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A DIVERSIDADE NAS
ORGANIZAÇÕES E OS OBSTÁCULOS
NA ASCENSÃO PROFISSIONAL
DE COLABORADORES LGBT.
Andressa Pereira Soares
pereirasoaresandressa@gmail.com
Bacharel em Administração
Centro Universitário Metodista - IPA - RS / Brasil
Andrea Sander
Professora Mestre do Curso de Administração
Centro Universitário Metodista – IPA – RS / Brasil
RESUMO
Este artigo tem por objetivo principal expor situações de preconceito
organizacional sofridas pelos entrevistados e aprofundar-se nos aspec-
tos do impacto do preconceito organizacional em sua vida como um
todo; desde o quanto afeta sua saúde psicológica quanto a produtivi-
dade dele ou dela no ambiente de trabalho. Nesta análise, relata-se a
vantagem competitiva trazida para as empresas que promovem práticas
de inclusão, mas também como é este ambiente para o colaborador
LGBT, que ainda enfrenta o assédio moral e a discriminação nestas
organizações. Para analisar este panorama, utilizou-se como método
uma pesquisa qualitativa em profundidade, com quatro pessoas que
sofreram situações de preconceito organizacional, foram relatados os
casos, analisadas as tratativas dadas aos casos, bem como questionado
aos entrevistados quais os impactos do preconceito organizacional
em sua vida em geral. O presente artigo explora tópicos sobre como
o ambiente corporativo, por mais que receptivo em sua posição como
empresa, é frequentemente afetado pelos demais colaboradores pois
os aspectos sociais refletem diretamente no ambiente corporativo. A
presente pesquisa apresenta dados ricos e consistentes que expres-
sam a difícil realidade de colaboradores que constantemente sofrem
situações de assédio moral, sexual, físico e discriminação dentro do
ambiente corporativo pelo simples fato de serem eles mesmos. A
pesquisa permeia entre representar em seus resultados a realidade
ABSTRACT
The main objective of this article is to expose situations of discrimina-
tion inside companies suffered by the interviewees and to deepen in
the aspects of the impact of the organizational prejudice in their life
as a whole; from how much it affects the psychological health of an
individual as well as his or hers productivity in the work environment.
In this analysis, we report the competitive advantage brought to com-
panies that promote inclusion practices, but also how this environment
feels to the LGBT employee, who still faces bullying and discrimina-
tion in these organizations. In order to analyze this panorama, a deep
qualitative research was conducted, with four people who suffered
situations of organizational discrimination, the cases were reported
by them, then the measures regarding the cases were analyzed, as
well as questioned to the respondents the impact of the organizational
discrimination in their life in general. This article explores topics about
how the corporate environment, however receptive in its position as
a company, is often affected by other employees because of the social
aspects reflecting directly in the corporate environment. This research
presents rich and consistent data that express the difficult reality of
employees who constantly suffer situations of moral, sexual, physical
harassment and discrimination within the corporate environment sim-
ply because they are themselves. The research permeates between pre-
senting its results about the alarming reality so common faced by LGBT
employees, until consistent conclusions about how a movement for
inclusion of these collaborators and active fighting the discrimination
brings the companies to achieve greater productivity and, in the long
term, competitive advantage and potentially positive financial results.
Keywords: Organizational diversity. Competitive advantage. LGBT.
Harassment. Discrimination..
INTRODUÇÃO
Segundo o Instituto Ethos (2013), existem diversos mo-
tivos pelos quais a pluralidade de pessoas é ignorada e a
diversidade desvalorizada e apenas um padrão é visto como
normal. Histórica, cultural e ideologicamente este padrão de
normalidade é masculino, heterossexual, branco, sem defici-
ência, adulto, magro, católico, entre outros. Ainda conforme o
Instituto Ethos (2013), com base neste padrão, são construídos
estereótipos, surgem preconceitos e práticas de discriminação
raramente reconhecidas, visto que o correto é ter este perfil
pré-estabelecido. Em relação à orientação sexual e à identidade
de gênero, este padrão é denominado heteronormatividade,
impondo-o como a única maneira correta e socialmente aceita,
esta imposição é a causa de discriminação, humilhação e exclu-
são, sujeitando as pessoas que fogem à regra as mais diversas
formas de violência. Esses padrões se refletem diretamente nas
organizações, pois as pessoas que fazem parte da sociedade são
as que compõem as organizações. Assim, a orientação sexual
que foge ao padrão estabelecido é motivo de discriminação
dentro das organizações.
Yoshiura, Vasconcelos e Amaral (2009) afirmam que a
sexualidade é algo complexo e inerente ao próprio indivíduo,
não existem tipos de sexualidade que podem ser hierarquiza-
dos, mas sim milhares coexistentes. Segundo os mesmos auto-
res, se cada indivíduo tivesse este conhecimento, o preconceito
relacionado à orientação sexual chegaria ao fim.
Conforme Relatório Global de Acompanhamento da
Declaração da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho
(OIT, 2007), as instituições de direitos humanos estão atri-
buindo uma grande importância ao combate à discriminação
em razão da orientação sexual. Alguns países adotaram dis-
posições legais que proíbem a discriminação contra lésbicas,
REFERENCIAL TEÓRICO
METODOLOGIA
O presente artigo consiste em uma pesquisa descritiva
que, conforme Gil (2002), é a que busca identificar os aspectos
de determinada população ou fenômeno, ou ainda, estabelecer
ligações entre variáveis. A abordagem do problema deu-se de
forma qualitativa, com entrevistas em profundidade, baseadas
em roteiro semiestruturado com perguntas abertas dirigidas a
quatro sujeitos, escolhidos por acessibilidade que, para Klein
et al. (2015, p. 53) é uma amostra “longe de qualquer proce-
dimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de
acesso a eles”. Assim se expõe que dois entrevistados vêm do
ambiente acadêmico da pesquisadora e trabalham em empresas
tradicionais e dois foram conhecidos em eventos voltados à
diversidade organizacional e trabalham em empresas favo-
ráveis a diversidade, ressaltando que esta não é a realidade
do mercado, no entanto trazem um interessante contraponto,
já os outros dois pesquisados trabalham em ambientes não
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo buscou, em um primeiro momento,
identificar a percepção dos empregados quanto à aceitação
da diversidade sexual nas empresas nas quais trabalharam
ou trabalham. Neste ponto, com exceção da Entrevistada 3,
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