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Terapia Nutricional nas

Doenças do Esôfago

Profa. Dra. Ana Paula Bazanelli


Disciplina de Dietoterapia I
Introdução
Ø Esôfago
Introdução

§ Órgão de formato tubular, com cerca de 20 cm de


comprimento e 2 cm de diâmetro;

§ Dividido em esfíncter superior, corpo e esfíncter


inferior (EEI);

§ Funções: transporte (peristalse) e produção de muco;

§ Os movimento de peristalse respondem ao processo


de deglutição;

§ EEI ⇒ em repouso: fechado


na deglutição: aberto
Introdução

§ Os principais comprometimentos do esôfago são:

- Alterações no funcionamento: disfagia, acalasia, doença do


refluxo gastroesofágico (DRGE), hérnia de hiato;

- Inflamação: esofagite por ação química, física ou


microbiológica;

- Obstrução: câncer ou tumor;

- Estenose: estreitamento do diâmetro esofágico, de origem


congênita ou adquirida OU devido à ingestão (acidental ou
proposital) de substâncias químicas, denominada estenose
cicatricial.
Acalasia Esofágica
Acalasia Esofágica

• Distúrbio da motilidade do esôfago inferior à


falência do esfíncter esofágico interior (EEI) para
relaxar e abrir durante a deglutição, resultando em
DISFAGIA;

• “dificuldade em relaxar” ⇒ relaxamento incompleto


do esfíncter esofágico inferior (EEI) em resposta à
deglutição.

Obstrução funcional do esôfago, com dilatação


consequente de sua porção mais proximal.
Obstrução da passagem de alimentos para o estômago
Acalasia Esofágica
Acalasia Esofágica

- Dificuldade para alimentação ⇒ prejuízo do estado


nutricional – comum a desnutrição;

- Avaliação do estado nutricional: indicadores


antropométricos + bioquímicos + análise do consumo
alimentar
Acalasia Esofágica

Objetivos da Terapia Nutricional

- Adaptar a dieta ao grau de disfagia;

- Proteger a mucosa esofágica;

- Atender às necessidades nutricionais

- Manter e/ou recuperar um estado nutricional


adequado.
Acalasia Esofágica

Características da dieta/
Recomendações nutricionais

- Dieta hiperproteica e hipercalórica ⇒ recuperação


nutricional;

- Via oral dependerá do grau de disfagia ⇒ normalmente


necessária dieta líquida;

- Via enteral ⇒ disfagia inclusive aos líquidos;

- Fracionada e de volume reduzido (até 200 mL);

- Evitar temperaturas extremas;


Acalasia Esofágica

Características da dieta/
Recomendações nutricionais

- Evitar alimentos que podem irritar a mucosa do


esôfago: sucos e frutas ácidas, condimentos e
especiarias picantes;

- Evitar alimentos em pedaços e secos devido ao risco


de aspiração;

- Não deitar após as refeições (30 a 45 minutos) e em


casos de pacientes acamados, proporcionar decúbito
elevado.
Sugestões para aumentar a oferta
energética e protéica
Tipo de alimento Adicionar para enriquecimento

Leite Leite em pó, mel, creme de leite, sorvete

Sopas Azeite ou óleo vegetal, margarina, queijo ralado


ou picado, requeijão

Carne Ovos, queijo, molhos à base de leite

Frutas Farinhas, leite condensado, mel, aveia, leite em


pó, chocolate, sorvete

Pães e cereais Geléia, mel, manteiga ou margarina derretida,


queijo

Suplementos em pó Incluir nos intervalos entre as refeições


ou líquidos
Doença do Refluxo
Gastroesofágico (DRGE)
Doença do Refluxo Gastroesofágico
(DRGE)

• Retorno ou refluxo do conteúdo gástrico ou


gastroduodenal para o esôfago;

• ESOFAGITE: inflamação da mucosa esofágica,


decorrente do refluxo do conteúdo ácido-péptico
gástrico.
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Controle do tônus do EEI

§ Presença do alimento no esôfago ⇒ EEI “abre”

§ Presença do alimento no estômago ⇒ EEI “fecha”

§ Fatores hormonais principais


- Gastrina: ↑ pressão e mantém a contração
- Secretina e colecistoquinina: ↓ pressão e relaxam
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Efeitos dos nutrientes


Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

§ Refluxo à em consequência de uma diminuição na


pressão do EEI

EEI: não se contrai adequadamente após a


passagem dos alimentos para o estômago,
permitindo o retorno do conteúdo gástrico.

Substâncias que alteram a pressão do EEI ⇒


contribuem para o refluxo
Cafeína, teobromina (cacau/chocolate) e álcool
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Outras causas
§ Ascite (↑ pressão abdominal)
§ Obesidade (↑ pressão abdominal)
§ Gestação (↑ pressão abdominal e hormonal)
§ Gastrite e úlcera
§ Uso prolongado de sonda nasogástrica ou nasoduodenal
§ Medicamentos
§ Tabagismo

Sintomatologia
§ Queimação dolorosa epigástrica à impacto na
qualidade de vida
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Consequências

§ REGURGITAÇÃO do conteúdo gástrico para o esôfago;

§ PIROSE (dor torácica em “queimação”);

§ ESOFAGITE (inflamação da mucosa gástrica);

§ Ulcerações e hemorragias locais;

§ Hematêmese (vômitos com sangue) e anemia.


Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Consequências

§ Esôfago de BARRET (metaplasia de epitélio devido a uma lesão


prolongada), com risco elevado de Adenocarcinoma (Ca);

§ Emagrecimento e Desnutrição;

§ Outras alterações: halitose, rouquidão,


aspiração e ESTENOSE.
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Tratamento
§ DROGAS
§ MEDIDAS FÍSICAS
§ DIETOTERAPIA

- Elevação da cabeceira da cama (12 a 15 cm)

- Não deitar-se antes de 2 horas após as refeições

- Não usar roupas que apertem a região do estômago


Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Objetivos da Terapia Nutricional

- Prevenir a irritação da mucosa esofágica na fase aguda;

- Auxiliar na prevenção do refluxo gastroesofágico;

- Contribuir para o aumento da pressão do EEI;

- Corrigir e manter o peso ideal.


Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Características da dieta
Ø ENERGIA
- Para ganho de peso
VET: 35-40 kcal/kg PI ou PH/dia

- Para manutenção de peso


VET: 25-30 kcal/kg PA/dia

- Para redução de peso


VET: 20-25 kcal/kg PA/dia
VET: reduzir 500 a 1000 kcal do consumo energético
habitual
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Características da dieta
Ø CARBOIDRATOS
- ~ 60% VET
- preferencialmente complexos
- (CHO ↑ pressão do EEI)

Ø PROTEÍNAS

- 10 a 15% VET
- proteína = maior secreção de gastrina = maior PEEI
- preferencialmente de fonte carnes “magras”
- evitar caldos de carne – aumentam a secreção HCL
- (alimentos proteicos ↑ pressão do EEI)
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Características da dieta
Ø LIPÍDIOS
- < 20% VET
- Dieta hipolipídica = aumenta o esvaziamento gástrico e
diminui secreção de CCK = aumenta PEEI
- Preferencialmente alimentos e preparações de baixo teor
de gorduras, ou seja, evitar frituras, pastelarias, molhos,
confeitarias...

Ø VITAMINAS E MINERAIS
- DRIs para sexo e idade
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Características da dieta
Ø LÍQUIDOS
- preferencialmente entre as refeições
- evitar nas refeições principais (almoço e jantar) para diminuir
o volume ingerido
- devem acompanhar a ingestão energética (1mL/1kcal)

Ø FRACIONAMENTO e CONSISTÊNCIA
- 6 a 8 refeições de pequenos volumes para evitar o refluxo
(reduz pressão gástrica e do EEI)
- Fase aguda: líquida ou semilíquida – com evolução até geral
(com melhora da disfagia)
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Recomendações nutricionais
ü EXCLUIR:

- Alimentos ↓ pressão do EEI:


café, mate, chá preto, bebidas alcoólicas e chocolate

- Alimentos que irritam a mucosa inflamada:


sucos e frutas ácidas, tomate

- Alimentos que estimulam a secreção ácida:


com alto teor de purinas (consumê)
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Recomendações nutricionais
ü EVITAR:

- Alimentos que retardam o esvaziamento gástrico:


alimentos e preparações gordurosas, doces
concentrados.
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Recomendações nutricionais
- Observar alimentos que pioram a sintomatologia e excluí-
los;
- Evitar consumir alimentos antes de deitar (espaço de 2 horas);
- Comer em posição ereta, e se acamado, em decúbito
elevado;
- Tratar obesidade (quando necessário);
- Manter horários regulares (para evitar aumento do volume das
refeições);
- Não usar roupas e acessórios apertados;
- Eliminar o fumo.
Hérnia de Hiato
Hérnia de Hiato
• É uma protusão de uma porção do estômago para
dentro do tórax através do hiato esofágico do
diafragma. Altera a anatomia esofagogástrica
Hérnia de Hiato

Consequências

§ REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE)

§ Esofagite

§ Gastrite

§ Pirose/Azia

§ Dor retoesternal
Hérnia de Hiato

Terapia Nutricional

• Adaptar a consistência da dieta de acordo com a


aceitação do paciente

• Reduzir o volume

• Fracionamento

Evitar (em caso de inflamação da mucosa esofágica)


- Condimentos picantes e irritantes

Terapia nutricional: a mesma utilizada para DRGE ou


para Gastrite.

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