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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA

GESTÃO AMBIENTAL
- AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL -
Ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal
Gustavo Krause Gonçalves Sobrinho

Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis


Raul Jungmann

Diretor de Incentivo à Pesquisa e Divulgação


José Dias Neto

Chefe do Departamento de Pesquisa


Hiram Lopes Pereira

Chefe da Divisão de Divulgação Técnico-Científica


Norma Guimarães Azeredo

Chefe da Divisão de Desenvolvimento de Tecnologias Ambientais


Miriam Laila Absy

Edição
IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis)
Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação
Departamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação Ambiental
Divisão de Divulgação Técnico-Científica
SAIN Av. L/4 Norte, s.n., Edifício Sede do IBAMA
70800-200 - Brasília - DF
Telefones: (061) 225.9484 e 316.1220
Fax: (061) 226.0419

DITAM (Divisão de Desenvolvimento de Tecnologias Ambientais)


SAIN, Av. L/4 Norte, s.n., Lote 04, Bloco B, Sala 16
Ed. Sede do IBAMA
70800-200 - Brasília - DF
Telefones: (061) 316.1195, 316.1196 e 316.1197
Fax: (061) 225.0419

Brasília
1995

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA


GESTÃO AMBIENTAL
- AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL -

TOMO I
Legislação e Meio Antrópico
EQUIPE TÉCNICA DO DOCUMENTO

Coordenadora
Miriam Laila Absy

Gerente Executiva
Francisca Neta Andrade Assunção

Orientação Técnica
Sueli Corrêa de Faria

Organização do Documento
Maria Elizabeth de Lima Veloso - Coordenação
Vera Lúcia de Simoni Castro - Revisão
Alexandre de Lima Veloso - Digitação
Jussara Maria Ferreira de Rezende - Digitação
João Bosco de Azevedo - Desenho

Revisão Final do Documento


Maria José Monteiro
Miriam Laila Absy
Sueli Corrêa de Faria
Andréa Curi Zarattini
Francisca Neta A. Assunção

Assessoria à Coordenação
Maria Elizabeth de Lima Veloso
Ricardo Libanez Farret

B299b Conhecimento científico para gestão ambiental — Amazônia,


cerrado e pantanal / [coordenado por Miriam Laila Absy. et
al.]. — Brasília : Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis, 1995.

2v. : il.; - cm.

1. Gestão ambiental. 2. Cerrado. 3. Pantanal. I. Absy, Miriam Laila. II.


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis.

CDU 502.35
Elaboração dos Textos Técnicos-científicos
Antônio Carneiro Barbosa
Antônio Francisco Sá e Melo Marques
Carlos A. Nobre
Carlos Yamashita
Donald Rolfe Sawyer
Edmur Flávio Pastorelo
Ezequias Paulo Heringer Filho
Joel Meyer Branski
John DuVall Hay
Lia Zanotta Machado
Luiz Guimarães de Azevedo
Luiz Gylvan Meira Filho
Maria Luisa Faro Magalhães
Márcio Villas Boas
Melquíades Pinto Paiva

Colaboração nos Textos Técnicos-científicos

• “Clima”
José Simeão de Medeiros
Cintia R. B. Uvo
Humberto R. da Rocha
Marina M. Mariano
Marcos da Costa Pereira
Antônio Carlos Miranda

• “Dinâmica Espacial da População”


George Martine
Jean Gilbert
Lucilene Dias
Fábio Servo

• “Fauna”
Alexandre Fernandes Bamberg de Araújo
Bráulio Ferreira de Souza Dias
Mauro César Lambert Pinto Ribeiro
Paulo de Tarso Zuquim Antas
Roberto Cavalcanti
Rui Cerqueira
William Magnussun

• “Intensidade de Danos Potenciais Causados por Usos Antrópicos”


Paulo Jorge Rosa Carneiro
Klauss Dieter Neder

• “Saúde Humana em seu Contexto Ambiental”


Neusa Nakao
Victor Wünsch Filho
Contribuições aos Textos Técnico-científicos, através do Seminário

“Conhecimento Científico Aplicado ao Planejamento e Gestão Ambiental”,


IBAMA, agosto/1993

Águas Interiores/Ictiofauna:
Antônio Mozeto (UFSCar)
Eder de Souza Martins (UnB)
Efrem Ferreira (INPA)
José Dias Neto (IBAMA)
Luiz Antônio Martinelli (USP)
Miguel Petrere Júnior (UNESP)
Ronaldo Barthem (Museu Emílio Goeldi)

Clima:
Antônio Carlos Miranda (UnB)

Fauna Terrestre:
Alexandre Fernandes Bamberg de Araújo (UnB)
Bráulio Ferreira de Souza Dias (IBAMA)
Paulo de Tarso Zuquim Antas (IBAMA)
Roberto Cavalcanti (UnB)
Rui Cerqueira (UFRJ)
William Ernest Magnusson (INPA)

Solos:
Antônio Christofoletti (UNESP)
Haridassan Mundayatan (UnB)
Herbert Otto Roger Schubart (SAE/PR)
Irene Garay (UFRJ)
Tereza Cardoso da Silva (IBGE)

Usos Antrópicos:
Carlos Eduardo de Resende (UFRJ)
Edmur Flávio Pastorello (USP)
Maria Elizabeth de Lima Veloso (Consultora Autônoma)
Massahiro Miyamoto (USP)
Roque Laraia (UnB)

Vegetação:
Adriana Gonçalves Moreira (USAID/BRAZIL)
Bruce Nelson (INPA)
José Felipe Ribeiro (EMBRAPA)
Lídio Coradin (EMBRAPA)
APRESENTAÇÃO

E sta publicação representa um primeiro esforço do IBAMA para sistematizar e


tornar público um levantamento realizado, entre 1992 e 1994, no âmbito do projeto
“Tecnologias de Gestão Ambiental”, do Programa Nacional do Meio Ambiente (Acordo
3173-BR), sobre o conhecimento técnico-científico disponível para viabilizar uma gestão
ambientalmente adequada do espaço. Dirige-se principalmente a planejadores espaciais
envolvidos com processos de zoneamento ambiental, avaliação de impacto ambiental ou
gerenciamento de bacias hidrográficas.
Os sistemas espaciais de referência para esse levantamento foram a Amazônia, o
Cerrado e o Pantanal, de especial interesse para o referido projeto.
A publicação congrega contribuições de especialistas, de diferentes áreas do
conhecimento, em torno de um tema comum, que constitui a problemática básica do
planejamento ambiental - o de como avaliar tanto a sensibilidade dos fatores naturais de
um dado espaço aos danos causados pelo uso antrópico, quanto a intensidade dos danos
potenciais causados por usos antrópicos a cada um desses fatores naturais.
Os conteúdos apresentados foram desenvolvidos com o apoio de técnicos de
instituições estaduais e federais, governamentais e não-governamentais, da Amazônia,
Cerrado e Pantanal, sob a coordenação da Divisão de Desenvolvimento de Tecnologias
Ambientais-DITAM, da Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação-DIRPED, do IBAMA.
Em novembro de 1992, foi realizado o Atelier I, evento voltado para a discussão desses
conteúdos com representantes de instituições com atuação direta ou indireta em gestão
ambiental, na área do projeto. Posteriormente, em agosto de 1993, foi realizado um seminário
para discutir os conteúdos também com a comunidade científica.
O documento encontra-se organizado em 3 partes.
A primeira aborda a legislação ambiental, naquilo em que condiciona a ocupação
e o uso do espaço.
Na segunda parte, é tratada a base de conhecimento sobre o meio antrópico da
Amazônia, Cerrado e Pantanal: a dinâmica populacional e a questão bastante especial
dos povos indígenas, condicionantes importantes para a gestão ambiental; a saúde da
população e agentes químicos tóxicos, referências básicas para uma avaliação dos
efeitos da atividade antrópica sobre o próprio homem. Contém, ainda, uma síntese dos
danos potenciais da atividade antrópica ao clima/ar, águas superficiais, solos
e águas subterrâneas, avaliados com base nos efeitos que podem causar sobre a saúde
do homem, animais, plantas e as edificações humanas, bem como na disponibilidade de
alternativas tecnológicas para controlar esses efeitos.
A terceira parte corresponde aos fatores naturais - solos, clima/ar, águas
interiores e ictiofauna, vegetação terrestre e a fauna a ela associada. Procura
caracterizar e fornecer indicadores para o dimensionamento da sensibilidade de cada um
desses fatores à ação antrópica. Os temas subsolo/recursos minerais e águas
subterrâneas deverão ser incorporados ao documento em uma etapa posterior.
O conteúdo das contribuições é da inteira responsabilidade dos seus autores,
não tendo sofrido qualquer alteração por parte do IBAMA. Exceção feita ao texto “Base
Legal e Aspectos Institucionais dos Instrumentos de Planejamento e Gestão Ambiental -
Avaliação de Impacto Ambiental, Gerenciamento de Bacias Hidrográficas e Zoneamento
Ambiental”, que foi objeto de uma compatibilização com outras publicações do mesmo
projeto.
SUMÁRIO

TOMO I - LEGISLAÇÃO E MEIO ANTRÓPICO

APRESENTAÇÃO • 7

INTRODUÇÃO • 13

• Área de Abrangência do Levantamento Preliminar • 13

• Enfoque Conceitual • 13
Sueli Corrêa de Faria

PARTE 1 - Base Legal e Aspectos Institucionais dos Instrumentos de


Planejamento e Gestão Ambiental - Avaliação de Impacto
Ambiental, Gerenciamento de Bacias Hidrográficas e Zoneamento
Ambiental - Maria Luisa Faro Magalhães • 16

PARTE 2 - Levantamento Preliminar da Base de Conhecimento sobre o Meio


Antrópico da Amazônia, Cerrado e Pantanal • 41

2.1 Dinâmica Espacial da População • 45


Donald Rolfe Sawyer

2.2 Povos Indígenas • 89


Ezequias Paulo Heringer Filho e
Lia Zanotta Machado

2.3 Saúde Humana em seu Contexto Ambiental • 137


Edmur Flávio Pastorello

2.4 Agentes Químicos Tóxicos • 233


Antônio Carneiro Barbosa

2.5 Intensidade de Danos Potenciais Causados por Usos Antrópicos • 271

2.5.1 Danos Potenciais ao Clima/Ar • 275


Márcio Villas Boas

2.5.2 Danos Potenciais às Águas Superficiais • 291


Márcio Villas Boas e
Klaus Dieter Neder

2.5.3 Danos Potenciais aos Solos e Águas Subterrâneas • 312


Márcio Villas Boas e
Paulo Jorge Rosa Carneiro
TOMO II - MEIO NATURAL

PARTE 3 - Levantamento Preliminar da Base de Conhecimento sobre o Meio


Natural da Amazônia, Cerrado e Pantanal

3.1 Clima
Carlos Nobre, Luiz Gylvan Meira Filho e outros

3.2 Águas Interiores


Joel M. Branski

3.3 Solo
Antônio Francisco Sá e Melo Marques

3.4 Vegetação da Amazônia


John DuVall Hay

3.5 Vegetação do Cerrado


Luiz Guimarães Azevedo

3.6 Fauna
Carlos Yamashita

3.7 Ictiofauna
Melquíades Pinto Paiva

ANEXO I - Demandas Relativas ao Conhecimento Técnico-científico


disponível para Gestão Ambiental na Amazônia, Cerrado e
Pantanal

ANEXO II - Participantes da 1ª Etapa do Projeto “Tecnologias de


Gestão Ambiental”, na qual foi gerado o Documento
“Conhecimento Científico para Gestão Ambiental -
Amazônia, Cerrado e Pantanal”
INTRODUÇÃO

• Área de Abrangência do Levantamento Preliminar

A área de abrangência do Projeto Tecnologias de Gestão Ambiental compreende


três grandes regiões naturais brasileiras - a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal - e contempla
os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins e o Distrito Federal.
Do ponto de vista biogeográfico, essas regiões pertencem aos Domínios
Fitogeográficos da Amazônia e do Cerrado, dado que este último recobre não só os planaltos
centrais do Brasil, mas também cerca de 78,5% da região do Pantanal (Cabrera e Willink,
1973).
Esses domínios foram identificados por vários pesquisadores, dentre os quais
Ab’Saber (1977), que os associa aos domínios morfoclimáticos “domínio equatorial
amazônico”, também denominado hilea ou amazônico, e “domínio dos cerrados” ou dos
campos gerais e dos chapadões.
A utilização do critério fitogeográfico deve-se à adoção, no Projeto “Tecnologias
de Gestão Ambiental”, do conceito de “bioma”, definido por Odum (1983) como “um
grande biossistema regional ou subcontinental caracterizado por um tipo principal de
vegetação ou outro aspecto identificador da paisagem”.
Para delimitação da área de abrangência do Projeto foi utilizado, como base, o
Mapa de Vegetação do Brasil da Fundação IBGE, escala 1:5.000.000, de 1988.
Nesse mapa foram demarcados os espaços recobertos por formações vegetais
pertencentes aos biomas Amazônia e Cerrado, além das áreas do Pantanal onde se verificam
inclusões de outros biomas - áreas de tensão ecológica, onde ocorrem contatos entre tipos
distintos de vegetação - e ainda pequenas áreas de ocorrência de outras formações vegetais,
como as formações pioneiras de influência fluvial e as capinaranas.
A seguir, é apresentado o mapa esquemático indicando a área de abrangência
do Projeto e o limite aproximado dos biomas Amazônia e Cerrado.

BIBLIOGRAFIA

AB’SABER, A. N. Os domínios morfoclimáticos da América do Sul. primeira aproximação.


Geomorfologia 52. Instituto de Geografia. Universidade de São Paulo. São Paulo. 21 p. ilus.
1977.
AZEVEDO, L. G. Vegetação terrestre - Bioma Cerrado. Estudo elaborado para o Projeto
Tecnologias de Gestão Ambiental - IBAMA. Brasília, 1992.
CABRERA, A. L. WILLINK, A. Biogeografia de America Latina. Org. Estados Americanos,
Washington. Série Biologia. Monografia n. 13. 1973.
ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1983.

• Enfoque Conceitual
Sueli Corrêa de Faria

A incorporação do conhecimento científico, gerado no campo da ecologia,


constitui um dos principais problemas para o planejamento ambiental e, consequentemente,
para uma gestão ambientalmente adequada do espaço, tanto a nível regional quanto urbano.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

É extremamente difícil, para o planejador ambiental, acompanhar o


desenvolvimento da ciência, em todas as áreas de conhecimento relacionadas com o seu
objeto de trabalho. Como também é difícil selecionar, dentro da produção científica disponível,
as abordagens conceituais adequadas à análise ambiental que irá definir as melhores formas
de uso e ocupaçao futura do espaço.
O que mais salta aos olhos, nos documentos que relatam estudos ambientais, é
o não direcionamento da coleta de informações para as necessidades específicas da análise
da situação ambiental, atual e futura. A grande maioria dos Estudos de Impacto Ambiental-
EIA, que têm sido realizados no país, é exemplo incontestável de desperdício de tempo e
recursos com o levantamento e reprodução de dados e informações perfeitamente
dispensáveis, já que não são utilizadas nas análises que se apresentam no corpo do trabalho.
Igualmente importante e de difícil acesso ao planejador e gestor ambiental são
informações sobre desenvolvimentos tecnológicos no campo da prevenção, controle e
correção de efeitos ecológicos nocivos ao homem e seu meio ambiente. Esses
desenvolvimentos acontecem de forma incrivelmente dinâmica, em diferentes pontos do
planeta. Provêm de áreas tecnológicas as mais diversas e são geralmente divulgados pelos
canais específicos de cada área. Manter-se atualizado, para avaliar até que ponto novas
tecnologias são acessíveis e aplicáveis à realidade em que se trabalha, exige grande
investimento em tempo e dinheiro.
A base de conhecimento técnico-científico necessária à análise ambiental é
basicamente a mesma, qualquer que seja o instrumento utilizado com o objetivo de se
realizar uma gestão ambientalmente adequada do espaço - Zoneamento Ambiental,
Avaliação de Impacto Ambiental, Planejamento Bio-Regional ou Gerenciamento de Bacias
Hidrográficas.
Do ponto de vista ecológico, é preciso analisar o subsistema formado pelos fatores
naturais da paisagem (terra, água e ar), no que diz respeito à sensibilidade de cada um deles
a danos causados pela atividade antrópica. Do ponto de vista sócio-econômico, faz-se
necessário conhecer o subsistema dos usos antrópicos, no que se refere ao potencial de
danos que cada uso pode trazer aos fatores naturais e, consequentemente, ao próprio homem,
sua saúde e condições de vida, no sistema espacial tomado como referência para a gestão.
Os métodos correspondentes a esses instrumentos variam, todavia, na forma como agregam
as informações relativas a esses subsistemas e nos critérios de avaliação dos danos.
Os danos são mudanças quantitativas ou qualitativas nos fatores naturais que
dificultam ou impedem o desenvolvimento de atividades antrópicas num determinado
espaço. A ocorrência de danos é influenciada tanto pelo tipo e intensidade dos efeitos
negativos gerados pelas exigências do uso antrópico, quanto pelas características dos fatores
naturais no local das emissões e na sua zona de difusão.
A sensibilidade de um recurso natural a danos causados pelo uso antrópico está
em relação direta com a escassez relativa desse recurso no espaço de planejamento
considerado, seja por se tratar de um recurso natural raro e com grande potencial de uso,
seja por se encontrar em um estágio tal de degradação, que inviabilize seu uso ou só o torne
possível com altos investimentos em recuperação/ recomposição. Assim, a sensibilidade a
danos é alta quando, juntamente com um recurso natural com potencial de uso (p. ex.:
mananciais subterrâneos) ocorrem outros geofatores em uma combinação tal que favoreça
grandemente a difusão de efeitos negativos (p. ex.: alta permeabilidade do solo e baixa
capacidade de filtração juntamente com água subterrânea de boa condutibilidade).
Esse foi o raciocício básico que orientou a elaboração dos documentos que
compõem esta publicação.

12
PARTE 1

BASE LEGAL E ASPECTOS INSTITUCIONAIS DOS


INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
AMBIENTAL - AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL
GERENCIAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS E
ZONEAMENTO AMBIENTAL

Maria Luisa Faro Magalhães


AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

SUMÁRIO

PARTE 1 - BASE LEGAL E ASPECTOS INSTITUCIONAIS DOS


INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL -
AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL GERENCIAMENTO DE
BACIAS HIDROGRÁFICAS E ZONEAMENTO AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO

2 METODOLOGIA

3 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL BÁSICA

3.1 COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL

3.1.1 Competência constitucional

4 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

4.1 PERFIL DO INSTRUMENTO


4.2 STATUS JURÍDICO
4.3 DEFICIÊNCIAS

5 GERENCIAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

5.1 PERFIL DO INSTRUMENTO


5.2 STATUS JURÍDICO
5.3 DEFICIÊNCIAS

6 ZONEAMENTO AMBIENTAL

6.1 PERFIL DO INSTRUMENTO


6.2 STATUS JURÍDICO
6.3 DEFICIÊNCIAS

7 TEXTOS LEGAIS APLICÁVEIS

8 CONCLUSÕES

9 BIBLIOGRAFIA

17
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

BASE LEGAL E ASPECTOS INSTITUCIONAIS DOS INSTRUMENTOS DE


PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL - AVALIAÇÃO DE IMPACTO
AMBIENTAL GERENCIAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS E
ZONEAMENTO AMBIENTAL

Maria Luisa Faro Magalhães1

1 INTRODUÇÃO

Neste documento foram incorporados componentes extraídos dos acervos


confluentes de diversas áreas temáticas, selecionadas para a composição dos trabalhos
envolvidos na Etapa I, do Projeto “Tecnologias de Gestão Ambiental”.
Da combinação dessas variáveis técnicas, científicas e de gestão ambiental foram
extraídos componentes jurídicos compatíveis com a lógica do sistema normativo brasileiro,
de modo a balizar os rumos de uma formulação de princípios, destinada a nortear as tomadas
de decisão pelos órgãos executores da política ambiental.
No mesmo sentido, procurou-se definir as condutas e atividades que se buscará
assegurar (porque compatíveis com a política ambiental que se pretende implantar) e aquelas
que se buscará proscrever (porque incompatíveis com os objetivos de gestão que se procura
atingir). Por outro lado, medidas preventivas, estimuladoras, dissuasórias, repressivas ou
compensatórias são sugeridas, com o objetivo de operacionalizar os fins colimados.

2 METODOLOGIA

Este estudo compreende três etapas principais.


Aduz a fundamentação de uma base conceitual indispensável, com a
discriminação de subtemas essenciais (item 3 e seus subtemas).
Pontifica os três instrumentos de gestão: Avaliação de Impacto Ambiental,
Gerenciamento de Bacias Hidrográficas e Zoneamento Ambiental (itens 4, 5 e 6), oferecendo
seus perfis, seus status normativos, suas deficiências e recomendações de adequações.
Duas opções metodológicas mostraram-se possíveis para análise e avaliação da
efetividade jurídica dos instrumentos de gestão ambiental (Avaliação de Impacto Ambiental,
Gerenciamento de Bacias Hidrográficas e Zoneamento Ambiental):

a. adotando-se como campo de análise da efetividade desses três instrumentos


os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, uma jurisdição dos Estados que
abrigam esses biomas; ou

b. tomando-se áreas-chaves abrangidas pelo projeto como referências para


análise.

A primeira opção, apresentou o inconveniente de implicar num reenquadramento


dos dados e informações colhidos junto aos órgãos ambientais para suporte do Projeto, de
modo a compatibilizá-los segundo um critério político-geográfico diferente daquele utilizado

1
M. S. Universidade Estadual de Londrina Rua Barão do Rio Branco, 25 - Palmital - São Paulo - CEP 19770-000

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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

na sua coleta. Os dados disponíveis reportam-se, evidentemente, aos territórios dos Estados
e não necessariamente a toda extensão dos biomas, que, via de regra, não coincidem com
os limites geográficos políticos dos Estados que envolvem.
Se por um lado, a análise dos instrumentos segundo o critério da jurisdição dos
Estados, apresentava a conveniência de que os dados disponíveis foram obtidos e
categorizados em função dos Estados onde foram coletados, por outro, porém, nem todos
os Estados abrangidos pelo Projeto forneceram dados suficientes.
A adoção de vários temas a serem abordados/estudados na aplicação dos
instrumentos de gestão (fluxos migratórios, vegetação, fauna, ictiofauna, clima, saúde humana
etc.), se por um lado atendia ao objetivo de gestão ambiental do bioma (porque relacionaria
os instrumentos com as áreas, setores, campos e temas de natureza ambiental e não com a
jurisdição do Estado), por outro, implicava em um número excessivo de estudos temáticos a
serem realizados na aplicação dos instrumentos. O cruzamento das variáveis jurídicas e
metajurídicas de todas essas áreas seria inviabilizado nos limites de tempo envolvidos nesta
consultoria.
Na busca de uma opção de abordagem jurídica factível, que redundasse em
conclusões objetivas e úteis para os órgãos encarregados de implementar uma política de
gestão para os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, optamos pelo critério da adoção dos
instrumentos, como tais, como referenciais a partir dos quais se desenvolveu uma análise de
efetividade, via cruzamento e relacionamento de variáveis jurídicas e metajurídicas. As
conclusões, ipso facto, são pontuais, porém relativas aos instrumentos enquanto ferramentas
de gestão, acrescendo e a eles incorporando as peculiaridades e adequações emergidas do
projeto, como produto destinado a suprir as carências quer dos biomas Amazônia, Cerrado
e Pantanal, quer dos Estados enquanto jurisdições de órgãos ambientais.

3 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL BÁSICA

A revisão dos mecanismos de formulação da legislação ambiental e adequação


dos instrumentos: Avaliação de Impacto Ambiental, Gerenciamento de Bacias Hidrográficas
e Zoneamento Ambiental, para sua implementação nos Estados abrangidos pelos biomas
Amazônia, Cerrado e Pantanal, envolve a utilização de alguns conceitos jurídicos essenciais
e de compreensão indispensável.
A fundamentação jurídica envolvida nessa revisão, não se dá através de um
sistema de normas ordenadas em um mesmo plano horizontal, mas sim, de um sistema
verticalizado dentro de uma estrutura escalonada, que deve obedecer os processos de criação
ou alteração de quaisquer comandos jurídicos em matéria ambiental.
Por esta razão, em um primeiro passo, a revisão ou proposta de alteração de
normas que regulem esse instrumental, haverá de observar o regime de competências
institucionalizado pelo modelo de federalismo, consagrado na nova Constituição brasileira
de 1988.
Esse diploma legal, em seu artigo 18, adotou o denominado federalismo
cooperativo, selando, em oposição a um federalismo clássico, uma moderna fórmula de
repartição de competências, integralmente voltada para o fortalecimento da descentralização
político-jurídico-administrativa. Isto significa que a descentralização territorial, que caracteriza
juridicamente a federação brasileira, pressupõe governos autônomos que são, porém, a um
só tempo, coordenados mas independentes entre si. Essa independência, por sua vez, não
é tal, de forma a comprometer a unidade jurídica da Federação, tampouco é incipiente a
ponto de pulverizar a esfera de ação dos Estados-Membros, no que tange à competência
desses entes públicos para legislar e gerir as várias matérias no âmbito de suas jurisdições.

20
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

Por outro lado, há uma multiplicidade de jurisdições envolvidas no objeto do


projeto, dada a dimensão dos biomas em questão. Jurisdição, aqui referida, exprime o sentido
de limite territorial, de circunscrição administrativa dentro da qual podem ser validamente
exercidos os poderes inerentes à competência que por lei é atribuída às várias pessoas jurídicas
de direito público interno (União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios).

3.1 COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL

3.1.1 Competência constitucional

Competência, neste contexto, consubstancia a aptidão legalmente atribuída a


um ou vários entes públicos (União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios) para
legislar (competência legislativa) ou gerir (competência administrativa), questões ambientais.
O interesse jurídico em situar, no bojo deste documento, o alcance das diferentes
esferas de competência, aduzindo-se a respeito de cada uma delas algum balizamento
jurídico, advém da necessidade de se compor, ainda que superficial e palidamente, a estrutura
básica dessa repartição, com vistas a orientar o enquadramento das propostas de alterações
que resultem do projeto.
No que se refere à repartição de competências entre os vários níveis do poder
público, a linha divisória entre essas esferas, nem sempre é muito nítida ou imune a dissenso,
muito embora a nova ordem constitucional tenha, efetivamente, tornado o sistema de
partição de competências mais claro, se comparado à nossa Constituição anterior
(Constituição Federal de 1967, com a Emenda Constitucional nº 1, de outubro de 1969).
Isto porque, o campo constitucional dentro do qual os vários níveis de poder
podem validamente atuar, legislativa ou administrativamente, não podem sofrer invasão de
searas, sob pena de inconstitucionalidade, por atropelo ao sistema de competências.

Competência Exclusiva
De acordo com o artigo 21 da Constituição Federal, compete à União as
atribuições elencadas nos seus incisos de I a XXV. Essa outorga de competência exclui a
interveniência dos outros níveis de poder, pois trata-se de delegação intransferível para
administrar aquelas matérias elencadas. Nem os Estados, nem os Municípios têm qualquer
influência no desempenho dessas tarefas.
Com relação à gestão do meio ambiente especificamente, o artigo 21, da
Constituição Federal, atribui à União, a competência exclusiva para gerir, em termos macro,
com enfoque nacional, as seguintes questões de interesse ambiental:

• elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e


de desenvolvimento econômico e social (inciso IX);

• planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,


especialmente as secas e inundações (inciso XVIII);

• instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios


de outorga de direitos de seu uso (inciso XIX);

• instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusive habitação,


saneamento básico e transportes urbanos (inciso XX).

Esses incisos tratam de matérias administrativas, de atos que só a União pode


executar em toda a sua plenitude, sem interferência dos demais níveis de poder.

21
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

Competência Privativa
De acordo com o artigo 22, da Constituição, compete privativamente à União
legislar sobre: (foram citados apenas as matérias de interesse ambiental)

• águas e energia (inciso IV);

• jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia (inciso XII);

• populações indígenas (inciso XIV);

• atividades nucleares de qualquer natureza (inciso XXVII).

Essa competência não redunda em exclusividade, como possa parecer. Também


os Estados-Membros estão autorizados a legislar sobre questões específicas das matérias
relacionadas nos incisos I a XXIX, deste artigo, desde que Lei Complementar autorize a
delegação de competência da União para o Estado-Membro.
A Lei Complementar, por outro lado, é imperioso lembrar, demanda, para sua
aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas do
Congresso Nacional, o que significa dizer que se trata de Lei cuja aprovação não é tarefa
fácil. Assim, fica centrada na União a competência legiferante para as matérias elencadas no
artigo 22.

Competência Comum
A Competência Comum aduzida no artigo 23 da Constituição Federal, refere-se
à competência administrativa, para prestação de serviços e atividades (“zelar”, “proteger”,
“preservar”) que podem ser executados pela União, Estados, inclusive pelos Municípios e
Distrito Federal.
Assim, todos os níveis da administração pública têm competência para “proteger
o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas” (inciso VI), e “preservar
as florestas, a fauna e a flora” (inciso VII).
Essas tarefas do campo administrativo são, pois, partilháveis entre as instâncias
políticas, dentro de uma filosofia de cooperação entre os vários níveis de poder.

Competência Concorrente
A Competência Concorrente é a atribuição para exercer em conjunto com
outro ente político, no mesmo campo, a aptidão para legislar sobre as matérias elencadas
no artigo 24.
Esse exercício, no entanto, não se dá em igualdade de condições. Obedece,
efetivamente, a uma limitação vertical hierárquica, como por exemplo, compete à União
estabelecer normas de caráter geral, enquanto que aos estados compete a tarefa de
complementar ou suprir a legislação, para adapta-la à peculiaridade de seu território e
pormenorizá-la.
Assim, é que em matéria ambiental, a competência legiferante é concorrente, ou
seja, é reservado à União legislar sobre aquelas matérias que apresentam interesse da
natureza geral e de abrangência nacional, enquanto que os interesses regionais determinam
a competência dos Estados-Membros. Aos municípios cabe a parcela de competência definida
pelo seu “interesse local”.

22
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

O princípio que baliza essa repartição, nos termos da Constituição Federal vigente
é, pois, o da predominância do interesse. Na verdade, a conflituosidade e litigância em
matéria de competência ambiental que com muita freqüência têm chegado aos Tribunais,
advém do fato de que não há interesse municipal que não seja também, interesse do Estado-
Membro e da União, da mesma forma com que não há interesse regional ou nacional que,
igualmente, não ressoe nos Municípios, através dos Estados a que pertencem. Essa realidade
suscita amplas discussões no âmbito do contencioso.
A fórmula jurídica básica, no entanto, é a da maior carga de predominância do
interesse envolvido. Havendo normas gerais, compete aos Estados legislar “nos vazios”, em
uma atuação seguramente secundária. A rigor, originariamente não pode, o Estado-Membro
legislar a respeito das matérias elencadas no artigo 24. A sua atuação, no que se refere à
competência concorrente, que caracteriza a repartição em matéria ambiental é auxiliar,
subordinada, eis que devem eles obediência a princípios constitucionais de vinculação
obrigatória.
A Constituição não especifica o que sejam normas gerais. De concepção bastante
alta, são, em princípio, aquelas que têm condições de aplicação generalizada em todo território
nacional. Esse caráter geral, no entanto, não quer dizer aplicação uniforme. Significa, apenas,
que são editadas no interesse geral.
Em resumo, legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição,
(artigo 24, incisos VI e VII) constitui competência concorrente da União, Estados-Membros e
Distrito Federal (excluído Município).
Já os Municípios, têm sua competência retratada nos incisos do artigo 30, da
Constituição Federal, de 1988. Com relação a matéria ambiental, cabe aos Munícipios:
“legislar sobre assuntos de interesse local (inciso I); suplementar a legislação federal e a
estadual no que couber (inciso II); promover, no que couber, adequado ordenamento
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do
solo urbano (inciso VIII); e promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual” (inciso IX).
O interesse local não ultrapassa às fronteiras municipais. Ele é determinado pelo
bem-estar da população exclusivamente local, seja no setor urbano, seja nas regiões
periféricas dos municípios.

Competência Supletiva
Compete à União fixar normas gerais (§ 1º, do art. 24) e aos Estados e Distrito
Federal, legislar em caso de vazios ou inexistência de legislação (competência supletiva - §
2º, do art. 24). Ou seja, na inexistência de lei federal sobre normas gerais, os Estados poderão
legislar sem restrições. Se, no entanto, lei federal sobrevier, apenas as disposições que não
contrariem essas normas gerais permanecerão válidas.
Assim, os Estados-Membros e Distrito Federal podem, pois, legislar sobre as
matérias elencadas no artigo 24, apenas supletiva ou complementarmente.

Competência Complementar
A Competência Supletiva (para suprir) é, portanto, mais abrangente que a
Competência Complementar. Enquanto suprir significa “prover na ausência da norma geral”,
complementar pressupõe pré-existência parcial de legislação que será tão somente
complementada em seus vazios de regência.
A hierarquia existente entre normas federais, estaduais e municipais, em matéria
de competência, pressupõe a soberania dos vários níveis de poder político dentro de sua
esfera própria de competência.

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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

Esta hierarquia não significa que o princípio federativo da autonomia dos entes
políticos possa ser afetado. O desdobramento constitucional desta hierarquia pressupõe,
apenas, que o Município terá que, ao legislar, observar as normas válidas da União e dos
Estados. E tanto o município como o estado não poderão contrariar as normas gerais emitidas
pela União.

4 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

4.1 PERFIL DO INSTRUMENTO

A AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL-AIA é um instrumento da Política


Nacional do Meio Ambiente de grande importância para a gestão institucional de planos,
programas e projetos, em nível federal, estadual e municipal.
Um dos instrumentos legais de implementação da Avaliação de Impacto
Ambiental-AIA é o Estudo de Impacto Ambiental-EIA, que foi introduzido no sistema
normativo brasileiro, via Lei 6.803/80, ao tornar obrigatório a apresentação de
“estudos especiais de alternativas e de avaliações de impacto” para a localização
de pólos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos e instalações nucleares
(artigo 10, §§ 2º e 3º).
As diretrizes para implementação do EIA foram baixadas através da Resolução
CONAMA 001/86, posteriormente complementada pelas disposições das Resoluções
CONAMA 006/86 e 011/86.
A Constituição Federal de 1988, finalmente, fixou, através de seu artigo 225,
inciso IV, a obrigatoriedade do Poder Público exigir o Estudo Prévio de Impacto Ambiental
para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação
do meio ambiente, despontando como a primeira Carta Magna do planeta a inscrever a
obrigatoriedade do estudo de impacto no âmbito constitucional.
Entende-se por “significativa degradação ao meio ambiente” o dano sensível à
qualidade ambiental, ainda que esse dano não seja excepcional ou excessivo. O conceito
encerra, pois, o antônimo do que se qualificaria como impacto ambiental “insignificante”.
A própria Resolução CONAMA 001/86, em seu artigo 1º, conceitua impacto
ambiental como: “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.”

A institucionalização da AIA, no Brasil e em diversos países, guiou-se pela


experiência americana, face a grande efetividade que os Estudos de Impacto Ambiental
demonstraram no sistema legal da common law dos Estados Unidos.
Em 1969, os Estados Unidos aprovaram o “National Environmental Policy Act-
NEPA”, que corresponde, no Brasil, à Política Nacional do Meio Ambiente. O NEPA instituiu
a execução de Avaliação de Impacto Ambiental interdisciplinar para projetos, planos e
programas e para propostas legislativas de intervenção no meio ambiente. O documento
que apresenta o resultado dos estudos produzidos pela AIA recebeu o nome de Declaração
de Impacto Ambiental (“Environmental Impact Statement-EIS”). O EIS mostrou-se um
instrumento eficiente, principalmente no que se refere à participação da sociedade civil nas

24
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

tomadas de decisão pelos órgãos ambientais, via Audiências Públicas. Seguramente, o grau
de educação e politização, esclarecimento e conscientização da sociedade americana foram
fatores determinantes para a efetividade do instrumento.
O Estudo de Impacto Ambiental-EIA e o Relatório de Impacto Ambiental-RIMA,
são instrumentos cuja utilidade está em proporcionar a correta avaliação das conseqüências
ambientais das atividades humanas.
O EIA/RIMA constitui estudo interdisciplinar, custeado pelo proponente do
projeto, destinado a identificar, interpretar e prevenir as conseqüências e efeitos que atividades
ou projetos possam vir a apresentar ao bem-estar e saúde humana e ao equilíbrio ambiental.
As verificações e análises, que são feitas no bojo do Estudo de Impacto Ambiental-
EIA, resultam em um juízo de valor positivo ou negativo, com relação ao projeto proposto.
Suas conclusões objetivam oferecer subsídios consistentes e informações técnicas sólidas e
precisas de modo a permitir a administração pública, tomar a decisão quanto ao licenciamento
ou não de uma atividade ou empreendimento, avaliar e contrastar os interesses e valores
em jogo, em face do impacto ambiental que essas atividades ocasionarão.
O EIA, deve funcionar como grande canal de comunicação entre a sociedade
civil e a administração pública, via audiências públicas, com vistas a propiciar decisões mais
sensatas, ainda, no âmbito de projeto e de planejamento, com a confiabilidade da solução
escolhida.

4.2 STATUS JURÍDICO

• Constituição Federal de 1988:

Artigo 225, inciso IV - institui a obrigatoriedade de o Poder


Público “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potenciamente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade”.

• Lei 6.803/80:

Artigo 10, § 3º- institui a obrigatoriedade de estudos especiais


de alternativas e de avaliações de impacto para implantação
de zonas de uso estritamente industrial que se destinem a
localização de polos petroquímicos cloroquímicos,
carboquímicos, bem como a instalações nucleares e outras
definidas em Lei.

• Lei 6.938/81:

Artigo 9º, inciso III - institui Avaliação de Impacto Ambiental


como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.

• Resolução CONAMA 001/86

Estabelece diretrizes gerais para o Estudo de Impacto Ambiental.

• Resolução CONAMA 011/86

Altera e acrescenta inciso, no artigo 2º, da Resolução CONAMA


001/86.

25
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

• Resolução CONAMA 006/87


Estabelece regras gerais para o licenciamento ambiental de obras
de grande porte relacionada com a geração de energia.

• Resolução CONAMA 009/87

Dispõe sobre Audiência Pública.

• Resolução CONAMA 005/88

Dispõe sobre o licenciamento de obras de saneamento.

• Resolução CONAMA 006/88

Determina que no processo de licenciamento ambiental de


atividades industriais geradoras de resíduos, seja apresentado
ao órgão ambiental competente, informações sobre a geração,
características e destino final de seus resíduos.

• Resolução CONAMA 008/88


Transformada no Decreto 97.507, de 13/02/1989, dispõe sobre
o licenciamento de atividade mineral, o uso de mercúrio
metálico e do cianeto em áreas de extração de ouro.

• Resolução CONAMA 009/90


Dispõe sobre Normas Específicas para o Licenciamento
Ambiental de Extração Mineral das Classes I a IX, exceto a
Classe II.

• Resolução CONAMA 010/90


Dispõe sobre Normas Específicas para o Licenciamento
Ambiental de extração mineral da Classe II.

• Decreto 97.632/89
Dispõe sobre a regulamentação do artigo 2º, inciso VIII, da
Lei 6.938/81.

• Decreto 99.274/90
Regulamenta a Lei 6.902/81, e a Lei 6.938/81, que dispõem,
respectivamente, sobre a criação de Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente.

4.3 DEFICIÊNCIAS

Como grande canal de comunicação entre a sociedade civil e a administração


pública e, na qualidade de ferramenta essencial para propiciar decisões adequadas, o EIA
tem o objetivo de orientar na tomada de decisão quanto a concessão ou não do licenciamento
ambiental de um empreendimento e, ao mesmo tempo, demonstrar para a administração
pública, em nível de planejamento, a confiabilidade da solução escolhida.

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AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

A mera leitura dos procedimentos envolvidos na confecção do EIA/RIMA, sugere


estarmos diante de um Midas jurídico, que teria o condão de transformar em oásis qualquer
empreendimento com potencial de impacto ambiental.
Constituindo-se em verdadeiro inventário dos aspectos não apenas ambientais
mas também antrópicos da área de influência do projeto, o EIA busca definir um diagnóstico
preciso e claro sobre os impactos diretos e indiretos, benéficos ou adversos, temporários,
permanentes e cíclicos, imediatos e a médio e longo prazos, reversíveis e irreversíveis, locais,
regionais e estratégicos. No entanto, não obstante os inumeráveis méritos desse instrumento
(até porque o estado da arte até a presente data não logrou conceber estratégia mais
aperfeiçoada ou eficaz, tampouco mais democrática que o EIA), na prática, seus resultados
têm contribuído muito pouco para afeiçoar a concepção dos projetos propostos e para a
gestão ambiental no seu todo.
O processo do EIA é tão importante quanto o seu produto. Sua eficácia está
exatamente em ser capaz de resultar em uma avaliação que transcenda a mera peça
burocrática destinada a legitimar decisões. O empreendedor, ao contratar a Equipe
Multidisciplinar para a realização do Estudo, não está contratando a aprovação do respectivo
RIMA, porém, não será senão esta a realidade resultante da contratação se o procedimento
do instrumento for banalizado ao ser executado.
A interdisciplinaridade característica do processo, por sua vez, não pode ser
entendida como uma simples somatória e superposição de estudos. Para que realmente
resulte na avaliação que lhe é intrínseca, os dados e informações resultantes haverão de ser
interpretados em conjunto.
As deficiências de implementação mais comuns verificadas na prática dos EIA
por esta consultora e que são, de resto, coincidentes e confirmados pelos dados obtidos
pelos técnicos do IBAMA nas visitas que efetuaram aos órgãos ambientais das jurisdições
dos biomas em estudo, estão abaixo relacionadas:

a. procedimento de licenciamento iniciado após o começo das


obras do empreendimento;

b. não realização de nenhum procedimento de licenciamento;

c. empresas implantadas sem licença;

A grande eficácia do Estudo de Impacto Ambiental-EIA está exatamente em que


propicie análise prévia dos impactos, permitindo eventual modificação do projeto, antes de
sua implantação. Por esta razão, ele é necessariamente anterior à tomada de decisão
administrativa, ou seja, previamente ao ato administrativo de licença. É, no entanto,
necessariamente posterior à existência de um projeto consistente. O ideal é que o EIA/RIMA
deva começar quando a informação ao público já esteja em marcha.

d. não exercício da obrigatoriedade do procedimento de publicidade;

e. não realização de audiências públicas;

Na esteira do reconhecimento do direito constitucional ao meio ambiente sadio,


consagrado no novo texto constitucional, sem que dele possa ser dissociado, quer no plano
da mera lógica, quer no plano jurídico, vem a reboque a questão do direito à informação
ambiental, que apresenta, como contraface, a obrigatoriedade de os órgãos ambientais
oferecerem a mais ampla e irrestrita publicidade aos procedimentos inerentes ao processo
de avaliação de impacto, mormente com referência à audiência pública.

27
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

Mais que isso, acreditamos mesmo que seja compatível com o espírito da
legislação, já que não apenas é obrigatória a publicidade, na busca da transparência do
processo, mas também é ainda, o dever dos órgãos públicos promoverem o encorajamento
e o incentivo do envolvimento das comunidades nas avaliações de impacto (artigo 5º da
Constituição Federal, de 1988 que expressamente prevê o direito à informação ambiental).
Entretanto, em um contexto típico de terceiro mundo que nos caracteriza enquanto
nação e muito mais agudamente em se tratando das regiões dos biomas em estudo, o exercício
desse direito como iniciativa das populações afetadas, através de processos deflagrados
pela postulação da própria sociedade civil, é quase nulo. Ele pressupõe um grau de politização
e educação que, principalmente nos Estados dos biomas, é incipiente e até insignificante.
Mais agudamente aflora, por conseguinte, a absoluta necessidade de
encorajamento e incentivo à participação do público pelos órgãos encarregados de processar
o EIA. Esta participação deverá ocorrer através da mais ampla publicidade, onde se atingirá
segmentos cada vez mais amplos das populações afetadas pelos empreendimentos.
Esse estímulo e encorajamento de segmentos, visando fomentar o interesse
público, via ampla publicidade, inclui não apenas a utilização da mídia, mas o envolvimento
de líderes dos vários segmentos, de entidades, de associações, de partidos políticos, de
representantes de interesses diversificados, de representantes do Ministério Público etc.
Por outro lado, a acessibilidade ao EIA/RIMA anteriormente à realização da
audiência pública é, da mesma forma, providência essencial para permitir que a sociedade
receba um volume de informações essenciais sobre o projeto, anteriormente ao forum de
debates que acontece nessa audiência.
Na experiência americana, por exemplo, é comum a realização de várias reuniões
prévias informais.
O diálogo com grupos representativos nessa fase pré-procedimental auxilia na
determinação do que está sendo buscado em termos de proteção ambiental e quais os
aspectos que deverão escapar de apreciação pelo EIA.

f. não aplicação de medidas mitigadoras;

A falta de eficácia na fiscalização a ser empreendida pelos órgãos ambientais,


bem como a sua leniência com a não observância dos procedimentos envolvidos na confecção
e implementação do EIA/RIMA são, via de regra, decorrência de estruturas organizacionais
precárias e carência de recursos humanos das agências governamentais. A fiscalização não
eficaz, no entanto, é questão metajurídica que, seguramente, merecerá abordagem no âmbito
dos trabalhos de natureza não jurídica envolvidos no Projeto em apreço.
Importa ressaltar, contudo, que o conteúdo do EIA/RIMA vincula tanto o órgão
público como a Equipe Multidisciplinar que o confecciona, do que se depreende que, vícios
de formalidades essenciais como omissão de publicidade, não realização de audiência
pública, quando requisitada, ou não realização de medida mitigadora, podem dar surgimento
a Ações Judiciais contra o proponente e contra a agência ambiental.
O ajuizamento de Ações junto ao Poder Judiciário visando anular o ato
administrativo de licença ou impedir a construção, instalação, ampliação ou funcionamento
da atividade, pode vir lastreado em vício de fundamentação (como a inveracidade ou
impropriedade de motivos aduzidos no arrazoado apresentado pela administração pública);
em vício de omissão (na motivação da decisão) de significante aspecto adverso ou benéfico
apontado no Estudo, ou até em fato novo, ou seja, em face do surgimento de informação
nova não suscitada na conclusão do Estudo.

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AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

É, pois, de absoluta essencialidade que a administração pública dê publicidade


e didaticamente dissemine esta contraface do EIA - dando o seu trâmite correto, preservando
o órgão ambiental e o próprio empreendimento de eventuais ações judiciais que levem a
falência no seu processamento.
As carências de estrutura institucional, por um lado, e de especialização e
capacitação de recursos humanos no âmbito da gestão ambiental, por outro, são quase
crônicas em nossos órgãos de meio ambiente.
A constatação de falta de técnicos habilitados em EIA/RIMA e o desaparelhamento
das agências ambientais foram uma constante também nos levantamentos de dados nos
Estados pelos técnicos do IBAMA.
A configuração legal do EIA baseia-se no pressuposto de que a performance
dos órgãos ambientais seja sempre exemplar. Não poderia, aliás, ser diferente.
A excelência do trabalho dos técnicos envolvidos nos EIA/RIMA, por se tratar de
procedimento altamente especializado e específico, exige indispensáveis treinamentos e
estágios práticos para aperfeiçoamento técnico.

5 GERENCIAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

5.1 PERFIL DO INSTRUMENTO

Nos termos da Constituição Federal de 1988, são bens da União os lagos, os rios
e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais. É este o comando do
artigo 20, inciso III da Carta Magna.
O artigo 21, inciso XIX, por sua vez, atribui competência exclusiva à União para
instituir “sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga
de direitos de seu uso”.
No mesmo sentido, o artigo 22, inciso IV, também da Constituição, confere
monopólio à União para legislar sobre águas e energia.
É, pois, do âmbito da norma federal, a fixação de padrões de qualidade das
águas.
As águas que integram os bens dos Estados-Membros, por outro lado, vêm
definidas no artigo 25, inciso I da Constituição que, dentre esses bens, inclui as águas
superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito.
O aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica (artigo 176) é, igualmente,
prerrogativa da União, (excluindo-se apenas aqueles de reduzida capacidade, artigo 176, §
4º).
Enquanto a União ocupa-se em fixar os padrões de qualidade das águas (rios,
lagos, lagoas) aos Estados, cabe dar efetividade a esses padrões, exercendo seu poder
fiscalizador no cumprimento dos mesmos.
É importante observar que o gerenciamento de bacias hidrográficas é enquadrado
na legislação como componente do gerenciamento de recursos hídricos.
O gerenciamento de bacias, no entanto, tem relação direta com o uso do solo
circundante, com a vegetação, clima, situação das matas ciliares etc. Vale dizer, que esse
gerenciamento tem relação direta com uma política de gestão ambiental mais abrangente
que a relativa aos recursos hídricos, strictu sensu.
Por esta razão, o enquadramento mais específico do gerenciamento de bacias,
como categoria específica a receber tratamento legislativo especial, parece atender, com
mais adequação aos imperativos da gestão ambiental mais efetiva.

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CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

5.2 STATUS JURÍDICO

• Constituição Federal de 1988:

Artigo 20, inciso III - dispõe sobre bens da União (lagos, rios,
ilhas fluviais e lacustres).

Artigo 21, inciso XIX - dispõe sobre competência da União para


instituir o sistema nacional de gerenciamento de recursos
hídricos.

• Resolução CONAMA 001/85

Dispõe sobre suspensão de concessão de licença para destilarias


de álcool nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

• Resolução CONAMA 020/86

Estabelece a classificação das água doces, salobras e salinas do


território nacional.

• Lei 3.824/60

Torna obrigatória a destoca e conseqüente limpeza das bacias


hidráulicas, dos açudes, represas ou lagos artificiais.

• Portaria MINTER 013/76

Classifica as águas interiores do território nacional.

• Lei 7.754/89

Estabelece medidas para proteção das florestas existentes nas


nascentes dos rios.

• Decreto 87.561/81

Dispõe sobre as medidas de recuperação e proteção ambiental


da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul.

• Decreto 94.076/87

Institui o Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas.

• Decreto 23.777/34

Dispõe sobre lançamento de resíduos industriais em água


fluviais.

• Decreto 50.877/61

Dispõe sobre lançamento de resíduos tóxicos em águas.

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AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

5.3 DEFICIÊNCIAS

A análise dos dados levantados junto aos Estados demonstra que não há
experiência de implementação desses instrumentos na Amazônia, Pantanal e Cerrado.
De toda sorte, as experiências com programas de microbacias na região sul e
sudeste do país podem operar como referencial.

6 ZONEAMENTO AMBIENTAL

6.1 PERFIL DO INSTRUMENTO

O zoneamento ambiental, nos termos da Lei 6.938/81 (artigo 9º, inciso II) é um
“instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente”. A ordenação do território é ferramenta
essencial no planejamento ambiental e indispensável para a operacionalização de um
programa destinado a compatibilizar a utilização de determinados espaços.
Na qualidade de identificação e caracterização dos diversos sistemas ambientais
que compõem espaços determinados, o zoneamento busca orientar o uso desses espaços,
sem contudo determiná-los, porque se cinge a analisar o ambiente, classificar seus atributos
chegando a diagnose da qualidade destes espaços previamente determinados.
Como parte de um sistema complexo de relações, o zoneamento ambiental é
suporte para um zoneamento econômico-ecológico e há que ser relacionado com as
potencialidades e ofertas econômicas do território, bem como, com os agentes e fatores
sociais, para que não se exclua do mesmo o componente antrópico e seus impactos.
A vinculação desse universo multifacetado - traduzido em diretrizes de ordenação
do território definidoras de restrições, permissões, categorias de uso dentre as unidades de
conservação previstas na Resolução CONAMA 011/872 - à lógica intrínseca do sistema
jurídico, está sujeita ao princípio unificador de toda essa matéria, como um denominador
comum deste conjunto de tratamentos: a propriedade privada.
A nova Constituição Federal, coerentemente com o seu conteúdo programático,
não circunscreve exatamente os contornos e alcances do instituto da propriedade. Limita-se
a consagrá-lo no seu artigo 5º, inciso XXII e a condicioná-lo à sua função social (artigo
186).
Garantindo o direito de propriedade, a Constituição, no entanto, condiciona o
seu uso a determinadas circunstâncias, sujeitando a utilização da propriedade à observância
de certos pressupostos relativos, ao modo pelo qual, concretamente, é exercido esse direito.
Esses pressupostos são as restrições ou limitações que gravam o exercício do direito de
propriedade.
No nosso ordenamento jurídico estas limitações são oriundas de duas macro
vertentes: as de ordem pública e as de natureza civil. Apenas as primeiras têm pertinência
para este estudo, porque são as que vem em socorro do bem-estar e do interesse da
coletividade como um todo.
São as disposições sobre águas, energia, flora, fauna, florestas, cavidades naturais
subterrâneas, recursos minerais etc., bens que, na Constituição, estão sob tutela do estado.
É através de instrumentos como o zoneamento ambiental, zoneamento industrial,
o Estudo de Impacto Ambiental, o regramento do parcelamento do solo urbano e outros
que o manejo e o monitoramento desses bens jurídicos é implementado.
O artigo 5º, inciso XXII da Constituição Federal (que fixa o direito de propriedade)
deve, nesse contexto, ser interpretado em combinação com o inciso II do artigo 186. Este,
por sua vez, insere dentre os requisitos da função social, o da “utilização adequada dos
recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente”.

31
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

O inciso II do artigo 186 veio ampliar o conceito de função social da propriedade,


inserindo a função ambiental como elemento dela constitutivo.
A “utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente” tem nos parâmetros e diretrizes do planejamento ambiental seus princípios
balizadores.
As limitações ao uso da propriedade advindas de diretrizes e posturas de
zoneamento ecológico (proibição de determinados cultivos, determinação do tipo de plantio
etc.) não atropelam o direito de propriedade, não “desprivatizam” o seu exercício, tampouco
atingem seu conteúdo porque o exercício antisocial do direito de propriedade, na nova
Constituição, acolheu a preservação do meio ambiente como um novo valor jurídico a
integrar a configuração desse direito.

6.2 STATUS JURÍDICO

• Lei 6.513/77
Dispõe sobre a criação de Áreas Especiais e de Locais de
Interesse Turístico; sobre o Inventário com finalidades turísticas
dos bens de valor cultural e natural etc.

• Lei 6.803/80
Dispõe sobre diretrizes básicas para o zoneamento industrial
nas áreas críticas de poluição.

• Lei 6.902/81
Dispõe sobre criação de Estações Ecológicas, Áreas e Proteção
Ambiental e dá outras providências.

• Lei 6.938/81
Artigo 9º, inciso II - institui o zoneamento ambiental como
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.

• Decreto 84.017/79

Aprova o Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros.

• Decreto 84.973/80

Dispõe sobre localização de estações e usinas nucleares.

• Decreto 86.176/81
Regulamenta a Lei 6.513/77, que dispõe sobre criação de áreas
especiais e de locais de interesse turístico.

• Decreto 89.336/84
Dispõe sobre reservas ecológicas e áreas de relevante interesse
ecológico.

• Decreto 89.431/84
Dispõe sobre plano básico de zoneamento de ruído.
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

• Decreto 96.944/88
Cria o Programa de Defesa do Complexo de Ecossistemas da
Amazônia Legal.

• Decreto 99.193/90
Dispõe sobre atividades relacionadas ao zoneamento ecológico-
econômico.

• Decreto 99.274/90
Regulamenta a Lei 6.902/81 e a Lei 6.938/81, que dispõem,
respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente.

• Resolução CONAMA 004/85


Define critérios, normas e procedimentos gerais para
caracterização e o estabelecimento de Reservas Ecológicas.

• Resolução CONAMA 011/87


Declara como Unidades de Conservação várias categorias de
Sítios Ecológicos de Relevância Cultural, criadas por atos do
poder público.

6.3 DEFICIÊNCIAS

Com relação ao zoneamento ambiental, sua proposta de readequação em nível


de legislação implicará, necessariamente, na sua definição legal, para viabilizar o trato à
questão maior que é, afinal, o delineamento de um macro zoneamento ecológico-econômico
para definição de categorias de usos de solo que visem o equilíbrio ambiental.
Carência maior detectada no espectro da legislação de gestão na Amazônia,
Pantanal e Cerrado com relação ao zoneamento ambiental, ferramenta ainda não utilizada
na jurisdição dos biomas, a definição de critérios e diretrizes de ordenação do território
tendo em vista seus aspectos não só ecológicos mas também econômicos e sociais, é essencial
para a readequação a ser empreendida no âmbito deste instrumento de gestão.

7 TEXTOS LEGAIS APLICÁVEIS

• Em vigência

• Constituições de Estados:
Goiás, Tocantins, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Bahia e Distrito Federal (Cerrado);
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Pantanal)
Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Roraima e Rondônia (Amazônia)
• Código Florestal (Lei 4.771 de 15/09/65)

• De lege ferenda
• Anteprojeto do CONAMA estabelecendo “norma de caráter geral”
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

• Projeto de Lei nº 4.619/90, em tramitação, dispondo sobre diretrizes básicas para o


zoneamento ecológico-econômico nacional.
• Códigos Estaduais dos Estados Membros, em tramitação

• Portaria nº 126, (publicada em 29/05/92) determinando elaboração de anteprojeto


de lei ordinária, pelo governo federal, para adequar e atualizar a legislação ambiental.

• Anteprojeto da Consolidação das Leis Federais do Meio Ambiente, publicado em


17/02/92.

8 CONCLUSÕES

• Quanto a Avaliação de Impacto Ambiental

As decisões administrativas nem sempre são substancialmente livres de pressões


políticas porque o contexto dentro do qual são tomadas envolve, via de regra, interesses
economicamente fortes. Quando se trata de megaprojetos, as ingerências para liberação de
licenças se potencializam.
O EIA, como instrumento, não tem o condão de remover essa pressão política. O
Poder Judiciário, a sociedade civil organizada em torno de ONG, e a mídia, são os
instrumentos efetivos para fazer frente a esse tipo de ingerência e pressão no âmbito da
concessão de licenças.
Do exame dos dados e informações coletados nas visitas aos órgãos ambientais
estaduais (Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, Tocantins, Distrito
Federal e Maranhão) pode-se nitidamente identificar que a mais aguda carência no âmbito
da utilização do EIA está exatamente na dificuldade de a maioria dos órgãos dos Estados da
Amazônia, Cerrado e Pantanal exercitar na sua plenitude, diretrizes básicas inerentes ao
procedimento do EIA, como por exemplo: a sua realização anteriormente ao início das
obras do empreendimento, não realização de procedimento algum, não exercício de
obrigatoriedade de publicidade dos procedimentos, não realização de audiências públicas,
não execução de medidas mitigadoras etc.
O não exercício das diretrizes básicas do EIA descaracteriza o próprio instrumento,
como tal. Concebido exatamente para propiciar uma análise prévia dos impactos, antes da
tomada de decisão, se deflagrado após, se transforma em mero exercício burocrático.
Coerentemente com a regra geral que se aplica ao Direito Ambiental como um
todo neste país, às voltas com a falta de cultura de uso dos instrumentos legais e institucionais
de que dispõe (face às características sócio-econômicas e culturais da sociedade brasileira),
a utilização do EIA na Amazônia, Cerrado e Pantanal apresenta como carência maior, a falta
de estrutura institucional, organizacional e de recursos humanos especializados, nos órgãos
ambientais que o processam.
Sintonias finas a serem feitas na legislação do instrumento parecem questões
diminutas, quando comparadas com as dificuldades operacionais verificadas no âmbito da
infra-estrutura das agências.
A implementação da legislação existente é tão importante quanto as questões de
lege ferenda.
Há, por outro lado, uma área cinzenta remanescente relativa ao critério de
determinação da exigência do EIA.
O órgão ambiental do Estado do Mato Grosso do Sul, por exemplo, tendo em
vista a realidade do uso e ocupação do solo característicos de região pantaneira, apontou a
necessidade de exigência do EIA para projetos agropastoris.
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

Na experiência americana com os EIA, é comum a requisição do Estudo pelo


órgão ambiental, até para aquelas atividades ou projetos para os quais não é oficialmente
exigido o estudo. Lá, como cá, o critério incidente é o da potencialidade do impacto, de um
lado, e o interesse público, do outro.
O artigo 7º, da Resolução CONAMA 001/86, assevera a independência da equipe
realizadora do EIA, com relação ao empreendedor. Ocorre, no entanto, que esta
independência tem se mostrado, na prática, um compromisso teórico e a performance dessas
“ecoempresas” nem sempre é exemplar. Têm-se freqüentemente sugerido, à guisa de defesa
de uma maior autonomia para o EIA/RIMA, que a consultoria deveria ser designada pelo
próprio órgão público licenciador. Trata-se de sugestão a ser estudada em maior profundidade
questionando-se, de antemão, no entanto, a já crônica falta de estrutura dos órgãos
ambientais.
A propósito da carência infra-estrutural das agências, é importante lembrar a
absoluta essencialidade de um departamento jurídico operante e capaz de oferecer suporte
aos órgãos ambientais no âmbito da conflituosidade e na postulação pelo cumprimento das
medidas mitigadoras através de notificações, embargos etc.
Temos, a este propósito, reiteradamente sugerido a indispensabilidade do
advogado como integrante necessário da equipe multidisciplinar, com vistas a oferecer maior
garantir de correção no procedimento do EIA.

Nas Constituições Estaduais - O tratamento jurídico do EIA no âmbito das


Constituições Estaduais é, evidentemente, híbrido. Poucas omitiram o instrumento (TO e
AC). Algumas limitaram-se a reproduzir o texto da Constituição Federal. Quase todas, no
entanto, trataram da matéria. algumas de maneira bem abrangente, exigindo-o para projetos
de expansão de área urbana (AM, GO e RO), outras para ocupação de áreas de preservação
dos corpos aquáticos (PA), ou para área objeto de zoneamento (AM).
Da análise desses textos é nossa convicção, reforçada pela conclusão convergente
também de alguns participantes do Atelier I, que a maior deficiência do EIA, se localiza
menos no âmbito da legislação e com certeza, muito no âmbito da sua implementação,
questão que vem a reboque da carência infra-estrutural dos órgãos ambientais estaduais.

• Quanto ao Gerenciamento de Bacias Hidrográficas

A Constituição Federal estabelece a competência da União para legislar sobre


águas e energia. Enquanto à União cabe fixar padrões, aos Estados cabe fiscalizar a
observância desses padrões.
O exercício dessa tarefa pelos Estados, no entanto, no âmbito de bacias
hidrográficas, na Amazônia, Cerrado e Pantanal é praticamente nulo.

Nas Constituições Estaduais - O tratamento jurídico do instrumento pelas


Constituições estaduais é heterogêneo. Algumas definem os recursos hídricos como recursos
econômicos de usos múltiplos, outras o inserem como recurso ambiental a ser preservado.
A maioria dos textos constitucionais no entanto, faz referência a recursos hídricos.
A Constituição piauiense prevê gerenciamento por bacias e sub-bacias, como
unidade de planejamento. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul incluíram previsão de realização
de consórcios intermunicipais.
Os contextos díspares e a maior ou menor participação de segmentos sociais na
elaboração das Constituições são responsáveis pela grande heterogeneidade no tratamento
jurídico dos recurso.
Parece-nos que uma das grandes carências no âmbito do gerenciamento de
recursos hídricos é a fixação de uma filosofia de gerenciamento, ou seja, de uma política
globalista para a matéria.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

A implementação do instrumento é, igualmente complicada, eis que envolve


jurisdições territorialmente imensas, Estados vários e Municípios múltiplos. A realização de
consórcios tem sido experiência frutífera no sul do país e, não obstante a realidade da
Amazônia, Cerrado e Pantanal seja inteiramente diversa em muitos de seus aspectos, ainda
assim, a experiência parece apontar nessa direção, como caminho a ser perseguido na
condução de uma política para os recursos hídricos.

• Quanto ao Zoneamento Ambiental

Dos instrumentos em análise, é o mais pobre e o mais desassistido. Embora


previsto no bojo da Lei 6.938/81, carece, no entanto, de critérios, definições e políticas de
implementação.
Uma proposta de readequação em termos de legislação implicará,
necessariamente, na definição legal de zoneamento ambiental, para viabilizar o trato à questão
maior que é, afinal o delineamento de um macro zoneamento sócio-ecológico-econômico
dos biomas, para definição de categorias de seus usos.
A carência maior detectada no espectro da legislação de gestão dos Estados da
Amazônia, Pantanal e Cerrado com relação ao zoneamento ambiental é a definição de
critérios e diretrizes tendo em vista seus aspectos não só ecológicos mas também econômicos
e sociais.
Por outro lado, emergiu das interações entre consultores e participantes do Atelier
I, realizado no âmbito do Projeto “Tecnologias de Gestão Ambiental”, a questão de se tomar
o zoneamento como se fora um plano de manejo, quando, tecnicamente, parece ser apenas
uma ferramenta para o planejamento. Um diagnóstico destinado a identificar zonas ou
sistemas ambientais e sua sustentabilidade sob o ponto de vista ambiental-econômico-social
e não propriamente um instrumento de gestão. Este pressupõe intervenções que ocorrerão
no futuro, na execução de uma política que se pretenda implementar enquanto que o
zoneamento é mero diagnóstico, um levantamento “do passado”.

Nas Constituições Estaduais - o perfil básico do tratamento constitucional


do zoneamento pelos Estados é o da previsão para definição de espaços destinados a
unidades de preservação. Alguns Estados conceberam-no como definição de espaço para
mapeamento de cobertura florestal (AM e GO). Dois Estados inseriram o enfoque antrópico
na sua definição legal (MT e RO). A Constituição maranhense prevê o zoneamento agrícola.
Dos três instrumentos em análise, o zoneamento ambiental é certamente aquele
que demandará maior dedicação face a sua quase absoluta falta de tratamento legal. Confira-
se quadro sinótico anexo.

9 BIBLIOGRAFIA

AFONSO DA SILVA, José. Legislação - planejamento urbano e áreas críticas de poluição.


III Simpósio Nacional da Direito do Meio Ambiente. Anais... São Paulo, Set, 1982.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. Ed. Saraiva, 1990.

BONINE, J.E., MCGARITY, T. O. The law of environmental protection cases, legislation,


policies. American Casebook Series, West Publishing C.O., St. Paul, Minn.

BRASIL. Congresso Nacional. Senado. Meio Ambiente: legislação. Subsecretaria de Edições


Técnicas. Brasília, 1991. 785 p.

BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.


Coletânea de Legislação Federal do Meio Ambiente. Brasília, 1992. 796 p.
CANO, Guilhermo J. Derecho, política y administración ambientales. B. Aires: Depalma,
1978.
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resoluções do CONAMA. 1984/91.


IBAMA. Brasília, 1992, 245p.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental Brasileiro. São Paulo: ed. RT., 1991.

MAGALHÃES, Maria Luisa Faro. Boletim de direito administrativo, São Paulo, v. VII, n. 3, março.
1991.

. Revista do Ministério Público do Estado de Sergipe. Aracajú, v. I, n. 2. 1992.

MATEO, Ramón Martin. Derecho ambiental. Instituto de Estudios de Administración Local.


Madrid, 1977.

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente. Coletânea de Legislação


Ambiental: federal, estadual. Coordenadoria de Estudos de Defesa do Meio Ambiente.
Curitiba, 1990. 536 p.
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

Quadro 1
Quadro Sinótico do Tratamento Jurídico das Constituições Estaduais ao Estudo de Impacto Ambiental

Estados das Juridições dos Biomas


Tratamento Legal
AC AP AM BA GO MA MT MS MG PA PI RO RR TO
Previsão expressa do N S S S S S S S S S S S
instrumento para 230, VI 214, IV 132, 241, 263, 222, VI 214, 255, 237, IV 219, VI
atividades causadoras de 235, V §3º VIII IV §2º §1º
impacto
Texto reproduz teor da S S N N N S N N S N
Constituição Federal 230, VI 214, IV 222, VI 237, IV
Previsão de convênios S N S S S S N S N N
intermunicipais para 234 , VI 132, 241, 263, 222, VI 255,
gestão de bacia §3º VIII IV §3º
hidrográfica
S S S S S S S N S N
Prevê publicidade no 230, VI 214, IV 132, 241, 263, 222, VI 214, 237, IV
procedimento §3º VIII IV §2º
265
Procedimento exigido S N N N N N N N N N
para pólos industriais ou 235, I
agro-industriais
S N N N N N N N N N
Procedimento exigido
235, II
para área objeto de
zoneamento
S N N N N N N N N S
Procedimento exigido
235, II e 132, 221,1
para área de expansão
IVI §3º
urbana
Procedimento exigido S N N N N N N S N N
para outras finalidades 235, VI 255, II

Obs.: Numeração expressa: artigos, incisos, parágrafos e letras da Constituições Estaduais


AP e RR – dados não disponíveis
CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA GESTÃO AMBIENTAL

Quadro 2
Quadro Sinótico do Tratamento Jurídico das Constituições Gerenciamento de Bacia e Recursos Hídricos

Estados das Juridições dos Biomas


Tratamento Legal
AC AP AM BA GO MA MT MS MG PA PI RO RR TO
Referência expressa a N S N N N N N N N S S N
gestão por bacia 230, XII 237, § 226
hidrográfica 6º, a
Referência expressa a N S N S S S S S S S S S
Gestão de recursos 230, XII 132, II 241, VI 263, III 22, IX, 216, § 255, II 237, § 221, II 110, IV
hídricos 128, II XIX 1º 6º, c
Previsão de convênios N N N N S S S N N N N N
intermunicipais para 239, § 277 254
gestão de bacia 2º
hidrográfica
Recursos hídricos apenas N N S N N N N N N N N N
tratados genericamente 213
como recurso natural
Recursos hídricos N S N S N N S N S N S S
tratados junto a recursos 230, X 132, II 222, §2º, 255 221, II 110,
minerais IX VIII,b VIII
N S S S S S N N S S S
Previsão de conservação
de matas ciliares e vales 230, XI 215, VII 130 §2º 241, IV, 274 222, §2º, 239, IV 230, e 110, IV
de rios e 231, 216, VI h 239, § XI § único
IV e VII 1º
S S S S S N N S S S S S
Previsão de conservação
de rios, corpos d’água, 206, 231, I 215, V e 130, 241, IV 216, II 225 237, II 221, V 110,
olhos d’água, igarapés, VI VI §3º a, b, i e III §7º, §2º,
239, I 113
mananciais, etc.
§ único

Obs.: Numeração expressa: artigos, incisos, parágrafos e letras da Constituições Estaduais


AP e RR – dados não disponíveis
AMAZÔNIA, CERRADO E PANTANAL

Quadro 3
Quadro Sinótico do Tratamento Jurídico das Constituições Estaduais ao Zoneamento

Estados das Juridições dos Biomas


Tratamento Legal
AC AP AM BA GO MA MT MS MG PA PI RO RR TO
Como definição de S S S N S S S S S S S S
espaço, para proteção 206. III 230, V 214, VI 241, 263, 222, § 214, 254, 237, III 219, II 110, II
ecológica VII XIV 2º, I VIII 255, III E III
Como definição de N N N N N S N N N N S N
espaço com enfoque 263, 221, III
também antrópico XV § 1º
Como definição de N N N S N N N N S N N N
espaço para avaliação 132, I 254
agro-econômica. –
ecológica ou ecologia –
economia
Como definição de N N N N N N S N N N N N
espaço para mapeamento 222, §
2º, I
Como definição de N S N S N N N N N N N N
espaço para mapeamento 232, §1º 129, II
da coberta florestal

Obs.: Numeração expressa: artigos, incisos, parágrafos e letras da Constituições Estaduais


AP e RR – dados não disponíveis

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