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Obreiros Apostólicos Hoje – Preocupações Práticas e Implicações


Por David Kornfield1

Entender o chamado apostólico poderá ser uma grande ajuda para pessoas que são
plantadores de igrejas ou que lideram um grupo de pastores ou igrejas. Ao mesmo tempo,
abrir a conversa sobre o assunto tem alarmado muitas pessoas que enxergam problemas
sérios que poderiam surgir de um abuso deste chamado. Igual como outros assuntos como
dons, línguas, cura interior, batalha espiritual, discipulado e células têm causado divisão e
têm sido expressados de formas erradas, assim poderá ser com o ministério apostólico. Cada
uma destas áreas é importante para a vida e saúde da igreja, mas quando cada um surgiu,
causou diversos problemas. Queremos, quanto possível, ver este assunto do apostolado
surgir para edificar e beneficiar o Corpo de Cristo e não para dividir, destruir, enfraquecer ou
confundir.

À luz disso, indicamos umas das principais preocupações ou medos em relação ao assunto.
Cada um é seguido por uma breve recomendação de como o Corpo de Cristo e até as pessoas
com este chamado, podem se proteger de excessos e exageros. As recomendações são breves
ao invés de exaustivos, muitas vezes sendo complementadas pelas outras recomendações.

1. Pessoas poderão se autonomear como apóstolos e começar a exercer uma autoridade


supostamente apostólica que seja autoritária ou traga problemas ao Corpo de Cristo.

Recomendação: Que deixemos claro que igual como ninguém se autonomeia pastor,
também não se faz isto com este chamado nem qualquer outro.

2. Pessoas começarão a usar o título de uma forma que sugere que eles são melhores ou
acima de seus colegas pastores.

Recomendação: Que deixemos claro que a igreja neotestamentária não usava títulos em
falar dos líderes da igreja; na verdade, condenava essa prática (Mt 23.8-12). A igreja
reconhecia diversas funções (mestre, pastor, profeta, evangelista, apóstolo, etc). Nem
Paulo e Pedro, que acostumavam se apresentar como apóstolos de Jesus Cristo no início
de suas cartas, se apresentavam como o “Apóstolo Paulo” ou o “Apóstolo Pedro”. Num
esforço para evitar esta possibilidade, como também qualquer confusão de pessoas hoje
se enxergarem como os Doze, uma opção seria chamar pessoas com este dom de
“obreiros apostólicos”.

3. Um grupo de pessoas que se entendem como apóstolos se levantarão e se colocarão


como autoridade para indicar quem tem este chamado.

Recomendação: Que deixemos bem claro que toda autoridade para reconhecer pastores,
superintendentes, bispos ou qualquer outro chamado deve residir, como sempre tem sido
até aqui no Brasil, nas denominações e igrejas. Devemos fazer o possível para evitar
qualquer desvio desta tradição histórica, que inclui uma prestação de contas às pessoas e
igrejas que reconhecem o chamado de qualquer pessoa. Se surgir uma associação ou
rede dedicado a estas pessoas ou este chamado, o mesmo não deveria ter um sentido de
autoridade e sim de serviço.

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As preocupações neste artigo dão seqüência a um artigo meu de três páginas onde explico a base bíblica e
prática de obreiros apostólicos hoje e indico um possível perfil deles com 16 características.

David Kornfield, Obreiros Apostólicos Hoje – Preocupações Práticas e Implicações, 9/8/18


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4. Os que mais se interessem neste assunto tendem a ser de uma linha carismática e
renovada e não ligada a denominações, sejam as históricas ou as Pentecostais. Como
evitar que um grupo acaba desenvolvendo consultas, conferências ou associações para
apóstolos de uma forma que causa uma reação negativa nas denominações?

Recomendação: Que haja, quanto possível, uma boa representatividade da ala


Pentecostal, da histórica e da renovada em eventos ou associações relacionados ao
assunto, procurando lideranças dessas alas no planejamento e implementação do mesmo.
Fica entendido que teriam que ser pessoas que se identificam com o chamado e apóiam o
desenvolvimento dele.

Assuntos para Reflexão


Escolhe umas das perguntas a seguir para focalizar.
1. Qual o valor deste assunto para plantadores de igrejas?

2. Qual o valor deste assunto para missionários brasileiros transculturais?

3. Qual o valor deste assunto para aqueles que lideram um grupo de igrejas ou pastores?

4. Quais benefícios poderiam surgir de reunir qualquer desses três grupos para reflexão
bíblica e prática sobre este chamado?

5. Qual o valor de tais pessoas se reunirem periodicamente para um pastoreio mútuo?

6. Como a lista das 16 características (expandida ou diminuída onde precisar) poderia ser de
ajuda prática para qualquer desses três grupos?

7. Quem tiver uma função apostólica (plantador de igrejas ou líder de um grupo de igrejas
ou pastores), poderia se avaliar nas 16 características, dando uma nota de 0 a 10 em cada.
Poderia pedir seu cônjuge ou alguns colegas o avaliar também. Escolhendo uma ou duas
áreas de uma vez nas quais demonstra mais fraqueza, poderia juntar-se com esses colegas
para estabelecer um projeto de como crescer e prestar contas quanto ao mesmo.

8. Se um grupo de obreiros apostólicos tivesse liberdade de indicar seus pontos mais fortes,
poderiam ser encorajados a focalizar onde brilham, os outros obreiros apostólicos
aproveitando deles nessas áreas.

9. Se os que lideram um grupo de igrejas ou pastores amadurecerem nas 16 qualidades


indicadas acima, quais poderiam ser alguns dos efeitos para os pastores e igrejas que eles
lideram?

10. Poderia haver alguma implicação de tudo isto para a visão e projeto de transformação de
uma cidade?

David Kornfield, Obreiros Apostólicos Hoje – Preocupações Práticas e Implicações, 9/8/18

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