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Agricultura familiar no Brasil:

importância para economia do país

É só ir a qualquer cidade do interior e você, provavelmente, verá muitas


plantações. A agricultura familiar no Brasil tem importância histórica — e já
responde por mais de 50% da alimentação consumida no país.

Apesar disso, ainda há muita possibilidade de crescer. Desde a implantação


da Lei 11.326/2006 — que formulou as diretrizes para a agricultura familiar e
empreendimentos que se enquadram nesse conceito —, muito mudou. Em
2018, o total de estabelecimentos nesse modelo chegava a 84,4%, mas a área
total representava 24,3%, de acordo com o Censo Agropecuário.

Para entender melhor a importância dessa prática e quais são as perspectivas


para o futuro, criamos este artigo, que foi embasado em dados do mercado e
na entrevista realizada com o Especialista de Produtos da Jacto, Iago Reis de
Oliveira. Confira!

Panorama sobre agricultura familiar

A agricultura familiar há muito tempo deixou de ser uma atividade de


subsistência. Hoje, é uma produção estruturada, com um faturamento anual de
55,2 bilhões de dólares no Brasil. A relevância desse trabalho é verificada nos
censos agropecuários.

O levantamento realizado em 2018 mostrou que essa prática é responsável


pela economia de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes. Mais que
isso, 40% da população economicamente ativa depende dessa atividade,
assim como 70% dos brasileiros que vivem no campo.
Por isso, o Brasil ocupa a 8ª posição entre os países que mais produzem
alimentos, quando é considerada somente a agricultura familiar. Se for somada
toda a produção, chega à 5ª colocação.

Por que isso acontece? Um dos motivos é a tradição da escolha da marca


como a preferida, que passa de uma geração a outra. Assim, é preciso
desmitificar a visão errônea de que a agricultura familiar no Brasil é simples e
composta por pequenas propriedades voltadas para a subsistência.

Na verdade, existem grandes propriedades comandadas por famílias e outras


com alto valor agregado, principalmente hortaliças e flores. No mundo, dados
da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
mostram que a representatividade dessa atividade chega a 98% das
propriedades.

Conceito de agricultura familiar

Essa prática consiste na produção de alimentos tradicionais e uma grande


variedade de produtos — situação que a difere da agricultura industrial. Hoje, o
Brasil é o maior produtor de soja do mundo e um dos maiores quando levamos
em consideração os grãos. Nesse contexto, a atividade familiar tem uma
representatividade de 40%, mesmo a área de cultivo sendo de apenas 25% do
total.

Porém, o que compreende a agricultura familiar? No Brasil, a legislação


determina que é preciso atender a quatro requisitos:

• ter área de até quatro módulos fiscais;


• utilizar mão de obra da própria família, de maneira predominante;
• ter percentual mínimo de 50% da renda familiar derivada da atividade
realizada no campo;
• administrar o empreendimento com a família.

Importância da agricultura familiar

Essa prática tem grande relevância para a produção de alimentos, tanto no que
se refere à quantidade quanto no relativo à variedade e base para a
sustentação das famílias brasileiras. De quebra, ainda tem importante papel na
geração de empregos, especialmente na zona rural, e na renda e estruturação
familiar.

Quando a relacionamos à indústria agropecuária, a agricultura realizada pelas


famílias ainda é um grande fornecedor de matéria-prima, por exemplo, de leite
para laticínios, hortifrúti para supermercados e fábricas de sucos etc. O
importante é entender que esse trabalho em menor escala atende a nichos
mais específicos, especialmente produtos fabricados e manufaturados na
própria unidade rural.

Nesses casos, os itens são vendidos na região e, em algumas situações,


servem até para comercialização nacional e exportação. Alguns exemplos são
doces, salgados, queijos, cafés, sucos e mais. Esses produtos são derivados
de regiões específicas, por exemplo, o sul de Minas Gerais fornece café, queijo
e doce de leite. Por sua vez, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
principalmente, abastecem o mercado com salames, embutidos e vinhos.

Deixa de ser um exagero, portanto, dizer que esse tipo de agricultura é o carro-
chefe da economia brasileira. Essa atividade agrupa cerca de 4,4 milhões de
famílias, que aproveitam as diversidades climática e do solo, bem como os
biomas do Brasil para produzir desde palma forrageira a morango de altitude.

Peso da agricultura familiar na produção de alimentos no Brasil


Segundo dados do Censo Agropecuário de 2018, o crescimento do Brasil
depende de forma direta das propriedades que exercem essa atividade. A
produção representa:

• 70% do feijão;
• 34% do arroz;
• 87% da mandioca;
• 46% do milho;
• 38% do café;
• 21% do trigo;
• 60% do leite;
• 59% do rebanho suíno;
• 50% das aves;
• 30% dos bovinos.

Devido a todo esse impacto positivo, a agricultura exercida pelas famílias é


responsável por 38% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, conforme
a Embrapa. No mundo, essa atividade representa 80% de toda a produção
mundial de alimentos. O cultivo está distribuído em 500 milhões de produtores
rurais, que ocupam 90% das propriedades agrícolas existentes.

Benefícios da agricultura familiar

Os dados citados até aqui já evidenciam os benefícios desse tipo de


agricultura. No entanto, ainda podemos citar outras vantagens. Conheça
algumas delas!

Diminuição do êxodo rural

O êxodo rural, que se intensificou nas décadas de 1980 e 1990, vem


diminuindo devido à qualidade de vida no campo e a possibilidade de produzir
com qualidade e em alta quantidade. Essa característica contribui para a dieta
básica da família brasileira, além de terem empresas focadas em desenvolver
soluções para agricultores pequenos, médios e grandes.

Obtenção de políticas públicas

A União, bem como os estados e municípios, oferece diferentes vantagens


para quem atua com a agricultura familiar. Entre as possibilidades
estão programas de crédito, seguros de produção, aquisição de terras,
incentivo à comercialização e custeio de safras.

Uma das principais iniciativas é o Programa Nacional de Fortalecimento da


Agricultura Familiar (Pronaf). Ainda existe a Política Nacional de Assistência
Técnica Rural (ATER), que forma agentes para prestar serviços e capacitar os
agricultores.

Certificação dos produtos

As instituições privadas, muitas vezes, oferecem certificações e selos que


comprovam a qualidade, a padronização e a origem dos produtos. Esse
reconhecimento incentiva a venda e se torna um benefício comercial para os
produtores.

Desafios da agricultura familiar

O cenário favorável, e que está em vias de melhorar, é um ponto positivo, mas


ainda há muitos desafios a enfrentar. Alguns deles são os que apresentamos
abaixo. Confira!

Atração dos jovens para o campo


O êxodo rural ocorrido em anos anteriores — como já foi citado — dificultou a
atração de mão de obra para o campo. Por isso, é preciso investir em
equipamentos mais confortáveis para os operadores a fim de reduzir o esforço
físico e melhorar a qualidade de vida e do trabalho.

Falta de extensão rural e de apoio governamental

As instituições governamentais já realizam esse trabalho de apoio necessário


aos agricultores familiares. Entre eles estão o Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (SENAR), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER).
Porém, o contexto ainda pode melhorar para aumentar o número de
estabelecimentos e até de produtores.

Capilaridade e potencial de abrangência

Esses quesitos ainda precisam ser aperfeiçoados, já que são pequenos. Uma
forma de alcançar esse objetivo é a capacitação dos produtores com o intuito
de indicar como aumentar a produtividade e obter melhores resultados.

Cooperação entre agricultores

Esse aspecto é um trabalho feito, especialmente, pelas cooperativas. Por isso,


elas devem focar as atividades mais a favor do agricultor, em vez de mirar o
faturamento e a lucratividade.

Qualificação dos agricultores com a tecnologia

O conhecimento, o estudo e a familiaridade dos produtores com a tecnologia é


indispensável. Essa é uma forma de aumentar a produtividade, desde que haja
capacitação para trabalhar com as máquinas. Isso também impacta a
administração da propriedade, já que existem muitos sistemas com essa
finalidade e que facilitam todo o processo.

Novidades, tendências e novas tecnologias para agricultura familiar

Todas as tendências na área de agricultura familiar estão voltadas para a


tecnologia. É por meio delas que será possível atrair os jovens ao campo e
obter resultados mais expressivos, mesmo que a área continue a mesma.

Por isso, é essencial desenvolver equipamentos com alta tecnologia


embarcada, que favoreçam o trabalho e a qualidade de vida no campo. Entre
eles estão as máquinas conectadas, ou seja, aquelas que, além de realizarem
a operação com mais ergonomia para o operador, focam sua qualidade e
visam mais produtividade.

Ao mesmo tempo, é preciso gerar equipamentos que forneçam informações


gerenciais e administrativas por meio de relatórios operacionais. Um exemplo é
o DJB-20S, o primeiro pulverizador e dosador a bateria costal que se conecta a
um celular e gera informações sobre a operação.

Outra tendência é a automação, que está em contínuo crescimento. Nesse


caso, o benefício é retirar a carga de trabalho do operador e reduzir as
tomadas de decisão frente a problemas críticos para o agricultor. Isso ocorre
com a ajuda da inteligência artificial das máquinas, que determinam o que fazer
a partir das informações e dos dados coletados por sensores.

Em suma, a agricultura familiar no Brasil ainda tem um longo caminho a


percorrer, mas o cenário é bastante positivo. A perspectiva para o futuro é de
crescimento — e você também pode contribuir para chegar lá.

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