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REFLUXO

GASTROESOFÁGICO E
DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO EM
PEDIATRIA

PROFESSORA PATRÍCIA LUIZARI ESCOBOZA


DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA – UNOESTE – HRPP
Barreira antirefluxo e fatores envolvidos na Etiopatogenia da DRGE

Alterações na Menor resistência da mucosa esofagiana


deglutição PGE, citocinas

Clearence esofagiano
alterado

Esfincter inferior do esôfago Ângulo de Hiss


Controle neurológico
alterado ou aumento do
relaxamentos transitórios –
ação de medicamentos

Esôfago intra-abdominal

roseta gástrica

Fatores
Retardo no esvaziamento genéticos,exercícios,
Aumento da pressão postura, alergia, consumo
gástrico
abdominal
de álcool e cigarro,
sobrepeso, stress
REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE) E DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO(DRGE) NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

• Definição – RGE consiste na passagem do conteúdo gástrico para o esôfago, com ou sem
exteriorização em forma de regurgitação e/ou vômito.
• É a condição que mais comumente acomete o esôfago e uma das queixas mais frequentes
em consultórios de pediatria.

• Evento fisiológico normal que ocorre em todos os indivíduos, principalmente em


lactentes, nos quais se resolvem espontaneamente até os 2 anos de idade, na maioria dos
casos.

J. Pediatr Gastroenterol Nutr 2018;66(3):516-54.


REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE) E DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO(DRGE) NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

• No lactente, é muito frequente o RGE fisiológico acompanhar-se de regurgitações ou


“golfadas” que não se associam a redução no ganho de peso ou outras manifestações
clínicas.
• Distúrbio funcional gastrintestinal transitório e depende da maturidade funcional do
Aparelho Digestório no primeiro ano de vida (ROMA IV).

J. Pediatr Gastroenterol Nutr 2018;66(3):516-54.


REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE) E DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO(DRGE) NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

• Fisiológico ou “happy spitter”


• Comum nos primeiros meses de vida
Critérios de ROMA IV
• 1- 2 ou mais episódios diários de regurgitação por pelo menos 3 semanas
• 2- ausência de náuseas, hematêmese, aspiração, apnéia, déficit de ganho ponderal, dificuldade para
alimentação.

• Sem outros sintomas ou complicações associadas


• Diminuição dos sintomas em torno dos 6 meses (dieta / postura)
• Não necessita de investigação complementar
REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE) E DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO(DRGE) NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

• DRGE – caracterizada quando o RGE causa manifestações clínicas de gravidade variável


associadas ou não a complicações, que se associam a morbidade e alterações da qualidade
de vida do paciente.
• Os sintomas da DRGE variam de acordo com a idade do paciente e a presença de
complicações ou de comorbidades.

J. Pediatr Gastroenterol Nutr 2018;66(3):516-54.


REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE) E DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO(DRGE) NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

TRATAMENTO CONSERVADOR (RGE x DRGE)

• Orientações dietéticas –
• Leite materno livre demanda (pega, sucção nutritiva)
- Evitar refeições volumosas
- Dieta espessada – diminuem a regurgitação visível – efeito terapêutico nos pacientes com
RGE que apresentem vômitos ou regurgitações.
- Cuidado com a ingestão excessiva de calorias ( espessamento da dieta caseira)
REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE) E DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO(DRGE) NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

TRATAMENTO CONSERVADOR (RGE x DRGE)

• Orientações de postura

Posição – vertical pelo período de 20-30 minutos após a mamada ( esvaziamento gástrico e
eructação)
- Períodos de sono – decúbito dorsal com elevação entre 30-40°
- Risco de morte súbita – decúbito lateral e/ou prona
REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE) E DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO(DRGE) NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

TRATAMENTO CONSERVADOR (RGE x DRGE)

• Fórmulas AR ( anti-regurgitação)
- Espessadas com carboidratos digeríveis à base de arroz, milho, batata ou carboidratos não
digeríveis ( alfarroba/jataí)
- O espessamento pode reduzir o número de episódios de refluxo e volume dos mesmos,
porém não exercem efeito importante nos índices de refluxos ácidos.
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO(DRGE) NA
CRIANÇA E NO ADOLESCENTE

• Os principais sintomas já são mais facilmente identificados pela verbalização das crianças
maiores.
• Quadro clínico:
- Dor abdominal de localização epigástrica
- Queimação e pirose retroesternal
- Náuseas e sensação de plenitude pós prandial
- Manifestações extra-esofágicas como respiratórias e otorrinolaringológicas
Continua.....
Continuação – Algoritmo de tratamento para crianças e adolescentes com sintomas típicos de DRGE
DRGE – EM CRIANÇAS MAIORES/ADOLESCENTES –
FENÓTIPOS DE ACORDO COM PH-METRIA OU PH-
IMPEDÂNCIOMETRIA

• Definições-
- NERD: Endoscopia normal e exposição ácida esofágica ANORMAL

- Hipersensibilidade esofágica: exposição ácida normal, com correlação com sintomas

- Azia funcional : exposição ácida NORMAL, sem correlação com sintomas


TRATAMENTO MEDICAMENTOSO – DRGE

- “GRANDES DISCUSSÕES”
• Antiácidos de contato, ou citoprotetores de mucosa –
• Prócinéticos
• IBPs – diminuem a secreção ácida
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO EM DRGE

Procinéticos – DOMPERIDONA
- Droga dopaminérgica que exerce efeito procinético moderado.
- Efeitos colaterais frequentes: cólicas, irritabilidade e prolongamento do intervalo QT no
ECG.
RESERVADO PARA CASOS SELECIONADOS, ESPECIALMENTE AQUELES QUE
CURSAM COM BRADIGASTRIA, POR CURTO INTERVALO DE TEMPO E SOB
SUPERVISÃO MÉDICA
- CONSENSO ATUAL – 2018 – SUGERE NÃO UTILIZAR PROCINÉTICOS NO
TRATAMENTO DE DRGE EM PEDIATRIA
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO - DRGE

Procinéticos - Metoclopramida/Bromoprida
- Ação – acelera o esvaziamento gástrico, aumenta a pressão do EEI.
- Efeitos colaterais – irritabilidade, sonolência excessiva e sinais de liberação extra-
piramidal.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO – DRGE

Alginatos
- Promovem proteção física contra o ácido na mucosa gástrica, formando um precipitado
viscoso que reveste a superfície mucosa.
- Efeito protetor é limitado por tempo curto
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO – DRGE

Antagonistas do receptor de histamina H2 – ranitidina e cimetidina


- Inibem o receptor H2 das células parietais gástricas
- Dose de até 5mg/kg a cada 12/12 horas – risco de taquifilaxia
- Nos casos de esofagites erosivas, as taxas de cicatrização são inferiores às obtidas com os
IBP
- Excluída do mercado – ranitidina – era mais utilizada por possuir apresentação líquida
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO – DRGE

Inibidores de bomba de prótons


- Indicações : →esofagite erosiva
→ estenose péptica do esôfago
→ esôfago de Barret
→ DRGE em pctes neurológicos ou com doenças respiratória crônica
associada à DRGE
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO – DRGE

Inibidores de bomba de prótons


- Omeprazol, Esomeprazol, Lanzoprazol, Pantoprazol, Rabeprazol e Dexlansoprazol –
FDA libera após 1 ano de vida.
- Omeprazol a partir do primeiro mês de idade desde que apresentem quadro comprovado de
esofagite.
- DIFICULDADES – APRESENTAÇÃO EM GRÂNULOS OU COMPRIMIDOS
REVESTIDOS POR INVÓLUCRO ÁCIDO RESISTENTE –ao alcançar o duodeno, este
revestimento desintegra-se no meio alcalino liberando o princípio ativo.
- Soluções liquidas manipuladas não conferem estabilidade
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO – DRGE

Inibidores de bomba de prótons


- Omeprazol comprimido dispersível –MUPS ( multiple unit pellet system) microgrânulos
ácido-resistentes e em meio liquido se dispersam facilmente para ser administrado via oral
ou por sonda.
- Redução gradual, evitando-se efeito rebote- devido níveis elevados de gastrina, mantém
por um tempo estímulos de aumento de secreção ácida pelas células parietais.
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA – DRGE

“Exame ideal “
documentar a ocorrência de RGE, detectar suas
complicações, estabelecer uma relação causa-efeito entre
RGE e sintomas.
SEED( SERIOGRAFIA/RX CONTRASTADO) +
ESTUDO DINÂMICO DA DEGLUTIÇÃO

• SEED + Estudo Dinâmico da Deglutição


• Detecta anormalidades anatômicas
• Estuda: deglutição/ peristaltismo esofágico
• Desvantagem: Estuda o período pós prandial (Falso positivo) e por curto período de
tempo (Falso negativo)
CINTILOGRAFIA GASTROESOFÁGICA

• Cintilografia Gastroesofágica
• Pouco invasivo
• Estuda: esvaziamento gástrico e microaspirações pulmonares
• No Último Guideline ( 2018) – SUGERE NÃO USAR
CINTILOGRAFIA PARA O DIAGNÓSTICO DE DRGE EM
LACTENTES E CRIANÇAS.
ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA

• A ausência de esofagite à endoscopia não exclui a DRGE


• Desvantagem: invasivo
• Diagnóstico diferencial com outras doenças pépticas e não pépticas, como esofagite
eosinofílica, esofagite fúngica, úlcera duodenal, gastrite por H. pylori
PHMETRIA DE 24 HORAS

• Altamente sensível e específico, documenta a acidificação do esôfago por


tempos prolongados
• Possibilita relacionar quadro clínico com alterações do pH esofágico
Indicações- correlacionar com sintomas ocasionados pelo ácido, para
esclarecer o papel do ácido na etiologia da DRGE e da esofagite e para
determinar a eficácia da supressão ácida
IMPEDANCIOMETRIA INTRALUMINAL
ESOFÁGICA
• Detecta o movimento do conteúdo intraluminal, tanto sólidos, líquidos ou gasosos, identificando
refluxos ácidos, fracamente ácidos e não ácidos
• Não definição dos padrões de normalidade para as diferentes faixas etárias
• Indicações- relacionar sintomas com refluxo ácido e
não ácido na etiologia da esofagite; para determinar a eficácia
da terapêutica ácida e, principalmente para diferenciar NERD,
de esôfago hipersensível e de azia funcional, naqueles com EDA
normais.
TRATAMENTO CIRÚRGICO - DRGE

Indicado:
- nos casos graves e refratários ao tratamento clínico
- Naqueles que necessitam tratamento medicamentoso contínuo e em casos de grande
hérnia hiatal ou esôfago de Barret
- Complicações que ameaçam a vida
- Condições crônicas – fibrose cística, neuropatas com riscos de complicações

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