÁTICAS
Via comum entre o ducto pancreático principal (suco pancreático com enzimas) e
o ducto colédoco (bile) desembocando no duodeno – possibilidade de variações anatômicas
PÂNCREAS – DIGESTÃO
O pâncreas exócrino está relacionado à digestão, enquanto o pâncreas endócrino
está relacionado à produção de hormônios.
Digestão: três fases
1. Luminal, em que os alimentos são digeridos na luz do tubo digestivo (intestino)
por enzimas presentes em secreções ou na borda em escova do epitélio
intestinal.
2. Absortiva, em que há fluxo dos nutrientes da luz do tubo digestivo para o meio
interno. Processo de absorção, visto que já ocorreu digestão enzimática.
3. Nutrientes alcançam a circulação sanguínea.
Pâncreas – Digestão
Papel fundamental na fase luminal da digestão, pois secreta para a luz intestinal
diversas enzimas fundamentais para essa fase.
Há grande reserva funcional: a má absorção de gorduras e proteínas não é aparente
até que pelo menos 90% da função pancreática esteja perdida. Ou seja, enquanto 90% do
pâncreas não for atingido, não há aparecimento dos sinais e sintomas referente à essa perda.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Síndrome Dolorosa
Duradoura (cronificação do processo)
Piora com refeições gordurosas ou proteicas (na pancreatite crônica)
Nessas situações, há estímulo para a produção de enzimas pancreáticas
Frequentemente com antecedentes de biliopatia (cólica biliar e icterícia) ou
alcoolismo (alteração hepática e pancreática)
Obs.: O tipo (teor alcoólico) e a frequência do alcoolismo são fatores determinantes
nas complicações: Brasil – cachaça (cirrose hepática) e Europa – whisky (pancreatite)
PANCREATITE AGUDA
Etiologia variada - colelitíase é a principal
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Etiologia
Colelitíase (45%)
Álcool (35%): agudização de pancreatite crônica calcificante ou hiperlipidemia
induzida pelo álcool
Idiopática (10%): microlitíase oculta? Anomalias da via biliopancreática?
Outros (10%): dislipidemia, hipertrigliceridemia, trauma, drogas, vírus, bactérias,
tumores, vasculite, pancreatite hereditária, áscaris, etc
PANCREATITE CRÔNICA
Inflamação pancreática com dano estrutural pancreático permanente, fibrose e
estenoses ductais, seguidos por declínio das funções exócrina e endócrina
Sintomas iniciais: crises recorrentes de dor (sintomas inespecíficos)
Fase tardia: má absorção e intolerância à glicose (aparecimento de diabetes)
Causas: alcoolismo, idiopático (desconhecida), pancreatite hereditária, pancreatite
autoimune, hiperparatireoidismo e obstrução do ducto pancreático principal causada por
estenose, cálculos ou câncer
Pancreatite crônica
Necrose de saponificação: necrose do tecido gorduroso existente no pâncreas
resultando em pontos de calcificação (atração de cálcio para a região) = sinal radiológico de
pancreatite crônica
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
NEOPLASIAS DE PÂNCREAS
Mais comum: adenocarcinoma
Principal localização: cabeça
É mais fácil diagnosticar tumores na cabeça de
pâncreas, por causa das manifestações clínicas associadas,
do que no corpo ou na cauda do pâncreas.
Difícil detecção
Ocorrem principalmente após os 60 anos, sexo masculino
Evolução ao óbito, pois é uma neoplasia que responde mal à terapêutica
AULA 14
SISTEMA ENDÓCRINO
DISTÚRBIOS HIPOTALÂMICOS E HIPOFISÁRIOS
HIPOTÁLAMO
Hormônios liberadores de hormônios produzidos no hipotálamo:
São hormônios liberados pelo hipotálamo e que estimulam a síntese de outros
hormônios.
Hormônio liberador do hormônio de crescimento (GHRH)
Hormônio liberador de tireotrofina (TRH)
Hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH)
Hormônio liberador da corticotrofina (CRH)
HIPÓFISE
Adenohoipófise – hormônios exercem função direta sobre a tireoide, adrenais,
gônadas, no processo de crescimento e no metabolismo do cálcio
A adenohipófise secreta os seguintes hormônios: prolactina (atua na produção de
leite), hormônio gonadotrófico (atua nas gônadas masculinas e femininas), hormônio
tireotrófico (atua na tireoide, que produz outros hormônios que regulam o metabolismo),
hormônio adrenocorticotrófico (atua na suprarrenal), hormônio somatotrófico (atua no
crescimento).
Neurohipófise – depende de substâncias liberadas na circulação pelas terminações
nervosas
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
HORMÔNIOS DA ADENOHIPÓFISE
Hormônio de Crescimento (GH)
- Picos de secreção irregulares de acordo com a idade, alimentação, exercícios
físicos e o sono
- Efeitos sobre o metabolismo e proliferação das cartilagens
- Efeitos através de somatomedinas – IGF (Insulin-Like Growth Factors),
produzidas no fígado, cartilagens.
Somatomedina A – incorporação do sulfato na cartilagem
Somatomedina B – estímulo da síntese de DNA
Somatomedina C – inibidor da degradação de insulina
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Prolactina
- Aumento de até 300% durante gravidez e lactação
- Estímulo por estrógenos
Hormônios Gonadotróficos
- Hormônio folículo estimulante (FSH)
- Hormônio luteinizante (LH)
HORMÔNIOS DA NEUROHIPÓFISE
Ocitocina
Antidiurético (ADH)
Hiperprodução de GH e somatomedina C
Excesso de GH
Os quadros são diferentes em adultos e crianças.
Crianças: gigantismo (crescimento harmônico)
As crianças crescem muito, ficando bastantes
altas, resultando em diferença de altura se comparado com
outro indivíduo da mesma idade.
O gigantismo pode causar alterações musculares
e articulares, resultando em dificuldades de movimentação.
Adulto: surge a acromegalia, cuja evolução é
lenta (esse crescimento é irreversível)
Os adultos apresentam crescimento das extremidades, como queixo, nariz, orelhas
e mãos. Tal crescimento ocorre apenas nas extremidades, pois as cartilagens e os ossos
correspondem a uma limitação.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Acromegalia
Face alongada e alargada
Prognatismo: queixo para frente
Dentes, nariz e orelhas alargadas
Pele espessada
Língua hipertrofiada
Dentes se separam por
crescimento da mandíbula
Dedos em salsicha (os dedos não são compridos, mas são espessos)
Voz rouca e arrastada
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Nanismo
Deficiência de GH
O nanismo pode ser causado por deficiência de produção de GH ou por desnutrição.
Nas crianças com baixa estatura verificar: velocidade de crescimento (usar curvas
de crescimento), idade cronológica, idade óssea e idade estatural.
Síndrome de Cushing
Excesso de ACTH
Hiperprodução de ACTH pela hipófise
Quadro clínico semelhante ao observado por distúrbio primário da adrenal (causa
hiperprodução de cortisol)
Sendo assim, o quadro clínico decorrente de alterações nos níveis de ACTH por
patologias na hipófise (origem central) é semelhante ao quadro clínico decorrente de alterações
nos níveis de cortisol por patologias na adrenal (origem adrenal)
Os pacientes apresentam ganho de peso (tronco aumentado, enquanto as pernas e
braços estão finos), região cervical posterior com giba (acúmulo de gordura), fácies de lua
cheia/cushingoide, rosto avermelhado, edema, presença de estrias róseas (recentes) ou brancas
(mais antiga)
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Síndrome de Sheeham
Hipofunção da Hipófise
Classicamente trata-se de hipopituitarismo pós-parto secundário à necrose
hipofisária decorrente de hipotensão ou choque por causa de hemorragia maciça durante ou
logo após o parto
Pode evoluir de maneira lenta, com diagnóstico muitas vezes tardio
Patogênese ainda não está completamente esclarecida - hipófise aumenta de 30
a 100% de tamanho durante a gravidez por hiperplasia – compressão da artéria hipofisária
superior – isquemia
A hipófise pode sofrer necrose total (resulta em diminuição de todos os hormônios
produzidos pela adenohipófise) ou necrose parcial (os sintomas podem ser pontuais e demoram
mais para aparecer).
A trombose primária é uma probabilidade causada pela agregação ou pelo
sequestro de plaquetas ao longo de células endoteliais previamente lesadas.
Aumento da hipófise durante a gravidez, hemorragia e redução da PA → queda
brusca da PA → possibilidade de necrose
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Síndrome de Sheehan
Aguda: sintomas e sinais de insuficiência adrenal aguda
As pacientes podem apresentar hipotensão, choque, taquicardia, hipoglicemia,
hiponatremia, fadiga extrema, náuseas, vômitos.
Crônica: características dos diversos déficits hipofisários coexistentes
As pacientes podem apresentar astenia, redução da força muscular, pele seca e
enrugada, palidez, anemia, áreas de hipopigmentação da pele, constipação, intolerância ao frio,
náuseas, vômitos, hiponatremia, perda de pelos, perda da libido, infertilidade, amenorreia,
infertilidade, atrofia mamária, redução da secreção vaginal (alterações por causa de redução dos
hormônios gonadotróficos), ausência de produção de leite, alterações psiquiátricas (depressão),
diminuição da capacidade de raciocínio, hipotireoidismo (redução dos hormônios tireoidianos
como justificativa de alguns sintomas).
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 15
DOENÇAS DAS ADRENAIS
ADRENAIS
CÓRTEX
Glicocorticoides (ex.: cortisol)
- Regulam o metabolismo dos carboidratos (agem como contra-reguladores da
insulina, estimulam a gliconeogênese hepática e a glicogenólise)
Elevação dos níveis de cortisol resulta em elevação dos níveis glicêmicos.
- Diminuem a utilização periférica de glicose com a diminuição de seus
transportadores
A redução dos transportadores de glicose é secundária aos níveis de cortisol
alterados.
Obs.: Administração cuidadosa de corticoesteroides em pacientes com diabetes
mellitus, mesmo sem haver lesão da adrenal
- Exposição crônica: acúmulo de gorduras nas regiões supraclaviculares,
dorsocervical (giba) e tronco → alterações físicas
- Aceleram proteólise
A degradação de proteínas resulta em fraqueza muscular (é um dos sintomas)
- Resposta adaptativa do estresse
- Diminuição de glicocorticoides → Elevação do ACTH hipofisário e plasmático
Mecanismo de feedback: a adenohipófise (comando central) estimula as células da
adrenal (comando periférico) a produzirem glicocorticoides, através da liberação de ACTH
Adenohipófise → ACTH → Adrenal → Glicocorticoides (cortisol)
Elevação de glicocorticoides e redução do ACTH ou elevação de glicocorticoides
e do ACTH: patologia com origem central ou periférica?
Mineralcorticóides - secreção de aldosterona na zona glomerulosa
– Manutenção da homeostase hidroeletrolítica
– Atua nos túbulos distais e ductos coletores
– Reabsorção de sódio (resulta na absorção de água simultaneamente)
– Secreção de potássio e hidrogênio nos rins
Eixo renina-angiotensina-aldosterona atuando na regulação da pressão arterial
Andrógenos
Pouco potentes e não efetivos até serem convertidos em testosterona e 5-alfa-
dihidrotestosterona nos tecidos periféricos.
São hormônios inativos que precisam de conversão na circulação periférica para
serem ativos.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
MEDULA
Catecolaminas (ex.: adrenalina e noradrenalina/norepinefrina)
Doença de Addison
Deficiência de cortisol e excesso de ACTH
Relativamente rara
Destruição auto-imune da adrenal/tuberculose/blastomicose/neoplásica
O ACTH possui afinidade pelos receptores de melanina, ou seja, a elevação do
ACTH resulta na estimulação desses receptores e produção de hormônio melanotrófico. Isso
causa alterações de pele, por proliferação de melanócitos e concentração de melanina,
principalmente em regiões de dobra, mãos, gengivas e mucosas.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 16
DOENÇAS DA TIREÓIDE
Tireoide
Localização e função da tireoide
Palpação
A tireoide se movimenta junto com a deglutição. Para facilitar a palpação, pode-se
pedir para o paciente engolir saliva durante o exame.
A palpação da tireoide é um exame incômodo, mas indolor.
Existem dois métodos possíveis para palpação:
1) O médico deve se posicionar atrás do
paciente e utilizar o segundo e terceiro dedo (indicador e
dedo do meio - duas mãos simultaneamente) para palpar
o lobo esquerdo, lobo direito e istmo da tireoide.
Para isso, deve-se afastar a musculatura do
esternocleidomastoideo e realizar movimentos circulares na tentativa de palpar a glândula.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
A glândula pode ser palpável ou não. Se for palpável, na maioria das vezes
corresponde a um aumento do lobo direito (pois é um pouco maior que o esquerdo). Ademais,
deve-se analisar a consistência, dor, presença de nódulos.
2) O médico deve se posicionar na frente do paciente e utilizar o dedão (um de cada
vez) para palpação.
Para isso, deve-se realizar movimentos circulares na tentativa de palpar a glândula.
O polegar direito é usado para palpar o lobo direito, enquanto o polegar esquerdo é usado para
palpar o lobo esquerdo.
Palpação e Ausculta
Volume: correspondente ao de uma castanha
(cada lobo, exceto istmo)
Bócio corresponde ao aumento da glândula
Tamanho: lobos com cerca de 3 a 5 cm no sentido
vertical e o istmo com diâmetro aproximado de 0,5cm
Consistência: elástica, mole, “carnosa”
Indolor à palpação
Pode ser incômodo, mas é indolor.
Superfície lisa
Se houver nódulos, deve-se indicar a localização,
consistência e tamanho.
Pulsações: transmissão das pulsações das carótidas pela proximidade anatômica
Frêmito: aumento de velocidade circulatória na glândula
O frêmito corresponde à passagem do sangue, com velocidade aumentada, pelos
lobos da tireoide por causa de aumento do metabolismo ou bócio.
Sopros contínuos: aumento de velocidade circulatória na glândula
Percussão
A percussão da tireoide não é realizada
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Sinal de Maranhon:
O sinal de Maranhon aparece quando se eleva os braços do paciente na altura dos
ombros (não levanta totalmente). Esta manobra faz com que o bócio fique mais evidente
(visível), apesar de não haver sinais de interrupção do fluxo sanguíneo ou das vias aéreas.
Bócio Mergulhante:
O bócio cresce para o interior do tórax.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Pele e fâneros:
Fina, sedosa, úmida, quente
Unhas descoladas do leito ungueal unicólise – unhas de Plummer
As unhas de Plummer ficam esbranquiçadas nas pontas e com as camadas se
desgrudando.
AULA 17
DOENÇAS DA TIREOIDE
Sintomas e Sinais de Hipofunção Tireoidiana - Hipotireoidismo
Pacientes calmos e desinteressados (fácies apáticas)
Dificuldade na memória
Obs.: Diagnóstico diferencial com outras patologias que causam quadro depressivo
Voz rouca e arrastada
Fala lenta
Movimentos lentos
Exame neurológico:
Lentidão nos reflexos profundos
Mucosas hipocrômicas – anemia frequente
A hipofunção tireoidiana é causada por doenças crônicas, por isso, geralmente é
acompanhada por anemia.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Pele pálida cérea (a pele fica semelhante à cera) – acúmulo de caroteno devido ao
retardo metabólico da sua transformação em vitamina A e a própria anemia
A perda de função tireoidiana faz com que o metabolismo fique mais lento, ou seja,
a transformação de caroteno em vitamina A fica lenta, havendo acúmulo de caroteno na
circulação, resultando em aspecto pálido e amarelado.
Diagnóstico diferencial – coloração amarelo palha: hipotireoidismo e insuficiência
renal crônica
Cansaço
Hipersensibilidade ao frio
Tendência a engordar – obesidade frequente, com distribuição universal da
gordura
Graus mais avançados: desatenção, desleixo, apatia, lentidão de movimento e da
fala (voz arrastada), letargia e coma.
Coma: desencadeado por stress (traumas, cirurgias) ou drogas (anestesia,
tranquilizantes).
Raramente angina pectoris, visto que apresenta baixa demanda metabólica
Em casos de hiperfunção tireoidiana, o paciente costuma apresentar angina, visto
que apresenta alta demanda metabólica
Hipercolesterolemia visto que o metabolismo de gorduras está afetado
Bradicardia (redução da frequência cardíaca)
Obstipação, com fezes secas e endurecidas, podendo-se formar um fecaloma
Ou seja, o paciente apresenta lentificação generalizada
Diagnóstico diferencial – fecaloma: hipotireoidismo e distúrbios intestinais (ex.:
megacólon)
Galactorreia (produção de leite por estímulo da prolactina), amenorreia (por
redução dos hormônios sexuais), infertilidade, diminuição da libido, e ginecomastia (por
aumento de secreção de prolactina por influência do TRH)
A falta de T3 e T4 na circulação causa aumento do TRH (“mecanismo de
compensação”).
Diminuição da sudorese
Pele seca e descamativa
Parestesias, dores musculares e dores articulares frequentes (derrame sinovial)
O acúmulo de líquido nas articulações resulta em dificuldade no movimento e, com
isso, dor.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Sendo assim, o bócio apresentar superfície lisa ou com nódulos, além de diferentes
consistências (material coloide, hemorragia, fibrose).
TIREOIDITES
Inflamação da tireoide
4 tipos:
1-) Tireoidite aguda: invasão bacteriana – dor, calor e rubor local (sinais
inflamatórios presentes)
2-) Tireoidite de Hashimoto: tireoidite linfocítica crônica auto-imune (produção
de anticorpos contra as células da própria tireoide; não se sabe o que desencadeia a
autoimunidade)
Inicialmente cursa com hipertireoidismo; depois hipotireoidismo.
No início, há hiperprodução e liberação de hormônios tireoidianos pelas células
inflamadas; conforme ocorre a evolução do caso, as células são destruídas, resultando em
hipotireoidismo, no qual não há mais produção e liberação de hormônios tireoidianos. Assim
sendo, o hipotireoidismo depende do grau da inflamação da glândula.
CÂNCER DE TIREOIDE
Neoplasias malignas: infrequentes
Câncer de Tireoide
Rouquidão decorrente de compressão do nervo laríngeo recorrente
Comprometimento de linfonodos locais
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 18
SINAIS E SINTOMAS DAS DOENÇAS DAS PARATIREÓIDES
Paratireoides
Paratireoides
- São 4 – 15 a 30 mg cada
- Atrás da tireoide
- Secretam paratormônio (PTH) – metabolismo do cálcio (reabsorção dos ossos)
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
- Aumenta a calcemia
-- Função na osteólise e ostecítica
Formação de osteoblastos (responsáveis pela síntese dos componentes orgânicas da
matriz óssea) e osteoclastos (permitem a remodelação óssea)
-- Diminui os fosfatos (aumento de excreção na urina)
PTH
Efeito antagônico-calcitonina (tireóide), a qual reduz a calcemia
Atua no intestino aumentando a absorção de cálcio por estimular a síntese de
1,25-vitamina D3 nos rins
A vitamina D3 é responsável pela maior absorção de cálcio no organismo.
HIPOPARATIREOIDISMO
Deficiência de PTH (paratormônio)
Causa mais frequente de hipoparatireoidismo: após cirurgias de tireoide, quando
as glândulas paratireoides podem ser lesadas
Em outros casos mais raros: destruição da glândula por doença autoimune (pode
haver acometimento da tireoide e da paratireoide juntamente) ou por má-formação genética (é
mais raro)
As dosagens sanguíneas de cálcio e PTH baixos definem o diagnóstico.
HIPERPARATIREOIDISMO
Excesso de PTH (paratormônio)
Primário:
O problema está na glândula que está liberando mais paratormônio (PTH).
Aumento de função das paratireoides por adenoma (neoplasia que produz muito
PTH) ou hiperplasia (ex.: por drogas)
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Secundário:
Aumento das paratireoides em resposta à hipocalcemia provocada por perda renal
de cálcio (pacientes com insuficiência renal crônica comumente apresentam
hiperparatireoidismo), por déficit de vitamina D, resistência à vitamina D ou perda renal de
fosfato.
A causa mais comum de hiperparatireoidismo secundário é insuficiência renal.
Hiperplasia das glândulas paratireoides causando hiperliberação dos hormônios
Elevados níveis séricos do paratormônio (PTH)
Doença óssea de alto remanejamento
A elevação de PTH causa doença óssea nos indivíduos, sendo necessárias
intervenções. A retirada de cálcio dos ossos causa fraturas patológicas, ou seja, não há causa
traumática para a quebra dos ossos.
Complicação frequente nos pacientes em diálise e pode desenvolver-se cedo no
curso da DRC (doença renal crônica)
Risco aumentado de calcificação cardiovascular e mortalidade
O excesso de cálcio na circulação é depositado no sistema arterial, fazendo com que
os indivíduos fiquem sujeitos a óbito por doenças cardiovasculares (ex.: risco de infarto e
AVC).
Exame físico no hiperparatireoidismo: palpação de pulsos (os pulsos periféricos
apresentam as mesmas alterações que os vasos maiores e mais internos, os quais não podem ser
palpados)
AULA 19
PROPEDÊUTICA FÍSICA DO SNC
SISTEMAS MOTORES
A decussação das pirâmides é importante por causa das manifestações clínicas, pois
problemas motores no membro direito são decorrentes de acometimentos no lado esquerdo.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Os bebês não possuem fechamento das fontanelas; por isso, eles podem ter
alterações de pressão intracraniana resultando no aumento do crânio. Os adultos possuem os
ossos unidos.
As crianças podem apresentar alterações ósseas no crânio.
Palpação: saliências e depressões
Percussão: sinal de Macewen = pote rachado – nas hipertensões intracranianas
infantis
Um crânio normal deve apresentar som maciço; em crianças com hipertensão
intracrania, o som é submaciço à percussão.
Ausculta: regiões mastoideas e frontais – fístulas arteriovenosas e hemangiomas
(neoformação vascular)
A presença de sopros na ausculta é consequência das fistulas arteriovenosas.
A presença de fístulas tem como consequência a ausculta de sop
Exame de Coluna
A avaliação da coluna deve ocorrer com o paciente em pé e sem camisa.
- Deformidades
- Desvios
- Gibosidade
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
- Limitação de movimentos
Deve-se pedir para o paciente caminhar (para frente, para trás, para os lados)
- Contraturas musculares paravertebrais
- Sensibilidade à pressão de processos espinhosos
Deve-se realizar a palpação da coluna, a partir da porção cervical até a lombar
- Dores localizadas
Deve-se descrever a dor
Fala
Deve-se observar a comunicação do paciente durante o exame físico
Alterações na respiração (ex.: paciente com ICC), fonação (ex.: laringite – a
estrutura está acometida e impede a fonação) e/ou articulação (articulações na face)
Também subordinada a dispositivos corticais de função de linguagem (afasias – é
decorrente de alteração no SNC)
Ou seja, alterações na fala podem ou não corresponder a lesões no SNC
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Fala
1. Alterações na fonação (disfonias, afonia)
Laringite aguda, tuberculose na laringe, neoplasias, paralisias de cordas vocais, ou
seja, são fenômenos locais que causam alteração na fonação e não possuem relação com o SNC
Disfonia corresponde à dificuldade na saída da voz, enquanto afonia corresponde à
ausência de voz.
2. Alterações na articulação (disartrias, anartria)
Disartria corresponde à dificuldade em falar, enquanto anartria corresponde à
ausência da fala.
- Lesões musculares que participam da articulação das palavras
Para a articulação correta das palavras, é necessário que a articulação, musculatura
e ossos envolvidos estejam íntegros
- Origem central (encefalopatias vasculares ou degenerativa – lesões no SNC) ou
de neurônio motor periférico (paralisia bulbar periférica, esclerose lateral amiotrófica).
Fácies – exemplos:
- Paralisia facial periférica ou central
- Espasmos faciais
Indicam lesão no Sistema Extrapiramidal
- Paralisias oculomotoras, sendo que o paciente apresenta ptose palpebral (queda da
pálpebra) e desvio do olhar para fora
Os nervos cranianos podem sofrer paralisia por causa de inflamação, neoplasia,
infiltração de parasitas, etc.
- Parkinsonismo
O paciente apresenta atitude características (posição passiva e lentificada) e fácies
inexpressivas (incapacidade de movimentar os músculos que dariam expressão facial de sua
situação psicológica).
- Síndromes hipercinéticas (tiques faciais, movimentos coreicos)
Indicam lesão no Sistema Extrapiramidal
Os movimentos coreicos são movimentos incoordenados e involuntários no corpo
todo.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
- Paralisia de Bell
Se o Sinal de Romberg for positivo, a queda do paciente pode ser para qualquer
lado (indicando lesão no cerebelo) ou sempre para o mesmo lado (indicando lesão no aparelho
vestibular – cai do mesmo lado que está lesionado).
A prova de Romberg é positiva nas labirintopatias, na tabes dorsalis, na
degeneração combinada subaguda e na polineuropatia periférica. Em algumas ocasiões,
sobretudo nas lesões cerebelares, o paciente não consegue permanecer de pé (astasia) ou o faz
com dificuldade (distasia), alargando, então, sua base de sustentação pelo afastamento dos pés
para compensar a falta de equilíbrio. Tais manifestações não se modificam quando se interrompe o
controle visual (prova de Romberg negativa).
Sinal de Romberg sensibilizado
Solicita-se ao paciente que fique em pé de frente para o observador, com um pé na
frente do outro e braços ao longo do corpo. Se houver alterações neurológicas, o paciente se
desequilibra e cai.
Dinâmico: avaliação da marcha
Prova de Babinski-Weil ou Marcha em Estrela
Solicita-se ao paciente que caminhe, com os olhos fechados, para frente e depois
para trás num percurso de, aproximadamente, 1,5m.
Em um indivíduo normal, não há desvio da marcha, pois o paciente consegue
caminhar em linha reta. Entretanto, em um indivíduo com alterações neurológicas (cerebelares
ou labirínticas), há desvio da marcha, assemelhando-se a uma estrela, pois o paciente perde a
noção do seu corpo em relação ao espaço.
Para avaliar o equilíbrio dinâmico, também pode se solicitar que o paciente marche
no lugar. Em casos de alterações labirínticas, o paciente irá marchar no lugar e rotacionar, sem
perceber.
Motilidade Automática
Marcha, fala, mímica, mastigação
1. Marcha
A marcha pode sofrer alterações pelas seguintes causas:
a) Afecções piramidais: marcha espástica uni ou bilateral (ex.: AVC)
b) Afecções extra-piramidais: caminhada vagarosa em bloco, cabeça e tronco
inclinados para frente, passos curtos (ex.: Parkinson)
c) Ataxias cerebelares: marcha ébria (incerta, titubeante), pernas afastadas (base
alargada)
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 19
PROPEDÊUTICA FÍSICA DO SNC
EXAME FÍSICO ESPECIAL - MOTILIDADE
A motilidade pode ser:
Voluntária (ex.: caminhar)
Automática (ex.: marcha)
Reflexa
Motilidade – Resumo
Alterações no tônus muscular
1. Hipotonia
Neuropatias periféricas, doenças radiculomedulares, doenças desmielinizantes
2. Hipertonia
a) Piramidal (espasticidade) – hemiplegias secundárias a AVC, escleroses
múltiplas, mielites e compressões medulares
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Motilidade Ativa
Deve-se pedir para o paciente executar os movimentos
Força Muscular
Paciente realiza movimento contra resistência oposta pelo examinador (ex.: flexão
dos braços em direção ao corpo ou esticar as pernas enquanto o observador realiza uma força
contrária)
Ou paciente executa o movimento, mantém os músculos contraídos e examinador
tenta desfazer a atitude assumida
Manobras Deficitárias – completam estudo da força
Deve-se pedir para que o paciente fique em posições específicas, avaliando se ele
possui força muscular ou não para sustentar a posição por alguns instantes.
Se presentes, indicam déficit dos motoneurônios do sistema piramidal
As manobras deficitárias podem ser em membro inferior ou membro superior, sem
apresentar, necessariamente, positividade em ambos.
Manobra de Mingazzini
Estando o paciente em decúbito dorsal, o médico pede para que ele dobre as pernas
e permaneça alguns segundos nessa posição.
A manobra é negativa se o paciente consegue ficar com as pernas dobradas. Por sua
vez, a manobra é positiva se o paciente não consegue ficar com as pernas dobradas,
apresentando fraqueza muscular e queda das pernas.
Tal manobra também pode ser realizada com os membros superiores, na qual o
médico pede para que o paciente eleve os braços e permaneça assim alguns segundos. A
manobra será negativa se o paciente permanecer com ambos braços elevados e será positiva se
os braços caírem.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Manobra de Raimiste
Estando o paciente em decúbito dorsal, o médico
pede para que ele levante os antebraços, em um ângulo de 90º
com o plano horizontal, e permaneça alguns segundos nessa
posição.
A manobra é negativa se o paciente consegue ficar
com os antebraços elevados. Por sua vez, a manobra é positiva
se o paciente não consegue ficar com os antebraços elevados,
resultando na queda dos mesmos.
Pode-se pedir ao paciente para realizar as manobras com os olhos fechados.
Manobra de Barré
Estando o paciente em decúbito ventral, o médico pede para que ele dobre as pernas
e permaneça alguns segundos nessa posição.
A manobra é negativa se o paciente consegue ficar com as pernas dobradas. Por sua
vez, a manobra é positiva se o paciente não consegue ficar com as pernas dobradas,
apresentando fraqueza muscular e queda das pernas.
A manobra de Barré pode ser positiva bilateralmente, em casos de alterações da
coluna que afetam ambos lados do corpo, ou unilateralmente, em casos de AVC.
Indivíduos que tiveram AVC podem apresentar manobra de Barré positiva, se
possuírem sequelas, ou negativa, se tiverem se recuperado.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Prova index-nariz (o paciente encosta a ponta do dedo, de mãos alternadas, na ponta do nariz)
AULA 20
PROPEDÊUTICA FÍSICA DO SNC
Motilidade Involuntária
Movimentos que não obedecem à vontade e à consciência
Normais: desencadeados por estímulos em neurônios periféricos aferentes
(reflexos miotáticos)
Para a avaliação dos reflexos (ex.: reflexo patelar), o paciente deve estar relaxado
e, para isso, algumas distrações podem ser utilizadas, como pedir para o paciente fazer força
nas mãos enquanto olha para cima.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Tiques
São distúrbios dos movimentos que se caracterizam por serem abruptos,
repetitivos, difíceis de controlar ou involuntários e sem objetivo.
Extremamente variáveis na forma e na frequência com que se apresentam.
Costumam ter relação com o estado emocional do indivíduo.
Ex: piscar os olhos repetitivamente de maneira incontrolável, rotações de cabeça
rápidas, repetitivas, contrações ou rotações de ombros e membros superiores, ruídos de garganta
(“limpando a garganta”), tosse repetitiva, Síndrome de Tourette
Tremor
São movimentos oscilatórios e involuntários resultantes da contração alternada de
grupos musculares opostos (agonistas – antagonistas)
Tremor de repouso: surge com o relaxamento e diminuem ou desaparecem com
a atividade muscular - parkinsonismo
Esse tipo de tremor melhora com a movimentação e piora ao interromper o
movimento.
Tremor de intenção: surge com o movimento e aumenta quando o indivíduo está
prestes a alcançar o objetivo - cerebelar
Esse tipo de tremor surge com a movimentação.
Tremor essencial: característico em idosos; não se sabe a causa, mas
provavelmente é decorrente de fenômenos degenerativos
Asterixes ou Flapping
Característico da insuficiência hepatocítica
Fasciculações
São movimentos de contração finos, rápidos de um feixe ou fascículo de fibras
musculares, sendo variáveis em intensidade e extensão.
Ocorrem no estado de repouso e podem ser precipitadas por fadiga, frio, tensão
muscular ou atividade leve.
O movimento pode ser visto através da pele e ocorre devido a lesões nos neurônios
do corno anterior da coluna ou dos núcleos motores do tronco.
As fasciculações podem ser observadas em crianças com paralisia cerebral,
indivíduos com AVC e intoxicação.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Reflexos Profundos
São reflexos normais.
Na prática clínica, os reflexos em membros superiores e membros inferiores são os
mais identificados.
Face: orbicular das pálpebras, orbicular dos lábios, mandibular.
Membros superiores: biceptal, triceptal, estilorradial, pronadores das mãos,
reflexos dos dedos – Hoffmann (este é pouco evidente em condições normais).
Sensibilidade
Conclusões dependem das informações prestadas pelo paciente, sendo uma
limitação do exame físico
Olhos fechados para que o paciente tenha mais precisão nas informações fornecidas
- Sensibilidade Superficial ou Exteroceptiva
Tátil
Deve-se verificar se o tato do paciente está preservado (ex.: pegar o lençol, uma
caneta)
Dolorosa
Deve-se utilizar uma agulha de borda romba
Temperatura
Deve-se utilizar um objeto gelado e um objeto quente
Obs.: Paciente diabéticos possuem neuropatia periférica sensitiva – “lesão em luva
e bota” (não tem sensibilidade nas mãos e nos pés, que são partes mais distais do corpo)
- Sensibilidade Profunda ou Proprioceptiva
Noção de posição dos segmentos corpóreos e noção dos movimentos passivos
Em uma das manobras utilizadas: movimentos do hálux.
Primeiramente, o observador deve movimentar o hálux do paciente e informar as
posições; posteriormente, o observador movimenta o hálux do paciente (que deve estar com os
olhos fechados) e o questiona sobre isso.
Sensibilidade vibratória: diapasão
Sensibilidade barestésica (pressão profunda): pressão progressiva com um objeto
rombo
Sensibilidade dolorosa à compressão profunda de massas musculares
Sensibilidade estereognóstica: capacidade de reconhecer objetos pela palpação
AULA 21
NERVOS CRANIANOS
Nervos Cranianos
I – Nervo Olfatório
Hiper, hipo ou anosmia
Utiliza informações fornecidas pelo paciente. O examinador deve questionar se o
paciente sente o cheiro das substâncias (não podem ser voláteis).
II – Nervo Óptico
Acuidade visual
Campos visuais – realização do exame de campo visual
Fundoscopia – exame do fundo de olho
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Amaurose = cegueira
Deve-se questionar ao paciente quais partes do campo visual ele não enxerga (pode
apresentar alterações apenas de um lado, bilaterais, em quadrantes), a fim de localizar a lesão.
Macroadenoma hipofisário causa compressão do nervo óptico e,
consequentemente, alterações do campo visual.
Fundoscopia normal
V – Nervo Trigêmeo
Sensibilidade da face (territórios oftálmico,
maxilar e mandibular – respectivamente 1, 2 e 3 na foto ao
lado) e das mucosas (conjuntival, nasal e bucal)
Reflexo córneo-palpebral
Deve-se aproximar um algodão à córnea do
paciente, o qual terá o reflexo de fechar os olhos (nervo
facial – NC VII) e lacrimejar (nervo trigêmeo – NC V)
Obs.: A inervação da face é realizada pelos nervos trigêmeo e facial.
Motilidade: músculos mastigadores (masseteres, temporais, pterigoideos lateral e
medial)
Observar desvios da mandíbula (desvia para o lado que está funcional) ou
dificuldades em sua lateralização
Alterações: herpes zoster, traumatismos, neoplasias – essas condições provocam
alterações nos ramos do N. trigêmeo
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
IX – Nervo Glossofaríngeo
Gustação do terço posterior da língua
Eventual disfagia
Sensibilidade da faringe e palato
mole
Secreção salivar (glândula parótida)
Para avaliação do nervo
glossofaríngeo, deve-se verificar a motilidade do
palato e questionar o paciente sobre a gustação.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
X – Nervo Vago
É responsável pela inervação de diversas estruturas.
Motilidade do palato mole, faringe e laringe
Reflexo do vômito, tosse
Sensibilidade da faringe e traqueia
Causa também distúrbios na articulação das palavras e na deglutição.
Para avaliação da deglutição, deve-se pedir para o paciente beber água. Em idosos,
pode haver dificuldade por causa de comprometimento da musculatura, e não por lesão do nervo
vago.
Para avaliação do reflexo do vômito, deve-se provocar náusea no paciente, ao
encostar a espátula na úvula.
XI – Nervo Acessório
Essencialmente motor
Inerva os músculos esternocleidomastoideo e porção superior do trapézio
Para avaliação do musculo
esternocleidomastoideo, o paciente deve
virar a cabeça enquanto o observador aplica
uma força contrária. Para avaliação do
músculo trapézio, o paciente deve elevar os
ombros enquanto o observador aplica uma
força contrária.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 22
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E PROPEDÊUTICAS DAS DOENÇAS
DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
SÍNDROMES MOTORAS CENTRAIS
- Piramidais
- Extrapiramidais
SÍNDROME PIRAMIDAL
Comprometimento da motilidade voluntária por interrupção da via
corticoespinhal
SÍNDROME PIRAMIDAL
Existem dois tipos de síndromes: síndrome piramidal deficitária e síndrome de
liberação piramidal.
Síndrome Piramidal Deficitária
Ex.: AVC (logo após o quadro clínico)
Paralisia ou paresia
Hipotonia
Arreflexia profunda (reflexos profundos ausentes) e diminuição ou arreflexia
superficial (reflexos superficiais diminuídos ou ausentes)
Síndrome de Liberação Piramidal
Ex.: AVC (quadro clínico bem estabelecido)
Paralisia ou paresia/sincinesias (movimento involuntário produzido em um membro
paralisado quando se move o membro oposto)
Hipertonia/espasticidade
Hiperreflexia profunda (reflexos profundos exacerbados) e abolição dos reflexos
superficiais
Sinal de Babinski
NEOPLASIAS CEREBRAIS
10% das neoplasias em geral
80% no encéfalo
Idosos – predominância de meningiomas (células com comportamento benigno,
mas, às vezes, devido à sua localização adquire comportamento maligno – ex.: meningioma
próximo ao centro respiratório), adenomas de hipófise, glioblastomas e metástases (não são
neoplasias primárias do cérebro)
Para neoplasias no sistema nervoso central, a característica comportamental do
tumor e seu local de desenvolvimento são fundamentais na relação com o prognóstico do caso.
Jovens – oligodendromas
Crianças: astrocitomas, entre outros
Classificação segundo características histológicas - observação clínica do
comportamento tumoral e desenvolvimento do SNC
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 23
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E PROPEDÊUTICAS DAS DOENÇAS DO
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
SÍNDROMES MOTORAS CENTRAIS
- Piramidais
- Extrapiramidais
SÍNDROME EXTRAPIRAMIDAL
Alterações da motilidade automática e do tônus muscular
Não harmonização das atividades motoras – aparecimento de movimentos
involuntários, anormais, espontâneos (hipercinesias)
O sistema extrapiramidal é formado pelo tálamo, cerebelo e gânglios da base
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
SÍNDROME EXTRAPIRAMIDAL
Filogeneticamente mais primitivo que o sistema
piramidal
Corresponde a um conjunto de estruturas
anatômicas envolvidas no controle motor,
particularmente no que se refere ao planejamento e
coordenação de atividades motoras complexas.
SÍNDROME EXTRAPIRAMIDAL
TÁLAMO
Funciona basicamente como um relé, integrando diferentes estruturas do sistema
extrapiramidal com o córtex motor
As enfermidades que mais frequentemente cursam com comprometimento talâmico são
as lesões vasculares (AVC) e tumorais
Dependendo da localização da lesão: déficit de atenção (pode possuir diversas causas,
por isso, deve-se analisar qual a associação mais forte), acinesia (alterações motoras),
alterações de linguagem por não ter coordenação, amnésia, hemianestesia (alterações
sensitivas), dor, defeitos no campo visual (proximidade do tálamo com o NC II), coma
(dependendo da lesão e do edema, pode evoluir para coma).
CEREBELO
Sequencia, monitora, refina, faz ajustes das atividades motoras e termina os
movimentos, mas não os inicia diretamente.
Os movimentos são iniciados pelo sistema piramidal.
Lesões cerebelares têm como principal sintomatologia a incoordenação motora,
podendo, inclusive, limitar o paciente em afazeres diários.
- Astasia: dificuldade para se manter em pé por causa da incoordenação motora,
sensação rotatória e não sentir adequadamente o corpo no espaço. O paciente mantém a base de
sustentação alargada e apresenta tendência de queda multidirecional.
- Abasia: dificuldade para marcha, a qual se apresenta de forma ebriosa.
- Dismetria: paciente não consegue atingir um alvo, executando movimentos
inapropriados que podem tanto ser interrompidos antes como depois do almejado.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
GÂNGLIOS DA BASE
Estruturas responsáveis pela execução de padrões da atividade motora, controle
cognitivo das sequências de padrões motores e auxiliam na alteração da cronologia e
graduação da intensidade de movimentos.
As disfunções dos gânglios da base podem ser divididas em:
1-) Síndrome Hipocinética (Parkinsonismo)
Comprometimento da substância negra pars compacta → redução da atividade do
neostriado sobre as vias de saída direta e indireta → redução da estimulação cortical (córtex
efetua os movimentos) → bradicinesia (movimentos lentificados)
Quadro clínico: bradicinesia, hipertonia plástica, tremor de repouso de baixa frequência
e elevada amplitude, instabilidade postural.
Obs.: Nem todos os indivíduos que tem Parkinsonismo tem a doença de Parkinson
Síndrome hipocinética: redução da atuação da substância negra
2-) Síndromes Hipercinéticas (Coréia, Balismo, Distonia e Atetose)
Comprometimento dos neurônios do neostriado que tem o GABA (ácido gama
amino butírico) e a encefalina como neurotransmissores
→ diminuição da atividade inibitória do complexo pálido medial/substância
negra pars reticulata sobre o tálamo
→ hiperatividade das projeções do tálamo sobre o córtex
Síndrome hipercinética: aumento da atuação da substância negra (não é inibida)
com hiperestimulação para realizar movimentos
AULA 24
SÍNDROMES NEUROLÓGICAS
SÍNDROME DE HIPERTENSÃO INTRACRANIANA
Pressão normal = 10 a 20cm de H20 (medida pela coleta de líquor ou diretamente
por um sensor colocado dentro do crânio).
Exteriorização aguda ou lenta (a pressão intracraniana pode aumentar de forma
abrupta ou vagarosa), dependendo da etiologia.
Causas de aumento da pressão:
Aumento da massa cerebral (ex: tumores) ou da pressão arterial
Bloqueio do fluxo venoso
Bloqueio na circulação ou reabsorção do líquor
Presença de sangue na intimidade do parênquima nervoso (ex: AVC hemorrágico)
ou no espaço subaracnóideo (por traumatismos, quedas, batidas da cabeça) e demais espaços.
Portanto, as causas mais comuns são: tumores, abscessos, meningites, hemorragias,
traumatismos (com ou sem hematoma), tromboflebite cerebral, neurocisticercose.
- Vertigens
Não são muito frequentes
Surgem na movimentação abrupta da cabeça
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
- Edema de papila
A papila corresponde ao local de inserção do nervo óptico.
Especialmente em fases iniciais
Geralmente bilateral
Pode ser assimétrico
Evolução determina a atrofia do nervo óptico (II) – amaurose definitiva
À fundoscopia: desaparecimento do pulso venoso, turgência venosa, focos
hemorrágicos.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
NEUROCISTICERCOSE
Infecção parasitária mais comum do sistema
nervoso central
Deflagrada por fatores como ingestão de água
e/ou alimentos contaminados, como consequência de
condições higiênicas ambientais e pessoais precárias do
meio
Gerada somente quando houver a ingestão de
ovos da Taenia solium (hospedeiro intermediário: porco)
Habitualmente caracteriza-se por múltiplas lesões no SNC
Quando uma única lesão está presente, ela pode ser facilmente confundida com uma
neoplasia primária
Intenso processo inflamatório nos tecidos atingidos
No espaço subdural: dificultada a absorção do líquido cefalorraquiadiano (LCR)
No plexo coroide ou na parede ventricular: obstrução ao fluxo liquórico –
hidrocefalia
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
SÍNDROME MEDULAR
Síndrome medular pode ser causada por traumatismos, neoplasias e
neurocisticercose.
Lesão medular: condição de insuficiência parcial ou total do funcionamento da
medula espinhal, decorrente da interrupção dos tratos nervosos motor e sensorial desse
órgão, podendo levar a alterações nas funções motoras e déficits sensitivos, superficial e
profundo nos segmentos corporais localizados abaixo do nível da lesão, além de alterações
viscerais, autonômicas, disfunções vasomotoras, esfincterianas (anal e vesical), sexuais e
tróficas
Manifestações clínicas: dependerão do nível e grau da lesão
Classificação quanto ao grau:
- Completas: perda sensitiva e paralisia motora total abaixo do nível da lesão
devido à interrupção completa dos tratos nervosos
- Não completas (mais comum na hipertensão intracraniana): estão preservados
grupos musculares e áreas sensitivas que não foram afetadas
AULA 25
SÍNDROMES MENÍNGEAS
Meninges
Constituídas pela dura-máter, aracnoide e pia-máter. Há o espaço subaracnóideo
entre pia-máter e aracnoide. A meninge se estende da parte craniana até a parte da medula
espinhal.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
SÍNDROME MENÍNGEA
Não é sinônimo de meningite.
Processo irritativo causado por infecção (meningite) ou hemorragia (meníngea ou
subaracnóidea).
Na hemorragia: quadro de instalação súbita.
Na meningite: instalação rápida (purulentas) ou instalação gradativa (não
purulentas, ou seja, não bacterianas).
MENINGISMO
Corresponde à irritação das meninges, sem ser necessariamente por infecção.
Nem todos os pacientes que tem meningismo, tem meningite; mas praticamente
todos os pacientes que tem meningite, tem meningismo.
Cefaleia
Fotofobia
Rigidez de nuca
Se há meningite associada ao menigismo, o paciente apresenta a tríade de
meningismo (cefaleia, fotofobia, rigidez de nuca), além de febre, vômitos não precedidos por
náuseas, dor muscular, sonolência, confusão mensal, entre outros.
MENINGITES
Corresponde à inflamação das meninges.
Processo inflamatório do espaço subaracnóideo e das membranas leptomeníngeas
(aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal
Causadas por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos, dentre
outros, e agentes não infecciosos (ex: traumatismos – pequenos traumas são perigosos, pois
podem causar pequenos sangramentos que causam inflamação das meninges)
As meningites tuberculosa e fúngica podem apresentar uma evolução mais lenta, de
semanas ou meses, tornando difícil o diagnóstico de suspeição.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Meningites virais:
São as meningites mais comuns e podem ser causadas por diversos vírus.
Agentes: HIV, herpes vírus tipo 2, vírus da varicela
Quadro clínico semelhante ao das demais meningites agudas
Exame físico: bom estado geral associado à presença de sinais de irritação
meníngea.
Em geral, o restabelecimento do paciente é completo, mas, em alguns casos, pode
permanecer alguma debilidade, como espasmos musculares, insônia e mudanças de
personalidade.
A duração do quadro é geralmente inferior a 1 semana.
“Viragem”: é comum uma meningite viral debilitar o sistema imune, permitindo
uma invasão bacteriana que resulta em uma meningite bacteriana; ou seja, a meningite pode
“virar” quando sua origem inicial era viral e passa a ser bacteriana.
Meningites bacterianas:
N.meningitidis, H.influenzae e S.pneumoniae podem limitar-se à nasofaringe ou
evoluir para septicemia ou meningite.
Principais complicações: perda da audição, distúrbio de linguagem, retardo mental,
anormalidade motora e distúrbios visuais
O quadro clínico envolve meningismo e pode evoluir para sepse.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
AULA 26
PROPEDÊUTICA DA COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral possui quatro curvaturas: cervical, torácica, lombar e sacral.
Inspeção
Paciente de pé com os MMSS (membros superiores) ao longo do corpo
MMII (membros inferiores) com as bordas dos pés justapostas
Iluminação homogênea
Verificação das faces do corpo
- Posterior: postura dos pés, pernas, coxas, bacia e toda a coluna
- Anterior: desvios de cabeça, ombros, desvio dos ossos ilíacos, justaposição das
coxas-joelhos-pernas-pés, projeção das rótulas
Observador a 2 ou 3 metros de distância
Inspeção
Estática de pé, posição genulopalmar e dorsal/marcha
Verificação da postura normal ou viciosa
Exploração dos movimentos de cabeça e tronco
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Palpação
Finalidades:
Comprovar a mobilidade dos diversos segmentos: mão espalmada nas regiões
correspondentes na posição ereta, genupalmar e marcha
Zonas de hiperestesias cutâneas:
- Deslizamento das polpas digitais sobre a pele
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Sinal de Tinel
Detecção de nervos irritados
Percussão sobre o nervo para
desencadear uma sensação parestésica na
distribuição nervosa
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Manobra de Phalen
Solicita-se ao paciente que mantenha os punhos em flexão completa e forçada
(empurrando as superfícies dorsais de ambas as mãos juntas) por 30-60s.
Essa manobra possui o efeito de prensar o nervo mediano entre a borda proximal
do ligamento transverso do carpo e a borda anterior da porção distal do rádio.
Sinais: dor, queimação.
AULA 26
SISTEMA LOCOMOTOR
PROPEDÊUTICA FÍSICA DO APARELHO LOCOMOTOR
Elementos Primordiais para as funções do aparelho de Sustentação e
Locomoção
Sistema nervoso
- Centros medulares e encefálicos
- Raízes nervosas
- Reflexos proprioceptivos, de ação motora e sensitiva
Músculos
- E suas inserções
Sistema esquelético e articulações
- Ossos
- Cartilagem articular
- Articulações
A integridade desses sistemas é fundamental para que o movimento seja harmônico.
Um paciente com sequela de AVC dificilmente permanece com sua musculatura íntegra, ou
seja, um comprometimento do sistema nervoso (AVC) leva ao comprometimento do sistema
muscular (musculatura hipotônica e hipotrófica).
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
b) Deformações localizadas
Após a inspeção das deformações de uma forma geral, observa-se as deformidades
localizadas em regiões específicas.
- Fraturas
Em alguns tipos de fraturas, os pacientes apresentam posturas características.
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Percussão
- Pesquisa da dor
- Percussão direta nas superfícies ósseas com o dedo médio da mão ou com martelo
de percussão
A percussão é facilmente realizada em locais nos quais o osso está em contato com
a pele, como coluna, clavícula, ossos das mãos.
Dor generalizada: doenças sistêmicas como mieloma múltiplo, leucemia aguda
O paciente se queixa de dor em todos os ossos; não há dor em um osso específico.
As neoplasias podem gerar dor se invadirem o periósteo.
Dor localizada: abscessos, tumores, osteomielite
O paciente se queixa de dor em um osso específico e na região em torno dele.
Pode estar relacionada a processos inflamatórios locais ou neoplasias.
Dentre os exames subsidiários utilizados para a avaliação dos ossos, o mais comum
é a radiografia.
Mieloma múltiplo
Os pacientes podem apresentar acometimento do crânio e da bacia, causando, então,
fraturas patológicas (fratura sem que haja trauma pregresso).
Pele
Deve-se analisar a pele em busca de processos inflamatórios.
- Coloração
- Consistência
- Temperatura
- Edema
- Dor à palpação e movimentação espontânea
Raissa Cardoso e Silva – Turma 57
Medicina PUCCAMP
Aumento de volume
a) Edema inflamatório periarticular
Presença de sinais inflamatórios
Crepitação
- Fina, bem percebida nas linhas interarticulares pela palpação digital
- Bem perceptível nos joelhos nos movimentos de flexão e extensão
O líquido sinovial tem como função evitar o atrito entre as superfícies ósseas.
Estalido
- Dedos das mãos e dos pés: considerados normais
- Quando há calcificação de ligamentos e tendões
Musculatura
- Atrofia
Doenças crônicas, como artrite, apresentam limitação dos movimentos, resultando
em atrofia muscular associada.
- Estado de contratura
A contratura da musculatura pode ser decorrente de trauma (ex.: entorse) ou não
(ex.: história clínica de rigidez matinal – deve-se questionar durante a anamnese).
Rigidez matinal – comprometimento difuso de músculos, tendões e ligamentos após
algumas horas de imobilização durante o sono – doenças reumáticas
Nas doenças reumáticas, conforme o paciente vai se movimentando, há melhora da
rigidez.
Nódulos
- Heberden
- Bouchard
- Tofos (artrite úrica – gota): nódulos duros, assimétricos
Na gota, há precipitação de ácido úrico na articulação.
Tofo gotoso