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GESTÃO AMBIENTAL
- AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL -
Ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal
Gustavo Krause Gonçalves Sobrinho
Edição
IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis)
Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação
Departamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação Ambiental
Divisão de Divulgação Técnico-Científica
SAIN Av. L/4 Norte, s.n., Edifício Sede do IBAMA
70800-200 - Brasília - DF
Telefones: (061) 225.9484 e 316.1220
Fax: (061) 226.0419
Brasília
1995
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS
TOMO I
Legislação e Meio Antrópico
EQUIPE TÉCNICA DO DOCUMENTO
Coordenadora
Miriam Laila Absy
Gerente Executiva
Francisca Neta Andrade Assunção
Orientação Técnica
Sueli Corrêa de Faria
Organização do Documento
Maria Elizabeth de Lima Veloso - Coordenação
Vera Lúcia de Simoni Castro - Revisão
Alexandre de Lima Veloso - Digitação
Jussara Maria Ferreira de Rezende - Digitação
João Bosco de Azevedo - Desenho
Assessoria à Coordenação
Maria Elizabeth de Lima Veloso
Ricardo Libanez Farret
CDU 502.35
Elaboração dos Textos Técnicos-científicos
Antônio Carneiro Barbosa
Antônio Francisco Sá e Melo Marques
Carlos A. Nobre
Carlos Yamashita
Donald Rolfe Sawyer
Edmur Flávio Pastorelo
Ezequias Paulo Heringer Filho
Joel Meyer Branski
John DuVall Hay
Lia Zanotta Machado
Luiz Guimarães de Azevedo
Luiz Gylvan Meira Filho
Maria Luisa Faro Magalhães
Márcio Villas Boas
Melquíades Pinto Paiva
• “Clima”
José Simeão de Medeiros
Cintia R. B. Uvo
Humberto R. da Rocha
Marina M. Mariano
Marcos da Costa Pereira
Antônio Carlos Miranda
• “Fauna”
Alexandre Fernandes Bamberg de Araújo
Bráulio Ferreira de Souza Dias
Mauro César Lambert Pinto Ribeiro
Paulo de Tarso Zuquim Antas
Roberto Cavalcanti
Rui Cerqueira
William Magnussun
Águas Interiores/Ictiofauna:
Antônio Mozeto (UFSCar)
Eder de Souza Martins (UnB)
Efrem Ferreira (INPA)
José Dias Neto (IBAMA)
Luiz Antônio Martinelli (USP)
Miguel Petrere Júnior (UNESP)
Ronaldo Barthem (Museu Emílio Goeldi)
Clima:
Antônio Carlos Miranda (UnB)
Fauna Terrestre:
Alexandre Fernandes Bamberg de Araújo (UnB)
Bráulio Ferreira de Souza Dias (IBAMA)
Paulo de Tarso Zuquim Antas (IBAMA)
Roberto Cavalcanti (UnB)
Rui Cerqueira (UFRJ)
William Ernest Magnusson (INPA)
Solos:
Antônio Christofoletti (UNESP)
Haridassan Mundayatan (UnB)
Herbert Otto Roger Schubart (SAE/PR)
Irene Garay (UFRJ)
Tereza Cardoso da Silva (IBGE)
Usos Antrópicos:
Carlos Eduardo de Resende (UFRJ)
Edmur Flávio Pastorello (USP)
Maria Elizabeth de Lima Veloso (Consultora Autônoma)
Massahiro Miyamoto (USP)
Roque Laraia (UnB)
Vegetação:
Adriana Gonçalves Moreira (USAID/BRAZIL)
Bruce Nelson (INPA)
José Felipe Ribeiro (EMBRAPA)
Lídio Coradin (EMBRAPA)
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO • 7
INTRODUÇÃO • 13
• Enfoque Conceitual • 13
Sueli Corrêa de Faria
3.1 Clima
Carlos Nobre, Luiz Gylvan Meira Filho e outros
3.3 Solo
Antônio Francisco Sá e Melo Marques
3.6 Fauna
Carlos Yamashita
3.7 Ictiofauna
Melquíades Pinto Paiva
BIBLIOGRAFIA
• Enfoque Conceitual
Sueli Corrêa de Faria
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PARTE 1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
6 ZONEAMENTO AMBIENTAL
8 CONCLUSÕES
9 BIBLIOGRAFIA
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AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
1
M. S. Universidade Estadual de Londrina Rua Barão do Rio Branco, 25 - Palmital - São Paulo - CEP 19770-000
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL
na sua coleta. Os dados disponíveis reportam-se, evidentemente, aos territórios dos Estados
e não necessariamente a toda extensão dos biomas, que, via de regra, não coincidem com
os limites geográficos políticos dos Estados que envolvem.
Se por um lado, a análise dos instrumentos segundo o critério da jurisdição dos
Estados, apresentava a conveniência de que os dados disponíveis foram obtidos e
categorizados em função dos Estados onde foram coletados, por outro, porém, nem todos
os Estados abrangidos pelo Projeto forneceram dados suficientes.
A adoção de vários temas a serem abordados/estudados na aplicação dos
instrumentos de gestão (fluxos migratórios, vegetação, fauna, ictiofauna, clima, saúde humana
etc.), se por um lado atendia ao objetivo de gestão ambiental do bioma (porque relacionaria
os instrumentos com as áreas, setores, campos e temas de natureza ambiental e não com a
jurisdição do Estado), por outro, implicava em um número excessivo de estudos temáticos a
serem realizados na aplicação dos instrumentos. O cruzamento das variáveis jurídicas e
metajurídicas de todas essas áreas seria inviabilizado nos limites de tempo envolvidos nesta
consultoria.
Na busca de uma opção de abordagem jurídica factível, que redundasse em
conclusões objetivas e úteis para os órgãos encarregados de implementar uma política de
gestão para os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, optamos pelo critério da adoção dos
instrumentos, como tais, como referenciais a partir dos quais se desenvolveu uma análise de
efetividade, via cruzamento e relacionamento de variáveis jurídicas e metajurídicas. As
conclusões, ipso facto, são pontuais, porém relativas aos instrumentos enquanto ferramentas
de gestão, acrescendo e a eles incorporando as peculiaridades e adequações emergidas do
projeto, como produto destinado a suprir as carências quer dos biomas Amazônia, Cerrado
e Pantanal, quer dos Estados enquanto jurisdições de órgãos ambientais.
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AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL
Competência Exclusiva
De acordo com o artigo 21 da Constituição Federal, compete à União as
atribuições elencadas nos seus incisos de I a XXV. Essa outorga de competência exclui a
interveniência dos outros níveis de poder, pois trata-se de delegação intransferível para
administrar aquelas matérias elencadas. Nem os Estados, nem os Municípios têm qualquer
influência no desempenho dessas tarefas.
Com relação à gestão do meio ambiente especificamente, o artigo 21, da
Constituição Federal, atribui à União, a competência exclusiva para gerir, em termos macro,
com enfoque nacional, as seguintes questões de interesse ambiental:
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL
Competência Privativa
De acordo com o artigo 22, da Constituição, compete privativamente à União
legislar sobre: (foram citados apenas as matérias de interesse ambiental)
Competência Comum
A Competência Comum aduzida no artigo 23 da Constituição Federal, refere-se
à competência administrativa, para prestação de serviços e atividades (“zelar”, “proteger”,
“preservar”) que podem ser executados pela União, Estados, inclusive pelos Municípios e
Distrito Federal.
Assim, todos os níveis da administração pública têm competência para “proteger
o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas” (inciso VI), e “preservar
as florestas, a fauna e a flora” (inciso VII).
Essas tarefas do campo administrativo são, pois, partilháveis entre as instâncias
políticas, dentro de uma filosofia de cooperação entre os vários níveis de poder.
Competência Concorrente
A Competência Concorrente é a atribuição para exercer em conjunto com
outro ente político, no mesmo campo, a aptidão para legislar sobre as matérias elencadas
no artigo 24.
Esse exercício, no entanto, não se dá em igualdade de condições. Obedece,
efetivamente, a uma limitação vertical hierárquica, como por exemplo, compete à União
estabelecer normas de caráter geral, enquanto que aos estados compete a tarefa de
complementar ou suprir a legislação, para adapta-la à peculiaridade de seu território e
pormenorizá-la.
Assim, é que em matéria ambiental, a competência legiferante é concorrente, ou
seja, é reservado à União legislar sobre aquelas matérias que apresentam interesse da
natureza geral e de abrangência nacional, enquanto que os interesses regionais determinam
a competência dos Estados-Membros. Aos municípios cabe a parcela de competência definida
pelo seu “interesse local”.
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AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL
O princípio que baliza essa repartição, nos termos da Constituição Federal vigente
é, pois, o da predominância do interesse. Na verdade, a conflituosidade e litigância em
matéria de competência ambiental que com muita freqüência têm chegado aos Tribunais,
advém do fato de que não há interesse municipal que não seja também, interesse do Estado-
Membro e da União, da mesma forma com que não há interesse regional ou nacional que,
igualmente, não ressoe nos Municípios, através dos Estados a que pertencem. Essa realidade
suscita amplas discussões no âmbito do contencioso.
A fórmula jurídica básica, no entanto, é a da maior carga de predominância do
interesse envolvido. Havendo normas gerais, compete aos Estados legislar “nos vazios”, em
uma atuação seguramente secundária. A rigor, originariamente não pode, o Estado-Membro
legislar a respeito das matérias elencadas no artigo 24. A sua atuação, no que se refere à
competência concorrente, que caracteriza a repartição em matéria ambiental é auxiliar,
subordinada, eis que devem eles obediência a princípios constitucionais de vinculação
obrigatória.
A Constituição não especifica o que sejam normas gerais. De concepção bastante
alta, são, em princípio, aquelas que têm condições de aplicação generalizada em todo território
nacional. Esse caráter geral, no entanto, não quer dizer aplicação uniforme. Significa, apenas,
que são editadas no interesse geral.
Em resumo, legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição,
(artigo 24, incisos VI e VII) constitui competência concorrente da União, Estados-Membros e
Distrito Federal (excluído Município).
Já os Municípios, têm sua competência retratada nos incisos do artigo 30, da
Constituição Federal, de 1988. Com relação a matéria ambiental, cabe aos Munícipios:
“legislar sobre assuntos de interesse local (inciso I); suplementar a legislação federal e a
estadual no que couber (inciso II); promover, no que couber, adequado ordenamento
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do
solo urbano (inciso VIII); e promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual” (inciso IX).
O interesse local não ultrapassa às fronteiras municipais. Ele é determinado pelo
bem-estar da população exclusivamente local, seja no setor urbano, seja nas regiões
periféricas dos municípios.
Competência Supletiva
Compete à União fixar normas gerais (§ 1º, do art. 24) e aos Estados e Distrito
Federal, legislar em caso de vazios ou inexistência de legislação (competência supletiva - §
2º, do art. 24). Ou seja, na inexistência de lei federal sobre normas gerais, os Estados poderão
legislar sem restrições. Se, no entanto, lei federal sobrevier, apenas as disposições que não
contrariem essas normas gerais permanecerão válidas.
Assim, os Estados-Membros e Distrito Federal podem, pois, legislar sobre as
matérias elencadas no artigo 24, apenas supletiva ou complementarmente.
Competência Complementar
A Competência Supletiva (para suprir) é, portanto, mais abrangente que a
Competência Complementar. Enquanto suprir significa “prover na ausência da norma geral”,
complementar pressupõe pré-existência parcial de legislação que será tão somente
complementada em seus vazios de regência.
A hierarquia existente entre normas federais, estaduais e municipais, em matéria
de competência, pressupõe a soberania dos vários níveis de poder político dentro de sua
esfera própria de competência.
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL
Esta hierarquia não significa que o princípio federativo da autonomia dos entes
políticos possa ser afetado. O desdobramento constitucional desta hierarquia pressupõe,
apenas, que o Município terá que, ao legislar, observar as normas válidas da União e dos
Estados. E tanto o município como o estado não poderão contrariar as normas gerais emitidas
pela União.
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AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL
tomadas de decisão pelos órgãos ambientais, via Audiências Públicas. Seguramente, o grau
de educação e politização, esclarecimento e conscientização da sociedade americana foram
fatores determinantes para a efetividade do instrumento.
O Estudo de Impacto Ambiental-EIA e o Relatório de Impacto Ambiental-RIMA,
são instrumentos cuja utilidade está em proporcionar a correta avaliação das conseqüências
ambientais das atividades humanas.
O EIA/RIMA constitui estudo interdisciplinar, custeado pelo proponente do
projeto, destinado a identificar, interpretar e prevenir as conseqüências e efeitos que atividades
ou projetos possam vir a apresentar ao bem-estar e saúde humana e ao equilíbrio ambiental.
As verificações e análises, que são feitas no bojo do Estudo de Impacto Ambiental-
EIA, resultam em um juízo de valor positivo ou negativo, com relação ao projeto proposto.
Suas conclusões objetivam oferecer subsídios consistentes e informações técnicas sólidas e
precisas de modo a permitir a administração pública, tomar a decisão quanto ao licenciamento
ou não de uma atividade ou empreendimento, avaliar e contrastar os interesses e valores
em jogo, em face do impacto ambiental que essas atividades ocasionarão.
O EIA, deve funcionar como grande canal de comunicação entre a sociedade
civil e a administração pública, via audiências públicas, com vistas a propiciar decisões mais
sensatas, ainda, no âmbito de projeto e de planejamento, com a confiabilidade da solução
escolhida.
• Lei 6.803/80:
• Lei 6.938/81:
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL
• Decreto 97.632/89
Dispõe sobre a regulamentação do artigo 2º, inciso VIII, da
Lei 6.938/81.
• Decreto 99.274/90
Regulamenta a Lei 6.902/81, e a Lei 6.938/81, que dispõem,
respectivamente, sobre a criação de Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente.
4.3 DEFICIÊNCIAS
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL
Mais que isso, acreditamos mesmo que seja compatível com o espírito da
legislação, já que não apenas é obrigatória a publicidade, na busca da transparência do
processo, mas também é ainda, o dever dos órgãos públicos promoverem o encorajamento
e o incentivo do envolvimento das comunidades nas avaliações de impacto (artigo 5º da
Constituição Federal, de 1988 que expressamente prevê o direito à informação ambiental).
Entretanto, em um contexto típico de terceiro mundo que nos caracteriza enquanto
nação e muito mais agudamente em se tratando das regiões dos biomas em estudo, o exercício
desse direito como iniciativa das populações afetadas, através de processos deflagrados
pela postulação da própria sociedade civil, é quase nulo. Ele pressupõe um grau de politização
e educação que, principalmente nos Estados dos biomas, é incipiente e até insignificante.
Mais agudamente aflora, por conseguinte, a absoluta necessidade de
encorajamento e incentivo à participação do público pelos órgãos encarregados de processar
o EIA. Esta participação deverá ocorrer através da mais ampla publicidade, onde se atingirá
segmentos cada vez mais amplos das populações afetadas pelos empreendimentos.
Esse estímulo e encorajamento de segmentos, visando fomentar o interesse
público, via ampla publicidade, inclui não apenas a utilização da mídia, mas o envolvimento
de líderes dos vários segmentos, de entidades, de associações, de partidos políticos, de
representantes de interesses diversificados, de representantes do Ministério Público etc.
Por outro lado, a acessibilidade ao EIA/RIMA anteriormente à realização da
audiência pública é, da mesma forma, providência essencial para permitir que a sociedade
receba um volume de informações essenciais sobre o projeto, anteriormente ao forum de
debates que acontece nessa audiência.
Na experiência americana, por exemplo, é comum a realização de várias reuniões
prévias informais.
O diálogo com grupos representativos nessa fase pré-procedimental auxilia na
determinação do que está sendo buscado em termos de proteção ambiental e quais os
aspectos que deverão escapar de apreciação pelo EIA.
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Nos termos da Constituição Federal de 1988, são bens da União os lagos, os rios
e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais. É este o comando do
artigo 20, inciso III da Carta Magna.
O artigo 21, inciso XIX, por sua vez, atribui competência exclusiva à União para
instituir “sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga
de direitos de seu uso”.
No mesmo sentido, o artigo 22, inciso IV, também da Constituição, confere
monopólio à União para legislar sobre águas e energia.
É, pois, do âmbito da norma federal, a fixação de padrões de qualidade das
águas.
As águas que integram os bens dos Estados-Membros, por outro lado, vêm
definidas no artigo 25, inciso I da Constituição que, dentre esses bens, inclui as águas
superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito.
O aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica (artigo 176) é, igualmente,
prerrogativa da União, (excluindo-se apenas aqueles de reduzida capacidade, artigo 176, §
4º).
Enquanto a União ocupa-se em fixar os padrões de qualidade das águas (rios,
lagos, lagoas) aos Estados, cabe dar efetividade a esses padrões, exercendo seu poder
fiscalizador no cumprimento dos mesmos.
É importante observar que o gerenciamento de bacias hidrográficas é enquadrado
na legislação como componente do gerenciamento de recursos hídricos.
O gerenciamento de bacias, no entanto, tem relação direta com o uso do solo
circundante, com a vegetação, clima, situação das matas ciliares etc. Vale dizer, que esse
gerenciamento tem relação direta com uma política de gestão ambiental mais abrangente
que a relativa aos recursos hídricos, strictu sensu.
Por esta razão, o enquadramento mais específico do gerenciamento de bacias,
como categoria específica a receber tratamento legislativo especial, parece atender, com
mais adequação aos imperativos da gestão ambiental mais efetiva.
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL
Artigo 20, inciso III - dispõe sobre bens da União (lagos, rios,
ilhas fluviais e lacustres).
• Lei 3.824/60
• Lei 7.754/89
• Decreto 87.561/81
• Decreto 94.076/87
• Decreto 23.777/34
• Decreto 50.877/61
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5.3 DEFICIÊNCIAS
A análise dos dados levantados junto aos Estados demonstra que não há
experiência de implementação desses instrumentos na Amazônia, Pantanal e Cerrado.
De toda sorte, as experiências com programas de microbacias na região sul e
sudeste do país podem operar como referencial.
6 ZONEAMENTO AMBIENTAL
O zoneamento ambiental, nos termos da Lei 6.938/81 (artigo 9º, inciso II) é um
“instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente”. A ordenação do território é ferramenta
essencial no planejamento ambiental e indispensável para a operacionalização de um
programa destinado a compatibilizar a utilização de determinados espaços.
Na qualidade de identificação e caracterização dos diversos sistemas ambientais
que compõem espaços determinados, o zoneamento busca orientar o uso desses espaços,
sem contudo determiná-los, porque se cinge a analisar o ambiente, classificar seus atributos
chegando a diagnose da qualidade destes espaços previamente determinados.
Como parte de um sistema complexo de relações, o zoneamento ambiental é
suporte para um zoneamento econômico-ecológico e há que ser relacionado com as
potencialidades e ofertas econômicas do território, bem como, com os agentes e fatores
sociais, para que não se exclua do mesmo o componente antrópico e seus impactos.
A vinculação desse universo multifacetado - traduzido em diretrizes de ordenação
do território definidoras de restrições, permissões, categorias de uso dentre as unidades de
conservação previstas na Resolução CONAMA 011/872 - à lógica intrínseca do sistema
jurídico, está sujeita ao princípio unificador de toda essa matéria, como um denominador
comum deste conjunto de tratamentos: a propriedade privada.
A nova Constituição Federal, coerentemente com o seu conteúdo programático,
não circunscreve exatamente os contornos e alcances do instituto da propriedade. Limita-se
a consagrá-lo no seu artigo 5º, inciso XXII e a condicioná-lo à sua função social (artigo
186).
Garantindo o direito de propriedade, a Constituição, no entanto, condiciona o
seu uso a determinadas circunstâncias, sujeitando a utilização da propriedade à observância
de certos pressupostos relativos, ao modo pelo qual, concretamente, é exercido esse direito.
Esses pressupostos são as restrições ou limitações que gravam o exercício do direito de
propriedade.
No nosso ordenamento jurídico estas limitações são oriundas de duas macro
vertentes: as de ordem pública e as de natureza civil. Apenas as primeiras têm pertinência
para este estudo, porque são as que vem em socorro do bem-estar e do interesse da
coletividade como um todo.
São as disposições sobre águas, energia, flora, fauna, florestas, cavidades naturais
subterrâneas, recursos minerais etc., bens que, na Constituição, estão sob tutela do estado.
É através de instrumentos como o zoneamento ambiental, zoneamento industrial,
o Estudo de Impacto Ambiental, o regramento do parcelamento do solo urbano e outros
que o manejo e o monitoramento desses bens jurídicos é implementado.
O artigo 5º, inciso XXII da Constituição Federal (que fixa o direito de propriedade)
deve, nesse contexto, ser interpretado em combinação com o inciso II do artigo 186. Este,
por sua vez, insere dentre os requisitos da função social, o da “utilização adequada dos
recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente”.
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL
• Lei 6.513/77
Dispõe sobre a criação de Áreas Especiais e de Locais de
Interesse Turístico; sobre o Inventário com finalidades turísticas
dos bens de valor cultural e natural etc.
• Lei 6.803/80
Dispõe sobre diretrizes básicas para o zoneamento industrial
nas áreas críticas de poluição.
• Lei 6.902/81
Dispõe sobre criação de Estações Ecológicas, Áreas e Proteção
Ambiental e dá outras providências.
• Lei 6.938/81
Artigo 9º, inciso II - institui o zoneamento ambiental como
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.
• Decreto 84.017/79
• Decreto 84.973/80
• Decreto 86.176/81
Regulamenta a Lei 6.513/77, que dispõe sobre criação de áreas
especiais e de locais de interesse turístico.
• Decreto 89.336/84
Dispõe sobre reservas ecológicas e áreas de relevante interesse
ecológico.
• Decreto 89.431/84
Dispõe sobre plano básico de zoneamento de ruído.
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL
• Decreto 96.944/88
Cria o Programa de Defesa do Complexo de Ecossistemas da
Amazônia Legal.
• Decreto 99.193/90
Dispõe sobre atividades relacionadas ao zoneamento ecológico-
econômico.
• Decreto 99.274/90
Regulamenta a Lei 6.902/81 e a Lei 6.938/81, que dispõem,
respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente.
6.3 DEFICIÊNCIAS
• Em vigência
• Constituições de Estados:
Goiás, Tocantins, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Bahia e Distrito Federal (Cerrado);
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Pantanal)
Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Roraima e Rondônia (Amazônia)
• Código Florestal (Lei 4.771 de 15/09/65)
• De lege ferenda
• Anteprojeto do CONAMA estabelecendo “norma de caráter geral”
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL
8 CONCLUSÕES
9 BIBLIOGRAFIA
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental Brasileiro. São Paulo: ed. RT., 1991.
MAGALHÃES, Maria Luisa Faro. Boletim de direito administrativo, São Paulo, v. VII, n. 3, março.
1991.
Quadro 1
Quadro Sinótico do Tratamento Jurídico das Constituições Estaduais ao Estudo de Impacto Ambiental
Quadro 2
Quadro Sinótico do Tratamento Jurídico das Constituições Gerenciamento de Bacia e Recursos Hídricos
Quadro 3
Quadro Sinótico do Tratamento Jurídico das Constituições Estaduais ao Zoneamento